Fecap - Sistemas Da Informação - Resumo

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Ciências Contábeis para graduados

Laura Canella

Contabilidade e Sistemas de Informação

Unidade 1 – Aberturas de Empresas – Parâmetros para


constituição
Contexto da Abertura de Empresas
∞ Estatísticas do Empreendedorismo, publicado pelo IBGE, em 2020. Mais de 70% das empresas abertas no Brasil
fecharam as portas em menos de dez anos de atividade, sendo que 20% das empresas não duraram nem um ano.
∞ Causa Mortis: o sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros cinco anos de vida: é a falta de preparação gerencial dos
empreendedores

Responsabilidades do Contador e do Empreendedor


∞ Todos os principais “inputs” da atividade empresarial terão origem na “configuração” do negócio: que produtos vender,
como vender, para quem vender, quais serão os recursos humanos, tecnológicos, financeiros e materiais necessários,
entre outros aspectos.
∞ Prêmio Estatístico ou Prêmio de Risco é a repartição pura do total dos prejuízos sofridos por alguns segurados, por meio
da totalidade dos segurados que participam do “Fundo” ou Carteira (Mutualismo).
∞ Alguns regimes tributários são aplicáveis apenas para ramos de atividade específicos, natureza jurídica (tipo societário) e
expectativa de faturamento
∞ Alguns alvarás (licenças governamentais) serão exigidos conforme o porte, localização e atuação da empresa
∞ A natureza jurídica vai determinar o processo de constituição (se Junta Comercial ou Cartório, por exemplo);
∞ O nome da empresa será escolhido não apenas pela vontade dos sócios, mas pela disponibilidade (registro de marca)

Escopo do Negócio
Ramo de Atividade
∞ ramo de atividade (ou objeto social nas sociedades limitadas)
∞ Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE
π para definir a carga tributária de determinada atividade: quanto para acompanhamento e definição da
formalização dos negócios
π A OAB, por exemplo, exige que a atividade jurídica seja realizada observando “independência funcional”, ou
seja, um contador/advogado não pode, no mesmo local, prestar os dois serviços, por exemplo (artigo 31 do
Estatuto da OAB).

Localização e Alvarás
∞ Viabilidade: que é a etapa em que a Prefeitura diz o que “pode” ou “não pode” naquele endereço ou naquele imóvel.
∞ para uma atividade empresarial funcionar em determinado endereço, é necessário que a Prefeitura, por meio de
legislações locais, discipline o que pode ser feito em tal lugar. “Lei de Ocupação do Solo”
∞ existem atividades empresariais que podem ser realizadas mesmo na própria residência, mas ainda assim, em geral, é
necessário cumprir essa etapa (Viabilidade).

Alvarás
∞ Alvará de Funcionamento: Essas exigências estão relacionadas diretamente com o risco envolvido com a atividade.
∞ haverá a necessidade de uma autorização da Vigilância Sanitária Municipal se for realizada atividade industrial ou
comercial de alimentos ou de produtos ligados à saúde
∞ autorização da vigilância sanitária estadual se for uma indústria alimentícia e comércio de produtos químicos

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∞ se envolver risco ambiental, no caso de São Paulo, precisará da autorização da CETESB e o alvará do Corpo de
Bombeiros, dependendo da movimentação de pessoa no local
∞ se o empreendedor utilizar algum espaço público, como praças, parques e calçadas, vai precisar de um tipo de
autorização especial de funcionamento, que é o Termo de Permissão de Uso – TPU

Forma
∞ profissional autônomo: desenvolve a sua atividade na condição de pessoa física, não possuindo um CNPJ
π são tratados como “profissionais liberais”, como médicos, advogados, contadores e engenheiros
π Para atuar como profissional autônomo, é necessário formalizar a atividade na Prefeitura, por meio de processo
específico de inscrição
π o profissional poderá contratar empregados, por exemplo, mas deverá observar as exigências (inclusive
tributárias) em relação aos empregados e a sua própria condição de autônomo
∞ MEI: desenvolver a atividade empresarial na condição de “pequeno empresário”
π obterá um CNPJ e terá custos tributários, em geral, bastante reduzidos em relação a outras formas de atuação
empresarial
π ele vai pagar:
£ mensalmente, um valor 5% do salário-mínimo a título de contribuição previdenciária (aposentadoria,
por exemplo),
£ R$ 5 a título de Imposto sobre Serviço - ISS, se prestar serviços,
£ R$ 1 a título de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, se comercializar bens
π desvantagens do MEI é que ele não é, formalmente, uma pessoa jurídica, então, não existe a separação do
patrimônio da pessoa física e da pessoa jurídica, como nós vamos ver a seguir, em outras formas é de atuação
empresarial. Isso significa que os direitos e obrigações do MEI alcançam diretamente a pessoa física, e isso traz
consigo uma série de desafios.
π o MEI só pode contratar um empregado, recebendo um salário-mínimo ou piso da categoria
π eu não posso prestar serviços para uma empresa como MEI se a atividade puder ser considerada “relação de
trabalho” (cumprimento de jornada, delegação de tarefas, assiduidade, subordinação etc
π importante destacar que as regras anteriores sobre CNAE e localização também valem para o MEI: ele pode ter
vários CNAES (até 16, conforme regras vigentes) e algumas atividades podem ser proibidas em determinado
município ou podem exigir alvarás específicos, mesmo para o MEI, como Food-Trucks.
∞ Sociedade Limitada: o empreendedor (ou empreendedores) atuará(rão) como uma pessoa jurídica de fato e de direito
π ocorrerá a separação entre o patrimônio da pessoa física do titular ou sócios e o patrimônio da empresa
π as unipessoais (formadas por apenas uma pessoa)
π as pluripessoais (formadas por dois ou mais sócios)
π O embasamento legal das sociedades limitadas está no Código Civil
π Capital Social: é o volume de recursos financeiros necessários para suprir a necessidade inicial de caixa da
empresa ou para honrar compromissos com terceiros no início do negócio
π não existe um valor mínimo nem um valor máximo para o Capital Social.
π o capital será dividido em cotas que serão distribuídas entre os sócios. Esse capital será integralizado (aplicado
ou investido) na empresa em dinheiro ou em outros bens e direitos, sendo vedada a integralização do capital
com serviços (por exemplo, é proibido um sócio entrar com “dinheiro” e outro com “mão de obra”.
π está prevista a responsabilização dos sócios pelos atos praticados pela empresa em função do capital subscrito
(aquele que é prometido em contrato) e não do capital integralizado (aquele que é efetivamente aplicado pelos
sócios na empresa)
π a formalização das decisões empresariais pelo titular (no caso da sociedade unipessoal) ou pelos sócios (no caso
de sociedade pluripessoal) é bem menos burocrática que em outras formas societárias (como nas Sociedades por
Ações)
π Em uma Sociedade por Ações: é necessário constituir uma Assembleia de Acionistas para decisões importantes
da empresa. Em uma Sociedade Limitada, uma reunião entre os sócios resolve.
π a admissão e saída de sócios, que vai exigir o cumprimento de determinados ritos, como a aprovação dos demais
sócios. Em uma sociedade por ações, em uma situação simples, quem detém a ação pode simplesmente vender a
ação para outro.
∞ Sociedade por Ações: a forma jurídica adotada por empresas grandes ou de Capital Aberto (obrigatoriamente, somente
as S.A. podem negociar ações na Bolsa)

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π o Capital Social é dividido em ações, que serão integralizadas em dinheiro. Diferentemente das Sociedades
Limitadas, nas Sociedades por Ações, a responsabilidade do acionista é limitada somente ao preço das ações
subscritas ou adquiridas.
π umas das exigências legais das Sociedades por Ações é a obrigação de publicação de Demonstrações Contábeis.
∞ Sociedade Simples: são formas jurídicas aplicáveis para prestadores de serviços que desenvolvem atividades de natureza
intelectual, científica, literária ou artística.
π importante destacar que existem dois tipos de sociedades simples: as chamadas sociedades simples “puras” e
“limitadas”
π Nas sociedades simples “puras”, admite-se, por exemplo, a integralização somente com a contribuição de
serviço, então, a empresa pode ser constituída sem a necessidade de um capital social.
£ Nesta forma de atuação empresarial, os profissionais técnicos também podem contar com auxiliares e
colaboradores para apoiar a atividade fim da empresa.
£ O exemplo mais fácil para ilustrar uma sociedade simples é um consultório médico. Você tem a
atividade prestada pelo médico e oportunamente pode ter ali a secretária do médico.
π Na sociedade simples “limitada” (ou empresarial), embora as características de prestação de serviços técnicos
prevaleçam, as atividades não são “pessoais”. É o caso, por exemplo, de uma clínica médica que conta com
médicos contratados. Na condição de limitada, exige-se também a definição de um capital social prévio,
estabelecendo a responsabilidade dos sócios como nas demais limitadas.

