Direitos Humanos - Noções Gerais
Direitos Humanos - Noções Gerais
Direitos Humanos - Noções Gerais
SUMÁRIO
DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................................ 2
JUSNATURALISMO VS. ESCOLA POSITIVISTA .......................................................................................... 2
DIREITOS DO HOMEM, DIRETOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS ............................................... 2
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................... 3
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS ......................................................................................... 4
GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS ............................................................................ 7
TEORIA DOS STATUS (GEORG JELLINEK).................................................................................................. 8
IDC – INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA ........................................................................ 9
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE ...................................................................................................... 13
JUSTICIABILIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................ 14
TEORIA DO DUPLO ESTATUTO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS .................... 15
PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS........................................................ 16
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE .................................................................................................. 20
EIXO DA PROTEÇÃO DE DIREITOS NO PLANO INTERNACIONAL .............................................................. 23
SISTEMA GLOBAL VS. SISTEMAS REGIONAIS ........................................................................................ 23
CARTA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS (INTERNATIONAL BILL OF RIGHTS)........................... 24
INFORMATIVOS 2023 DO STF ................................................................................................................. 27
INFORMATIVOS 2023 DO STJ .................................................................................................................. 31
Área do aluno:
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DIREITOS HUMANOS
JUSNATURALISMO
VS. ESCOLA POSITIVISTA
Fonte da imagem: MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense. 2019.
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PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO
DOS DIREITOS HUMANOS
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(Defensor DPEPB 2014 FCC incorreta). A teoria da margem da apreciação é baseada na subsidiariedade
da jurisdição internacional e ponderada pelo princípio da proporcionalidade, sendo esse instrumento de
interpretação adotado frequentemente pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.
(Defensor DPEPE 2018 Cespe incorreta). A teoria da margem da apreciação nacional poderá ser utilizada
em substituição ao princípio da proporcionalidade.
(Defensor DPEPE 2018 Cespe incorreta). A aplicação dessa teoria exige uma decisão vinculante pelo Es-
tado com base em uma menor capacidade decisória (NA VERDADE: HÁ UMA MAIOR CAPACIDADE DECISÓ-
RIA DO ESTADO EM DETRIMENTO DOS ÓRGÃOS INTERNACIONAIS).
(Defensor DPEMG 2019 Fundep correta). De acordo com a Teoria da Margem de Apreciação, em certos
casos polêmicos, deve-se aceitar a posição nacional sobre o tema, evitando impor soluções interpretativas
às comunidades nacionais.
A teoria da margem de apreciação já foi utilizada pelo STJ?
SIM, na análise da tipificação do crime de desacato.
• Ainda que existisse decisão da Corte (IDH) sobre a preservação dos direitos humanos, essa circuns-
tância, por si só, não seria suficiente a elidir a deliberação do Brasil acerca da aplicação de eventual
julgado no seu âmbito doméstico, tudo isso por força da soberania que é inerente ao Estado. Apli-
cação da Teoria da Margem de Apreciação Nacional (margin of appreciation). O desacato é especial
forma de injúria, caracterizado como uma ofensa à honra e ao prestígio dos órgãos que integram
a Administração Pública. Apontamentos da doutrina alienígena. O processo de circunspeção evo-
lutiva da norma penal teve por fim seu efetivo e concreto ajuste à proteção da condição de funcio-
nário público e, por via reflexa, em seu maior espectro, a honra lato sensu da Administração Pú-
blica. Preenchimento das condições antevistas no art. 13.2. do Pacto de São José da Costa Rica, de
modo a acolher, de forma patente e em sua plenitude, a incolumidade do crime de desacato pelo
ordenamento jurídico pátrio, nos termos em que entalhado no art. 331 do Código Penal. STJ. 3ª
Seção. HC 379.269/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, Rel. p/ Acórdão Ministro Antonio Sal-
danha Palheiro, julgado em 24/05/2017.
(Juiz TJM/MG 2022 Fundep correta) O STJ, no julgamento do HC 379269 e do HC 141949, em sede de controle de convenciona-
lidade, perfilhou o entendimento de que o crime de desacato não estaria em conflito com o Pacto de São José da Costa Rica,
inexistindo ofensa à liberdade de expressão e do pensamento, mostrando-se a conduta tipificada compatível com o Estado Demo-
crático de Direito. Dentre os argumentos trazidos, o da teoria da margem de apreciação tem como característica: A criação de uma
margem de discricionariedade para temperamento de algumas decisões proferidas internacionalmente, quando de seu cumpri-
mento no âmbito interno.
CARACTERÍSTICAS
DOS DIREITOS HUMANOS
Obs2. Tentando solucionar esse embate entre universalismo e relativismo cultural, a doutrina apre-
sentou algumas propostas filosóficas:
a) Boaventura de Souza Santos (hermenêutica diatópica): a concepção multicultural de direitos hu-
manos – a hermenêutica diatópica como caminho para o diálogo intercultural (artigo:
https://bit.ly/3ooNjjQ).
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(Procurador PGERO 2022 Cespe correta) Boaventura de Sousa Santos propõe uma superação do debate so-
bre universalismo e relativismo a partir de uma concepção multicultural dos direitos humanos.
b) Herrera Flores (o universalismo de chegada ou de confluência).
(Defensor DPERR 2013 Cespe correta) O conceito de universalismo de chegada sintetiza as garantias univer-
sais aptas a sustentar uma teoria dos direitos humanos intercultural.
(Defensor DPETO 2022 Cespe correta) O universalismo de chegada corresponde a uma concepção discursiva,
fruto do entrecruzamento dos diversos particularismos e o universal, em uma ampla gama de relações que en-
volvem o local–global e o global–local.
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(Procurador SEGEPMA 2016 FCC correta): A irrenunciabilidade determina que a autorização ou consentimento do
titular do direito humano não justifica ou convalida qualquer violação ao seu conteúdo.
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v) vedação do retrocesso ecológico: trata-se da aplicação da proibição do retrocesso no âmbito do Direito
Ambiental.
“O princípio da proibição de retrocesso ecológico ou socioambiental é fruto da tutela constitucional (art. 225
da CF/88) e internacional do meio ambiente (Protocolo de San Salvador e Pacto Internacional de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, entre outros), que restringe a discricionariedade do legislador (Estado- legis-
lador) na adoção de medidas contrárias à proteção ambiental, bem como impede que haja regresso no que
tange à estrutura organizacional do Estado (recursos humanos e materiais) voltada à implementação de po-
líticas públicas. A proibição do retrocesso ecológico evita uma atuação legislativa e administrativa inexistente
ou insuficiente na promoção do direito ao meio ambiente, sendo também faceta da proibição da proteção
deficiente dos direitos humanos. O VER reconheceu já a proibição do retrocesso socioambiental, exigindo a
avaliação da proporcionalidade e do respeito ao núcleo essencial dos direitos ecológicos por parte de novas
medidas restritivas adotadas pelos Poderes Públicos (VER, ADI 4.717/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 5-4-2018,
Dje 15-2-2019)” (RAMOS, 2020).
*Tabela baseada na obra RAMOS, André de Carvalho Ramos. Curso de Direitos Humanos..., 2021.
GERAÇÕES OU DIMENSÕES
DOS DIREITOS HUMANOS
A classificação a seguir não é uníssona na doutrina (adotamos a classificação do Prof. André de Carvalho Ramos):
Gerações ou dimensões dos direitos humanos
Teoria geracional
(Karel Vasak)
A teoria geracional foi desenvolvida por Karel Vasak (1979). Cada geração da referida teoria foi asso-
ciada a um dos componentes do dístico da Revolução Francesa: “liberté, egalité et fraternité” (liber-
dade, igualdade e fraternidade).
Direitos de liberdade (direitos civis e políticos).
Os direitos de primeira geração têm como base histórica a Constituição Ameri-
1ª geração
cana de 1787, e a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de
(liberdade)
1789, tendo, portanto, como marco as revoluções liberais do século XVIII na Eu-
ropa e Estados Unidos.
Direitos de igualdade (direito sociais). Precedentes históricos: Constituição Me-
xicana de 1917, Constituição alemã de Weimar de 1919 e, no direito internacio-
2ª geração nal, o Tratado de Versailles, que criou a Organização Internacional do Trabalho,
1. (igualdade) reconhecendo direitos dos trabalhadores.
