Trabalho de Estudos Literarios Karima ISCD

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português

TEMA: ANÁLISE DA INTERTEXTUALIDADE (TIPOS) E DOS SENTIDOS


POLISSÉMICOS LITERÁRIOS DOS TEXTOS “A UM POETA” E “SURGE ET AMBULA”,
ANTERO DE QUENTAL E RUI DE NORONHA, RESPETIVAMENTE.

Viaze Inácio Nahuve: 91220538

Pemba, Agosto, 2022.


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

TEMA: ANÁLISE DA INTERTEXTUALIDADE (TIPOS) E DOS SENTIDOS


POLISSÉMICOS LITERÁRIOS DOS TEXTOS “A UM POETA” E “SURGE ET
AMBULA”, ANTERO DE QUENTAL E RUI DE NORONHA, RESPETIVAMENTE.

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ensino de Português da UnISCED.
Tutor: Preciosa Caninha

Viaze Inácio Nahuve: 91220538

Pemba, Agosto, 2022.


ÍNDICE
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................3

1.CONCEITUAÇÃO..................................................................................................................4

1.2.Intertextualidade...................................................................................................................4

2.CARACTERÍSTICAS DE INTERTEXTUALIDADE...........................................................4

3.TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE....................................................................................5

3.1.Paráfrase................................................................................................................................5

3.2.Paródia..................................................................................................................................5

3.3.Referência ou alusão.............................................................................................................5

3.4.Epígrafe.................................................................................................................................5

3.5.Pastiche….............................................................................................................................6

3.6.Citação…..............................................................................................................................6

3. ANÁLISE DA INTERTEXTUALIDADE DOS TEXTOS “A UM POETA” E “SURGE ET


AMBULA”.................................................................................................................................6

4.SENTIDOS POLISSÉMICOS LITERÁRIOS DOS TEXTOS “A UM POETA” E “SURGE


ET AMBULA”............................................................................................................................8

CONCLUSÃO............................................................................................................................9

Referências bibliográficas.........................................................................................................10
INTRODUÇÃO

Visto que o presente trabalho de campo tem como tópico central: Análise da intertextualidade
(tipos) e dos sentidos polissémicos literários dos textos “a um poeta” e “surge et ambula”,
Antero de Quental e rui de Noronha, respectivamente” importa dizer que a intertextualidade É
um recurso tão importante que aparece quando você se depara com dois ou mais textos, por
exemplo, em que é possível afirmar que nenhum texto origina-se do nada, que um sempre traz
referência de algo já criado ou produzido, ou seja, alimenta-se, de maneira clara, de outros
textos. Para concretizar o trabalho tem como os seguintes objectivos:

Objectivo geral

 Compreender Análise da intertextualidade (tipos) e dos sentidos polissémicos


literários dos textos “a um poeta” e “surge et ambula”.

Objectivos específicos

 Explicar Análise da intertextualidade (tipos) e dos sentidos polissémicos literários dos


textos “a um poeta” e “surge et ambula”;
 Identificar o tipo de intertextualidade existente entre os dois textos “a um poeta” e
“surge et ambula”;
 Descrever a intertextualidade dos dois textos “a um poeta” e “surge et ambula”.

Procedimentos Metodológicos

Em relação a metodologia usada para a realização teste trabalho, foi exclusivamente a


consulta de obrar literárias que consta no trabalho, cujo os autores estão evidentemente
citados no trabalho e na referência bibliografia.

Quanto a organização o presente trabalho apresenta a seguinte estrutura: introdução onde faz
apresentação do tema de uma forma simples, desenvolvimento onde aborda-se o tema e os
respectivos subtemas de uma forma mais profunda, e por fim a respectiva conclusão seguida
das referências bibliográficas

3
1. CONCEITUAÇÃO
1.2. Intertextualidade

Segundo Koch (2007), a intertextualidade será explícita quando, no próprio texto, é feita
menção à fonte do intertexto, isto é, quando um outro texto, ou um fragmento é citado, é
atribuído a outro enunciador; ou seja, quando é reportado como tendo sido dito por outro ou
por outros generalizados.

