Introdução A Filosofia

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Breve Contextualização da Filosofia Grega

Alberto Lucas Feijamo-708221081

Curso: Lincenciatura em Ensino de Historia

Disciplina: Introdução a Filosofia

Ano de frequencia: 2o ano

Turma: L

Tete, Maio 2024


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problema)
• Descrição dos
Introdução objectivos 1.0
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adequada ao 2.0
objecto do trabalho
• Articulação e
domínio do
discurso académico
(expressão escrita 2.0
Conteúdo cuidada,
coerência / coesão
textual)
Análise e
• Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área
de estudo
• Exploração dos 2.0
dados
Conclusão • Contributos 2.0
teóricos práticos
• Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos paragrafo,
Formatação 1.0
gerais espaçamento entre
linhas
Referências Normas APA6ª • Rigor e coerência
Bibliográfica edição em das 4.0
s citações citações/referências
e bibliograficas
bibliografica
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
indice
1. Introducao ................................................................................................................................... 1
1.2. Objectivos ................................................................................................................................ 1
1.2.1. Geral ...................................................................................................................................... 1
2. Metodologia ................................................................................................................................ 2
3.Fundamentos Teóricos ................................................................................................................. 3
3.1. Historial da Filosofia................................................................................................................ 3
3.2. As fases ou épocas da Historia da Grécia ................................................................................ 3
3.3. Os períodos da filosofia grega ................................................................................................. 5
3.3.1. As escolas pré-socráticas ...................................................................................................... 5
3.3.2. A escola Jônica .................................................................................................................... 6
3.3.3.A escola Pitagórica ou Tálica .............................................................................................. 12
4. Conclusão.................................................................................................................................. 14
Referencia ..................................................................................................................................... 15
1. Introducao
O presente trabalho recomendado pela docência, da disciplina de Filosofia, visa falar sobre a
contextualização histórica da filosofia grega. A uma forma nova e inusitada de pensar, os gregos
deram o nome de Filosofia. Essa palavra, atribuída a Pitágoras de Samos, é composta de filo (vinda
de philía, amizade) e sofia (sophía, sabedoria), philosophía: amizade pela sabedoria, amor ao saber.
Pitágoras de Samos teria dito ser a sabedoria plena privilégio dos deuses, cabendo aos homens
apenas desejá-la, amá-la, ser seus amantes ou seus amigos, isto é filósofos (sophós, sábio). Na
verdade, a palavra sophía carrega uma ambivalência que se tomará bastante perceptível no decorrer
da história da philosophía, pois tanto pode significar o saber, entendido como conjunto sistemático
e racional de conhecimentos sobre o mundo e os homens (e sophós é aquele que conhece
verdadeiramente a realidade), como pode significar sabedoria, entendida como disposição humana
para uma vida virtuosa e feliz (e sophós é aquele que sabe bem conduzir sua vida ou praticar o
bem).

1.2. Objectivos

1.2.1. Geral
Abordar sobre a Contextualização da Filosofia Grega

1.2.2. Específicos

Compreender as fases ou épocas da Historia da Grécia;


Analisar os quatro grandes períodos da Filosofia grega
2. Metodologia
Para a análise e compreensão do tema em estudo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Através
de fontes documentais, com o objetivo de proporcionar uma melhor compreensão do estudo
realizado, houve uma busca de informações a partir de fontes coletadas para o desenvolvimento
da pesquisa.

Leite (2008, p. 47) define a pesquisa bibliográfica:

É a que é realizada do uso de livros e de documentos existentes na Biblioteca. É a pesquisa cujos


dados e informações são coletados em obras já existentes e servem de base para análise e a
interpretação dos mesmos, formando um novo trabalho científico.

Na visão desse mesmo autor, as técnicas mais importantes da pesquisa bibliográfica são o
levantamento e a seleção bibliográfica, a leitura e o fichário.

Assim utilizou-se dessas técnicas para uma melhor análise da pesquisa. Para o desenvolvimento
do referencial teórico, foram utilizadas fontes através de levantamento bibliográfico, com o
objetivo de discutir teorias e pensamentos dos utores clássicos sobre ética e responsabilidade
social, abordando em livros, revistas, artigos científicos e sites.

