Enrolamentos de Maquinas Eletricas

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SUMARIO

Introdução...........................................................................................................4
Princípios da Conversão Eletromecânica da Energia........................................4
2.1 – Conceitos Básicos.......................................................................................4
2.1.1 - Magnetismo..............................................................................................4
2.1.2 – Fluxo Magnético......................................................................................5
2.1.3 – Densidade de Fluxo Magnético. ...............................................................6
2.1.4 – Ampères-espira NI...................................................................................6
2.1.5 – Intensidade de Campo. ...........................................................................6
2.1.6 – Permeabilidade Magnética. ....................................................................7
2.1.7 – Relutância R.............................................................................................8
2.1.9 - O indutor. ..............................................................................................11
Lei de Faraday....................................................................................................11
Lei de Lenz.........................................................................................................12
2.1.10 – Conceito de CV, HP e Watt..................................................................13
3.1 Campo magnético.......................................................................................15
3.2 Indução magnética......................................................................................15
3.3 Enrolamento de campo...............................................................................16
3.4 Relação entre Conjugado, Potência e Velocidade.......................................18
Conversores Eletromecânicos Elementares......................................................22
4.1 Máquinas Síncronas Elementares ..............................................................24
Dinâmica do Sistema Mecânico: Abordagem Newtoniana..............................30
5.1 Condições de operação:...............................................................................31
5.2 Componentes do Torque de Carga:.............................................................31
5.3 Torque de ventilação (Tv):...........................................................................32
5.4 Torque de aceleração (Tac): ........................................................................32
5.5 Torque de carga (Tc): ..................................................................................32
5.7 Modelagem de Cargas .................................................................................37
5.8 Conjugado Médio da Carga........................................................................37
5.9 Momento de inércia referido ao eixo do motor:.........................................39
5.10 Momento de Inércia em Rotações Diferentes...........................................40
6 Exercícios........................................................................................................42

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Introdução

Enrolamento é o nome dado às bobinas de equipamentos elétrico/eletrônicos com a


finalidade de produzir campo magnético para diversos fins.

Basicamente são compostas por espiras de fio magnético enroladas em forma de


mola sobre um núcleo cerâmico, metálico ou mesmo sem um núcleo (chamado de núcleo
de ar).

O fio magnético é um fio de cobre o qual recebe uma (ou mesmo varias, dependendo
do tipo), camada de verniz que o torna eletricamente isolado, desta forma mesmo que
uma espira toque a espira vizinha não há contato elétrico.

Na prática os enrolamentos são usados ou para gerar um campo magnético ou então


para criar uma indutância no circuito no qual ele está ligado.

Princípios da Conversão Eletromecânica da Energia

São estudados os processos de conversão de energia elétrica em mecânica e


energia mecânica em elétrica. Essa conversão ocorre em dispositivos de força (motores e
geradores) e nos dispositivos de posição (relês, microfones, alto-falantes, transdutores).

A conversão eletromecânica de energia como a entendemos hoje, relaciona as


forças elétricas e magnéticas do átomo com a força mecânica aplicada à matéria ao
movimento. Como resultado desta relação, a energia mecânica pode ser convertida em
energia elétrica, e vice-versa, através das máquinas elétricas. Embora esta conversão
possa também produzir outras formas de energia como calor e luz, para a maioria dos
usos práticos avançou-se até um estágio onde as perdas de energia reduziram-se a um
mínimo e uma conversão relativamente direta é conseguida em qualquer das direções.

2.1 – Conceitos Básicos.


2.1.1 - Magnetismo.

O magnetismo, como qualquer forma de energia, é originada na estrutura física da


matéria, ou seja, no átomo. O elétron gira sobre seu eixo (spin eletrônico) e ao redor do
núcleo de um átomo (rotação orbital) como mostra a figura abaixo.

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Movimento dos elétrons nos átomos.

Na maioria dos materiais, a combinação entre direção e sentido dos efeitos magnéticos
gerados pelos seus elétrons é nula, originando uma compensação e produzindo um átomo
magneticamente neutro. Porém, pode acontecer uma resultante magnética quando um
número de elétrons gira em um sentido e um número menor de elétrons gira em outro
sentido. Assim, muitos dos elétrons dos átomos dos ímãs girando ao redor de seus
núcleos em direções determinadas e em torno de seus próprios eixos, produzem em
efeito magnético em uma mesma direção que resulta na expressão magnética externa.
Esta expressão é conhecida como campo magnético permanente e é representado pelas
linhas de campo.

2.1.2 – Fluxo Magnético.

O Conjunto de todas as linhas do campo magnético que emergem do pólo norte


do ímã é chamado de fluxo magnético (Figura abaixo). Simboliza-se o fluxo magnético
com a letra grega Ø (fi). A unidade do fluxo magnético no SI é o (Wb). Um weber é igual
a 1x108 linhas do campo magnético. Como o weber é uma unidade muito grande para
campos típicos, costuma-se usar o microweber (μ Wb) (1μ Wb = 10-6 Wb).

Campo delineado por linhas de força.

OBS: A corrente elétrica é dimensionada em Ampère. Um ampèr é igual a 6,25x1018


elétrons por segundo passando pela seção transversal de um condutor (1 C = 6,25x1018
elétrons).

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2.1.3 – Densidade de Fluxo Magnético.

Linhas de Fluxo magnético cortando uma área. A densidade de campo magnético,


densidade de fluxo magnético ou simplesmente campo magnético, cuja unidade Tesla
(T), é uma grandeza vetorial representada pela letra B e é determinada pela relação
entre o fluxo magnético e a área de uma dada superfície perpendicular à direção do fluxo
magnético. Assim:

B=Ø[T]A

Onde: B: densidade de fluxo magnético, Tesla [ T ]

Ø: fluxo magnético, Weber [ Wb ]

A: área da seção perpendicular ao fluxo magnético, metros quadrados [ m2 ] 1T = 1


Wb/ m 2

2.1.4 – Ampères-espira NI.

A intensidade de um campo magnético numa bobina de fio depende da intensidade


da corrente que flui nas espiras da bobina. Quanto maior a corrente, mais forte o campo
magnético. Além disso, quanto mais espiras, mais concentradas as linhas de força. O
produto da corrente vezes o número de espiras da bobina, que é expresso em unidades
chamadas de ampères-espira (Ae), é conhecido como força magnetomotriz (Fmm). Na
forma da equação, Fmm = NI [A.e]

Onde: Fmm: força magnetomotriz, [ A.e ]

N: número de espiras I: corrente [ A ]

2.1.5 – Intensidade de Campo.

