150 Anos de Futebol (2013)

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ÍNDICE

Um grande abraço chamado futebol

Introdução

Jogo de bola, um velho conhecido

Expansão em várias frentes

Turbilhão abaixo do Equador

Tempos de estratégia

Ferramenta de coesão e de propaganda

Metamorfose do espetáculo

copas do mundo

Melhores clubes de todos os tempos

Principais estádios do mundo do futebol

Cem melhores jogadores da história

linha do tempo

Bibliografia e referências
UM GRANDE ABRAÇO CHAMADO FUTEBOL

futebol chega aos 150 anos e abraça o mundo. É

O disparado o esporte mais popular do planeta. Estima-se


que já superou a casa dos 4 bilhões de seguidores,
alcançando cerca de 60% da população da Terra. Números que
traduzem a enorme paixão que este jogo da bola desperta em
todos os continentes e pedacinhos de chão em que é possível
erguer duas traves, um risco imaginário de duas grandes áreas e
uma linha divisória. Ao longo de sua história fica claro que o
futebol, parece, não tem limites.
É uma convergência de prazer e negócio sem precedentes na
humanidade. Não por acaso, meio bilhão de pessoas vivem do
futebol. Dados da Fifa indicam que este jogo movimenta hoje
cerca de 250 bilhões de dólares por ano em todo o mundo.
Entre tantos braços desse apaixonante esporte, a criação da
Copa do Mundo é, sem dúvida, o coração do futebol. A cada
quatro anos o planeta se debruça em frente da televisão para
acompanhar os jogos entre as principais seleções de todos os
continentes. Em 2014, o privilégio vai ser do Brasil, sede do
Mundial. Dados não oficiais apontam que 40 bilhões de pessoas
em 240 países vão acompanhar a Copa por meio da televisão. O
Mundial tem esse apelo. Mobiliza as populações em uma
corrente de paixão inigualável. E não deve ser diferente nos
estádios brasileiros.
Para celebrar este momento especial do Brasil e do universo
do futebol, o Estadão convocou o jornalista José Eduardo de
Carvalho para contar neste e-book a história de 150 anos desse
esporte, como ele nasceu na Inglaterra, o desenvolvimento do
jogo e a criação de suas regras, o crescimento espetacular na
maioria dos países, o estrondoso negócio que faz girar uma
fábula de dinheiro e a paixão que desperta nas torcidas, os
grandes ídolos e os times inesquecíveis.
Um capítulo especial contempla a chegada do futebol e o seu
desenvolvimento no Brasil com os lendários Charles Muller,
Friedenreich, Leônidas da Silva e, o maior de todos, Pelé. A
história das cinco Copas do Mundo que a Seleção Brasileira
conquistou. E toda a geopolítica que envolve o futebol. É hora de
acessar as páginas. Boa leitura.
Luiz Antônio Prósperi
INTRODUÇÃO

m um século e meio de vida, o futebol ajudou a contar a

E história das sociedades em transformação. Sob o olhar


desse jogo simples e ao mesmo tempo magnético foram
registrados momentos apaixonantes, trágicos, sublimes e
dramáticos. Como um fiel retrato dos povos que o adotaram, o
futebol foi testemunha tanto de barbaridades sociais quanto de
episódios de júbilo coletivo, sofreu e cometeu injustiças, distribuiu
prazeres e êxtase com a mesma desenvoltura com que produziu
grandes traumas e pequenas mazelas, mas esteve sempre
presente.
Não por acaso essa forma original e hábil de competir em
grupo ressaltando as individualidades é a única atividade humana
de que se tem conhecimento seguida todos os dias da semana,
em todas as horas e em qualquer lugar pela bagatela de quatro
bilhões de pessoas. Não há fronteiras geográficas nem barreiras
sociais para quem goste do jogo. O futebol-espetáculo pode ser
caro e inacessível, as entranhas do esporte como negócio podem
ser obscuras, como tantas atividades na selva contemporânea, e
os mecanismos de controle nem sempre serão pautados pelo
bom senso e pela honestidade. Mas, nesta seara, o gostar é livre.
Jamais haverá exclusão para quem quiser praticar, aderir,
admirar e sofrer. Sim, porque o futebol também é uma terra de
incertezas e de aflições – atraentes, renovadoras e energéticas,
mas sempre aflições.
Em 150 anos, o esporte que nasceu no coração da Inglaterra
da Revolução Industrial passou por incontáveis períodos de
transformação e de adequação às diversas culturas. Foi sendo
moldado de acordo com as idiossincrasias das sociedades que o
incorporaram, abraçou costumes locais em um longo processo
de maturação e, quando parecia consolidado, descobriu as leis de
mercado e mergulhou numa nova aventura revolucionária,
pautada pela tecnologia, pela velocidade da informação e pela
globalização. Ainda assim, nunca perdeu suas essências
humanistas, porque, neste jogo, pela lúcida percepção e sábias
palavras do escritor uruguaio Eduardo Galeano, “onde menos se
espera salta o impossível, o anão dá uma lição ao gigante e o
negro mirrado e cambaio faz de bobo o atleta esculpido na
Grécia”.
JOGO DE BOLA, UM VELHO CONHECIDO

