Psicofarmacologia Versao Final Versao2
Psicofarmacologia Versao Final Versao2
Psicofarmacologia Versao Final Versao2
Saúde Mental
Psicofarmacologia Segunda versão
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 54
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À PSICOFARMACOLOGIA
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ansiedade em prescrevê-los seriam a prioridade, substituindo tal conduta por um
encaminhamento a quem de devido. O preconceito em relação aos transtornos
mentais, aos psicofármacos e aos profissionais especialistas da área é, por vezes,
mais exacerbado entre os próprios colegas da saúde, o que pode inviabilizar um
encaminhamento claro e desprovido de estigmas, assim como um tratamento
interdisciplinar adequado.
A prática da psicofarmacologia clínica exige habilitação e capacitação de
diagnosticador e psicoterapeuta (KAPLAN et al.,1997), além de conhecimento da
farmacodinâmica, farmacocinética, posologia, tempo de uso, efeitos colaterais,
interações medicamentosas e contraindicações da droga selecionada, embasados
na história de vida do paciente, seu estado geral e planejamento do tratamento. O
paciente e a família devem estar cientes de todos estes aspectos e propósitos. Nos
países mais desenvolvidos há a exigência de um consentimento formal para o uso
de alguns psicotrópicos, tamanha é a importância da administração destes produtos.
A cada ano, novos psicofármacos são lançados no mercado. Mais
recentemente houve o lançamento dos genéricos. Aumenta o número de farmácias
de manipulação. Com tanta evolução e transformações, a população, de um modo
geral busca, por vezes, o mais barato
economicamente, o que não significa o
de mais qualidade, levando-se em
conta a sua bioequivalência e
biodisponibilidade, conceitos não
divulgados entre o público leigo.
Fonte: http://migre.me/bG2eW
Por tudo isto, visando sempre o bem-estar do ser humano, há de se instituir
no Brasil programas preventivos e elucidativos contra a automedicação, a prescrição
aleatória ou não fundamentada ética e cientificamente, a propagação desenfreada e
sem controle sanitário dos psicofármacos e contra a estigmatização da Saúde
Mental.
A psicofarmacologia foi considerada pela medicina somente no século XIX,
com a atuação asilar dos alienistas sob a influência de alguns medicamentos em
determinados fenômenos psíquicos elementares. A Farmacologia estuda os
mecanismos pelo qual os agentes químicos afetam as funções dos sistemas
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biológicos, enquanto que a psicofarmacologia é a ciência que trata da relação entre
o uso de drogas (substâncias psicoativas) e as alterações psíquicas de diversa
ordem, bem como sua psicofarmacocinética e psicofarmacodinâmica.
Até chegar aos consultórios médicos, para que possa ser receitada para a
população, uma medicação passa por uma série de passos de pesquisa laboratorial
e ensaios clínicos. Geralmente as pessoas não têm noção disto, o que dificulta a
compreensão pela demora na liberação para uso geral, decorrendo alguns anos
entre a descoberta de um novo princípio ativo e sua efetiva utilização.
Estes cuidados são necessários para que se conheçam melhor os efeitos
desejáveis e indesejáveis (efeitos colaterais) das drogas, pois existem riscos de
diversos níveis para a saúde, abrangendo desde um efeito perigoso em algum
órgão, uma interação com outras drogas comumente usadas, até efeitos
teratogênicos, que podem ocasionar problemas se usados durante a gravidez,
afetando o feto.
Cita-se a seguir como se inicia o processo de procura por substâncias que
tenham efeitos farmacológicos e coloca-se entre parênteses a média de meses para
se concluir cada etapa:
a) Pesquisa clínica e biológica: neste início se faz a síntese piloto da
substância em questão e procuram-se evidências de ação farmacológica em
animais (18 meses).
b) Desenvolvimento pré-clínico: aqui se faz pesquisa em nível celular, a
biodisponibilidade e a toxidade animal, colhem-se informações sobre
interações genéticas possíveis. Finalmente, fabrica-se a substância, bem
como se define o tipo de apresentação galênica, isto é, se o uso é mais
adequado em comprimido, em líquido ou injetável, etc. (12 meses).
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c) Ensaios Clínicos - Fase I: começa a pesquisa em ser humano por meio
da ação da droga em voluntários isto é, pessoas que não têm doença alguma
tomam a droga para que se possa estudar a biodisponibilidade humana.
Também começa a fabricação do medicamento em maiores quantidades. (15
meses).
d) Ensaios Clínicos - Fase II: estuda-se nesta etapa a ação da substância
em pacientes escolhidos – geralmente em centros de pesquisas financiados
pelos laboratórios. Também se decide quais são os países em que o remédio
será comercializado. Estuda-se também a teratogenicidade animal e a
tolerância à medicação. (24 meses).
e) Ensaios Clínicos - Fase III: a estratégia de comercialização do
medicamento é traçada. É estudado o metabolismo e a farmacocinética no
ser humano e no animal, bem como sua utilidade clínica em condições
próximas da prática. O medicamento é administrado durante toda a vida de
um animal, para se avaliar a tolerância. Desenvolvem-se as formas galênicas
destinadas à comercialização.
f) Introdução no mercado: a documentação é enviada para o registro nos
departamentos legais que cuidam da saúde pública, para a obtenção de
autorização para a venda. (9 meses).
g) Ensaios Clínicos - Fase IV: prosseguem os testes clínicos e a avaliação
de informações fornecidas por médicos ligados a centros de pesquisa ou
universidades. É produzida a medicação em escala, sua embalagem final,
suas formas de apresentação.
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patologias específicas, bem como seus efeitos em crianças e idosos. Mais
frequentemente estas respostas só são conhecidas depois que a medicação já está
em uso há muitos anos. Mas a questão não se encerra por aqui. Na verdade começa
uma nova caminhada.
No que se refere ao uso clínico do medicamento, ainda é tempo para se
lembrar de que a terapêutica não é somente uma farmacologia. Não devemos nos
limitar à sua farmacocinética, isto é à dinâmica da absorção da droga, sua
distribuição no organismo e sua eliminação, nem tampouco à farmacodinâmica, que
é o estudo dos mecanismos de ação da droga e a relação entre sua concentração e
os efeitos alcançados. Apesar de estarem sendo cada vez mais enfatizados os
aspectos biológicos do comportamento, e com razão, pois o psiquismo repousa
sobre uma base biológica, não se deve esquecer que o homem é constituído de seu
corpo e de sua mente, cada qual influenciando e sendo influenciado pelo outro, E
isto se dá em um meio ambiente, cujo efeito não pode ser descartado, meio este que
não é apenas natural, geográfico, mas também histórico e cultural.
Por isso, a terapêutica compreende outras dimensões, que fazem parte do
modo de vida da pessoa, como a maneira como foi educada, a dieta a que está
habituada, o treinamento físico (esporte) em todas suas formas, os efeitos do clima,
dos agentes físicos no meio de trabalho (ruído excessivo, substâncias tóxicas,
posições antianatômicas). As abordagens psicoterápicas, modificações do meio
social, tais como trabalho, família, lazer, hobbies, viagens, férias podem contribuir
para que a pessoa melhore sua vida, modificando quer o meio interno, quer o meio
externo. As medidas preventivas, como melhoria das condições moradia,
saneamento, trabalho, nutrição e higiene, com certeza, podem contribuir muito para
a melhora da saúde.
Assim sendo nossa prescrição não será reduzida a ser puramente
medicamentosa. Deve-se ter em mente considerações de outra ordem, além
daquelas puramente farmacológicas. Isto é, não confundir farmacologia com
terapêutica. Não se deve esquecer de que nas situações experimentais o doente é
experimental, e todas as variáveis são simplificadas, o seu passado psicológico é
esquecido, suas vivências relegadas e o tratamento é limitado a um período de
algumas semanas. Poucos são também os estudos prospectivos em um longo
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período de tempo, estudando recorrências, e as consequências do abandono do
tratamento.
