Um Caminho Com Jesus em Disponibilidade Apostólica
Um Caminho Com Jesus em Disponibilidade Apostólica
Um Caminho Com Jesus em Disponibilidade Apostólica
em disponibilidade apostólica
Documento 1
Roma, 03 de Dezembro de 2014
Índice
1. Introdução
2. O que é o AO
3. Itinerário espiritual do AO
a. Um caminho do coração
b. Desafios para a humanidade e missão da
Igreja
4. Guia prático
a. Como se vive o caminho do AO?
b. Itinerário de grupo
c. Orações do AO
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1 Introdução
O Apostolado da Oração (AO), fundado em 1844 em França e, mais tarde, assumido pelo Papa e
confiado à Companhia de Jesus, continua hoje com um vigor diferente, mas com renovada
esperança. Seguindo os passos da Igreja no seu objectivo da Nova Evangelização, o AO quer
dirigir-se a um mundo que passou por profundas mudanças culturais que afectam todos os
âmbitos da vida humana. A nossa sociedade é muito diferente daquela que viu nascer o AO.
Estamos conscientes que, para falar de forma significativa aos homens e mulheres de hoje, são-
nos exigidos novos métodos, novas linguagens, e acima de tudo um novo ardor, como dizia São
João Paulo II.
Qual será o aspecto do novo AO? Será um caminho espiritual inspirado no símbolo do coração –
o coração humano e o Coração de Jesus – que deseja responder às necessidades da vida
interior dos nossos contemporâneos. Será uma verdadeira rede mundial de oração, com um
rosto digital (especialmente através do novo website internacional do AO, em preparação), mas
não só – tem que ser acima de tudo um rosto eclesial, uma rede de corações que em todo o
mundo reza junto do Papa pela missão da Igreja. Terá também um rosto juvenil, ao integrar
melhor a proposta de formação para a nossa secção juvenil, o Movimento Eucarístico Juvenil.
Terá um rosto decididamente missionário, pois queremos que os nossos programas sejam
oferecidos como um serviço de formação e renovação da vida espiritual de leigos em paróquias
ou instituições diocesanas. Mas mais do que tudo, queremos que tenha o rosto de Jesus:
queremos que o AO recriado nos ajude a centrar a nossa vida em Jesus Cristo, para viver cada
dia com Ele uma relação de amizade e intimidade na qual somos apóstolos convidados a
colaborar com Ele, disponíveis para a sua missão de compaixão em favor dos nossos irmãos e
irmãs.
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Os seguintes documentos propõem orientações e directrizes que vós, junto do povo de Deus,
tereis que ir confirmando com a prática. Vós nos direis se acertámos em ouvir a voz do Espírito
e nos ajudarão a continuar a escutá-la. Permitir-nos-ão assim continuar a ajudar os nossos
contemporâneos a unir as suas vidas a Cristo e a pô-las ao serviço dos seus irmãos.
Temos em mãos o primeiro de uma série de quatro documentos (que eventualmente poderão
vir a ser mais). Este texto, o Documento 1, de carácter inspirador, que apresenta as bases da
recriação do AO, é o mais importante e destina-se a todos os interessados em conhecer ou
aprofundar o AO. O Documento 2 passa em revista a história do AO reinterpretada à luz da
realidade actual. O Documento 3 contém instruções para os Secretariados Nacionais. O quarto
documento, ainda em preparação, irá proporcionar os fundamentos teológicos e pastorais para
as propostas contidas nos documentos atrás citados.
Apostolado da Oração
Movimento Eucarístico Juvenil
[email protected]
www.apmej.net
* Nota: Este Delegado é nomeado pelo Superior Geral dos Jesuítas, que é Director Geral do
Apostolado da Oração.
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2 O que é o Apostolado da Oração?
