Revoltas Nativistas

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Revoltas Nativistas

 Aclamação de Amador Bueno (São Paulo, 1641)


 Revolta de Beckman (Maranhão , 1684)
 Guerra dos Emboabas (Minas Gerais, 1708-1709)
 Guerra dos Mascates (Pernambuco e Bahia 1710-1711)
 Revolta de Filipe dos Santos ou de Vila Rica (Vila Rica, 1720)
 Revoltas Menores
o Revolta da Cachaça (Rio de Janeiro, 1660-1661)
o Revolta de “Nosso Pai” (Pernambuco, 1666)
o Revolta do Sal (São Paulo, 1710)
o Motins do Maneta (Salvador, 1711)

Aclamação de Amador Bueno (São Paulo, 1641)


No início do século XVII, as condições econômicas da região de São Vicente eram
precárias. A região sustentava-se basicamente com as bandeiras de apresamento de
índios. Os jesuítas eram contrários à escravidão indígena praticada pelos bandeirantes
e exigiam que a Metrópole a proibisse. As autoridades da Colônia não aceitaram a
interdição metropolitana e incentivaram a expulsão dos jesuítas. Assim, em 1641,
ocorreu a “botada dos padres fora”. No mesmo ano, os paulistas, incitados pelos
espanhóis que moravam na região, tentaram se desligar de Portugal e aclamaram rei
Amador Bueno de Ribeira, membro de uma rica família de origem hispânica.

De fato, os espanhóis que viviam na região de São Paulo tiveram ampla liberdade
durante a União Ibérica (1580- 1640), uma vez que o Brasil estava sob domínio
espanhol. O que incomodava os espanhóis era o fato de Portugal ter restaurado seu
trono e coroado D. João IV, rei que os hispânicos não reconheciam.

A notícia da coroação do novo rei foi recebida festivamente tanto em Salvador quanto
no Rio de Janeiro. Entretanto, a população de São Paulo reagiu de forma diferente. Os
motivos para isso foram a atitude dos espanhóis de insuflar a população contra
Portugal e o desejo dos paulistas em manter o comércio com a região do rio da Prata.

Um grande número de pessoas se dirigiu à casa de Amador Bueno, aclamando-o rei de


São Paulo. Contudo, graças à insistente recusa do aclamado, o ânimo da população
esfriou e o movimento não chegou a passar de um episódio histórico que deixou um
legado significativo: a noção de que era cada vez mais possível unir pessoas contra
Portugal.

Revolta de Beckman (Pernambuco, 1684)


Pernambuco e Bahia utilizavam quase a totalidade dos escravos negros nas zonas
açucareiras. Por essa razão, havia problemas de falta de mão de obra escrava nas
diversas unidades produtoras da Colônia.

No Maranhão, a falta de escravos para as plantações tornou-se um grave problema. A


solução encontrada pelos proprietários de terras foi a escravização do indígena.
Contudo, logo se defrontaram com a resistência dos jesuítas que se opunham à
escravização dos índios. Para agravar a situação, em 1653, chegou ao Brasil um novo
contingente de jesuítas, entre os quais estava o padre Antônio Vieira, engrossando o
número de jesuítas no Maranhão e fortalecendo a sua condição de opositores à
escravidão indígena.

Em busca de uma solução para a questão da escassez de mão de obra escrava, a coroa
portuguesa criou, em 1682, a Companhia Geral de Comércio do Maranhão, que seria
responsável pelo monopólio do comércio de escravos na região pelo perío- do de 20
anos. Ela deveria garantir a entrega, na capitania, de 500 escravos negros por ano.
Dessa forma, o rei pretendia solucionar o problema da mão de obra, bem como
agradar aos jesuítas, proibindo a escravização dos indígenas.

A Companhia deveria, ainda, fornecer aos habitantes do Maranhão gêneros


alimentícios importados – bacalhau, vinho, farinha de trigo, etc. – e adquirir para
exportação tudo o que fosse produzido na região. Em outras palavras, a finalidade da
Companhia era controlar todo o comércio do Maranhão.

Entretanto, a Companhia Geral de Comércio não cumpriu suas funções de modo


satisfatório: trazia poucos e caros escravos; seus produtos eram de baixa qualidade, e
os preços, elevados. A companhia também não oferecia valores satisfatórios pelos
produtos produzidos pelos colonos. Esses fatos causaram grande descontentamento e
provocaram uma revolta contra a Companhia e contra os jesuítas.