É a quantidade de ampères-espira por metro de comprimento da bobina. A unidade


é o Ae/m.

H = NI [ A.e/m ], ou H = Fmm [ A.e/m ]. ℓ ℓ

Onde: H: intensidade do campo magnético [ A.e/m ] N: número de espiras I: corrente

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[ A ] ℓ: comprimento da bobina em metros [ m ] Fmm: força magnetomotriz, [ A.e ]

É importante observar que se aumentarmos o comprimento da bobina (esticando-a,


por exemplo, como na figura abaixo), mantendo a mesma quantidade de ampères-
espira, a intensidade de campo diminui. Também se um núcleo ferro-magnético for
introduzido na bobina, o comprimento “ℓ” usado no cálculo da intensidade de campo,
será o comprimento desse material.

2.1.6 – Permeabilidade Magnética.

Um material na proximidade de um imã pode alterar a distribuição das linhas de


campo magnético. Se diferentes materiais com as mesmas dimensões físicas são usado,
a intensidade com que as linhas são concentradas varia (Figura abaixo). Esta variação
se deve a uma grandeza associada aos materiais chamada permeabilidade magnética,
μ. A permeabilidade magnética de um material é uma medida da facilidade com que as
linhas de campo podem atravessar um dado material.

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A permeabilidade μ de um material magnético é dada pela razão entre B e H. μ = B [
T.m/Ae ] H A permeabilidade magnética do vácuo, μ0 vale: μ0 = 4π x 10-7 [ T.m/Ae ] Os
materiais podem ser classificados como: a) Diamagnéticos – Têm a permeabilidade um
pouco inferior à do vácuo. b) Paramagnéticos – Têm permeabilidade um pouco maior
que a do vácuo. c) Ferromagnético – Têm permeabilidade de centenas e até milhares de
vezes maior que o vácuo.

A relação entre a permeabilidade de um dado material e a permeabilidade do vácuo


é chamada de permeabilidade relativa, assim:

Onde:

μr: permeabilidade relativa de um material (adimensional)

μm: permeabilidade de um dado material

μ0: permeabilidade do vácuo

2.1.7 – Relutância R.

O símbolo da relutância é R. A relutância é inversamente proporcional à permeabilidade.


O ferro possui alta permeabilidade e, consequentemente, baixa relutância. O ar possui
baixa permeabilidade e, portanto, alta relutância.

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onde:

Ø: fluxo magnético, Wb

Fmm: força magnetomotriz, Ae

R: relutância, Ae/Wb

A relutância pode ser expressa na forma de uma equação da seguinte forma:

onde:

R: relutância, Ae/Wb

ℓ: comprimento da bobina, metros

μ: permeabilidade magnética, T.m/Ae

A: área da seção reta da bobina, m2

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2.1.8 – Circuitos Magnéticos.

Um circuito magnético pode ser comparado a um circuito elétrico no qual uma fem
produz uma corrente. Seja um circuito magnético simples.

Os ampères-espira NI da força magnetomotriz produzem o fluxo magnético. Portanto,


a fmm se compara à fem ou à tensão elétrica, e o fluxo Ø é comparado à corrente. A
oposição que um material oferece à produção do fluxo é chamada de relutância, que
corresponde à resistência.

Observe a analogia feita com os circuitos abaixo.

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2.1.9 - O indutor.
Vejamos alguns fenômenos do indutor:

1) Todo indutor percorrido por corrente elétrica gera um campo magnético proporcional
a essa corrente (seja ela contínua ou alternada).

2) Todo indutor sob a influência de um campo magnético variável gera corrente


elétrica proporcional a esse campo.

3) Quando uma corrente variável é posta em um indutor, gera campo magnético


variável e este gera de volta uma corrente no próprio indutor.

Lei de Faraday.

A tensão induzida é diretamente proporcional ao número de espiras e a velocidade


de variação do campo magnético. Podemos calcular a tensão induzida pela equação.

Vinduzida = N x ΔØ/Δt

Onde:

Vinduzida: tensão induzida

N: número de espiras da bobina

ΔØ/ Δt : velocidade com que o fluxo intercepta o condutor, Wb/segundos

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Lei de Lenz

Segundo a lei de Lenz, qualquer corrente induzida tem um sentido tal que o campo
magnético que ela gera se opõe à variação do fluxo magnético que a produziu. Se o
campo está aumentando no sentido norte, a corrente gera um campo norte também, se
o campo diminui no sentido norte, a corrente gera um campo no sentido sul.

Matematicamente, a lei de Lenz é expressa pelo sinal negativo que aparece na


expressão da Lei de Faraday.

Vinduzida = – N x ΔØ/ Δt

Onde:

Vinduzida: tensão induzida

N: número de espiras da bobina

ΔØ/ Δt : velocidade com que o fluxo intercepta o condutor, Wb/segundos

Trabalhando a fórmula de Lenz:

Vinduzida = – N x ΔØ/ Δt

O Fluxo Magnético é dado por:

Ø = B x A [ Wb ] ou Ø = B x A x cos wt [ Wb ]

Onde wt é igual ao ângulo formado entre as espiras de um gerador elétrico e o fluxo

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magnético.

dØ/ dt = - BAw x sen wt (a derivada do cos wt é igual ao –sen wt)

Ficando a tensão induzida resumida a fórmula:

Vinduzida = – N x ΔØ /Δt = NBAw x sen wt

Onde: NBAw é igual a Tensão máxima.

Onde:

N; número de espiras

B; Densidade de Fluxo Magnético

A; Área de atuação do campo magnético em relação as espiras

w; velocidade angular, de rotação

Logo:

Vinduzida = Vmáximo x sen (wt)

Ou

Vinduzida = Vmáximo x sen (wt + αº)

Ou

Vinduzida = Vmáximo x sen (wt - αº)

2.1.10 – Conceito de CV, HP e Watt

CV significa cavalo vapor e é definido como uma unidade de potência mecânica,


assim como o HP que significa horse Power e também é uma unidade que identifica
a potência mecânica. O Watt (W) é uma unidade que identifica a potência elétrica. As
correlações entre elas estão definidas abaixo:

1CV = 736W e

1HP = 746W.

Potência é uma grandeza que expressa o trabalho realizado no transcorrer de um

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intervalo de tempo.