Defensor DPEAC 2012 Cespe (correta): A Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de
Weimar de 1919 são marcos da afirmação dos direitos humanos de segunda geração.
Paulo Bonavides
2.
e Norberto Bobbio
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Resultado da globalização dos direitos humanos: a) direito de participação de-
mocrática: Paulo Bonavides; e b) limites à manipulação genética: Norberto Bob-
bio.
4ª geração (Promotor MPERO 2008 Cespe incorreta): A DUDH protege o genoma humano como unidade
fundamental de todos os membros da espécie humana e também reconhece como inerentes sua
dignidade e sua diversidade. Em um sentido simbólico, a DUDH reconhece o genoma como a he-
rança da humanidade.
1. É a posição de subordinação em face do Estado, o qual passa a ter atribuições e prerrogativas, aptas
a vincular o indivíduo e exigir determinadas condutas ou ainda impor limitações (proibições) a suas
ações. Surgem, portanto, deveres do indivíduo perante o bem comum.
Status negativo (status libertatis)
2. É o conjunto de limitações em face da ação do Estado (voltados para o respeito dos direitos do indi-
víduo). É a resistência do indivíduo em face do Estado.
3. Status positivo (status civitatis)
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Conjunto de pretensões do indivíduo para invocar a atuação do Estado em prol dos seus direitos
(atender os pleitos do indivíduo). Ex.: direito à moradia; direito à saúde.
Status ativo (status activus)
Conjunto de prerrogativas e faculdades que o indivíduo possui para participar da formação da von-
tade do Estado, refletindo no exercício de direitos políticos e no direito de aceder aos cargos em
órgãos públicos; ampliação para o status activus processualis (Peter Häberle – a sociedade aberta
4. dos intérpretes da Constituição: o indivíduo possui o direito à participação no procedimento da
tomada de decisão estatal, inclusive nos Tribunais Constitucionais).
O status activus processualis é visto, por exemplo, na adoção do amicus curiae e da audiência pública
no processo do controle abstrato de constitucionalidade no Brasil (Leis 9.868/99 e 9.862/99). Pode-
ríamos estender também para a Defensoria Pública na figura de custos vulnerabilis.
Referência bibliográfica: RAMOS, André de Carvalho Ramos. Curso de Direitos Humanos..., 2021.
Noções gerais
Questões
(Promotor MPEPR 2019 correta) A edição da Declaração Universal de Direitos Humanos foi o marco da
universalidade e inerência dos direitos humanos.
(Defensor DPEMS 2008 Vunesp correta) Considerando a evolução histórica, os marcos jurídicos funda-
mentais e a estrutura normativa dos Direitos Humanos, pode-se afirmar que a Declaração Universal dos
Direitos Humanos introduziu internacionalmente a concepção contemporânea desses direitos.
(Promotor MPEPR 2012 correta) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, representou
um avanço radical, em relação à Declaração americana de 1776 ou à proclamação francesa de 1789, pois
incluiu não apenas direitos políticos básicos, mas também o direito ao trabalho, o direito à educação, a
proteção contra o desemprego e a pobreza, o direito de sindicalização e até mesmo o direito a uma remu-
neração justa e favorável.
(Defensor DPEAM 2011 Instituto Cidades correta) A Declaração Universal de Direitos Humanos, procla-
mada em Paris, em 10 de dezembro de 1948, tem como fundamento: a dignidade da pessoa humana. (cor-
reta)
(Defensor DPEMA 2009 FCC correta) Ao introduzir a concepção contemporânea de direitos humanos, a
Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 afirma que a universalidade, a indivisibilidade e a inter-
dependência dos direitos humanos, conferindo paridade hierárquica entre direitos civis e políticos e direitos
econômicos, sociais e culturais.
(Defensor DPEMS 2008 Vunesp adaptada correta) A Declaração Universal dos Direitos Humanos intro-
duziu internacionalmente a concepção contemporânea dos direitos humanos.
(Defensor DPEMS 2008 Vunesp correta) Quando se fala em Direitos Humanos, considerando sua histo-
riciedade, é correto dizer que a internacionalização dos Direitos Humanos surge a partir do Pós-Guerra,
como resposta às atrocidades cometidas durante o nazismo.
(Delegado PCPA 2021 AOCP correta) A partir de um resgate da visão kantiana, a única condição exigida
para que alguém seja titular de Direitos Humanos é sua condição de ser humano.
(Defensor DPEES 2012 Cespe incorreta) A universalidade dos direitos humanos, necessariamente, impõe
a visão de mundo ocidental plasmada na Declaração Universal de Direitos Humanos.
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humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
Info 1107/STF:
o IDC é constitucional e de aplicabilidade imediata
DIREITO CONSTITUCIONAL – EMENDA À CONSTITUIÇÃO; DIREITOS HUMANOS; PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS;
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS; COMPETÊNCIA JURISDICIONAL; TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS
E JUÍZES FEDERAIS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA; JUSTIÇA FEDERAL
EC 45/2004: INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA NAS HIPÓTESES DE GRAVE VIOLAÇÃO DE
DIREITOS HUMANOS.
É constitucional — por não afrontar a forma federativa de Estado e os direitos e as garantias individuais
— o art. 1º da EC 45/2004, no que se refere à criação do incidente de deslocamento de competência (IDC)
para a Justiça Federal, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos (inclusão do inciso V-A e do §
5º ao art. 109 da CF/1988).
A aplicabilidade do IDC é imediata (não é necessária norma legal regulamentadora, pois o art. 109, § 5º, da
CF, possui todos os requisitos para a incidência do IDC), atribuindo-se ao Procurador-Geral da República
(PGR) a responsabilidade de verificar a ocorrência de grave violação dos direitos humanos, previstos em
instrumentos normativos internacionais, sem o intermédio de uma legislação de regência.
STF. Plenário. ADIs 3.486/DF e 3.493/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11.9.2023 (Info 1107).
Resumo:
A criação do IDC representa a adoção de mecanismo de equacionamento jurídico da problemática da
ineficiência do aparato estatal de repressão às graves violações dos direitos humanos. Considerou-se, em
especial, o papel da União como garante, em nível interno e externo, dos compromissos internacionais fir-
mados pelo Brasil com relação ao tema (1), de modo que a federalização dessas específicas causas é medida
excepcional e subsidiária.
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Nesse contexto, a retirada de parcela da competência jurisdicional da magistratura estadual não enseja
quebra de cláusula pétrea (CF/1988, art. 60, § 4º, I e IV), nem ofensa ao pacto federativo ou a qualquer
cláusula de autonomia dos órgãos judiciários locais, em razão do caráter único e nacional do Poder Judiciá-
rio.
Também não há qualquer ofensa à legalidade, à segurança jurídica, ao devido processo legal, ao contra-
ditório e à ampla defesa, ao princípio do juiz natural, bem como à garantia constitucional do Tribunal do
Júri.
Não é necessária norma legal regulamentadora, pois o preceito constitucional (art. 109, § 5º, da CF) já
possui todos os elementos qualificadores necessários à sua incidência (CF/1988, art. 5º, § 1º).
Assim, o papel atribuído ao PGR configura mecanismo de equilíbrio e ponderação: ele tem o dever-poder
de suscitar o deslocamento quando observar a presença dos requisitos. Não há se falar em arbitrariedade
na formulação desse ato, que, em última análise, se submeterá ao crivo do STJ, cuja apreciação é pautada
por critérios jurídicos e não políticos.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, em apreciação conjunta, jul-
gou improcedentes as ações, para assentar a constitucionalidade do art. 1º da EC 45/2004, relativamente à
inclusão do inciso V-A e do § 5º ao art. 109 da CF/1988 (2).
(1) CF/1988: “Art. 21. Compete à União: I – manter relações com Estados estrangeiros e participar de orga-
nizações internacionais; (...) Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I – resolver defini-
tivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravo-
sos ao patrimônio nacional; (...) Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VIII – ce-
lebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;”
(2) CF/1988: “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
V – A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
(...)
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finali-
dade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos huma-
nos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase
do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência (IDC) para a Justiça Federal.”