Já a situação clínica habitual é extremamente diferente. As pessoas são
submetidas a tratamentos contínuos ou desde há muitos anos, mesmo um episódio
agudo tem seus antecedentes. Se já preexiste um tratamento crônico, ele talvez já
esteja tão alicerçado como hábito, que mudanças são difíceis. O paciente não quer
nem ouvir falar. É necessária muita psicologia e bom vínculo com o paciente para se
conseguir suprimir ou alterar medicações já inúteis, e substituí-las por outras mais
adequadas, bem como discutir mudanças de hábitos que levaram ao padecer atual.
Como de particular importância tem-se que mostrar situações nas quais o doente
tem “lucro” com a doença. Aparentemente, tal fato é surpreendente, sendo, no
entanto, melhor compreendido se nos lembrar que o acometido por um adoecer
pode ser poupado pela família, dispensado no trabalho ou procurar o controle de seu
meio social através dela.
Com os idosos, as dificuldades são maiores, já que na maior parte deles
coexistem várias patologias e medicações simultaneamente usadas. Conjugam-se
nestes casos, os efeitos colaterais de várias medicações, bem como os efeitos das
patologias, como, por exemplo, anti-hipertensivos, anticoagulantes,
hipoglicemiantes, antissecretores gástricos, cortisol, antibióticos, medicamentos
psicotrópicos, hormônios, etc. e não devemos nos esquecer da automedicação, tais
como vitaminas, sedativos para tosse, digestivos, antiácidos, analgésicos, laxativos.
Os clínicos são cada vez mais procurados para fornecer medicações que atuam
sobre o sistema nervoso central, e isto é de se esperar, pois se geraram
expectativas milagrosas, como se acabar o sofrimento fosse decorrente de tomar o
remédio em questão.
Muitas vezes esquecemo-nos disto e das complicações das interações
medicamentosas que levam à latrogenia. Por outro lado, muitas pessoas se lançam
por conta própria a tomar remédios, sem orientação médica, sem conhecer as
doses, os efeitos colaterais – sem saber o que estão tomando! As pessoas não
sabem que para obter o efeito desejado é necessária uma dose correta, tomada por
um tempo adequado, e que a interrupção só pode ser feita de acordo com
orientação médica. Não se obtém alívio das doenças usando a medicação errada,
na dose certa, e tampouco o remédio certo na dose e tempo errados. A
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automedicação talvez até amplie o sofrimento, por não permitir o tratamento correto.
A atitude correta, portanto, diante dos males do corpo e da mente, é procurar um
médico, pois só ele poderá fazer a indicação do tratamento correto, após avaliar o
problema.
É raro que familiares, amigos, seitas religiosas, não tenham um parecer e um
diagnóstico de seu doente, e também que tenham uma opinião sobre os
medicamentos que ele toma, bem como a respeito do médico que atende o
paciente. Se esta opinião for favorável tem-se um ambiente propício à adesão ao
tratamento, caso contrário, é bem possível que o paciente não encontre respaldo
social para tratar-se. Também é frequente que o paciente mude a prescrição por
conta própria, seja aumentando a dose ou diminuindo, ou resolvendo parar alguns
dias, recomeçando quando sente novamente os problemas.
Estes fatores, conjugados, levam a consequências que interferem no
tratamento e mesmo de sua possibilidade e eficácia. Um tempo relativamente breve
é dado ao médico para que ele se pronuncie sobre o diagnóstico, o prognóstico e o
tratamento. O médico de família é cada vez mais raro e o especialista, em geral, não
conhece o ambiente familiar, as relações que nele ocorrem, bem como a influência
da família no tratamento.
Qualquer que seja o grau de conhecimento que tenha de seu paciente, o
médico deve se lembrar do aforismo de Hipócrates que diz: “A arte é breve, a vida é
longa, a experiência engana, o julgamento é difícil, as oportunidades são
passageiras”. Deve recordar que a prudência recomenda limitar suas ambições
terapêuticas e, ao mesmo tempo, não insuflar esperanças descabidas. Enfim, não é
simples atender todas estas variáveis, e acrescente-se aqui, que talvez o que o
paciente considera importante tratar, não é o que o médico considera alvo do
tratamento. Isto porque o paciente pode ter uma visão distorcida de sua doença, não
considerando grave aquilo que o é, e dando importância a sintomas que o médico vê
como secundários.
Assim sendo, o médico se encontra em uma situação difícil, na qual somente
sua competência, ética e modéstia podem auxiliá-lo. O médico consciencioso usa
somente medicamentos que conhece bem, que geralmente são os mais antigos,
cujos efeitos estão bem documentados. Mas os pacientes geralmente gostam de
novidades, mesmo porque muitos já experimentaram de tudo sem conseguir
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resultados. Neste caso, vale a pena o médico reconsiderar o diagnóstico ou analisar
a possibilidade da interferência dos fatores acima mencionados, antes de aviar mais
uma receita.
O médico deve fazer sua escolha terapêutica colocando prioridades, e fixando
o alvo a ser atingido por ela. Mas antes de tudo deve conseguir a adesão do
paciente ao tratamento, que ele seja aceito pelo mesmo. O médico dos dias de hoje
deve ser necessariamente uma pessoa com capacidade cientifica, porém sem
esquecer o relacionamento humano e suas imbricações com a terapêutica. Ele deve
acima de tudo explicar, orientar e educar seu paciente ao propor um programa
terapêutico. Tomando essas precauções é de se esperar maior colaboração e
adesão por parte dos pacientes.
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Exercício 1
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são produzidos com caixas de 20 ou 14 cápsulas, quando o correto seria que as
apresentações fossem em número de 30 ou seus múltiplos, pois o salário é uma vez
ao mês. Quando compra um medicamento com 20 unidades, o paciente ficará os 10
dias restantes sem usar a medicação, com prejuízo ao seu tratamento, ou terá que
adquirir 2 caixas.
Quanto ao perfil do paciente, o fator idade é muito importante. Em relação às
crianças, não temos dificuldades. Existem xaropes com sabor de frutas, comprimidos
pequenos com sabores palatáveis, vidros com lacre para maior segurança e, a
medicação, na maioria das vezes, é administrada pela mãe ou responsável.
Na população adulta são os idosos, que devido à baixa acuidade visual,
coordenação motora comprometida e dificuldade de percepção apresentam
dificuldade no manuseio e uso correto da medicação. Pessoas com baixo grau de
escolaridade e doentes mentais também apresentam dificuldades.
A apresentação comercial de um medicamento deveria facilitar ao máximo
seu manuseio, ingestão e tempo de tratamento. Xaropes deveriam ser apresentados
em frascos de boca afunilada, para facilitar o manuseio e não derramar o
medicamento, o frasco necessita ser graduado, propiciando ao paciente o controle
das doses que tomou e quanto ainda resta.
O sabor deveria ser o mais palatável possível, para todas as faixas etárias e
ter apresentações adoçadas com adoçantes dietéticos, para facilitar o uso em
pacientes diabéticos.
Os comprimidos deveriam ter um tamanho compatível com a capacidade de
deglutição do paciente; que fosse contido em cartela calendário, que facilitaria o
controle de uso, impedindo que o paciente deixasse de tomar sua dose diária ou
mesmo tomasse um único medicamento duas vezes.
O médico ao prescrever um medicamento, coloca em jogo o seu
conhecimento e a sua reputação profissional. O receitar não é um simples ato, pois
ele se baseia em anos de estudos, entre graduação, residência médica, congressos,
seminários, leituras e outros. Um simples erro, como uma falta de atenção, uma letra
ilegível, um esquema posológico não compreendido pelo paciente pode complicar o
tratamento.