P=T[W]

Δt

Onde:

P: potência em watt

T: trabalho, N.m

Δt: intervalo de tempo em segundos (t – t0)

Um CV se define como a potência mecânica necessária para se elevar verticalmente


uma massa de 75Kg à uma altura de 1 metro num tempo de 1 segundo. Um HP se
define como a potência mecânica necessária para se elevar verticalmente uma massa
de 33.000 libras (14968,8 Kg) a uma altura de 1pé (30,4 cm) num tempo de 1 minuto.

1- Enrolamentos de Máquinas Elétricas e a Produção de Conjugado


Enrolamento é o nome dado as bobinas de equipamentos elétrico/eletrônicos com a
finalidade de produzir campo magnético para diversos fins.

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Enrolamento sobre um núcleo de ferrite (cerâmico) usado normalmente em rádios ou
outros dispositivos eletrônicos.

Basicamente são compostas por espiras de fio magnético enroladas em forma


de mola sobre um núcleo cerâmico, metálico ou mesmo sem um núcleo (chamado de
núcleo de ar).

O fio magnético é um fio de cobre o qual recebe uma (ou mesmo várias, dependendo
do tipo), camadas de verniz que o torna eletricamente isolado, desta forma mesmo que
uma espira toque a espira vizinha não há contato elétrico.

Na prática os enrolamentos são usados ou para gerar um campo magnético ou então


para criar uma indutância no circuito no qual ele está ligado.
3.1 Campo magnético

Nesse caso é praticamente inevitável o uso de um núcleo para concentrar as linhas


do campo magnético. O campo gerado pode ser utilizado para diversos fins dos mais
banais aos mais refinados:

• Gravação de fitas magnéticas (K7);

• Geração de campo circulante em motores elétricos;

• Eletro imãs para movimentação de cargas metálicas;

• Campos de máquinas de ressonância magnética (campo principal);

• Abertura de trancas elétricas.

3.2 Indução magnética

Qualquer enrolamento apresenta uma indutância a qual, em certos tipos


de circuitos eletrônicos, se faz indispensável para o funcionamento deste (mesmo no caso
dos enrolamentos simplesmente feitos para criar campos magnéticos o efeito físico da
indutância está lá apesar de não ser efetivamente utilizado).

Alguns formatos de indutores usados em eletrônica.

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Aqui, dependendo do circuito no qual o enrolamento está inserido, do núcleo usado,
do tipo de fio, do tamanho e espaçamento das espiras, do formato das espiras e da
posição do núcleo (caso exista), o resultado final obtido é tremendamente afetado.

Para citar alguns usos deste tipo de enrolamento:

• Bobinas de rádio;

• Indutores de fonte chaveadas;

• Máquinas de ressonância megnética (campo gradiente);

• Diversos tipo de sensores;

• Radares de velocidade de veículos.

3.3 Enrolamento de campo


É uma parte constituinte do estator de um motor de corrente contínua que não seja do
tipo ímã permanente. A função do enrolamento de campo no motor é de produzir a força
magneto-motriz necessária à geração de um fluxo magnético.

Ao se aplicar tensão entre as extremidades de um enrolamento de campo, circula


por este uma corrente elétrica e cria-se um campo magnético, gerando os pólos magnéticos
norte e sul, e consequentemente originando movimento na parte móvel do motor c.c
que é o rotor. Os conjuntos de enrolamentos dispostos ao longo da carcaça do motor são
conhecidos como sapatas polares. O circuito de enrolamento de campo é construído para
suportar baixa corrente em relação ao circuito de armadura do Rotor.

O enrolamento é constituído de materiais que possuam boa condutibilidade,


baixa resistência elétrica e elevada permeabilidade magnética. Geralmente se usa o cobre
para produzir enrolamentos de motores. Os filamentos de cobre são isolados por um
verniz ou uma resina de alta rigidez dielétrica e enrolado por um certo número de vezes
em um núcleo ferromagnético, constituindo uma bobina. A representação em circuitos do
enrolamento de campo é a mesma usada para bobinas. O número de espiras, o diâmetro
e o material usado no enrolamento são definidos de acordo com as características que
se pretende obter do motor.

Os enrolamentos de campo podem ser de dois tipos:

a) Série: Enrolamento que possui poucas espiras de condutor com uma “seção alta”
(diâmetro elevado).

b) Paralelo: Enrolamento que possui muitas espiras de condutor com “seção baixa”

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(diâmetro reduzido).

Existe ainda um enrolamento de campo chamado de interpólo, que tem como função
equilibrar o magnetismo parasita que desloca a linha neutra das lâminas coletoras em
contato com as escovas. Esse enrolamento anula o deslocamento da linha neutra,
fazendo com que elimine-se o problema de faíscamento entre as lâminas coletoras e as
escovas.

O conjugado, também conhecido por torque, é o esforço realizado por um motor, mais
precisamente pelo centro do eixo do rotor do motor, quando realiza um trabalho de força
ou de movimento. Em termos gerais diz-se que “uma força que atua sobre uma alavanca,
origina um conjugado”. A magnitude da grandeza denominada “conjugado” depende de:
ƒ Da magnitude da grandeza força; ƒ Da magnitude da grandeza comprimento do braço
de alavanca, ou seja, da distância perpendicular da força até o ponto de apoio. OBS:
Em se tratando de uma polia, por exemplo, tal distância vem a ser o raio da mesma
polia, pois a força: ƒ ou é aplicada no centro do eixo e daí é transmitida para a borda
da polia, para a correia, e isso ocorre no caso da polia estar atrelada a um eixo o qual é
fonte de energia cinética; ƒ ou então a força é aplicada na borda da polia, pela correia e
transmitida para o centro do eixo, no caso de um receptor de energia cinética.

Assim:

Conjugado = Força x Braço de Î Conjugado = Força x Raio alavanca

As unidades de medida mais utilizadas para a grandeza denominada de “Conjugado”


são:

• Kgfxm -> Quilograma Força Metro;

• Nxm -> Newton Metro;

• Kpxm -> Quilo Pascal Metro.

