Chagas - FHC - Paper - 6A1
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Resumo
O presente artigo teve como objetivo a análise das práticas de disposição dos resíduos de
poliestireno expandido - EPS (isopor) em uma indústria localizada no município de Barra
Velha – SC, enfocando o retorno econômico, os aspectos legal e ecológico obtidos com a
aplicação dos conceitos da logística reversa. Para isto, foi realizado um estudo de caso, no
qual se buscou quantificar o EPS utilizado pela empresa. Como resultado principal, verificou-
se que todo resíduo de EPS possuía como destino o aterro industrial após sua utilização nos
processos produtivos e buscou-se uma alternativa melhor para o descarte desse material,
agregando assim, um maior valor econômico, legal e ambiental, tanto para a empresa
quanto para a sociedade.
1. Introdução
Nos últimos anos a população mundial vem crescendo cada vez mais e devido à
grande evolução na medicina, a expectativa de vida aumentou em relação aos anos
anteriores. Por este e outros motivos, o consumo em geral vem aumentando e,
conseqüentemente, a quantidade de lixo depositado no meio ambiente, existindo
assim, a preocupação da sociedade e das empresas quanto à destinação correta de
todo resíduo gerado.
Gobbi & Brito (2005) destacam que os debates em torno da questão ambiental
ganharam expressa legitimidade social a ponto de se tornar objeto de reflexão das
organizações, que passaram a repensar suas práticas de produção e a formular
políticas de gestão ambiental.
Pode-se notar que há uma grande variedade de material que poderia ser reciclada,
mas estão sendo jogados nos aterros sanitários e industriais sem que sejam
pensadas melhores formas de aproveitamento. Esses resíduos são gerados tanto
pelas residências quanto pelas indústrias. Portanto, esta pesquisa tem como
objetivo analisar a possibilidade de uma destinação dos resíduos utilizados em uma
indústria do município de Barra Velha - SC, o poliestireno expandido (EPS). A
fundamentação deste artigo é baseada nos conceitos da logística reversa e aborda
a parte teórica sobre os EPSs (isopores) e a importância de sua reciclagem para o
meio-ambiente e para sociedade. Por último, apresenta algumas conclusões do
estudo de caso.
2. Logística Reversa
De acordo com Leite (2003), a Logística Reversa é definida como a área da logística
empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas
correspondentes do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de
negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos,
agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico,
de imagem corporativa, entre outros.
Lacerda (2002) diz que as iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido
consideráveis retornos para as empresas, justificando os investimentos realizados e
estimulando novas iniciativas, mas, a maior ou menor eficiência do processo de
logística reversa dependerá do seu planejamento e controle. A Fig. 1 demonstra
algumas atividades que são executadas na Logística Reversa.
Para Ballou (2001), embora seja fácil pensar em logística como o gerenciamento do
fluxo de produtos dos pontos de aquisição até os clientes, para muitas empresas há
um canal logístico reverso que deve ser gerenciado também. A vida de um produto,
do ponto de vista logístico, não termina com a sua entrega ao cliente. Os produtos
tornam-se obsoletos, danificam-se ou deterioram-se e são levados para seus
pontos de origem para conserto ou descarte. Grandes empresas passaram a utilizar
a logística reversa exatamente neste ponto, no pós-consumo, onde a recuperação
dos materiais era inviável e/ou a destinação era desconhecida e inadequada,
visando desta maneira uma melhor imagem perante a sociedade.
• Pós-consumo, que trata dos bens no final de sua vida útil, dos bens usados
com possibilidade de reutilização e dos resíduos industriais.
Segundo Leite (2003), essas áreas podem ser diferenciadas pelo estágio ou fase do
ciclo de vida útil do produto retornado, apesar de inúmeras interdependências entre
Esta pesquisa terá uma abordagem sobre o fluxo reverso de pós-consumo, pois
comentará sobre a destinação alternativa do poliestireno expandido (isopor) após
utilização no processo logístico de uma empresa de vidros planos.
O poliestireno expandido tem como sigla internacional EPS, sendo nome ISOPOR
uma marca registrada. Ele é composto de 98% de ar e 2% de matéria-prima (em
volume) e desde a sua criação, aproximadamente há 50 anos atrás, tem sido
amplamente aplicado de diversas formas como embalagens industriais (tanto para
conservação de produtos alimentícios como para proteção de equipamentos),
artigos de consumo, materiais para construção civil, isolante térmico, aplicação em
processos de fundição de blocos de motores na indústria automobilística, entre
outros.
4. Estudo de caso
Fig. 9. Área para armazenamento de Fig. 10. Interior das caçambas com mistura
resíduos. de materiais
Portanto, verifica-se que a quantidade de resíduo de EPS gerada era suficiente para
que a logística reversa pudesse ser aplicada na gestão deste material, chegando a
um total de aproximadamente 5.900 peças de EPS utilizadas por mês. Esta massa
perfaz um volume de aproximadamente 25m3/mês e um gasto acima de
R$5.000,00 com aquisição e destinação do produto. Com esse volume, seria
necessário armazenar por 3 meses os resíduos para preencher uma caçamba
completa para que fosse enviada diretamente à empresa de reciclagem de EPS.
Houve, então, a necessidade da análise do fluxo que o EPS faz dentro da empresa
para que os gastos pudessem ser minimizados, evitando contratação ou relocação
de funcionários, além de utilizar o menor espaço possível para distribuição dos
materiais em espaços distintos. A Fig. 11 mostra o fluxograma de distribuição dos
resíduos como uma possível solução, utilizando a coloração azul para mostrar o
processo de distribuição de resíduos utilizado pela empresa atualmente e, em
verde, uma sugestão para armazenamento do EPS em local diferente do lixo
5. Considerações finais
Deve-se destacar neste estudo, a importância das condições dos resíduos de EPS,
ou seja, o EPS deve estar em condições apropriadas para o processo de reciclagem,
separado de outros tipos de materiais e de impurezas, tornando-o 100% reciclável.
Portanto, este tipo de informação é fundamental para iniciar o processo de logística
reversa em qualquer empresa, independemente do material.
Em relação à parte econômica, a empresa pode evitar gastos com aterro sanitário,
que chegam a aproximadamente R$ 140,00/mês e passar a obter um valor de R$
0,35 a R$ 0,40 por kg de EPS vendido à empresa de reciclagem, ou seja, cerca de
R$ 236,00/mês. Essa diferença, entre o valor pago e o montante recebido, não
garante a empresa grandes lucros, mas evita desperdícios.
6. Referências
CARTER, Craig R., ELLRAM, Lisa M. Reverse Logistics: A Review of the Literature
and Framework for Future Investigation. Journal of Business Logistics, Vol 19, No 1,
1998.
GOBBI, B.C. & BRITO, M.J. Gestão ambiental como prática social em uma
organização produtora de celulose: uma análise interpretativa. In: ENANPAD, 29.,
2005, Curitiba. Anais… Rio de Janeiro: ANPAD, 2005. CD-ROM.