Port Interministerial #94
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GABINETE DO MINISTRO
Institui o serviço de avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental
em conflito com a Lei, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 da
Constituição, e
considerando a Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras
de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental;
considerando a Portaria Interministerial nº 1.777/MS/MJ, de 9 de setembro de 2003, que publica o Plano Nacional de
Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP);
considerando a Resolução CNPCP nº 05, de 4 de maio de 2004, que dispõe a respeito das Diretrizes para o
Cumprimento das Medidas de Segurança, adequando-as à previsão contida na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001;
considerando a Resolução CNAS nº 145, de 15 de outubro de 2004, que aprova a Política Nacional de Assistência
Social;
considerando a Resolução CNAS nº 33, de 12 de dezembro de 2012, que dispõe sobre a Norma Operacional Básica
do Sistema Único de Assistência Social (SUAS);
considerando a Portaria nº 3.088/GM/MS, de 23 de dezembro de 2011, que institui a Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas, no âmbito do SUS, e as estratégias de desinstitucionalização, no âmbito do SUS;
considerando a Resolução CNJ nº 113, de 20 de abril de 2010, que, entre outras providências, dispõe sobre o
procedimento relativo à execução de pena privativa de liberdade e medida de segurança;
considerando a Recomendação CNJ nº 35, de 12 de julho de 2011, que na execução da Medida de Segurança, sejam
adotadas políticas antimanicomiais;
considerando a Resolução CNPCP nº 04, de 30 de julho de 2010, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais de Atenção
aos Pacientes Judiciários e Execução da Medida de Segurança;
considerando a Portaria nº 4.279/GM/MS, de 30 de dezembro de 2010, que estabelece diretrizes para a organização da
Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde;
considerando a Portaria nº 148/GM/MS, de 31 de janeiro de 2012, que define as normas de funcionamento e habilitação
do Serviço Hospitalar de Referência para atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas, do Componente Hospitalar da Rede de
Atenção Psicossocial;
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considerando a Humanização como Política transversal na Rede de Atenção à Saúde do SUS, expressa no documento:
"HumanizaSUS: Documento base para gestores e trabalhadores do SUS" de 2008;
considerando as Diretrizes do Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária aprovadas na 372ª reunião ordinária
do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), em 26 de abril de 2011; e
considerando a Portaria Interministerial nº 1/MS/MJ, de 2 de janeiro de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no Sistema Único de Saúde,
resolve:
Art. 1º - Fica instituído no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o serviço de avaliação e acompanhamento de
medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei, vinculado à Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP).
§ 1º - O serviço referido no "caput" é parte da estratégia para redirecionamento dos modelos de atenção à pessoa com
transtorno mental em conflito com a Lei.
§ 2º - O serviços referido no "caput" é composto pela Equipe de Avaliação e Acompanhamento das Medidas
Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com Transtorno Mental em Conflito com a Lei (EAP).
Art. 2º É considerada beneficiária do serviço consignado nesta norma a pessoa que, presumidamente ou
comprovadamente, apresente transtorno mental e que esteja em conflito com a Lei, sob as seguintes condições: com
inquérito policial em curso, sob custódia da justiça criminal ou em liberdade; ou, com processo criminal, e em
cumprimento de pena privativa de liberdade ou prisão provisória ou respondendo em liberdade, e que tenha o incidente
de insanidade mental instaurado; ou em cumprimento de medida de segurança; ou sob liberação condicional da
medida de segurança; ou, com medida de segurança extinta e necessidade expressa pela justiça criminal ou pelo SUS
de garantia de sustentabilidade do projeto terapêutico singular.
Art. 3º O Grupo Condutor Estadual, consignado na Portaria Interministerial nº 1/MS/MJ, de 2 de janeiro de 2014 que
institui a PNAISP, deverá elaborar uma estratégia estadual para atenção à pessoa com transtorno mental em conflito
com a Lei, e contribuir para a sua implementação.
Parágrafo único - Para a elaboração e implementação da estratégia estadual referida no "caput" desse artigo o Grupo
Condutor Estadual deverá constituir comissão de trabalho específica podendo contar com a participação de
representantes do Tribunal de Justiça, do Ministério Público Estadual, da Defensoria Pública Estadual, da Secretaria
Estadual de Assistência Social ou congênere, de instâncias de controle social, em âmbito estadual, sendo
preferencialmente dos Conselhos de Saúde, de Assistência Social, de Políticas Sobre Drogas ou congênere e de
Direitos Humanos ou congênere.