Existem vários perfis de pacientes como consumidores de medicamentos. Um
deles, o hipocondríaco, que consome o prescrito e o não prescrito, ingere tudo que
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se compra em farmácia. Temos que tomar cuidado, por exemplo, ao prescrever um
medicamento para tempo restrito. Quando se administra um medicamento
analgésico e antitérmico para um quadro álgido, ou mesmo um ansiolítico, para uma
crise de ansiedade aguda e o paciente continuar tomando a medicação, mesmo
após a dor ter sido debelada ou a crise de ansiedade já controlada, isso poderá
ocasionar toxicidade ou dependência.
Outros pacientes são aqueles que, na frente do médico, se comprometem a
seguir a prescrição, mas quando chegam a casa nem mesmo o medicamento
adquirem. Para estes a persuasão sobre a importância do uso correto da medicação
se faz necessária. Temos outro grupo de pacientes, que iniciam o tratamento,
sentem melhoras e o interrompem. Neste grupo temos que mostrar que com a
interrupção do tratamento há comprometimento da eficácia terapêutica. Finalmente,
outro grupo procura um amigo médico, ou mesmo outra consulta, para certificar-se
que a prescrição foi correta e tendo este aval inicia o tratamento.
Os pacientes devem receber informações sobre os efeitos adversos da
medicação. O ser humano sempre teme diante do desconhecido. Um paciente, ao
ingerir medicamento que provoca xerostomia, isto é, sensação de boca seca, ao ser
orientado pelo seu médico que esta medicação pode provocar tal reação, não se
assustará diante do referido efeito. Pelo contrário, se não for avisado sobre tal
fenômeno, poderá interromper o tratamento. Muitas vezes, medicamentos provocam
efeitos adversos em grupos diferentes de pessoas, como certos antidepressivos
podem provocar sonolência em uns e insônia em outros. Os pacientes que nunca
fizeram uso de medicação deste tipo deverão ser avisados para aceitarem melhor a
terapêutica e não interromperem o tratamento.
Para pacientes com baixo grau de escolaridade ou analfabetas, símbolos
como sol, lua ou um prato para identificar, respectivamente, o dia, a noite e as
refeições são bastante importantes.
O conhecimento da farmacocinética e da farmacodinâmica de um
medicamento são muito importantes na hora de prescrição. Existem medicamentos
que não devem ser administrados proximamente às refeições, pois isso alterará sua
absorção. Outros são melhores absorvidos se administrado junto às refeições. o
tempo de vida média de um medicamento é de extrema importância. Prescrever uma
medicação de doze em doze horas, quando sua vida média é de seis horas,
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somente para facilitar para o paciente, é comprometer antecipadamente o sucesso
terapêutico.
De posse do conhecimento da vida média, absorção e eliminação do
medicamento e conhecendo o perfil do paciente, devemos escolher o esquema
posológico mais adequado para o medicamento e menos complexo para o paciente.
Uma prescrição deve ser legível, clara e objetiva. Para prescrever um
medicamento, deveremos observar frequência e tempo. A frequência pode ser de
oito em oito, seis em seis horas ou uma vez ao dia, e o tempo, sete, dez dias, um
mês ou mesmo uso contínuo. O esquema de tomadas da medicação deverá ser o
mais simples e objetivo, respeitando a absorção e vida média do medicamento. Ao
prescrever um medicamento, como, por exemplo, tomar um comprimido de 8/8 horas
poderá confundir e complicar um paciente mesmo instruído. O paciente poderá fazer
um horário da seguinte forma: primeira tomada às dez, a segunda às 18 e a última
às duas horas. Nesta última tomada poderá ocorrer três situações: ele não dormir,
preocupado com o horário da medicação, ter que colocar o despertador e
interromper o seu sono ou simplesmente não tomar a medicação. Uma prescrição
mais objetiva como tomar um comprimido via oral às 6,14 e 22 horas seria mais fácil
de ser seguida pelo paciente e não interromperia o seu sono.
Temos três grupos de paciente que merecem uma atenção especial quanto
ao uso de medicamentos, que são crianças, pacientes que fazem uso de
psicotrópicos e idosos.
Os medicamentos para uso pediátrico, quase sempre, possuem sabores de
frutas e quando deixados ao alcance de crianças poderão provocar ingestão
acidental, e intoxicação. Aproximadamente 40% dos acidentes domésticos com
crianças ocorrem por ingestão acidental de medicamentos.
A grande maioria das tentativas de suicídios, em adultos, atendidas em pronto
atendimento médico, ocorre por ingestão de ansiolíticos, antidepressivos e
neurolépticos. Um estudo realizado na Austrália (TIMIRAS, 1997), em 1969 mostra
pacientes intoxicados com 3724 substâncias, das quais 2424 eram provenientes de
prescrições. Esse estudo constatou que as substâncias mais ingeridas foram
benzodiazepínicos, álcool, paracetanol, antidepressivos e neurolépticos. Desses
1969 casos, 83 evoluíram para êxito letal. A observância do médico, a vigilância e os
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cuidados da família e da equipe de saúde são fundamentais na prevenção de tais
desfechos.
Os idosos são os maiores consumidores de medicamentos, pois os mesmos
são portadores de doenças crônicas e degenerativas que requerem uso contínuo de
vários medicamentos. Indivíduos com mais de 65 anos, consomem em média, 3,5
medicamentos (TIMIRAS, 1997). A absorção, metabolismo e eliminação de
medicamentos estão comprometidos nesta faixa etária. Apesar de serem os maiores
usuários de medicamentos suas condições físicas e psíquicas nem sempre são
favoráveis ao manuseio e uso correto de medicamentos.
As complicações decorrentes do uso de medicamentos ocorrem em qualquer
fase da vida, mas são mais frequentes nos idosos. Até 10% dos pacientes adultos
desenvolvem algum tipo de reação a drogas; após os 80 anos esta possibilidade
chega a 25% (GUIMARAES; CUNHA, 1992).
Exercício 2
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UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA
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compartimentos corporais, atingindo o cérebro, órgão alvo dos psicotrópicos.
(BENET et al., 1995; JANICACK et al., 1997; YAGIELA, 2000).
A maioria dos psicotrópicos é altamente lipofílica, o que permite uma rápida
penetração nas membranas celulares. Estas características conferem aos
psicofármacos rápida absorção via oral, completa absorção, distribuição rápida e
extensiva nos compartimentos corporais, rápida penetração no SNC, considerável
metabolização pré-sistêmica e grande volume de distribuição (JANICACK et al.,
1997)
Distribuição - A partir do local de administração, a droga é absorvida e atinge
a circulação (exceto no caso da administração endovenosa, em que o local de
administração é a própria corrente sanguínea). A maioria dos psicotrópicos
apresenta elevada porcentagem de ligação com as proteínas plasmáticas.
Considerando que é a fração livre que determina a intensidade do efeito, pequenas
alterações na fração ligada podem acarretar importantes alterações no efeito de uns
psicotrópicos, podendo mesmo ocasionar toxicidade importante. A fase de
distribuição também adquire importância na administração de uma dose única de um
psicotrópico, pois neste caso o término da ação deste resulta principalmente de sua
redistribuição do cérebro para os demais compartimentos corpóreos e não de sua
metabolização (JANICAK et al., 1997).