Verificação de conhecimento

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Unidade 2 - Abertura de Empresas: Processos de Abertura


Nome Empresarial
∞ Quando falamos de nome da empresa, existem vários conceitos que são, em essência, diferentes: nome empresarial,
nome fantasia e marca.
∞ O Nome Empresarial, neste contexto, é o nome com o qual o empresário individual ou as sociedades empresárias
exercem suas atividades perante os órgãos da administração pública e demais órgãos jurídicos. É equivalente ao nome da
“certidão de nascimento” e respeitará várias regras para sua definição.
∞ O nome empresarial pode ser de dois tipos: Firma e Denominação.

Firma
∞ A Firma é a forma de denominar a empresa que pode ser utilizada tanto pelo empresário individual quanto pelas
sociedades limitadas. Neste caso, o nome da empresa é composto pelo nome do proprietário ou dos sócios, ou seja, não
se exerce tanto a “criatividade” neste caso.
∞ o nome da empresa pode conter o nome de, pelo menos, um dos sócios acrescido do aditivo “e Companhia” e da palavra
“Limitada” por extenso ou abreviado. Isto é, se você tem uma sociedade com dez sócios, eu posso colocar o nome do
sócio principal e depois considerar “e Companhia Limitada”.
∞ no uso de firma é a utilização de sobrenomes, por exemplo Filho, Júnior, Neto, entre outros. Neste caso, estes
sobrenomes não devem constar na Firma. Ainda sobre sobrenomes, a norma prevê que o nome e sobrenome dos sócios
pode figurar de forma completa ou abreviada, admitindo aí a abreviação e supressão.
∞ em uma sociedade unipessoal, o nome da empresa pode ser Pedro José de Almeida Limitada ou PJ de Almeida Barbearia
Limitada.
∞ No caso de sociedade, poderia considerar o nome dos sócios, por exemplo “Pedro José de Almeida e Maria da Silva
Limitada” ou os nomes abreviados “PJ de Almeida e M da Silva Limitada”.

Denominação
∞ O uso de Denominação Empresarial é, formalmente, voltado, por exemplo, para as Sociedades por Ações, mas,
opcionalmente, acaba sendo bastante utilizado para as demais formas jurídicas, como as Limitadas. A ideia da
denominação é que a empresa será constituída com um nome comercial, que não representa, necessariamente, o nome do
proprietário ou dos sócios, ou seja, é um nome mais “comercial”. Pode ser, mas não necessariamente é equivalente à
marca da empresa.
∞ Outra limitação para uso da Denominação é a utilização da expressão Grupo, que é de uso exclusivo para Grupos de
Sociedades organizados mediante convenção, na forma da Lei das Sociedades por Ações. Então, ao abrir um pequeno
bar, não posso simplesmente adotar o nome “Grupo Bar do Zé Limitada”.
∞ pensando no processo de registro, não poderá coexistir na mesma Unidade da Federação (Estado) o mesmo nome
empresarial. E quando digo mesmo, digo “idênticos”, pois até pouco tempo não eram admitidos nomes “semelhantes”.
Eu posso ter, no Brasil, duas empresas com o mesmo nome, mas não dentro do mesmo Estado. Por isso, para resguardar
a “identidade empresarial”, recomenda-se o registro da “Marca”.
∞ Ao acessar a ferramenta, você pode pesquisar o nome de uma empresa conhecida ou pesquisar o nome “Micromatic”
(citado no exercício prático do módulo anterior). Se utilizar “Micromatic”, você vai identificar que existem várias
empresas no Estado de São Paulo que já utilizam esse nome, além de empresas com nomes parecidos como
“Micromatica”. Para evitar qualquer problema de similaridade, caberia selecionar outro nome neste caso. Contudo, se
ainda assim a ideia é “ficar com o nome”, o empreendedor poderia registrar a empresa com a Denominação Empresarial
semelhante e reivindicar a “Marca”, se esta estiver disponível. Esse é o próximo passo...

Nome Fantasia e Marca


∞ Uma coisa é a definição do Nome Empresarial, que respeita um conjunto de requisitos jurídicos, outra coisa são os
Direitos de Propriedade Intelectual decorrentes do registro das marcas, direitos que podem ser reconhecidos mesmo após
a constituição da empresa.
∞ Como uma etapa que pode ocorrer antes ou após o processo de constituição da empresa (de preferência, antes!), no
processo de definição do nome empresarial, cabe ao empreendedor consultar se o Nome Empresarial escolhido está
associado com uma Marca Registrada.

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∞ Para tanto, é necessário que o empresário consulte a base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI).

Contrato Social
∞ Falando em Advogados, é interessante notar que, na prática, como a maior parte das empresas são constituídas por
empresas contábeis e são, predominantemente, pequenos negócios, os contadores são os profissionais que
prioritariamente orientam os empresários quanto à elaboração do Contrato Social. Contudo, estes profissionais atuam em
conjunto com o profissional do Direito, especialmente em empresas maiores, que vão exigir o Visto do Advogado no
Contrato Social, por exemplo.
∞ o principal documento orientador da elaboração do Contrato Social é o Manual de Registro das Sociedades Limitadas,
preparado pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI), que é um órgão do Ministério da
Economia, responsável por normatizar e fiscalizar o Registro Público de Empresas Mercantis, entre outros. Na prática, é
o Órgão Federal responsável pelas regras de funcionamento das Juntas Comerciais, que, por sua vez, são administradas
pelos Estados da Federação

Qualificação dos Sócios


∞ Os sócios de uma Sociedade Limitada podem ser pessoas físicas ou pessoas jurídicas e devem estar qualificados
adequadamente no contrato. Pensando em pessoas físicas, um aspecto que se destaca é o regime de comunhão, quando a
sociedade é formada por cônjuges. A legislação, neste caso, não permite a constituição de sociedade limitada no caso do
regime de comunhão universal ou de separação obrigatória de bens (observar que o regime de casamento mais comum é
o regime de comunhão parcial). Outro aspecto a observar é a idade dos sócios, que deve ser maior de 18 anos ou maior
de 16 anos se emancipado. Os relativamente incapazes e os menores de 16 anos podem figurar na sociedade desde que
assistidos ou representados legalmente.

Estabelecimento
∞ Um aspecto complementar é que a análise de viabilidade deve ser realizada para cada “endereço” da empresa, como
também é chamado o estabelecimento. Neste caso, uma empresa pode ter vários estabelecimentos, sendo um principal
(conhecido como Matriz) e vários secundários, geralmente qualificados como Filiais. Diz-se “geralmente” qualificados,
pois a empresa pode definir, juridicamente, a “Matriz” como uma sala administrativa e uma “Filial” a planta industrial,
por exemplo.
∞ E mais importante: toda vez que a empresa constituir uma nova “Filial”, será necessário alterar o Contrato Social, ou
seja, a decisão de constituir um novo estabelecimento é uma decisão societária, que deve ser acordada entre os diferentes
sócios, por exemplo.

Prazo
∞ Uma cláusula obrigatória do Contrato Social é a definição do início da atividade e do prazo de duração da atividade
empresarial. O início da atividade é, geralmente, a data da assinatura do Contrato (que só tem validade jurídica após
registro nos Órgãos competentes, como a Junta Comercial).
∞ Quanto ao prazo de duração, observa-se que o padrão da maioria das atividades empresariais é ser constituído com prazo
“indeterminado” (para sempre!), podendo, em alguns casos, ser determinado pelos sócios uma data em que a sociedade
seria “dissolvida”. Neste caso, contudo, é comum que a empresa seja constituída em outra forma jurídica, como, por
exemplo, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE).