Segundo Bakhtin (2009) A intertextualidade consiste em importante recurso de linguagem,


evidenciando o dialogismo, sendo esse último um conceito central do pensamento
bakhtiniano, princípio de constituição da linguagem, dos discursos, dos sujeitos e, inclusive,
da vida. (p, 133).

Na base dos autores a cima citados a intertextualidade é um mecanismo cognitivo, textual e


discursivo para construção das relações internacionais, sendo utilizado por diversos ramos da
ciência social, na construção e análise de discursos. O uso desse recurso possibilita uma
melhor actuação social, em que os intertextos constroem um mundo de significados
intencionais.

2. CARACTERÍSTICAS DE INTERTEXTUALIDADE

A intertextualidade pode ser caracterizada de duas formas: explícita (directa) e implícita


(indirecta). No primeiro caso, temos a citação do texto usado como referência no material
produzido ou seja, são fornecidos elementos que vão ajudar a identificar a presença desse
“texto base”. Esse tipo de intertextualidade pode ser usado em resenhas, anúncios
publicitários, citações etc.

Na intertextualidade explícita, ficam claras as fontes nas quais o texto baseou-se e


acontece, obrigatoriamente, de maneira intencional. Pode ser encontrada em textos do
tipo resumo, resenhas, citações e traduções. Podemos dizer que, por nos fornecer
diversos elementos que nos remetem a um texto-fonte, a intertextualidade explícita
exige de nós mais compreensão do que dedução (Silva, 2013. p. 45-69).

Já a intertextualidade implícita não estabelece uma relação directa com o texto fonte, por isso,
exige do leitor mais atenção e análise para entender a referência do conteúdo. Sendo assim,
ela é bastante comum em paródias, poesias, músicas, paráfrases e textos publicitários.
A intertextualidade implícita demanda de nós um pouco mais de atenção e análise.
Como o próprio nome diz, esse tipo de intertexto não se encontra na superfície textual,
visto que não fornece para o leitor elementos que possam ser imediatamente
relacionados com algum outro tipo de texto-fonte. Sendo assim, pedem de nós uma
maior capacidade de realizar analogias e inferências, fazendo com que o leitor reactive
conhecimentos preservados em sua memória para então compreender integralmente o
texto lido. A intertextualidade implícita é muito comum em textos parodísticos,
irónicos e em apropriações (Silva, 2013, p. 70).

3. TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE

Existem vários tipos de intertextualidade presentes na literatura, em obras de arte, músicas,


charges, mídias sociais etc. Por meio deles, é possível fazer menção de um acontecimento
cultural, criticar ou enaltecer uma personalidade e até contribuir para o enriquecimento de um
determinado tema. (Silva, 2013. p. 45-69).
3.1. Paráfrase
Na paráfrase, a intertextualidade incide na temática. Grosso modo, aqui é utilizado um texto
fonte em que a ideia central é reafirmada em um novo conteúdo, com estrutura e estilo
próprio.

3.2. Paródia

Já na paródia ocorre a alteração da temática do texto base de maneira que a ideia expressada
nele seja contrariada. Para isso, são utilizados tons de ironia e sátira, geralmente para
evidenciar a crítica e a reflexão por meio de um momento de usufruição e gracejo.

3.3. Referência ou alusão

Na referência ou alusão, a intertextualidade não ocorre de maneira direta, pois são usadas
características secundárias do texto fonte. Esse tipo costuma ser empregado em conteúdos
cujo objectivo é oferecer uma sugestão ou alusão a um acontecimento, personagem etc.

3.4. Epígrafe

A epígrafe é o uso de um texto fonte na introdução de um novo conteúdo. Essa técnica é


muito usada em trabalhos académicos, por exemplo, inserindo-se frases ou trechos de
pensamentos que servem de apresentação do conteúdo que virá a seguir.
3.5. Pastiche

O pastiche ocorre quando se reproduz traços do estilo ou técnicas específicas presentes no


texto base (geralmente relacionadas ao seu autor), sem a intenção de criticá-los ou satirizá-los.
Esse tipo de intertextualidade é bastante comum em músicas e imagens.