Art. 4º - A EAP tem por objetivo apoiar ações e serviços para atenção à pessoa com transtorno mental em conflito com a
Lei na Rede de Atenção à Saúde (RAS), e terá as seguintes atribuições:
I - Realizar avaliações biopsicossociais e apresentar proposições fundamentadas na Lei 10.216 de 2001 e nos
princípios da PNAISP, orientando, sobretudo, a adoção de medidas terapêuticas, preferencialmente de base
comunitária, a serem implementadas segundo um Projeto Terapêutico Singular (PTS);
II - Identificar programas e serviços do SUS e do SUAS e de direitos de cidadania, necessários para a atenção à
pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei e para a garantia da efetividade do PTS;
III - Estabelecer processos de comunicação com gestores e equipes de serviços do SUS e do SUAS e de direitos de
cidadania e estabelecer dispositivos de gestão que viabilizem acesso e corresponsabilização pelos cuidados da
pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei;
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IV - Contribuir para a ampliação do acesso aos serviços e ações de saúde, pelo beneficiário, em consonância com a
justiça criminal, observando a regulação do sistema; .
V - Acompanhar a execução da medida terapêutica, atuando como dispositivo conector entre os órgãos de Justiça, as
equipes da PNAISP e programas e serviços sociais e de direitos de cidadania, garantindo a oferta de
acompanhamento integral, resolutivo e contínuo;
VI - Apoiar a capacitação dos profissionais da saúde, da justiça e programas e serviços sociais e de direitos de
cidadania para orientação acerca de diretrizes, conceitos e métodos para atenção à pessoa com transtorno mental em
conflito com a Lei; e
VII - Contribuir para a realização da desinternação progressiva de pessoas que cumprem medida de segurança em
instituições penais ou hospitalares, articulando-se às equipes da PNAISP, quando houver, e apoiando-se em
dispositivos das redes de atenção à saúde, assistência social e demais programas e serviços de direitos de
cidadania.
§ 1º - Os procedimentos da EAP terão, preferencialmente, caráter de agendamento regulado e serão requisitados: pela
Coordenação da PNAISP, em âmbitos estadual ou local; pela equipe de saúde no sistema prisional (ESP); por
determinação judicial; por requerimento apresentado pelo Ministério Público ou representante da pessoa beneficiária;
por iniciativa dos serviços de referência para realização do PTS ou da própria EAP, desde que previamente acordado
com as instâncias responsáveis pela custódia e/ou pela medida terapêutica destinada à pessoa a ser
avaliada/acompanhada e com a devida comunicação à Coordenação da PNAISP, em âmbitos estadual ou local.
§ 2º - As avaliações decorrentes dos incidentes de insanidade mental deverão respeitar o caráter de urgência e as
singularidades de cada caso, não podendo exceder a 30 (trinta) dias, a contar da data da sua instauração pelo
judiciário.
§ 3º - Recomenda-se que o PTS seja elaborado pelo serviço de referência da rede, contando com subsídios da EAP,
envolvendo, sempre que possível, a pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei e suas referências familiares
e comunitárias, visando à construção de correponsabilização no cuidado e o estabelecimento de condutas terapêuticas
articuladas em rede.
§ 4º - A EAP realizará um trabalho integrado com a área de atenção psicossocial da respectiva gestão e poderá
articular-se com os Grupos de Monitoramento, e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMFs), no âmbito dos Tribunais
de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, para identificação de pessoas com transtorno mental, em unidades de
custódia, potencialmente destinatários de medidas terapêuticas, conhecimento dos aspectos jurídico-administrativos
dos processos, para melhor integração das práticas inerentes à justiça criminal e à PNAISP e direcionamento de
formas de atenção segundo as premissas consignadas nesta norma.
Art. 5º - O serviço, com carga horária semanal mínima de 30 (trinta) horas, deve ser constituído por equipe
interdisciplinar, composta por 5 (cinco) profissionais, e com as seguintes formações em nível superior: 1 (um)
Enfermeiro; 1 (um) Médico Psiquiatra ou Médico com experiência em Saúde Mental; 1 (um) Psicólogo ; 1 (um)
Assistente Social ; e 1 (um) profissional com formação em ciências humanas, sociais ou da saúde, preferencialmente
Educação, Terapia Ocupacional ou Sociologia.
Art. 6º - A coordenação do serviço disposta nesta norma é de responsabilidade do gestor estadual da saúde, podendo
haver pactuações especificas nas instâncias colegiadas.