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• A atitude interior de disponibilidade apostólica que o AO nos propõe viver deve ser fruto do
amor. Ou seja, deve nascer de uma relação pessoal, íntima e afectiva com Jesus Cristo
crucificado e ressuscitado, onde me descubro amado, e ofereço a minha disponibilidade
como resposta de amor.
• Para nos ajudar a viver esta disponibilidade para a missão de Cristo, mesmo nas pequenas
coisas de cada dia, o AO propõe-nos algumas práticas espirituais e um itinerário formativo
que chamámos O caminho do coração (ver adiante). Estes abrem-nos ao Espírito Santo que
trabalha para unir a nossa vida e o nosso coração à vida e ao Coração de Jesus. Convidam-nos
a oferecer ao Pai, juntamente com Jesus, tudo o que somos e temos, com simplicidade e
radicalidade.
• Com o AO entramos numa rede mundial de milhões de pessoas que rezam junto do Papa
pelos desafios que mensalmente nos apresenta nas suas intenções de oração. Orar com estas
intenções abre-nos às necessidades mais prementes da humanidade e da Igreja, levando-nos
a comprometer as nossas vidas, em cada mês, em favor da justiça do Reino, de acordo com o
tema das intenções. Abrimo-nos a colaborar com todos aqueles que desejam maior
fraternidade e justiça, também de outras tradições religiosas. O AO como serviço de Igreja
confiado pelo Papa à Companhia de Jesus, é responsável por divulgar as suas intenções e é ao
mesmo tempo uma escola de oração e de intercessão.
Para aqueles que querem ir mais além na sua relação com o Senhor e desejam viver em
maior disponibilidade, no AO podem livremente optar por consagrar todas as suas vidas ao
Coração de Jesus, através de uma Aliança especial com Ele. Através desta Aliança com Jesus, a
pessoa aceita a amizade de intimidade que Jesus lhe oferece e, por sua vez, expressa-Lhe o
seu desejo de estar completamente ao serviço da Sua missão como Seu apóstolo.
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3 Itinerário Espiritual do
Apostolado da Oração
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Roma, 03 de Dezembro de 2014
O Apostolado da Oração
Um caminho do coração
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A Palavra primeira e permanente da nossa vida de fé é o amor eterno do Pai. É o que Ele continuamente
nos está a querer dizer e reflecte-se em tudo aquilo que faz por nós em cada dia: Amo-te. É a sua
essência “Deus é amor” (1Jo 4,8), não pode não amar-nos. O AMOR é o modo como Deus nos olha e
acompanha sempre, independentemente do rumo que a nossa vida tenha tomado, ainda que nos
tenhamos afastado d’Ele por causa do pecado. O Seu amor é incondicional e imutável. É o princípio e o
fundamento do nosso caminho espiritual, pois a nossa vida tem início graças ao Seu amor, é sustentada
por Ele e um dia irá ser recebida no Seu amor. Reconhecer esse amor leva-nos a corresponder-lhe.
Senhor, sois o meu Deus, desde a aurora Vos procuro. A minha alma tem sede de
Vós como terra árida, sequiosa, sem água. (Salmo 62,1)
Do profundo abismo clamo por Vós, Senhor. Senhor, escutai a minha voz... (Salmo
130,1)
Bem-aventurados os pobres de coração, porque deles é o Reino de Deus. (Mateus
5,3)
Onde te escondestes meu amado, deixando-me a gemer?... (São João da Cruz,
Cântico Espiritual)
Criaste-nos para Ti Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa
em Ti. (Santo Agostinho, Confissões)
Desejamos a felicidade e buscamo-la de várias maneiras. Recebemos de Deus o dom de amar e de viver
a vida com generosidade. No entanto, muitas vezes sentimo-nos pobres e desorientados, entre
frustrações e desejos mais profundos, incapazes de resolver a nossa crise pessoal e encontrar a paz
interior. Propomos aqui um itinerário de fé, de oração e de vida, adequado a quem está em busca
interior, reconhece a sua necessidade espiritual e quer receber Jesus Cristo no seu coração. É o caminho
dos humildes, onde a própria fraqueza e vulnerabilidade não são um impedimento, mas sim o melhor
capital para o encontro com um Deus que se inclina para o pobre.