Capital Social
∞ uma sociedade limitada não existe, legalmente, a previsão de um valor mínimo para o Capital Social, mas o capital tem
que ser suficiente para o início da operação da empresa. Isto é, não posso colocar o capital de R$ 10 mil se só de taxas e
serviços para início da operação vou gastar R$ 11 mil, ou seja, o valor deve ser compatível e realista com o negócio.
Também não adianta colocar um capital de R$ 1 milhão se os sócios não têm o valor declarado no seu Imposto de Renda
da Pessoa Física.
∞ O Capital Social será definido em termos de valor e em termos de quantidade de quotas (partes do capital). Geralmente, o
valor de cada quota de capital é de R$ 1,00 mas nada impede que a sociedade seja formada por duas cotas de R$ 25 mil
cada. O problema dessas duas cotas de R$ 25 mil é que, no caso de qualquer alteração social, a entrada ou saída de um
sócio deverá observar este “múltiplo”.
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∞ Outro aspecto importante do Capital Social é que o capital subscrito (prometido) pode ser integralizado (aplicado) ou não
no ato de constituição da empresa. Por exemplo, se o capital é subscrito e integralizado no ato de constituição, em
dinheiro, significa que o aporte dos recursos financeiros ocorre neste mesmo momento (cada sócio com uma mala de
dinheiro!). Um procedimento mais adequado, portanto, seria prever a posterior integralização do capital, no momento em
que a empresa conseguir abrir sua “conta bancária”, por exemplo.
∞ Outra característica do Capital Social é que ele pode ser desigual, então, posso ter uma sociedade que o Sócio A detém
quarenta por cento do Capital e o sócio B detém setenta por cento.

Administração da Sociedade
∞ Segundo a legislação, a administração da sociedade pode ser exercida por ambos os sócios (dois ou mais assinam juntos),
isoladamente pelos sócios (um ou outro assinam) ou mesmo ser designada a terceiro.
∞ Na prática, significa que o administrador assume o dia a dia da empresa, podendo ser responsabilizados de forma
diferente dos sócios não administradores (muitas vezes também denominados quotistas). Não significa que o sócio não
administrador não assumirá responsabilidade pelos atos dos administradores, mas, de forma resumida, tudo vai depender
do que o administrador “aprontou”.
∞ Um aspecto financeiro desta escolha de administrador e não administrador é que, geralmente (por deliberação dos
sócios), o administrador é aquele que terá direito de receber o pró-labore (o salário na qualidade de sócio), enquanto o
sócio não administrador pode contar apenas com os dividendos (se existirem).
∞ Quanto à nomeação de administrador não sócio, conhecido como Preposto ou designado internamente como Diretor, este
assumirá as funções de decisão na empresa ainda que não possua participação no capital. Essa designação pode ocorrer
no Contrato Social ou em ato separado, desde que os sócios aprovem essa designação.

Aprovação das Contas


∞ Uma cláusula do Contrato Social com bastante aderência à Contabilidade Societária é a cláusula que estabelece o período
societário, ou seja, em que momento do ano os sócios da empresa aprovarão as “contas”. Geralmente, as empresas
adotam como período societário o calendário fiscal, que vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Contudo, não existe
impedimento técnico e nem legal para que o período societário seja diferente. Por exemplo, 1º de abril de um ano a 31 de
março do ano seguinte – isso é bastante comum, por exemplo, em empresas multinacionais.
∞ Complementar à definição do período societário, a Cláusula que trata da aprovação das contas também define que, nos
quatro meses subsequentes à data de encerramento societário, os sócios deverão aprovar as contas. Este é um parâmetro
do Código Civil e, na prática, estabelece que até abril (para empresas que encerram as demonstrações contábeis em
dezembro), os sócios devem aprovar as Demonstrações Contábeis, mesmo de uma sociedade limitada. Complementar ao
que está escrito no Contrato Social, também destaco que o Código Civil diz que 30 dias antes desse prazo os sócios
devem receber as demonstrações contábeis para análise. Isto é, até março, as demonstrações contábeis de todas as
empresas devem estar “encerradas”.

Declaração de Enquadramento
∞ Uma cláusula recentemente adotada pelo DREI nos contratos sociais é a cláusula facultativa Declaração de
Enquadramento de Porte. De acordo com a Lei Complementar 123/06, que disciplina o funcionamento das
Microempresas e Empresa de Pequeno Porte, empresas com receitas anuais de até R$ 360 mil (Microempresas - ME) ou
até R$ 4.8 milhões (Empresas de Pequeno Porte - EPP) recebem tratamento diferenciado em suas várias etapas de vida,
inclusive na constituição. Assim, quando a empresa é constituída, baseado na sua expectativa de Receita no curto prazo,
ela pode declarar “ME” ou “EPP”,
∞ Um desdobramento da cláusula de Porte é a dispensa de Visto de Advogado no Contrato Social, simplificando (e
reduzindo custos) da preparação do documento. Contudo, o principal desdobramento é, sem dúvida, a possibilidade de a
empresa adotar o regime tributário do Simples Nacional, conforme comentários no Tópico 3.

Remuneração dos Sócios


∞ Outra cláusula facultativa com bastante repercussão contábil é aquela que estabelece a remuneração dos administradores.
Os sócios podem (ou melhor, devem) fixar os parâmetros para a retirada mensal de pró-labore, por exemplo, prevendo o
não pagamento em períodos de crise.
∞ Também é bom lembrar que o Pró-Labore é uma remuneração previdenciária, então, há aqui uma regra geral
(relativamente controversa) de que os sócios de uma sociedade limitada precisam estar segurados para fins de

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previdência social. Significa que, a menos que este sócio já contribuía para a previdência de outra forma, a empresa
deverá arcar com a remuneração deste sócio e com os custos previdenciários envolvidos.
∞ Outra cláusula facultativa que trata da remuneração dos sócios é aquela que define as condições para distribuição dos
lucros. A regra geral é que a empresa que encerra as demonstrações contábeis em 31 dezembro vai distribuir o lucro após
a aprovação das contas, o que pode ocorrer em abril subsequente. Contudo, se previsto em contrato social, a empresa
poderá distribuir lucros antes do final do ano, por balanços intermediários. Essa é uma cláusula importante, pois,
legalmente, não existe “antecipação” ou “adiantamento” de lucros. O lucro é distribuído apenas depois de apurado.
∞ Outro aspecto desta distribuição de lucro é a possibilidade de participação desproporcional no lucro. Isto é, considerando
que cada sócio possui 50% do capital, sendo o sócio A administrador (que recebe pró-labore) e o sócio B quotistas (que
só recebe lucros), os sócios podem deliberar que o sócio B receberá 70% do total de dividendos, por assumir maior risco
que o sócio A.

Foro
∞ A última cláusula do Contrato Social comentada neste módulo (por sinal, uma cláusula obrigatória) é o Foro, que é o
lugar em que os problemas relacionados com a empresa serão julgados. Pode parecer simples, mas essa é uma questão
importante, pois o juízo competente para julgar as questões relativas ao funcionamento daquela empresa pode facilitar
(ou dificultar) a vida da empresa.
∞ Por exemplo, uma grande indústria está estabelecida em uma pequena cidade do interior de São Paulo, que conta com
estrutura jurídica bastante deficitária ou, até mesmo, porque sofre “pressão política” local. Transferir o Foro para uma
cidade maior (como a Capital) pode desde reduzir custos com advogados até evitar os problemas políticos.

Aspectos Tributários
∞ Quando, por exemplo, aborda-se o conceito do Lucro Real, os primeiros tributos que vem à tona são o Imposto de Renda
das Pessoas Jurídicas – IRPJ (quem tem alíquota fixada em 15% mais 10% sobre o que excede R$ 20 mil ao mês) e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (que tem alíquota de 9%). No Lucro Real, o IRPJ e a CSLL são
calculados sobre o Lucro Fiscal da empresa.
∞ também existem vários outros tributos que são exigíveis, sendo que os principais são: a Contribuição aos Programas de
Integração Social – PIS, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, o Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços – ICMS, o Imposto sobre Serviços – ISS, o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI e a
Contribuição Previdenciária Patronal – CPP. Logo, a escolha do regime tributário implica na análise de todos os tributos.

