Zoologia Marinha
Zoologia Marinha
Zoologia Marinha
Sumário
3.1 Invertebrados.......................................................................................... 13
3.1.1 Poríferos........................................................................................ 13
3.1.2 Cnidários ....................................................................................... 15
3.1.3 Platelmintos................................................................................... 18
3.1.4 Nematelmintos .............................................................................. 19
3.1.5 Moluscos ....................................................................................... 21
3.1.6 Anelídeos ...................................................................................... 24
3.1.7 Crustáceos .................................................................................... 26
3.1.8 Equinodermos ............................................................................... 28
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1 INTRODUÇÃO A ZOOLOGIA
encurtador.com.br/mFO38
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que, em 1735, em sua obra Systema Natura e, formalizou o método binomial de
classificação de espécies que usamos até hoje. (Apud CORGOSINHO et al., 2010)
A história da classificação biológica e o papel da evolução na formação das
espécies e suas variedades são repletos de simplismos e injustiças. A primeira tentativa
de classificação levando em conta uma teoria evolutiva foi Ernst Haeckel (1834-1919) em
1866. Ele divide os seres vivos em três reinos: Plantae, representados pelas plantas
(incluindo algas pluricelulares, fungos e briófitas), Protista (micro-organismos) e Animalia
(animais). (Apud CORGOSINHO et al., 2010)
Esse autor baseou grande parte de seu trabalho na revolucionária teoria de
Wallace e Darwin, primeiramente divulgada em 1858 com o nome “Sobre a tendência
das espécies para formar variedades; e sobre a perpetuação das variedades e espécies
por meio de seleção” (On the Tendency of Species to form Varieties; and on the
Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection). Um ano após, em
1859, Darwin publica seu livro “Sobre a origem das espécies por meio de seleção natural,
ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida” (On the Origin of Species by
Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Racesin the Struggle for
Life). No entanto, o pensamento evolutivo e a ideia de que os organismos se modificam,
adaptando-se ao ambiente em que vivem já tinha aparecido, embora de forma distinta,
nos trabalhos e anotações de Erasmus Darwin (1731-1802), Jean-Baptiste Lamarck
(1744–1829), Étienne Geoffroy Saint-Hilaire (1772-1844), Robert Knox (1791-1862),
Robert Edmond Grant (1793-1874), Robert Jameson (1774-1854), Robert Chambers
(1802–1871), dentre outros. (Apud CORGOSINHO et al., 2010)
4
ancestralidade e parentesco, também é chamada de ciência da Biodiversidade.
(CORGOSINHO et al., 2010)
Em 1627 o naturalista John Ray introduziu um sistema de classificação mais
abrangente que resultou posteriormente no trabalho do botânico Carolus Linnaeus que
elaborou o sistema de classificação, o “Systema Naturae”. A ideia de Linnaeus era
organizar os organismos e as regras de classificação para padronizar e evitar erros, como
dar um mesmo nome para espécies distintas ou nomes diferentes para uma mesma
espécie. Para isso, são necessárias regras que são organizadas pela Taxonomia, parte
da Sistemática responsável por organizar os princípios a serem usados para comunicar
os resultados da análise sistemática. Ou seja, a Taxonomia é responsável pelas regras
de nomenclatura, tais como: dar nomes às espécies, gêneros e famílias. Além disso, a
Taxonomia é responsável pelas regras para formar coleções taxonômicas, rotulagem e
publicações taxonômicas. (Apud CORGOSINHO et al., 2010)
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expandiu-se, consideravelmente, desde os dias de Linnaeus. Ela inclui atualmente sete
categorias principais para o reino Metazoa, em ordem decrescente: reino, filo, classe,
ordem, família, gênero e espécie. Todos os organismos classificados devem pertencer a
pelo menos sete táxons, um para cada categoria principal. Os taxonomistas têm a opção
de subdividir ainda mais estas sete categorias e atualmente são conhecidas mais de 30
categorias taxonômicas em grupos mais diversos e complexos como peixes e insetos.
(CORGOSINHO et al., 2010)
O nome dos animais deve ser escrito em latim ou idioma latinizado e deve
estar em destaque no texto. Exemplo: Canis lupus (lobo);
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Todo animal deve ter um nome específico binomial composto pelo nome
genérico, escrito com primeira letra em maiúscula, seguido pelo epíteto
específico todo em minúsculo. Exemplo: Musca domestica (mosca)-Musca
(gênero), Musca domestica (espécie);
Uma espécie tipo deve ser explicitamente designada. Cada espécie tipo
deve ter um fixador do nome específico. Normalmente, esse fixador é um
espécime tipo, ou holótipo designado pelo autor, no momento da descrição
da espécie e que servirá como padrão para a espécie;
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Copepoda) foi proposto por Jakobi em 1972 para incluir a espécie
Paraforficatocaris paraensis jakobi, 1972. Antes da publicação desse
gênero, também em 1972, o mesmo autor, em um trabalho diferente, propôs
o gênero Brasilibathynellocaris para incluir 3 outras espécies relacionadas.
Estudos recentes indicaram que Paraforficatocaris é um
Brasilibathynellocaris. Portanto, apesar de que ambos os nomes sejam
válidos, os dois são sinônimos, sendo Paraforficatocaris um sinônimo júnior.
Pelo princípio da prioridade, o nome genérico Brasilibathynellocaris,
proposto anteriormente, deve ser adotado.
Como tudo em biologia, ainda hoje existe uma grande controvérsia quanto ao
número de reinos da natureza, mas a maioria dos autores concorda que existem 5 reinos:
Monera, Fungi, Plantae, Protista e Metazoa. (CORGOSINHO et al., 2010)
Esses cinco reinos permaneceram com a classificação mais aceita, até o
desenvolvimento da sistemática molecular, ao final do século XX, quando ficou aparente
que nem os Protistas e nem os Moneras são monofiléticos. Atualmente, muitos autores
dividem o reino Monera em dois: Eubacteria e Archaea. Os antigos Protistas são divididos
em um número ainda maior de grupos monofiléticos mais próximos de fungos, animais,
plantas e alguns “Moneras’’. Vírus não são incluídos dentro dos cinco reinos, havendo
uma ampla discussão a respeito da condição de seres vivos proposta para esses
“organismos’’. (CORGOSINHO et al., 2010)
O reino Monera engloba os organismos procariotos, isto é, organismos que não
possuem células com núcleo ou organelas envoltas por membranas. Dentro deste reino
estão as bactérias e cianofíceas (algas azuis ou cianobactérias). Todos os outros reinos
são de organismos eucariotos, cujas células que possuem membranas circulando o
núcleo e as outras organelas. O estudo destes organismos se encontra inserido na
microbiologia, mais especificamente na bacteriologia. (CORGOSINHO et al., 2010)
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O reino Fungi é representado por organismos heterotróficos (não produzem seu
próprio alimento), saprofágicos (se alimentam de matériaorgânica em decomposição),
que possuem parede celular quitinosa. Aqui se encontram os fungos e cogumelos. O
estudo dos organismos deste reino é chamado de micologia. (CORGOSINHO et al.,
2010)
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O reino Protista é formado por organismos unicelulares ou multicelulares, porém
sem apresentar tecidos verdadeiros ou desenvolvimento embrionário. Abrigam os
chamados “protozoários” e as algas. (CORGOSINHO et al., 2010)
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2 PLANOS DE SIMETRIA
Os animais têm três planos de simetria básicos: seres de simetria radial, seres de
simetria bilateral (como nós) e seres sem simetria (assimétricos). (GUERRA et al., 2011)
As esponjas e outros organismos mais simples não têm simetria, ou seja, não têm
um formato definido, crescendo de acordo com o ambiente em que ele vive.