Para atingir os objetivos do trabalho, fez-se uma seleção bibliográfica das obras coletadas, que
servirá de base para a leitura. Ao iniciar a leitura, é possível conseguir as informações sobre o tema
da pesquisa.
3.Fundamentos Teóricos

3.1. Historial da Filosofia


A filosofia nasceu na Grécia antiga, no início do século VI a.C. Tales de Mileto é reconhecido
como o primeiro filósofo, apesar disso, foi outro filósofo, Pitágoras, que cunhou o termo
"filosofia", uma junção das palavras "philos" (amor) e "sophia" (conhecimento), que significa
"amor ao conhecimento".

Para os gregos, a palavra filosofia possuía um significado bastante intenso: era caracterizada pela
constante busca da sabedoria. O saber era considerado um dom possuído apenas pelos deuses e
cabia aos humanos tentar encontrá-lo, entendê-lo e compartilhá-lo. Desde então, a filosofia é a
atividade que se dedica a compreender, identificar e comunicar a realidade através de conceitos
lógico-racionais. Ela surgiu do abandono gradativo das explicações dadas pela mitologia
(desmitificação) e a busca por um conhecimento seguro.

3.2. As fases ou épocas da Historia da Grécia


Afirmam os historiadores da filosofia que esta possui data e local de nascimento: nasceu entre o
fmal do século VII a.c. e o início do século VI a.C., nas colônias gregas da Ásia Menor -
particularmente as que formavam a Jônia -, e o primeiro ftlósofo, Tales, era natural de Mileto.
Além da data e do local, a filsofia também possui, ao nascer, um conteúdo preciso: é uma
cosmologia, isto é, uma explicação racional sobre a origem e a ordem do mundo, o cosmos (ver
kósmos).

Tradicionalmente, os historiadores distinguem quatro grandes períodos na história da sociedade


grega:

1) Período homérico (isto é, a época entre 1200 e 800 a.C., narrada por Homero na llíada e
na Odisseia), quando os aqueus, os jônios e os dórios conquistam e dominam Micenas,
Troia e Creta, trazendo para as costas do mar Egeu um regime patriarcal e pastoril,
passando, no decorrer de quatrocentos anos à economia doméstica e agrícola e, em
seguida, à economia urbana e comercial, quando começam a visitar países distantes.
2) Período da Grécia arcaica, ou dos Sete Sábios, dos fmais do século VIII a.c. ao início do
século V a.c. Nesse período os agrupamentos constroem cidadelas ou fortalezas para sua
defesa e, à sua volta, começam a surgir as cidades como sedes dos governos das
comunidades (surgem Atenas, Tebas, Megara, no continente; Esparta e Corinto no
Peloponeso; Mileto e Éfeso na Ásia Menor; Mitilene, Samos e Cálcis nas ilhas do mar
Egeu). Passando da monarquia agrária à oligarquia urbana, economicamente predominam
o artesanato e o comércio (portanto, a economia monetária), os artífices e comerciantes se
sobrepõem aos aristocratas fundiários e os gregos se espalham por toda a orla do
Mediterrâneo.
3) Período clássico, do século V a.c. ao IV a.C., quando, com as reformas de Clístenes,
primeiro, e, mais tarde, com o governo de Péricles, Atenas se coloca à frente de toda a
Grécia: desenvolve-se a democracia e surge o império marítimo ateniense. O porto de
Atenas, o Pireu, é o centro para onde convergem produtos e ideias do mundo inteiro e de
onde partem, em todas as direções, produtos e ideias, no apogeu da vida urbana, intelectual
e artística. Acirram-se as rivalidades entre as cidades e tem início a Guerra do Peloponeso,
que trará o fim do império ateniense e das cidades-estado gregas.
4) 4) Período helenístico, quando a Grécia passa para o domínio da Macedônia, com Filipe e
Alexandre, e, depois, para o domínio de Roma, integrando-se num mercado mundial e
tomando-se colônia de um império universal, numa sociedade organizada regionalmente,
agrupada por corporações profissionais e desenvolvendo um pensamento cosmopolita que
se abre para o Oriente, ao mesmo tempo que passa a influenciá-lo intelectual e
artisticamente.