Metabolização - A metabolização de drogas é importante para sua inativação
e para sua eliminação do organismo. A excreção renal tem papel importante no
término da ação biológica de drogas, particularmente aquelas que possuem volume
molecular pequeno ou possuem características polares e, consequentemente, mais
hidrofílicas. Entretanto a maioria das drogas não apresenta estas características,
sendo, ao contrario, mais lipofílicas e não ionizadas no PH fisiológico, facilitando,
portanto, sua reabsorção após a filtração glomerular. Portanto, a transformação das
drogas em suas substâncias mais polares é fundamental para sua eliminação. A
biotransformação hepática ocorre em duas etapas. Ou seja,
- Fase I: metabolismo oxidativo, responsável pela exposição ou introdução de
grupamento funcional;
- Fase II: conjugação que, através de uma ligação covalente com
determinadas substâncias, formam conjugados altamente polares e inativos, que são
rapidamente excretados pelo rim.
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A fase I ocorre principalmente no fígado, através do complexo enzimático
conhecido como citocromo P450 (CYP), sendo dependente da função hepática e do
fluxo sanguíneo hepático. Por outro lado, a conjugação não ocorre exclusivamente
no fígado, não sofrendo influência significativa de uma redução da função hepática.
Portanto, no caso de pacientes com uma redução da função deve-se fazer um ajuste
posológico da dose de um psicofármaco que depende da fase I para sua eliminação,
ou optar por um fármaco que sofre conjugação direta. A dependência da Fase I
também torna um determinado fármaco passível de sofrer influência de drogas que
aumentam a atividade do sistema P450, e de drogas que reduzem a atividade do
sistema P450. Este quadro é complicado pela existência de várias famílias de
enzimas do P450, que sofrem influência de diferentes drogas. Por exemplo, a
fluoxetina inibe a atividade do CYP 2D6, que metaboliza o propanolol (JANICAK et
al., 1997).
Os psicofármacos em relação à droga original podem apresentar metabolitos:
(a) com atividade similar, (b) com a atividade diferente, (c) inativos, (d) com
importante atividade clinica, a partir de uma droga inativa, (e) com maior toxicidade.
Excreção - Após a biotransformação dos fármacos, que origina substâncias
mais polares, a excreção renal assume papel importante na eliminação destas
substâncias. Trata-se da última etapa da eliminação da droga do organismo e sofre
importante influência da função renal, do estado de hidratação do PH urinário, entre
outros fatores. A eliminação de ácidos fracos pode ser aumentada pela alcalinização
da urina, enquanto que bases fracas podem ter sua excreção aumentada pela
acidificação da urina, pois estas modificações aumentam a fração ionizada da droga.
Para facilitar a compreensão deste conteúdo, vamos conhecer alguns
princípios básicos, tais como:
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100% devido à absorção incompleta e ao metabolismo hepático de
primeira passagem.
Bioequivalentes: dois medicamentos são considerados
bioequivalentes quando se demonstra que, sob a mesma forma
farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa
do princípio ativo, e sob o mesmo desenho experimental, apresentam
biodisponibilidade comparável (BRASIL, 1999).
Concentração máxima (Cmáx): também denominado pico plasmático,
é a concentração máxima atingida no plasma após a administração de
um fármaco; o tempo decorrido até atingir-se o Cmax é denominado
(Tmax).
Medicamento Similar: aquele que contém o mesmo princípio ativo, na
mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração,
posologia e indicação terapêutica do outro medicamento, podendo
diferir quanto às características do tamanho e forma do produto,
excipiente, veículos, etc. (BRASIL, 1999).
Medicamento Genérico: medicamento similar a um produto de
referência, que pretende ser intercambiável com este (BRASIL, 1999).
Meia-vida: meia-vida (t1/2) é o tempo necessário para que a metade da
concentração da droga seja eliminada do organismo, ou seja, que a
concentração plasmática da droga caia para metade. A depuração de
uma droga do plasma apresenta duas fases, que são inicialmente uma
fase rápida (t1/2), que corresponde à distribuição da droga pelos
tecidos; e uma fase mais lenta (t1/2), correspondente à metabolização
e excreção da droga; como regra, um fármaco leva cinco meias-vidas
para atingir uma concentração estável no plasma.
Pró-droga: fármaco que se torna ativo apenas após sofrer
biotransformação, como, por exemplo, o clorazepato é transformado no
N-desmetildiazepam, que é a substância farmacologicamente ativa.
Farmacocinética é o caminho que o medicamento faz no organismo. Não se
trata do estudo do seu mecanismo de ação, mas sim as etapas que a droga sofre
desde a administração até a excreção, As etapas são administração, absorção,
biotransformação, biodisponibilidade e excreção.
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Possíveis interferentes da farmacocinética
Características do Paciente Estados Patológicos
Fonte: saberviver.org.br.
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Exercício 3
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UNIDADE 3 – PRINCÍPIOS DA FARMACODINÂMICA
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número de outras substâncias, tais como os canabinóides endógenos e a agmatina,
que preenchem todos os critérios para a definição de neurotransmissor. Além disto,
vale ressaltar o óxido nítrico (NO) como um importante neuromodulador. Os
neurotransmissores são sintetizados no corpo celular a partir de seus precursores,
sendo então armazenados em vesículas e, posteriormente, em resposta a um
estímulo, são liberados na fenda sináptica. A propagação do estímulo elétrico até o
terminal sináptico, onde é novamente convertido em sinal químico, ocorre pela
ativação/inativação de canais de sódio voltagem dependentes. O neurotransmissor
liberado pelo neurônio pré-sináptico pode: interagir com receptores pós-sinápticos;
interagir com receptores pré-sinápticos; ser recaptado, através de proteínas de
transporte, por neurônios ou células da glia (célula do sistema nervoso também
conhecida como neuroglia ou nevroglia); ser metabolizado por enzimas
extraneuronais. O neurotransmissor, ao ligar-se a um receptor, irá desencadear uma
série de eventos intracelulares no neurônio pré ou pós-sináptico. Estes efeitos
podem ser decorrentes de:
a) ativação ou inibição de um canal iônico (receptores inotrópicos);
b) da produção de determinadas substâncias intracelulares, denominadas
segundos mensageiros (os neurotransmissores são os primeiros mensageiros).
A proteína G desempenha importante papel nesta cascata de efeitos,
principalmente pela ativação ou inibição de enzimas de membrana, acarretando
aumento ou diminuição de seu produto (AMPc), os segundos mensageiros. Estes
últimos, por sua vez, irão produzir uma série de alterações intracelulares,
principalmente através da fosforilação de proteínas, o que poderá ativá-las ou inibi-
las via ativação de proteínas quinases.
Estes efeitos são relativamente rápidos e de curta duração, envolvendo a
ativação ou inibição de proteínas já existentes. Além disto, vale destacar que estas
quinases podem fosforilar efetores de outro segundo mensageiro através de um
processo denominado “crosstalk”. Entretanto, existem outros fenômenos, que são
mais duradouros e desencadeados pela interação neurotransmissor-receptor e que
estão relacionados à atividade genômica, alterando deste modo a síntese de
receptores, canais iônicos, enzimas, etc.
É nesta etapa que entram em atividade os proto-oncogenes ou genes de
expressão imediata. Neste caso, os segundos mensageiros irão ativar, através da
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fosforilação, os proto-oncogenes, cujos produtos proteicos irão se ligar a sítios
específicos do DNA genômico, modificando os fatores de crescimento, que irão de
desempenhar papel fundamental no fenômeno de plasticidade neuronal, ou seja,
adaptação estrutural e funcional dos neurônios (HYMAN; NESTLER, 1993; BLOOM,
1995; GRAEFF; GUIMARAES, 1999).
O término da ação do neurotransmissor se dá:
- pela sua recaptação pré-sináptica ou extraneuronal, que ocorre através de
proteínas de transporte;
- ou pela sua metabolização por enzimas específicas (a importância de cada
um destes mecanismos depende do neurotransmissor envolvido).