As águas-vivas, os corais, as estrelas-do-mar e os ouriços, por exemplo, têm
simetria radial, ou seja, têm partes iguais do corpo, quando se divide em vários planos
imaginários passando pelo centro. Assim, possuem geralmente um formato circular, com
a boca no meio dos eixos de simetria. (GUERRA et al., 2011)
Os animais bilaterais só têm um eixo de simetria longitudinal, formando lados
iguais, esquerdo e direito, e um lado anterior, ou da frente, diferente do posterior, ou de
trás. Um eixo que passa o animal do lado esquerdo ao direito e vice-versa é transversal.
Os lados de cima e de baixo são chamados, respectivamente, de lado dorsal e ventral.
Esta é a forma de simetria mais comum entre os animais. (GUERRA et al., 2011)
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A simetria bilateral permitiu aos animais uma maior locomoção, já que, com o eixo
anteroposterior, eles têm um movimento unidirecional para frente, desenvolvendo uma
cabeça com órgãos sensoriais especiais, um sistema nervoso central, uma musculatura
complexa e todo um metabolismo adaptado para esse grande gasto energético.
(GUERRA et al., 2011)
3 ANIMAIS MARINHOS
3.1 Invertebrados
3.1.1 Poríferos
As esponjas são animais de plano básico corporal muito simples que vivem em
ambientes aquáticos, muito comuns em todos os mares, mas presentes também em
corpos de água doce, principalmente lagoas. São animais sésseis (fixos, ou seja, que
não se locomovem) e que não possuem tubo digestivo nem boca. São caracterizados por
possuírem um esqueleto formado por milhares de pequenas espículas minerais (de
calcário ou sílica). Muitas vezes, o esqueleto de animais mortos forma uma estrutura
parecida com uma esponja de banho (por isso o nome dos animais deste filo). (GUERRA
et al., 2011)
Como elas não têm tubo digestivo, se alimentam de seres vivos microscópicos e
pequenas partículas orgânicas que são capturados e digeridos internamente por células
especiais, os coanócitos. Pelo seu corpo todo perfurado, formado por canais e espaços
internos, passa um fluxo contínuo de água, que garante sua respiração, alimentação e
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limpeza. Por isso, o nome do filo é Porifera, que significa “portador de poros”. (GUERRA
et al., 2011)
Elas são consideradas como o táxon irmão de todos os outros animais, assim
como outros filos de animais marinhos mais raros, como Placozoa e Rhombozoa. Todos
os outros animais, exceto estes filos, têm tecidos verdadeiros e boca (Eumetazoa),
aquisições evolutivas que permitiram toda a diversificação zoológica que conhecemos
hoje. Portanto, o ancestral do Reino Metazoa, provavelmente tinha a estrutura corporal
tão ou mais simples do que os animais dos três filos tratados nesta unidade (Porifera,
Placozoa e Rhombozoa). (GUERRA et al., 2011)
encurtador.com.br/flzD0
As esponjas ocorrem em todos os mares onde haja substrato para sua fixação,
mesmo mole, como areia. Em muitos locais, como alguns costões rochosos na zona
entremarés ou em recifes de corais, elas podem ser muito abundantes, cobrindo toda
uma rocha, por exemplo, e bem diversas. Elas podem ser incrustantes, ou seja, ter uma
estrutura menos rígida e cobrir um substrato duro, mantendo a forma dele, ou ter um
esqueleto forte, desenvolvendo formas eretas e grandes, chegando a até dois metros de
altura! Podem ter estrutura esquelética calcárea ou de sílica, ou os dois no mesmo
indivíduo, podendo ter formas ramificadas, arredondadas, tubulares ou até mesmo sem
forma definida. Também pode-se encontrar esponjas de todas as cores possíveis. Na
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água doce, o filo é bem menos diversificado, sendo inclusive incomum encontrá-las em
rios e lagos. (GUERRA et al., 2011)
Existem três tipos estruturais básicos nas esponjas, dependendo da espécie:
asconóide, siconóide e leuconóide, sendo a última mais complexa. Elas se diferenciam
pela quantidade de córtex, ou seja, de massa compacta de mesogléia e esqueleto entre
os espaços internos, e a quantidade de superfície interna onde ficam os coanócitos.
Assim, as esponjas asconóides têm um átrio simples, com os óstios dando acesso
diretamente a ele, e um único ósculo. As siconóides têm seus óstios se abrindo em
câmaras internas onde está a camada de coanócitos. Estas câmaras, então, se abrem
no átrio principal. Assim, as câmaras coanocitárias dão maior superfície para a presença
de grande quantidade de coanócitos, permitindo uma maior alimentação, respiração e
outras funções vitais em um menor volume total do animal. A leuconóide possui uma rede
complexa de câmaras e canais imersos em um espesso córtex de mesogléia. Assim, os
óstios estão bem separados do átrio e este se reduz a pequenos canais exalantes que
se abrem em vários ósculos. (GUERRA et al., 2011)
encurtador.com.br/ktEKO
3.1.2 Cnidários
O filo Cnidaria (Gr. knide, irritante + L. aria [sufixo plural], como ou conectado com)
é um grupo interessante, com mais de 9.000 espécies. O grupo inclui algumas das
criaturas mais estranhas e encantadoras da natureza: hidroides ramificados parecidos
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com plantas; anêmonas-do-mar parecidas com flores; águas-vivas; e os arquitetos do
assoalho oceânico, os coraiscórneos (gorgônias e outros) e os corais-pétreos, cujos
milhares de anos de construção de edifícios calcários produziram os grandes recifes e
ilhas de coral (adiante). (HICKMAN JR et al., 2016)
O nome do filo vem das células chamadas cnidócitos, as quais podem conter
organelas (cnidas) características do filo. O tipo mais comum de cnida é o nematocisto,
descrito no ensaio de abertura. Apenas os cnidários produzem os cnidócitos, mas alguns
ctenóforos, moluscos e platelmintos ingerem os hidroides e passam a portar os
nematocistos, estocando e usando essas células urticantes para a sua própria defesa.