Comandados por Jorge Sampaio e pelos irmãos Manoel e Tomás Beckman, grandes
proprietários de terras auxiliados por outros fazendeiros, os colonos expulsaram os
jesuítas do Maranhão, fecharam os armazéns da Companhia Geral de Comércio e
tomaram o poder na capitania. Entretanto, como não possuíam um projeto
autonomista, solicitaram a intervenção da Metrópole, enviando Tomás Beckman com
os pedidos dos colonos.

Em Portugal, a revolta levou à abolição do monopólio da Companhia e à nomeação de


Gomes Freire de Andrade como novo governador do Maranhão. Contudo, ao chegar,
em 1685, o governador determinou a prisão e o enforcamento de Manoel Beckman,
líder da rebelião, e a condenação dos demais envolvidos à prisão perpétua ou ao
degredo, caso de Tomás Beckman.
Guerra dos Mascates (Pernambuco e Bahia 1710-1711)
O conflito denominado Guerra dos Mascastes ocorreu em função das diferenças de
interesses entre os senhores de engenho, cuja maioria morava em Olinda, então sede
do poder público da capitania de Pernambuco, e os comerciantes do Recife, de maioria
portuguesa, chamados pejorativamente de mascates.

Em 1710, a luta entre os habitantes de Olinda e Recife revelava as contradições da


crise da economia açucareira do Nordeste. Recife teve um crescimento significativo
durante o período da ocupação holandesa, em que os comerciantes experimentaram o
desenvolvimento de seus negócios.

Por sua vez, desde a Insurreição Pernambucana, Olinda sofria com a decadência e o
endividamento dos senhores de engenho. Apesar disso, Recife estava submetida
politicamente a Olinda, onde funcionava a Câmara Municipal, controlada pelos
“homens bons”.

Em 1703, os mascates obtiveram o direito de representação na Câmara Municipal de


Olinda, para descontentamento dos “homens bons”, que nunca permitiram que essa
representação se efetivasse. Esse fato insuflou a insatisfação dos mascates contra os
senhores de engenho.

Em 1709, Recife ganhou autonomia em relação à Olinda, uma vez que foi elevada à
categoria de vila. Inconformados, os senhores de engenho, moradores de Olinda,
invadiram Recife e destruíram o pelourinho, símbolo da autonomia da vila. Os
mascates revidaram o ataque, desencadeando uma série de conflitos entre as duas
vilas.

Os combates só terminaram em 1711, mediante a firme intervenção das autoridades


coloniais. No mesmo ano chegaram à colônia as novas autoridades enviadas pela
Coroa portuguesa. Embora conciliador, o novo governador vindo de Portugal
confirmou a autonomia de Recife, que foi transformada em capital de Pernambuco.

Revoltas Emancipadoras
o Inconfidência Mineira (1789)
o Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798)

Revoltas Regenciais
 Levante Dos Malês (Bahia, 1835)
 Cabanagem (Grão-Pará, 1835-1840)
 Sabinada (Bahia, 1837-1838)
 Balaiada (Maranhão, 1838-1840)
 Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul e Santa Catarina, 1835-1845)

Revoltas Nativistas

Aclamação de Amador Bueno (São Paulo, 1641)


No início do século XVII, as condições econômicas da região de São Vicente eram
precárias. A região sustentava-se basicamente com as bandeiras de apresamento de
índios. Os jesuítas eram contrários à escravidão indígena praticada pelos bandeirantes
e exigiam que a Metrópole a proibisse. As autoridades da Colônia não aceitaram a
interdição metropolitana e incentivaram a expulsão dos jesuítas. Assim, em 1641,
ocorreu a “botada dos padres fora”. No mesmo ano, os paulistas, incitados pelos
espanhóis que moravam na região, tentaram se desligar de Portugal e aclamaram rei
Amador Bueno de Ribeira, membro de uma rica família de origem hispânica.

De fato, os espanhóis que viviam na região de São Paulo tiveram ampla liberdade
durante a União Ibérica (1580- 1640), uma vez que o Brasil estava sob domínio
espanhol. O que incomodava os espanhóis era o fato de Portugal ter restaurado seu
trono e coroado D. João IV, rei que os hispânicos não reconheciam.

A notícia da coroação do novo rei foi recebida festivamente tanto em Salvador quanto
no Rio de Janeiro. Entretanto, a população de São Paulo reagiu de forma diferente. Os
motivos para isso foram a atitude dos espanhóis de insuflar a população contra
Portugal e o desejo dos paulistas em manter o comércio com a região do rio da Prata.

Um grande número de pessoas se dirigiu à casa de Amador Bueno, aclamando-o rei de


São Paulo. Contudo, graças à insistente recusa do aclamado, o ânimo da população
esfriou e o movimento não chegou a passar de um episódio histórico que deixou um
legado significativo: a noção de que era cada vez mais possível unir pessoas contra
Portugal.

