Pessoas Colectivas

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INSTITUTO SUPERIOR POLITECNICO DE PORTO AMBOIM

(Aprovado por Decreto Presidencial Nº 168/12, Diário da República Nº 141-I Série, de 24 de Julho)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS, SOCIAIS E HUMANAS

LICENCIATURA EM DIREITO

TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

PESSOAS COLECTIVAS

FEITO POR: LUCINDA VENTURA FORTES

DOCENTE: LUCAS PARIS

PORTO AMBOIM, FEVEREIRO DE 2024


INSTITUTO SUPERIOR POLITECNICO DE PORTO AMBOIM

(Aprovado por Decreto Presidencial Nº 168/12, Diário da República Nº 141-I Série, de 24 de Julho)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS, SOCIAIS E HUMANAS

LICENCIATURA EM DIREITO

TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

PESSOAS COLECTIVAS

FEITO POR: LUCINDA VENTURA FORTES

SALA: 1
2º ANO
PERIODO: MANHÃ
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.................................................................................................................1
1. PERSONALIDADE JURÍDICA ................................................................................. .2
1.1. Noções e Fundamentação de Personalidade Jurídica ............................................ 2
1.2. Natureza da Personalidade Coletiva ...................................................................... 2
1.2.1. Teoria da Ficção .............................................................................................. 2
1.2.2. Teoria Organicista ........................................................................................... 3
1.2.3. Teoria da Realidade ........................................................................................ 3
2. CONSTRUÇÃO DAS PESSOAS COLECTIVAS....................................................... 3
2.1. Substrato ................................................................................................................ 4
2.2. Reconhecimento .................................................................................................... 5
3. TIPICIDADE DAS PESSOAS COLECTIVAS ........................................................... 5
4. Classificações das pessoas colectivas ........................................................................... 6
4.1. Classificações Doutrinais ...................................................................................... 8
4.1.1. Corporações e Fundações ............................................................................... 8
4.1.2. Pessoas Coletivas Públicas e Privadas ........................................................... 8
5. CAPACIDADE DAS PESSOAS COLECTIVAS ........................................................ 8
6. Responsabilidade Civil das Pessoas Colectivas ......................................................... 10
7. Extinção das pessoas colectivas ..................................................................................11
CONCLUSÃO.................................................................................................................13
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................14
1

INTRODUÇÃO

No âmbito jurídico e económico, as pessoas coletivas desempenham um papel


crucial em qualquer sociedade, contribuindo para o desenvolvimento e a organização
estruturada das atividades comerciais. Em Angola, a legislação referente às pessoas
coletivas é um elemento vital para a promoção do investimento e crescimento
económico. Este trabalho visa explorar os conceitos fundamentais, a legislação aplicável
e os impactos económicos das pessoas coletivas em Angola.
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1. PERSONALIDADE JURÍDICA

A personalidade jurídica é um conceito fundamental no direito, conferindo a


uma entidade a capacidade de ser titular de direitos e deveres, como se fosse uma pessoa
física. Em Angola, a personalidade jurídica desempenha um papel crucial na
organização e funcionamento de diferentes entidades legais.

1.1. Noções e Fundamentação de Personalidade Jurídica


A personalidade jurídica é a aptidão para ser titular de direitos e deveres na
ordem jurídica. Enquanto as pessoas físicas possuem personalidade desde o nascimento
até a morte, as pessoas coletivas, ou jurídicas, adquirem personalidade através de um ato
específico, como a constituição de uma empresa, associação ou fundação. Assim, a
personalidade jurídica concede às entidades a capacidade de agir no mundo jurídico de
maneira autônoma.

A fundamentação da personalidade jurídica baseia-se na ideia de que a sociedade


precisa reconhecer e proteger não apenas os interesses das pessoas físicas, mas também
dos grupos, organizações e entidades. Esse reconhecimento legal permite que as pessoas
coletivas atuem, celebrem contratos, adquiram bens e respondam perante a lei de forma
independente dos seus membros individuais. A fundamentação da personalidade jurídica
contribui para a estabilidade das relações sociais e comerciais.

