Protocolo ILAS - Novembro 2021
Protocolo ILAS - Novembro 2021
Protocolo ILAS - Novembro 2021
NOTA TÉCNICA
Instituto Latino Americano de Sepse
Diretrizes da Campanha de Sobrevivencia a Sepse 2020
Contexto
Em outubro de 2021 foram publicadas simultaneamente nas revistas Intensive Care Medicine
[1] e Critical Care Medicine [2] as novas diretrizes da Campanha de Sobrevivência a Sepse
(CSS)[3], organizadas pelas Society of Critical Care Medicine (SCCM) e a European Society of
Critical Care Medicine (ESICM) e chanceladas por diversas sociedades mundiais, entre elas o
Instituto Latino Americano de Sepse. Diversas mudanças ocorreram, algumas expressivas, outras
apenas na força de recomendação.
Vale dizer que modificações nas Diretrizes de Tratamento não necessariamente levam a
modificações nos pacotes de tratamento [4], visto que estes têm como objetivo facilitar o processo
de implementação, propiciando a geração de indicadores que promovam mecanismos de auditoria
e feedback. O ILAS baseia-se na CSS para elaborar seus protocolos, pacotes e indicadores, embora
atue com a autonomia necessária a customização para o cenário brasileiro. Como algumas das
modificações nas atuais diretrizes tem interface com o pacote de tratamento da primeira hora, o
ILAS entendeu ser necessário um posicionamento com relação a eventual necessidade de
modificação de seus indicadores. Todos esses aspectos foram discutidos pelo corpo de especialistas
do ILAS que assinam essa nota técnica.
As seguintes modificações nas novas diretrizes têm interface com o pacote de primeira hora.
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há uma nova recomendação, também fraca, sugerindo o uso do tempo de enchimento capilar
como guia alternativo para ressuscitação.
2. Coleta de hemocultura - Na atual versão, não há uma recomendação explicita sobre coleta
de culturas. Foi incluída uma recomendação mais abrangente, estimulando a busca contínua
pelo diagnóstico da infecção. No racional, os autores deixam claro que a recomendação
anterior de boa prática clínica para coleta de hemoculturas e demais culturas pertinentes
continua válida.
3. Antibioticoterapia na primeira hora - A antibioticoterapia endovenosa, de amplo espectro e
dentro da primeira hora mantem-se como recomendação forte para pacientes com choque
ou sepse provável. Entretanto, naqueles pacientes onde a sepse é considerada apenas
possível, sugere-se uma rápida investigação de causas infecciosas e não infecciosas. Caso a
hipótese de causa infecciosa persista, sugere-se a administração de antimicrobianos, num
período de até 3 horas da apresentação inicial. Sugere-se também que pacientes com baixa
probabilidade de ter sepse não recebam antimicrobianos.
4. Reposição volêmica – Houve modificação da força da recomendação de forte para fraca, no
tocante a infusão de 30 ml/kg de cristaloides em pacientes com sinais de hipoperfusão,
sugerindo-se assim que essa intervenção seja individualizada.
5. Uso de vasopressor – Há uma nova recomendação para início de vasopressor em veia
periférica com o intuito de reduzir o tempo de hipotensão.
Entendemos que não há, nesse momento, necessidade de modificação dos indicadores utilizados
pelo ILAS pelas razões abaixo listadas. Esse posicionamento poderá ser revisto caso a CSS venha
a modificar os pacotes, após a devida avaliação dessas eventuais modificações e de seu racional.
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3. O fluxograma sugerido pelo ILAS para triagem de pacientes com sepse baseia-se na
presença de disfunção orgânica ou critérios de síndrome de resposta inflamatória
sistêmica (SRIS), com alta sensibilidade baseada na enfermagem. Entretanto, o
seguimento do protocolo e, consequentemente, a administração ou não de
antimicrobianos, depende da avaliação médica onde a especificidade é fundamental. No
fluxograma, uma das perguntas-chave é sobre a presença de foco suspeito ou
confirmado. Pacientes sem foco suspeito devem ser imediatamente excluídos do
protocolo. Dessa forma, se atende a recomendação de não administrar antimicrobianos
a pacientes com baixa probabilidade de sepse. Entretanto, o discernimento entre sepse
provável e possível é mais desafiador. Pelo nosso fluxograma atual, em pacientes com
disfunção orgânica e foco suspeito ou confirmado, quer tenham ou não hipotensão, o
protocolo deve ser mantido, com coleta de exames e administração de antimicrobianos
dentro da 1ª hora. Entendemos que estes pacientes têm sepse provável e, portanto, esse
fluxo está alinhado com as atuais diretrizes da CSS. Por outro lado, pacientes cujo
protocolo foi iniciado com base apenas nos critérios de SRIS, sem disfunção orgânica
clinicamente aparente, podem não ter sepse mesmo tendo foco suspeito ou confirmado.
No nosso atual fluxograma, somente em pacientes com fatores de risco para sepse, por
exemplo, idosos e portadores de comorbidades graves, deveria haver seguimento do
protocolo com coleta de exames e administração de antimicrobianos. Entendemos que
esses pacientes, pelo alto risco de morte em nosso cenário, devem ser considerados
como sepse provável. Já os pacientes com SRIS, mas sem fatores de risco devem ser
considerados como sepse possível. Assim, o protocolo deve ser encerrado e o
atendimento deve ser continuado, com o objetivo de avaliar se existe realmente presença
de infecção a presença ou não de sepse (disfunção laboratorial). Esse seguimento deve
ser rápido, idealmente dentro de 3 horas. Essa harmonização com a nova nomenclatura
da CSS pode ser vista na Figura 1.
4. Entendemos que é necessário maior rigor na contínua avaliação da terapia com o
objetivo de suspensão de antimicrobianos caso a sepse não seja confirmada. Assim, em
pacientes onde se opte pelo seguimento do protocolo com coleta de exames e
administração de antimicrobianos é importante suspender os antimicrobianos caso não
se confirme a presença de infecção. Da mesma forma, durante toda a condução do caso
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Esperamos ter contribuído para o esclarecimento de nossos parceiros e continuamos contando com
a colaboração de todos. Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.
Comitê de especialistas
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Referências
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FLUXOGRAMA DE TRIAGEM PARA PACIENTES COM SUSPEITA DE SEPSE
Não
Não
Sepse provável: SRIS em
pacientes com fatores de risco
como idosos, imunossuprimidos,
Há disfunção Não, somente SRIS A sepse é Atenção portadores de comorbidades
Seguimento do protocolo orgânica ? provável? graves. Ex: paciente acima de 65
1. Prosseguir investigação infecciosa nos casos pertinentes. anos, com insuficiência cardíaca e
Coletar exames para avaliar demais disfunções orgânicas. renal, admitido no PS, historia
2. Coletar lactato e avaliar demais sinais de hipoperfusão (p.e. compatível com infecção urinária,
Sim
tempo de enchimento capilar) taquipneico e taquicárdico
3. Coletar hemoculturas e culturas dos sítios pertinentes e prover
controle do foco se pertinente
4. Administrar antimicrobianos endovenosos na 1a hora. Atentar
para presença de fatores de risco para germes multirresistentes.
Atenção Dar seguimento no Sim Não
Sim Não
MANTER ANTIMICROBIANOS
Reavaliar diariamente ajuste (após resultados de culturas) SUSPENDER
ou suspensão (se afastada sepse ou melhora clinica). ANTIMICROBIANOS
Seguir princípios de PK/PD IMEDIATAMENTE
A sepse foi
confirmada?
Sim Não
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