Seguindo essa periodização, a fllosofia nasce na Grécia arcaica, alcança seu apogeu na Grécia
clássica e se expande para além das fronteiras gregas no período helenístico. Ao todo, seis séculos.
E se considerarmos o helenismo como período de uma fllosofia greco-romana e de doutrinas
cristãs (a patrística), a fllosofia antiga se estende até o século VI d.C. Ao todo, dez séculos.
3.3. Os períodos da filosofia grega
A tradição da história da fllosofia distingue três grandes períodos da fllosofia antiga:

1) pré-socrático ou cosmológico, que vai de Tales de Mileto a Sócrates de Atenas;


2) antropológico ou socrático, que vai de Sócrates e os sofistas até Aristóteles;
3) helenístico-romano, que vai dos grandes sistemas cosmopolitas - epicurismo, estoicismo,
neoplatonismo e ceticismo - até o final do Império Romano.

3.3.1. As escolas pré-socráticas


Os historiadores da Hlosofia grega costumam distinguir, no período pré-socrático (século VI a.c.
ao início do século IV a.C.), quatro grandes tendências ou escolas que não são sucessivas mas, em
geral, coexistentes, embora os continuadores não mantenham a totalidade das ideias dos
fundadores. São pré-socráticas pelos temas que abordam e não porque todos os seus membros
teriam nascido e vivido antes de Sócrates. Tanto assim que Anaxágoras, um dos últimos pré-
socráticos, foi contemporâneo de Sócrates; Empédocles, outro dos pré-socráticos, era mais jovem
do que o sofista Protágoras; o ele ata Zenão encontrou-se com o jovem Sócrates, e o pitagórico
Árquitas foi amigo de Platão. As escolas pré-socráticas são assim designadas para indicar aquele
pensamento cuja preocupação central e cuja investigação principal eram a phYsis. São as escolas
de cosmologia ou de fisica (no sentido grego desse termo)

São elas:

1. 1 EscolaJônica (Ásia Menor), cujos principais representantes são Tales de Mileto,


Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto e Heráclito de Éfeso;
2. Escola Pitagórica ou Itálica (Magna Grécia), cujos principais representantes são Pitágoras
de Samos, Alcmeão de Crotona, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;
3. Escola Eleata (Magna Grécia), cujos principais representantes são Xenófanes de ColoIao,
Parmênides de Eleia, Zenão de Ele ia e Melissos de Samos;
4. Escola Atomista (Trácia), cujos principais representantes são Leucipo de Abdera e
Demócrito de Abdera.
Essa classificação apresenta um problema porque nela não há lugar para dois dos maiores fllósofos
pré-socráticos: Empédocles de Agrigento e Anaxágoras de Clazómena. Por esse motivo,
preferimos propor que a quarta escola receba uma outra denominação. Veremos, a seguir, que as
três primeiras escolas possuem em comum o fato de tratarem a physis como unitária, enquanto os
atomistas, Empédocles e Anaxágoras concebem a physis como pluralidade. Propomos, então:

4) Escola da Pluralidade, cujos principais representantes são os atomistas Leucipo e Demócrito de


Abdera, Empédocles de Agrigento e Anaxágoras de Clazómena. São os fllósofos que tentaram
conciliar Heráclito e Parmênides para salvar a fllosofia de sua primeira grande crise.

3.3.2. A escola Jônica


Tales de Mileto

A vida

Segundo relato de Heródoto, Tales de Mileto foi um dos Sete Sábios da Grécia arcaica e, conforme
Diógenes de Laércio, teria sido o primeiro a ser assim chamado. Sua origem é desconhecida e
alguns o consideram fenício. Nasceu provavelmente no século VII a.C. Sua akmé* (ponto de
maturação fllosófica) está ligada à predição que fez de um eclipse solar e cuja data não é segura
(610, 597 ou 548 a.C.). A grande dificuldade para conhecer sua vida e sua obra deve -se ao fato de
que nada deixou escrito (se é que escreveu alguma coisa). Tudo quanto sabemos sobre ele deve-se
a fontes indiretas, as principais sendo Aristóteles, Teofrasto e Simplício.