1.2. Natureza da Personalidade Coletiva


A natureza da personalidade coletiva é intrinsecamente ligada à ideia de
separação entre o patrimônio da entidade e o patrimônio dos seus membros. Este
princípio, conhecido como autonomia patrimonial, implica que as dívidas e obrigações
da entidade são distintas das dívidas e obrigações dos seus membros. A natureza da
personalidade coletiva confere proteção aos membros, limitando a sua responsabilidade
aos recursos da entidade, promovendo assim a realização de atividades económicas e
sociais.

1.2.1. Teoria da Ficção


A Teoria da Ficção, também conhecida como Teoria da Concessão, sugere que a
personalidade coletiva é uma criação fictícia do ordenamento jurídico. Nessa
perspectiva, a entidade é tratada como se tivesse uma existência própria, separada dos
seus membros individuais, mas essa separação é, na realidade, uma ficção legal. Assim,
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a personalidade coletiva é atribuída por uma concessão legal, permitindo que a entidade
atue como uma pessoa única no âmbito jurídico. Esta teoria destaca a importância do
reconhecimento legal na criação e existência das pessoas coletivas.

1.2.2. Teoria Organicista


A Teoria Organicista, por outro lado, considera a pessoa coletiva como um
organismo vivo e real, composto pelos seus membros como partes integrantes. Nessa
perspectiva, a entidade possui uma existência própria, independentemente da concessão
legal, e é vista como um corpo orgânico com órgãos que desempenham funções
específicas. Esta teoria enfatiza a ideia de que a pessoa coletiva é uma realidade social,
com interesses próprios, e não apenas uma ficção legal. A personalidade coletiva é
concebida como um organismo que pode evoluir e adaptar-se às mudanças sociais e
económicas.

1.2.3. Teoria da Realidade


A Teoria da Realidade, por sua vez, busca um equilíbrio entre as teorias
anteriores. Defende que a personalidade coletiva é uma realidade que se fundamenta
não apenas na ficção legal, mas também na existência de interesses e objetivos próprios.
Reconhece que a entidade é mais do que uma mera criação legal, mas destaca a
necessidade de reconhecimento e regulamentação por parte da sociedade e do
ordenamento jurídico. Nessa abordagem, a personalidade coletiva é encarada como uma
entidade real, com uma existência autónoma, mas que ainda depende da ordem jurídica
para sua validação e regulação.

2. CONSTRUÇÃO DAS PESSOAS COLECTIVAS

A construção das pessoas coletivas envolve um processo jurídico e burocrático


que assegura a sua existência legal, definindo a sua estrutura, objetivos e
funcionamento. O processo varia de acordo com a legislação de cada país, e no contexto
angolano, é regido pelo Código Civil e outras leis específicas relacionadas. Vamos
explorar os passos típicos envolvidos na construção das pessoas coletivas em Angola:

➢ Deliberação e Elaboração dos Estatuto :


O primeiro passo é a deliberação dos membros fundadores para a criação da
pessoa coletiva. Durante essa fase, são discutidos e decididos os objetivos, a estrutura e
as normas internas que irão reger a entidade. Os estatutos são então elaborados,
detalhando as disposições legais e regulamentares que vão nortear a organização.
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➢ Assembleia Constituinte:
Após a elaboração dos estatutos, realiza-se uma assembleia constituinte, onde os
membros fundadores formalizam a criação da pessoa coletiva. Nesta assembleia, são
aprovados os estatutos e eleitos os órgãos de governação, tais como a assembleia geral,
o conselho de administração, e outros, dependendo do tipo de pessoa coletiva.

