Parecer CETRAN N. 01 (2023) (USO de Viaturas Descaracterizadas)

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22/12/2023, 10:25 SEI/GOVERNADORIA - 53571989 - Parecer Jurídico

ESTADO DE GOIÁS
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRANSITO

Parecer 02/2023- CETRAN/GO

Referência: Processo nº 202300025101289


Interessado: CONSELHO ESTADUAL DE TRÂNSITO
Assunto: Parecer nº 02/2023 / CETRAN -GO.
ASSUNTO: Viaturas descaracterizadas
RELATOR: Maria Divina Oliveira

EMENTA: Versam os autos sobre solicitação de manifestação, acerca do


assunto objeto do Artigo 280, § 6 do Código de Trânsito Brasileiro, oriundo
da Lei nº 14.599 de 19 de junho de 2023, com uma grande demanda quanto
a recursos desde DEFESA PRÉVIA, JARI e finalmente e em segundo GRAU, no
CETRAN, quanto as análises dos recursos de veículos descaracterizados
utilizados pela polícia (civil ou militar), por tais motivos, e diferentes
atuações entre os órgãos executivos estaduais e municipais, chegou a
conhecimento deste CONSELHO a divergência nos recebimentos dos
recursos.

Enviados para manifestação, é o relatório e parecer.

Em análise ao artigo acima supracitado, concernente à matéria que versa sobre veículos
destinados a socorro de incêndio e salvamento, aos de polícia, aos de fiscalização e operação de trânsito e
às ambulâncias, alterada pela Lei nº 14.599/2023, assim como o Parágrafo 6º do artigo 280 do CTB, de
forma a especificar e assegurar o direito dos veículos que prestam serviços para a atividade policial,
conforme verificamos na transcrição do artigo alterado.

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´´Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á


auto de infração, do qual constará:
I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e
outros elementos julgados necessários à sua identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador
ou equipamento que comprovar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como
notificação do cometimento da infração.”
§ 1º (VETADO)
§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do
agente da autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual,
reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível, previamente
regulamentado pelo CONTRAN.
§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito
relatará o fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do
veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no artigo
seguinte.
§ 4º O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de
infração poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado
pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência.
§ 5º (VETADO).
§ 6º Não há infração de circulação, parada ou estacionamento relativa aos
veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, aos de policia, aos de fiscalização e
operação de transito e às ambulâncias, ainda que não identificados
ostensivamente.``(grifamos).

Cabe ressaltar, quanto à matéria em pauta, que é de conhecimento geral,


especificamente quanto às viaturas de policia descaracterizadas. A previsão inserida no artigo 280, § 6º
do CTB, criou uma espécie de “isenção” das multas de trânsito relacionadas à circulação, parada ou
estacionamento relativa aos veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, aos de polícia, aos
de fiscalização e operação de trânsito e às ambulâncias, ainda que não identificados. A lei em questão de
forma geral contempla direito legítimo de anulação de infrações relacionadas a estes veículos.
O novo dispositivo trouxe ao ordenamento jurídico ausência de infração de circulação,
parada ou estacionamento para os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, aos de
polícia, aos de fiscalização e operação de trânsito e às ambulâncias, mesmos que não identificados, mas
que estejam durante período de suas atividades.
Neste contexto, oportuno trazermos o disciplinado no artigo 1º, § 1º do Código
Brasileiro de Trânsito; Vejamos:

“Art. 1º - O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do


território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e
animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,

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estacionamento e operação de carga ou descarga.”

Vale ressaltar nosso entendimento sobre:


a) Circulação: movimento de pessoas, animais e veículos em deslocamento,
conduzidos ou não, em vias públicas ou privadas abertas ao público e de uso coletivo;
b) Parada: imobilização do veículo com a finalidade e pelo tempo estritamente
necessário para efetuar embarque ou desembarque de passageiros;
c) Estacionamento: imobilização de veículos por tempo superior ao necessário para
embarque ou desembarque de passageiros.

Após análise da situação, entendemos que a partir da publicação da Lei nº 14.599, de


19/06/2023, em tese, se torna obrigatório o cancelamento das infrações cometidas por estes veículos,
porém não é possível deixar de autuar diante do cometimento de uma infração, e tão pouco determinar o
cancelamento de autos de infração em decorrência de um pedido genérico de cancelamento.
Importante se faz registrar que anteriormente à inovação realizada pela Lei Federal n°
14.599/2023, o Código de Trânsito Brasileiro em seu Art. 29, VII, permitia a desconstituição das infrações
cometidas por veículos devidamente identificados e com dispositivos de alarme sonoro e iluminação
acionados. Vejamos:

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação


obedecerá às seguintes normas:
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia,
os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade no trânsito,
gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência, de
policiamento ostensivo ou de preservação da ordem pública, observadas as seguintes
disposições:
a) quando os dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação intermitente
estiverem acionados, indicando a proximidade dos veículos, todos os condutores deverão
deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita da via e parando, se
necessário;
b) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro ou avistarem a luz intermitente,
deverão aguardar no passeio e somente atravessar a via quando o veículo já tiver passado
pelo local;
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação intermitente
somente poderá ocorrer por ocasião da efetiva prestação de serviço de urgência;
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento deverá se dar com velocidade reduzida e
com os devidos cuidados de segurança, obedecidas as demais normas deste Código;
e) as prerrogativas de livre circulação e de parada serão aplicadas somente quando os veículos
estiverem identificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação
intermitente;
f) a prerrogativa de livre estacionamento será aplicada somente quando os veículos estiverem
identificados por dispositivos regulamentares de iluminação intermitente;