IDCs já julgados
Até 12/09/2023, a Terceira Seção do STJ já julgou onze incidentes de deslocamento de competência e, em
seis casos, determinou a transferência da competência para a Justiça Federal. Confira a relação:
IDC Caso Deslocamento
IDC 1
Homicídio da missionária americana Dorothy Stang no Estado do Pará. Improcedente
2005
Assassinato do advogado e vereador pernambucano Manoel Bezerra de Mat-
IDC 2 tos Neto, no Município de Pitimbu/PB, depois de sofrer diversas ameaças e
Procedente
2010 atentados, supostamente em decorrência de sua atuação contra grupos de ex-
termínio.
IDC 3 Deslocamento de investigações em Goiás relativas a crimes supostamente pra-
Procedente
2013 ticados por membros de unidades militares de elite.
Homicídio de um promotor de Justiça de Pernambuco, vítima de grupos de
IDC 5
extermínio atuantes no interior do estado, no chamado Triângulo da Pistola- Procedente
2014
gem.
IDC 14 Apuração dos fatos ocorridos na greve protagonizada pelos policiais militares
Improcedente
2018 do Estado do Espírito Santo em 2017.
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IDC 10 Chacina do Cabula, operação policial conduzida em Salvador/BA que resultou
Improcedente
2018 na morte de 12 pessoas entre 15 e 28 anos.
IDC 24 Investigação sobre os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco
Improcedente
2020 e de seu motorista, Anderson Gomes.
IDC 21 Apuração contra autoridades policiais supostamente responsáveis pelas cha-
Improcedente
2021 cinas ocorridas na Favela Nova Brasília, no Estado do Rio de Janeiro.
IDC 15 Caso do Lagosteiro, que envolve crimes contra a vida praticados por integran-
Procedente
2022 tes de grupos de extermínio no Ceará.
IDC 9 Chacina do Parque Bristol, no contexto do Maio Sangrento, em represália à
Procedente
2022 rebelião nos presídios paulistas.
Homicídio de lideranças de movimentos em prol de trabalhadores rurais e das
IDC 22
pessoas que denunciaram grilagem de terras e extração ilegal de madeira, Procedente
2023
ocorridos em contexto de conflito agrário no Estado de Rondônia.
Questões
(Promotor MPEPA 2023 Cespe correta) No que concerne à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
no caso Irmã Dorothy Stang, dada a amplitude e a magnitude da expressão “direitos humanos”, é verossímil
que o constituinte derivado tenha optado por não definir o rol dos crimes que passariam para a competência
da justiça federal, sob pena de restringir os casos de incidência do dispositivo.
(Juiz TJMS 2023 FGV correta) De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é sempre
necessário, entre outros pressupostos, haver evidência de que os órgãos do sistema estadual não mostram
condições de seguir no desempenho da função de apuração, processamento e julgamento do caso com a
devida isenção.
(Procurador da República MPF 2022 correta) A legitimidade para propositura é de titularidade exclusiva
do Procurador-Geral da República.
(Defensor DPEAP 2022 FCC correta) Conforme previsão constitucional, tem legitimidade, exclusiva ou
não, para suscitar o incidente de deslocamento de competência para fins de federalização de casos de grave
violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República.
(Procurador ALSP 2022 Vunesp correta) Uma das formas de proteção dos direitos humanos no direito
brasileiro é a federalização de crimes graves contra os direitos humanos, que pode ser efetivada por meio
de incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal, no inquérito ou no processo, suscitado
pelo Procurador-Geral da República, perante o Superior Tribunal de Justiça, com a finalidade de assegurar
o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte.
(Juiz TJM/MG 2022 Fundep correta) Para o acolhimento do incidente de deslocamento de competência,
é necessária a demonstração do caráter excepcionalíssimo de seu uso, diante de sua necessidade e
imprescindibilidade.
(Consultor Legislativo Senado Federal 2022 FGV correta) Com a finalidade de assegurar o cumprimento
de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, o
Procurador-Geral da República, na hipótese de grave violação a tais direitos, poderá suscitar, perante o
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.
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BLOCO DE
CONSTITUCIONALIDADE
Questões
(Procurador ALMG 2023 Fumarc correta) Segundo a doutrina, bloco de constitucionalidade é o conjunto
de normas e princípios extraídos da Constituição, que serve de paradigma para o Poder Judiciário averiguar
a constitucionalidade das leis. Sobre o bloco de constitucionalidade e sua aplicação no direito brasileiro, é
CORRETO afirmar: O conceito de bloco de constitucionalidade, mesmo em sua máxima extensão, não
abrange as normas infraconstitucionais, ainda que materialmente constitucionais.
(Delegado PF 2021 Cespe correta) Conforme o conceito de bloco de constitucionalidade, há normas
constitucionais não expressamente incluídas no texto da CF que podem servir como paradigma para o
exercício de controle de constitucionalidade.
(Analista Prefeitura de Fundão/ES 2020 IDCAP correta) Bloco de constitucionalidade consiste no
conjunto de normas de nível constitucional que servem para o confronto de aferição de constitucionalidade
das demais normas que integram o Ordenamento Jurídico, ou seja, servem de parâmetro para o controle
de constitucionalidade.
(Consultor Legislativo Senado Federal 2022 FGV incorreta) Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos são automaticamente incorporados ao ordenamento brasileiro como normas
equivalentes às emendas constitucionais, inserindo-se no bloco de constitucionalidade como cláusula
pétrea.
(Juiz Federal TRF4R incorreta) No Brasil, o controle de convencionalidade de matriz nacional – exame da
compatibilidade das normas nacionais diante das normas internacionais de direitos humanos – deve ser
exercido exclusivamente pelo Supremo Tribunal Federal, exceto diante das normas internacionais que
compõem o bloco de constitucionalidade restrito – aprovadas pelo rito especial do art. 5º, § 3º, da
Constituição Federal,– cujo controle de convencionalidade deve ser exercido por todos os juízes e tribunais.
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JUSTICIABILIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS
Proibição do retrocesso
Efeito cliquet, princípio do não retorno Consiste na vedação da eliminação da concretização já alcan-
da concretização ou princípio da proibi- çada na proteção de algum direito, admitindo-se somente de
ção da evolução reacionária aprimoramentos e acréscimos.
Consiste na preservação do mínimo já concretizado dos direitos
Entrenchment fundamentais, impedindo o retrocesso, que poderia ser reali-
ou entrincheiramento zado pela supressão normativa ou ainda pelo amesquinhamento
ou diminuição de suas prestações à coletividade.
Proibição do Proteção contra efeitos retroativos: este é proibido por ofensa
retrocesso ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada e ao direito adquirido.
vs. Proibição do retrocesso: proíbe as medidas de efeitos retrocessi-
Proteção contra vos, que são aquelas que objetivam a supressão ou diminuição
efeitos retroativos da satisfação de um dos direitos humanos.
1) Estado Democrático de Direito;
2) dignidade da pessoa humana;
3) aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos
Fundamentos da Constituição brasileira fundamentais;
para a proibição do retrocesso 4) proteção da confiança e segurança jurídica (a lei não prejudi-
cará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada);
e
5) cláusula pétrea prevista no art. 60, § 4º, IV, da CF.
Condições para que eventual diminuição 1) que haja justificativa também de estatura jusfundamental;
na proteção normativa ou fática de um 2) que tal diminuição supere o crivo da proporcionalidade; e
direito seja permitida 3) que seja preservado o núcleo essencial do direito envolvido.
Subespécies do princípio da proibição do retrocesso. André de Carvalho Ramos identifica cinco subespécies
da proibição do retrocesso já reconhecidas pelo STF ou em debate na doutrina:
i) vedação do retrocesso social: atingido determinado nível de natureza prestacional (direito social), busca-
se evitar/reduzir/suprimir qualquer tentativa de retrocesso.
“Para a Min. Cármen Lúcia, que foi relatadora da Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre a reforma da
Previdência Social (julgada improcedente), a proibição do retrocesso só seria aplicada se a aposentadoria,
enquanto direito social, fosse abolida, mas não seria o caso de invocá-la no caso de mudança dos critérios
para aposentadoria tão somente (ADI 3104)” (RAMOS, 2020).
ii) vedação do retrocesso político: trata-se da aplicação da proibição do retrocesso no âmbito do Direito
Eleitoral.
“Para a Min. Cármen Lúcia, a proibição de retrocesso político- constitucional impede que direitos conquistados
(como o da garantia de voto secreto pela urna eletrônica) retroceda para dar lugar a modelo superado (voto
impresso) exatamente pela sua vulnerabilidade (ADI 4.543- MC, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 19-10-2011, Plená-
rio)” (RAMOS, 2020).
iii) vedação do retrocesso civil: trata-se da aplicação da proibição do retrocesso no âmbito do Direito Civil.