Por meio das polias ou engrenagens, os conjugados e, por conseguinte as rotações,


podem ser mudadas simultaneamente, para adaptá-los às diversas condições de serviço.
Nestes casos são aplicáveis as seguintes relações:

Para polias:

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Para engrenagens:

Exemplo de transmissão de movimento rotativo por polia:

3.4 Relação entre Conjugado, Potência e Velocidade

No sistema de transmissão de movimento visto anteriormente, teoricamente, a


potência mecânica da fonte é igual à potência mecânica do receptor, ou seja, P1 = P2.
Entretanto nos casos práticos existem sempre perdas a serem consideradas, por exemplo,
se a correia deslizar temos perda de tração, o que implica em perda de potência. De fato
as fórmulas práticas convertem o conjugado a partir das grandezas da potência elétrica
e da rotação de um dado motor, sendo que o conjugado está relacionado com a potência
de modo diretamente proporcional e com a velocidade angular, que é a rotação, de modo
inversamente proporcional, ou seja, conjugado é igual à potência dividido pela rotação:

Baseado nos dados e no diagrama do exemplo anterior e adotando-se os dados


deste exemplo, determine qual será o conjugado C2, a rotação n2 e a potência P2. Em
que unidade de medida se encontra o valor da potência obtido? Obtenha a potência em
Watt e em CV. Em virtude da diversidade de unidades de medida utilizadas, seja para
o conjugado, ou seja, para a potência elétrica, devemos observar cuidadosamente a
conversão do conjugado, aplicando os ajustes necessários de acordo com as unidades
empregadas. Exemplos:

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OBS: em 2) e 3) dividimos por 2π para ajustar de RADIANOS para ROTAÇÕES (1
rotação = 2π RAD) e multiplicamos por 60 para ajustar de POR SEGUNDOS para POR
MINUTOS (1 min = 60 s); em 3), 4) e 5) dividimos por g, ou seja, por 9,8 para ajustar de
NEWTONS.METRO para QUILOGRAMA-FORÇA.METRO (g é a aceleração da força
da gravidade da terra que corresponde a 9,8 m/s2 ); em 4), 5), 6) e 7) multiplicamos por
736 para ajustar de WATTS para CAVALOVAPOR (1 CV = 736 W). Já, olhando-se para
o conjugado de um ponto de vista estritamente eletromagnético, o mesmo também pode
ser dado por:

As linhas de força de um campo magnético são coletivamente chamadas de fluxo


magnético, para o qual se usa o símbolo Φ, a letra grega Phi. A unidade de fluxo magnético
(ou fluxo de indução magnética) no Sistema Internacional de Unidades de Medida (SI) é
o Weber (Wb).

Como KE é uma constante que depende exclusivamente de dados construtivos do


motor, esta fórmula é pouco utilizada para cálculos práticos, não obstante ela tem sua
muita importância, até mesmo por permitir enxergar a dependência do conjugado do
motor (CMO) para com o fluxo de campo (ΦC) e com a corrente de armadura (IA). Assim,
para fluxo de campo (ΦC) constante, o conjugado apresentado pelo motor é proporcional
a corrente de armaduta.

Em um bom número de aplicações de controle que envolvem motores CC, o fluxo


de campo (ΦC) é mantido constante, ou devido ao uso de alimentação fixa para o
enrolamento de campo ou pelo uso de motor de ima permanente no estator. Assim, o
conjugado do motor (CMO) passa a ser função apenas da corrente de armadura (IA).
Este conceito, IAÆ CMO, é muito importante e será empregado nos nossos ensaios
práticos, uma vez que os motores que utilizaremos serão motores que empregam imã

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permanente no lugar do enrolamento de campo.

Convenções das Características do Conjugado:

As legendas adotadas serão:

CMO -> Conjugado do motor;

CRE -> Conjugado da Carga (Conjugado resistente);

CAC -> Conjugado de Aceleração;

CFR -> Conjugado de Frenagem;

CDA -> Conjugado de desaceleração.

O conjugado do motor – CMO - é o conjugado desenvolvido e exercido pela máquina


elétrica (motor), em seu eixo, na função que o motor tem de movimentar a carga, a partir
da energia elétrica que o mesmo recebe como alimentação.

O conjugado resistente - CRE – é oferecido pela carga e se opõe ao movimento em


qualquer sentido que se tente movimentá-la. O CRE pode ser ou não dependente da
rotação (velocidade do movimento), e caso seja dependente, pode haver ai uma relação
inversa, direta ou exponencial. Isso depende do tipo de carga mecânica, como veremos
mais adiante.

O conjugado do motor – CMO - e o conjugado resistente – CRE - tem sempre sentidos


opostos.

Os Três Regimes de Movimento de uma Máquina Elétrica: Identifica-se em uma


máquina elétrica em movimento 3 estágios (ou regimes) a saber:

• Aceleração -> ΔT1;

• Estável -> ΔT2;

• Desaceleração -> ΔT3;

Se o CMO é igual ao CRE, então temos equilíbrio dos conjugados e, como


consequência, a velocidade (rotação) se torna constante. Temos assim um regime
estável, como o que ocorre em ΔT2. Lembre-se o objetivo do sistema de controle
de um conversor CA/CC regulado é sempre buscar o regime estável CMO = CRE.

Entretanto se ocorrer do CMO passar a exceder o CRE, chamamos a esta parcela

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excedente de conjugado de aceleração CAC. Estando o sistema sob este regime de
aceleração, teremos uma velocidade sempre crescente e CAC = CMO - CRE, como o
ocorre em ΔT1.

Já num regime de desaceleração, o motor efetua uma força contrária a da aceleração


para que haja efetivamente uma frenagem, assim dizemos que o motor passa a ter um
conjugado de frenagem (CFR). Já o conjugado resultante do desequilíbrio é negativo,
ou seja, o movimento resultante refere-se a um conjugado de desaceleração (CDA).
Fazer com que o motor efetue uma força contrária a da inercia da carga é diferente
de simplesmente cortar a energia de alimentação e deixar a máquina rolar solta, até
parar por si própria, por inexistência de ação no motor: • Se após atingir uma certa
velocidade, num dado momento passar a atuar sobre o móvel, usando-se a força do
motor em sentido contrário, neste caso temos efetivamente um conjugado de frenagem
(CFR), e as relações se estabelecem de modo que: CDA = CFR - CRE • Por outro lado,
se após atingir uma certa velocidade, num dado momento passar a deixar rolar solto
cortando a energia, o CDA se torna igual ao CRE, pois não existe CFR. Assim, temos
CDA = - CRE. Neste caso, a parada do sistema se dará em um tempo relativamente
longo, pois é função apenas do movimento de inércia. 12.4.1 A Partida: A partida é uma
situação a parte que requer atenção especial. A partida é um intervalo de tempo no qual
o motor sairá da condição de parado (n = 0), passando transitoriamente por um regime
de aceleração, até atingir uma dada rotação desejada. Normalmente é necessário um
grande esforço para tirar o sistema da inercia de n = 0 e, o quão grande é este esforço,
é algo que depende do tipo de carga mecânica.