(HICKMAN JR et al., 2016)
Os cnidários são um grupo antigo, com a história fóssil mais antiga que qualquer
outro animal, alcançando mais de 700 milhões de anos atrás. Eles estão distribuídos por
todos os habitats marinhos, e alguns poucos habitam a água doce. Os cnidários são
encontrados abundantemente em habitats marinhos de águas rasas, especialmente em
temperaturas mais quentes e regiões tropicais. Não há nenhuma espécie terrestre. Os
hidroides coloniais são normalmente encontrados presos às conchas de moluscos,
rochas, pilastras e outros animais de águas costeiras rasas, mas algumas espécies vivem
em grandes profundidades. As medusas flutuantes e livre-nadantes são encontradas no
mar aberto e em lagos, frequentemente longe da costa. Os animais como a caravela-do-
mar e Velella (L. velum, véu + ellus, sufixo diminutivo) têm flutuadores ou velas por meio
dos quais são levadas pelo vento. Embora eles sejam principalmente sésseis ou, na
melhor das possibilidades, de locomoção lenta ou de natação lenta, os cnidários são
predadores bastante eficientes, inclusive de organismos que são muito mais rápidos e
mais complexos. (HICKMAN JR et al., 2016)
Quatro classes de Cnidaria eram tradicionalmente reconhecidas (Figura 13.2): os
Hydrozoa (a classe com maior variação, incluindo hidroides, corais-de-fogo, caravelas-
do-mar e outros), os Scyphozoa águas-vivas “verdadeiras”), os Cubozoa (águas-vivas
cúbicas) e os Anthozoa (maior classe, incluindo as anêmonas-do-mar, corais-pétreos,
corais-moles e outros). Uma quinta classe, os Staurozoa, foi proposta porque as
filogenias recentes mostram que as estauromedusas não pertencem aos Scyphozoa.
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Esses animais estranhos não formam uma medusa livre-nadante, mas o corpo do pólipo
tem uma região na forma de medusa em seu ápice. (HICKMAN JR et al., 2016)
Caravela
Água viva
Corais
Anêmona do mar
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3.1.3 Platelmintos
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Os platelmintos são animais vermiformes comuns que vivem no mar, água doce e
em ambientes terrestres úmidos. O filo tem importantes representantes parasitas de
outros animais, como as solitárias (Taenia) e o Schistosoma, que causam doenças
comuns no Brasil. Os de vida livre são chamados normalmente de planárias, podendo
ser aquáticas ou animais que vivem nas florestas, de todos os tamanhos e algumas
extremamente coloridas. (GUERRA et al., 2011)
Esses animais são pertencentes ao grande clado Bilateria, que incluem os vermes,
os insetos, os moluscos e os vertebrados (nós também!), por exemplo. A condição
bilateral permitiu a imensa diversificação dos animais, com aproximadamente um milhão
de espécies viventes. Com a simetria bilateral, os animais começaram a se locomover
para frente o que ocasionou, evolutivamente, a aquisição da cabeça, tão importante em
animais mais complexos. (GUERRA et al., 2011)
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Eles possuem um tubo digestivo complexo, mas possuem apenas boca, sem ânus.
Possuem estruturas especializadas para excreção e reprodução, assim como um sistema
nervoso central e cefalização (estruturas sensoriais e gânglio na frente) e tecidos
musculares formando feixes. (GUERRA et al., 2011)
Todos animais bilaterais (do clado Bilateria) também são triblásticos, ou seja, têm
ectoderme e endoderme (como os Cnidaria), mas também uma mesoderme, ou seja, um
tecido entre a ectoderme e a endoderme. Os platelmintos têm um plano básico bem
parecido com o do ancestral de todos os Bilateria, apesar de muito deles terem se
modificado bastante evolutivamente, principalmente os parasitas. (GUERRA et al., 2011)
3.1.4 Nematelmintos
19
como proteínas, sais, amônia e açúcares, por exemplo, onde estão submersos órgãos
como os sistemas reprodutor e o excretor. (GUERRA et al., 2011)
Os Nematoda não têm estruturas respiratórias ou circulatórias, apesar do
blastoceloma cumprir em parte estas funções. As trocas gasosas ocorrem por difusão
pelas células do tegumento. (GUERRA et al., 2011)
Existem as mais variadas formas de alimentação entre os Nematoda: comedores
de depósitos marinhos, detritívoros, predadores, entre outros, sendo o parasitismo de
animais e plantas muito comum. (GUERRA et al., 2011)A boca tem estruturas variadas
relacionadas a forma de alimentação, como estiletes para predar, papilas, cerdas,
ganchos, mandíbulas, etc., dispostas radialmente em volta dela. A faringe tem uma
mobilidade razoável, podendo servir para protrair estruturas e sugar líquidos. (GUERRA
et al., 2011)
Possuem um sistema excretor simples formado por duas a três células muito
grandes imersas no blastoceloma, as células renete. Elas absorvem amônia e
principalmente excesso de água (função osmorregulatória) do blastoceloma e excreta
para o meio externo por um poro próprio. Muita amônia também sai por difusão do
organismo. (GUERRA et al., 2011)
O sistema nervoso é formado principalmente por um cordão nervoso longitudinal
ventral e outro menor dorsal, interligados por uma série de nervos laterais e transversais
que variam nos táxons. Na parte anterior do corpo, existe um anel nervoso em volta do
tubo digestivo e um gânglio cefálico principal, além de vários outros gânglios menores.