“A tese fixada pelo VER (repercussão geral) estabelece que “é inconstitucional a distinção de regimes suces-
sórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas
hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002” (RE 878694/MG,
rel. Min. Roberto Barroso, j. 10-5-2017)” (RAMOS, 2020).
iv) vedação do retrocesso institucional: trata-se da aplicação da proibição do retrocesso no âmbito das ins-
tituições públicas e privadas.
“O Decreto n. 9.831, de 11 de junho de 2019, remanejou onze cargos de perito do Mecanismo Nacional de
Prevenção e Combate à Tortura – MNPCT para outra área do Poder Público federal, exonerando os seus ocu-
pantes, e determinando que a participação no Mecanismo seria considerada doravante “prestação de serviço
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público relevante, não remunerada”. A Procuradoria-Geral da República ingressou com arguição de descum-
primento de preceito fundamental contra tal modificação no MNPCT, alegando vedação à proibição do retro-
cesso institucional. De fato, a medida teve caráter regressivo do ponto de vista institucional, na medida em
que esvaziou significativamente o MNPCT, órgão essencial para o combate à prática de tortura e demais tra-
tamentos degradantes ou desumanos em ambientes de detenção e custódia coletiva de pessoas, ao transfor-
mar o mecanismo, antes profissional, em trabalho voluntário e precário. Reduziu-se o âmbito de proteção
normativa ao direito de não submissão à tortura ou tratamentos e penas cruéis e degradantes de pessoas sob
custódia do Estado, configurando ofensa ao princípio da vedação do retrocesso institucional (petição inicial
da PGR, ADPF 607, rel. Min. Luiz Fux, em trâmite)” (RAMOS, 2020).
v) vedação do retrocesso ecológico: trata-se da aplicação da proibição do retrocesso no âmbito do Direito
Ambiental.
“O princípio da proibição de retrocesso ecológico ou socioambiental é fruto da tutela constitucional (art. 225
da CF/88) e internacional do meio ambiente (Protocolo de San Salvador e Pacto Internacional de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, entre outros), que restringe a discricionariedade do legislador (Estado- legis-
lador) na adoção de medidas contrárias à proteção ambiental, bem como impede que haja regresso no que
tange à estrutura organizacional do Estado (recursos humanos e materiais) voltada à implementação de po-
líticas públicas. A proibição do retrocesso ecológico evita uma atuação legislativa e administrativa inexistente
ou insuficiente na promoção do direito ao meio ambiente, sendo também faceta da proibição da proteção
deficiente dos direitos humanos. O VER reconheceu já a proibição do retrocesso socioambiental, exigindo a
avaliação da proporcionalidade e do respeito ao núcleo essencial dos direitos ecológicos por parte de novas
medidas restritivas adotadas pelos Poderes Públicos (VER, ADI 4.717/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 5-4-2018,
Dje 15-2-2019)” (RAMOS, 2020).
*Tabela baseada na obra RAMOS, André de Carvalho Ramos. Curso de Direitos Humanos..., 2021.
Questões
(Promotor MPEMS 2022 AOCP correta) O STF firmou a teoria do duplo estatuto dos tratados de direitos
humanos, consagrando de natureza constitucional os aprovados pelo rito do art. 5º, §3º, da CF/88 (quórum
especial) e de natureza supralegal para todos os demais aprovados pelo rito comum (maioria simples, turno
único em cada Casa do Congresso).
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(Juiz TJSC 2022 FGV correta) Após a Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos passaram a ter natureza hierarquicamente superior, quando
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros. Diante disso, à luz da jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar
que os referidos tratados e convenções: possuem natureza de norma constitucional e podem ser parâmetro
de controle de constitucionalidade.
(Procurador Câmara de Monte Alto/SP 2019 Vunesp correta) A “Teoria do Duplo Estatuto” dos tratados
de Direitos Humanos, adotada pelo Supremo Tribunal Federal e por parte da doutrina, consiste em conferir
natureza constitucional aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, e natureza supralegal a todos os demais, anteriores ou posteriores à emenda constitucional que
estabeleceu o rito do art. 5º, § 3º, e que tenham sido aprovados pelo rito comum.
(Advogado Prefeitura de Bom Jesus do Sul/PR 2020 FAUEL correta) O Pacto de São José da Costa Rica
proíbe a prisão por dívidas, exceto a decorrente de alimentos, e possui estatura jurídica supralegal, a ensejar
a paralisação da eficácia da legislação infraconstitucional que permite a prisão do depositário infiel, apesar
de a Constituição da República de 1988 admiti-la expressamente.
(Promotor MPEGO 2022 FGV correta) A República Federativa do Brasil celebrou tratado internacional,
direcionado à proteção de determinado grupo minoritário. Nesse ajuste, os Estados-partes assumiram a
obrigação de adotar medidas internas voltadas ao reconhecimento de direitos de liberdade e de direitos
prestacionais. À luz da sistemática vigente, mais especificamente do entendimento do Supremo Tribunal
Federal, esse tratado internacional, após a aprovação do Congresso Nacional, pode ser incorporado à ordem
interna: apenas como emenda constitucional ou norma supralegal.
(Analista DPEAM 2022 FCC correta) A ratificação de tratados internacionais de direitos humanos na
forma do artigo 5º, § 3º, da Constituição Federal, implica a recepção do respectivo tratado com status: de
emenda constitucional.
(Consultor Legislativo Senado Federal 2022 FGV correta) No ano de 2015, o Tratado de Marraquexe,
cujo escopo é facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras
dificuldades para ter acesso ao texto impresso, foi aprovado em cada Casa do Congresso Nacional em dois
turnos, por três quintos dos votos de seus respectivos membros. Dessarte, no âmbito da hierarquia das
normas no ordenamento jurídico interno, o supracitado tratado possui status de norma constitucional.
PROCESSO DE INCORPORAÇÃO
DOS TRATADOS INTERNACIONAIS
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Atenção (rito especial/qualificado): a partir de 2004, houve a inserção do § 3º do art. 5º da CF,
que dispõe: “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. Ou seja, para que o tratado receba o qua-
lificativo do rito do § 3º do art. 5º da CF, é necessário que o Decreto Legislativo seja aprovado, por
maioria de 3/5 e em dois turnos em cada Casa do Congresso Nacional. Sendo, ainda assim, obrigató-
rio percorrer as demais fases (ratificação e promulgação). Exemplos de tratados aprovados de acordo
com esse rito (= equivalentes à emenda constitucional, ou seja, com status de norma constitucional):
(i) Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(ii) e seu Protocolo Facultativo,
(iii) o Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com
Deficiência Visual ou com outras Dificuldades para ter Acesso ao Texto Impresso, bem como
(iv) a Convenção Interamericana contra o Racismo.
3ª fase
(fase da ratificação)
Trata-se fase da ratificação pelo Presidente da República, ato por meio do qual o Estado consente
em obrigar-se aos termos do ato internacional (concluindo esta fase da ratificação, em regra, o tra-
tado entra em vigor no plano internacional, o que pode ensejar a responsabilização internacional do
3. Estado).
Obs1. O Presidente pode formular reservas, além daquelas que obrigatoriamente lhe foram impos-
tas pelas ressalvas ao texto aprovado pelo Congresso. A reserva é o ato unilateral pelo qual o Estado,
no momento da celebração final, manifesta seu desejo de excluir ou modificar o texto do tratado.
Obs2. Não há a necessidade de submeter essas novas reservas ao Congresso.
Obs3. Não há um prazo no qual o Presidente da República deve celebrar em definitivo o tratado.
Obs4. O Presidente da República não é obrigado a ratificar.
4ª fase
(fase da promulgação, fase do Decreto Presidencial ou fase Decreto de Promulgação)
Finalmente, aqui, ocorre a incorporação legislativa do tratado na ordem jurídica interna mediante
decreto de promulgação do Presidente da República.
Embora criticada por parte da doutrina, a qual enxerga no art. 5º, § 1º, da CF, uma imposição para
4. que os tratados de direitos humanos sejam automaticamente incorporados e imediatamente aplica-
dos, trata-se — a fase de promulgação — de uma fase exigida pelo STF (CR 8279-AgR, j. 17-6-1998),
sem a qual o tratado não tem vigor na ordem jurídica interna.