Revolta de Beckman (Pernambuco, 1684)


Pernambuco e Bahia utilizavam quase a totalidade dos escravos negros nas zonas
açucareiras. Por essa razão, havia problemas de falta de mão de obra escrava nas
diversas unidades produtoras da Colônia.

No Maranhão, a falta de escravos para as plantações tornou-se um grave problema. A


solução encontrada pelos proprietários de terras foi a escravização do indígena.
Contudo, logo se defrontaram com a resistência dos jesuítas que se opunham à
escravização dos índios. Para agravar a situação, em 1653, chegou ao Brasil um novo
contingente de jesuítas, entre os quais estava o padre Antônio Vieira, engrossando o
número de jesuítas no Maranhão e fortalecendo a sua condição de opositores à
escravidão indígena.

Em busca de uma solução para a questão da escassez de mão de obra escrava, a coroa
portuguesa criou, em 1682, a Companhia Geral de Comércio do Maranhão, que seria
responsável pelo monopólio do comércio de escravos na região pelo perío- do de 20
anos. Ela deveria garantir a entrega, na capitania, de 500 escravos negros por ano.
Dessa forma, o rei pretendia solucionar o problema da mão de obra, bem como
agradar aos jesuítas, proibindo a escravização dos indígenas.

A Companhia deveria, ainda, fornecer aos habitantes do Maranhão gêneros


alimentícios importados – bacalhau, vinho, farinha de trigo, etc. – e adquirir para
exportação tudo o que fosse produzido na região. Em outras palavras, a finalidade da
Companhia era controlar todo o comércio do Maranhão.

Entretanto, a Companhia Geral de Comércio não cumpriu suas funções de modo


satisfatório: trazia poucos e caros escravos; seus produtos eram de baixa qualidade, e
os preços, elevados. A companhia também não oferecia valores satisfatórios pelos
produtos produzidos pelos colonos. Esses fatos causaram grande descontentamento e
provocaram uma revolta contra a Companhia e contra os jesuítas.

Comandados por Jorge Sampaio e pelos irmãos Manoel e Tomás Beckman, grandes
proprietários de terras auxiliados por outros fazendeiros, os colonos expulsaram os
jesuítas do Maranhão, fecharam os armazéns da Companhia Geral de Comércio e
tomaram o poder na capitania. Entretanto, como não possuíam um projeto
autonomista, solicitaram a intervenção da Metrópole, enviando Tomás Beckman com
os pedidos dos colonos.

Em Portugal, a revolta levou à abolição do monopólio da Companhia e à nomeação de


Gomes Freire de Andrade como novo governador do Maranhão. Contudo, ao chegar,
em 1685, o governador determinou a prisão e o enforcamento de Manoel Beckman,
líder da rebelião, e a condenação dos demais envolvidos à prisão perpétua ou ao
degredo, caso de Tomás Beckman.

Guerra dos Mascates (Pernambuco e Bahia 1710-1711)


O conflito denominado Guerra dos Mascastes ocorreu em função das diferenças de
interesses entre os senhores de engenho, cuja maioria morava em Olinda, então sede
do poder público da capitania de Pernambuco, e os comerciantes do Recife, de maioria
portuguesa, chamados pejorativamente de mascates.

Em 1710, a luta entre os habitantes de Olinda e Recife revelava as contradições da


crise da economia açucareira do Nordeste. Recife teve um crescimento significativo
durante o período da ocupação holandesa, em que os comerciantes experimentaram o
desenvolvimento de seus negócios.

Por sua vez, desde a Insurreição Pernambucana, Olinda sofria com a decadência e o
endividamento dos senhores de engenho. Apesar disso, Recife estava submetida
politicamente a Olinda, onde funcionava a Câmara Municipal, controlada pelos
“homens bons”.

Em 1703, os mascates obtiveram o direito de representação na Câmara Municipal de


Olinda, para descontentamento dos “homens bons”, que nunca permitiram que essa
representação se efetivasse. Esse fato insuflou a insatisfação dos mascates contra os
senhores de engenho.

Em 1709, Recife ganhou autonomia em relação à Olinda, uma vez que foi elevada à
categoria de vila. Inconformados, os senhores de engenho, moradores de Olinda,
invadiram Recife e destruíram o pelourinho, símbolo da autonomia da vila. Os
mascates revidaram o ataque, desencadeando uma série de conflitos entre as duas
vilas.

Os combates só terminaram em 1711, mediante a firme intervenção das autoridades


coloniais. No mesmo ano chegaram à colônia as novas autoridades enviadas pela
Coroa portuguesa. Embora conciliador, o novo governador vindo de Portugal
confirmou a autonomia de Recife, que foi transformada em capital de Pernambuco.