Na partida o motor estará tracionando a C,P carga e para que a partida seja possível
motor e carga são dimensionados de modo que CMO NOMINAL > CRE PARTIDA. Assim

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a arrancada é feita com elevado CMO, o que equivale dizer que o motor parte com
corrente de armadura (IA) elevada, mesmo que a tensão VCMED seja reduzida durante
o transitório de aceleração da partida, pois ao partir a FCEM inicialmente é nula e todo o
valor da VCMED aplicada torna-se tensão útil do induzido.

Conversores Eletromecânicos Elementares

As máquinas elétricas rotativas são equipamentos destinados a converter energia


mecânica em energia elétrica, ou vice-versa. No primeiro caso elas recebem o nome
de motores elétricos e, no segundo, geradores elétricos. O processo de conversão se
realiza por meio dos fenômenos estudados e consolidados pelas leis fundamentais da
eletricidade e do magnetismo:

• Lei da indução eletromagnética, Lenz-Faraday

• Lei do circuito elétrico, lei de Kirchhoff

• Lei circuital do campo magnético, lei de Ampére

• Lei da força atuante sobre condutor situado em um campo magnético, lei de Biot-
Savart

As máquinas elétricas são projetadas e construídas de forma tal a realizarem com


a máxima facilidade e eficiência possíveis o processo de conversão. Elas possuem,
basicamente duas partes: uma parte que é fixada ao solo ou a alguma outra superfície,
chamada de estator e uma parte móvel montada sobre um eixo, alojada no interior do
estator de forma a permitir sua rotação, chamada rotor. O que distingue uma máquina

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elétrica na sua operação como motor ou gerador é o sentido do percurso da energia
através dela: no gerador, energia mecânica “entra” na máquina pelo eixo do rotor,
atravessa, por meio do fluxo magnético, o espaço estreito existente entre o rotor e o
estator chamado entreferro, é convertida em energia elétrica e “sai” pelos terminais do
estator. No motor elétrico é exatamente o contrário: energia elétrica “entra” na máquina
pelos terminais do estator, atravessa o entreferro, é convertida em energia mecânica
disponível no eixo do rotor. Assim, uma primeira e importante qualidade das máquinas
elétricas rotativas é que uma mesma máquina pode operar como motor ou como gerador.
Quanto à natureza da corrente, as máquinas elétricas podem ser de corrente contínua
(CC) ou de corrente alternada (CA). Os campos de aplicação dessas máquinas são
distintos como será mostrado posteriormente, mas os princípios que governam os seus
desempenhos são os mesmos, havendo apenas algumas particularidades de natureza
construtiva que as diferenciam.

A lei de Lenz-Faraday, e= - dλ/ dt , descreve, sob os pontos de vista quantitativo e de


sentido, a indução de tensões produzidas por um fluxo magnético que varia no tempo.
A conversão eletromecânica da energia ocorre quando a variação do fluxo magnético é
provocada por um movimento mecânico rotativo. Nas máquinas elétricas rotativas, as
tensões são induzidas em grupos de bobinas que estão ligadas entre si segundo uma
determinada ordem, formando os enrolamentos, basicamente, de três maneiras:

1ª) Fazendo girar um campo magnético constante (imã permanente ou criado por
corrente contínua) de forma que as linhas de força do campo enlacem as bobinas. O
enrolamento se encontra montado na parte fixa da maquina denominada armadura ou
estator e o fluxo magnético é criado na parte rotativa denominada rotor. Os geradores
síncronos são exemplos típicos desta montagem.

2ª) A armadura e o seu enrolamento giram, enquanto o campo magnético constante


produzido por imã permanente ou por corrente contínua é montado na parte fixa da
máquina. O enrolamento da armadura é enlaçado no seu movimento rotativo pelas linhas
de força do fluxo magnético. As máquinas de corrente contínua são construídas segundo
esse modelo.

3ª) O enrolamento da armadura está montado no estator e é alimentado por corrente


alternada capaz de criar um campo girante no espaço. O fluxo desse campo enlaça
o enrolamento montado no rotor, nele induzindo tensões e correntes. As máquinas de
indução constituem o exemplo típico desta montagem.

Tanto as bobinas da armadura quanto as do rotor são enroladas sobre núcleos de


ferro que reduzem a relutância magnética ao fluxo que as enlaça. Devido ao ferro da
armadura ser submetido também às variações do fluxo magnético, nele, por sua vez,

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são induzidas correntes que não contribuem para o desempenho da máquina, pelo
contrário, são perdas que aquecem a máquina e afetam o seu rendimento. Os núcleos
são montados como pacotes de chapas de aço de espessura reduzida que diminuem
os efeitos dessas correntes chamadas correntes de Foucault ou correntes parasitas.
O espaço entre o rotor e a armadura ou estator é chamado de entreferro e, por ser de
ar, nele se concentra a maior parte da relutância do circuito magnético no interior da
máquina.

4.1 Máquinas Síncronas Elementares


A figura abaixo representa de uma forma muito simplificada um gerador síncrono
monofásico de CA. Este tipo de máquina, apesar de poder ser construída, não existe
na prática. Ela serve apenas para fins de estudo. É chamada gerador elementar. O
enrolamento da armadura é constituído de uma única bobina de N espiras que estão
concentradas em duas únicas ranhuras diametralmente opostas na periferia interna do
estator. Quando o rotor girar, acionado por um órgão primário, o fluxo magnético através
da bobina vai variar e serão induzidas tensões no enrolamento da armadura.

24
A seção transversal dos dois lados da bobina é indicada pelas letras +a e –a. Os
condutores que formam estes dois lados da bobina são paralelos ao eixo da máquina
e são ligados em série por conexões nas extremidades, não mostradas na figura. O
enrolamento que produz o campo magnético no rotor é alimentado por corrente contínua
que é conduzida até ele por meio de escovas de carvão que deslizam sobre anéis coletores.
O rotor gira a uma velocidade constante, acionado por um órgão primário (uma turbina
hidráulica ou a vapor nas centrais hidrelétricas ou térmicas) acoplado mecanicamente ao
eixo do rotor. Os caminhos do fluxo magnético estão indicados por linhas tracejadas. A
distribuição espacial da indução magnética B no entreferro é mostrada na figura abaixo
em função do ângulo θ ao longo da periferia interna do estator. A forma de onda da
indução magnética das máquinas reais pode se aproximar de uma onda senoidal pela
conformação adequada da forma das sapatas polares.

À medida que o rotor gira, o fluxo magnético associado à onda de indução magnética
enlaça a bobina de N espiras do estator induzindo nela uma tensão e, função do tempo
e com a mesma forma de onda da distribuição espacial. A tensão induzida passa por um
ciclo completo de valores para cada rotação da máquina de 2 polos da figura anterior
(1.1).