E Deus viu que tudo o que tinha feito era muito bom (Génesis 1,31)
O meu povo cometeu um duplo pecado: abandonando-me a mim, fonte de água
viva, e fizeram as suas as próprias cisternas, cisternas rotas, que não retêm água.
(Jeremias 2,13)
Andarão errantes do oriente ao ocidente, vagueando de norte a sul, buscando a
palavra do Senhor, e não a encontrarão. (Amós 8,12)
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Por que dormes, Senhor? Desperta, desperta! Não nos rejeites para sempre! Por que
te escondes? Por que Te esqueces de nós, que sofremos tanto, tanto? (Salmo 44,23-
24)
Veio ao que era Seu, e os Seus não O receberam. (João 1,11)
Contemplamos com admiração a beleza do nosso mundo e os grandes feitos realizados pela inteligência
humana ao longo da história. Mas o mundo em que vivemos está também ferido por dolorosas
contradições que causam morte e destruição. A vida e o amor são muitas vezes afogados pela violência
e pelo egoísmo. Os pequenos e mais vulneráveis sofrem a agressão dos poderosos, os recursos naturais
são devastados, há tristeza e solidão. Separamo-nos dos caminhos do amor de Deus e do Seu projecto
para a humanidade.
Vou fazer algo novo, e já está a nascer, não o notam? (Isaías 43,19)
Vi como sofre o meu povo que está no Egipto. [...] Por isso desci para salvá-los das mãos dos
egípcios... (Êxodo 3,7-8)
Fui Eu quem ensinou Efraim a andar, e o levei nos meus braços... com correias de amor os
atraía, com cordas de carinho. (Oseias 11,3-4)
Em Cristo, Deus reconciliou consigo o mundo, sem ter em conta os pecados dos homens (2
Coríntios 5, 19)
O Espírito vem em auxílio da nossa fragilidade (Romanos 8,26)
Deus amou tanto o mundo que lhe deu o Seu Filho único (João 3, 16)
O Filho do Homem veio buscar e salvar o que andava perdido (Lucas 19,10)
O Pai não nos abandonou neste mundo sem coração. Falou-nos do Seu amor muitas vezes e de muitos
modos através dos profetas e nestes tempos que são os últimos fê-lo através do Seu Filho feito
homem, Jesus, o Cristo (cf. Hebreus 1,1). N’Ele, o Pai uniu a nossa história à Sua, para restaurar a
criação e para curar a nossa humanidade ferida. N’Ele, que deu a Sua vida por nós na cruz e a Quem o
Pai ressuscitou dos mortos, perdoou os nossos pecados. N’Ele, o amor ardente de Deus vem ao nosso
encontro, determinado em nos salvar. Junto d’Ele aprendemos a reconhecer o Espírito de Deus a agir
no nosso mundo, fazendo nascer algo novo, mesmo entre sofrimentos e dificuldades.
Eu te chamei pelo nome, tu és meu. Tu tens um grande preço aos meus olhos, és precioso e
eu te amo. (Isaías 43, 1 e 4)
Em seguida, Jesus subiu ao monte e chamou os que Ele quis. Uma vez reunidos, escolheu
doze de entre eles, para estar com Ele e para os enviar a pregar a boa nova. A estes Ele deu
o nome de apóstolos... (Marcos 3,13-14)
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Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Mas chamo-vos
amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. (João 15,15)
Voltando-se, Pedro viu que os seguia o discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que na ceia
se tinha inclinado sobre o peito de Jesus (João 21,20).
Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo. (Mateus 28,20)
Jesus pode salvar completamente aqueles que se aproximam de Deus por meio d’Ele, já que
Ele vive para sempre para interceder por nós. (Hebreus 7,25)
Se alguém quer vir após mim, deve contentar-se em comer como eu e, assim, beber e vestir,
etc. Do mesmo modo há-de trabalhar comigo de dia e vigiar de noite (Exercícios Espirituais
de Santo Inácio, 93)
Jesus Cristo chama-nos Seus amigos e convida-nos a uma aliança de amor pessoal, íntima e afectiva com
Ele. Está sempre vivo para interceder por nós, activamente empenhado em nos atrair para Ele, pois
somos preciosos a Seus olhos. A amizade com Ele leva-nos a olhar o mundo com os Seus olhos, a sofrer
com os Seus sofrimentos e a alegrar-nos com as Suas alegrias, a oferecer as nossas pessoas para
trabalhar com Ele em favor dos nossos irmãos e irmãs. Ele está connosco todos os dias, até ao fim do
mundo.
Naquele dia compreendereis que Eu estou no meu Pai, e vós em mim e Eu em vós
(João 14,20)
... viremos a ele e faremos nele a nossa morada (João 14,23)
Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós... Permanecei no amor que vos
tenho. (João 15, 4 e 9)
Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim (Gálatas 2,20)
Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1
Coríntios 3,16-17)
Se o que ouviram desde o princípio permanece nos seus corações, também vós
permanecereis no Filho e no Pai. (1João 2,24)
Para que Cristo habite nos seus corações mediante a fé... (Efésios 3,17)
Nós reflectimos a glória do Senhor, e vamo-nos transformando à sua própria
imagem... (2 Coríntios 3,18)
No excesso do Seu amor por nós, Deus deseja habitar nos nossos corações. É a surpreendente promessa
que Cristo fez aos seus amigos antes de morrer. Deus quer estabelecer a Sua morada em cada um de
nós. S. Paulo dá testemunho disso ao dizer: não sou eu que vivo mas é Cristo que vive em mim. É o
horizonte definitivo para o qual o Espírito quer levar o cristão. É a identificação total com Cristo em
corpo, alma e espírito. É o que desejamos e pedimos em cada dia, com coração de pobre, sabendo que
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alcançar esta graça nunca será fruto apenas dos nossos esforços. Acreditamos que esta identificação
com Cristo nos é dada de modo privilegiado na Eucaristia. Ele mesmo vem a nós no Seu Corpo e no Seu
Sangue e modela-nos interiormente segundo o Seu Coração, a fim de sermos e agirmos como Ele.
Unir a vida a Cristo leva-nos a dar a vida pelos outros tal como Ele o fez. Faz-nos descobrir que, apesar
da nossa pobreza e limitação, a nossa vida é útil aos outros. Saber-nos amados, escolhidos e habitados
por Ele, dá-nos dignidade, enche-nos de gratidão e torna-nos capazes de responder a tanto bem
recebido oferecendo a própria vida em disponibilidade à sua missão. Oferecemo-la agindo contra o
egoísmo e o comodismo que muitas vezes frustram o desejo de Deus em nós. O Senhor convida-nos a
dar-Lhe o nosso sim generoso, como o fez Maria de Nazaré. Não quer salvar-nos nem mudar o mundo
sem nós. Ainda quando nos pareça pouco, oferecer-Lhe a nossa disponibilidade torna-se útil para os
outros, porque o Pai associa esse oferecimento à vida e ao Coração de Seu Filho, que se oferece por nós
na cruz. Postos com Jesus, tornamo-nos mais próximos do sofrimento do mundo e procuraremos
responder como Ele o fez. Expressamos ao Pai esta disponibilidade, através de uma oração de
oferecimento diária. Humildemente pedimos ao Espírito para não sermos obstáculo à sua ação.
Inspiramo-nos e alimentamo-nos de modo especial da celebração da Eucaristia, na qual reconhecemos a
oferta perfeita de Cristo ao Pai, modelo da nossa vida oferecida.