Guerra dos Emboabas (1708-1709)


A divulgação, na Colônia e em Portugal, da descoberta de metais preciosos em Minas
Gerais fez com que milhares de pessoas se dirigissem para a região.

Os paulistas ficaram profundamente incomodados com esse grande fluxo de forasteiros,


uma vez que atribuíam a si a façanha de descobridores das minas, bem como a primazia
sobre a exploração delas, pois haviam sido encontradas em seu território. Os
portugueses, por sua vez, como representantes da coroa na Colônia, acharam-se no
legítimo direito desse privilégio e assumiram a exclusividade da exploração das minas.

Os paulistas se referiam aos portugueses com o apelido pejorativo de “emboabas”,


palavra indígena que, segundo alguns autores, significava “aves de pés recobertos de pe-
nas”. Eles usavam botas ou rolos de pano protegendo os pés, enquanto os paulistas
andavam geralmente descalços.

Uma série de conflitos armados ocorreu na região. Os paulistas eram liderados pelo
bandeirante Manuel de Borba Gato. Os portugueses, liderados por Manuel Nunes
Viana, governador das Minas, atacaram os paulistas em Sabará (MG). Um grupo de
mais ou menos 300 paulistas enfrentou os portugueses e seus aliados. Os paulistas se
refugiaram na região do rio das Mortes e negociaram uma rendição.

Em fevereiro de 1709, o chefe dos emboabas, Bento do Amaral Coutinho, desrespeitou


as normas do tratado de rendição e atacou os paulistas. O local passou a ser chama- do
de Capão da Traição.

O governador geral Antônio Coelho de Carvalho imediatamente interveio e obrigou


Nunes Viana a deixar a região.

Derrotados e vendo parte dos seus parceiros dizimados, muitos paulistas saíram da
região em direção ao oeste de Minas Gerais. Ali, descobriram novas minas e iniciaram a
ocupação dos territórios dos atuais estados de Mato Grosso e Goiás. Como
consequências da Guerra dos Emboabas, é possível mencionar:

§ a criação de normas reguladoras da distribuição de lavras entre emboabas e paulistas e


a cobrança do quinto;

§ a criação da capitania de São Paulo e das Minas de Ouro, ligada diretamente à coroa,
independente, portanto, do governo do Rio de Janeiro (3 de novembro de 1709);

§ a elevação da vila de São Paulo à categoria de cidade (11 de junho de 1711)

§ a pacificação da região das minas, cujo controle passou a ser administrado pela
Metrópole.

Revolta de Filipe dos Santos ou de Vila Rica (Vila Rica, 1720)


Em 1719, devido à criação das casas de fundição em Minas Gerais, a circulação de ouro
em pó foi proibida, fator que criou diversos inconvenientes para a população da
cidade, que estava acostumada a usá-lo como moeda corrente. Além disso, as casas de
fundição tornavam mais efetivo o controle da Coroa portuguesa sobre o imposto do
quinto, ou 20% do ouro encontrado no Brasil.

Ao fundir as barras de ouro, já era realizada a cobrança do imposto. As punições sobre


quem fosse pego sonegando o pagamento do imposto aumentaram e se tornaram
mais severas.

Essas medidas causaram forte impacto sobre os mineradores, provocando uma


revolta, que eclodiu em 1720, sob a liderança de Filipe dos Santos. Conhecida como
Revolta de Vila Rica, o movimento também contestava o monopólio comercial
exercido por portugueses sobre produtos como gado, sal, aguardente, açúcar e fumo,
fazendo aumentar constantemente seus preços.
As principais reivindicações do movimento eram: redução de impostos sobre a
atividade mineradora, diminuição dos preços dos produtos cujo comércio era
monopolizado pelos portugueses e fechamento das casas de fundição.

Os revoltosos procuraram o governador das minas – o conde de Assumar – e


apresentaram suas reivindicações. O governador prometeu atendê-los. Na verdade,
ganhou tempo para organizar tropas e, em seguida, ordenou que suas tropas
invadissem Vila Rica, prendessem os insurretos e reprimissem violentamente qualquer
tipo de manifestação. Alguns mineradores foram punidos com o degredo e Filipe dos
Santos foi enforcado e esquartejado.

Para os colonizadores, a repressão a qualquer rebelião ou revolta dos habitantes da


Colônia contra Portugal era necessária para manter a exploração colonial.