➢ Registo Legal:
O passo seguinte é o registo legal da pessoa coletiva junto das autoridades
competentes. Esse registo é essencial para conferir personalidade jurídica à entidade e
torná-la reconhecida perante o Estado e a sociedade. São apresentados os estatutos,
documentos dos membros fundadores, e outros requisitos legais exigidos.

➢ Obtenção de NIF e Registo Comercial :


Após o registo legal, é necessário obter o Número de Identificação Fiscal (NIF)
para a pessoa coletiva. Além disso, a entidade pode precisar realizar o registo comercial,
dependendo da sua natureza e atividades. Esses procedimentos adicionais garantem a
conformidade com as obrigações fiscais e comerciais.

➢ Publicação e Comunicação Social :


Em alguns casos, é necessário publicar informações sobre a criação da pessoa
coletiva em órgãos de comunicação social específicos, conforme exigido pela
legislação. Essa publicação visa informar o público em geral sobre a existência da
entidade.

➢ Início das Atividades:


Após a conclusão de todos os procedimentos legais, a pessoa coletiva está apta a
iniciar as suas atividades de acordo com os objetivos estabelecidos nos estatutos. É
importante que a entidade cumpra com todas as obrigações legais, fiscais e
regulamentares ao longo do seu funcionamento.

2.1. Substrato
O termo "substrato" geralmente se refere à base ou fundamento subjacente de
algo. No contexto da construção de pessoas coletivas, o substrato pode ser entendido
como o conjunto de elementos, como vontade dos fundadores, estatutos elaborados e
decisões tomadas durante a assembleia constituinte, que formam a base para a
existência da pessoa coletiva. É o alicerce sobre o qual a entidade é construída,
estabelecendo os princípios e características fundamentais que a definem.
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2.2. Reconhecimento
O "reconhecimento" refere-se ao ato de ser oficialmente aceito ou validado por
uma autoridade competente. No contexto das pessoas coletivas, o reconhecimento
ocorre geralmente por meio do registo legal junto às autoridades governamentais. Esse
registo confere à entidade personalidade jurídica, reconhecendo-a como uma entidade
legalmente constituída e capaz de adquirir direitos e deveres.

Relação entre Substrato e Reconhecimento na Construção de Pessoas


Coletivas:
O substrato, composto pelos estatutos, decisões tomadas durante a assembleia
constituinte e outros elementos fundacionais, é a base sobre a qual a pessoa coletiva é
construída. No entanto, esse substrato só se torna efetivo quando é reconhecido pelas
autoridades competentes através do registo legal.

O processo de reconhecimento, muitas vezes envolvendo a análise e aprovação


dos documentos apresentados, valida o substrato e confere à pessoa coletiva a
personalidade jurídica. O reconhecimento é essencial para que a entidade adquira
existência legal, seja reconhecida como sujeito de direitos e obrigações e possa operar
de acordo com os objetivos estabelecidos nos estatutos.

3. TIPICIDADE DAS PESSOAS COLECTIVAS

A tipicidade das pessoas coletivas refere-se ao conceito de que essas entidades


são criadas e regulamentadas por normas legais específicas, sendo necessário seguir um
modelo ou tipo previamente estabelecido pela legislação. Em outras palavras, as pessoas
coletivas são "típicas" quando se conformam aos padrões e requisitos estabelecidos pela
lei para a sua criação e funcionamento.

Vamos explorar alguns aspectos relacionados à tipicidade das pessoas coletivas:

➢ Modelos Legais:
A tipicidade implica que a criação das pessoas coletivas está sujeita a modelos
legais específicos estabelecidos pelo ordenamento jurídico. Cada tipo de pessoa coletiva
(sociedade comercial, associação, cooperativa, fundação, etc.) possui características
próprias e requisitos legais distintos, estabelecidos pela legislação aplicável.
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➢ Requisitos de Constituição:
Cada tipo de pessoa coletiva possui requisitos específicos para a sua
constituição. Isso pode incluir a elaboração de estatutos, a realização de assembleias
constituintes, a definição de órgãos de governação, a especificação de atividades
permitidas, entre outros. A tipicidade exige que esses requisitos sejam cumpridos de
acordo com as disposições legais aplicáveis ao tipo específico de pessoa coletiva.

