2o TRABALHO DE FUDAMENTO DE TEOLOGIA

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema: O Pensamento da Igreja Católica em questões da Bioetica

Nome: Marina Rafael Phunzo

Código do estudante: 708221264

Docente: João José Guilherme de Melo Bastos

Turma: V

Curso: Licenciatura em ensino de Geografia

Disciplina: Fundamentos de Teologia Católica

Ano de frequência: 2ᵒ Ano

Tete, Setembro,de 2023


Folha de feedback

Categorias Indicadores Padrões Classificação

Pontuação Nota Subtotal


máxima do
tutor

Estrutura Aspectos Capa 0,5


organizacionais
Índice 0.5

Introdução 0.5

Discussão 0.5

Conclusão 0.5

Bibliografia 0.5

Conteúdo Introdução Contextualização 1.0

Descrição dos 1.0


objectivos

Metodologia adequada 2.0


ao objecto do trabalho

Analise e Articulação e domínio 2.0


discussão
Revisão bibliográfico 2.0

Exploração dos dados 2.0

Conclusão Contributos teóricos 2.0


práticos

Aspectos Formatação Paginação, tipo e 1.0


gerais tamanho de letra,
paragrafo e espaçamento
entre linhas.

Referências Normas APA 6ª Rigor e coerência das 4.0


bibliográfica edição em citações / referências
s citações e bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria

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Índice pág.
1.Introducao.........................................................................................................................5

2.Fundamentacao teorica.....................................................................................................6

2.1.O Pensamento da Igreja Católica em questões da Bioetica...........................................6

2.2Bioética Personalista: respeito e cuidado com a vida e a pessoa humana......................7

2.3 O inicio da Vida Humana..............................................................................................9

2.4.Perceber a sexualidade humana (desvios sexuais, pecados de natureza sexual) tendo


presente o ideal da Igreja...................................................................................................10

2.5.Os Actos contra a vida humana com mais enfoque no aborto.....................................11

3.Conclusao.......................................................................................................................13

3.Bibliografia.....................................................................................................................14

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1.Introducao
O presente trabalho de pesquisa intitulado: ″ O Pensamento da Igreja Católica em
questões da Bioetica” enquadra-se na cadeira de Fundamento de Teologia Católica, como um
dos requisitos avaliativo. Salientar que esse trabalho foi desenvolvido nas linhas de pesquisa
na Universidade Católica de Moçambique (instituto de ensino à distância) na cidade de Tete.
De referir que nesse trabalho, iremos desenvolver a nossa pesquisa olhando para os seguintes
ponto: O Pensamento da Igreja Católica em questões da Bioetica, Bioética Personalista:
respeito e cuidado com a vida e a pessoa humana, O inicio da Vida Humana, Perceber a
sexualidade humana (desvios sexuais, pecados de natureza sexual) tendo presente o ideal da
Igreja, Os Actos contra a vida humana com mais enfoque no aborto.No que concerne a
estrutura, temos a introdução, de seguida temos a parte de desenvolvimento que corresponde
ao corpo do nosso trabalho, onde contemplamos as abordagens concernentes ao tema em
estudo e por fim temos a conclusão, e bibliografia.

No que diz respeito a metodologia, importa salientar que, na execução do nosso


trabalho, optamos pelo método bibliográfico, que consistiu na consulta de alguns livros e
manuais já publicados cientificamente que já abordaram questões ou assuntos pertinentes a
nossa pesquisa. No que diz respeitos aos objectivos, importa referir que traçamos como
Objectivo geral: Analisar sobre o desvio sexual e a posição da Igreja..Objectivos específicos:
Descrever o inicio da Vida Humana; Identificar os actos contra a vida humana com mis
enfoque no abordo; Falar O Pensamento da Igreja Católica em questões da Bioetica.

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2.Fundamentacao teorica
2.1.O Pensamento da Igreja Católica em questões da Bioetica.

A Igreja Católica, por meio de sua doutrina e de seu magistério sempre esteve à frente
das questões alarmantes de uma cultura de morte, buscando promover e afirmar o valor
sagrado e a inviolabilidade da vida humana.