Obs1. Não há prazo para a edição do Decreto de Promulgação. Aqui existem duas consequências
práticas, se ausente o Decreto de Promulgação:
1) o Brasil fica responsabilizado na ordem internacional, pois superada a fase da ratificação;
2) o Brasil não fica responsabilizado na ordem interna, pois pendente a fase da promulgação.
*Tabela baseada na obra RAMOS, André de Carvalho Ramos. Curso de Direitos Humanos..., 2021.
Obs1. O Congresso Nacional é obrigado a adotar o rito especial/qualificado do art. 5º, § 3º, da CF? Não.
Porém, conforme entendimento do STF, se não adotado o rito especial do art. 5º, § 3º, da CF, o tratado
internacional de direitos humanos ingressará na ordem jurídica interna com posição de norma supralegal.
Obs2. Pode o Congresso Nacional adotar o rito especial/qualificado do art. 5º, § 3º, da CF, em outro
momento? Sim. Ou seja, o Congresso Nacional pode ter aprovado inicialmente o tratado por maioria simples
e, posteriormente, decida submetê-lo ao procedimento especial/qualificado do art. 5º, § 3º. Bloco de cons-
titucionalidade restrito: os tratados internacionais de direitos humanos submetidos ao procedimento espe-
cial do art. 5º, § 3º, passam a integrar o bloco de constitucionalidade restrito. A consequência prática seria,
por exemplo, a possibilidade de o tratado servir como parâmetro do controle concentrado de constituciona-
lidade.
Obs3. Há posição minoritária (Valerio de Oliveira Mazzuoli) de que o decreto de promulgação não seria
necessário para que o tratado de direitos humanos passasse a vigorar na ordem jurídica interna: “Sem dúvida,
é responsabilidade do governo promulgar e publicar tratados, mas a falta desses atos (até mesmo à luz do
art. 27 da Convenção de Viena de 1969) não pode ser motivo para impedir aos cidadãos o acesso à justiça,
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uma vez que o tratado (de direitos humanos) em causa já se encontra ratificado pelo Estado (ou seja, o Brasil
já é parte dessa normativa)” (MAZZUOLI, Curso de direitos humanos..., Método, 2019).
Status
3. Tratados internacionais sobre Direito Tributário (art. 98 do CTN).
supralegal[1]
Tratados internacionais sobre matéria processual civil (art. 13 do Status
4.
CPC/2015). supralegal[1]
Tratados internacionais que versem sobre direitos humanos e que te-
nham sido aprovados na forma do art. 5º, § 3º, da CF/88 (acrescentado Emenda
5. pela EC 45/2004). constitucional
(Procurador PGERO 2022 Cespe correta) A Emenda Constitucional n.º 45/2004 ins-
titui uma dupla hierarquia para os tratados internacionais de direitos humanos.
[1] Posição defendida por Paulo Portela (Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Juspodivm, 2021,
p. 152) e pela maioria dos internacionalistas. Vale ressaltar, contudo, que o tema é polêmico e que há posi-
ções em sentido contrário, especialmente entre os autores de Direito Tributário. Para fins de prova, acho
importante conhecer a redação da previsão legal:
CTN, art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão
observados pela que lhes sobrevenha.
CPC/2015, art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas
previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
Conteúdo (Dizer o Direito): https://bit.ly/33qpUY7.
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Os tratados de direitos humanos não estão acima da Constituição. Logo, não confundir “supraconstitucio-
nalidade” com “supralegalidade”.
Depois da EC 45/2014, apenas os tratados de direitos humanos aprovado no rito especial do § 3º do art. 5º
da CF/88 têm status de emenda constitucional:
CF/88, art. 5º (...)
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
O mínimo de votos necessários para aprovação dos tratados de direitos humanos, para fins do § 3º do art.
5º da CF, é de 3/5 dos membros, em 2 turnos, de cada Casa do Congresso Nacional.
Todos os tratados, de direitos humanos ou não, são sempre aprovados pelas duas Casas do Congresso Na-
cional, embora apenas os tratados de direitos humanos possam enfrentar dois turnos de votação.
1. Tratados em geral:
● Infraconstitucionalidade: tratados equivalem à lei ordinária e submetidos também aos critérios cronológi-
cos e da especialidade.
2. Tratados de direitos humanos:
● Entendimento da doutrina após o art. 5º, § 2º, da CF/88: status constitucional.
● Entendimento tradicional do STF num primeiro momento: equivalência com a lei ordinária.
● Novos entendimentos do STF para os tratados anteriores à EC/45: supralegalidade (majoritário) e constitu-
cionalidade material (minoritário).
● Abandono do entendimento de que os tratados de direitos seriam equivalentes à lei ordinária.
● Tratados de direitos humanos aprovados nos termos do procedimento previsto no art. 5.º, § 3º, da CF
(EC/45): status de emenda constitucional (constitucionalidade material e formal).
3. Tratados de direito tributário:
● Tendência à supralegalidade.
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado..., Juspodivm, 2021, p.
152/153.
Questões
(Defensor DPESP 2019 FCC correta) É documento internacional de direitos humanos incorporado ao or-
denamento jurídico brasileiro sob o rito estabelecido pelo artigo 5º, parágrafo 3º, da Constituição Federal:
Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência Visual
ou com Outras Dificuldades para ter Acesso ao Texto Impresso.
(Juiz TJGO 2021 FCC correta) Tratado internacional que venha a ser celebrado pela República Federativa
do Brasil em matéria de proteção da igualdade será incorporado ao direito nacional e deverá ser cumprido
em território brasileiro após sua aprovação pelo Congresso Nacional e posterior promulgação pelo Presi-
dente da República, sendo equivalente à emenda constitucional desde que seja aprovado, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros.
(Promotor MPEGO 2019 correta) Para valer no plano interno, o tratado de direitos humanos, conforme
o entendimento do STF, depende da promulgação de um decreto executivo do Presidente da República
autorizando a execução do tratado.
(Defensor DPEPR 2017 FCC correta) Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os tratados de
direitos humanos serão incorporados pela ordem jurídica brasileira a partir da promulgação, por um decreto
executivo do Presidente da República.
(Juiz do Trabalho TRT23R 2015 FCC correta) Considere um hipotético tratado internacional sobre direitos
humanos ratificado pelo Brasil no ano de 2001. Seu processo de aprovação nacional perante o Congresso
Nacional e posterior envio de carta de ratificação, bem como promulgação mediante decreto presidencial,
foram regularmente completados. O tratado está em vigor internacional desde 2001, imediatamente após
a ratificação nacional. Com relação a sua aplicação no Brasil, de acordo com a posição mais recente do Su-
premo Tribunal Federal − STF, esse tratado equivale a uma norma infraconstitucional mas supralegal, tendo
sido aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, por maioria simples e turno único de votação.
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(Promotor MPEGO 2019 incorreta) Segundo o STF, a aplicação dos tratados de direitos humanos na or-
dem jurídica brasileira pode se dar a partir da sua ratificação e depósito no cenário internacional, caso se
constate mora irrazoável em promover a promulgação na ordem interna.
CONTROLE
DE CONVENCIONALIDADE
Controle de convencionalidade
Conceito:
“O controle de convencionalidade consiste na análise da compatibilidade dos atos internos (comissivos ou
omissivos) em face das normas internacionais (tratados, costumes internacionais, princípios gerais de di-
reito, atos unilaterais, resoluções vinculantes de organizações internacionais)” (RAMOS, 2022, p. 319).
Subcategorias:
i) controle de convencionalidade de matriz internacional (autêntico ou definitivo): é o controle de conven-
cionalidade exercido pelos órgãos internacionais (ex.: CIDH ou Corte IDH). Evitando a figura do judex in causa
sua, ou seja, evitando que o próprio Estado seja, ao mesmo tempo, fiscal e fiscalizado.
ii) controle de convencionalidade de matriz nacional (interno): é o controle de convencionalidade exercido
por autoridades públicas nacionais (ex.: defensor, promotor, procurador, juiz de primeiro grau, tribunal de
justiça, STF ou STJ), compatibilizando o ordenamento jurídico interno com as normas internacionais incor-
poradas.