Revoltas Emancipacionistas
A Inconfidência Mineira foi o primeiro movimento a pregar a separação política da
capitania de Minas Gerais em relação a Portugal, uma vez que a ideia de Brasil ainda
não era consistente. A Inconfidência Mineira ocorreu em 1789, em Vila Rica, hoje
cidade de Ouro Preto. Entre as causas que determinaram o movimento, é possível
destacar:

§ os excessos cometidos pelas autoridades portuguesas para administrar a região das


Minas

§ a decadência da produção de ouro, intensificada a partir de meados do século XVIII,


e o sistema de cobrança dos quintos. Caso a arrecadação do ouro não chegasse a 100
arrobas (cerca de 1,5 mil quilos), era decretada a derrama: a diferença que faltava para
completar a quantia determinada era cobrada de toda a população pela força das
armas. Os excessos cometidos pelas autoridades por ocasião da derrama instauraram
o medo generalizado e um ambiente propício à revolta;

§ as ideias liberais trazidas por brasileiros que estudavam nas universidades europeias

§ a independência dos Estados Unidos, cujos colonos, também revoltados contra o


sistema fiscal de sua metrópole, tinham conseguido se libertar da Inglaterra.

Os planos dos inconfidentes eram os seguintes:

o Estabelecer um governo independente de Portugal, abolindo todos os vínculos


coloniais
o Adotar o regime republicano
o Instituir o serviço militar obrigatório
o Adotar uma bandeira com o lema Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda
que tardia)
o Criar indústrias, particularmente a têxtil e a bélica
o Transformar São João del-Rei na sede do governo
o Criar uma universidade em Vila Rica.

A princípio, a revolta deveria ter ocorrido no dia da derrama, programado pelo


governo para 1788, mas acabou suspensa quando se soube da conjuração. O
movimento da Inconfidência Mineira possuía caráter elitista. Apesar da influência do
Iluminismo e das ideias liberais, os inconfidentes não tinham planos para a abolição da
escravidão.

Entre os vários envolvidos estavam: Cláudio Manoel da Costa, escritor, poeta e


advogado; o coronel Inácio José de Alvarenga Peixoto, poeta e minerador; José Álvares
Maciel, filósofo e historiador, filho do capitão-mor de Vila Rica; Francisco de Paula
Freire de Andrada, comandante do regime de Cavalaria; cônego Luís Vieira; Domingos
de Abreu Vieira, comerciante português; Tomás Antônio Gonzaga, poeta; e o alferes
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Os inconfidentes foram traídos e denunciados por três participantes da conspiração: o


coronel Joaquim Silvério dos Reis, o tenente-coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago
e o mestre de campo Inácio Correio Pamplona. Eles procuraram o então governador,
Visconde de Barbacena, e delataram o movimento.

Barbacena, ciente da revolta, suspendeu a derrama, expediu ordens de prisão contra


os inconfidentes e deu início ao processo de devassa, que durou até 1792. Tiradentes
foi preso no Rio de Janeiro, para onde viajara com o objetivo de adquirir armas.

Realizada a devassa, foram ouvidas mais de uma centena de pessoas, entre acusados e
testemunhas, que apareceram nas peças do processo de acusação dos conjurados.
Feita a triagem, 30 conjurados, acorrentados e algemados, ouviram a sentença pelos
seus “hediondos crimes e infâmias” praticados contra Portugal: nove foram
condenados à morte na forca, e os outros, ao degredo perpétuo. Sobre Tiradentes,
considerado líder, recaiu a violência maior da devassa: foi condenado à morte na forca
e ao esquartejamento.

Em 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado no Rio de Janeiro, e seu corpo,


esquartejado, foi exposto publicamente. Sua casa foi destruída e suas terras salgadas.
Essa exposição pública tinha um objetivo: mostrar à população a punição a que
estavam sujeitos os que ousassem conspirar contra a Coroa portuguesa.

Conjuração Baiana (1798)


Em 1798, ocorreu em Salvador a Conjuração Baiana, resultado da insatisfação das
camadas médias urbanas e da população pobre com o agravamento da situação de
fome e miséria devido à exploração metropolitana.

Foi um movimento de caráter popular, também denominado Revolta dos Alfaiates (ou
Revolta dos Búzios), graças ao considerável número de participantes que exerciam
essa profissão. Representou uma reação de camadas sociais oprimidas pela crise
econômica e pelas desigualdades.

A economia nordestina, principalmente no litoral, onde se produzia cana-de-açúcar,


entrou em crise desde o século XVII, em virtude da expulsão dos holandeses e da
concorrência com o açúcar antilhano. No século XVIII, com a transferência da capital
de Salvador para o Rio de Janeiro, a crise se agravou e a região passou a se sentir
abandonada pela Coroa portuguesa.

A situação econômica provocou desemprego, fome e miséria, além de deixar a região


fora do interesse dos comerciantes, que preferiam enviar seus produtos para o
Sudeste e o Sul, onde encontravam melhores preços, causando desabastecimento e
carestia na Bahia.