➢ Limites de Atividades:
A tipicidade também se reflete nas atividades que as pessoas coletivas estão
autorizadas a realizar. Cada tipo de entidade pode ter limitações ou restrições em relação
ao escopo das suas atividades, e essas limitações são estabelecidas pela legislação para
garantir a conformidade com as normas legais e sociais.

➢ Personalidade Jurídica:
A tipicidade está diretamente relacionada à concessão da personalidade jurídica.
A entidade só adquire personalidade jurídica quando segue os modelos legais
específicos para o seu tipo. Esse reconhecimento legal é essencial para que a pessoa
coletiva seja sujeita de direitos e obrigações, possa celebrar contratos, adquirir bens e
atuar de maneira autônoma perante a lei.

4. Classificações das pessoas colectivas

As pessoas coletivas podem ser classificadas de diversas maneiras, dependendo


de vários critérios. Vamos abordar algumas das classificações mais comuns:

➢ Quanto ao Tipo de Atividade


Sociedades Comerciais: Entidades criadas com o propósito de realizar
atividades comerciais e lucrativas. Exemplos incluem sociedades anônimas (SA) e
sociedades limitadas (LDA).

Associações: Geralmente sem fins lucrativos, formadas para atingir objetivos


sociais, culturais, desportivos, ou outros interesses comuns.

Cooperativas: Organizações que visam a satisfação das necessidades


económicas, sociais e culturais dos seus membros, promovendo a cooperação e partilha
de recursos.
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Fundação: Entidade criada para fins sociais, culturais, educacionais ou de


caridade, muitas vezes estabelecida por uma doação ou legado.

➢ Quanto à Composição dos Membros


Pessoas Coletivas Públicas: Entidades criadas pelo Estado ou por entidades
públicas para desempenhar funções de interesse público.

Pessoas Coletivas Privadas: Entidades formadas por iniciativa privada, como


empresas, associações e fundações criadas por particulares.

➢ Quanto à Nacionalidade
Pessoas Coletivas Nacionais: Criadas e registradas no país em questão.

Pessoas Coletivas Estrangeiras: Entidades criadas e registradas em outro país,


mas operando em território estrangeiro.

➢ Quanto à Atuação Internacional


Organizações Não Governamentais (ONGs): Entidades sem fins lucrativos
que atuam em âmbito internacional, muitas vezes focadas em questões sociais,
ambientais ou humanitárias.

Organizações Internacionais: Entidades que envolvem a cooperação entre


diferentes países para atingir objetivos comuns.

➢ Quanto à Responsabilidade dos Membros


Pessoas Coletivas de Responsabilidade Limitada: Os membros têm
responsabilidade limitada ao capital investido na entidade.

Pessoas Coletivas de Responsabilidade Ilimitada: Os membros respondem


pelas dívidas da entidade com os seus próprios bens pessoais.

➢ Quanto à Duração
Pessoas Coletivas Temporárias: Criadas para atender a um propósito específico
durante um período limitado.

Pessoas Coletivas Permanentes: Sem limite temporal, criadas para operar de


forma contínua.
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4.1. Classificações Doutrinais


As classificações doutrinais referem-se à abordagem teórica e conceitual que
categoriza as pessoas coletivas com base em características específicas. Algumas das
classificações doutrinais incluem:

Pessoas Coletivas de Direito Público: Aquelas que desempenham funções


públicas e estão sujeitas ao direito público.

Pessoas Coletivas de Direito Privado: Entidades que atuam no âmbito do


direito privado, muitas vezes visando objetivos privados ou comerciais.

Pessoas Coletivas de Interesse Público: Entidades cujas atividades beneficiam


a sociedade em geral.

Pessoas Coletivas de Interesse Privado: Entidades cujos objetivos e atividades


beneficiam interesses privados.