Cada um destes eventos descritos pode sofrer ação de fármacos. A inibição
de enzimas de síntese acarreta uma diminuição da produção de neurotransmissores,
diminuindo a neurotransmissão. A transmissão elétrica do impulso até o terminal
sináptico também pode ser influenciada. A inibição do armazenamento de
neurotransmissores nas vesículas sinápticas pode causar uma depleção de
neurotransmissor e assim reduzir a neurotransmissão mediada pelo
neurotransmissor.
A metabolização do neurotransmissor pode ser alterada, sendo que sua
inibição irá causar um acúmulo do neurotransmissor e, consequentemente,
aumentar a neurotransmissão. O processo de liberação do neurotransmissor
também pode ser influenciado, como exemplificado pela anfetamina e seus
congêneres, que estimulam a liberação de monoaminas independentemente da
estimulação neuronal. A ação dos neurotransmissores sobre os receptores pode ser
modificada, sendo que podemos ter:
- drogas agonistas - exercem efeito similar ao mediador endógeno,
produzindo uma alteração na conformação do receptor e, consequentemente,
alterações intracelulares;
- agonistas inversos, que se ligam aos receptores e exercem efeitos
contrários àqueles mediados pelo neurotransmissor;
- antagonistas: ligam-se ao receptor, não produzem alterações
conformacionais nestes, mas impedem a ligação do agonista ou mediador
endógeno. Uma vez liberado, o neurotransmissor pode ser recaptado, e este é o
principal mecanismo de interrupção da ação das catecolaminas na fenda. Ou o
24
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neurotransmissor pode ser metabolizado, este processo sendo importante no
término da ação da actilcolina (HYMAN; NESTLER, 1993; BLOOM, 1995; GRAEFF;
GUIMARAES, 1999).
Os mecanismos citados mostram o enfoque dado até então para a ação dos
psicofármacos, ou seja, os eventos sinápticos que ocorrem pouco após a
administração aguda destes medicamentos.
Entretanto, os efeitos clínicos da maioria destes medicamentos só aparecem,
em geral, após algum tempo de tratamento contínuo. Portanto, os estudos mais
recentes estão voltados para os eventos neurobiológicos que ocorrem mais
tardiamente à terapêutica. Mais ainda, como estes efeitos provavelmente envolvem
uma plasticidade neuronal, que em grande parte é mediada pelas vias de
sinalização intracelular, a abordagem atual está sendo deslocada da sinapse para os
eventos neuronais intracelular, a abordagem atual está sendo deslocada da sinapse
para os eventos neuronais intracelulares. Podemos citar como exemplo desta
medicação, a ação do lítio, no sistema de segundo mensageiro do fosfatidil-inositol
e, mais recentemente, certos sistemas de sinalização intracelular como possíveis
mediadores do efeito clínico dos antidepressivos (HYMAN; NESTLER, 1993;
DUMAN et al., 1997; GLEZER et al., 2000)
A Farmacodinâmica é o campo da farmacologia que estuda os efeitos
fisiológicos dos fármacos nos organismos, seus mecanismos de ação e a relação
entre concentração do fármaco e efeito.
Figura 2 - Neurotransmissores
Fonte: infoescola.com
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Figura 3 - Neurotransmissores
Fonte: portalsaofrancisco.com.br
Exercício 4
2. Constituem-se neurotransmissores:
a) Absorção e excreção.
b) Controle e absorção.
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c) Comunicação e administração.
d) Comunicação e controle.
e) Conexão e absorção.
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UNIDADE 4 – ANTIDEPRESSIVOS
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Se a interação é benéfica, poderá haver melhora da tolerabilidade e/ou evita a
toxidade e/ou aumento da eficácia. Por exemplo, o médico, de forma intencional ou
não, conta com a interação farmacodinâmica entre a cisaprida e a venlafaxina,
quando a cisaprida é prescrita para diminuir a náusea induzida pela venlafaxina.
O aumento da eficácia e a tolerância da interação droga-droga podem ser
usados para reduzir o custo do tratamento. Por exemplo, o cetoconazol, um agente
antifúngico, é um inibidor potente da enzima responsável pelo metabolismo da
ciclosporina, um imunodepressor muito caro, podendo, teoricamente, ser usado para
que sejam atingidos níveis terapêuticos de ciclosporina em doses muito mais baixas
do que as usuais.
Para o entendimento das interações droga-droga, é importante conhecer o
efeito esperado de determinada droga e qual é o produto do seu efeito
farmacodinâmico (FD), farmacocinético (FC) e sua variação biológica entre os
diferentes pacientes.
As interações farmacodinâmicas podem ser entendidas pela compreensão
dos mecanismos de ação de uma droga, isto é, o seu efeito no local de ação, como
um neurorreceptor. A idade, o sexo e o estado de saúde do paciente têm um papel
importante no entendimento e na predição de variações biológicas em
farmacodinâmica e farmacocinética.
Com base nesses conhecimentos, as medicações podem ser ajustadas para
atingir-se um resultado terapêutico máximo com o menor risco de efeitos colaterais
para a maioria dos pacientes.
Os antidepressivos tricíclicos (ATC) estão entre as primeiras drogas que
produziram bons resultados no tratamento da depressão. Os ATCs foram
desenvolvidos inicialmente para serem neurolépticos melhores e suas propriedades
antidepressivas foram descobertas ao acaso.
Os ATCs agem em múltiplos sítios de ação. Por esse motivo, essas drogas
produzem uma variedade de efeitos indesejáveis, bem como desejáveis. Como regra
geral, drogas que possuem múltiplos sítios de ação tendem a causar diferentes tipos
de interações droga-droga farmacodinâmicas. Os seguintes agentes induzem o
metabolismo dos ATCs:
1. Cigarro
2. Ingestão alcoólica regular (de leve a moderada)
29
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3. Barbitúricos
4. Carbamazepina
5. Fenitoína
Essas drogas podem elevar o clearence de ATCs de 50 a 100%, o que é
clinicamente significativo. O efeito do cigarro no metabolismo dos ATCs é discreto
(isto é, de 15%).
- Interações Farmacodinâmicas
Estas interações com os IRSSs envolvem principalmente outras drogas que
potencializam a função serotoninérgica, tanto central como perifericamente. As
drogas de ação serotonérgica central, especialmente os IMAOs não seletivos e
irreversíveis, podem causar uma das interações farmacodinâmicas mais sérias e
bem conhecidas, a síndrome serotoninérgica central, que consiste em rebaixamento
de consciência e instabilidade autonômica.
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produz um efeito clínico significativo. Um fator comum e significativo de interação é o
efeito sedativo adicional quando usado com anti-histamínicos e antidepressivos.
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mais prescritas e usadas de modo abusivo ao longo de várias décadas. As formas
oferecidas em nosso meio são especialmente a anfepramona, o mazindol e o
metilfenidato. O metilfenidato tem sido dispensado sob rígido controle dos órgãos de
saúde para o tratamento de quadros de déficit de atenção e hiperatividade. Os
anfetamínicos ocupam o sexto lugar entre as drogas referidas como de uso
frequente por estudantes da educação básica das escolas de Porto Alegre. São
mais utilizados do que a cocaína.
- Interações em Crianças: Falar da psicofarmacoterapia na infância reveste-
se de aspectos bastante divergentes e passíveis de questionamento. Isto porque o
uso de drogas na infância tem características diversas daquelas dos adultos em
função de ocorrer sobre um ser em desenvolvimento que, além de ter seus sintomas
remitidos, deve, supostamente, ter seu desenvolvimento melhorado ou, ao menos,
não prejudicado. A utilização
de drogas na criança
apresenta efeitos diversos
daqueles observados no
adulto, com a perspectiva,
bastante frequente dos
chamados efeitos
paradoxais, ou seja, efeitos
opostos aos observados na
população adulta.