A insatisfação popular foi impulsionada pelos ideais da Revolução Francesa, pelo


sucesso da independência das Treze Colônias Inglesas, pelas ideias iluministas
divulgadas por lojas maçônicas, como a dos Cavaleiros da Luz, e pelo propagandista
dessas ideias, o cirurgião e filósofo Cipriano Barata.

Não se limitando apenas aos ideais de liberdade e independência, os objetivos da


revolta baiana foram mais abrangentes que os das revoltas anteriores. A rebelião
baiana propunha mudanças verdadeiramente revolucionárias na estrutura da Colônia.
Pregava a igualdade de raça e cor, o fim da escravidão (inspirados nos processo de
independência do Haiti) e a abolição de todos os privilégios, o que permite considerá-
la a primeira tentativa de revolução social no Brasil. No dia 12 de agosto de 1798, a
cidade de Salvador amanheceu com os muros cheios de panfletos. Os rebeldes
desejavam conclamar o povo por meio dos informes espalhados pela cidade.

Entretanto, a pouca organização e preparação dos rebeldes, além do grande número


de analfabetos, facilitaram a rápida ação do governo. No dia 25 de agosto, a prisão da
maioria dos envolvidos destruiu qualquer possibilidade de levante. Os líderes negros e
mestiços foram presos. Os únicos brancos detidos foram Cipriano Barata e Aguilar
Pantoja. Depois do julgamento, quatro envolvidos foram condenados à forca: os
mestiços João de Deus Nascimento,

Manuel Faustino dos Santos, Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens. Como sempre
acontecia nesses casos, foram executados e esquartejados para servir de exemplo. A
coroa devia ser implacável com aqueles que ousavam contestar seu domínio. Os
demais líderes foram deportados.

REVOLTAS REGENCIAIS
LEVANTE DOS MALÊS (Bahia, 1835)
Governo: Regência Trina Permanente

Rebeldes: Escravos

Lideranças: Negros Islamizados

Motivos: Contra escravidão

Final/ Objetivos cumpridos: Revolta reprimida/ Revolta falha.

Foi a revolta de escravos mais importante da história da Bahia. Os malês eram negros
muçulmanos africanos. Na Bahia, os malês são conhecidos como nagôs. Outros grupos
islamizados também participaram da revolta. Como tantas outras ocorridas no Brasil,
foi uma revolta contra a escravidão.

A rebelião contou com aproximadamente 600 participantes. Na noite de 24 para 25 de


janeiro de 1835, os revoltosos ocuparam algumas ruas de Salvador. A revolta durou
algumas horas. O movimento negro repercutiu no Império, permanecendo por longo
tempo na memória das classes dominantes da Bahia e da Corte, que tomaram diversas
medidas para impedir que outro movimento similar ocorresse

A repressão foi violenta, como era de se esperar das autoridades contra um


movimento de escravos. Os envolvidos foram condenados a penas de prisão simples,
prisão de trabalho, açoites, morte e deportação para a África. Dos 16 condenados à
morte por fuzilamento, 12 conseguiram a comutação da pena.

CABANAGEM (Grão-Pará, 1835-1840)


Governo: Regência Una e 2° Reinado

Rebeldes: Camada popular - mestiços, brancos pobres e indígenas, cabanos

Lideranças: Félix Clemente Malcher, Pedro Vinagre e

Motivos: implantação de uma República, do desejo de uma reforma agrária e da luta


contra desigualdades

Final/ Objetivos cumpridos: Reprimidos/Não cumpridos


A economia do Grão-Pará baseava-se no extrativismo de drogas do sertão, de madeira
e na produção de cacau e arroz à custa da exploração da mão de obra indígena, uma
vez que o número de escravos era reduzido na Província.

Havia ainda um pequeno comércio controlado por portugueses e seus descendentes. A


maioria da população era formada por mestiços, brancos pobres e indígenas que
viviam de forma miserável em casas de palafitas, razão pela qual os rebeldes eram
chamados de cabanos.

Era uma região marcada pela miséria, pela exclusão social e pela fome, terreno
propício, portanto, para as revoltas da população, que provocava constantes levantes
no interior e na capital, Belém.

No início de 1835, os revoltosos tomaram o poder na capital da Província. Eles eram


chefiados pelo fazendeiro Félix Clemente Malcher, que, no entanto, entrou em atrito
com os cabanos mais radicais e jurou lealdade ao Império. Com isso, Malcher foi
deposto e executado pelos rebeldes.

O poder foi assumido por Francisco Pedro Vinagre. Assim, intensificou-se a repressão
ao movimento por parte do Governo Regencial.