Segundo a premissa cristã das instruções da Carta Encíclica Evangelium Vitae a


dignidade da pessoa humana é uma resposta a uma crescente relativização moral quanto às
estruturas de uma cultura de morte, “que avança, sobretudo nas sociedades do bem-estar”
(João Paulo II, 1995, p. 53), sob forma de degradação humana em tudo o quanto se opõe à
vida. (João Paulo II, 1995),

O conceito de dignidade da vida humana foi a fonte inspiradora da Declaração


Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948). O documento conclui que a dignidade humana
deve ser reconhecida e respeitada e que todo ser humano é unidade de corpo e espírito, aberto
ao horizonte do infinito, um ser que transcende a si mesmo e capaz de abrir-se ao ser
infinitamente transcendente de Deus (Pessini, 2009).

A carta conciliar fundamenta o conceito de inviolabilidade da vida e destaca o valor


incomparável da pessoa humana, num apelo mundial em defesa da sacralidade da vida
referendado pela Imago Dei (João Paulo II, 1995, p. 44). Retrata a cultura da morte como o
drama do homem contemporâneo e típico do contexto sociocultural que, é dominado pelo
secularismo e relativismo total, que coíbe o respeito pela vida humana e sua dignidade, pois
ao perder o sentido de Deus, perde-se o sentido do homem e deste pela vida (João Paulo II,
1995, p. 18).

A Igreja Católica, em seu magistério, leva a considerar o corpo criado por Deus como
bom e digno de respeito, pois consiste na sua vocação à união com o próprio Senhor (Paulo
VI, 1997). Este respeito pela vida exige que a ciência e a técnica estejam sempre orientadas
para o homem e para o seu desenvolvimento integral. A sociedade inteira deve vir a respeitar,
defender e promover a dignidade de toda a pessoa.

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2.2Bioética Personalista: respeito e cuidado com a vida e a pessoa humana

Por inúmeras vezes o ser humano encontra-se num cenário geopolítico e social o qual
é suscitado a cobranças e levado a desajustes intensos para os quais não se encontra
devidamente preparado, levando-o ao desespero e consequentemente, a efetivação do ato
suicida (Pessini, 2009).

A Bioética expõe casos de gestantes que sofrem morte cerebral, dando início à
polêmica em torno de ser obrigatório ou legítimo mantê-las vivas, mediante cuidados
intensivos que permitam a continuação da gravidez até a viabilidade do feto. Os argumentos
variam, indo desde o repúdio da utilização de um corpo declarado morto como incubadora até
a aceitação desse procedimento, quando os desejos da mãe são conhecidos ou quando há
familiares com interesses e desejos legítimos de dar continuidade à gravidez. É ilustrativo
desse caso que a decisão dependa das pessoas envolvidas e não considere se haveria um
direito do feto, como pessoa, a ser salvo a qualquer preço e sem prejuízo para a mulher
cerebralmente morta, mas competente em termos de gestação. Essa é uma situação extrema e
rara, mas ilustra com clareza que a trama relacional é mais determinante do que o suposto
direito de nascer do feto (Cantor & Hoskins, 1993).

Neste ínterim, a bioética torna-se chave de leitura da realidade em que se debate a


temática do suicídio, visto que a pessoa humana e a valorização de sua vida é, por excelência,
a sua categoria fundamental (Junges, 1999).

Conforme Durand (2007), ao se introduzir o neologismo bioético com Van Rensselaer


Potter, em 1970, tal é designado nos EUA como uma ciência da sobrevivência, baseada na
aliança do saber biológico com os valores éticos, sensibilizados à proteção da vida e saúde
humana. Mas, trata-se de uma ciência de vasta aplicação que engloba desde o controle da
população, a paz, a pobreza, a ecologia, a vida animal, o bem-estar da humanidade, e a
sobrevivência da espécie humana e do planeta como um todo, fato este que instaura a
responsabilidade social sobre toda a humanidade.