uando a Fifa foi criada, em 1904, o futebol já era um

Q senhor de 41 anos com inúmeras histórias para contar,


com raízes que se estabeleceram em épocas remotas, da
China antiga à Grécia dos clássicos, do Império Romano à
Civilização Maia. A Fédération Internationale de Football
Association (Fifa) surgia com a proposta de coordenar a expansão
e elaborar o marco regulatório de um esporte que havia crescido
de forma espantosa e desordenada a partir de suas rústicas
práticas iniciais espalhadas pelo mundo e adotadas com
diferentes códigos pelas Ilhas Britânicas a partir da Idade Média.
O papel de uma entidade que defendia a centralização das
decisões sobre as leis de um jogo ainda em plena evolução
mostrou-se pouco efetivo a princípio, quase imperceptível na
maioria dos grandes centros europeus, por uma simples razão: o
futebol já tinha vida própria a essa altura, não admitia donos, era
uma manifestação popular sem barreiras ideológicas, com forte
conotação social e cultural.
Em verdade, tudo o que precedeu a criação da Fifa foi muito
mais determinante para os rumos dessa modalidade do que o
papel institucional de um órgão regulador em uma certa
passagem da história. Abraçado por todas as camadas sociais a
ponto de se alastrar como uma epidemia de proporções
universais, o futebol foi um desbravador de fronteiras a partir do
momento em que seu primeiro conjunto de regras oficiais foi
aprovado por um grupo de representantes das public schools
inglesas, em outubro de 1863. Mas seu potencial de expansão
teve relação direta com o momento de transformação vivido pela
sociedade britânica do século XIX. Até então, o que se praticava
na Grã-Bretanha eram os denominados ‘jogos com bola’, comuns
desde a Idade Média, marcados por disputas encarniçadas sem o
menor sentido técnico ou esportivo, normalmente pautados por
rivalidades locais, que terminavam em grandes escaramuças
coletivas, violentas e caóticas, a ponto de causar repulsa à
monarquia. Apresentavam várias semelhanças com jogos de
outras nações, que envolviam o uso dos pés e das mãos para
condução de uma bola, como o soule francês, que não tinha
exatamente o aspecto de uma competição minimamente
organizada entre dois bandos e era disputada em áreas extensas
sem tantos limites, como bosques e planícies. Lembravam
também o calcio florentino (Fig.1), um pouco mais sistematizado
e menos violento, restrito a um determinado terreno com
limitações de espaço, equipes com 27 jogadores e com objetivos
mais claros, como a marcação de pontos para o grupo que
conseguisse introduzir a bola do jogo em um buraco aberto no
território defendido pelo adversário.
Todas essas atividades reuniam traços de práticas comuns na
China antiga, durante a Dinastia Han, baseadas em atividades
militares, e em outros pontos da Ásia e da África, envolvendo
brincadeiras e rituais com a utilização de uma bola, normalmente
ligadas a manifestações religiosas ou folclóricas. Eram comuns
também na América Latina, como as cerimônias realizadas pelos
povos da Península de Yucatã, no sudeste mexicano, e mais ao
sul nas liturgias tribais de grandes comunidades indígenas da
Amazônia e de outras regiões tropicais. E tinham ‘parentes’
distantes mesmo em locais recônditos como a Groenlândia, o
Alasca, em uma manifestação lúdica chamada asqaqtuk, e
principalmente a Oceania, onde se jogava o marngrook, algo
parecido ao contemporâneo ‘futebol australiano’, um mix de
futebol e rugby, disputado entre equipes com 18 jogadores de
cada lado. A raiz clássica do futebol moderno, porém, está
vinculada à competição denominada harpastum, uma espécie de
treinamento militar realizado pelos romanos a partir do primeiro
século depois de Cristo, em que duas equipes disputavam
território em uma área retangular, cercada por cordas, com o
objetivo de atingir o extremo oposto com a posse de uma bola. O
grupo que conseguisse tocar na corda da linha de fundo do
território adversário conquistava o ponto decisivo. Para tanto, era
permitido qualquer tipo de contato físico violento, individual ou
em grupo, desde que visasse a posse da bola e a conquista dos
espaços. Só as agressões que pressupunham riscos fatais,
evidentemente, eram vetadas. A prática servia para valorizar as
ações grupais durante as guerras e relativizar o poderio dos
soldados quando agiam individualmente.
O harpastum foi amplamente difundido durante as campanhas
bélicas do Império Romano, chegou ao norte da Europa, inclusive
à Britânia, no período da ocupação, e de certa forma inspirou os
modelos mais suaves de disputa esportiva que desembocariam
no futebol. Ainda assim, também estimulou o desenvolvimento
de padrões similares em matéria de violência, que sob o manto
de uma aparente disputa esportiva eram praticados por jovens na
Grã-Bretanha medieval, resultando em sangrentas batalhas
campais, o que levou o rei Eduardo II a proibir o jogo e suas
variações em todo o Reino Unido, em 1314. Os monarcas que se
sucederam apertaram o cerco ao futebol rústico de então, em
especial durante a ‘Guerra dos Cem Anos’, contra a França, sob o
argumento do que os jovens perdiam com o jogo de bola muito
tempo útil, que poderia ser aproveitado no treinamento
direcionado ao manejo de armas e outras especialidades
utilizadas nas batalhas. A extinção oficial nunca chegou a vingar
de uma forma efetiva e as práticas continuaram em vários bairros
de Londres e mesmo em cidades distantes da corte, bem como
nas principais comunidades escocesas, ainda que não houvesse
nenhum sintoma formal de organização e regulamentação para
tornar o jogo mais civilizado. Esse arremedo de futebol, contudo,
sobreviveria bravamente ao tempo – por mais de 500 anos - e à
rejeição da monarquia. Caminharia para se afirmar como algo
mais palpável em forma de convivência esportiva no fim do
século XVIII, então compartilhando da preferência dos jovens com
outras formas de disputa, como as introduzidas pelos já citados
soule e calcio florentino.