Simples Nacional
∞ O Simples Nacional é um regime tributário aplicável às ME e às EPP. Grande parte das atividades empresariais pode
adotar este Regime Tributário, com exceção de algumas que são vedadas, como: a) cessão ou locação de mão de obra; b)
loteamento e incorporação de imóveis; c) Serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros; e d)
locação de imóveis próprios. Para adotar o regime do Simples Nacional, as empresas devem manifestar-se junto à
Receita Federal, no ato de constituição.
∞ Além das atividades vedadas, existem características na estrutura jurídica que impedem a opção ao Regime, como: a)
sócio pessoa jurídica; b) matriz no exterior; c) sócio que participa em outra empresa no Simples e o faturamento somado
das empresas ultrapassa o teto; d) sócio que participa em empresa não optante pelo Simples com mais de 10% do capital
e o faturamento somado das empresas ultrapassa o teto; e) sócio administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica
com fins lucrativos, cuja receita somada ultrapassa o limite; f) sócio domiciliado no exterior; g) sócio seja entidade da
administração pública, direta ou indireta; e h) sociedade por ações.
∞ A tributação das empresas que adotam o regime do Simples Nacional incide sobre a sua Receita Bruta mensal auferida
(Regime de Competência) ou recebida (Regime de Caixa), conforme opção feita pelo contribuinte.
∞ Sobre a Receita Bruta, as empresas optantes pelo Simples Nacional devem aplicar os percentuais definidos em relação ao
tipo de receita (comércio, indústria e serviços), de acordo com os Anexos I a V da Lei Complementar 123/06. As
alíquotas nominais variam de 4% a 33% (com parcela a deduzir), sendo necessário calcular a alíquota efetiva pelo
resultado da equação: (RBT12 x Aliq-PD) / RBT12, em que: RBT12 - receita bruta acumulada nos doze meses anteriores
ao período de apuração; Aliq - alíquota nominal; e PD - parcela a deduzir.
∞ Cabe destacar que, no Simples, as empresas fazem o recolhimento de diferentes tributos (IRPJ, CSLL, PIS, Cofins,
CSLL, ICMS, ISS e CPP) em uma única guia, ou seja, o Simples não é um tributo, mas uma forma simplificada de
arrecadá-los. Sobre a CPP, que corresponde a 20% das remunerações pagas no mês, está incluída no percentual de
recolhimento do Simples Nacional, exceto no caso das empresas que desenvolvem atividades que se enquadram no
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Anexo IV, como construção de imóveis, serviços de paisagismo e advocacia. Nestes casos, o recolhimento da CPP deve
ser feito normalmente, ou seja, por meio de guia de contribuição previdenciária – GPS.

Lucro Presumido
∞ O Lucro Presumido é uma forma de tributação simplificada para as empresas que não estão obrigadas ao regime do
Lucro Real (Decreto 9.580/18). No caso do IRPJ e da CSLL, o lucro da pessoa jurídica é determinado a partir de uma
presunção da receita bruta. Em termos gerais, a empresa no lucro presumido aplica, a partir de percentuais de presunção
sobre a Receita Bruta mais outras receitas auferidas, como receitas financeiras e aluguéis, as alíquotas do IRPJ e CSLL.
O regime também condiciona a forma de apuração dos demais tributos como o ICMS, IPI e ISS.
∞ As normas estabelecem que podem optar pelo Regime do Lucro Presumido as pessoas jurídicas, cuja receita total no ano-
calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78 milhões ou proporcional para as empresas com menos de um ano
de atividade. Algumas atividades são vedadas à opção do Lucro Presumido, sendo obrigadas à adoção do Lucro Real.
São elas as empresas financeiras, por exemplo.
∞ Observadas as limitações em termos de atividades e situações específicas, a empresa poderá realizar a opção por este
regime tributário efetuando o pagamento da primeira quota ou quota única do IRPJ devido correspondente ao primeiro
período de apuração de cada ano-calendário, sendo considerada definitiva para todo o ano-calendário.
∞ Neste sentido, é necessário esclarecer que o IRPJ e a CSLL no Lucro Presumido são recolhidos trimestralmente, até o
último dia útil do mês subsequente ao do encerramento do período de apuração trimestral. Assim, o IR devido no 1º
trimestre/X1 deverá ser pago até 30.04.X1.
∞ A base de cálculo do IRPJ no regime do lucro presumido corresponde ao valor resultante da aplicação de percentuais
definidos em norma tributária (32% para serviços, 8% para vendas, por exemplo), aplicados sobre a receita bruta, relativa
a cada atividade auferida trimestralmente.

Lucro Real
∞ O Lucro Real é a sistemática mais complexa e obrigatória para empresas de maior porte. Em termos gerais, pequenas e
médias empresas devem adotar este regime tributário quando, por meio das simulações de planejamento tributário,
identificam economia de tributos.

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Impostos sobre Consumo


∞ Os três regimes tributários anteriores – o Simples, o Lucro Presumido e o Lucro Real – são, originariamente, propostos
para oferecer parâmetros de recolhimento para o IRPJ e para a CSLL, mas eles também determinam a estrutura dos
demais principais tributos, especialmente quanto aos tributos indiretos (ICMS, IPI, PIS, Cofins e ISS). Segundo estudo
da Receita Federal, os tributos indiretos representam, aproximadamente, 40% da carga tributária nacional, enquanto os
tributos sobre a renda (IRPJ e CSLL), aproximadamente 10%.

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Unidade 3 - Rotinas Trabalhistas: Contratação e Remuneração


Admissão
∞ A principal norma que disciplina as Rotinas Trabalhistas é a Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT (Decreto-Lei nº
5.452, de 1º de Maio de 1943).

Empregado e Empregador
∞ Empregador é, segundo o Art. 2º. da CLT, a empresa ou pessoa, individual ou coletivamente, que, assumindo os riscos
da atividade econômica:
π Admite: Define critérios pessoais para admissão dos empregados.
π Assalaria: O trabalho se realiza mediante contrapartida do pagamento de salário diretamente pelo empregador.
π Dirige: Impõe normas de conduta e de trabalho sobre os empregados, detendo poder diretivo, o que lhe
possibilita elaborar as diretrizes para alcançar as suas metas.
π Assume os riscos econômicos: Os riscos são assumidos pelo empregador, exclusivamente, e não podem ser
transferidos ou compartilhados com o empregado. Exemplo: mesmo que haja dificuldades financeiras na
empresa, o empregado deve receber seu salário.
∞ Equiparam-se ao empregador, para efeitos da relação de emprego, profissionais liberais, instituições de beneficência,
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados
∞ Pode-se considerar empregador um grupo de empresas (CNPJ distintas) se tais empresas estiverem sob a direção,
controle ou administração de outra.
∞ Empregado, segundo o Art. 3º. da CLT, "toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual
(contínuos) a um empregador, sob a dependência, deste e mediante salário".
∞ Tal serviço, conforme Art. 4º. da CLT, corresponde, regra geral, ao "período em que o empregado esteja à disposição do
empregador, aguardando ou executando ordens"
∞ A definição do Art. 3º. da CLT é complementar à definição do empregador, ou seja, na perspectiva do empregado, existe
relação de emprego quando ocorre a:
π Subordinação - sujeição às ordens e normas ou padrões de condutas que são impostas pelo empregador.
π Não eventualidade – a prestação de serviços não é esporádica dos serviços, ou seja, é habitual.
π Onerosidade – a prestação de serviços ocorre mediante pagamento de salário.
π Pessoalidade – o empregado é designado para prestar determinado serviço.

Processo de Seleção
∞ Segundo o artigo 7º da Constituição Federal, é proibida toda "diferenciação de salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil".
∞ A empresa deve estar especialmente atenta à discriminação por raça, etnia, questões estéticas (como peso e aparência), fé
religiosa e condições que podem ferir a intimidade do Candidato (consulta SPC, solicitação de atestados etc.).


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Documentação
∞ A Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS é o principal documento exigido para a contratação dos
empregados, e sem ela não é permitido o início dos trabalhos, assim, contratar um empregado sem carteira de trabalho ou
não lidar com este documento adequadamente pode levar a riscos. Desde 2019, o documento adotou uma forma
eletrônica, a CTPS Digital.
∞ Para aqueles que ainda utilizam o documento impresso, a empresa deve observar o artigo 29 da CLT, que estabelece
que o empregador tem o prazo de 48 horas para anotar as informações do vínculo trabalhista, devendo, ainda, devolvê-
las mediante recibo.
∞ Além da CTPS, não há uma exigência legal quanto ao número de documentos que as empresas devem solicitar ao
empregado quando da sua admissão. É bastante comum que as empresas solicitem:
π registro de identidade;
π cadastro de pessoa física;
π fotos;
π certidão de casamento;
π certidão de nascimento dos filhos;
π certidão de alistamento militar.
∞ A Lei 5.553/1968 prevê que a devolução dos documentos deve ser feita em, no máximo, 5 dias, resultando em pena de
multa e até prisão dos administradores.

Registro
∞ Ao admitir um empregado, a empresa deve efetuar o registro imediatamente, podendo ser penalizada em caso de
descumprimento desta obrigação.
∞ Com a entrada em vigor da Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, a empresa que não registrar o empregado estará sujeita a
multa no valor de R$ 3.000,00 por empregado não registrado e, em casos de reincidência, a multa será acrescida de igual
valor.
∞ Para que sejam realizados os registros dos empregados, as empresas podem se utilizar, atualmente, de livros, fichas ou
mecanismos eletrônicos.
∞ Desde 2018, com a entrada em vigor do eSocial, os registros de empregados passaram a ter apenas a forma eletrônica,
ficando as informações armazenadas no ambiente digital.