Atualmente se vivencia a presença de múltiplos modelos de bioética e, diante da


asserção de temeridade da vida e da morte, faz-se necessária uma abordagem a respeito de
questões éticas sobre o suicídio. São premissas éticas de defesa e promoção da vida humana
em seus mais diferentes aspectos (Junges, 1999).

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Entre estes desdobramentos bioéticos, uma linha de reflexão que aborda a questão da
defesa da dignidade da pessoa humana e do bem comum é a chamada bioética personalista.
Para a bioética personalista primeiramente se esclarece a teoria antropológica, tendo como
fundamento a pessoa humana; o ser humano é unitotalidade, humano integrado corpo e
espírito. Este pressuposto constitui a base dos quatro princípios da bioética personalista como
a defesa da vida física, a liberdade e responsabilidade, a totalidade ou princípio terapêutico e a
sociabilidade e subsidiariedade (Ramos, 2009).

Segundo Ramos (2009), o elencar dos princípios personalistas devem ser levados em
consideração em todas as decisões a respeito do relacionamento com o paciente, pois a vida
humana implica:

a) Respeito e direito à vida como direito fundamental. Primada pela defesa ativa,
promoção da vida e a valorização da pessoa humana em todas as suas dimensões com
o reconhecimento de suas limitações. Tal fato ordena sobre a inviolabilidade e
sacralidade da vida humana como ser único, irrepetível e insubstituível, que tangencia
desde a concepção até seu fim último.
b) Na união indissolúvel da liberdade e da responsabilidade a ser exercida somente nas
situações em que a ação de decisão depende de uma escolha pessoal, feita com
consciência e não instintivamente. É uma resposta diante da própria vida e da vida do
outro, envolvendo a dimensão social e moral, que impede a pessoa humana de agir
contra si mesmo. Na área da saúde este processo de decisão implica abertura com o
paciente, familiares e toda a equipe de saúde e, não obstante, com um Comitê de
Bioética.
c) No princípio da totalidade ou terapêutico que quer caracterizar a ação do
profissional de saúde ao priorizar a preservação da vida mais do que a preservação da
integridade física, considerada como o bem integral. É o respeito à totalidade de
dimensões da pessoa humana na sua integralidade.
d) Na unicidade do princípio da sociabilidade e de subsidiariedade que está
relacionado com o modo como as pessoas se relacionam umas com as outras o qual
revela o sentido que é dado para a vida, a própria vida humana. No âmbito da saúde
corresponde a valorização da vida e sua existência torna-se alvo de cuidado e atenção,
ou seja, assumir a responsabilidade pela promoção da vida e da saúde uns dos outros.

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Implica em reconhecer as responsabilidades dos diversos organismos da sociedade ao
reconhecer o bem comum no respeito aos direitos do indivíduo.

Dentre todos os princípios expostos este último ponto implica a Bioética Personalista
diante desigualdades e injustiças sociais atuais a qual exige um caminho de acesso à
promoção, prevenção e terapias.

Pondera que um olhar que reconhece a dignidade da pessoa humana em cada um


poderia ajudar sobre tais questões e tentar novos caminhos, considerando o bem comum e o
bem de cada um, de modo integral. Trata-se da pessoa que constrói a sociedade (Ramos,
2009).

Ramos (2009) explicita sobre os princípios da Bioética Personalista.A partir do


reconhecimento do valor da pessoa humana, os princípios do Personalismo Ontologicamente
Fundado são referências que orientam a escolha das ações intermediárias que têm como
objetivo o bem de todas as pessoas envolvidas no processo de cuidado na saúde. (Ramos,
2009, p. 70).