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8 Uma missão de compaixão
Deus, o Pai de Jesus e nosso Pai, quer fazer presente a Sua compaixão no mundo em nós e através
de nós, seus discípulos. Somos convidados a fazer nosso o Seu olhar sobre a humanidade e agir com
os sentimentos do Coração de Jesus. Somos enviados com Ele, de diferentes modos, às periferias da
existência humana, ali onde homens e mulheres sofrem a injustiça, para ajudar a sustentar e curar
aqueles que têm um coração ferido. Mesmo que estejamos limitados por alguma doença ou
impedidos fisicamente, mesmo quando nos sintamos incapazes de mudar as estruturas injustas da
nossa sociedade, participamos nessa missão, fazendo nosso o olhar compassivo de Deus para com
todos os nossos irmãos e irmãs. Uma vez que fomos tocados pela compaixão de Deus, agora
podemos dá-la aos outros. É a nossa resposta ao seu amor por nós (reparação). Vamos para além
das fronteiras visíveis da Igreja, porque onde houver compaixão, aí está o Espírito de Deus. Unimo-
nos espiritualmente a todos aqueles que, em diferentes culturas ou tradições religiosas, são dóceis a
este Espírito e se mobilizam para aliviar o sofrimento dos mais fracos.
Não fiquem em silêncio aqueles que invocam o Senhor, não O deixem descansar...
até que rompa a aurora da sua justiça e a sua salvação brilhe como uma tocha.
(Isaías 62,1.6-7)
Abraão perguntou: Irás destruir o inocente juntamente com o culpado? Talvez haja
cinquenta justos na cidade [...] E disse o Senhor: Em atenção a esses cinquenta [ou
quarenta, ou trinta, ou vinte ou dez], não destruirei a cidade. (Génesis 18,22-33)
Os apóstolos reuniam-se sempre para orar com algumas mulheres, com Maria, a
Mãe de Jesus, e com seus irmãos. (Actos 1,14)
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Assim Deus fará de vós, como pedras vivas, um templo espiritual, um sacerdócio
santo capaz de oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por meio de Jesus
Cristo. (1 Pedro 2,5)
Depois disto, o Senhor designou outros setenta e dois e enviou-os dois a dois à sua
frente a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. (Lucas 10,1)
A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
(João 20,21)
O Apostolado da Oração é uma rede mundial de oração ao serviço dos desafios da humanidade e da
missão da Igreja, que reconhecemos nas intenções mensais de oração propostas pelo Papa. Estas
intenções expressam as preocupações do Santo Padre sobre o mundo e a Igreja de hoje, e
orientarão a nossa oração e a nossa acção durante esse mês. Esta rede é constituída por aqueles
que, através do oferecimento quotidiano das suas vidas se fazem disponíveis para colaborar na
missão de Cristo Ressuscitado em qualquer situação ou estado de vida em que se encontrem. O
chamamento à missão é o fogo que nos faz apóstolos enviados desde o Coração do Pai ao coração
do mundo. São convidados para esta rede, em primeiro lugar, católicos de diversos países e culturas,
de diversas famílias e sensibilidades espirituais. A riqueza e a variedade da tradição do AO põem-se
ao serviço da unidade da Igreja. Também outros são convidados a fazer parte desta rede de diversos
modos: os desafios que envolvem as intenções do Papa abrem-nos a colaborar com outros cristãos e
com todo aquele que deseja paz e fraternidade no mundo.
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Desafios para a humanidade
e a missão da Igreja
O Santo Padre confia ao Apostolado da Oração duas intenções de oração para cada mês, que expressam
as suas grandes preocupações pela humanidade e pela Igreja. Além de se comprometer a orar por estas
intenções, o AO é responsável por as divulgar no mundo inteiro e fazer com que mais pessoas
acompanhem o Papa na sua oração. Orar com ele é o nosso primeiro símbolo ou expressão do
compromisso do AO em favor da missão da Igreja universal.