Contrato
∞ No momento do registro do empregado, será necessário indicar as “condições” do Contrato de Trabalho.
∞ A forma de contratação do empregado tem relevância no cenário de riscos trabalhistas no sentido que o ato define a
relação jurídica que tem o empregado e o empregador em suas relações.
∞ É interessante observar que a não formalização do contrato de trabalho não é impedimento para o reconhecimento da
relação de trabalho, pois o simples fato de um empregado prestar serviços a um empregador, na forma da lei, determina a
condição de empregado.
∞ Ainda que o contrato esteja “irregular”, o empregado tem garantidos os direitos trabalhistas (geralmente, neste caso,
serão questionados judicialmente).

Conceito e Modalidades
∞ O contrato individual de trabalho pode ser firmado com prazo determinado ou indeterminado (artigos 442 e 443, da
CLT).
∞ O Contrato por prazo indeterminado é aquele "celebrado sem prévia fixação do seu tempo de duração, sendo ajustado
para prolongar-se indefinidamente, não havendo qualquer limite para a sua vigência"
∞ O Contrato por prazo determinado é o ajustado para vigorar por um período delimitado, "cuja vigência depende de
termo prefixado ou da execução de serviços especificados, ou ainda, da realização de certo acontecimento suscetível de

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previsão aproximada" (art. 443, § 1º, da CLT), como serviço "cuja natureza justifique a predeterminação do prazo ou
atividades empresariais de caráter transitório"
∞ São exemplos de contratos com prazos determinados aqueles que servem para cobrir férias de empregados, licenças
médicas, maternidade, dentre outras. Ou, no caso de atividades de caráter transitório, feiras, eventos e espetáculos
teatrais.
∞ O contrato "a prazo determinado terá duração de, no máximo de 2 (dois) anos
∞ O Contrato de experiência é uma modalidade específica de contrato com prazo determinado, que tem como objetivo a
avaliação entre as partes da condição de trabalho. "O contrato de experiência não pode exceder a 90 dias, sendo
estipulado por período inferior, podendo ser feita uma única prorrogação dentro deste limite" (arts. 445, parágrafo
único e 451, da CLT)

Salário
∞ O empregador definirá um salário, que é a remuneração pecuniária estipulada no contrato.
∞ É comum que as empresas adotem Planos de Cargos e Salários, que é uma técnica de “medição” no qual a empresa
define a importância de cada cargo, buscando definir os salários dos empregados para cada cargo ocupado.
∞ Tal medida contribui para a redução de conflitos trabalhistas quanto à equiparação de salários pelos funcionários.
∞ Além da própria Política de Planos de Cargos e Salários, para contratação de um empregado, o empregador deve
observar alguns parâmetros legais:
π Salário-mínimo Nacional (art. 7º, IV, da CF/88).
π Salário profissional – é fixado como mínimo a ser pago à determinada profissão definida em lei. Exemplo: Lei
n° 3.999/61 – Médicos (3 salários-mínimos para jornada diária de 4 horas).
π Salarial normativo – é o valor mínimo definido em acordos, convenções coletivas ou fixados por sentença
normativa nos dissídios coletivos, que precisa ser pago a uma categoria profissional ou a certas profissões.
Exemplo: Convenção Coletiva de Trabalho do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, 2022.
π Piso Salarial – segundo o inciso V do art. 7º da CF/88, os Estados e Distrito Federal podem estabelecer um piso
salarial para os empregados que não tenham salário normativo (Lei Complementar n° 103/2000). Em São Paulo,
o piso salarial é conhecido como “Salário-Mínimo Paulista”.

Verbas Salariais
∞ Segundo o artigo 457 da CLT, integram o salário do empregado:
π a importância fixa estipulada;
π gratificações legais e de função;
π comissões pagas pelo empregador.
∞ Não integram o salário do empregado, ainda que habituais, não constituindo, desta forma, base de incidência de
qualquer encargo trabalhista e previdenciário:
π ajuda de custo;
π auxílio-alimentação (exceto se pago em dinheiro);
π diárias para viagem;
π prêmios e abonos.

Eventos Contratuais
∞ O salário pode ser pago por “mês” de trabalho ou “hora” trabalhada.
∞ Quando mensal, aplicado ao empregado “mensalista”, o salário é fixo por mês e compreende os dias trabalhados e o
chamado “Descanso Semanal Remunerado – DSR” (sábados, domingos e feriados, por exemplo), conforme art. 7º da
CLT.
∞ O salário também pode ser pago de forma proporcional às horas trabalhadas (empregado “horista”). Neste caso, o
salário-hora é determinado com base no salário mensal que está vinculado. Supondo que o salário seja de R$ 2.000,00

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por mês e esteja vinculado a jornada semanal de 44 horas, logo, seu salário-hora será de R$ 9,09 (R$ 2.000,00 ÷ 220
horas). Esses empregados também receberão o DSR proporcional às horas trabalhadas.
∞ Por exemplo, se no mês de setembro (30 dias), foram 25 dias úteis (5 domingos e feriados), e o empregado trabalhou 100
horas, a remuneração será calculada da seguinte forma:
∞ Salário-hora R$ 9,09 x 100 horas trabalhadas = R$ 909,90
∞ R$ 909,90 ÷ 25 dias úteis x 5 DSR = R$ 181,98
∞ Total da Remuneração: R$ 909,90 + R$ 181,98 = 1.091,88

Encargos
∞ Encargos trabalhistas, são as principais contribuições tributárias relativas aos contratos de trabalho.
∞ Alguns valores são descontados dos empregados e outros são recolhidos diretamente para o governo.

INSS Empregados, Autônomos e Pró-Labore


∞ Um encargo trabalhista que alcança a maioria dos trabalhadores é a contribuição previdenciária. Cabe ao empregador, no
momento que vai pagar o salário para o empregado, descontar do valor a ser pago a parte do “Governo”, correspondente
à contribuição previdenciária. Essa exigência faz com que o empregador assuma integralmente a responsabilidade pelo
recolhimento previdenciário dos seus empregados (diferente do Imposto de Renda, como veremos logo mais).
∞ Na prática, significa que o empregador deverá (mesmo que o empregado não concorde!) recolher a contribuição
previdenciária conforme estabelece a legislação. Em 2022, a tabela de recolhimento previdenciário é a que segue:


∞ Assim, se o empregado tem uma remuneração de R$ 3.000,00, o valor da contribuição será: R$ 3.000,00 (remuneração) x
12% = R$ 360,00 – parcela a deduzir R$ 91,02 = R$ 268,98.
∞ Essa retenção (contribuição previdenciária devida pelos trabalhadores) pode variar em termos percentuais quando a
remuneração é feita para Sócios (Pró-Labore). Neste caso, a contribuição será fixa de 11% (observando o teto de
contribuição).
∞ Assim, se o sócio tem uma remuneração de R$ 3.000,00, o valor da contribuição será: R$ 3.000,00 (remuneração) x 11%
= R$ 330,00; mas se a remuneração for R$ 10.000,00, a contribuição será de R$ 828,54 (teto de contribuição).

Encargos Previdenciários do Empregador


∞ a legislação tributária estabelece, como regra geral, que as empresas deverão recolher 20% sobre o total das
remunerações pagas (a empregados e autônomos) como Contribuição Previdenciária Patronal – CPP.
∞ Esse “custo”, no entanto, não se aplica para todas as empresas, pois alguns regimes tributários (como o Simples
Nacional) e algumas medidas fiscais (também conhecidas como Desonerações da Folha) dispensam esses encargos.
∞ Além da CPP, as empresas também pagam uma contribuição correspondente ao Risco Ambiental de Trabalho - RAT,
cujo percentual varia entre 1% e 3% sobre o total das remunerações, conforme atividade principal da empresa. Essa
contribuição pode aumentar ou diminuir conforme o Fator Acidentário de Prevenção – FAP, multiplicador aplicado
sobre a alíquota do RAT que varia de 0,5 a 2, conforme o índice de acidentes de trabalho na empresa.
∞ Sobre a mesma base (remuneração), as empresas também são obrigadas ao recolhimento do Fundo de Previdência e
Assistência Social – FPAS, também conhecido como “recolhimento a terceiros”, sendo que tal recolhimento envolve
apoio ao funcionamento de entidades, como Incra, Senac, Senai, Senat e Sebrae, além do Salário Educação, entre
outros. O percentual, de acordo com o Art. 577 da CLT, obedece a atividade da empresa e pode chegar até 5,8% em
média.