Segundo Grobstein (1981),realça que:

As decisões tomadas na área biomédica e os desafios apresentados à Bioética


funcionam, de fato e explicitamente, com base no critério relacional do início da vida
humana. Para a perspectiva relacional, o reconhecimento de um novo ser enraíza-se
menos nas características ontológicas que ele possua do que no estabelecimento de
uma relação com ele. O apoio acadêmico a essa postura ainda é escasso, por mais
generalizadamente que a sociologia o detecte, a questão é determinar quando o
desenvolvimento do embrião ou feto é geralmente reconhecido como humano e evoca
empatia em outro ser”(102)
2.3 Falar sobre o inicio da Vida Humana.
O aspecto concretamente controvertido não é em que momento se inicia o processo
vital, pois não é difícil admitir que este ocorre, nas formas de reprodução sexuada, no
momento da união dos gametas, cuja consolidação ocorre com a implantação ou nidação
uterina. Entretanto, essas considerações biológicas, mas não especificamente humanas,
afirmam a presença de um processo que é diagnosticado com base no cumprimento de etapas
do desenvolvimento embrionário. A questão de fundo é determinar se os processos do início
da vida são paralelos e idênticos ao aparecimento da vida humana, inclusive, para alguns, da
vida pessoal.

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A perspectiva mais radical e intransigente insiste que a vida humana pessoal se inicia
ao se produzir a união do óvulo com o espermatozóide, em um processo de fusão de
membranas denominado singamia. A partir dessa união, começam a recombinação genética e
a evolução de um novo ser humano, que, por ter uma dotação genética completa e definitiva, é
uma pessoa humana. Os traços ainda não-detectáveis são tidos como potencialmente presentes
e a eles se atribui o mesmo status moral que receberão quando vierem a se materializar.

A aceitação mais geral tem sido a idéia de que a vida humana se inicia em algum
momento do processo de desenvolvimento e maturação. A fase evolutiva em que se dá
por iniciada a vida humana vem sendo estabelecida de maneiras muito diversificadas.
Um critério recente, mas amplamente reconhecido, é o 14º dia de gestação, no qual o
embrião se implanta e se afirma com boas probabilidades de viabilidade. Mas a
implantação mais parece um critério de gravidez exitosa do que de desenvolvimento
ontogenético, razão pela qual existem diversas opiniões que situam o começo da vida
humana em etapas posteriores. Classicamente, o critério tem sido a animação, mas
este é tão impreciso, que a Congregação Para a Doutrina da Fé acabou por ratificar a
afirmação de Pio XII na Encíclica Humani Generis: “a alma espiritual de cada homem
é ‘imediatamente criada’ por Deus”( Ramos,1994,p. 11).
Sendo assim, essa variante do critério evolutivo superpõe-se à visão concepcional e
restringe sua validade àqueles que confiam na visão metafísica que a fundamenta. Outro
critério de começo da vida que tem antecedentes históricos importantes é a viabilidade fetal,
mas, quanto a esta, o desenvolvimento da medicina tem gerado uma situação paradoxal:
quanto mais imaturo é o feto, mais precário é seu futuro para desenvolver plenamente os
atributos de um ser humano com capacidade de tornar-se uma pessoa.

A razão disso é que os processos de fecundação e reprodução artificializaram-se a tal


ponto que é possível iniciar a vida humana em laboratório, modificar sua composição
genética, selecionar o produto obtido e dar início a seu desenvolvimento, para depois entregar.

2.4.Perceber a sexualidade humana (desvios sexuais, pecados de natureza sexual) tendo


presente o ideal da Igreja
A religião em relação à sexualidade tem sido um instrumento ideológico e político-
social, de forma que tem orientado os indivíduos para uma moral, na maioria das
vezes,negando sua sexualidade. A maior excepção vem dos orientais que se pautaram
pelasorientações religiosas do Taoísmo, Budismo e Confucionismo que têm uma relação nose
refere à sexualidade sem a força repressora como as Igrejas cristãs, desta forma asociedade
oriental sempre foi muito mais livre e natural que a ocidental.