Aí também ocorrem quimiorreceptores especializados e cerdas e papilas variadas com
função tátil. (GUERRA et al., 2011)
Os Nematoda apresentam apenas musculatura longitudinal com células dispostas
homogeneamente na parede do blastoceloma. Por isso, eles apenas fazem movimentos
ondulatórios, como os de um chicote. Com a ajuda de cerdas, espinhos e estrias e a força
do esqueleto hidrostático do fluido do blastoceloma (pense em um balão cheio de água),
eles se locomovem sobre substrato sólido e nadam. (GUERRA et al., 2011)
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3.1.5 Moluscos
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Mollusca (L. molluscus, mole) é um dos maiores filos do reino animal depois dos
Arthropoda. Existem mais de 90.000 espécies atuais e cerca de 70.000 fósseis. Os
moluscos são protostômios lofotrocozoários celomados, e, como tais, desenvolvem-se
via clivagem espiral em mosaico, formando um celoma por esquizocelia. O estágio larval
ancestral é uma trocófora, mas o desenvolvimento é amplamente modificado dentre as
classes. (HICKMAN JR et al., 2016)
O nome Mollusca indica uma de suas características distintas, o corpo mole. Esse
grupo muito diversificado inclui os quítons, escafópodes ou dentes-de-elefante, caracóis,
lesmas, nudibrânquios, pterópodes ou borboletas-do-mar, amêijoas, mexilhões, ostras,
lulas, polvos e náutilos. O grupo varia desde organismos razoavelmente simples a alguns
dos invertebrados mais complexos; em tamanho, variam do quase microscópico até a
lula gigante do gênero Architeuthis. Esses gigantescos moluscos podem atingir cerca de
20 m de comprimento, incluindo seus tentáculos, e pesar até 900 kg. As conchas de
alguns bivalves gigantes (p. ex., Tridacna gigas) que habitam os recifes de corais do Indo-
Pacífico atingem 1,5 m de comprimento e pesam mais de 250 kg. Entretanto, esses são
casos extremos, pois provavelmente 80% de todos os moluscos têm menos que 10 cm
como dimensão máxima da concha. O filo inclui alguns dos invertebrados mais vagarosos
e alguns dos mais velozes e ativos. Ele inclui, ainda, herbívoros pastadores, carnívoros
predadores, filtradores, detritívoros e parasitas. (HICKMAN JR et al., 2016)
Os moluscos ocupam uma grande variedade de habitats, desde os trópicos até os
mares polares. Eles ocorrem a altitudes que excedem 7.000 m, em pequenos e grandes
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lagos, cursos d’água, em planícies lodosas litorâneas, em regiões sujeitas ao impacto de
fortes ondas e em mar aberto, desde a superfície até profundidades abissais. Eles
apresentam uma diversidade de hábitos de vida, incluindo alimentadores do fundo,
cavadores, perfuradores e formas pelágicas. De acordo com a evidência fóssil, os
moluscos originaram-se no mar e a maioria deles ali permaneceu. Boa parte de sua
evolução ocorreu ao longo das áreas costeiras, onde o alimento era abundante e os
habitats variados. Somente os bivalves e os gastrópodes invadiram habitats de águas
salobra e doce. Como se alimentam por filtração, os bivalves foram incapazes de deixar
o ambiente aquático. As lesmas e os caracóis (gastrópodes) são os únicos que realmente
invadiram o ambiente terrestre. Os caracóis terrestres têm distribuição limitada por suas
necessidades de umidade, abrigo e presença de cálcio no solo. (HICKMAN JR et al.,
2016)
Os moluscos são explorados de diversas maneiras pelos humanos. Como mostra
o texto inicial, muitas espécies são fontes de alimento. Os botões de madrepérola são
obtidos de conchas de bivalves. As bacias dos rios Mississippi e Missouri, cujo estoque
de bivalves tem sido mantido empregando-se a propagação artificial, fornecem material
para essa indústria nos EUA. As pérolas, tanto as naturais quanto as cultivadas, são
produzidas nas conchas de amêijoas e ostras, a maioria delas na ostra perlífera marinha,
Meleagrina, encontrada no entorno da Ásia oriental. (HICKMAN JR et al., 2016)
Alguns moluscos são considerados pragas. Os teredos (ou cupins-do-mar, turus),
que são bivalves de várias espécies, causam grande dano a navios e ancoradouros de
madeira. Para prevenir a devastação causada pelos teredos, os ancoradouros devem ser
tratados com creosoto ou construídos em concreto (infelizmente, alguns teredos ignoram
o creosoto, e outros bivalves perfuram concreto). Os caracóis e as lesmas
frequentemente danificam jardins e outras vegetações. Além disso, os caramujos servem
como hospedeiros intermediários para perigosos parasitas de humanos e animais
domésticos. Os caramujos perfuradores do gênero Urosalpinx rivalizam com as estrelas-
do-mar na destruição de ostra. (HICKMAN JR et al., 2016)
As divisões básicas do corpo são cabeça, pé e massa visceral, esta última
comumente coberta por uma concha.
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As classes Caudofoveata e Solenogastres constituem um pequeno grupo de
moluscos vermiformes desprovidos de concha, mas que possuem escliretes ou espículas
em faixas ao longo do corpo larval. Essas faixas podem ser homólogas às regiões do
corpo que produzem as placas de conchas em quítons. (HICKMAN JR et al., 2016)
A classe Monoplacophora é um pequeno grupo marinho univalve, que exibe
pseudometameria. Os Polyplacophora são organismos marinhos mais comuns, com
concha constituída de uma série de sete ou oito placas. São animais um tanto
sedentários, com uma fileira de brânquias ao longo de cada lado do pé. (HICKMAN JR
et al., 2016)
Gastropoda é a maior classe de moluscos e a mais bem-sucedida. Sua intrigante
história evolutiva inclui um estágio de torção, por meio da qual o ânus e a cabeça situam-
se na mesma extremidade do corpo, bem como o enrolamento, uma elongação da massa
visceral, seguida de seu enrolamento em espiral. A torção levou ao problema da
autopoluição, isto é, a liberação e precipitação de excretas sobre a cabeça e diante das
brânquias, problema esse evitado de modos variados entre diferentes gastrópodes. Entre
as soluções para evitar a autopoluição estão a captação de água para dentro da cavidade
do manto por um dos lados do corpo e escoamento pelo outro (muitos gastrópodes), certo
grau de destorção (opistobrânquios) e conversão da cavidade do manto em um pulmão
(pulmonados). (HICKMAN JR et al., 2016)
A classe Bivalvia é marinha e de água doce, e tem a concha dividida em duas
valvas unidas por um ligamento dorsal e mantidas juntas por um músculo adutor. A
maioria dos bivalves é filtradora, drenando e filtrando água através das brânquias por
ação ciliar. (HICKMAN JR et al., 2016)
Scaphopoda é uma pequena classe cujos membros apresentam uma concha
tubular, aberta em ambas as extremidades, e o manto envolvendo o corpo. (HICKMAN
JR et al., 2016)
Os membros da classe Cephalopoda são todos predadores e muitos podem nadar
rapidamente. Seus braços e tentáculos capturam presas por secreções adesivas ou por
meio de ventosas. Eles nadam expelindo água vigorosamente da cavidade do manto,
fazendo-a passar através de um funil, que derivou do pé. (HICKMAN JR et al., 2016)
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Há evidências embriológicas e moleculares de que os moluscos compartilham um
ancestral comum com os anelídeos mais recentemente do que um e outro desses filos
compartilham com os artrópodes ou os deuterostômios. Entretanto, há considerável
debate sobre a posição filogenética dos moluscos dentro de Lophotrochozoa, bem como
sobre suas relações com outros filos de protostômios. Possivelmente, os moluscos com
repetição de partes do corpo são derivados de ancestrais moluscos não segmentados.