Com o acréscimo do § 6º ao Art. 280 do CTB, os veículos não identificados, mas durante
as atividades de socorro, de incêndio e salvamento, de polícia, de fiscalização e operação de trânsito e de
ambulâncias também passaram a usufruir de livre circulação, parada ou estacionamento.
Considerando ainda o Decreto 9.541/2019 do estado de Goiás, em seu Art. 55 e
seguintes, e , contudo, o pedido para desconstituição dos autos de infração cometidas por estes veículos
não poderá ser realizado através de um simples pedido alegando que o veículo pertence a frota de
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atividades de emergência não é suficiente para anulação de autos aplicados neste veículos, é necessário
que seja adotados alguns critérios tais como:

a) Comprovação de protocolo recurso administrativo protocolado perante a Junta


Administrativa de Recursos de Infração/JARI;
b) Comprovação que o veículo no momento da autuação se encontra em
atendimento de socorro de incêndio e salvamento, de polícia, de fiscalização e operação de trânsito e
ambulâncias;
c) Defesa do próprio condutor ou pela pessoa jurídica responsável pelo veículo,
acompanhado de documento que comprove a identificação do representante.

Oportuno ressaltarmos, também, não obstante o caráter legal já comentado na legislação


federal, necessário se faz para o deferimento dos recursos protocolados das infrações cometidas nestes
veículos que seja procedida da documentação acima mencionada e as normas de segurança do CTB.
Necessário salientar que é de competência privativa da União legislar sobre as normas
de trânsito, conforme determina o art. 22, XI, Constituição Federal de 1988. Cabendo aos órgãos de
trânsito tão somente regulamentar as normas impostas pelo Código de Trânsito Brasileiro.

CONCLUSÃO

Ante ao exposto, após verificação, observação aos quesitos que versam sobre o âmbito
jurídico da matéria, bem como observação dos critérios sugeridos neste parecer, não vislumbra-se
objeção aos deferimentos aos recursos apresentados junto ao Conselho Estadual de Trânsito/CETRAN,
posto que encontra-se em consonância à legislação já disciplinada na Lei Federal nº 14.599, de 19 de
junho de 2023, que asseguram à anulação das infrações cometidas aos veículos previstos no Art. 280, §
6º do CTB.
Desse modo, é necessário que sejam adotados alguns critérios tais como:
a) Comprovação de protocolo recurso administrativo protocolado perante a Junta
Administrativa de Recursos de Infração/JARI;
b) Comprovação que o veículo no momento da autuação se encontra em
atendimento de socorro de incêndio e salvamento, de polícia, de fiscalização e operação de trânsito e
ambulâncias;
c) Defesa do próprio condutor ou pela pessoa jurídica responsável pelo veículo,
acompanhado de documento que comprove a identificação do representante.

Cumpre anotar que o “parecer não é ato administrativo, sendo, quando muito, ato de
administração consultiva, que visa informar, elucidar, sugerir providências administrativas a serem
estabelecidas nos atos de administração ativa” (Celson Antônio Bandeira de Melo, “Curso de Direito
Administrativo”, Ed. Malheiros, 13ª Ed, Pg. 377), ou seja, trata-se de ato meramente opinativo.

Este é o nosso entendimento que deve ser submetido à superior apreciação para
deliberação, respeitadas as opiniões divergentes.

Maria Divina Oliveira


Conselheira Relatora

NAYARA BARROS COIMBRA


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PRESIDENTE do CETRAN/GO

Aprovado por unanimidade na reunião do dia 31 Outubro de 2023.

GOIANIA - GO, aos 09 dias do mês de novembro de 2023.

Documento assinado eletronicamente por NAYARA BARROS COIMBRA, Presidente, em


10/11/2023, às 12:21, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº
8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por CLAUDIA GOMES RIBEIRO, Gerente, em 10/11/2023,


às 12:43, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº 8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por GUILHERME SOARES COSTA, Responsável pelas


Informações, em 10/11/2023, às 13:33, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB,
I, do Decreto nº 8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DIVINA OLIVEIRA, Usuário Externo, em


14/11/2023, às 10:55, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº
8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por Izadora Cristina de Toledo Oliveira, Usuário Externo,
em 14/11/2023, às 10:59, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto
nº 8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por LUCAS ANTONIO DE MORAIS GOMES, Gerente, em


14/11/2023, às 11:26, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº
8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por CLEBER DIAS GONCALVES, Usuário Externo, em


14/11/2023, às 11:35, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº
8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por ELIAS RAMOS VARANDA JUNIOR, Usuário Externo,
em 14/11/2023, às 13:53, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto
nº 8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por Katia Francisca do Nascimento Taveira, Usuário


Externo, em 14/11/2023, às 13:53, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do
Decreto nº 8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por Alyne Cristine Lopes, Usuário Externo, em 14/11/2023,
às 14:04, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº 8.808/2016.

Documento assinado eletronicamente por Euler Sinomário Carvalho Cardoso, Usuário Externo,
em 15/11/2023, às 11:13, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto
nº 8.808/2016.

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Documento assinado eletronicamente por MARIA RAFAELLA LOPES DA MOTA, Auditor (a),
em 16/11/2023, às 16:06, conforme art. 2º, § 2º, III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto
nº 8.808/2016.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://sei.go.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=1 informando o código verificador 53571989
e o código CRC 20A96F34.

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AVENIDA ENGENHEIRO ATÍLIO CORREIA LIMA 1875, S/C - Bairro SETOR PEDRO
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