Nestas intenções reconhecemos a visão sábia e autorizada do Santo Padre que nos chama a atenção
para questões mundiais que o preocupam. O seu olhar é verdadeiramente universal, sensível às
alegrias e sofrimentos dos homens e mulheres de hoje, dada a sua posição à cabeça de toda a Igreja.
Nós os consideramos verdadeiros desafios pelos quais rezar e mobilizar as nossas vidas. Em primeiro
lugar são desafios para a nossa vida pessoal, pois somos chamados a viver em coerência com aquilo por
que estamos a rezar. São também convites para nos aproximarmos durante o mês correspondente, a
outras pessoas ou instituições que trabalham no âmbito da intenção pela qual se está a rezar, sejam ou
não da Igreja, para procurar iniciativas de colaboração conjunta em favor daquilo que interessa a ambos.
Existem dois tipos de intenções para cada mês: uma chamada Universal e outra Pela evangelização
(ou "de Evangelização"). As intenções Universais recolhem temáticas que apelam a todos os homens e
mulheres de boa vontade, não só aos católicos. São questões que dizem respeito e preocupam a Igreja
universal, mas que vão para além das suas fronteiras. Basicamente expressam o nosso desejo de paz e
justiça no mundo, e o compromisso da Igreja com a situação mencionada. O próprio Papa convida-nos a
rezar e trabalhar por estas questões, enviando-nos como Igreja orante numa atitude de serviço humilde
e diálogo com o mundo, abertos à colaboração com pessoas de outras religiões e com aqueles que
pensam de modo diferente do nosso.
As intenções Pela Evangelização, por sua vez, tocam desafios da vida própria da Igreja, e expressam o
desejo de fazer dela um melhor instrumento para a evangelização.
Assim, a "missão da Igreja" já não é entendida como algo que acontece apenas em países distantes.
Tudo na Igreja é missionário. Ambas as listas de intenções são missionárias, pois têm como objectivo
que os baptizados possam servir melhor e com maior entusiasmo a missão de Cristo no nosso mundo
actual, centrados em certos desafios concretos. Rezar por elas abre o nosso olhar e o nosso coração às
dimensões do mundo, tornando nossas as alegrias e as esperanças, as dores e sofrimentos de todos os
nossos irmãos e irmãs.
Nalguns países os bispos acrescentam uma terceira intenção de oração mensal, que também fará parte
do serviço de oração do nosso Apostolado nesse lugar.
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4) Guia Prático
a) Como se põe em prática o caminho do Apostolado da Oração?
Um escriba instruído sobre o reino dos céus é como um dono de casa, que do seu tesouro
sabe tirar coisas novas e velhas. (Mateus 13,52)
Ao longo dos seus quase 170 anos, as práticas espirituais do AO têm sido muito variadas. Hoje,
em " fidelidade criativa " à intuição original do AO, procurámos, no tesouro da nossa tradição,
práticas antigas e outras novas que desejamos propor. Juntamente com o itinerário que
chamamos O caminho do coração, estas ajudar-nos-ão a moldar os nossos corações à
disponibilidade apostólica. Os Secretariados Nacionais e cada pessoa em particular poderão
adaptá-las e utilizá-las de acordo com a sua própria situação de vida e necessidade espiritual.
1. Os três momentos do dia: O meu ritmo diário de oração tem pelo menos três
momentos específicos. Para vivê-los, vou escolher a modalidade que me inspire maior gosto
espiritual e me ajude a estar mais disponível ao Senhor Ressuscitado. Posso recorrer a uma
imagem de Jesus ou um crucifixo, pode ser num lugar especial em minha casa, pode ser
recitando uma oração sugerida, pode ser usando meios digitais, etc.