(HICKMAN JR et al., 2016)
3.1.6 Anelídeos
encurtador.com.br/mVZ03
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parapódios pareados. Os parapódios apresentam uma grande variedade de adaptações
entre os poliquetas, incluindo a especialização para natação, respiração, rastejamento,
manutenção da posição dentro de uma galeria, bombeamento de água através de uma
galeria e alimentação acessória. Alguns poliquetas são principalmente predadores com
uma faringe eversível com mandíbulas. Outros raramente deixam as galerias ou tubos
nos quais vivem. Vários tipos de alimentação em depósito ou por filtração são conhecidos
entre os membros desse grupo. Os poliquetas são dioicos, têm um sistema reprodutivo
sem clitelo, fecundação externa e uma larva trocófora. (HICKMAN JR et al., 2016)
Pleistoannelida está dividido em dois clados, ambos os quais incluem os animais
com um plano corporal dos poliquetas. Errantia contém poliquetas de movimentação livre.
Sedentaria contém animais com planos corporais dos poliquetas que foram modificados
para viver em tubos ou tocas, como os siboglinídeos e equiúros. (HICKMAN JR et al.,
2016)
Os siboglinídeos vivem em tubos no solo dos oceanos profundos e são
metaméricos. Não têm boca nem trato digestivo, mas, aparentemente, absorvem algum
nutriente com a coroa de tentáculos localizada em sua extremidade anterior. Grande
parte de sua energia vem de bactérias quimioautotróficas em seu trofossomo. (HICKMAN
JR et al., 2016)
Os equiúros são vermes marinhos escavadores, e a maioria alimenta-se em
depósitos, com uma probóscide anterior a sua boca. Algumas espécies têm cerdas
epidérmicas, mas não segmentação. (HICKMAN JR et al., 2016)
Sedentaria também contém anelídeos com planos corporais dos oligoquetos e
sanguessugas; esses dois grupos são incluídos nos Clitellata. As minhocas e muitos
anelídeos de água doce são oligoquetos; têm um pequeno número de cerdas por
segmento (em comparação com Polychaeta), mas não parapódios. Apresentam um
sistema circulatório fechado, e o vaso sanguíneo dorsal é o principal órgão bombeador.
Nefrídios pareados ocorrem na maioria dos segmentos. As minhocas contêm um sistema
nervoso anelidiano típico: gânglios cerebrais dorsais conectados a um cordão nervoso
ventral duplo, com gânglios segmentares, ao longo do comprimento do verme. Os
oligoquetos são hermafroditas e praticam a fecundação cruzada. O clitelo tem um papel
importante na reprodução, incluindo a secreção de muco que envolve os animais durante
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o acasalamento e a secreção de um casulo que irá receber os óvulos e os
espermatozoides e dentro do qual ocorrerá o desenvolvimento embrionário. Um verme
jovem, pequeno, emerge do casulo. (HICKMAN JR et al., 2016)
As sanguessugas (classe Hirudinida) ocorrem principalmente na água doce,
embora algumas sejam marinhas e outras terrestres. Alimentam-se principalmente de
fluidos; muitas são predadoras, algumas parasitas temporárias e poucas parasitas
permanentes. (HICKMAN JR et al., 2016)
As sanguessugas hermafroditas se reproduzem de uma maneira semelhante à
dos oligoquetos, com fecundação cruzada e a formação de um casulo por meio do clitelo.
(HICKMAN JR et al., 2016)
Os sipúnculos são vermes marinhos escavadores pequenos, com um introverte
eversível na extremidade anterior do corpo. O introverte apresenta tentáculos usados na
alimentação em depósitos. Os sipúnculos não são segmentados. (HICKMAN JR et al.,
2016)
As evidências embriológicas posicionam os anelídeos com os moluscos e os
artrópodes em Protostomia. A evidência molecular sugere que os anelídeos e os
moluscos são parentes mais próximos um do outro (em Lophotrochozoa) do que qualquer
um dos filos é dos artrópodes (em Ecdysozoa). Os sipúnculos também são parentes dos
anelídeos, mas compartilham algumas características com os moluscos. (HICKMAN JR
et al., 2016)
3.1.7 Crustáceos
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26
Os crustáceos (L. crusta, concha) são assim denominados porque a maioria porta
um revestimento endurecido. Mais de 67.000 espécies foram descritas e, provavelmente,
as existentes correspondam a várias vezes esse número. As espécies comestíveis são
as mais familiares às pessoas, como, por exemplo, lagostas, lagostins, camarões e
caranguejos. Além desses Os crustáceos com exoesqueleto bastante calcificado, há uma
fantástica quantidade de formas pouco familiares, como copépodes, ostrácodes, pulgas-
d’água, anfípodes ectoparasitos de baleias, notóstracos e o krill. Eles preenchem uma
ampla variedade de papéis ecológicos e mostram enorme variação em suas
características morfológicas, tornando singularmente difícil uma descrição satisfatória
desse grupo como um todo. (HICKMAN JR et al., 2016)
Além de um par de mandíbulas, esses animais têm dois pares de antenas e dois
pares de maxilas. Seus tagmas são uma cabeça e tronco ou cabeça, tórax e abdome.
Muitos têm uma carapaça. A condição birreme dos apêndices dos crustáceos é uma
característica ancestral. (HICKMAN JR et al., 2016)
Todos os artrópodes precisam livrar-se periodicamente de sua cutícula antiga
(ecdise) e crescer aumentando suas dimensões antes que a cutícula recentemente
secretada enrijeça. Os períodos pré-muda e pós-muda são controlados por hormônios,
do mesmo modo que outros processos, como as mudanças na cor do corpo e a
expressão das características sexuais. (HICKMAN JR et al., 2016)
Os hábitos alimentares variam muito em Crustacea, e há muitos predadores,
detritívoros, comedores de partículas em suspensão e parasitos. A respiração ocorre
através da superfície do corpo ou por brânquias, e os órgãos excretores ocorrem como
glândulas antenais ou maxilares. A circulação, como em outros artrópodes, ocorre
através de um sistema aberto formado por seios (hemocele), e um coração tubular dorsal
é o principal órgão bombeador. Os crustáceos, na sua maioria, têm olhos compostos
constituídos por unidades denominadas omatídios. Os sexos são, em geral, separados.