Platão faz uma breve referência a Tales para repetir uma anedota muito espalhada na Grécia: por
ser um teórico, isto é, um contemplador puro, Tales, caminhando com os olhos voltados para o
céu, tropeçou numa pedra e caiu num poço. Consagrou-se, assim, a imagem que, daí por diante,
os outros possuem do ftlósofo como pessoa distraída para as coisas práticas da vida e perdido em
pensamentos abstratos.
No entanto, os relatos sobre Tales nos oferecem uma imagem muito diferente desta. Foi um
político interessado, procurando unir as cidades da Jônia numa confederação contra os persas; um
hábil engenheiro, pretendendo desviar o curso de rios para favorecer a navegação e a irrigação;
um hábil comerciante. Tales teria também estudado as causas das inundações do Nilo, desfazendo
mitos que as narravam. Fez algumas descobertas astronômicas: além da previsão do eclipse solar,
descobriu a constelação da Ursa Menor e aconselhou os navegantes a se guiarem por ela.

Prodo lhe atribui o "Teorema de Tales" (dois triângulos são iguais quando possuem um lado igual
compreendido entre dois ângulos iguais), mas é improvável que tenha sido seu autor. O mais
provável é que o teorema tenha sido inspirado por um fato relatado por Plutarco: Tales descobriu
um método para medir a altura de uma pirâmide colocando a prumo uma vara no fmal da sombra
da pirâmide e, traçando dois triângulos com a linha descrita pelo raio do sol, mostrou que havia
proporção entre a altura da pirâmide e a da vara ou entre os dois triângulos de suas sombras.

É Aristóteles que consagra Tales como fundador da ftlosofia cosmológica, tendo sido o primeiro
a tratar de modo sistemático e racional o problema da origem, transformação e conservação do
mundo. Para Tales, a physis é a água, ou melhor, a qualidade da água, o úmido.

O pensamento de Tales

Duas passagens, uma de Aristóteles e outra de Cícero, ajudam-nos a conhecer o pensamento de


Tales:

A maior parte dos primeiros fIlósofos considerava como os únicos princípios de


todas as coisas os que são da natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são
constituídos e de que primeiro são gerados e em que por fim se dissolvem, tal é
para eles o elemento, o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se cria nem
se destrói, como se tal natureza subsistisse para sempre ... Tales, o fundador de tal
ftlosofia, diz ser a água o princípio e por isso também declarou que a terra está
sobre a água (Aristóteles, Metafisica).

Tales de Mileto, o primeiro a interrogar estes problemas, disse que a água é a


origem das coisas e que deus é aquela inteligência que tudo faz da água (Cícero,
Da natureza dos deuses).
A água ou o úmido é o princípio de todo o universo, e a grandeza de Tales está em que não pergunta
(como o mito perguntava) qual era a qualidade ou coisa primitiva, mas afirma qual é (antes, agora
e sempre) a qualidade ou o ser primordial, isto é, aquilo de que o mundo é feito.

Por que Tales teria escolhido a água ou o úmido como physis?

Os intérpretes oferecem várias razões para essa escolha, baseando-se naqueles autores que
expuseram as opiniões do mósofo de Mileto:

1) a água apresenta-se sob as mais variadas formas e em todos os estados em que vemos os
corpos da natureza: líquido, sólido, gasoso. Vemos a água passar de um estado a outro, de
uma forma a outra, num processo contínuo no qual mantém a identidade consigo mesma.
O fenômeno da evaporação faz pensar que a água é a causa do céu e do que nele existe; o
fenômeno da chuva, que a água é a causa da terra e do que nela existe;
2) a água está diretamente vinculada à vida: as sementes, o sêmen animal e humano são
úmidos (o cadáver em putrefação é uma umidade que vai se ressecando). 'As coisas mortas
secam, as sementes são úmidas, o alimento é suculento", escreve Simplício, explicando a
escolha de Tales;
3) Tales viajou pelo Egito e certamente se assombrou com as cheias do Nilo: a terra seca e
desértica, antes da cheia, tomava-se fértil, verdejante, cheia de flores e frutos depois dela.
Tales teria concluído que a água é a causa das plantas;
4) a existência de fósseis de animais marinhos, descobertos nas montanhas e em grandes
altitudes, teria levado Tales a considerar que, no início, tudo era água e que a vida animal
fora causada pela água;
5) a mitologia grega falava no rio Oceano que circundava toda a terra e que teria engendrado
nosso mundo. Não seria descabido, portanto, supor que Tales houvesse dado uma
explicação racional para a narrativa mítica. A água ou o úmido, por ser princípio de todas
as coisas, é também o princípio do devir, isto é, da mudança ou do movimento (kínesis).