3.6. Citação

A citação é um recurso muito usado no meio jornalístico, pois tem a finalidade de


proporcionar credibilidade ao novo texto. Por isso, inclusive, costuma ser feita de forma
directa, reproduzindo trechos do texto fonte. Nesses casos, a referência precisa ser destacada
com aspas e constar a identificação do seu autor.

3. ANÁLISE DA INTERTEXTUALIDADE DOS TEXTOS “A UM POETA” E


“SURGE ET AMBULA”.
Os textos apresentados são da autoria de Antero de Quental e de Rui de Noronha, poetas
português e moçambicano, respectivamente. Antero de Quental e toda a geração de 70, em
Portugal, persistiram na estética do considerado terceiro romantismo cuja essência girava em
torno do apelo social que mais tarde abriu o caminho para o culto do sentimento de
inquietação intelectual. Rui de Noronha assume, na Literatura Moçambicana, o papel de
precursor, ou seja, o poeta da transição entre as fases iniciais da literatura em que grandes
partes das poesias produzidas eram feitas sem vinculação ao universo cultural moçambicano.
A partir dele, os textos literários começam a incluir o universo cultural nacional (Mendonça,
apud Cuamba, 2017).

No que concerne aos textos, como ponto de partida, recairíamos sobre os aspectos formais.
Em “Surge et ambula”, Rui de Noronha copia o modelo típico de Antero de Quental como se
pode ver no texto “A um poeta”, ambos adoptam o género soneto. Essa prática revela o
carácter heterogéneo do texto de Rui de Noronha.

 No que tange aos títulos, podemos dizer que o texto “surge et ambula” serve se do
subtítulo do texto “A um poeta”. Por outras palavras, houve citação do intertexto
“surge et ambula”. Esta retomada do subtítulo reforça a legitimidade daquele poeta
emergente, pois a imitação de um “clássico da literatura portuguesa” revelaria
prestígio na sua época.
Assim, o modelo em voga seria o segundo que concebe a paráfrase como desvio mínimo,
afinal o parafraseador faz uma “imitação” dos aspectos formais do texto. Sobre a imitação,
pode-se referir que é uma das técnicas da poesia clássica que garantia a dialogicidade dos
textos. Consequentemente, essa imitação de aspectos formais é responsável por conferir ao
texto o seu carácter heterogéneo (a voz de Antero de Quental marcada/ecoando na produção
textual de Rui de Noronha), (Cuanba, 2017, p.43).

 Quanto aos aspectos de conteúdo, podemos dizer que o texto de Rui de Noronha vai
buscar em Antero de Quental uma espécie de conflito interior do “eu”, gerado, no
contexto europeu, pelo fato de os jovens não querem se envolver na guerra colonial
que se intensificava nas colónias, como se pode ler nos seguintes versos: “Tu que
dormes, espírito sereno,/ Ergue-te pois, soldado do Futuro,/ Sonhador, faze a espada
de combate!”.
 Esses versos ocorrem no texto de Rui de Noronha sob a forma de um intertexto mais
acessível a variante linguística moçambicana e ajustados àquele universo
sociocultural, nos seguintes termos: “Dormes! e o mundo marcha, ó pátria do
mistério.../ Desperta. O teu dormir já foi mais do que terreno.../ Ouve a voz do
Progresso, este outro Nazareno.” Lendo minuciosamente os versos, compreende-se
que tanto em Portugal, quanto em África havia gente dormindo, pelo que era
necessário acordar essas pessoas para a guerra e o progresso daí resultante. Para os
africanos havia que tomar consciência do seu subdesenvolvimento e lutar pelo
progresso e autonomia a vários níveis. Em suma, há uma relação intrínseca entre os
dois textos. Do ponto de vista estilístico e lexical, o texto “Surge et ambula” também
resgata elementos do texto “A um poeta”.

Ambos os textos retomam intertextualmente os verbos no subjuntivo e imperativo:


“Dormes..., Lança-te..., Desperta..., Ouve...” e “...dormes..., Acorda..., Escuta..., Ergue-te... ”.
Há uma relação de paralelismo típico da paráfrase na selecção vocabular que vai da
constatação da sonolência nos dois textos, passando pelo apelo para que se escute a voz do
progresso e culminando com a exortação para se levantar e agir. Este uso parafraseado de
verbos funciona como elemento de ordem para quem está dormindo demais. Aliás, é nessa
paráfrase que reside o carácter heterogéneo dos textos (Cuamba, 2017, p.44).
4.SENTIDOS POLISSÉMICOS LITERÁRIOS DOS TEXTOS “A UM POETA” E
“SURGE ET AMBULA”.