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Art. 7º - O cadastramento do serviço consignado nesta Portaria e respectivos profissionais será realizado por meio do
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).
Parágrafo único - A classificação desse serviço, para cadastramento no Cadastro Nacional de Estabelecimento de
Saúde (CNES), será estabelecida em norma própria.
Art. 8º - Cabe ao gestor responsável pelo serviço ora disposto definir as condições de ambiência e organizacionais
para que a EAP realize suas atividades.
Art. 9º - Para habilitação do serviço disposto nesta norma, a unidade federativa proponente deve observar os seguintes
critérios básicos:
I - Apresentar Termo de Adesão, de acordo com o modelo constante no anexo I a esta Portaria;
II - Apresentar Plano de Ação para estratégia para redirecionamento dos modelos de atenção à pessoa com transtorno
mental em conflito com a Lei, conforme modelo constante no Anexo II a esta Portaria; e
§ 1º - O serviço poderá ser constituído em unidades federativas qualificadas ao Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário (PNSSP) ou à PNAISP.
§ 2º - O Estado ou Distrito Federal terá um prazo não superior a 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data da
habilitação do seu primeiro serviço, para apresentação do Plano de Ação para redirecionamento dos modelos de
atenção à pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei ao Ministério da Saúde.
Art. 10 - A habilitação do serviço consignado nesta norma será promovida pelo Ministério da Saúde, com a publicação
de Portaria específica.
Art. 11 - O Ministério da Saúde publicará Portaria específica dispondo sobre o financiamento do serviço consignado
nesta norma.
Art. 12 - Os procedimentos referentes ao serviço disposto nesta norma serão incluídos na Tabela de Procedimentos do
Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) e serão objeto de Portaria específica do Ministério da Saúde.
Art. 13 - O monitoramento e avaliação do serviço disposto nesta norma dar-se-ão pelo registro dos procedimentos nos
Sistemas de Informação da Atenção à Saúde conforme critérios para alimentação dos Bancos de Dados Nacionais
vigentes.
I - à União, por intermédio do Ministério da Saúde, orientar o processo de planejamento e implantação do serviço e da
estratégia estadual para atenção à pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei, bem como financiar, monitorar
e avaliar cada serviço constituído;
II - ao Estado ou Distrito Federal, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, propor a estratégia estadual para atenção
à pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei, fomentar e apoiar o funcionamento do Grupo Condutor da
PNAISP, cofinanciar, gerir, monitorar e avaliar o serviço, bem como articular à RAS, do SUAS e demais programas de
direitos de cidadania; e II - ao Município, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, propiciar a realização do projeto
terapêutico singular endereçado ao seu território, articulando os dispositivos das redes de atenção à saúde sob sua
gestão, da assistência social e demais programas e serviços de direitos de cidadania sob sua responsabilidade.
ANEXO I
O Estado _________________________________ (ou Distrito Federal), por meio da Secretaria Estadual de Saúde,
CNPJ nº . _________________ com sede ______________________ __________________________CEP
_______________, pessoa jurídica de direito público interno, firma o presente Termo de Adesão para implantação da
Equipe de Avaliação e Acompanhamento de Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com Transtorno Mental em
Conflito com a Lei (EAP), sob o Código CNES _________, ativado em ___/____/______, localizado em _________,
assumindo os encargos e responsabilidades previstos na Portaria nº de de 2014, garantindo a seguinte abrangência
sócio-territorial: __ Estadual __ Município (os) - especificar ______________________ Secretaria de Estado da Saúde
ANEXO II
PLANO DE AÇÃO PARA ESTRATÉGIA PARA REDIRECIONAMENTO DOS MODELOS DE ATENÇÃO À PESSOA COM
TRANSTORNO MENTAL EM CONFLITO COM A LEI
2. Caracterização da Rede de Atenção à Saúde (RAS), de assistência social e demais programas para garantia de
direitos de cidadania, no estado ou Distrito Federal, e no território de abrangência de cada serviço de avaliação e
acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei
planejado.
3. Caracterização da comissão de trabalho específica instituída pelo Grupo Condutor Estadual consignado na Portaria
nº de de 2014, conforme art. 3º desta portaria.
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5. Caracterização de cada serviço de avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com
transtorno mental em conflito com a Lei a ser constituído:
a) endereço principal;
6. Programação da aplicação dos recursos do Incentivo federal e formas de financiamento participativo pelo estado ou
Distrito Federal;
www.lex.com.br/legis_25226680_PORTARIA_N_94_DE_14_DE_JANEIRO_DE_2014.aspx 6/6