NO OLHO DO FURACÃO
A Inglaterra representava o olho do furacão das transformações
sociopolíticas durante o século XIX. Se, na frente externa, o
Império Britânico sedimentava sua expansão que atingiria no
início do século seguinte um quinto da população do planeta, no
panorama interno, havia uma busca incessante pela revitalização
dos valores humanos após os conflitos da era napoleônica, que
coincidiu com a ruptura provocada pela forte expansão da
economia urbana em detrimento da produção agrária. A
sociedade se movimentava em torno das grandes cidades, ao
mesmo tempo em que enfrentava as necessidades de sobreviver
em um contexto cosmopolita e administrar o conflito com seus
costumes tradicionais e formas de convivência praticadas no
campo. A massa de trabalhadores da indústria se readequava aos
novos estilos de vida, às recém-criadas relações de produção em
série, à vivência no chão de fábrica e a uma desconhecida
legislação de controle das atividades profissionais mais
corriqueiras. O operário, especializado ou não, o artesão, o
aprendiz, todos se submetiam a uma nova realidade que
empurrava a mão de obra em direção aos grandes centros, em
troca de umas poucas garantias, salários teoricamente maiores e
perspectivas de estabilidade. Na Revolução Industrial (Fig.2), os
modelos de gestão promoveram, porém, a supressão do
aproveitamento extensivo de mão de obra, privilegiando a
utilização intensiva, uma opção pela especificação profissional
em vários níveis e pelos índices de produtividade. Ao trabalhador
comum, ao proletariado em geral, a dura adequação às novas
regras coincidia com a adaptação a diferentes costumes, ritmos,
horários, intensidade produtiva, em um cenário no qual os
mecanismos administrativos não eram estabelecidos
necessariamente em um ambiente de Justiça Social. Se houve
avanço nos estímulos à participação sindical e às ações políticas
e de cidadania, em contrapartida os instrumentos de ócio e lazer
da maioria da população sofreram um grande impacto das novas
relações do trabalho, tornando ainda mais precioso o escasso
tempo livre.
No contexto do mercantilismo industrial, disciplina, otimização
do trabalho, controle do tempo e racionalização dos ritmos de
produção eram tão fundamentais quanto as novas formas de
contabilidade e de entendimento de custos, investimentos e
despesas em geral. Isso do ponto de vista dos patrões. Ao
trabalhador, que anteriormente era vinculado ao cotidiano
agrário, no qual o controle de tempo era bastante maleável, cabia
agora enquadrar-se ou não em uma escala alucinante de
aproveitamento do tempo, aliando intensidade e qualidade de
produção para que seu salário fosse mais valorizado. Nesse
sentido, a racionalização do uso do tempo era essencial e a
própria classe dominante via nas práticas esportivas uma forma
de potencializar os momentos de ócio, por um lado porque essas
atividades valorizavam corpo e mente, por outro, por
representarem valores que a sociedade inglesa cultivava desde
as grandes empreitadas militares. Aos operários e suas famílias,
a atividade esportiva sistematizada também não poderia ser
instrumento mais adequado para o bom uso das poucas horas de
lazer e divertimento. Não por acaso, esportes clássicos
floresceram de forma galopante nesse período – tênis, basquete,
atletismo, remo, ciclismo e, obviamente, o futebol, que continha o
apelo mais popular de todos. Havia, além de tudo, o poder de
mobilização embutido na prática de esportes ou como simples
desfrute, algo muito familiar especificamente ao mundo do
futebol em função de sua capacidade de promover identidades
entre a massa de torcedores, seja em torno dos eventos do
bairro, da simpatia coletiva pelo clube da cidade, seja pela
simples troca de experiências durante a convivência esportiva.
Metrópole universal, Londres detinha muitas das relevantes
decisões políticas, era o centro nervoso de produção econômica e
funcionava também como um farol cultural, um revelador de
costumes, a capital internacional das tendências. Surgiram ali
muitos dos núcleos de proliferação da prática do futebol, na
proximidade das fábricas, nos terrenos dos bairros periféricos,
nas inúmeras praças públicas próximas às escolas. Londres se
tornaria, em menos duas décadas, o polo de referência para a
propagação do futebol, ao lado de outras cidades britânicas que
também estiveram no epicentro do boom industrial, como
Manchester, Birmingham e Liverpool, assim como Glasgow, e
Aberdeen, na Escócia. Antes disso, porém, o jogo despojado e
ainda desconexo e anárquico, que já encantava todos os
segmentos da sociedade, deveria se submeter a um ritual de
passagem rumo à regulamentação. Para tanto, o envolvimento
do meio estudantil, onde a penetração da nova modalidade
ganhou força desde o princípio do século XIX, foi essencial.
O PAPEL DAS ESCOLAS
O futebol nos parâmetros que conhecemos hoje começou a
tomar contornos mais claros dentro das escolas britânicas, em
um período no qual já estavam em curso as grandes
transformações sociais guiadas pela Revolução Industrial. Ali, no
meio acadêmico, a utilização das várias modalidades esportivas
como forma de enriquecer a convivência e o respeito entre as
comunidades estudantis tornou-se um dos motores das novas
propostas de disciplina e engajamento social, promovidas pela
classe dominante. Mesmo no ambiente estudantil, porém, o
processo de ‘domesticação’ do futebol – que por muito tempo foi
chamado de Shrovetide Football, numa referência ao que
conhecemos como ‘Terça-feira Gorda’ (a terça-feira de Carnaval),
uma espécie de reforço para as propostas lúdicas da modalidade
- teve idas e vindas e não foi marcado por passagens tão
amistosas, principalmente em função das rusgas entre os
defensores do modelo original de jogo, privilegiando o uso dos
pés, e de outro tipo de modalidade que permitia o uso
indiscriminado das mãos, os confrontos corporais materializados
pelo tackle, golpe na região das pernas para derrubar o oponente,
e outros procedimentos técnicos de disputa que levariam ao
rúgbi. Com sacrifício e deixando cicatrizes no período de
negociação, as escolas britânicas conseguiram gradativamente
controlar aquela prática esportiva de aparente selvageria e
lançar as primeiras bases de uma disputa leal, com algo de
lógica e bom senso, na qual a destreza deveria superar a força
física.
Escolas como Harrow e Winchester desenvolveram códigos
próprios de competição para o Shrovetide Football, contendo até
detalhes sofisticados para a época, como uma versão próxima ao
off-side, o impedimento, o que demonstrava preocupação com
uma ordenação mínima das ideias estratégicas de jogo. Dentre os
outros centros educacionais com ligações aristocráticas que
fomentavam o futebol estava o tradicionalíssimo Eton College,
ainda hoje frequentado por membros da família real britânica,
além de outros não menos significativos por seus atributos
acadêmicos, como Cambridge , com uma ligação de raízes com
os alunos de Eton, sem contar o numeroso e atuante grupo que
estudava na cidade de Rugby. Cada um desses núcleos
estudantis jogava a grande novidade esportiva do momento com
regras personalizadas. Por iniciativa dos praticantes mais
assíduos, foi proposta uma primeira conversa para que se
definisse um conjunto de regulamentações para tornar o futebol
uma prática que unisse lógica, competição e entretenimento, com
um requisito prévio: era fundamental que o entendimento das
regras do jogo fosse acessível a todos, algo que determinasse,
por exemplo, o número exato de participantes e os limites do
campo e do tempo de jogo. O uso ou não da mão para carregar a
bola também estaria em pauta e se revelaria a questão central da
maior controvérsia de toda a discussão.
Um encontro realizado em 1848 numa das unidades
educacionais de Cambridge, o Trinity College, levou à elaboração
de um primeiro rascunho da regulamentação básica, que
privilegiava a posição defendida pelo Eton College, de utilização
dos pés como preferência e de menor contato físico. A posição do
grupo de Rugby, que promovia a liberação total do uso das mãos
para todos os jogadores e a manutenção da ênfase na força física,
saiu derrotada por razoável maioria. Da reunião foi redigido um
documento conhecido como Código de Cambridge, uma lista de
procedimentos que funcionavam como leis de conduta para a
organização do jogo, na realidade um protótipo da
regulamentação definitiva que seria referendada anos depois. Os
estudantes de Rugby, diante da posição da maioria, abandonaram
a reunião, romperam relações com os defensores do futebol e,
como grupo dissidente, lançaram as raízes de um novo esporte,
que seguiria priorizando a força física. Embora fosse praticado
desde meados do século, a data oficial de criação do rúgbi é 26
de janeiro de 1871.
Enquanto isso, os adeptos do denominado ‘futebol puro’ se
encarregaram de empregar aquela primeira regulamentação em
seus torneios locais e regionais. Nas árvores de um parque de
Cambridge, Parker's Piece , foram afixadas as regras para que os
praticantes do futebol começassem a se familiarizar ali mesmo
com as normas regulatórias. Exatamente em Parker's Piece foi
realizado o primeiro jogo sob os procedimentos determinados no
Código de Cambridge, o que valeu, décadas depois, a afixação de
uma placa pela administração municipal com as seguintes
frases: ‘Aqui em Parker's Piece, durante os anos de 1800, os
estudantes estabeleceram um conjunto de regras simples de
futebol, enfatizando a habilidade sobre a força, proibindo segurar
a bola e dar rasteiras. Estas regras de Cambridge representaram
a influência definitiva para a elaboração das regras de 1863, da
Football Association’. População e estudantes de Cambridge
consideram ainda hoje Parker’s Piece como berço oficial do
futebol.