(HICKMAN JR et al., 2016)
Branchiopoda é caracterizada por apresentar filopódios e abrange, entre outras, a
ordem Diplostraca, ecologicamente importante como zooplâncton. Os copépodes não
têm carapaça nem apêndices abdominais. São abundantes e estão entre os mais
importantes consumidores primários em muitos ecossistemas de água doce e marinhos.
27
Muitos são parasitos. Na sua maioria, os membros do Thecostraca são sésseis quando
adultos, secretam uma concha calcária e filtram alimento por meio de seus apêndices
torácicos. Os Branchiura são constituídos de parasitos de peixes, e estreitamente
relacionados com eles estão os pentastomídeos (membros antigos do filo Pentastomida),
parasitos dos pulmões e fossas nasais de vertebrados. (HICKMAN JR et al., 2016)
Os Malacostraca são um grupo familiar e diverso, cujas ordens mais importantes
são Isopoda, Amphipoda, Euphausiacea e Decapoda. Todas com apêndices abdominais
e torácicos. Os isópodes não têm carapaça e são, em geral, achatados
dorsoventralmente. Os anfípodes também não têm carapaça, mas são em geral
achatados lateralmente. Os eufausiáceos são parte importante do plâncton oceânico,
denominados krill. Os decápodes abrangem siris e caranguejos, camarões, lagostas,
lagostins e outros; têm cinco pares de patas ambulacrais (incluindo os quelípodes) no
tórax. (HICKMAN JR et al., 2016)
3.1.8 Equinodermos
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bastante distinto dos demais animais. O nome Echinodermata (L. echinatus, espinhoso,
+ Gr. derma, pele, + ata, caracterizado por) é derivado da presença de espinhos ou
protuberâncias externas. Todos os membros do filo têm um endoesqueleto calcário na
forma de placas ou representado por diminutos ossículos. (HICKMAN JR et al., 2016)
As características mais evidentes dos equinodermos são (1) endoesqueleto
espinhoso em placas, (2) sistema hidrovascular, (3) pedicelárias, (4) brânquias dérmicas
e (5) simetria pentarradial básica nos adultos. Nenhum outro grupo, com tal sistema de
órgãos complexo, tem simetria radial. (HICKMAN JR et al., 2016)
Os equinodermos são um grupo antigo de animais conhecidos desde o período
Cambriano. A descoberta recente dos equinodermos adultos bilateralmente simétricos a
partir da metade do início do Cambriano (Europa) indica que a simetria pentarradial é
derivada. Os biólogos há muito assumiram um ancestral bilateral devido às larvas dos
equinodermos serem bilateralmente simétricas, apesar da ausência de evidências. As
formas bilaterais antigas recentemente descobertas eram saprófitos bentônicos. A
maioria dos fósseis dos equinodermos era de formas fixas (sésseis) com simetria radial.
Assim, o plano corporal dos equinodermos atuais parece ter sido derivado daquele que
era fixo ao fundo do mar, tinha simetria radial e sulcos radiais (ambulacros) para a coleta
de alimento e uma superfície oral voltada para cima. Os equinodermos fixos
provavelmente foram uma vez dominantes, mas somente cerca de 80 espécies, todas da
classe Crinoidea, ainda vivem. Estranhamente, as condições têm favorecido a
sobrevivência de seus descendentes de vida livre, embora ainda sejam bem radiais e
dentre eles estejam alguns dos mais abundantes animais marinhos. Contudo, na exceção
que confirma a regra (que a bilateralidade é adaptativa para animais de vida livre), ao
menos três grupos de equinodermos (pepinos-do-mar e dois grupos de ouriços-do-mar)
evoluíram secundariamente uma organização bilateral superficial (embora permaneça
neles a organização pentarradial do esqueleto e da maior parte dos sistemas de órgãos).
(HICKMAN JR et al., 2016)
A maior parte dos equinodermos não osmorregula, e, assim, raramente se
aventuram para dentro de águas salobras. Eles ocorrem em todos os oceanos do mundo
e em todas as profundidades, desde a região entremarés até a região abissal.
Frequentemente, os animais mais comuns no mar profundo são equinodermos. A espécie
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mais abundante encontrada na fossa das Filipinas (10.540 m) era um pepino-do-mar. Os
equinodermos são praticamente todos habitantes do fundo, embora haja poucas
espécies pelágicas. (HICKMAN JR et al., 2016)
Nenhum equinodermo é parasito, mas alguns são comensais. Por outro lado, uma
ampla variedade de outros animais vive dentro ou sobre equinodermos, incluindo algas,
protozoários, ctenóforos, turbelários, cirripédios, copépodes, decápodes, gastrópodes,
bivalves, poliquetas e peixes comensais ou parasitos e outros equinodermos. (HICKMAN
JR et al., 2016)
Os asteroides, ou estrelas-do-mar, são geralmente encontrados sobre superfícies
duras, rochosas, mas numerosas espécies vivem na areia ou em substratos moles.
Algumas espécies comem partículas, mas muitas são predadoras, alimentando-se
particularmente de presas sésseis ou sedentárias, visto que o deslocamento das estrelas-
do-mar é relativamente lento. (HICKMAN JR et al., 2016)
Os ofiuroides – estrelas quebradiças ou estrelas-serpentes – são de longe os mais
ativos dentre os equinodermos; movem-se contorcendo seus braços musculares
articulados, em vez de caminhar com pés tubulares. Umas poucas espécies foram
relatadas como sendo capazes de nadar e outras de cavar. Podem pastar, comer carniça
e/ou depósitos, filtrar a água ou ainda ser predadoras. Algumas são comensais de
grandes esponjas, em cujos canais aquíferos podem viver em grandes números.