4.1.1. Corporações e Fundações


Corporações: Termo muitas vezes utilizado para se referir a sociedades
comerciais, como sociedades anônimas (SA) e sociedades limitadas (LDA), que têm
fins lucrativos.

Fundações: Entidades muitas vezes criadas para fins não lucrativos, como
sociais, culturais, educacionais ou de caridade. Geralmente, uma fundação é
estabelecida por uma doação ou legado.

4.1.2. Pessoas Coletivas Públicas e Privadas


Pessoas Coletivas Públicas: Entidades criadas e geridas pelo Estado ou
entidades públicas, muitas vezes para desempenhar funções de interesse público.

Pessoas Coletivas Privadas: Entidades criadas por iniciativa privada, como


empresas, associações e fundações estabelecidas por particulares.

5. CAPACIDADE DAS PESSOAS COLECTIVAS


A capacidade das pessoas coletivas refere-se à capacidade legal dessas entidades
para realizar atos e assumir obrigações dentro do quadro jurídico em que estão inseridas.
Ao contrário das pessoas físicas, que têm capacidade plena, as pessoas coletivas têm
uma capacidade limitada aos objetivos e atividades para as quais foram criadas. Aqui
estão alguns aspectos importantes relacionados à capacidade das pessoas coletivas:
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➢ 1. Capacidade de Gozo:
A capacidade de gozo refere-se à capacidade das pessoas coletivas de serem
titulares de direitos e deveres. Isso inclui o direito de possuir propriedades, contrair
obrigações, demandar e ser demandado em tribunal, entre outros.

➢ 2. Capacidade de Exercício:
A capacidade de exercício diz respeito à habilidade das pessoas coletivas para
agirem no mundo jurídico. Elas podem exercer a sua capacidade ao realizar atos
jurídicos, como celebrar contratos, adquirir bens, participar em transações comerciais, e
assim por diante. No entanto, essa capacidade é limitada ao escopo dos seus objetivos
estatutários.

➢ 3. Objetivos Estatutários:
A capacidade das pessoas coletivas está diretamente relacionada aos objetivos
estatutários que foram definidos no momento da sua constituição. As atividades que
ultrapassam esses objetivos podem ser consideradas inválidas ou irregulares.

➢ 4. Atuação pelos Órgãos de Governança:


A capacidade das pessoas coletivas é exercida pelos seus órgãos de governança,
como a assembleia geral, o conselho de administração, ou outros órgãos designados nos
estatutos. É por meio desses órgãos que as decisões são tomadas e os atos são realizados
em conformidade com os objetivos da entidade.

➢ 5. Restrições Legais e Regulamentares:


Existem restrições legais e regulamentares que podem limitar a capacidade das
pessoas coletivas em determinadas áreas. Por exemplo, leis específicas podem impor
restrições sobre certas transações comerciais ou estabelecer requisitos específicos para
aquisições de propriedades.

➢ 6. Capacidade Processual:
As pessoas coletivas também têm a capacidade de atuar em processos judiciais,
defendendo seus direitos ou respondendo a obrigações legais. Isso é realizado pelos seus
representantes legais, geralmente designados nos estatutos.

Em resumo, a capacidade das pessoas coletivas está intrinsecamente ligada aos


seus objetivos estatutários e é exercida através dos órgãos de governança. A
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conformidade com a legislação e a atuação dentro dos limites estatutários são cruciais
para garantir a validade e a eficácia dos atos realizados por essas entidades.

6. Responsabilidade Civil das Pessoas Colectivas


A responsabilidade civil das pessoas coletivas refere-se à capacidade dessas
entidades responderem por danos ou prejuízos causados a terceiros no exercício das
suas atividades. Assim como as pessoas físicas, as pessoas coletivas também podem ser
responsabilizadas civilmente por atos que causem danos a terceiros. Vamos explorar
alguns aspectos relacionados à responsabilidade civil das pessoas coletivas:

➢ 1. Atos Ilícitos e Responsabilidade:


As pessoas coletivas podem ser responsabilizadas por atos ilícitos praticados
pelos seus órgãos de governação, representantes legais ou funcionários no curso das
atividades da entidade. Isso pode incluir negligência, violação de contratos, difamação,
entre outros atos prejudiciais.