NUMA TAVERNA DE LONDRES


Por 15 anos, os jogos e pequenos torneios disputados sob as
regras de Cambridge ganharam adeptos em toda a Grã-Bretanha.
Embora houvesse resistências em muitas cidades, a proposta de
encaminhar uma unificação do regulamento esteve sempre na
pauta das escolas até que foi marcada para 26 de outubro de
1863, em Londres, a abertura de uma série de encontros oficiais
de clubes, com o objetivo de institucionalizar a prática do futebol
sob o controle de uma associação. Oficialmente, esta é a data de
nascimento do futebol, após a conclusão da primeira reunião
realizada em uma taverna dentro do Freemason´s Hall, na Great
Queen Street, distrito londrino de Covent Garden. A ata de
oficialização foi assinada por 11 clubes, definiu a criação da FA
(Football Association) e formalizou as 13 regras que passariam a
dirigir o esporte, seguindo as diretrizes definidas em Cambridge.
Até dezembro daquele ano, outras cinco reuniões foram
realizadas em Covent Garden, sendo que, no andamento dos
debates, uma das associações envolvidas, o Blackheath Football
Club, retirou-se da entidade recém-criada por não conseguir
incluir a utilização dos tackles na aplicação do regulamento para
o novo esporte. Seus representantes se uniriam aos colégios que
poucos anos depois criariam o rúgbi como modalidade
totalmente dissociada do futebol.
Em síntese, as regras de Cambridge aprovadas pelo grupo de
Londres indicavam procedimentos únicos para temas que mais
geavam controvérsia no futebol, como as dimensões do terreno
de jogo, a distância entre as traves, a definição de faltas e sua
distinção das jogadas legais, a proibição do uso das mãos, tanto
para tocar a bola quanto para impedir que um adversário fizesse
sua progressão pelo campo. Determinava também que o tempo
de duração da partida e o número de jogadores de lado a lado
deveriam ser discutidos previamente entre as equipes, proposta
que não foi explicitada no texto das regras e que foi mantida por
pouco tempo depois das definições de Londres. O período total de
jogo sempre deveria ser dividido em duas partes, para a troca de
lado das equipes. Algumas sutilezas eram contempladas no
regulamento de Cambridge, como a distância obrigatória de dez
jardas do adversário na cobrança das faltas e a livre escolha para
o cobrador, que poderia optar pelo passe ou pelo tiro direto. A
definição do time que iniciaria o jogo se daria pelo lançamento da
bola sobre a linha central, sendo que teria direito de começar a
partida a equipe que estava do lado para o qual a bola rolou. Ao
todo, eram 13 regras.
Por longos 15 anos, as regras da FA compartilharam a
preferência do Reino Unido com outras formas de disputa. Clubes
de football que proliferavam por outras regiões da Inglaterra,
como o mais antigo deles, o Sheffield FC, fundado em 1857, ou o
Notts County, a mais antiga associação ainda em atividade, criada
em 1862, deveriam em teoria adequar-se às novas leis, embora
esse caminho tenha se mostrado bastante trabalhoso, em razão
das resistências ao modelo definido por Londres sem uma ampla
discussão com todos os setores. As chamadas Regras de
Sheffield estavam consolidadas há algum tempo em muitas
áreas e escolas e continham diferenças importantes em relação
ao regulamento da FA. As tradições inglesas também levavam
em conta a supremacia de alguns usos e costumes sobre a
legislação escrita, um legado social que deveria ser assimilado
pelo futebol, para se ajustar a esses princípios. Somente em 1878
houve uma espécie de unificação das leis do futebol sob o
controle do grupo de Londres, mas com importantes
colaborações contidas nas Regras de Sheffield, como a adoção,
entre outras sugestões, do travessão de madeira que unia os
postes da meta (até então era colocada uma fita ou uma corrente
entre as traves), a inclusão dos escanteios e a opção das
prorrogações em caso de empate, itens que se tornariam
essenciais no regulamento praticado hoje em dia. O processo de
unificação das regras ganhou uma dinâmica que foi moldando a
implantação da modalidade. Em 1866 foi incorporada
definitivamente uma das formas de aperfeiçoamento do fluxo de
jogo, a lei do impedimento, que no código aprovado em
Cambridge ainda tinha pontos confusos. Era a maneira mais
eficiente de impedir o acúmulo de jogadores na linha de frente,
promovendo um equilíbrio maior na ocupação dos espaços. A
partir de então, o jogador que recebesse o lançamento teria
condição legal apenas quando existissem três adversários entre
ele e a linha de fundo da equipe que estava sendo atacada. A
redução de três para dois adversários nessa posição só foi
adotada tempos mais tarde e introduziria a estratégia de jogo na
modalidade, a gênese das táticas e representações gráficas. Em
1871, sob influência das Regras de Sheffield, era definida por fim
a função específica do goleiro, como único dos jogadores a poder
utilizar as mãos com a bola correndo e numa área delimitada, o
que levou este personagem a não mais abandonar a meta de
forma incoerente para se somar alucinadamente ao ataque, como
ocorria desde os primeiros tempos.
Os jogos passaram a ser disputados em 90 minutos, divididos
em duas etapas, por volta de 1887. A arbitragem também
ganharia novo perfil. Em 1881, a utilização de dois juízes, que até
então ficavam à margem do campo e tomavam as decisões
muitas vezes entrando em acordo com os jogadores, foi
suprimida. Apenas um árbitro, e com poder absoluto, passaria a
comandar as partidas oficiais, com liberdade para circular em
todo o campo entre os jogadores. Receberia o apoio de dois
auxiliares, os bandeirinhas, estes sim correndo à margem do
gramado, com a função principal de aplicar a lei do impedimento.
Aos árbitros caberia controlar a aplicação das leis do jogo,
controlar o tempo e também coibir excessos disciplinares,
principalmente quanto a jogadas violentas. Ficou ainda
estabelecido, após a fusão com as práticas de Sheffield, que uma
falta máxima seria apontada quando uma jogada ilegal, toque de
mão ou exagero no contato físico com o atacante, ocorresse
dentro das áreas. O pênalti, um tiro livre a 11 metros da linha de
meta, estava definitivamente incorporado ao jogo. Nesse intenso
processo de autoafirmação da modalidade, o futebol já era
tratado por muitos com um novo vocábulo – soccer. O termo foi
criado pelo jogador e estudante Charles Wreford-Brown como
um substantivo formado por um fragmento da palavra
association (socc) unido ao sufixo er, assim como os jogadores de
rúgbi conheciam esse esporte como rugger.

REGULAMENTAÇÃO INTERNACIONAL
No âmbito institucional, a utilização de regras unificadas levou à
fundação, em 1886, do The International Football Association
Board (Ifab), patrocinada pelas quatro entidades que
comandavam o futebol nas Ilhas Britânicas, também recém-
criadas, a Scottish Football Association (Escócia, de 1873), a
Football Association of Wales (País de Gales, de 1876), a Football
Association (Inglaterra, de 1863) e a Irish Football Association
(Irlanda, de 1880). Dali por diante, todas as modificações nas
formas de jogo e regulamentos teriam obrigatoriamente que
passar pelo crivo do International Board, responsável também
pela organização do British Home Championship, primeira
competição internacional oficial, envolvendo os quatro países,
com a Irlanda do Norte depois de 1921 ocupando a vaga da
República da Irlanda, e que foi realizada anualmente até a década
de 1980. O conflito de poderes entre o Ifab e a Fifa, a partir da
criação desta entidade em 1904, foi resolvido apenas em 1913. O
órgão de gestão esportiva do futebol passou a ser o responsável
por propor as alterações ao Board, que se reúne anualmente,
uma vez em cada semestre, para avaliar as propostas. Até hoje,
qualquer alteração nas regras do jogo ou recomendação técnica
deve ser discutida e aprovada pelos senhores do International
Board para que possa ser colocada em prática, sendo que as
decisões são tomadas por maioria de dois terços dos oito votos,
um de cada país membro e quatro da Fifa, proferidos em sufrágio
único.
Os primeiros anos da Fifa, que teve como membros
fundadores as federações da França, Bélgica, Suécia, Espanha,
Suíça, Dinamarca e Holanda, foram politicamente difíceis diante
da resistência de alguns setores europeus, que temiam a
excessiva interferência da entidade no desenvolvimento do
futebol no âmbito interno dos países. Havia principalmente a
desconfiança dos britânicos, que já seguiam um modelo de
relativo sucesso quanto à organização de torneios locais e
aplicação de regras unificadas. Uma empreitada diplomática do
presidente da União Belga de Sociedades Esportivas, Edouard de
Laveleye, alguns meses depois da fundação da Fifa, convenceu
os britânicos da Football Association a aderir à entidade mundial
como forma de promover uma ação conjunta de expansão e
institucionalização do futebol. O impacto dessa vitória política foi
tão significativo que imediatamente, em junho de1905, durante o
Congresso da entidade em Paris, foi anunciado que duas
associações do Reino Unido, Gales e Irlanda, e mais quatro
federações de países onde a modalidade adquiria grande
popularidade, Itália, Alemanha, Hungria e Áustria, haviam se
filiado à Fifa. Habilmente, o membros do Comitê Executivo da Fifa
elegeram, no Congresso de Berna, em 1906, um inglês para o
cargo de presidente, Daniel Burley Woolfall, um executivo FA,
nascido em Blackburn, que vinha de um trabalho consistente na
propagação das regras do jogo definidas em 1863. Woolfall
substituiu o primeiro presidente da entidade, o francês Robert
Guérin, que deixou o cargo bastante desgastado pelos pleitos que
teve que enfrentar desde a fundação do órgão. A intenção era
claramente estender a mão de forma definitiva aos britânicos,
confiando em sua capacidade de gestão e de aplicação dos
regulamentos esportivos – além de, obviamente, reforçar a
autoridade da Fifa.
Ainda de forma incipiente, o esboço de um torneio envolvendo
vários países começava a surgir, mais como um desejo do Comitê
Executivo do que como um plano de ação imediata apoiado
plenamente pelas esferas esportivas nacionais. A opção de
incluir o futebol na Olimpíada de Londres, em 1908, poderia
funcionar com uma prévia de um campeonato mundial, mas era
uma proposta que demandava difícil negociação com os comitês
olímpicos, devido às reservas com que o futebol era visto na
época – algo não tão nobre quanto os esportes clássicos, bem
menos atlético na aparência e ainda confuso quanto à completa
compreensão das regras. Nas olimpíadas de Paris/1900 e de St.
Louis/1904, o futebol tinha sido admitido a muito custo como
esporte de demonstração e teve participação de apenas três
equipes em cada edição, embora no último momento o Comitê
Olímpico Internacional tenha distribuído medalhas para a
modalidade.