A Corte IDH (Caso Gelman vs. Uruguai) adota o chamado “controle de convencionalidade de matriz
nacional não jurisdicional”, ou seja, “além dos juízes, é possível que o controle de convencionalidade naci-
onal seja feito pelas autoridades administrativas, membros do Ministério Público e Defensoria Pública (no
exercício de suas atribuições) e haja, inclusive, o controle preventivo de convencionalidade na análise de
projetos de lei no Poder Legislativo” (RAMOS, 2022, p. 319).
André de Carvalho Ramos classificação ainda o controle de convencionalidade de matriz nacional em
concentrado (exercido pelo STF) e difuso (exercido por qualquer juízo ou tribunal nacional).
(Juiz TJRS 2018 Vunesp correta) São sujeitos a um controle de convencionalidade difuso, sendo dever do
juiz nacional examinar a compatibilidade das normas internas com as convencionais, mediante provocação
da parte ou de ofício.
(Promotor MPERO 2017 incorreta) Juízes e Promotores de Justiça podem exercer o controle de conven-
cionalidade concentrado das normas previstas no ordenamento jurídico.
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Diferenças entre controle de convencionalidade internacional e nacional:
“1) O parâmetro de confronto no controle de convencionalidade internacional é a norma internacional; seu
objeto é toda norma interna, não importando a sua hierarquia nacional, podendo mesmo ser oriunda do
Poder Constituinte Originário. No controle nacional, há limite ao objeto de controle, uma vez que não se
analisam normas do Poder Constituinte Originário.
2) No controle de convencionalidade nacional, a hierarquia do tratado-parâmetro depende do próprio Di-
reito Nacional, que estabelece o estatuto dos tratados internacionais. No controle de convencionalidade
internacional, o tratado de direitos humanos é sempre a norma paramétrica superior.
3) A interpretação do que é compatível ou incompatível com o tratado-parâmetro não é a mesma e o con-
trole nacional nem sempre resulta em preservação dos comandos das normas contidas nos tratados tal qual
interpretados pelos órgãos internacionais” (RAMOS, 2022, p. 320).
RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. Saraiva, 2022.
Questões
(Procurador da República MPF 2022 correta) O controle de convencionalidade de matriz internacional é
aquele realizado por órgão internacional, o qual analisa a compatibilidade entre norma ou decisão nacional
em face de normas internacionais.
(Defensor DPESP 2023 FCC correta) A Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 2020, julgou o caso
Fernandez Prieto y Tumbeiro vs. Argentina, que consistiu em importante precedente internacional sobre o
tema. Nesse caso julgado, a decisão da Corte é vinculante apenas para o Estado condenado, mas a interpre-
tação dada aos direitos em jogo enseja controle de convencionalidade interno pelos Estados signatários da
Convenção Americana de Direitos Humanos.
(Defensor DPEAP 2022 FCC correta) O controle de convencionalidade é reconhecido pela jurisprudência
da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sendo que, no caso Almonacid Arellano e Outros vs. Chile,
assentou-se que o controle deve considerar tanto os tratados quanto sua interpretação pela Corte.
(Procurador Prefeitura de Porto Alegre/RS 2022 Fundatec correta) Conforme a doutrina de Valerio Maz-
zuoli: “O controle da convencionalidade das leis – isto é, a compatibilidade vertical das normas domésticas
com os tratados internacionais de direitos humanos (mais benéficos) em vigor no Estado – é uma obrigação
convencional que provém, em nosso entorno geográfico, da Convenção Americana sobre Direitos Huma-
nos”. Em vista disso, quanto ao controle jurisdicional de convencionalidade, é correto afirmar que normas
municipais: Se submetem tanto ao controle em concreto, quanto ao controle em abstrato de convenciona-
lidade, realizado tanto pela corte interamericana de direitos humanos, quanto pelos órgãos da jurisdição
nacional.
(Defensor DPESP 2019 FCC correta) O controle de convencionalidade deve ser realizado ex officio como
função e tarefa de qualquer autoridade pública, no marco de suas competências, e não apenas por juízes
ou tribunais, que sejam competentes, independentes, imparciais e estabelecidos anteriormente por lei.
(Promotor MPEGO 2019 correta) A Corte Interamericana de Direitos Humanos não toma apenas os tra-
tados de direitos humanos como paradigmas do controle de convencionalidade, mas também a sua própria
jurisprudência.
(Promotor MPEGO 2019 correta) A Corte Interamericana de Direitos Humanos entende que é paradigma
de controle de convencionalidade das normas domésticas, no sistema interamericano de proteção dos di-
reitos humanos, todo o corpo jurídico internacional de proteção, o que inclui o sistema global de direitos
humanos.
(Analista DPEAM 2018 FCC correta) No âmbito da proteção dos direitos humanos, entende-se por con-
trole de convencionalidade o trabalho de compatibilização ou controle de validade das normas do ordena-
mento jurídico interno de um Estado tendo como parâmetro os tratados de direitos humanos ratificados
por este Estado que estejam em vigor.
(Residência Jurídica DPERJ 2021 correta) A respeito do controle de convencionalidade, em âmbito in-
terno, é um poder-dever não só dos membros do Poder Judiciário, mas de toda e qualquer autoridade pú-
blica.
(Juiz Federal TRF4R 2022 incorreta) No Brasil, o controle de convencionalidade de matriz nacional –
exame da compatibilidade das normas nacionais diante das normas internacionais de direitos humanos –
deve ser exercido exclusivamente pelo Supremo Tribunal Federal, exceto diante das normas internacionais
que compõem o bloco de constitucionalidade restrito – aprovadas pelo rito especial do art. 5º, § 3º, da
Constituição Federal,– cujo controle de convencionalidade deve ser exercido por todos os juízes e tribunais.
(Juiz Federal TRF3R 2022 incorreta) O controle de convencionalidade de matriz internacional é realizado
pela Corte Interamericana de Direitos Humanos tanto no exercício de sua jurisdição contenciosa quanto na
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sua jurisdição consultiva, ficando excluída somente a aferição de compatibilidade de norma constitucional
em face da Convenção Americana de Direitos Humanos.
(Advogado Prefeitura de Bom Jesus do Sul/PR 2020 FAUEL incorreta) Ao lado do controle de constituci-
onalidade das leis, há o controle de convencionalidade, que deve ser realizado com exclusividade pelas cor-
tes internacionais, a exemplo da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
SISTEMA GLOBAL
VS. SISTEMAS REGIONAIS
Sistema global
1. Sistema universal/global/onusiano: Nações Unidas.
Questões
(Delegado PCSP 2022 Vunesp correta) Os sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos são
o conjunto de normas, órgãos e mecanismos internacionais surgidos a partir de 1945 com o intuito de pro-
mover a proteção dos direitos humanos em todo o mundo. É correto afirmar que, na atualidade, existem 3
sistemas regionais de proteção (interamericano, europeu e africano) e 1 sistema universal (Nações Unidas).
(Investigador PCMG 2014 Fumarc correta) Ao lado do sistema global de proteção dos direitos humanos,
existem os sistemas regionais. Os principais sistemas regionais de proteção dos direitos humanos, não inci-
pientes, são, EXCETO o asiático.
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CARTA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
(INTERNATIONAL BILL OF RIGHTS)
O que se entende por Carta Internacional dos Direitos Humanos (International Bill of Rights)?
Compreende o seguinte conjunto
de diplomas internacionais:
1. Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH);
2. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de 1966 (PIDCP);
3. Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 (PIDESC).
Fonte da imagem: MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense. 2019.
Fonte da imagem: MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense. 2019.