➢ 2. Responsabilidade Solidária:
Em muitos sistemas jurídicos, as pessoas coletivas podem ser solidariamente
responsáveis pelos atos praticados pelos seus membros, especialmente quando esses
atos são realizados no exercício das funções ou em nome da entidade. Isso significa que
tanto a pessoa coletiva quanto os membros individualmente podem ser
responsabilizados.

➢ 3. Extensão da Responsabilidade:
A responsabilidade civil das pessoas coletivas pode abranger diversos aspetos,
incluindo danos materiais, danos morais, perda de lucros, entre outros. A extensão da
responsabilidade dependerá do tipo de ato ilícito praticado e das leis aplicáveis.

➢ 4. Órgãos de Governança e Responsabilidade:


Os órgãos de governança, como o conselho de administração, podem ser
responsabilizados pelos atos praticados no exercício das suas funções. É fundamental
que esses órgãos atuem com diligência e em conformidade com as leis e regulamentos
para evitar a responsabilidade civil da pessoa coletiva.

➢ 5. Limitação da Responsabilidade:
Em algumas jurisdições, pode existir a possibilidade de limitar a
responsabilidade civil das pessoas coletivas, especialmente no contexto das sociedades
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comerciais. Isso pode ser feito através de estruturas como a sociedade limitada, onde a
responsabilidade é limitada ao capital social investido.

➢ 6. Seguro de Responsabilidade Civil:


Muitas vezes, as pessoas coletivas adquirem seguros de responsabilidade civil
para protegerem-se contra eventuais reclamações ou litígios. Esse seguro pode cobrir
danos causados a terceiros e custos associados à defesa legal.

➢ 7. Cumprimento das Normas e Regulamentos:


O cumprimento rigoroso das normas e regulamentos aplicáveis à atividade da
pessoa coletiva é essencial para evitar situações de responsabilidade civil. O não
cumprimento dessas normas pode agravar a responsabilidade da entidade.

7. Extinção das pessoas colectivas


A extinção das pessoas coletivas refere-se ao encerramento ou término da
existência legal dessas entidades. Essa extinção pode ocorrer por diversas razões, e o
processo geralmente é regulamentado pela legislação do país em que a pessoa coletiva
está registrada. Vamos explorar algumas das razões comuns para a extinção e os
procedimentos associados.

Cumprimento dos Objetivos Estatutários


Algumas pessoas coletivas são criadas para atingir objetivos específicos e
temporários. Quando esses objetivos são cumpridos ou não são mais relevantes, a
entidade pode ser extinta.

Dissolução Voluntária
A dissolução voluntária ocorre quando os membros ou acionistas decidem
encerrar deliberadamente as atividades da pessoa coletiva. Geralmente, esse processo
envolve a aprovação de uma resolução pelos órgãos competentes, como a assembleia
geral.

Falência ou Insolvência
Se uma pessoa coletiva enfrenta dificuldades financeiras significativas e não
consegue cumprir suas obrigações financeiras, pode entrar em falência ou insolvência.
Isso pode levar à extinção da entidade, geralmente por decisão judicial.

Cumprimento de Condições Contratuais


Algumas entidades são criadas para cumprir determinadas condições contratuais,
e a extinção ocorre quando essas condições são satisfeitas ou quando o contrato expira.
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Fusão ou Incorporação
Em casos de fusão ou incorporação de empresas, as entidades originais podem
ser extintas e uma nova entidade é formada como resultado da união. Esse processo
pode ocorrer por decisão dos acionistas e deve seguir as regras estabelecidas pela
legislação aplicável.