25
A frequência em ciclos por segundo (hertz) é igual à velocidade do rotor em rotações
por segundo (RPS). A frequência elétrica está sincronizada com a velocidade mecânica
do rotor, donde o seu nome de máquina síncrona. Portanto, em uma máquina síncrona
de dois polos o rotor precisa girar a 3600 rotações por minuto (RPM) para produzir
tensões e correntes na frequência de 60 Hz. Muitas máquinas síncronas têm mais de
dois polos. Como exemplo, a figura acima mostra um gerador elementar de 4 polos,
também monofásico. As bobinas que criam o campo magnético são ligadas de modo
a criar polos alternados NSNS. Há dois ciclos completos na distribuição espacial da
indução magnética ao longo do entreferro como mostra a figura abaixo. O enrolamento
da armadura agora é constituído de duas bobinas (a1,- a1) e (a2,-a2) ligadas em série
por conexões feitas nas suas extremidades

26
O passo 1 da bobina, distância medida em graus entre os dois lados da bobina, é
igual à metade do comprimento da onda de indução magnética. Quando um lado da
bobina está sob um pólo N, o outro, necessariamente, deve estar sob o pólo S e a
conexão entre os lados deve ser feita de forma a poder somar as tensões induzidas em
cada lado. A tensão induzida passa por dois ciclos completos para cada rotação do rotor.
Logo, a frequência f é o dobro da frequência da máquina de dois pólos girando à mesma
velocidade. Quando uma máquina possui mais de dois pólos, para entender os fenômenos
que ocorrem, basta concentrar a atenção sobre um único par de polos e reconhecer que
as mesmas condições elé- tricas, magnéticas e mecânicas estão presentes em todos os
outros pares de pólos. Por esta razão é conveniente expressar ângulos em graus elétricos
ou radianos elétricos em lugar de falarmos em graus geométricos ou mecânicos. Assim,
a distância entre os eixos magnéticos de um pólo N e um pólo S é igual a 180º elétricos
ou π radianos elétricos, independente do número de pólos da máquina. A distribuição da
indução magnética numa máquina de P pólos correspondente a um par de polos é igual
a 360º elétricos ou radianos elétricos. Como há P/2 comprimentos de onda de indução
magnética completos ou ciclos em uma rotação completa podemos escrever:

Sendo θe ângulo elétrico e θg ângulo geométrico ou mecânico. A tensão induzida na


bobina de uma máquina de P pólos passa por um ciclo completo toda vez que um par de
pólos passa por ela, isto é, P/2 vezes em cada rotação. A frequência da onda de tensão
induzida será então:

27
Sendo P=P/2, o número de pares de pólos, n a rotação da máquina em RPM e f a
frequência. A frequência angular ω ou pulsação da onda de tensão induzida é igual a:

Sendo ωm a velocidade mecânica em radianos por segundo. Para a frequência de


60 Hz, a pulsação é igual a 377 radianos por segundo. A relação entre ωm em radianos
por segundo e n em RPM é dada por:

Os rotores mostrados nas figuras 1.1 e 1.3 têm pólos salientes e enrolamentos
concentrados. A figura abaixo mostra, esquematicamente, um rotor de 2 pólos não
salientes ou pólos lisos. O campo magnético é criado por um enrolamento distribuído
em ranhuras dispostas de modo a produzir no entreferro uma distribuição espacial da
onda de indução magnética a mais próxima possível de uma senoide. Este tipo de rotor
é típico dos geradores síncronos das usinas térmicas, pois as turbinas a vapor que os
acionam giram a altas velocidades (3600 e 1800 RPM). A altas velocidades os rotores de
pólos lisos têm um comportamento dinâmico mais estável do que os de pólos salientes.
Tais geradores são facilmente identificados por terem diâmetros do estator relativamente
pequenos comparados com o seu comprimento. São chamados de turbo-geradores.
Numa máquina de pólos lisos o entreferro é de espessura constante ao longo de toda a
circunferência interna, diferente da máquina de pólos salientes, cujo entreferro é estreito
na frente das faces polares e mais largo entre os pólos.

28
Com poucas exceções, os geradores síncronos são máquinas trifásicas, isto é, o seu
enrolamento da armadura deve ser montado de forma tal que possam ser induzidas nele
tensões trifásicas equilibradas defasadas 1/3 de período. Para isto é necessário que o
enrolamento seja formado de no 6 mínimo 3 bobinas deslocadas entre si 120º elétricos
no espaço. A figura abaixo mostra de forma simplificada um enrolamento trifásico de uma
máquina de 2 polos.

29
As bobinas estão designadas por (a,-a), (b,-b) e (c,-c). Em cada uma delas o fluxo
magnético girante do rotor induzirá uma tensão. As tensões induzidas estão defasadas
entre si 1/3 de período. Sendo a máquina de 4 polos, serão necessários 2 conjuntos
de bobinas iguais para formar o enrolamento, conforme mostra a fig. 1.6b. O ângulo
geométrico entre cada uma das bobinas é igual a 60º que correspondem a 120º elétricos.
A fig. 1.6c mostra a conexão entre as bobinas da máquina de 4 pólos para formar um
enrolamento ligado em estrela. Se os terminais do enrolamento não são ligados a
nenhuma carga trifásica não circula nenhuma corrente. Nesta condição diz-se que a
máquina está operando a vazio. Quando os terminais são ligados a uma carga trifásica
a corrente trifásica que circula no enrolamento da armadura cria um fluxo magnético
no entreferro que gira à mesma velocidade síncrona do fluxo magnético do rotor. Esse
fluxo interage com o fluxo do rotor resultando um conjugado eletromagnético devido
à tendência dos dois fluxos magnéticos se alinharem. Num gerador, este conjugado
tem um sentido de atuação oposto à rotação e, portanto, é necessário que um órgão
acionador (uma turbina) forneça um conjugado mecânico no eixo para manter a rotação.
Num motor o conjugado eletromagnético atua no mesmo sentido da rotação do rotor e,
portanto, ele é capaz de fornecer conjugado mecânico no seu eixo para acionar alguma
carga.

O aparecimento deste conjugado eletromagnético é o fenômeno essencial da


conversão eletromecânica da energia que ocorre nas máquinas rotativas. Mais adiante
ele será estudado em maiores detalhes.

Dinâmica do Sistema Mecânico: Abordagem Newtoniana


Onde:

Tm - torque desenvolvido pelo motor (N.m),

Tc - torque produzido pela carga (N.m),

Ta = J.dw/dt - torque de aceleração (N.m), torque desenvolvido sob condições


transitórias e usado para vencer a inércia sistema mecânico.