Fonte: http://migre.me/bCp2p
- Influências Étnicas: A farmacocinética é determinada por quatro processos
básicos: absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Dentre eles, a
biotransformação é o passo metabólico que apresenta as maiores variações
interindividuais e interétnicas. A biotransformação, por sua vez, é determinada por
fatores genéticos e ambientais, exercendo influências substanciais na resposta às
drogas através de etnicidade e cultura. Resumo sobre a valorização dos
antidepressivos, bem como seu uso e as intervenções terapêuticas mais eficientes; a
importância do diagnóstico nosológico correto, de forma que estes medicamentos se
estendem a outros diagnósticos como, por exemplo, pânico, Toc, anorexia nervosa,
entre outros.
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Para saber mais, acesse: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-
44461999000500006&script=sci_arttext>. Acesso em: out. 2012.
Exercício 5
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4.3 Antipsicóticos
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meio da reserpina, alcalóide da Rauwolfia Serpentina, arbusto indiano importado
para a Europa no século XVI pelo Dr. Leonhart Rauwolf (PÖLDINGER, 1968).
Já há muitos séculos a utilização das folhas da Rauwolfia para acalmar os
doentes mentais fazia parte da farmacopeia da medicina Ayurvédica, sendo
chamada de “Pagal-Ka-Dawa”, que pode ser traduzido como erva contra a loucura
(PÖLDINGER, 1968).
No final da década de 50 os laboratórios Janssen sintetizaram o haloperidol,
neuroléptico do grupo das butirofenonas que é até os dias de hoje o mais importante
e seguro dentre os antipsicóticos.
A clozapina foi a primeira droga antipsicótica atípica usada comercialmente,
tendo sido abruptamente retirada do mercado por ter causado várias mortes
consequentes a agranulocitose. Vem sendo novamente comercializada sobre
recomendação de hemogramas seriados para os usuários. A década de 80 assistiu
uma busca frenética de novos fármacos que pudessem ter as vantagens de um
antipsicótico atípico, ou seja, efeito antipsicótico sem efeito neuroléptico, sem causar
agranulocitose
Assim, os laboratórios Organon criam com o auxílio da computação gráfica a
risperidona e Lilly, a olanzapina. Mais recentemente surgiram a quetiapina, a
ziprazidona e o sertindol. O último não entrou em comercialização em função dos
efeitos colaterais cardíacos
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- Dosagem e escolha da droga
O uso de doses elevadas de neurolépticos em comparação com a dosagem
padrão revela que não há vantagem no tratamento com doses elevadas (RIFKIN,
1991). Para a maioria dos pacientes a dose padrão varia entre 400 e 600 mg de
clorpromazina por dia e 5 a 20 mg de haloperidol (KANE, 1989)
Em doses maiores do que o equivalente a 12 mg de haloperidol por dia os
antipsicóticos atípicos não mostraram melhor tolerabilidade do que os típicos,
causando efeitos extrapiramidais (GEDDES et al., 2000).
O haloperidol continua sendo o antipsicótico padrão para o tratamento da
esquizofrenia, sendo inclusive o principal parâmetro utilizado para avaliar a eficácia
dos medicamentos mais recentes.
No Brasil, o haloperidol, assim como a clorpromazina a levomepromazina e a
trifluoperazina são fornecidos gratuitamente pelo governo aos usuários. Alguns
programas têm se incumbido de fornecer também os antipsicóticos atípicos.
Cumpre salientar, no entanto, que esses últimos implicam num custo
elevadíssimo para os pacientes e familiares, devendo, portanto ser avaliada a sua
real necessidade.
Os antipsicóticos convencionais ou típicos devem ser usados no tratamento
do episódio inicial de esquizofrenia, a menos que o paciente não tenha respondido
previamente a essas drogas ou tenha efeitos colaterais extrapiramidais muito graves
(GEDDES et al., 2000).
Exercício 6
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agentes ansiolíticos para o transtorno de ansiedade generalizada.
b) Os barbitúricos nunca provocam dependência física e psicológica.
c) Os efeitos adversos dos benzodiazepínicos são aumentados e os
benefícios são diminuídos em crianças.
d) Uma semelhança no mecanismo de ação entre os benzodiazepínicos e
barbitúricos, é que aumentam a ação do GABA, via de regra, um
neurotransmissor inibitórico do SNC.
e) As Benzodiazepinas exercem efeitos na neurotransmissão do prosencéfalo,
que é a medida Alpha.
4.4 Psicoestimulantes
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socialmente (FISCHER, 1998). Caracteriza-se por inércia, indolência, sonhar
acordado, retraimento, confusão, lentidão nas respostas, ensimesmar-se, reticência,
apreensão, passividade e engajamento incompleto nas atividades (ficar em cima do
muro) (FISCHER, 1998).
São pessoas que tendem a ser negligenciadas socialmente, pois participam
de forma periférica das atividades e grupos sociais, sendo incapazes de captar
informações e compreender o que ocorre no mundo ao redor delas. As crianças não
compreendem as situações de forma global, têm dificuldades escolares, que podem
interferir na sua capacidade de aprendizagem, com queda do aproveitamento
escolar e às vezes abandono dos estudos.
Apesar de o tratamento desses transtornos ser feito preferencialmente com
psicoestimulantes, utiliza-se também agonistas catecolaminérgicos não euforizantes
como a L-Dopa, amantidina, bromocriptina, pergolide e selegilina. Os
antidepressivos são considerados medicamentos de segunda linha. Em alguns
casos indica-se o uso de clonidina e neurolépticos.
Os psicoestimulantes, na Farmacodinâmica, como sugere o próprio nome,
são drogas capazes de estimular a atividade, a vigília e a atenção. São agonistas
das catecolaminas, aumentando a disponibilidade de noradrenalina e dopamina nos
receptores. Os estimulantes proporcionam grande benefício em curto prazo em
crianças com DAH no que se refere ao comportamento em sala de aula,
aproveitamento escolar, obediência aos professores e redução da agressividade. No
Brasil o único psicoestimulante disponível é o metilfenidato. Nos Estados Unidos
encontra-se ainda a dextroanfetamina (Dexedrine) e o Pemoline (Cylert). Há também
uma substância que mistura anfetamina e dextroanfetamina que é o Adderall. A
metanfetamina também está disponível nos Estados Unidos (Dsoxyn), porém seu
uso é mais limitado pelo elevado risco de causar dependência. Existem diferenças
individuais com relação ao uso de psicoestimulantes, de modo que algumas crianças
respondem melhor a determinadas drogas que a outras.
Os efeitos dos psicoestimulantes são evidentes, sobretudo no comportamento
e aprendizagem de crianças com distúrbio de hiperatividade e déficit de atenção. O
comportamento, medido por distintas escalas de avaliação, melhora em 73 a 77%
das crianças em uso de estimulantes, enquanto a melhora é de apenas 39 % em
crianças usando placebo (BARKLEY, 1977). Outras revisões de literaturas mais
38
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recentes identificam achados similares (PELHAM, 1993; SPENCER ET AL., 1996;
SWANSON ET AL., 1995).
O mecanismo de ação central dos psicoestimulantes não é totalmente
conhecido. Acredita-se que a dextroanfetamina aumente as atividades das
catecolaminas no sistema nervoso central (SNC), sobretudo pelo aumento da
disponibilidade de noradrenalina e dopamina na fenda senáptica. O metilfenidato
tem uma estrutura química semelhante à da dextroanfetamina sendo que o seu
efeito parece ser predominantemente dopaminérgico. Há duas hipóteses em voga
sobre os efeitos centrais dos psicoestimulantes. (GUALTIERI ET AL, 1983),
defendem que os estimulantes atuam diminuindo as flutuações na vigília, atenção e
reatividade do SNC, aumentando a tenacidade pelo aumento da inibição cortical.