ESPORTE OLÍMPICO
Os Jogos Olímpicos de Londres/1908 seriam, então, a grande
oportunidade para a realização de um torneio oficial de projeção
internacional, enquadrado nos procedimentos regulares da
disputa, ainda mais porque contaria com a organização dos
ingleses, entre eles o próprio presidente da Fifa, conhecedores
profundos da modalidade e de suas especificidades, capazes de
adequar a infraestrutura necessária à exigência dos padrões
olímpicos. Oito times se inscreveram, mas dois desistiram na
última hora, sendo que a França participou com duas equipes, A e
B. A medalha de ouro obviamente ficou com a Grã Bretanha, que
venceu a Dinamarca na decisão. Quatro anos depois, em
Estocolmo, a final entre os dois países se repetiu e o título ficou
novamente com o Reino Unido, na competição que teve 11
participantes. Apesar de o futebol não ter entusiasmado a
comunidade olímpica, ficou claro seu apelo popular e seu
potencial de crescimento. A primeira final olímpica, no Estádio
White City, de Londres, em 1908, foi presenciada por 8 mil
pessoas. A decisão na Suécia quatro anos depois, no Estádio
Olímpico de Estocolmo, teve 25 mil torcedores, que vibraram
intensamente com a vitória por 4 a 2 do time britânico.
O trabalho de Woolfall à frente da Fifa foi intenso e efetivo,
assegurou um bom relacionamento entre as federações e de
certa maneira cumpriu os objetivos de expandir a
regulamentação, uma vez que foram realizadas competições
internacionais bem sucedidas com as regras unificadas. Nessa
gestão, entre 1910 e 1913, outros continentes de somaram à
Europa para dar musculatura geopolítica à Fifa, com a filiação da
África do Sul, de dois países sul-americanos, Argentina e Chile, e
também dos Estados Unidos. Mas dois duríssimos golpes
interromperam a proposta de levar o futebol a novos povos e
nações. A eclosão da Primeira Guerra(Fig.3) Mundial cortou a
seco as competições no continente europeu e criou enormes
crispações políticas entre os próprios países-membros da Fifa.
Em 1918, quando o conflito chegava ao fim, Daniel Woolfall,
presidente da Fifa, faleceu, numa época em que as atividades da
entidade já estavam paradas há alguns anos por causa das
prioridades governamentais determinadas pelo que se passava
no campos de batalha. Por três anos, a Fifa só não esteve
completamente acéfala graças ao trabalho abnegado de alguns
componentes do antigo comitê, entre os quais se destacou o
holandês Carl Anton Wilhelm Hirschmann, que tinha um cargo
honorário na diretoria mas comandou, desde um escritório em
Amsterdã, um difícil processo de negociação com representantes
de vários países para que não deixassem a entidade sucumbir
após a guerra.
Em um cenário de dificuldades de comunicação e de
transportes, agravado pelo processo de reconstrução de várias
regiões europeias, Hirschmann manteve constante contato com o
presidente da Associação Francesa de Futebol, Jules Rimet
(Fig.4), que o ajudou na convocação de uma assembleia geral dos
membros da Fifa em Antuérpia, por ocasião da disputa dos Jogos
Olímpicos de 1920. Ali ficou constituída uma nova diretoria para a
entidade, com Jules Rimet como presidente, mas ainda sem a
participação de vários países, incluindo os da Grã Bretanha, que
se recusavam a negociar com nações com as quais estiveram em
guerra poucos anos antes. Ainda assim, praticamente todos os
países que compunham a Fifa aprovaram a eleição de Rimet,
manifestando-se por correio. Em 1º de março de 1921, tomou
posse o terceiro presidente da entidade, no que se constituiria em
um marco para o desenvolvimento do futebol no século XX.
Rimet e seu grupo assumiram a prioridade de organizar uma
Copa do Mundo a médio prazo e, para tanto, quiseram fazer da
Olimpíada de Paris, em 1924, e de Amsterdã, quatro anos depois,
verdadeiros laboratórios do que seriam as Copas do Mundo.
Assim, assumiram o compromisso em nome da Fifa de produzir
nas duas edições dos Jogos Olímpicos um Campeonato Mundial
de Futebol para amadores, que envolvesse apenas atletas
aficionados, excluindo até mesmo aqueles que já vivam
realidades semiprofissionais, ainda que de maneira rudimentar.
Embora tenha assumido a Fifa com 20 países associados, na
Olimpíada de Paris (Fig.5) participaram 27 países. As frequências
de público triplicaram em relação aos jogos anteriores e a final
vencida pelo Uruguai por 3 a 0, contra a Suíça, foi vista por mais
de 40 mil torcedores. Quatro anos depois, a média de público caiu
nos Jogos de Amsterdã (26 mil pessoas viram a final em que o
Uruguai foi bicampeão diante da Argentina), o numero de países
participantes no futebol também encolheu, foram 17, mas já
estava lançada a pedra fundamental da primeira Copa do Mundo
com a chancela da Fifa. Era preciso então definir o país-sede e
vários motivos levaram ao Uruguai – que superou no Congresso
de 1929, realizado em Barcelona, as candidaturas de Itália,
Suécia, Hungria, Espanha e Holanda. Além de ser bicampeão
olímpico e de comemorar no ano da Copa, 1930, o centenário de
sua independência, o país simbolizava o novo horizonte
geográfico do futebol, a América do Sul, um panorama que se
adequava por completo aos próprios objetivos expansionistas
traçados por Jules Rimet. Além de tudo, o país se
responsabilizou pelos gastos de transporte e estadia,
concordando em dividir os possíveis lucros de bilheteria advindos
da Copa com a Fifa – ou assumir eventuais prejuízos.
EXPANSÃO EM VÁRIAS FRENTES