Na verdade, a religião tem para os seres humanos uma importânciasignificativa. Seja


qual for à crença, não podemos ignorar que ela tem exercido forteinfluência sobre o

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comportamento e consequentemente, sobre a sexualidade humana. Éde grande utilidade ter
noções sobre a sexualidade na visão da religião numa perspectivahistórica, de forma a facilitar
o conhecimento em relação a seus valores, problemas,medos, conflitos, entre
outros((Tannahill, 1980)

Tudo que fosse encontrado ou descoberto sobre a própria vida sexual precisava
serrevelado. Segundo Foucault (1999b), nos séculos XVIII, XIX e XX, os discursossexuais
proliferaram-se. Nunca se falou tanto da intimidade sexual. O pudor discursivodiminuíra. As
palavras indecentes deveriam ser filtradas para expressar o sexo, masninguém poderia ficar
calado. As paixões deveriam ser mostradas sem inibição. Asociedade burguesa não parecia,
como se acreditava, regida por um regime sexualespartano que exigia reserva, silêncio
e discrição( Doerflinger,1999,p134).

A Igreja cristã, interessada no combate à sexualidade promíscua, não apenas


avalizavaas acções médicas como também organizava programas para enfrentar a ameaça
damasturbação e dos excessos sexuais. Assim como os médicos se apoiavam nas
doutrinascristãs para formular suas prescrições, os líderes religiosos adoptavam
osconhecimentos médicos para dar consistência a suas orientações morais (Araújo,1995).

Nesse período, encontrava-se em vigor a Medicina pastoral, área em que médicos


eclérigos se misturavam para advertir os jovens dos perigos das paixões. Os
pressupostosmédicos e as doutrinas religiosas uniam-se formando uma espécie de saber mais
sólido para convencer os indivíduos a abandonar os vícios sexuais. “Assim como os
médicosnão hesitaram em invadir os domínios de clérigos e educadores, estes por sua
vezretribuíram a gentileza intrometendo-se no campo do aconselhamento médico e seuniram
aos médicos no chamamento às armas” (Gay, 1999, p. 223).

2.5.Os Actos contra a vida humana com mais enfoque no aborto


As atitudes perante o aborto provocado têm-se relacionado com o conceito de início da
vida adotado pelas diversas culturas, razão pela qual cabe fazermos uma pequena digressão
sobre o assunto. Nos primeiros séculos da doutrina eclesiástica, a interrupção voluntária da
gravidez foi desigualmente condenada pela igreja católica, conforme o feto. Somente a partir
de 1869 é que foi decretada pelo Papa Pio IX a proibição absoluta de abortar o produto da
concepção, qualquer que fosse seu estado de desenvolvimento. Com isso, gerou-se o temor de
uma zona cinzenta, em que a gravidez poderia haver se iniciado, mas sem ter sido confirmada,
e em que qualquer manobra para evitar a concepção seria apenas presumivelmente abortiva,

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por desconhecer se a fecundação havia ocorrido. Em conseqüência, estendeu-se um manto
protetor sobre toda gravidez possível, proibindo-se a anticoncepção artificial, de tal sorte que
toda relação sexual fosse unitiva e procriadora,de maneira voluntária e consciente. No caso de
uma relação forçada - estupro, violação ou incesto -, o dom da procriação não ficava anulado
e, para as posturas dogmáticas, persistia a proibição do aborto. Com isso, pareceu evitar-se o
problema de determinar o começo da vida humana, que se iniciaria, presumivelmente, no ato
sexual, ficando proibida qualquer interferência no processo reprodutivo

Para Maturana (1991) opina, categoricamente, que:

A humanização do embrião ou feto não é um fenômeno que tenha lugar como parte de
seu desenvolvimento, mas principia quando a gravidez começa a ser um estado
desejado pela mãe e esta se desdobra em seu sentir e sua reflexão, dando origem, em
seu ventre, a um ser que tem um nome e um futuro. Quando sabe estar grávida, a
mulher, de acordo com a maioria das legislações contemporâneas, encontra-se em
condições de exercer um direito de escolha: assumir a maternidade ou rejeitar a
gravidez, buscando o aborto. Quando a gravidez é indesejada ou forçada, a escolha do
aborto conta com vasto apoio moral e jurídico, embora este não seja
incontestavelmente unânime(143)
O reconhecimento do início de uma vida humana por aceitação e compromisso, como
propõe a visão relacional, é uma atitude moralmente louvável e superior à acolhida passiva da
gravidez como um fato consumado e irreversível. Para pensadores como Emmanuel Levinas,
a ética nasce no momento do encontro com o outro e de sua aceitação. A ontologia – a
consciência de ser entre seres – é precedida pela relação com o outro e pela assunção da
responsabilidade por ele. A diaconia, diz Levinas, precede o diálogo. Toda a ética filosófica,
pelo menos desde Max Weber, gira em torno do agir de maneira responsável perante os
demais, de modo que é coerente propor que a relação mãe/filho se inicie no momento em que
a mãe conhece e aceita a presença do outro em seu ventre. Negar esse direito a uma mulher
que não esteja disposta a ser mãe constitui, na visão relacional, uma grave falha ética, tanto
em função do desprezo por sua autonomia quanto em função das graves conseqüências que
pode ter uma gravidez indesejada, ou, mais ainda, produto de um estupro ou uma violação
(Steinbock, 1992,p.19).