(HAENLEIN; CAUL, 1987), propõem que os estimulantes aumentam a vigília do
SNC, criando uma persistência nas respostas às atividades.
Os psicoestimulantes na farmacocinética são em sua maioria administrados
via oral, sendo rapidamente absorvidos pelo trato gastrointestinal. Atravessam
rapidamente a barreira hemato encefálica, sendo eliminado do corpo em 24 horas
(DIENER, 1991). As dosagens sanguíneas dos estimulantes, como guia de ajuste
das doses, não parecem úteis (SWANSON, 1988). A tolerância a essas drogas não
foi estabelecida em estudos científicos, há, contudo, relatos sugerindo que ocorre
uma diminuição na sua eficácia com o uso prolongado (DULCAN, 1990).
O metilfenidato é o psicoestimulante mais popular na América do Norte,
sendo o único disponível no Brasil até o momento. O início de ação se dá 30 a 60
minutos após a ingestão, sendo o pico plasmático atingido após 1,5 a 2,5 horas. A
meia-vida plasmática varia entre 2 a 4 horas, sendo a droga inteiramente
metabolizada após 12 a 24 horas (WARGIN ET AL., 1983). Os efeitos
comportamentais atingem o auge 1 a 3 horas após a ingestão e se dissipam após 3
a 6 horas. A meia-vida plasmática da apresentação de liberação lenta (não
disponível no Brasil) é cerca do dobro da preparação padrão (BIRMAHER ET AL.,
1989). Os efeitos comportamentais aparecem após 1 a 2 horas, o pico entre 3 e 5
horas, diminuindo gradativamente até 8 horas após a ingestão.
Os efeitos colaterais dessa droga são poucos, sendo a diminuição do apetite
o mais importante. Pode também reduzir o limiar de convulsão. Não existem efeitos
colaterais decorrentes do uso prolongado do Metilfenidato (WEISS, 1996).
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Nos EUA a dextroanfetamina é usada em 4 a 6% do total de pessoas em uso
de psicoestimulantes. Tradicionalmente é o único recomendado para crianças entre
3 e 6 anos (FISCHER, 1998). Deve ser usado com cautela em indivíduos com
doença cardiovascular, hipertiroidismo, glaucoma e a agitação anfetamina atinge o
seu pico máximo de concentração plasmática em crianças cerca de 2 a 3 horas após
a ingestão, tendo uma meia-vida plasmática em torno de 4 a 6 horas. Os efeitos no
comportamento se iniciam 30 a 60 minutos após a ingestão, sendo o pico após 1 a
2 horas, dissipando-se em 4 a 6 horas (DULCAN, 1990).
Os agentes acidificantes diminuem a sua absorção, devendo ser ingeridos
após as refeições. A metabolização ocorre, sobretudo no fígado. A excreção urinária
varia entre 2 a 80% em função da acidez urinária. Na urina muito alcalina a excreção
é menor, sendo que se urina, maior a proporção da substância eliminada. Assim,
uma atividade gástrica elevada (o que resulta em urina alcalina) e alguns
tratamentos para infecção urinária podem afetar substancialmente a concentração
da droga (BROWN ET AL., 1979).
O permoline é o estimulante que tem meia-vida mais longa, no entanto, a
meia-vida é menor entre crianças (7 a 8 horas) do que entre adultos (11 a 13 horas),
(SALLE ET AL., 1985). O pico plasmático se dá 2 a 4 horas após a ingestão. Cerca
de 50 a 75% da droga é excretada nas primeiras 24 horas pela urina. Os efeitos
comportamentais se iniciam após 2 horas, durando até 7 horas após a ingestão
(PELHAN ET AL., 1995). Os efeitos colaterais são transitórios, como perda de peso,
insônia, dor de estômago e náusea (WENDER, 1995). Pode diminuir o limiar
convulsivógeno e causar disfunção hepática, o que faz com que seja a terceira
opção entre os psicoestimulantes.
- Agonistas catecolaminérgicos: Dentre os agonistas catecolaminérgicos
não euforizantes encontra-se L-Dopa, amantidina, bromocriptina, pergilide e
selergilina. Essas drogas estimulam receptores pós-sinápticos, enquanto que os
psicoestimulantes aumentam a liberação de neurotransmissores na fenda sináptica.
A levodopa (L- Dopa) é um agonista dopaminérgico clássico cuja ação ocorre,
preferencialmente em nível pós-sináptico, precisamente D1 e D2. Promovem uma
melhora do déficit de atenção em indivíduos com DAH, repercutindo numa melhora
cognitiva e comportamental, sobretudo da capacidade de concentração (FISCHER,
1998). Os efeitos colaterais mais comuns são discinesia, episódios de bradicinesia,
40
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distúrbios psiquiátricos, mal-estar gastrointestinal e hipotensão ortostática (ZASLER,
1992). A amantadina tem uma ação pré-sináptica e possivelmente também pós-
sináptica. Promove efeitos benéficos na função cognitiva e redução da agitação em
pacientes com DAH com melhora na velocidade de processamento das informações,
na tenacidade e autocontrole (COWELL; COHEN, 1995). Promove melhora de
atenção também em pessoas com lesão cerebral (WROBLEWSKI; GLENN, 1994).
Os efeitos colaterais mais frequentes são edema periférico, hipotensão ortostática,
rash cutâneo e descoloração da pele. Pode baixar o limiar convulsivo e provocar
alucinações, sobretudo em idosos.
- Antidepressivos: Os antidepressivos são considerados como
medicamentos de segunda linha para o DAH pois a sua eficácia é inferior àquela dos
psicoestimulantes e os efeitos tóxicos são superiores. Os efeitos não são tão
positivos quanto os do metilfenidato, porém algumas crianças podem se beneficiar
dessa classe de drogas. A imipramina é útil para crianças com ansiedade,
dificuldade de conciliar o sono, agressividade ou depressão (PELHAM, 1993). A
nortriptilina tem efeitos positivos em adolescentes com DAH que responderam mal
aos estimulantes, sobretudo com relação à redução da impulsividade (HUNT ET AL.,
1991). Para crianças com DAH e transtorno de tiques, para as quais os
psicoestimulantes são contraindicados por exacerbarem os tiques, a nortriptilina
também é útil (SPENCER ET AL., 1991). A desipramina é considerada de duas a
quatro vezes mais tóxica que os demais tricíclicos (WERRY, 1995), devendo,
portanto ser usada com cautela em crianças. É também útil para crianças com
comorbidade de DAH e transtorno de tique (Spencer et al., 1993). A eficácia da
fluoxetina usada isoladamente para crianças com DAH é apenas moderada
(BARRICKMAN ET AL., 1995; WENDER, 1995). O acréscimo da fluoxetina ao
tratamento com o metilfenidato parece melhorar substancialmente os sintomas de
crianças com DAH resistentes ao metilfenidato (Brown, 1993). A sertralina se
mostrou útil para o tratamento de pacientes com Tourette e DAH (FRANKENBURG;
KANDA, 1994). O bupropion tem sido apontado como uma medicação efetiva para o
tratamento de DAH em adultos, sobretudo quando combinado com estimulantes
(WENDER, 1995). Crianças impulsivas com DAH e adultos com DAH residual
beneficiam-se do uso do IMAO (WENDER et al., 1991). A selegilina é um inibidor
seletivo da MAO – B que bloqueia o metabolismo da dopamina, promovendo o
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aumento da disponibilidade desse neurotransmissor. O seu uso tem se mostrado útil
em pacientes com DAH e Tourette promovendo uma melhor participação do
paciente nas suas atividades cotidianas, melhora da atenção, humor e
comportamento (ELOVIC, 1996). A clonidina tem sido indicada para crianças com
elevada vigilância e hiperatividade que responderam pouco ao metilfenidato e
dexedrina. É igualmente útil para crianças com distúrbio do sono, transtorno de
conduta, comportamento opositor, agressão e explosões (Fisher, 1998). Os
neurolépticos têm um papel limitado no tratamento da DAH, podendo ser útil em
indivíduos que têm uma comorbidade com desordem do pensamento (HUNT et al.,
1991).