Fifa, nos primeiros 20 a 25 anos de sua constituição, teve

A uma função muito mais de catalisadora e articuladora do


que de produtora do jogo. Se durante as décadas de 1870
e 1880, a proliferação do futebol havia se transformado em uma
febre socioesportiva sem precedentes na história, em meio à
consolidação dos procedimentos regulatórios e até o
estabelecimento dos marcos de atuação da Fifa formaram-se
duas fronteiras de expansão cultural da modalidade. A primeira,
institucionalizada, era vinculada, como vimos, ao modelo original
da Football Association, criou terreno fértil para a fundação de
clubes e pequenas entidades voltadas apenas para a prática do
futebol, estimuladas pelos torneios organizados por regiões, em
um processo comandado teoricamente pelos que se
autodefiniam proprietários do novo esporte: presidentes e
executivos de clubes associativos, grupos ligados às
universidades, setores governamentais e administradores
privados responsáveis pela realização de eventos e pela
construção de estádios. Essas atribuições, de alguma forma,
foram sendo incorporadas pela Fifa e seus braços institucionais
em um processo bastante lento e acidentado em razão de
problemas conjunturais, como as fissuras geopolíticas provocada
pelas duas guerras mundiais, e que só se consolidaria meio
século depois do surgimento da entidade. A outra frente de
expansão, sem grandes formalidades, era muito mais consistente
e impossível de ser contida ou enquadrada em algum sistema de
desenvolvimento burocrático. Atingia todas as camadas da
população, era o futebol urbano jogado nas ruas, nos
descampados, nos pátios das fábricas, nas vielas operárias e nos
bairros distantes, mas também era o futebol rural, conquistando
os pequenos núcleos do interior e o público jovem das
comunidades distantes.
Na via oficial, foi uma etapa que marcou o surgimento
frenético de vários clubes que seriam corresponsáveis pela
própria construção da história do futebol em suas regiões. Foi o
caso de pioneiros do interior da Inglaterra, como o Notts County,
de 1862, o Stoke City, que nasceu junto com as regras, em 1863,
ou o Aston Villa, de Birmingham, fundado em 1874, e o
Manchester United, batizado inicialmente como Newton Heath
LYR Football Club, em 1878, mesmo ano da fundação do vizinho
Everton, na cidade de Liverpool. Em Londres, num intervalo
menor do que uma década, nasceram Fulham (1879), Tottenham
(1882), Milwall (1885) e Arsenal (Fig.1) (1886). Pouco depois, em
1895, viria o West Ham. A estas alturas, a Escócia já tinha uma
de suas associações tradicionais, o Glasgow Rangers, fundado
em 1872, cinco anos antes de seu maior rival, o Celtic. A
influência britânica na sociedade europeia, que se materializava
com o intercâmbio de ideias, costumes e mão de obra –
trabalhadores da indústria pesada, professores, especialistas em
ferrovias, médicos, engenheiros, militares e comerciantes -, deu
carona à crescente empatia provocada pelo futebol, que invadiu o
continente pela França e pelo centro-norte, através de
Dinamarca e Países Baixos, chegou rapidamente à Alemanha e à
Áustria até atingir como um furacão os países do Sul, com Itália e
Espanha como principais destinos. Em praticamente todas essas
nações havia formas fragmentadas e pouco definidas de futebol,
que agora chegaria com o impacto de um esporte organizado e
regulamentado. O poder de arregimentar simpatizantes seguiu, a
rigor, o mesmo itinerário de modalidades como o críquete, a vela
e o tênis, entre outras, que deixaram a Inglaterra para ser
admiradas e abraçadas pelos vizinhos, com a diferença de que o
futebol promovia uma adesão instantânea e plural, por reunir ao
mesmo tempo simplicidade e fascínio em sua forma de jogo,
além de ser uma prática de baixo custo, sem a necessidade de
equipamentos sofisticados.
No esquema paralelo, bastante informal, o futebol se
caracterizava como um crescente instrumento de coesão do
proletariado, adotado que foi pelas famílias dos operários e de
camadas mais humildes, ao mesmo tempo em que era
fomentada uma consistente popularização entre os públicos mais
jovens, neste caso abrangendo todas as classes sociais. Eram
cenários distantes dos projetos oficiais de difusão, promoviam um
jogo disputado com padrões e técnicas espontâneas, sem
preocupação específica com as amarras da FA e até com certo
desprezo às regras recém-criadas. Também por essa via
alternativa o futebol ganhou o mundo, levado por soldados e
marinheiros às colônias britânicas, por famílias de funcionários
do governo em suas missões oficiais em outros continentes e por
trabalhadores e estudantes estrangeiros que tinham contato com
a experiência do jogo de bola no Reino Unido e carregavam
consigo a novidade na volta para casa. Anos mais tarde, ao
ampliar suas fronteiras, o futebol construiu definitivamente seu
perfil de participação e inclusão, um fenômeno que se repetiu
inclusive na chegada ao Brasil, a seus vizinhos do Cone Sul e a
toda a América Latina, onde a aparência de prática de elite
igualmente não durou tanto tempo.
A convivência dos modelos formais com os espontâneos
esteve presente em vários territórios nos quais o futebol seria um
esporte nacional no século XX. Na Espanha, onde as regiões do
norte – País Basco, Galícia, Aragón – tinham relações históricas
com os povos britânicos e com a França, o avanço da modalidade
nos primeiros tempos esteve atrelado aos costumes do cidadão
comum, sem nenhuma preocupação institucional, funcionando
mais como uma novidade recreativa. O primeiro clube
oficialmente constituído do país surgiu, porém, longe dali, na
Andaluzia, foi o Recreativo de Huelva, fundado em 1889 como
uma derivação do Riotinto Football Club, uma agremiação criada
em 1878 nas Minas de Rio Tinto, onde grande parte dos
trabalhadores era de origem inglesa, e que também mantinha
equipes de críquete e tênis. Tanto é que o nome de batismo do
clube foi Huelva Recreation Club, que disputou seu primeiro
confronto regional de futebol contra o Sevilla, em 1890. Até a
passagem do século, formaram-se ligas regionais em função do
surgimento desenfreado de novas agremiações, como a Football
Associació, da Catalunha. Em 1902, começou a ser disputada a
Copa Del Rey e, em 1913, era constituída a Real Federación
Española. Entre os clubes grandes do país, o mais antigo é o
Athletic de Bilbao, fundado em 1898, um ano antes do Barcelona.
Na Itália, o enredo se repetiu. A porta de entrada dos ingleses
foram os agitados portos do Mediterrâneo, em especial Gênova,
por onde os trabalhadores atingiam toda a região da Ligúria e do
Piemonte. Ali surgiu, em 1891, o Internazionale Torino, uma fusão
entre o Football & Cricket Club Torino e o Nobili Torino. A Società
Ginnastica Pro Vercelli, da mesma região, viria em 1892, um ano
antes da fundação do próprio Genoa, que ainda hoje mantém sua
denominação, Genoa Cricket and Football Club. A Federazione
Italiana Giuoco Calcio foi criada em 1898. A ligação entre clubes
históricos que tiveram origem em outras modalidades marcaram
também o futebol alemão, onde o Munique 1860, que preservou
no nome o ano de sua fundação, surgiu como associação de
ginástica e transformou-se em clube de futebol apenas na virada
do século. A ginástica também impulsionou os criadores do TSG
Weinheim, de 1862, clube que se dividiu mais de uma década
depois para abrir seu departamento de futebol. Na França, o Le
Havre, mais antigo clube ainda em atividade, estabeleceu seus
estatutos em 1872 como uma agremiação de rúgbi e aderiu ao
futebol em 1894.