Questões
(Defensor DPEAP 2018 FCC adaptada) Integram a denominada Carta Internacional dos Direitos Hu-
manos − International Bill of Rights: Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e a Declaração Universal de Direi-
tos Humanos. (correta)
(Promotor MPESP 2017) Tais estudos resultaram na formação da denominada Carta Internacional
dos Direitos Humanos (International Bill of Rights), que decorre da conjugação do Pacto Internacional
de Direitos Civis e Políticos, do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e da
Declaração Universal. (correta)
(Defensor DPEPR 2012 FCC) Um dos efeitos do embate ideológico do pós-Segunda Guerra no desen-
volvimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos foi a cisão dos direitos civis e políticos em
relação aos direitos econômicos, sociais e culturais. (correta)
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(Promotor MPEMS 2018) A Carta Internacional dos Direitos Humanos (International Bill of Rights)
decorre exclusivamente da conjugação do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e do Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. (incorreta)
Questões
(Juiz TJMSP 2016 Vunesp) Não apresenta força de lei, por não ser um tratado. Foi adotada pela As-
sembleia das Nações Unidas sob a forma de resolução. Contudo, como consagra valores básicos uni-
versais, reconhece-se sua força vinculante. (correta)
(Defensor Federal DPU 2010 Cespe) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, apesar
de ter natureza de resolução, não apresenta instrumentos ou órgãos próprios destinados a tornar
compulsória sua aplicação. (correta)
(Procurador da República PGR 2011) No tocante à Declaração Universal dos Direitos Humanos, é cor-
reto dizer que não é formalmente vinculante, mas é indicativo de amplo consenso internacional, in-
tegrando o chamado soft law. (correta)
(Delegado PCAM 2022 FGV) A DUDH é conceitualmente distinta do jus cogens, não influindo no seu
surgimento e não sendo por ele afetada. (incorreta)
(Promotor MPEAC 2014 Cespe) A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem estatuto de tratado
internacional e marca o início da chamada fase de universalização dos direitos do homem. (incorreta)
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INFORMATIVOS 2023
DO STF
INFO 1107
DIREITO CONSTITUCIONAL – EMENDA À CONSTITUIÇÃO; DIREITOS HUMANOS; PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS;
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS; COMPETÊNCIA JURISDICIONAL; TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS
E JUÍZES FEDERAIS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA; JUSTIÇA FEDERAL
EC 45/2004: INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA NAS HIPÓTESES DE GRAVE VIOLAÇÃO DE
DIREITOS HUMANOS.
É constitucional — por não afrontar a forma federativa de Estado e os direitos e as garantias individuais
— o art. 1º da EC 45/2004, no que se refere à criação do incidente de deslocamento de competência (IDC)
para a Justiça Federal, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos (inclusão do inciso V-A e do §
5º ao art. 109 da CF/1988).
A aplicabilidade do IDC é imediata (não é necessária norma legal regulamentadora, pois o art. 109, § 5º, da
CF, possui todos os requisitos para a incidência do IDC), atribuindo-se ao Procurador-Geral da República
(PGR) a responsabilidade de verificar a ocorrência de grave violação dos direitos humanos, previstos em
instrumentos normativos internacionais, sem o intermédio de uma legislação de regência.
STF. Plenário. ADIs 3.486/DF e 3.493/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11.9.2023 (Info 1107).
Resumo:
A criação do IDC representa a adoção de mecanismo de equacionamento jurídico da problemática da
ineficiência do aparato estatal de repressão às graves violações dos direitos humanos. Considerou-se, em
especial, o papel da União como garante, em nível interno e externo, dos compromissos internacionais fir-
mados pelo Brasil com relação ao tema (1), de modo que a federalização dessas específicas causas é medida
excepcional e subsidiária.
Nesse contexto, a retirada de parcela da competência jurisdicional da magistratura estadual não enseja
quebra de cláusula pétrea (CF/1988, art. 60, § 4º, I e IV), nem ofensa ao pacto federativo ou a qualquer
cláusula de autonomia dos órgãos judiciários locais, em razão do caráter único e nacional do Poder Judiciá-
rio.
Também não há qualquer ofensa à legalidade, à segurança jurídica, ao devido processo legal, ao contra-
ditório e à ampla defesa, ao princípio do juiz natural, bem como à garantia constitucional do Tribunal do
Júri.
Não é necessária norma legal regulamentadora, pois o preceito constitucional (art. 109, § 5º, da CF) já
possui todos os elementos qualificadores necessários à sua incidência (CF/1988, art. 5º, § 1º).
Assim, o papel atribuído ao PGR configura mecanismo de equilíbrio e ponderação: ele tem o dever-poder
de suscitar o deslocamento quando observar a presença dos requisitos. Não há se falar em arbitrariedade
na formulação desse ato, que, em última análise, se submeterá ao crivo do STJ, cuja apreciação é pautada
por critérios jurídicos e não políticos.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, em apreciação conjunta, jul-
gou improcedentes as ações, para assentar a constitucionalidade do art. 1º da EC 45/2004, relativamente à
inclusão do inciso V-A e do § 5º ao art. 109 da CF/1988 (2).
(1) CF/1988: “Art. 21. Compete à União: I – manter relações com Estados estrangeiros e participar de orga-
nizações internacionais; (...) Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I – resolver defini-
tivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravo-
sos ao patrimônio nacional; (...) Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VIII – ce-
lebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;”
(2) CF/1988: “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
V – A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
(...)
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§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finali-
dade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos huma-
nos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase
do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência (IDC) para a Justiça Federal.”
INFO 1099
DENÚNCIA DE TRATADOS INTERNACIONAIS: NECESSIDADE DA MANIFESTAÇÃO DA VONTADE DO CON-
GRESSO NACIONAL.
A denúncia pelo Presidente da República de tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional,
para que produza efeitos no ordenamento jurídico interno, não prescinde da sua aprovação pelo Con-
gresso.
Em homenagem ao princípio da segurança jurídica, deve ser mantida a validade do Decreto 2.100/1996,
por meio do qual o Presidente da República tornou pública a denúncia da Convenção 158 da OIT.
STF. Plenário. ADC 39/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/6/2023 (Info 1099).
Em decorrência do próprio Estado Democrático de Direito e de seu corolário, o princípio da legalidade, é necessária a manifes-
tação de vontade do Congresso Nacional para que a denúncia de um tratado internacional produza efeitos no direito doméstico,
razão pela qual é inconstitucional a denúncia unilateral pelo Presidente da República. Contudo, esse entendimento deve ser apli-
cado somente a partir da publicação da ata do presente julgamento (a partir de 23/6/2023), mantendo-se a eficácia das denúncias
realizadas até esse marco temporal.
A exclusão das normas incorporadas ao ordenamento jurídico interno não pode ocorrer de forma automática, por vontade
exclusiva do Presidente da República, sob pena de vulnerar o princípio democrático, a separação de Poderes, o sistema de freios
e contrapesos e a própria soberania popular. Assim, uma vez ingressado no ordenamento jurídico pátrio mediante referendo do
Congresso Nacional, a supressão do tratado internacional pressupõe também a chancela popular por meio de seus representantes
eleitos (1).
(1) CF/1988: “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou
atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; (...) Art. 84. Compete privativa-
mente ao Presidente da República: (...) VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Con-
gresso Nacional;”
Essa participação do Poder Legislativo ganha importância ainda mais elevada quando se tem em perspectiva normas de prote-
ção aos direitos humanos. Na espécie, trata-se de denúncia da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho - OIT,
cujo intuito é proteger os trabalhadores contra a dispensa arbitrária ou sem justa causa (direito social previsto no art. 7º, I, da
CF/1988).
Embora, à luz do ordenamento constitucional, a denúncia de tratados internacionais dependa de anuência do Congresso Na-
cional para surtir efeitos internamente, a prática institucional resultou em uma aceitação tácita da denúncia unilateral por reite-
radas vezes e em períodos variados da história nacional, de modo que se consubstanciou em costume consolidado pelo tempo e
que vinha sendo adotado de boa-fé e com justa expectativa de legitimidade, eis que, até então, não foi formalmente invalidado.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação para manter a validade do Decreto
2.100/1996 e formular apelo ao legislador “para que elabore disciplina acerca da denúncia dos tratados internacionais, a qual
preveja a chancela do Congresso Nacional como condição para a produção de efeitos na ordem jurídica interna, por se tratar de
um imperativo democrático e de uma exigência do princípio da legalidade”.
Não foi aceita a seguinte tese: “voto divergente do Ministro Edson Fachin, que declarava a inconstitucionalidade do Decreto
nº 2.100, de 20 de dezembro de 1996, e, ainda, determinava que o Presidente da República, no prazo de 30 (trinta) dias, retire a
carta de denúncia, julgando, por consequência, improcedente a presente ação declaratória, propondo, por fim, a seguinte tese:
A denúncia pelo Presidente da República de tratados e convenções internacionais aprovados pelo Congresso Nacional, em todas
as hipóteses, sejam denúncias anteriores, sejam denúncias posteriores a esse julgamento, depende da aprovação pelo Congresso
Nacional, para que produza efeitos no ordenamento jurídico interno”.
#Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na presente ação declaratória de constitucionalidade,
mantida a validade do Decreto nº 2.100, de 20 de dezembro de 1996, formulou apelo ao legislador para que elabore disciplina
acerca da denúncia dos tratados internacionais, a qual preveja a chancela do Congresso Nacional como condição para a produção
de efeitos na ordem jurídica interna, por se tratar de um imperativo democrático e de uma exigência do princípio da legalidade,
e, por fim, fixou a seguinte tese de julgamento: “A denúncia pelo Presidente da República de tratados internacionais aprovados
pelo Congresso Nacional, para que produza efeitos no ordenamento jurídico interno, não prescinde da sua aprovação pelo
Congresso”, entendimento que deverá ser aplicado a partir da publicação da ata do julgamento (23/6/2023), mantendo-se a
eficácia das denúncias realizadas até esse marco temporal. Tudo nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Edson
Fachin, Ricardo Lewandowski, que votara em assentada anterior, e Rosa Weber (Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 9.6.2023
a 16.6.2023.
#André de Carvalho Ramos critica a posição tradicional do STF (= denúncia unilateral pelo Presidente da República), pois viola o
fenômeno do “paralelismo das formas” (inclusive adotado pela Corte IDH): “É necessário consagrar o ‘paralelismo das formas’:
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como foi exigida a anuência do Congresso para a ratificação (junção de vontades positiva), deve ser exigida sua anuência para a
denúncia. A melhor interpretação atual da Constituição é o reconhecimento da exigência da ‘junção de vontades’ (junção de
vontades negativa) também para o ato de denúncia do tratado. Fica ressalvada, em nome da urgência na defesa dos interesses
nacionais, que possa existir rito célere de aprovação da denúncia no Congresso Nacional, em mais um uso dos ‘diálogos institu-
cionais’ como já exposto. (...) Assim, há a tendência da superação da visão tradicional referente ao poder arbitrário do Presidente
da República para denunciar tratados, devendo ser obtida previamente a anuência do Congresso Nacional. Caso o STF confirme
esse entendimento, deve ser observado, ainda, no caso dos tratados de direitos humanos aprovados pelo rito especial do art. 5º,
§3º, o quórum qualificado de 3/5 para aceitação, pelo Congresso, da denúncia. Além disso, em qualquer hipótese, a denúncia de
um tratado de direitos humanos submete-se ao crivo da proibição do retrocesso (efeito cliquet), ou seja, deve existir motivo para
a denúncia que não acarrete diminuição de direitos e ainda cabe controle judicial para verificação da constitucionalidade da
denúncia.” (RAMOS, 2022, p. 316).
A Corte IDH (OC 26) adota o paralelismo das formas nos casos denúncia em face da CADH (RAMOS, 2022, p. 277). Ou seja, que
o mesmo formato interno utilizado para a ratificação seja utilizado para a denúncia. Ex.: se a ratificação exige a aprovação prévia
do Congresso, a denúncia deveria exigir tal aprovação parlamentar.
RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. Saraiva, 2022.
#Resumindo
Denúncia unilateral pelo Presidente da República
de tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional
ANTES DA ADC 39/DF DEPOIS DA ADC 39/DF
Não prescinde (= não há necessidade) Prescinde (= há necessidade)
da aprovação do Congresso Nacional. da aprovação do Congresso Nacional.
É possível a denúncia unilateral pelo Presidente da Não é possível a denúncia unilateral pelo Presi-
República de tratados internacionais aprovados dente da República de tratados internacionais apro-
pelo Congresso Nacional. vados pelo Congresso Nacional.[1]
[1] “Em decorrência do próprio Estado Democrático de Direito e de seu corolário, o princípio da legalidade,
é necessária a manifestação de vontade do Congresso Nacional para que a denúncia de um tratado inter-
nacional produza efeitos no direito doméstico, razão pela qual é inconstitucional a denúncia unilateral
pelo Presidente da República. Contudo, esse entendimento deve ser aplicado somente a partir da publi-
cação da ata do presente julgamento (a partir de 23/6/2023), mantendo-se a eficácia das denúncias reali-
zadas até esse marco temporal.” (STF, Info 1099).
Atualmente (a partir de 23/6/2023), portanto, o STF adota o fenômeno do paralelismo das formas e passa
a ficar alinhado com a posição adotada pela Corte IDH (OC 26).
#Não confundir
Processo de incorporação dos tratados internacionais na ordem jurídica interna:
teoria da junção de vontades positiva vs. teoria da junção de vontades negativa
Teoria da junção de vontades positiva
(incorporação)
Ocorre no momento da incorporação do tratado internacional na ordem jurídica interna, por meio
das 4 fases: i) fase da assinatura; ii) fase da aprovação congressual (ou fase do decreto legislativo);
iii) fase da ratificação; iv) fase do decreto presidencial (ou decreto de promulgação.
Obs. Não há prazo para a edição do Decreto de Promulgação. Aqui existem duas consequências práticas, se ausente o
1. Decreto de Promulgação: 1) o Brasil fica responsabilizado na ordem internacional, pois superada a fase da ratificação;
2) o Brasil não fica responsabilizado na ordem interna, pois pendente a fase da promulgação.
Lembrando que o Brasil adota a teoria da junção de vontades positiva, ou seja, ambos (Congresso
Nacional e Poder Executivo) atuam no processo de incorporação do tratado internacional para que
tenha validade nos planos interno e internacional.
STF (CR 8279-AgR, j. 17-6-1998): apenas com o decreto de promulgação (4ª fase) a norma válida
internacionalmente será também válida internamente.[1]
Teoria da junção de vontades negativa
2.
(denúncia)
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Ocorre no momento em que o Estado já incorporou o tratado internacional, mas quer deixá-lo e
busca formalizar a sua retirada. Isso pode variar a depender do tratado internacional, pois cada tra-
tado apresenta regramento próprio.
Ex.: art. 21 da Convenção Interamericana contra o Racismo – Dec. 10.932/2022 (“Esta Convenção permanecerá em
vigor indefinidamente, mas qualquer Estado Parte poderá denunciá-la mediante notificação por escrito dirigida ao Se-
cretário-Geral da Organização dos Estados Americanos. Os efeitos da Convenção cessarão para o Estado que a denunciar
um ano após a data de depósito do instrumento de denúncia, permanecendo em vigor para os demais Estados Partes.
A denúncia não eximirá o Estado Parte das obrigações a ele impostas por esta Convenção com relação a toda ação ou
omissão anterior à data em que a denúncia produziu efeito”).
Para isso (retirada efetiva), apresenta-se a chamada denúncia, por parte do Presidente da Repú-
blica (ou ainda por lei do Poder Legislativo, ordenando ao Executivo que denuncie o tratado no plano
internacional).
Exemplo (Decreto 2.100/1996): “O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, torna público que deixará de vigorar para o Brasil, a
partir de 20 de novembro de 1997, a Convenção da OIT nº 158, relativa ao Término da Relação de Trabalho por Iniciativa
do Empregador, adotada em Genebra, em 22 de junho de 1982, visto haver sido denunciada por Nota do Governo
brasileiro à Organização Internacional do Trabalho, tendo sido a denúncia registrada, por esta última, a 20 de novembro
de 1996”.
STF (ADC 39/DF): a partir de 23/6/2023 o STF adotou a teoria da junção de vontades negativa,
sendo inconstitucional a denúncia unilateral pelo Presidente da República. Para que ocorra a de-
núncia, portanto, é necessário que ambos (Congresso Nacional e Poder Executivo) atuem na cha-
mada “denúncia”, privilegiando o fenômeno do “paralelismo das formas”.
[1] Tratado internacional com status de norma constitucional: para que o tratado receba o qualificativo do
rito do § 3º do art. 5º da CF (não basta a mera incorporação), é necessário que o Decreto Legislativo seja
aprovado, por maioria de 3/5 e em dois turnos em cada Casa do Congresso Nacional, que se dá na fase de
aprovação congressual ou fase do decreto legislativo. Também será obrigatório percorrer as demais fases
(ratificação e promulgação). Exemplos de tratados aprovados de acordo com esse rito (= equivalentes à
emenda constitucional, ou seja, com status de norma constitucional):
(i) Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(ii) e seu Protocolo Facultativo,
(iii) o Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência
Visual ou com outras Dificuldades para ter Acesso ao Texto Impresso, bem como
(iv) a Convenção Interamericana contra o Racismo.
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INFORMATIVOS 2023
DO STJ
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