(HICKMAN JR et al., 2016)
Os holoturoides ou pepinos-do-mar são amplamente prevalentes em todos os
mares. Muitos habitam fundos arenosos ou ricos em matéria orgânica, onde se
escondem. Comparados com outros equinodermos, os holoturoides são bastante
alongados no eixo oral-aboral. Eles ficam com esse eixo orientado mais ou menos
paralelamente ao substrato, deitados sobre um dos lados. A maior parte deles é
comedora de suspensões ou de depósito. Os equinoides, ou ouriços-do-mar, estão
adaptados a viver sobre o fundo do mar e sempre têm sua superfície oral em contato com
o substrato. Os ouriços regulares, que são radialmente simétricos, alimentam-se
principalmente de algas ou detritos, enquanto os irregulares, que são secundariamente
bilaterais, comem partículas pequenas. Os ouriços “regulares” preferem substratos duros;
já as bolachas-da-praia e os ouriços Spatangoida (ouriços “irregulares”) são geralmente
30
encontrados na areia. Os crinoides (Figura 22.29) distendem seus braços para fora e
para cima como pétalas de uma flor, e alimentam-se de plâncton e partículas em
suspensão. A maioria das espécies vivas passa a maior parte do tempo no substrato,
presas por apêndices aborais chamados de cirros. (HICKMAN JR et al., 2016)
Devido ao aspecto espinhoso de sua estrutura, os equinodermos não são
frequentemente comidos por outros animais – exceto outros equinodermos (estrelas-do-
mar). Alguns peixes têm dentes fortes e outras adaptações que os capacitam a predar
equinodermos. Uns poucos mamíferos, como as lontras marinhas, alimentam-se de
ouriços. Ao redor do mundo, os humanos apreciam gônadas de ouriços-do-mar, cruas ou
assadas sobre metades da carapaça. A trepang, a parede do corpo cozida e rica em
proteínas de certas espécies grandes de pepinos-do-mar, é uma especialidade em
muitos países do leste asiático. Infelizmente, a pesca intensiva dos pepinos,
frequentemente ilegal, tem diminuído suas populações em muitas áreas tropicais. No
entanto, métodos de aquacultura estão sendo desenvolvidos e a criação de pepinos-do-
mar tem se tornando cada vez mais comum pelo mundo. Há criações no Alasca, na
Austrália, na China, no Japão, nas Filipinas, na Nova Caledônia, na Nova Zelândia e no
México, bem como em outros lugares. (HICKMAN JR et al., 2016)
As estrelas-do-mar comem uma variedade de moluscos, crustáceos e outros
invertebrados. Em algumas áreas, elas podem desempenhar um importante papel
ecológico como um carnívoro de topo em uma comunidade. Seu principal impacto
econômico é sobre ostras e outros bivalves. Uma única estrela pode comer até uma dúzia
deles em um dia. Para limpar os bancos de mariscos dessas pragas, cal virgem é às
vezes espalhada sobre áreas onde elas abundam. A cal danifica a epiderme delicada,
destruindo as brânquias dérmicas e, finalmente, o próprio animal. Infelizmente, outros
invertebrados de corpo mole são também afetados. Contudo, as ostras permanecem com
suas conchas hermeticamente fechadas até que a cal seja degradada. (HICKMAN JR et
al., 2016)
31
3.2 Vertebrados
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No Brasil, esta denominação abrange os cetáceos (baleias, botos e golfinhos), sirênios
(peixes-boi) e os carnívoros pinípedes (focas, lobos, leões e elefantes marinhos) e
mustelídeos (lontras) (Rocha-Campos et al., 2011). A relação atual de mamíferos
aquáticos que ocorrem no Brasil totaliza cerca de 45 espécies de cetáceos, sete de
pinípedes, duas de sirênios e duas de mustelídeos (Pinedo et al., 2002; Rocha-Campos
et al., 2011; Lodi e Borobia, 2013). (Apud PARENTE et al., 2017)
A mais clássica organização dos táxons agrupa as espécies de baleias, botos e
golfinhos na ordem Cetacea, a qual possui as subordens: Mysticeti e Odontoceti (Rice,
1998), além da Archaeoceti, de exemplares já extintos. Outra sistematização mais
recente agrupou estes animais na ordem Cetartio-dactyla, infraordem Cetacea, esta
compreendendo as parvordens: Mysticeti e Odontoceti (Rice, 2009). Tal classificação,
associando as baleias e golfinhos ao grupo dos Artiodactyla, já sinalizada pela
morfologia, ganhou ainda mais força com o advento das análises de sequências de DNA
(Geisler e Uhen, 2003; Geisler et al., 2007). Contudo, o presente volume utilizará a
proposta de organização cladística adotada pelo comitê de taxonomia da Society for
Marine Mammalogy e pelo World Register of Marine Species (WoRMS), que considera
esses organismos como pertencentes à ordem Cetartiodactyla, infraordem Cetacea, e
superfamílias: Mysticeti e Odontoceti. (Apud PARENTE et al., 2017)
As superfamílias Mysticeti e Odontoceti distinguem-se em alguns aspectos. Nos
misticetos, os dentes foram substituídos por uma série de lâminas córneas de origem
dérmica denominadas bar-batanas ou cerdas bucais, que ficam enraizadas na porção
superior da boca e têm a forma de um triângulo reto comprido. O lado externo é reto e o
interno é curvo, com uma franja na extremidade, tendo a importante função de reter os
alimentos durante a filtração da água. A forma, a coloração, o tamanho, o número e a
flexibilidade das barbatanas variam de espécie para espécie (Bannister, 2009). Os
odontocetos, por sua vez, não possuem cerdas bucais. Geralmente os dentes são todos
iguais (homodontia) e existe apenas uma dentição, aparecendo no final da fase de
amamentação e permanecendo durante toda a vida. A exceção ocorre com o boto-cor-
de-rosa (Inia geoffrensis), que apresenta heterodontia (Silva, 1992). (Apud PARENTE et
al., 2017)
33
As diferentes espécies de cetáceos variam consideravelmente em relação ao
tamanho, havendo ainda alguma variação intraespecífica quanto ao dimorfismo sexual.
Todas possuem corpo hidrodinâmico, fator selecionado ao longo da evolução por
favorecer um melhor deslocamento no meio aquático (Lodi e Borobia, 2013). Durante a
fase fetal, todos os cetáceos possuem pelos ou vibrissas na região do rostro ou boca,
que em alguns casos podem permanecer durante toda a vida (Yochem e Stewart, 2009).
Essas vibrissas têm função sensorial, estando mais desenvolvidas nos misticetos. Os
membros anteriores dos cetáceos são geralmente largos e em forma de remo
(nadadeiras peitorais) e os posteriores, ausentes ou vestigiais. A cauda é grande,
modificada em nadadeira horizontal e constitui o principal órgão propulsor de
deslocamento dos cetáceos. A maioria das espécies desenvolveu uma nadadeira dorsal
que, além de auxiliar na manutenção do equilíbrio, também pode contribuir no controle
da temperatura corporal, permitindo trocas de calor com o meio. A nadadeira dorsal,
assim como a caudal, é formada de tecido conectivo e não possui estrutura óssea (Felts,
1966; Rommel et al., 2009). (Apud PARENTE et al., 2017)
Para manter a temperatura corporal, os cetáceos têm mecanismos de regulação.