J - momento de inércia (kg.m2),

dw/dt - aceleração angular.

30
5.1 Condições de operação:

Regime de aceleração: Tm> Tc, para vencer a inércia => dw/dt > 0 (velocidade
aumenta). Regime de desaceleração: Tm< Tc => dw/dt < 0 (velocidade diminui), Se for
necessário produzir uma parada rápida, o torque desenvolvido pelo motor deve mudar
de sentido (torque de frenagem).

Regime permanente ou funcionamento normal: Tm = Tc, dw/dt = 0 e a velocidade


permanece constante.

5.2 Componentes do Torque de Carga:

O conjugado resistente inerente de cada tipo de carga podendo ter os seguintes


componentes:

Torque de Atrito (Ta) - os atritos são efeitos sempre presentes e difíceis de tratar
analiticamente. Podem ser:

Atrito estático: surge na transição do repouso para o movimento. Só interfere na


partida. Independe da velocidade.

Atrito viscoso: produz um torque de oposição que varia aproximadamente proporcional


a velocidade angular, devido a existência de fluido lubrificante.

31
onde:

B - coeficiente de atrito viscoso

Wm - velocidade angular

5.3 Torque de ventilação (Tv):

O conjugado de ventilação é usado para agitar ou bombear o ar ao redor das


partes móveis do sistema. Esta componente, para sistemas rotativos, aproximadamente
proporcional ao quadrado da velocidade.

5.4 Torque de aceleração (Tac):

É o conjugado desenvolvido sob condições transitórias para vencer a inércia do


sistema mecânico.

Tac - conjugado de aceleração ( Nm )

J - o momento de inércia ( kgm2 )

Wm - velocidade angular ( rad/s )

5.5 Torque de carga (Tc):

A natureza deste torque depende do tipo de carga. Pode ser constante e independente
da velocidade, pode ser função da velocidade, pode ser variável ou não com o tempo e
pode variar de acordo com as mudanças no modo de operação da carga.

32
Onde k1 e k2 são constantes e x depende do tipo de carga.

Em muitas aplicações Tv << Ta, logo o conjugado resistente total em sistema


mecânico é dado por:

5.6 Tipos de Cargas:

O conjugado requerido pela carga depende do tipo de carga a ser acionada pelo
motor.

onde:

Tc - conjugado resistente da carga [N.m],

T0 - conjugado da carga para rotação zero [N.m],

kc - constante que depende da carga,

w - velocidade do eixo principal da máquina [rad/s],

x - parâmetro que depende da carga, podendo assumir os valores -1, 0, 1 e 2.

Conjugado Constante (x=0):

33
Formado por cargas que apresentam relação constante entre velocidade e conjugado.

Exemplos: correias transportadoras; guindastes; bombas a pistão, talhas,


laminadores, extrusoras, britadores, máquinas ferramentas.

Conjugado Linear (x =1):

Grupo das cargas que mantém relação linear e direta entre conjugado e velocidade.

Exemplos: máquinas cilíndricas; máquinas para aplainamento, calandras para


conformar chapas de ao, moinhos de rolos.

34
Conjugado Quadrático (x=2)

Como o nome sugere, este grupo é formado por cargas que mantém uma relação
quadrática entre conjugado e velocidade.

Exemplos: Compreende máquinas operando por foras centrífugas, tais como:


centrífugas, bombas centrífugas e ventiladores.

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Conjugado Inversamente Proporcional (x= -1)

Trata-se de cargas que apresentam uma variação de conjugado inversamente


proporcional variação de velocidade. Este grupo Ø composto basicamente por cargas
que apresentam grande inércia mecânica.

Exemplos: bobinadeiras; desbobinadeiras e moinhos.

36
5.7 Modelagem de Cargas

Bobinadeiras / Carga a potência constante

A potência requerida pelo acionamento:

Sendo esta potência constante pois F e v são constantes.

Resumo:

5.8 Conjugado Médio da Carga

Conhecendo a curva do conjugado da carga é possível determinar o conjugado


médio.

37
Temos então para cada tipo de carga

Nas aplicaıes onde são utilizados algum tipo de engrenagem ou outro dispositivo
que produzem velocidades diferentes nos eixos da carga e do motor, as análises do
comportamento do sistema devem ser feitas com as grandezas da carga ( conjugado,
momento de inércia e coeficiente de atrito viscoso ) referidas a velocidade do eixo do
motor.

38
A equação de conjugado da combinação motor-carga Ø descrita por:

Como:

5.9 Momento de inércia referido ao eixo do motor:

O momento de inércia da carga acionada é uma das caractersticas fundamentais


para verificar, através do tempo de aceleração, se o motor consegue acionar a carga
dentro das condições exigidas pelo ambiente ou pela estabilidade térmica do material
isolante atendendo ao ciclo de servio a que está sujeito.

Momento de inércia é uma medida da resistência que um corpo oferece a uma


mudana em seu movimento de rotação em torno de um dado eixo.

O momento de inércia total do sistema (JT) é a soma dos momentos de inércia da


carga (JC) e do motor (JM):

39
5.10 Momento de Inércia em Rotações Diferentes

Carga em rotação diferente daquela do motor, caso de acionamento por engrenagens


ou polias, o momento de inércia deverá ser referido rotação do motor.

Se o conjunto possuir outros acoplamentos, com seus eixos de rotaªo paralelos,


girando a velocidades diferentes (ex: W1 e W 2), com seus respectivos momentos de
inércia J1 e J2, o momento de inércia equivalente referido ao eixo do motor será dado
por:

40
Se o conjunto for semelhante ao da figura abaixo que representa, simplificadamente,
um guincho ou talha para levantamento de cargas, o momento de inércia equivalente
ser:

O conjugado de aceleração pode ser substitudo sem perda de precisão pelo


conjugado de aceleração médio:

41
6 Exercícios

1) Se um fluxo magnético Ø tem 3.000 linhas, calcule o número de microwebers.


Transforme o número de linhas em microwebers.

2) Qual a densidade de fluxo em teslas quando existe um fluxo de 600μWb através


de uma área de 0,0003 m2?

3) Calcule os ampères-espira de uma bobina com 1.500 espiras e uma corrente de


4mA.