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∞ Para uma empresa com um total de remunerações em Folha de Pagamento no montante de R$ 100.000,00, poderá
desembolsar 20% (CPP) + 3% (RAT) + 5,8% (FPAS) = 28,8%, correspondendo a R$ 28.800,00 apenas como Encargos
Previdenciários.

IRRF sobre Mão de Obra


∞ O IRPF é “retido” pelo empregador, quando ele contrata um empregado, ou seja, o Fisco existe que o imposto devido
pelo empregado seja “antecipado” aos cofres do governo mensalmente, e o responsável por esse recolhimento é o
empregador, naquilo que nós chamamos de Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF.
∞ O IRRF a ser descontado dos rendimentos do trabalhador é calculado mediante uma tabela definida pela legislação
tributária, como segue:


∞ Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do IRRF, a legislação tributária permite a dedução dos seguintes
valores: cota por dependentes (R$ 189,59), INSS recolhido e pensões pagas.
∞ Exemplo: Um trabalhador cujo salário bruto corresponde a R$ 3.500,00, com desconto de $ 500,00 de INSS, terá o IR
Retido:
π R$ 3.000,00 (3.500 – 500) x 15% = R$ 450 – 354,80 (parcela a deduzir) = 95,20

FGTS
∞ O FGTS é uma obrigação que todo empregador tem com seus empregados, sendo que estes estão obrigados a depositar
o FGTS, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada à importância correspondente a 8% (oito por
cento) da remuneração do trabalhador (o que vai gerar uma “poupança” anual de, aproximadamente, um salário, se
considerar 12 x 8% = 96%).
∞ É necessário observar que o conceito de “remuneração” para o cálculo do FGTS é sofisticado, com muitos valores que
“compõem a base” (exemplo Auxílio-Doença) e outros valores que não compõem a base (exemplo Salário-Família).
Também vale destacar que alguns trabalhadores não terão direito ao FGTS, como estagiários, sócios (na qualidade do
pró-labore) ou trabalhadores autônomos.
∞ Outro aspecto relevante do FGTS é que ele influencia o valor da indenização trabalhista.
∞ De acordo com o art. 1º da Lei 8.036/1990, o empregador que dispensar o empregado sem justa causa arca com
multa equivalente a 40% do montante de todos os depósitos de FGTS realizados na conta do empregado. Como
exemplo, caso um empregado tenha um saldo de FGTS no valor de R$ 10.000,00, a multa a ser recolhida em favor do
empregado será de R$ 4.000,00. Além da multa de 40%, a legislação também impõe às empresas uma multa de 10%
sobre o saldo do FGTS, entretanto, essa multa é destinada aos cofres do governo.

Benefícios
∞ benefícios “espontâneos” mais comuns oferecidos pelas empresas são: restaurante, seguro de vida, assistência médica,
festas, transporte, cesta básica, seguro de acidentes pessoais, veículo designado, clube, pagamento de quilometragem,
assistência odontológica e, ainda, o pagamento de forma integral ou parcial de bolsa de estudos. Contudo, existem
também os benefícios “compulsórios”, discutidos nesta seção.

Salário-Família
∞ O salário-família é um benefício social pago pelo governo, mas “repassado” pela empresa, destinado ao empregado de
baixa renda, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados (art. 65, da Lei 8.213/91).

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∞ O valor do benefício, em 2022, era de R$ 56,47 por filho com idade até 14 anos (exceto de portador de deficiência,
quando não se aplica a idade). Para receber essa remuneração, em 2022, o empregado deveria receber remuneração
mensal limitada a R$ 1.655,98.
∞ Sob o aspecto contábil, a característica mais importante do salário-família é que esse é um valor que não é considerado
despesa da empresa, abatendo diretamente o valor devido de Contribuição Previdenciária a recolher.

Auxílio-Doença
∞ O auxílio família é uma despesa que a empresa deve assumir no caso de afastamento por motivo de doença do seu
empregado, sendo que, nos primeiros 15 dias, a empresa deverá arcar com a remuneração do empregado, inclusive, com
os valores proporcionais ao décimo terceiro e férias.
∞ A partir do 16º dia de afastamento, o contrato de trabalho será suspenso, sendo que a partir desta data, o empregado
receberá um auxílio da Previdência Social.

Vale Transporte
∞ Segundo o Art. 106 do Decreto nº 10.854/2021, caso o empregado necessite de deslocamento residência-trabalho e vice-
versa, o empregador fornecerá auxílio para esse deslocamento. Entre outras formas de auxílio como o próprio fretamento,
o vale-transporte é o mais utilizado.
∞ Caso os empregadores façam a opção pela concessão do vale transporte, a empresa poderá descontar dos seus
empregados até 6% da remuneração do empregado o valor da despesa com o vale-transporte (limitado ao valor
da própria despesa).
∞ Se o empregado tem uma remuneração de R$ 3.000,00 e a empresa gastou R$ 500,00 com transporte, poderá descontar
até R$ 180,00 (6% x 3.000) a título de vale-transporte.
∞ Ainda segundo o Art. 110. do Decreto nº 10.854/2021, "é vedado ao empregador substituir o vale-transporte por
antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento"

Adicionais
∞ Os empregados que trabalham em período considerado noturno (entre 22h e 5h) terão direito ao Adicional Noturno, que
corresponde a um acréscimo de 20% (sobre a hora diurna (art. 73, da CLT), porém, existem convenções coletivas de
trabalho que determinam regras específicas para o pagamento do adicional noturno, elevando, por exemplo, o percentual
mínimo de 20% para 30%, 35% etc.
∞ O Adicional de Insalubridade é devido quando o empregado está exposto a algum agente nocivo, conforme dispõe o art.
192, da CLT. A base de cálculo do Adicional de Insalubridade é o salário-mínimo e será calculado conforme o grau de
insalubridade, podendo ser, no mínimo 10% (grau mínimo) até 40% (grau máximo) do valor do salário.
∞ O Adicional de Periculosidade será devido, conforme art. 193, da CLT, para empregados que exercem atividades
consideradas perigosas, na forma da Norma Regulamentadora nº 16 no Ministério do Trabalho, que são "aquelas que,
por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com produtos inflamáveis ou explosivos em
condições de risco acentuado".Nessas condições, o trabalho garante ao empregado um adicional de 30% (trinta por
cento) sobre seu salário, sem contar os acréscimos provenientes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da
empresa, ou seja, um mensalista com remuneração de R$ 1.500,00 por mês, exposto à atividade perigosa, receberá como
remuneração o salário do mês de R$ 1.500,00 adicionado do adicional de periculosidade de R$ 450,00 (R$ 1.500,00 x
30%).

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Verificação de conhecimento

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Racional: R$ 3000,00/220=R$13,6363 x (4horas x 6dias x 5semanas)=R$1636,36

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Unidade 4- Rotinas Trabalhistas: Apontamentos, e