Em 21 de fevereiro, Vinagre foi derrotado pelas forças regenciais, mas outro líder,
Eduardo Angelim, conseguiu arregimentar cerca de três mil homens e atacar Belém em
14 de agosto de 1835. Angelim derrotou as forças fiéis ao governo regente e foi
aclamado presidente da Província pelos cabanos da República Independente do Pará.
A partir disso, a Cabanagem se espalhou pela região.

À medida que a participação dos extratos mais pobres e desfavorecidos da sociedade


aumentava, os grupos dominantes se afastavam do movimento, temendo o
radicalismo das massas, enfraquecendo o governo rebelde e facilitando a ação das
tropas repressoras.

Além da implantação de uma República, do desejo de uma reforma agrária e da luta


contra desigualdades, os rebeldes não tinham um programa político definido e não
mantiveram a unidade necessária contra a repressão governamental. A Cabanagem foi
o único movimento genuinamente popular do Período Imperial, em que camadas
populares tomaram e mantiveram por certo período o poder em uma província.

Os conflitos se estenderam até 1840, caracterizados pela violência crescente de ambos


os lados, mas principalmente por parte das tropas legalistas. A província foi finalmente
pacificada no começo do Segundo Reinado.

SABINADA (????, 1837-1838)

Governo:
Rebeldes:

Lideranças:

Motivos:

Final/ Objetivos cumpridos:

Liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, a Sabinada teve início
em setembro de 1837, re-sultado da insatisfação de segmentos sociais médios de
Salvador com a realidade da província esquecida pelo poder central.

Revoltados com o centralismo político regencial e com a imposição de presidentes à


província, os revoltosos proclamaram a República Bahiense, que se separaria do
Império Brasileiro provisoriamente até que D. Pedro II alcançasse a maioridade e
assumisse o trono.

Os grandes proprietários rurais baianos não apoiaram a revolta e auxiliaram a


repressão governamental ao movimento, que acabou sufocado. Casas foram
incendiadas e rebeldes atirados às fogueiras. As estatísticas apontam para mais de 2
mil mortos. O líder, o médico Sabino, foi degredado para Goiás, de onde partiu para
Mato Grosso, onde morreu algum tempo depois.

É importante destacar que os revoltosos baianos auxiliaram na fuga de Bento


Gonçalves do chamado Forte do Mar (atual Forte de São Marcelo), fugitivo que foi o
grande líder da Revolução Farroupilha, ocorrida no Sul do Brasil.

BALAIADA (MARANHÃO, 1838-1840)


Governo:

Rebeldes:

Lideranças:

Motivos:

Final/ Objetivos cumpridos:

Nas primeiras décadas do século XIX, a economia maranhense enfrentava uma séria
crise, principalmente em virtude da concorrência norte-americana na produção e
exportação de algodão. A retração econômica agravava a fome e a miséria de grande
parte da população local.

O poder político da província era disputado por liberais (“bem-te-vis”) e


conservadores, que frequentemente recorriam à violência para alcançar seus
objetivos. Era comum a impunidade pelos crimes políticos, o que agrava a violência de
ambas as partes. A instabilidade política e social favorecia as constantes fugas de
escravos para quilombos, que, para sobreviver, saqueavam as fazendas.

A revolta teve início quando o vaqueiro Raimundo Gomes, ligado aos “bem-te-vis”, e
alguns companheiros atacaram a cadeia para libertar seu irmão preso e acusado de
assassinato. Alguns soldados reuniram-se a eles e iniciaram uma marcha que receberia
adesão por onde passasse, notadamente de mulatos, escravos e quilombolas,
chefiados pelo negro Cosme e por artesãos, entre eles Francisco dos Anjos Ferreira, de
cujo ofício – fazer e vender balaios – derivou o nome da revolta.

Como resultado da insatisfação das camadas populares com a miséria e a falta de


compromisso das autoridades, o movimento não tinha objetivos bem definidos.
Mesmo desorganizados, os rebeldes conseguiram tomar a cidade de Caxias,
promovendo saques e ataques a diversas vilas.

Em 1840, Luís Alves de Lima e Silva, futuro barão de Caxias, foi nomeado presidente da
província, promovendo forte repressão aos revoltosos. Quando ascendeu ao trono, D.
Pedro II concedeu anistia aos rebeldes que ainda restavam e pôs fim ao movimento.