É dotada de mo- vimento próprio, ou seja, é automotora ou "se movente": transforma-se a si


mesma em todas as coisas e transforma todas as coisas nela mesma. Alguns denominam o
automovimento da physis com a expressão hilozoísmo (hyle, em grego, quer dizer matéria) para
significar a matéria que possui em si mesma e por si mesma o princípio ou a causa de seus
movimentos (geração, corrupção, alterações qualitativas e quantitativas, locomoção).
Tales, como os demais membros da Escola de Mileto, seria hilozoísta. Isso explicaria por que,
segundo Aristóteles, teria afirmado que a água é "a alma motora do kósmos".

O fato de considerar a água como alma, isto é, como princípio vital, leva Tales a considerar que
todas as coisas são viventes ou animadas e por isso se transformam e se conservam. A água é o
"deus inteligente" que faz todas as coisas e é a matéria e a alma de todas elas. Eis por que se atribui
a Tales a afirmação: "Todas as coisas estão cheias de deuses".

Segundo o testemunho de Aristóteles, um dos argumentos de Tales para afirmar que todos os seres
são animados ou vivos, e que por isso todas as coisas estão " cheias de deuses", foi a observação
sobre a chamada pedra de Magnésia, isto é, o ímã, que move o ferro. Jonathan Bames nos diz que
precisamos acercar-nos desse fato para nele percebermos um traço marcante do surgimento da
fIlosofia como uma maneira nova de pensar.

Com efeito, Tales considera que o princípio vital ou a psykhé* (em latim, anima e, em português,
alma) é uma força motriz ou cinética, isto é, uma força capaz de kínesis, capaz de mover-se e de
mover outras coisas. Diante do ímã, Tales observa que há uma força cinética que atrai o ferro. Ora,
se a alma é o princípio vital e uma força cinética, deve-se concluir que o ímã possui essa força e,
portanto, uma alma; ou seja, é preciso concluir que o ímã é animado, vivo. Em outras palavras, diz
Bames, Tales oferece um argumento cuja estrutura é propriamente fIlosófica, pois "deriva uma
conclusão notável [tudo é animado] a partir de premissas que dependem, ao mesmo tempo, da
observação empírica [o ímã move o ferro] e de uma análise conceitual [o que tem força cinética
ou motora é vivo]" (Bames, 1997, p. 1 1).

Assim, não nos interessa tanto saber se Tales estava "cientificamente" certo ou errado quanto à
natureza viva ou animada do ímã, mas deve interessar -nos a maneira como ele raciocinou para
chegar a tal afirmação, pois é essa maneira que é nova e propriamente fIlosófica. Foi esse modo
novo de raciocinar que o fez concluir que a água era a physis, isto é, ele deduziu e inferiu de fatos
visíveis uma conclusão obtida apenas pelo pensamento ou pela razão.
Anaximandro de Mileto

A vida

Pouco se sabe da vida de Anaximandro de Mileto. É descrito por Teofrasto como concidadão,
discípulo e sucessor de Tales, tendo sido geógrafo, matemático, astrônomo e político. Não
possuímos suas obras.

Os relatos doxográficos afirmam que escreveu um livro intitulado Sobre a natureza, considerado
pelos gregos como o primeiro livro de fllosofia escrito em língua grega. Perdeu-se o livro, dele
restando apenas fragmentos e notícias de fllósofos posteriores e doxógrafos

. Como Tales, Anaximandro possuía interesses práticos. A ele é atribuída a confecção do primeiro
mapa-múndi com a descrição de todo o mundo habitado conhecido de sua época; inventou o
relógio de sol pelo qual se poderia verificar a obliquidade do zodíaco; introduziu o uso do gnómon*
(o esquadro) e a medição da distância entre as estrelas e o cálculo de suas magnitudes, sendo por
isso considerado o iniciador da astronomia grega. De fato, segundo o testemunho de Aristóteles
no Tratado do céu, Anaximandro teria explicado por que a Terra permanece imóvel, ou, nas
palavras de Aristóteles, "a Terra permanece em seu lugar por indiferença".