Contabilização
Apontamentos da Folha
Jornada
∞ Segundo o artigo 7º da Constituição, a jornada diária de trabalho não pode ultrapassar 8 horas diárias e 44 horas
semanais, podendo haver compensação de horários, desde que previamente acordado com o sindicato. Entretanto, com a
publicação da Lei n° 13.467 de 2017, se firmado acordo coletivo ou individual, a jornada diária de trabalho poderá ser
diferenciada, ou seja, abre-se a possibilidade de jornadas com limite de 12 horas em um dia, respeitando o limite de
44 horas semanais e 220 horas mensais.
∞ Sobre o intervalo para descanso, até a entrada em vigor da Lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017, as empresas deveriam
seguir o disposto no artigo 71 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT:
∞ em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para
repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em
contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas
∞ Para jornadas de até 4 horas, não existe previsão de intervalo; para jornadas entre 4 e 6 horas diárias, o intervalo é de
15 minutos; a partir da entrada em vigor da nova legislação, o intervalo para refeição e descanso para jornadas acima de
6 horas pode ser reduzido, se firmado acordo coletivo, podendo ser de, no mínimo, 30 minutos.
∞ Ainda quanto aos descansos previstos, o art. 66 da CLT prevê que os empregados devem ter um descanso mínimo de 11
horas entre uma jornada e outra, ou seja, o empregado que sai do trabalho às 23:00 horas de um dia, deverá retornar
ao trabalho e iniciar suas atividades somente após as 11:00 do dia seguinte. Em caso de não observar o intervalo mínimo
entre as jornadas, a empresa deve pagar como horas extras o período faltante do descanso.
∞ A Lei n° 13.467/2017 também abordou este tema, definindo que se a jornada do empregado for de 12 horas diárias,
deverá ter um descanso de 36 horas.
∞ Quanto ao trabalho noturno, a legislação estabelece que o empregado que trabalha no período das 22:00 de um dia até
as 05:00 do dia seguinte tem direito a um adicional noturno de 20% sobre o salário.
∞ A empresa também precisa obedecer ao parágrafo primeiro do artigo 73 da CLT, que estabelece que "a hora do
trabalho noturno será computada como de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos". Assim, considera-
se que se um empregado tiver trabalhado das 23:00 horas até às 04:00 horas do dia seguinte, neste caso, será
remunerado por 5,71 horas de trabalho e não 5 horas. Outro limite imposto quanto ao adicional noturno é na
contratação de empregados menores de idade. De acordo com o artigo 7º da constituição federal, não é permitido o
trabalho noturno aos menores de 18 anos.
∞ Jornada de trabalho intermitente, vigência da Lei n° 13.647/2017, as empresas podem contratar seus empregados na
modalidade de jornada intermitente, que é uma forma de contratação por períodos específicos. Exemplo o caso de
bares e restaurantes que podem fixar contrato com garçons, cozinheiros e seguranças para atuarem nos períodos que
demandam maior público.
∞ As regras acima da jornada de trabalho não se aplicam:
π "Os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal
condição ser anotada na CTPS e no registro de empregados"
π Os gerentes, cargos de gestão aos quais se equiparam os diretores e chefes de departamento ou filial e quando o
salário do cargo for superior a 40% dos demais.

Descanso Semanal Remunerado


∞ De acordo com a Lei n° 605/1949, o descanso semanal remunerado deve recair, preferencialmente, no domingo. A
mesma legislação autoriza o empregado a trabalhar em dias de feriados, que também são considerados dias de descanso,
mas, neste caso, as empresas devem pagar as horas trabalhadas de forma dobrada, exceto se concederem outro dia
para o empregado descansar. Neste caso, adverte-se que essa compensação não poderá ocorrer após 7 dias de trabalho.
∞ Além de reclamações e multas trabalhistas, em relação ao não cumprimento do descanso semanal, observa-se o risco de
desgaste físico e emocional dos empregados.

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Horas Extras
∞ A carga horária de trabalho só pode ser excedida diariamente em 2 horas, sendo remunerada adicionalmente em
50%, pelo menos (art. 7º, XVI, da CF/88, e art. 59, da CLT).
∞ Para os casos em que há jornada de trabalho extraordinário, as empresas podem implantar um sistema de banco de horas,
reduzindo os pagamentos com horas extras.
∞ O banco de horas é um sistema em que as horas extras laboradas em um dia são compensadas por folgas em outros e
serve para as empresas adequarem a jornada de trabalho dos empregados com a demanda de sua produção de bens ou
serviços.
∞ Até a vigência da Lei n° 13.467/2017, esse banco de horas somente poderia ser efetivado por meio de acordo coletivo
firmado entre os empregados e empregadores, mas com a nova legislação, as empresas podem firmar acordo de
compensação individualmente, ou seja, sem a participação do sindicato, aumentando a responsabilidade com a
formalização interna destes acordos, a fim de se evitar riscos trabalhistas.

Faltas e Atrasos
∞ Um dos principais problemas identificados pelas empresas no processo de controle de faltas e atrasos de empregados se
refere ao fechamento da folha de pagamento, ou seja, quando a empresa que encerra o mês, para fins de pagamento de
salário, por exemplo no dia 25.
∞ Considerando que nos termos do artigo 459 da CLT o pagamento do salário mensal deve ser efetuado até o quinto dia útil
do mês subsequente ao vencido, a empresa que fecha a folha de salário no dia 25 considera o mês em curso cheio
para o fechamento da folha de pagamento, porém, as horas extras e as faltas injustificadas ocorridas entre o dia 26 e o
último dia do mês só seriam consideradas na folha de pagamento do mês seguinte. Caso adote tal procedimento, a
empresa corre o risco de ser autuada, pagando atualização monetária das verbas pagas além do prazo legal, em caso de
reclamatórias trabalhistas, bem como devolver os valores de faltas injustificadas descontadas fora do mês da ocorrência.
∞ São exemplos de faltas justificadas:
π "até 2 dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que,
declarada em sua CTPS, viva sob sua dependência econômica"
π até 3 dias consecutivos, em virtude de casamento
π por 5 dias, enquanto não for fixado outro prazo em lei, como licença-maternidade
π pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo
π justificada pela empresa, assim entendida a que não tiver determinado o desconto do correspondente salário"
π afastamento por doença ou acidente do trabalho, nos 15 primeiros dias pagos pela empresa mediante
comprovação, observada a legislação previdenciária
∞ Sendo injustificada a ausência do empregado, seja de forma parcial (atrasos e saídas antecipadas) ou total (dia completo),
implicará no desconto em seus salários na proporção do tempo de ausência.
∞ Se o empregado atrasar por determinadas horas, será lançado o desconto de atraso, ou, se faltou o dia todo, será lançado o
desconto de falta do dia.
∞ Nos termos do art. 6º, da Lei n° 605/49, não será devida a remuneração do repouso semanal (DSR) quando,
injustificadamente, o empregado não tiver trabalhado durante toda a semana, ou seja, deixando de cumprir
integralmente o seu horário de trabalho na semana.
∞ Seja qual for a forma de pagamento do salário do empregado (mensalista, horista, comissionista etc.), perderá o DSR da
semana seguinte em que incidiu o atraso, saída antecipada ou falta injustificada. Supondo que o empregado falte
injustificadamente no dia 04 de abril de 2022, perderá o DSR de 16 de abril de 2022.
∞ Assim, se o empregado tem um salário de R$ 3.000,00 e falou 1 dia na semana, será descontado pela falta (R$ 3.000,00 ÷
30 dias) = 100 + desconto DSR 1 dia (R$ 3.000 ÷ 30) = 100, totalizando um desconto de $ 200,00.

Benefícios aos Empregados


Férias
∞ Férias é o período de descanso que todo empregado tem direito após 12 meses de trabalho.
∞ Previsto no artigo 129 da CLT. Quanto ao prazo de 12 meses, também conhecido como período aquisitivo, existe uma
exceção para casos de férias coletivas, em que é possível sua concessão antes deste prazo.
∞ Além da vacância, o empregado que usufrui das férias tem direito ao acréscimo de um terço do valor de sua
remuneração, observando o artigo 142 da CLT.

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∞ Em relação ao pagamento das férias, de acordo com o artigo 145 da CLT, o empregador deve fazê-lo com mínimo 2 dias
de antecedência, observando outros aspectos como a duração, abono pecuniário e fracionamento.

∞ Quanto à duração das férias, em regra geral, os empregados têm direito a descansar 30 dias. Entretanto, a legislação
permite às empresas descontarem dos dias de férias as faltas não abonadas (descontadas) dos empregados que ocorreram
no período de direito às férias. De acordo com o artigo 130 da CLT, a duração do período de férias será proporcional ao
número de faltas que o empregado teve no seu período aquisitivo.

∞ Além das faltas contribuírem para uma quantidade menor de dias de férias, de acordo com o artigo. 133 da CLT, o
empregado não terá direito às férias no curso do período aquisitivo quanto:

Verificação de conhecimento

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Unidade 5 - Declaração do Imposto de Renda das Pessoas


Físicas
Introdução à Declaração de Ajuste Anual
∞ Declaração de Ajuste Anual – DAA - Declaração de Ajuste”, pois o imposto de renda é pago mensalmente, mas o
contribuinte deve “ajustar” (identificar o valor devido e o valor pago), ao menos, anualmente
∞ A diferença (imposto a restituir ou a pagar) pode surgir por vários motivos, como despesas não dedutíveis não
consideradas no cálculo mensal das retenções (o que justifica a restituição do imposto) ou rendimentos superiores à base
de retenções (o que justifica saldo de imposto a pagar).

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Obrigatoriedade de Entrega
∞ As regras para apresentação da DAA mudam de ano para ano; a mais recente considera que aqueles contribuintes com
rendimentos superiores a R$ 28.559,70 de rendimentos tributáveis (por exemplo salários, aluguéis, aposentadorias etc.)
são obrigados a entregar a declaração.
∞ Também são obrigados aqueles que realizaram, no ano, por exemplo, rendimentos isentos superiores a R$ 40.000,00 (por
exemplo, dividendos recebidos)
∞ ou quem tem bens acima do montante de R$ 300.000,00. Observar, neste caso, que é o valor de aquisição, ou seja, o
valor pago, não o valor de mercado (para o caso de imóveis, por exemplo).