REVOLUÇÃO FARROUPILHA (???, 1835-1845)


Governo:

Rebeldes:

Lideranças:

Motivos:

Final/ Objetivos cumpridos:

O movimento revolucionário mais longo ocorrido no Brasil teve inicio no Rio Grande do
Sul e, posteriormente, estendeu-se para Santa Catarina, onde foram proclamadas,
respectivamente, as Repúblicas de Piratini e Juliana. Entre as principais causas da
Guerra dos Farrapos está a cobrança, pelo poder central, de altos impostos dos
estancieiros, criadores de gado, e dos charqueadores, dificultando a concorrência com
o charque platino. Além disso, a excessiva centralização política do Império, que
nomeava presidentes para a província sem consultar, desagradava diversos setores da
elite local. Os revoltosos queriam mais autonomia provincial e o direito de escolher
governantes mais sensíveis aos problemas da região e comprometidos com a solução
deles.

Por isso, a revolta foi encabeçada pelos grandes estancieiros, charqueadores,


comerciantes e representantes da cúpula militar rio-grandense, interessada em
atender aos interesses dessa elite, de caráter separatista e republicano. Sem
preocupação social, não deveria haver divergências entre os farroupilhas. Aqueles
preocupados com questões sociais e econômicas, inclusive com a abolição da
escravidão, confrontavam-se com os defensores de seus interesses pessoais.

O Ato Adicional de 1834, embora determinasse a criação das Assembleias Legislativas


Provinciais, não resolveu o problema das insatisfações gaúchas, uma vez que o
presidente da província continuava a ser nomeado pelo governo central da Regência.
Já na primeira reunião da Assembleia Gaúcha, em 1835, houve sérias divergências
entre os deputados estancieiros, liderados por Bento Gonçalves, e o presidente
nomeado para a província, Antonio Rodrigues Braga.

Insatisfeitos, os estancieiros formaram uma tropa que atacou Porto Alegre, depôs o
presidente da província e proclamou a República Rio-grandense ou República de
Piratini, nomeando Bento Gonçalves para presidente. A República gaúcha estimulou a
criação de gado e a exportação do charque e do couro.

A resposta do Governo Regencial foi imediata: enviou tropas para a região, que
venceram os rebeldes em batalha próxima a Porto Alegre, prenderam Bento Gonçalves
e o conduziram a uma prisão na Bahia. O prisioneiro recebeu ajuda dos rebeldes da
Sabinada, conseguiu fugir da prisão e retornar ao Rio Grande do Sul, onde reassumiu a
presidência da República de Piratini.

A partir de 1837, as forças rebeldes passaram a contar com a ajuda do revolucionário


italiano Giuseppe Garibaldi, que, auxiliado pelo estancieiro Davi Canabarro e por seus
homens, conseguiu estender a revolução até Santa Catarina, em 1839. A princípio,
tomaram a cidade de Laguna e proclamaram a Republica Juliana. Em Laguna, Giuseppe
conheceu e se apaixonou por Anita Garibaldi, habilidosa amazona que chegou a lutar
ao lado das tropas republicanas.

Em 1840, simultaneamente ao início do Segundo Reinado, a Revolução Farroupilha


perdia força, e se agravavam as discordâncias entre os revoltosos. Então, foi definida
sua divisão em dois grupos: os “majoritários”, progressistas, e os “minoritários“,
conservadores favoráveis a manter o Rio Grande do Sul como província do Império.

Entre 1841 e 1842, o poder de decisão do conflito passou para as mãos dos
conservadores. Em 1842, Luiz Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, foi nomeado
pelo Imperador presidente e comandante de armas da província. A sua missão era
estabelecer a paz na região e a reintegração do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina
ao Império. Com esse objetivo em mente, Caxias traçou uma estratégia dúbia,
oscilando entre violentos combates e concessões aos rebeldes.

A posição social de prestígio e o poder econômico das lideranças rebeldes fizeram o


Império tratar a revolução Farroupilha de maneira diferente dos outros movimentos
populares. Apesar de combater o movimento, Caxias procurava uma solução
negociada, atendendo a várias reivindicações dos rebeldes, o que não aconteceu com
outros movimentos populares.

Em 28 de fevereiro de 1845, foi firmado o Acordo de Ponche Verde, que estabelecia:

 Anistia dos envolvidos gaúchos.


 Incorporação dos farrapos ao exército nacional.
 Permissão para escolher o presidente de província.
 Devolução de terras confiscadas durante a guerra.
 Proteção ao charque gaúcho da concorrência externa com sobretaxa sobre o
charque importado.
 Libertação dos escravos envolvidos.

O Governo Imperial era contrário à libertação dos escravos do exército republicano.


Entretanto, firmou-se a promessa de libertação que os rebeldes não aceitavam
quebrar. A solução foi enviar soldados negros para outras regiões, onde foram
trucidados pelas forças imperiais. Dessa maneira, reduziu-se o número de escravos
alforriados na região.

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