Para a polissemia, o mesmo diz que as formas linguísticas admitem extensões de sentido, e
que esta caracteriza-se pelos diferentes sentidos de uma mesma palavra, percebidos como
extensões de um sentido básico, (Marques, 2001, p.65).

Segundo Klein e Murphy (2001) ao se referir de polissemia dizem:

É um caso de ambiguidade lexical em que uma mesma palavra pode ser associada a
dois ou mais sentidos, relacionados entre si. Essa relação existente entre os sentidos de
itens polissémicos é o que diferencia polissemia de homonímia, que também é um
caso de ambiguidade, em que, no entanto, não há relação entre os diferentes
significados, (p. 259–282).
Quanto aos aspectos de polissémicos dos dois textos, há verbos idênticos, isto e, que
manifestam nos dois textos, pode-se dizer que o texto de Rui de Noronha vai buscar em
Antero de Quental uma espécie de verbos que concedem no outro texto como se pode ler nos
seguintes versos: “Tu que dormes, espírito sereno,/ Ergue-te pois, soldado do Futuro,/
Sonhador, faze a espada de combate!”
“A um poeta”. Ambos os textos retomam intertextualmente os verbos no subjuntivo e
imperativo: “Dormes..., Lança-te…, Desperta..., Ouve...” e “...dormes..., Acorda..., Escuta...,
Ergue-te... ”. “Dormes..., Lança-te..., Desperta..., Ouve...” e “...dormes..., Acorda..., Escuta...,
Ergue-te... ”.
CONCLUSÃO

A intertextualidade surge como elemento constitutivo do texto, uma vez que “os textos não
surgem isoladamente, mas em relação com outros textos” (Bazerman, 2007, p. 92), tanto na
escrita quanto no processo de leitura. A intertextualidade é um termo e conceito que faz parte
constitutiva da linguagem e se manifesta na enunciação.

O conceito do termo no campo dos estudos da linguagem, precisamente na Linguística


Textual, é muito útil, mas um tanto impreciso no campo da análise, principalmente, porque
cada teoria apresenta uma metodologia de análise própria. Percebe-se que a Intertextualidade
é um fenómeno de muitas compreensões e necessita.

Por fim, posso dizer que, entender todos esses diferentes tipos de intertextualidade é uma
forma eficiente de melhorar a qualidade dos seus textos. Afinal, o intertexto serve para ilustrar
a importância de ter conhecimento sobre o que acontece no mundo, e de como isso pode
interferir na compreensão do conteúdo.
Referências bibliográficas

Bakhtin, M. (Volochínov). (2009). Marxismo e filosofia da linguagem. (15. Ed). São Paulo:
Hucitec.

Bazerman, Charles. (2005).Géneros textuais, Tipificação e Interacção. São Paulo: Cortez.

Cuamba, Enísio. (2017). A intertextualidade entre os textos “a um poeta” e “surge et


Ambuala” da autoria de antero de quental e rui de Noronha. Volume: 12. Universidade
Estadual de Mar.

Klein, D. E.; Murphy, G. L. (2001). The Representation of Polysemous Words. Journal of


Memory and Language, v. 45, p. 259–282.

Koch, Ingedore G. V. (2003). O texto e a construção dos sentidos. (7. Ed). São Paulo:
Contexto.

Marcuschi, L. A. (2008). Produção textual, análise de géneros e compreensão. São Paulo:


Parábola.

Mendonça, F. (1988). Literatura Moçambicana: a história e as escritas. Maputo: Faculdade


de Letras e Núcleo Editorial da Universidade Eduardo Mondlane.

Santʼanna, A. R. (2003). Paródia, paráfrase e cia. 7ª ed. São Paulo: Ática Editora.

Silva, A. P. P. de F. e. Bakhtin. In: Oliveira, L. A.(org.). (2013).Estudos do discurso:


perspectivas teóricas. São Paulo: Parábola. p. 45-69

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