Declaração de Casal
∞ existe algumas adequações no preenchimento da declaração, como informar os bens em “comum” do casal em apenas
uma das declarações
∞ informar os dependentes em apenas uma das declarações
∞ informar as despesas dos beneficiários (despesas médicas) na declaração do próprio beneficiário, independentemente de
quem pagou

Penalidades
∞ penalidades podem chegar à multa de 20% (vinte por cento) do imposto devido
∞ A penalidade é calculada, no caso de entrega em atraso, na própria declaração.
∞ A multa mínima é de um por cento por mês do valor devido, com valor mínimo de R$ 165,00 reais.

Obrigatoriedade da Certificação Digital


∞ No momento, o fisco só faz essa exigência para grandes contribuintes (quem recebeu rendimentos superiores a cinco
milhões gerais no ano ou realizou pagamentos superiores aos cinco milhões de reais).

Retificação
∞ posso corrigir espontaneamente essa declaração antes de cair na malha ou antes da declaração ser processada.
∞ poderei corrigir o erro se a declaração caiu em malha fiscal, que, a propósito, tem esse objetivo mesmo (incentivar a
autorregularização pelo contribuinte).
∞ O prazo para retificação da declaração é o prazo decadencial do Código Tributário Nacional – CTN (Lei n° 5.172/66).
∞ Depois do prazo da entrega da declaração (geralmente abril), se necessário retificar a declaração não será possível mudar
o tipo dela (se completa ou simplificada).
∞ Se a retificação ocorrer dentro do prazo de entrega, não terá esse problema.

Imposto a Pagar
∞ Quando a declaração aponta saldo de imposto a pagar, o pagamento pode ser feito em até 8 (oito) parcelas mensais,
corrigidas pela SELIC mais adicional de um por cento ao mês.
∞ O próprio programa faz o cálculo, observando que as cotas não podem ser inferiores a R$ 50,00 reais e que o saldo total
do imposto devido não pode ser inferior a R$ 100,00. Nesse caso deverá ser pago em uma única cota.
∞ O prazo para pagamento da primeira quota ou quota única é o último dia de entrega da declaração

Meios para Entrega


∞ Recomenda-se, sempre que possível, o preenchimento da declaração utilizando o recurso da Declaração Pré-Preenchida.

Apuração do IRPF
∞ existem dois tipos de formas de apresentação da declaração: utilizando as deduções legais (declaração completa) e
utilizando o desconto simplificado (declaração simplificada).
∞ No preenchimento da declaração, sempre devo informar o total das receitas e despesas indicadas na legislação tributária.
O programa vai considerar, para calcular o imposto devido, sempre a base dos tributos multiplicados pela alíquota. A
base vai mudar, contudo, se a declaração é completa ou simplificada.
∞ Pelo formato completo, a base de cálculo do IRPF será a soma dos rendimentos tributáveis menos a soma das deduções
previstas na legislação (e que serão detalhadas mais adiante). Despesas médicas, previdência e educação, por exemplo.

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∞ Pelo formato simplificado, a base será calculada pela soma dos rendimentos tributáveis menos um desconto automático
de 20% do total dos rendimentos tributáveis (limitado a R$ 16.754,34), ignorando as despesas.

Rendimentos
Rendimentos Tributáveis
∞ Os rendimentos tributáveis mais comuns são os rendimentos do trabalho, rendimentos de aluguéis, rendimentos de
pensões alimentícias e rendimentos recebidos acumuladamente (rendimentos recebidos “em atraso”, como aqueles
resultantes de ações judiciais)
∞ devem ser informados tanto os rendimentos dos declarantes quanto dos dependentes, sendo a omissão destes rendimentos
um dos principais motivos para a Malha Fiscal (cruzamento de informações da Receita Federal).

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∞ existem remunerações de Participação nos Lucros e Resultados – PLR que podem ser tributados ou não, dependendo da
forma que foi pago ao empregado, ou seja, é necessário que a fonte pagadora (quem pagou pelo serviço, podendo ser
pessoa física ou jurídica) entregue ao contribuinte, até o último dia útil do mês de fevereiro, esse documento conhecido
como “Informe de Rendimentos”. Se você não receber esse documento, o Art. 1.011 do Decreto 9.580/18 (Regulamento
do Imposto de Renda – RIR) diz que deve comunicar o fato à Receita Federal, ou seja, realizar uma denúncia. Se
constatada a irregularidade, a Receita Federal poderá multar a empresa ou pessoa física com multas que variam da
omissão por documento (R$ 41,43) até multas sobre o valor omitido (300%).
∞ aluguéis recebidos de Pessoas Físicas: é necessário destacar que quando o valor de um aluguel recebido é superior ao
limite de isenção (R$ 1.903,98), o contribuinte deve pagar mensalmente o carnê-leão (ou seja, recolher o tributo sobre o
rendimento “do mês”). Contudo, se o valor do aluguel for inferior, não haverá o carnê-leão, mas o contribuinte também
deverá declarar o montante recebido na DAA, e isso, possivelmente, implicará em aumento da base de tributação do
IRPF (aumenta as chances de “Imposto a Pagar”.
∞ Ainda sobre o aluguel, um alento para pagar menos IRPF é considerar as despesas associadas ao recebimento do aluguel.
Isto é, a legislação tributária (Decreto 9.580/18) permite que as despesas pagas pelo locador, como taxa de IPTU e
despesas de cobrança, sejam abatidas do aluguel “recebido”, ou seja, se o aluguel foi negociado com o locatário em R$
3.000, mas as despesas mensais do locador são R$ 500,00, o valor a ser informado na DAA como rendimento tributável é
R$ 2.500,00.

Rendimentos Isentos
∞ Rendimentos isentos e não tributáveis são aqueles rendimentos que a legislação tributária, mais especificamente o Art. 35
do Decreto 9.580/18, define explicitamente que não incide o imposto de renda
∞ A lista de rendimentos isentos previstos na legislação é bem “enxuta”, sendo os exemplos mais comuns os rendimentos
de algumas aplicações financeiras (como poupança) e os dividendos (lucros) recebidos por sócios ou acionistas de
empresas
∞ porque informá-lo, já que não vai influenciar o “imposto devido”? Primeiro, é necessário informá-lo por que a legislação
exige
∞ é necessária para justificar a “variação patrimonial” do contribuinte

Rendimentos Tributados Exclusivamente na Fonte


∞ são rendimentos que não influenciam o valor do Imposto Devido na DAA
∞ os rendimentos com tributação exclusiva não aumentam a base tributável na declaração do IRPF, mas, por outro lado,
não permitem a “restituição” do valor pago sobre tais rendimentos.
∞ e realizar uma aplicação financeira que vai gerar um rendimento com tributação exclusiva, sei que o rendimento será
tributado em 15%, por exemplo (a tributação de aplicações financeiras varia conforme o tipo de aplicação e o prazo de
aplicação – maior prazo, menor tributação). Se esse rendimento da aplicação fosse tributado como o salário, ele poderia
ser tributado em até 27,5%, o que poderia inviabilizar a rentabilidade do produto financeiro
∞ Outro exemplo de rendimento tributado exclusivamente é o 13º salário, e uma explicação simples para esse rendimento
receber tratamento especial é o seguinte: se o trabalhador tem um salário de $ 1.900,00, ele é isento do IRPF, mas se

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considerasse 13 vezes esse salário, o montante anual seria tributado, fazendo que esse contribuinte ficasse com saldo de
imposto “a pagar” na declaração.

Declaração de Bens e Direitos


∞ A ficha de Bens e Direitos na DAA não influencia o cálculo do valor devido do IRPF, sendo sua importância,
principalmente, para que o fisco possa monitorar a variação patrimonial
∞ Basicamente, quase todos os bens e direitos em posse do contribuinte devem ser informados na DAA, sendo as
“dispensas” somente aquelas observadas no Perguntas e Respostas IRPF (2021):
π Aplicações financeiras no montante inferior a 140,00 reais.
π Bens móveis com valor inferior a R$ 5.000,00 reais.
π Conjunto de ações e cotas de empresa de valor inferior a R$ 1.000,00 reais.

Verificação de conhecimento

Unidade 6

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Unidade 7

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Unidade 8

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