Revogação do Registro Legal


A entidade pode ser extinta pela revogação do seu registro legal pelas
autoridades competentes. Isso pode ocorrer se a pessoa coletiva não cumprir os
requisitos legais ou se violar as leis aplicáveis.

Decisão Judicial
Em certas circunstâncias, uma decisão judicial pode resultar na extinção de uma
pessoa coletiva. Isso pode acontecer em casos de violação grave da lei ou de práticas
ilegais.

Inatividade Prolongada
Se uma pessoa coletiva permanece inativa por um período prolongado e não
cumpre as obrigações legais, as autoridades podem proceder à sua extinção.

Procedimentos Comuns
Os procedimentos para a extinção variam de acordo com a legislação local. Em
muitos casos, eles envolvem a aprovação de uma resolução pelos órgãos competentes,
liquidação de ativos, pagamento de dívidas e o cancelamento do registro legal junto às
autoridades competentes.

É importante observar que, mesmo após a extinção, pode haver a necessidade de


manter registros contábeis e cumprir obrigações fiscais pendentes. A orientação de
profissionais jurídicos e contabilistas é fundamental durante o processo de extinção de
uma pessoa coletiva.
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CONCLUSÃO
Em suma, a compreensão das pessoas coletivas engloba uma análise abrangente
dos seus fundamentos, classificações, construção, natureza, capacidade,
responsabilidade civil, e possíveis cenários de extinção. Estas entidades desempenham
um papel vital no âmbito jurídico, económico e social, contribuindo para a dinâmica das
relações comerciais, sociais e filantrópicas.

Através da observação das teorias que fundamentam a sua existência, como a


teoria da ficção, organicista e da realidade, percebemos as diferentes perspectivas que
moldam a natureza jurídica das pessoas coletivas. A tipicidade destas entidades,
resultante da conformidade com os modelos legais, destaca a importância da sua criação
em consonância com as leis específicas de cada jurisdição.

A capacidade das pessoas coletivas, embora limitada aos seus objetivos


estatutários, permite que desempenhem um papel ativo no meio jurídico e económico.
No entanto, tal capacidade vem acompanhada de responsabilidades, com a possibilidade
de serem responsabilizadas civilmente por danos causados.

Ao considerar a extinção dessas entidades, percebemos que diversos cenários,


desde o cumprimento dos seus objetivos até situações mais complexas, podem levar ao
término da sua existência. Os procedimentos associados à dissolução ou extinção
variam, mas geralmente envolvem processos legais, liquidação de ativos e a devida
comunicação às autoridades competentes.

Em conclusão, o estudo das pessoas coletivas revela não apenas a sua função
prática na sociedade, mas também a sua complexa natureza jurídica. A compreensão
destes conceitos é essencial para uma gestão eficiente e legal das entidades coletivas,
garantindo que cumpram os seus objetivos de maneira ética e conforme as leis que as
regem.
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BIBLIOGRAFIA

1. Reale, M. (2002). Lições Preliminares de Direito*. Editora Saraiva.

2. Gonçalves, C. R. (2019). Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Pessoas Jurídicas.
Editora Saraiva.

3. Figueiredo, L. (2018). Introdução ao Estudo do Direito*. Editora Forense.

4. Diniz, M. H. (2019). Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria das Pessoas Jurídicas.
Editora Saraiva.

5. Código Civil de Angola. (https://angolex.com/paginas/codigos/codigo-civil.html)

6. Código Civil de Portugal. (https://dre.pt/home/-/dre/111115/1120130/datable=2024-


02-16).

7. Cordeiro, A. M. (2017). *Da Boa Fé no Direito Civil*. Almedina.

8. Canotilho, J. J. G., & Moreira, V. (2017). *Constituição da República Portuguesa


Anotada*. Coimbra Editora.

https://chat.openai.com/c/62e99388-3ad1-4ad1-bb69-2d36c34d4ade

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