DESIGUALDADE ALÉM-MAR
Nas distantes colônias britânicas, a adesão ao futebol foi
bastante desigual e caminhou ao sabor das preferências locais e
fatores geográficos ou sociopolíticos que influenciaram em sua
expansão. Nas comunidades da Oceania, por exemplo, a
identificação da modalidade com o rúgbi e o ‘futebol australiano’
facilitou sua inclusão nas escolas e clubes privados, embora isso
não tenha significado, ao longo do tempo, uma consistente
evolução técnica. O soccer, apesar de bastante popular, teve seu
desenvolvimento prejudicado pela pouca quantidade de clubes –
o primeiro deles, o Brisbane Australian Football Club, foi fundado
em 1866 - e principalmente pela dificuldade de intercâmbio com
centros mais desenvolvidos, que trouxe problemas de
competitividade. Em nações superpovoadas da Ásia, como a
Índia, por outro lado, o futebol enfrentou fortes barreiras
culturais, em uma espécie de reação nacionalista ao jugo
britânico, além do que a identificação de raízes com os esportes
locais altamente populares, como o críquete, o hóquei sobre a
grama e mesmo o badminton, praticamente inviabilizou a
expansão da modalidade. A aparente reação às influências do
Reino Unido também funcionou como barreira na América do
Norte, menos no Canadá do que nos Estados Unidos. O
desembarque do futebol coincidiu com o florescimento de
movimentos culturais e nacionalistas que revelavam forte
identidade com símbolos locais, entre os quais estava o beisebol,
uma instituição norte-americana. Havia também a dificuldade de
encaixar uma modalidade não ianque nos círculos universitários.
A barreira cultural atravessou décadas, embora o futebol tenha
sido praticado com intensidade nas colônias latinas, o que fez a
modalidade assumir um perfil curioso, de aceitação por grandes
camadas da sociedade, mas sem respaldo nos poderosos
esquemas de mídia norte-americanos. Ainda assim, o soccer
conseguiu com o tempo criar nichos importantes em escolas
secundárias, em especial juntos às mulheres, que viriam a
dominar o panorama internacional quando o futebol feminino
atingiu a maturidade apenas no final do século XX.
As resistências do vizinho do norte também atrasaram a
adoção do futebol pelo México, que, por fim, recebeu as principais
influências numa ponte direta com a própria Grã-Bretanha nos
últimos anos do século XIX. Foi em Veracruz, sudeste do país, que
surgiu a primeira agremiação, em torno dos trabalhadores da
indústria têxtil, mais precisamente pelas mãos do escocês
Duncan MacComish, responsável pela reunião de um time
denominado “Fibras duras del Yute”, que se transformaria no
primeiro clube de futebol do país, o Orizaba Athletic Club,
fundado em 1898. Empresas de mineração exploradas pelos
ingleses também ajudaram na difusão do jogo do outro lado do
país, próximo ao Pacífico e à fronteira com os EUA. Pouco depois,
em 1902, era constituída a Liga Mexicana de Football Amateur
Association, por iniciativa de cinco clubes, entre os quais o atual
Pachuca FC (então Pachuca Athletic), vinculado exatamente a
uma mineradora. A consolidação da modalidade, que hoje tem
índices altíssimos de popularidade no México, só ocorreria,
porém, no rastro da proliferação do futebol nos países de língua
hispânica do continente americano, em especial os da América do
Sul.
No Cone Sul a situação foi bem diferente. As ligações
econômicas e culturais de países como Brasil, Uruguai, Argentina
e Chile com a Grã Bretanha eram bastante profícuas no fim do
século XIX, dentro da lógica de mercado gerada pela Revolução
Industrial, com a multiplicação das companhias de energia,
ferrovias e indústrias de material pesado (Fig.2) nas principais
metrópoles do continente. Soma-se a isso a crescente relação
comercial dos ingleses com os argentinos, o que fez do estuário
do Rio da Prata o principal entreposto de mercadorias vindas da
Europa em direção à América do Sul, retrato da gigantesca onda
migratória que chegou ao país a partir de 1850 e se prolongou até
a década de 1930. Onde havia ingleses era certo que haveria
futebol. Não por acaso a Argentina foi o primeiro país da América
Latina a constituir sua confederação de futebol, por obra do
escocês naturalizado Alejandro Watson Hutton. Também foi a
primeira nação sul-americana onde foi realizado um jogo
plenamente enquadrado nas regras de Londres, em pleno
Bosque de Palermo, de Buenos Aires, quando se enfrentaram em
junho de 1867 o Buenos Aires Cricket Club e o Buenos Aires
Football Club, primeira associação do país voltada
exclusivamente para a nova modalidade. Grande parte dos clubes
argentinos que ainda militam na elite tem mais de um século de
existência (Gimnasia y Esgrima, Quilmes, Rosário Central, Tigre)
e outros, também centenários, mantêm suas raízes de influência
inglesa no próprio nome (River Plate, Banfield, Newell’s Old Boys,
Arsenal). A identificação do futebol com o povo argentino foi tão
profunda que até o fim da primeira década do século XX já
existiam mais de 50 clubes de futebol constituídos no país, que
em 1913 anunciou sua filiação à Fifa.
No vizinho Uruguai a chegada do futebol foi menos impactante
no momento inicial, mas manteve durante os primeiros anos um
crescimento constante. O impulso promovido pelo professor de
literatura inglesa William Leslie Poole, também jogador de
futebol e árbitro, foi fundamental. Ao desembarcar em
Montevidéu para lecionar na English High School, em 1885, Poole
estimulou desde o princípio os alunos da escola, em boa parte
imigrantes europeus, a praticarem o futebol, o que levou à
fundação, por obra dos estudantes, do Albion Football
Association, considerado o primeiro clube exclusivo de futebol do
país. Outras agremiações praticavam a modalidade
informalmente há algum tempo, como o Montevideo Cricket Club
e o Montevideo Rowing Club. No Chile, o papel dos imigrantes
ingleses que chegavam pelo porto de Valparaiso também foi
decisivo. Ali, grande parte da colônia britânica estudava na
Mackay School, o ponto de encontro dos fundadores do primeiro
clube do país, nascido em 1882, o Mackay and Sutherland
Football Club. Junto com o Valparaiso Football Club, também
ligado aos ingleses, e outros clubes locais, o Mackay foi um dos
fundadores da Football Association of Chile, a entidade que viria
a se associar à Fifa em 1913 como representante oficial do país
andino, apesar de 14 clubes da capital terem promovido a
criação, em 1903, da Associación de Football de Santiago, como
uma forma de contrabalançar a influência do grupo de
Valparaíso.
No Brasil, cuja via oficial se concentrou nas grandes cidades
do Sudeste, a invasão do futebol na verdade se constituiu em um
fenômeno pulverizado em razão de suas dimensões continentais,
mas, à semelhança dos hermanos, foi obra das correntes
migratórias que se estabeleceram em várias capitais, da
presença britânica em segmentos econômicos específicos
(transportes, energia) e do intercâmbio promovido pelas classes
privilegiadas com a Europa de uma forma geral e com a
Inglaterra em particular, como será detalhado mais adiante (Cap.
3).