4) a) Calcule a intensidade de campo de uma bobina com 40 espiras, 10 cm de


comprimento e passando por ela uma corrente de 3 A (Figura 6a).

b) Se essa mesma bobina for esticada até atingir 20 cm, permanecendo constante o
comprimento do fio e a corrente, qual o novo valor da intensidade de campo (Figura 6b)?

c) A bobina de 10 cm da figura 6a com a mesma corrente de 3 A agora está enrolada


em torno de um núcleo de ferro de 20 cm de comprimento (Figura 6c). Qual a intensidade
do campo?

5) Uma bobina tem uma fmm de 500 Ae e uma relutância R de 2 x 106 Ae/Wb.
Calcule o fluxo Ø.

6) O circuito magnético mostrado na figura abaixo tem as dimensões Af = Ag = 9


cm2, g = 0,050 cm, ℓf = 30 cm e N = 500 espiras. Supondo o valor μr = 70.000 para o
material do núcleo, calcule: a) As relutâncias R f e R g. b) O fluxo Ø e a corrente I. Dada
a condição de que o circuito magnético esteja operando com B = 1 T.

42
7) O fluxo de um eletroímã é de 6 Wb. O fluxo aumenta uniformemente até 12 Wb
num intervalo de 2 segundos. Calcule a tensão induzida numa bobina que contenha 10
espiras se a bobina estiver parada dentro do campo magnético.

8) Um elevador com massa igual a 980 Kg deve ser elevado a uma altura de 30m
por um motor. Se usarmos um motor que realize este trabalho em 30 segundos, qual a
potência mecânica do motor? Considerar a aceleração da gravidade igual a 10 m/s2.

43
9) Um peso de 600N deve ser elevado a uma altura de 2 m por um motor. Se usarmos
um motor que realize este trabalho em 12 segundos e outro que realize em 2 segundos,
qual a potência mecânica de cada motor?

10) Qual o torque disponível no eixo do motor de 7,5 CV com o eixo girando a 1760
rpm?

11) Qual o rendimento total de um sistema formado por um motor elétrico de


rendimento 90% e de uma máquina cujo rendimento é de 70%?

Gabarito

1) Ø = 3.000 linhas / 1x108 linhas/Wb= 3 x 103 / 108 = 30 x 10-6 Wb = 30 μWb

Figura – Fluxo magnético como 3.000 linhas.

2) Dados: Ø = 600μWb = 6 x 10-4 Wb


A = 0,0003 m2 = 3 x 10-4 m2
Substituindo os valores de Ø e A na fórmula de densidade de fluxo, B = Ø/A = 6 x 10-4/3 x 10-4
=2[T]

3) Resposta: N = 1.500 espiras; I = 4 x 10-3 A


NI = 1.500 (4 x 10-3) = 6 Ae

4) Resposta:
a) N = 40 espiras; I = 3A; ℓ = 10 cm = 0,1 m.
H = NI/ ℓ [ A.e/m ], ou H = Fmm/ ℓ [ A.e/m ].
H = 40 x 3/0,1 = 1200 A.e/m

b) N = 40 espiras; I = 3A; ℓ = 20 cm = 0,2 m.


H = 40 x 3/0,2 = 600 A.e/m
c) N = 40 espiras; I = 3A; ℓ = 20 cm = 0,2 m.
H = 40 x 3/0,2 = 600 A.e/m

5) Resposta:

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Ø = fmm/R [ Wb ]
Ø = 500/2 x 106 = 250 x 10 -6 Wb = 250 μWb

6) Respostas:
Calculando a área e o comprimento em metros.
Af = Ag = 9 cm2 = 9 x 10-4 m2
ℓf = 30 cm = 0,3 m
g = 0,050 cm = 5 x 10-4 m
a) Relutâncias:
μm = μr x μ0 = 70.000 x 4π x 10-7 = 87,9 x 10-3 T.m/Ae
R f = ℓ = 0,3 / 87,9 x 10-3 x 9 x 10-4 = 3,79 x 103 [ Ae/Wb ] μm x Af

Rg= g = 5 x 10-4 / 4π x 10-7 x 9 x 10-4 442,1 x 103 [ Ae/Wb ] μ0 x Ag


b) Fluxo Ø.
Sabendo que:
B=Ø[T] A
Logo:
Ø = B x A [ Wb ]
Ø = 1 x 9 x 10-4 = 9 x 10-4 Wb
b) A corrente I.
Sabendo que:
Ø = fmm / (R f + R g ) = NI / (R f + R g )
Ø= NI / (R f + R g )
Então:
I = Ø (R f + R g ) / N = 9 x 10-4 (3,79 x 103 + 442,1 x 103 ) / 500 = 401,22 /
500 = 0,8 A
I = 0,8 A
7) Resposta:
ΔØ = 12 – 6 = 6 Wb
Δt = 2 segundos
ΔØ = 6/2 = 3 Wb/s Δt
N = 10, logo:
Vinduzida = – N x ΔØ/ Δt = 10 x 3 = 30 V
8) Resposta:
Calculando o trabalho realizado.
T = F x d = P x g x h = 980 x 10 x 30 = 288120 N.m = 288120 J
Calculando a potência do motor sabendo que:
P = T / Δt [ W ]
P = T / Δt = 288120 / 30 = 9604 W (potência elétrica ou potência de entrada)
Calculando a potência mecânica do motor ou potência de saída:
Pmecânica = 9604 / 736= 13,04 CV; devemos usar um motor de 15 CV.

9) Resposta:
Sabendo que a força e igual ao peso e vale 600N, podemos calcular a potência mecânica dos dois
motores.
Motor 1. Realiza o trabalho em 12 segundos.
Motor 2. Realiza o trabalho em 2 segundos.
Cálculo do motor 1.
T = F x d = P x d = 600 x 2 = 1200 N.m = 1200 J

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P = T / Δt = 1200 / 12 = 100 W (potência elétrica ou potência de entrada)
Pmecânica = 100 / 736 = 0,136 CV; devemos usar um motor de 1/3 CV.
Cálculo do motor 2.
T = F x d = 600 x 2 = 1200 N.m = 1200 J
P = T / Δt = 1200 / 2 = 600 W (potência elétrica ou potência de entrada)
Pmecânica = 600 / 736 = 0,815 CV; devemos usar um motor de 1 CV.

10) Resposta:
Velocidade do eixo ou velocidade do motor = nr = 1760 rpm
Transformando de rpm para velocidade angular wr.
wr = nr . 2π / 60 rad/s = 1760 . 2π / 60= 184,3 rad/s
Torque:
T = Pelétrica / wr = 7,5 x 736 / 184,3 = 29,93 N.m

11) Resposta
ntotal = 0,9 x 0,7 = 0,63
ntotal (%) = 63%

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