A decisão voluntária de assumir riscos razoáveis, para melhorar as probabilidades de


ter um filho sadio] está implícita em sua decisão de não abortar e na opção pela gravidez, o
que aumenta a responsabilidade assumida pela mulher em favor do feto, respaldando o dever
médico de proporcionar terapia fetal. (Mattingly, 1992,p. 14).

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E se uma mulher decidir não abortar, mas levar a gravidez a termo, haverá uma criança
que poderá ser prejudicada pelo que a mulher fizer durante a gestação. A aceitação da
gravidez determina a existência de um novo ser, diante do qual começam aresponsabilidade
ética e as obrigações morais de proteção materna e cuidados médicos.

3.Conclusao
Chegando o fim do trabalho, constatamos que, a sexualidade, portanto, sempre
exerceufascínio sobre o cristianismo, que não cansou de comentá-la, discuti-la, normalizá-la,
proibi-la e excitá-la. A Igreja cristã, mais especificamente a Igreja católica, produziutratados
com o propósito de convencer as mulheres a evitar o casamento e dedicar-se àcastidade bem
como redigiu documentos destinados a ensinar os monges a proteger-sedos desejos que
ameaçavam a santidade da alma.

Nos primeiros séculos da era cristã, o clero católico procurou combater o


matrimónio,instituição laica e privada, recorrente entre os membros da aristocracia romana.
Diantede sua permanência, a Igreja promoveu, com certa reticência, a sacramentalização
docasamento, autorizando-se, desse modo, a penetrar no quarto do casal, vasculhar
suaintimidade e estabelecer os limites entre o permitido e o proibido no âmbito dasexualidade.
Homens que, em tese, se privavam de viver a própria sexualidade ficaramresponsáveis por
orientar a vida sexual de fiéis que não sabiam o que fazer com os próprios desejos e temiam
suas manifestações.

E por fim notamos Bioética Personalista e da Igreja Católica podem subsidiar as ações
de cuidado, tratamento e prevenção do suicídio. Ressalta-se que a Bioética personalista
reafirma o direito à vida humana em todas as suas dimensões, em unitotalidade, visando à
defesa e promoção da saúde e, a Igreja Católica orienta os preceitos de respeito e promoção da
vida humana e da dignidade, como dom sagrado e inviolável em detrimento aos alarmantes
sintomas de uma cultura de morte.

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3.Bibliografia

Gay, G. (1999).The bioethical structure of a human being. Journal of Applied Philosophy. São
Paulo

Doerflinger, R. M. (1999).The ethics of funding embryonic stem cell research: a catholic


viewpoint. Kennedy Institute of Ethics Journal. Rio de janeiro.

Generis,L(1994).Congregación para la Doctrina de la Fe: instrucción sobre el respeto de la


vida humana naciente y la dignidad de la procreación.San Pablo

Greene, R. M. (2001).Does it means to use someone as ‘a means .São Paulo

Ramos,C.(1994). From Chance to Purpose. Reading, Mass.: Addison-Wesley Publishing. São


paulo

Maturana, H. R. (1991).Sentido de lo Humano. Santiago: Hachette.

Agostinho, S(1990).A virgindade consagrada. São Paulo: Paulinas

Cantor & Hoskins(1993).História da Sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro.

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