Esses mecanismos incluem, por exemplo, uma camada de gordura recobrindo todo o
corpo que, além de manter o calor, ajuda na flutuação e funciona como meio para
armazenar energia. O controle sobre a troca de calor com o ambiente depende da
superfície corporal que fica em contato com o meio externo e do fluxo sanguíneo nas
diferentes partes do corpo (Castellini, 2009; Iverson, 2009). (Apud PARENTE et al., 2017)
3.2.2 Tartarugas
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As tartarugas aparecem no registro fóssil no período Triássico Superior, há cerca
de 220 milhões de anos. As primeiras tartarugas eram dotadas de dentes, e sua carapaça
era reduzida, mas, no restante de sua morfologia, eram animais muito semelhantes às
formas atuais. Sem dentes, as mandíbulas das tartarugas modernas têm placas
queratinizadas rígidas formando um bico córneo para apreender o alimento. As tartarugas
são envolvidas por uma armadura (casco) que consiste em uma carapaça (Fr. carapace,
a partir do espanhol carapacho, cobertura) dorsal e um plastrão (Fr. plastron, escudo
peitoral) ventral. Esses elementos são compostos por duas camadas: uma externa, de
queratina, e uma interna, óssea. A camada óssea da carapaça forma-se a partir de uma
fusão entre as costelas, as vértebras e ossos dérmicos. Uma característica única das
tartarugas entre os tetrápodes consiste no fato de que seus membros e cinturas situam-
se em uma posição interna às costelas. (HICKMAN JR et al., 2016)
Embora o cérebro das tartarugas seja pequeno, nunca ultrapassando 1% do peso
do corpo, o telencéfalo desses animais é maior do que o dos anfíbios; uma tartaruga é
capaz de aprender a sair de um labirinto quase tão rapidamente quanto um camundongo.
As tartarugas têm uma orelha média e uma orelha interna, mas a sensibilidade aos sons
é incipiente. Não surpreende, portanto, que as tartarugas sejam mudas, embora muitos
jabutis emitam grunhidos ou sons guturais durante o acasalamento. Um bom olfato e a
visão aguçada com percepção de cores são sentidos que compensam a audição
deficiente. (HICKMAN JR et al., 2016)
As tartarugas são ovíparas e a fecundação é interna, empregando um pênis como
órgão de cópula. Todas as tartarugas, inclusive as marinhas, enterram seus ovos no solo.
Elas frequentemente demonstram um cuidado considerável na construção de seus
ninhos, mas, uma vez depositados e recobertos com substrato, a fêmea abandona os
ovos. Uma característica interessante da reprodução das tartarugas é que, como nos
crocodilianos e alguns lagartos, a temperatura do ninho determina o sexo dos filhotes.
Nas tartarugas, baixas temperaturas durante a incubação produzem machos, enquanto
temperaturas altas geram fêmeas. Os répteis em que o sexo é determinado pela
temperatura são desprovidos de cromossomos sexuais. (HICKMAN JR et al., 2016)
As tartarugas marinhas, cuja sustentação da massa corporal se faz pelo próprio
meio aquático, podem atingir tamanhos enormes. As tartarugas-de-couro são as maiores
36
tartarugas atuais, chegando a comprimentos de 2 m e pesando até 725 kg. As tartarugas-
verdes, assim chamadas devido à coloração esverdeada da gordura de seu corpo,
podem ultrapassar 360 kg; embora a maioria dos indivíduos dessa espécie
economicamente valiosa e fortemente explorada raramente viva o bastante para chegar
perto desse tamanho. (HICKMAN JR et al., 2016)
3.2.3 Peixes
encurtador.com.br/nNZ17
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são incomuns. O investimento reprodutivo pode ser em grandes números de ovos com
baixa sobrevivência (muitos peixes marinhos) ou em menos ovos com cuidado parental
maior para melhor sobrevivência (muitos peixes de água doce). (HICKMAN JR et al.,
2016)
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jubarte, a franciscana ou toninha e o boto-cinza. Das quatro espécies da ordem Sirenia
existentes no mundo, duas ocorrem no Brasil, uma delas o peixe-boi-marinho, mamífero
aquático mais ameaçado de extinção. (CORRÊA, 2010)
Mais de 100 espécies de aves estão associadas ao bioma costeiro e
marinho. Algumas são residentes e outras, migrantes. Além do guará, espécies
ameaçadas de extinção vivem e se reproduzem na Região Norte. As ilhas costeiras
das regiões Sul e Sudeste são sítios onde ocorre a presença do trinta-réis, da pardela-
de-asa larga, do tesourão, do atobá e do gaivotão. (CORRÊA, 2010)
Das sete espécies de tartarugas marinhas conhecidas no mundo, cinco vivem em
águas brasileiras: a cabeçuda ou amarela; a verde; a gigante ou de couro; a tartaruga-
de-pente e a tartaruga-pequena. O Brasil possui, ainda, os únicos recifes de coral do
Atlântico Sul. Das mais de 350 espécies de corais recifais do planeta, pelo menos 20
foram registradas no País, sendo que oito são encontradas apenas em nosso território.
Nos manguezais brasileiros também podem ser encontradas, no mínimo, 776 espécies
de peixes, aves, moluscos, plantas e artrópodes. (CORRÊA, 2010)
As principais ameaças à biodiversidade marinha nacional são a aquicultura, a
pesca insustentável, a expansão de áreas urbanas e o turismo, além
da poluição, redução dos recursos hídricos, corte de madeira de manguezais e
mudanças climáticas. (CORRÊA, 2010)
A movimentação de navios de todo o mundo também contribui para o declínio da
diversidade biológica marinha, pois favorece a entrada de espécies exóticas invasoras -
a segunda maior causa da perda de biodiversidade em todo o mundo - por meio da água
de lastro das embarcações, que, uma vez ancoradas, despejam na área brasileira as
águas armazenadas recolhidas em outros países, repletas de espécies estrangeiras que
disputam hábitats e nutrientes com as espécies silvestres locais. (CORRÊA, 2010)
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUERRA, Rafael Angel Torquemada et al. Ciências Biológicas: Livro 2. João Pessoa:
Universitária, 2011. 610 p. v. II. ISBN 978‐85‐7745‐902‐5.
HICKMAN JR, Cleveland P. et al. Princípios Integrados de Zoologia. 16. ed. rev. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 952 p. ISBN 978-85-277-2960-4.
POUGH, J. H.; C. M. Janis; J. B. Heiser. A vida dos Vertebrados. 4ª ed. São Paulo,
Atheneu. 2008. 750 p. ISBN 978-85-7454-095-5
UCB, Universidade Castelo Branco (ed.). Zoologia dos Vertebrados - Rio de Janeiro:
UCB, 2008. 103 p. ISBN 978-85-86912-92-4.
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