- Transtornos Mentais e de Comportamento decorrentes do uso de
Substâncias Psicoativas, tais como:
Álcool
Opióides
Canabinóides
Sedativos ou hipnóticos
Cocaína
Outros estimulantes, incluindo a cafeína
Alucinógenos
Tabaco
Solventes voláteis
Múltiplas drogas
- Diagnóstico: A identificação da substância psicoativa usada pode ser feita
com base em dados fornecidos pelo próprio paciente, análise objetiva de amostras
de urina, sangue, ou outra evidência (presença de amostras de drogas em posse do
paciente, sinais e sintomas clínicos ou relatos de terceiros). É aconselhável procurar
evidência do uso em mais de uma fonte
- Intoxicação Aguda: Uma condição transitória seguindo-se a administração
de álcool ou outra substância psicoativa, resultando em perturbações no nível de
consciência, cognição, percepção, afeto ou comportamento ou outras funções ou
respostas psicofisiológicas. A intensidade da intoxicação diminui com o tempo e os
efeitos finalmente desaparecem na ausência de uso posterior da substância. A
recuperação é completa, portanto, exceto quando surgiram lesão tecidual ou
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complicações. Sintomas de intoxicação não refletem, necessariamente, sempre
ações primárias da substância: por exemplo, drogas depressoras podem levar a
sintomas de agitação ou hiperatividade e drogas estimulantes podem levar a
comportamento socialmente retraído e introvertido.
- Efeitos de substâncias tais como a cannabis e alucinógenos podem ser
particularmente imprevisíveis. Muitas substâncias psicoativas são capazes de
produzir diferentes tipos de efeito em diferentes níveis de doses e em diferentes
pacientes. Diagnóstico diferencial. Considerar traumatismo craniano agudo e
hipoglicemia. Considerar o uso de substâncias misturadas
- Uso Nocivo: Um padrão de uso de substância psicoativa que está causando
dano à saúde. O dano pode ser físico (como nos casos de hepatite decorrente de
autoadministração de drogas injetáveis) ou mental (por exemplo, episódios de
transtorno depressivo secundário a um grande consumo de álcool).
- Diagnóstico: O diagnóstico requer que um dano real deva ter sido causado
à saúde física e mental do usuário. Padrões nocivos de uso são frequentemente
criticados por outras pessoas e estão com frequência associados a consequências
sociais diversas de vários tipos. O fato de que um padrão de uso ou uma substância
em particular não seja aprovado por outra pessoa, pela cultura ou possa ter levado a
consequências socialmente negativas, tais como prisão ou brigas conjugais, não é
por si mesmo evidência de uso nocivo.
- Síndrome de Dependência: Um conjunto de fenômenos fisiológicos,
comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância ou uma classe de
substâncias alcança uma prioridade muito maior para um determinado indivíduo que
outros comportamentos antes tinham maior valor. Uma característica central é o
desejo (frequentemente forte e, algumas vezes irresistível) de se consumir drogas
psicoativas (as quais podem ou não terem sido medicamente prescritas), álcool ou
tabaco. Pode haver evidência que o retorno ao uso da substância após um período
de abstinência leva a um reaparecimento mais rápido de outros aspectos da
síndrome do que o que ocorre com indivíduos não dependentes.
- Diagnóstico de Dependência: Três ou mais dos seguintes requisitos
tenham sido experienciados ou exibidos em algum momento durante o ano anterior:
a) um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância,
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b) dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em
termos de seu início, término ou níveis de consumo,
c) um estado de abstinência fisiológico,
d) evidência de tolerância,
e) abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do
uso da substância psicoativa, aumento da quantidade de tempo necessária para
obter ou tomar a substância ou para se recuperar de seus efeitos,
f) persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de
consequências manifestamente nocivas, tais como dano ao fígado por consumo
excessivo de bebidas alcoólicas.
- Estado de Abstinência: Um conjunto de sintomas, de agrupamento e
gravidade variáveis, ocorrendo em abstinência absoluta ou relativa de uma
substância, após uso repetido e usualmente prolongado e/ou uso de altas doses
daquela substância. Pode ser complicado por convulsões.
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- idade menor que 16 anos ou maior que 65 anos;
- crises parciais;
- padrão espícula-onda a 3 Hz no eletroencefalograma.
A escolha das DAE é realizada com base no tipo de crise epilética:
Crise parcial simples ou complexa: As drogas de escolha são a
carbamazepina e a fenitoína (GARNETT et al., 1998). As drogas de segunda
linha são fenobarbital, ácido valpróico, primidona, gabapentina, lamotrigina,
vigabatrina e topiramato (CURRY; KULLING, 1998; LHATOO et al., 2000;
MORRIS et al., 2000; RAMBECK et al., 1996; SABERS; GRAM, 2000);
Crise generalizada tônico-clônica: As drogas de escolha são a fenitoína,
carbamazepina e ácido valpróico (VALODIA, et al., 1999). As drogas de
segunda linha são fenobarbital e primidona;
Crise generalizada ausência (típica): As drogas de escolha são o ácido
valpróico e a etossuximida (MORRIS et al., 2000). As drogas de segunda
linha são clonazepam e acetazolamida;
Crise generalizada mioclônica: A droga de escolha é o ácido valpróico. As
drogas de segunda linha são: clonazepam, fenobarbital, primidona e
acetazolamida;
Crise generalizada atônica: As drogas de escolha são o ácido valpróico e a
fenitoína. As drogas de segunda linha são: fenobarbital e clonazepam.
Como princípios gerais, o tratamento inicia com uma única DAE e se
necessário com doses crescentes levando em consideração o controle das crises e
a presença de efeitos colaterais. Devemos procurar simplificar o esquema
posológico e nunca parar a medicação de modo abrupto. As características
farmacocinéticas servem de base no planejamento terapêutico. A dosagem leva
necessariamente em conta a severidade da epilepsia, avaliada individualmente, para
cada paciente. A utilização de duas ou mais drogas pode ser necessária em casos
específicos.
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16 anos; história de crises mesmo após a introdução de DAE; crises tônico-clônicas;
crises mioclônicas; tempo curto de uso de DAE; eletroencefalograma anormal;
presença de lesões estruturais na tomografia computadorizada ou na ressonância
magnética. Os pacientes com lesões estruturais subjacentes, nos quais o controle
medicamentos das crises foi alcançado com dificuldade têm alta probabilidade de
apresentarem crises, caso seja suspensa a medicação.
Exercício 7
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d) As drogas de escolha é o ácido valpróico.
e) As drogas de escolha são o ácido valpróico e a fenitoína.
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UNIDADE 5 – PSICOTERAPIA E PSICOFÁRMACOS
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5.2 Terapia ocupacional: Interferência dos psicofármacos no
tratamento
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5.3 Psicofarmacologia e interdisciplinaridade
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Exercício 8
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4. Qual capacidade cognitiva é prejudicada pela ansiedade patológica?
a) Memória.
b) Audição.
c) Coordenação motora.
d) Olfato.
e) Tato.
8. A Psicofarmacologia é um campo:
a) Multidisciplinar.
b) Interdisciplinar
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c) Transdisciplinar.
d) Multidisciplinar e transdisciplinar.
e) Multidisciplinar e interdisciplinar.
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