Com Jesus pela manhã: Ao iniciar o dia, num momento de silêncio, faço-me presente
diante de Jesus Ressuscitado que está comigo. Peço ao Pai que me faça disponível à missão
do Seu Filho para este novo dia, oferecendo o que sou e o que tenho. Posso expressar este
oferecimento usando palavras minhas ou recorrendo a uma oração de oferecimento escrita.
Peço ao Espírito Santo que abra o meu coração às necessidades e desafios da humanidade e
da missão da Igreja, e rezo por eles segundo as intenções do Papa para este mês.
Com Jesus à noite: No final do dia, num momento de silêncio, peço ao Espírito Santo
que me ajude a reconhecer a presença de Jesus comigo durante esse dia, e agradeço.
Pergunto-me de que modo fui disponível à sua missão e também agradeço. Vejo como fui
obstáculo à sua acção na minha vida e peço-Lhe que, na sua misericórdia, transforme o meu
coração. Peço-Lhe ajuda para viver outro dia unido a Ele. Jesus dá-me a sua bênção.
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NOTA: No Documento 3 destinado aos Secretariados Nacionais propomos esquemas mais
detalhados para viver estes três momentos.
Vive tudo isto apoiado nas práticas que são fundamentais em toda a vida
cristã:
A Eucaristia, que o conduz à experiência interna do Coração de Jesus e o dispõe a
viver com Ele e ao seu estilo, ao serviço da sua missão. A entrega de Jesus pela
humanidade que se faz realidade em cada Eucaristia é, para o AO, o modelo de
oferecimento e disponibilidade.
O amor e a devoção a Maria, modelo de disponibilidade apostólica, cujo coração
está cheio de Jesus e dos seus projectos.
Participação num grupo de vida, em união com outras pessoas que vivem o AO,
quando possível (segundo o contexto cultural).
A formação contínua, que dá conteúdo à experiência profunda de comunhão com
Jesus e o ajuda a crescer como apóstolo. Deveria incluir formação em temas
relacionados directamente com a sua vivência do AO (Coração de Jesus, a oração de
intercessão, identidade e história do AO, etc.) e em matérias de outras áreas que
alimentam a sua fé como cristão (Bíblia, teologia, vida espiritual, sacramentos, etc.)
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Nota: O conteúdo espiritual e as práticas do AO recriado guiarão também o caminho de
formação da nossa secção juvenil, o Movimento Eucarístico Juvenil, com as devidas adaptações
segundo a idade dos seus membros.
Aquele que no AO se sinta chamado a uma união mais estreita ao Coração de Jesus e deseje
oferecer uma maior disponibilidade apostólica na sua missão, pode optar por fazer com Ele
uma especial aliança de vida, a que chamamos Aliança com Jesus ("consagração ao Coração de
Jesus"). Embora esta Aliança não seja uma condição indispensável para ser um Apóstolo da
Oração, é o horizonte para o qual conduz Um caminho do coração e a vivência das nossas
práticas. É a eleição feita por alguns livremente para dar à vida pessoal, familiar ou comunitária
a marca de uma maior pertença a Cristo. Ela também significará um laço mais estreito com o
AO na difusão da sua missão. A Aliança com Jesus será realizada seguindo as indicações que lhe
serão dadas pelo Secretariado Nacional para esse efeito, que a adaptará de acordo com os seus
contextos culturais. Pode ser renovada em dias especiais, por exemplo, a primeira sexta-feira
do mês, aniversários ou outras datas importantes.
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b) Itinerário para grupos que seguem o AO
Os membros de grupos do AO inspiram-se no nosso Caminho do coração e esforçam-se por
viver as práticas pessoais indicadas anteriormente.
Cada grupo deve estabelecer contacto com o Secretariado Nacional que irá fornecer
orientação e materiais de formação, em alguns casos, através do seu site ou convidando-os
a participar nas suas redes sociais digitais. Sugerimos aos grupos:
19
Orações do AO
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