Para um corpo que ocupa um lugar num centro, mover-se para o alto ou para baixo, para a direita
ou para a esquerda é a mesma coisa ou perfeitamente indiferente; por outra parte, como não é
possível realizar ao mesmo tempo dois movimentos em direções contrárias, o corpo que ocupa o
centro deve necessariamente permanecer em seu lugar.

Ora, a Terra, que Anaximandro julga ter a forma cilíndrica, ocupa o centro do mundo sem estar
sustentada por nada a não ser por um equilíbrio interno de todas as suas partes e, por sua forma,
por seu equilíbrio interno e por seu lugar central está imóvel. Vemos, assim, que a afirmação de
Anaximandro (independentemente de estar incorreta do ponto de vista da astronomia moderna)
não é arbitrária, mas resulta de um raciocínio preciso, ou seja, a Terra não se move por razões de
ordem lógica.
Anaxímenes de Mileto

A vida

Segundo Teofrasto, Anaxímenes de Mileto, filho de Euristrato, era concidadão e associado de


Anaximandro. Segundo Apolodoro, sua akmé se dá em 546-545 a.c., fazendo supor que nasceu
por volta de 585 a.C. Sua morte é registrada por ocasião da 63' Olimpíada, portanto, em 529 a.C.

Escreveu um livro em prosa, em dialeto jônio, também intitulado tardiamente de Sobre a natureza,
mas que parece ter-se conservado por muito tempo, já que alguns fazem observações sobre seu
estilo e Teofrasto chegou a escrever uma monografia sobre ele, atestando a autenticidade da obra
e da tradição que a acompanhou.

o pensamento de Anaxímenes

Duas passagens, uma de Simplício e outra de Hipólito, ajudam-nos a acompanhar as ideias de


Anaxímenes: Anaxímenes de Mileto, fIlho de Euristrato, companheiro de Anaximandro, afirma
também que uma só é a natureza subjacente e diz, como Anaximandro, que é ilimitada, mas não
como Anaximandro, que é indefinida, e sim definida, dizendo que ela é ar. Diferencia-se nas
substâncias por rarefação e condensação. Por rarefação, toma-se fogo; por condensação, vento,
depois nuvem, e ainda mais, água, depois terra, depois pedras e as demais coisas provêm destas.
Também ele faz eterno o movimento pelo qual se dá a transformação (Simplício, Comentário da
Física de Aristóteles).

Heráclito de Éfeso

O mais extraordinário dos pré-socráticos: assim se referem a Heráclito ftlósofos posteriores e


historiadores da ftlosofia, cada qual oferecendo de seu pensamento interpretações divergentes e
diferentes. Heráclito, "o Obscuro", Heráclito, "o Fazedor de Enigmas": eis como dele falaram os
próprios gregos.

Heráclito está entre os jônios, porém escreve após Pitágoras e deixa supor que seria contemporâneo
de Parmênides. Vamos, primeiro, aos pitagóricos e depois retomaremos a ele.
3.3.3.A escola Pitagórica ou Tálica
Para compreendermos a Escola Pitagórica precisamos considerar dois acontecimentos que foram
decisivos em sua instauração: 1) o processo emigra tório da Ásia Menor para o Sul da Itália e para
a Sicília, conhecidas, na época, como Magna Grécia; 2) a efervescência religiosa, de tipo
dionisíaco, promovendo uma religiosidade de cunho místico e oracular.

O avanço dos persas sobre ajônia, nos meados do século VI a.C., ocasionou uma série de migrações
da Ásia Menor rumo ao Sul da Itália e à Sicília, para as colônias gregas da Magna Grécia. Esse
deslocamento teve dois efeitos principais sobre a ftlosofia nascente. Em primeiro lugar, o
desenvolvimento ftlosófico, que se fizera naturalmente e sem conflitos najônia, como
consequência natural de suas condições sociais, econômicas, religiosas e políticas, encontrará,
agora, barreiras e dificuldades, pois a sociedade onde os exilados ftlósofos vêm se instalar não
possuía as mesmas condições que aquela que haviam deixado.

Assim, os primeiros conflitos entre a fllosofia e a cidade (a pólis) - que iriam marcá-la para sempre
- têm início neste transplante das ideias jônicas para a Magna Grécia. Em segundo lugar, colocou
os exilados jônios em contato com uma cultura que havia desenvolvido a oratória ou retórica, "um
dos produtos mais característicos da Grécia ocidental", conforme Burnet. Em outras palavras,
colocou a fllosofia em contato com um dos efeitos da palavra dialogada e leiga dos guerreiros: a
dialética. Esse efeito será menos visível em Pitágoras, mas será decisivo em Parrnênides de Eleia.

Pitágoras de Samos

A vida

Quase nada sabemos sobre Pitágoras. Alguns chegam mesmo a dizer que não existiu e que seu
nome teria sido criado para unificar os adeptos de uma seita fllosófico-religiosa. Na verdade, o
problema da existência de Pitágoras se deve, por um lado, ao fato de que dele não restou sequer
um fragmento escrito e, de outro, ao fato de que muito cedo sua vida foi envolta em aspectos
lendários (filho de Apolo, teria recebido a fllosofia por uma revelação divina e seria dotado do
dom da ubiquidade). As duas "Vida de Pitágoras" mais conhecidas foram escritas por Porfirio e
Jâmblico na altura do século III d.C., portanto quase sete séculos depois de sua morte.
Sabemos que nasceu em Samos, rival comercial de Mileto, e que, conforme Diógenes de Laércio,
sua akmé se situa em 540-537 a.c., embora Apolodoro a situe em 532-53 1 a.c. Por volta de 540
a.C., com a contínua invasão dos persas à Ásia Menor, deixou a Jônia, dirigiu-se para a Magna
Grécia e estabeleceu -se em Crotona, onde fundou uma confraria religiosa, cujas doutrinas eram
mantidas em segredo pelos iniciados. A finalidade da confraria religiosa era oferecer aos seus
membros uma satisfação interior que a religião externa, oficial, não lhes dava, porém o deus dos
pitagóricos era Apolo Delfo (o espírito racional) e não Dionisos (o espírito trágico). As
comunidades pitagóricas logo se espalharam pela Magna Grécia (Tarento, Metaponto, Sibaris,
Régio, Siracusa).

A ordem pitagórica foi politicamente ativa e chegou a ter o poder em Crotona. Um rico aristocrata,
Quílon, desejoso de participar do poder, pretendeu entrar na ordem, mas foi recusado. Armou,
então, um partido contrário, fez uma rebelião, tomou o poder e parte dos pitagóricos, entre os quais
Pitágoras, foi obrigada a abandonar Crotona. Pitágoras dirigiu-se a Metaponto, onde veio a morrer
em 497 ou 496 a.c.
4. Conclusão
Concluiu-se que o conhecimento científico, de cuja tradição somos herdeiros, surge na Grécia
por volta do séc. VI a.C., nosso primeiro passo deverá ser procurar entender porque se considera
que esse novo tipo de pensamento aparece aí pela primeira vez e o que significa essa “ciência”
cujo surgimento coincide com a emergência do pensamento filosófico. Quando dizemos que o
pensamento filosófico-científico surge na Grécia, caracterizando-o como uma forma específica do
homem tentar entender o mundo que o cerca, isto não quer dizer que anteriormente não houvesse
também outras formas de se entender essa realidade.
Referencia
ARNES, J. "Les Penseurs préplatoniciens". In: CANTO-SPERBER, M. (org.) Philosophie
grecque. Paris, P.u.F., 1997.

BORHEIM, G. Osfilósofos pré-socráticos. São Paulo, Cultrix, 1977.

BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo, MestreJou, 1977, vol. 1, t. 1.

BURNET, J. Early Greek Philosophy. Londres, 1920. Tradução francesa, citada: L'Aurore de la
philosophie grecque. Paris, Payot, 1952. Tradução brasileira: O despertar da filosofta grega. São
Paulo, Siciliano, 1994.

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