VÍNCULOS COM ESPAÇOS PRÓPRIOS


O estágio acelerado de evolução que o futebol atingiu nas duas
últimas décadas do século XIX teve forte relação com o
surgimento dos símbolos que produziam vínculos imediatos com
a população das regiões e cidades que mais promoviam a
modalidade. Enquanto a institucionalização ultrapassava
fronteiras e levava à descoberta de novos públicos, as
particularidades do jogo, a participação das comunidades e seu
protagonismo na cadeia social se consolidavam. A Grã Bretanha,
como não poderia ser diferente, foi pioneira na criação e na
propagação desses símbolos – o time, o escudo, as cores da
camisa. Eram elementos que passavam a sensação
reconfortante de que o torcedor era o alicerce do clube, o dono de
seu destino. Nesse sentido, o maior de todos os símbolos era o
espaço de atuação, o local de convívio e de regozijo, ou de
sofrimento. Era o estádio, o campo de jogo e tudo que o cerca.
Rapidamente, após a disseminação das regras, os terrenos de
escolas, os parques públicos e as áreas livres em regiões
distantes dos centros das cidades mostraram-se insuficientes
para abrigar os jogos de futebol disputados de maneira mais
organizada e, também por isso, com um público cada vez mais
numeroso. Um espaço próprio para essa atividade, além de tudo,
garantiria a segurança dos fãs e dos atletas, proporcionaria um
cenário mais apropriado a eventos de grande porte e abriria
possibilidades econômicas importantes para os clubes, que já se
adaptavam a uma realidade semiprofissional, na qual os custos
de manutenção de um time de futebol ganhavam proporções
imprevisíveis. Um dos mais tradicionais clubes ingleses, o Aston
Villa, é um bom parâmetro para ilustrar o papel dos estádios no
alvorecer do futebol. Fundado em 1874, a partir de uma
agremiação de críquete, o clube de Birmingham mandava seus
jogos no pequeno Aston Park, mas os ótimos resultados nos
confrontos regionais levaram o Villa para o norte da cidade, em
Perry Bar, estádio mais amplo no qual o time permaneceu por
mais de 20 anos e chegou a receber jogos da FA Cup.
Crescimento das competições, custos de manutenção do time,
prestígio em alta - foram vários os motivos que fizeram o Aston
Vila apostar em um estádio definitivo, maior, mais seguro e mais
confortável. Além do mais, nesse meio tempo, o clube foi duas
vezes campeão da Liga que ajudou a criar, em 1888, depois de ter
sido uma das primeiras agremiações de futebol a se tornar
profissional, quando a FA regulamentou a legislação voltada à
administração dos times de futebol. Assim, a construção do Villa
Park, com capacidade para mais de 40 mil torcedores,
inaugurado em 1897, foi mais do que uma consequência do
crescimento do clube – foi uma necessidade, um atendimento à
demanda de entusiasmo de seu público e uma generosa porta de
entrada de novos recursos.
Clubes maiores e menores que o Aston Villa seguiram roteiro
semelhante. A construção de praças esportivas destinadas ao
futebol no Reino Unido tornou-se um negócio e tanto. Em
Liverpool, os dois grandes estádios da cidade, separados pelo
Stanley Park e aproximadamente um quilômetro, foram
inaugurados num intervalo de oito anos, entre 1884 e 1892 – o
Anfield Road (Fig.3), construído antes mesmo da fundação do
Liverpool, e o Goodison Park (Fig.4), casa do Everton -, ambos
projetados pela equipe do arquiteto responsável por seis entre
cada dez estádios construídos nessa época no Reino Unido, o
escocês Archibald Leicht. Na década de 1890 e nos primeiros
anos do novo século, inúmeras cidades com times de futebol de
grande popularidade investiram em estádios de primeira linha,
como o Leeds United (Ellan Road), o Newcastle (St. James Park)
e o tradicionalíssimo Nottingham Forest (City Ground). Os
modestos também construíram, muitas vezes com recursos dos
governos locais, que não pretendiam ficar fora do circuito de
futebol profissional que se formava, casos do Derby County
(Prinde Park Stadium) e do Bristol (Ashton Gate). É de se
ressaltar que os estádios raramente tinham capacidade para
menos de 20 mil torcedores, ainda que se tratasse de times mais
modestos. Em Londres, a febre não foi menor. Mesmo se for
considerado que Stamford Bridge (inaugurado em 1877), a casa
do Chelsea, não foi construído originalmente para ser um campo
de futebol e sim de atletismo, praticamente todas as regiões da
cidade receberam estádios novos nessa etapa de consolidação da
modalidade. Na região sudeste, além de Stamford Bridge, foi
construído o Craven Cottage, campo do Fulham. No norte, o
Tottenham Hotspurs inaugurou sua casa, o White Hart Lane, em
1899, e pouco depois, na região leste, o West Ham construía o
Boleyn Ground, no distrito de Upton Park, mesma época em que o
Queens Park Rangers inaugurava o Loftus Road do outro lado da
cidade, na região noroeste.
Glasgow, centro nevrálgico de desenvolvimento do futebol
desde sua concepção como esporte organizado, também foi um
termômetro que refletiu com precisão o boom dos estádios de
grande porte no Reino Unido. Em uma década, na passagem para
o século XX, os rivais históricos da cidade escocesa, Celtic e
Rangers, construíram as obras mais impactantes do futebol
voltado para as massas em seu primeiro meio século de
existência, o Celtic Park e o Ibrox Stadium. A essas emblemáticas
praças esportivas criadas, para não fugir à regra, por Archibald
Leitch, seguiu-se a inauguração de Hampden Park, pertencente
ao Queens Park, clube que ainda hoje conserva suas raízes
amadoras. Os três estádios, objetos de sucessivas adaptações ao
longo do século passado, se mantêm como modelos de
segurança e conforto - são consideradas como referências no
exigente ranking da Union of European Football Associations
(Uefa).

DINÂMICA DO CRESCIMENTO
O modelo de organização do futebol no Reino Unido esteve, por
muito tempo, à frente do desenvolvimento do esporte visto em
outras nações europeias, o que provocou uma defasagem natural
no processo de institucionalização do jogo. O futebol informal,
jogado nas escolas e nos espaços livres das cidades, expandiu-se
na Península Ibérica, na Itália ou nos Países Baixos com a mesma
agilidade com que conquistava as diversas camadas sociais
inglesas, mas a sistematização das disputas e o aperfeiçoamento
das relações com as comunidades estiveram por algum tempo
atrasadas em relação ao padrão britânico. A dinâmica de
crescimento nos vizinhos europeus, que pouco depois seria
verificada também em polos distantes como a América do Sul e a
África, seguia uma fórmula com poucas variações. Os clubes
eram criados em núcleos de popularização do jogo – escolas,
paróquias, fábricas -, normalmente vinculados a agremiações que
praticavam outros esportes, estabeleciam relações com clubes
de outras localidades e, em seguida, formavam associações
regionais ou provinciais que dessem suporte organizacional às
competições. Os vínculos simbólicos já existiam e eram fortes,
mas estavam marcados por um espírito essencialmente
amadorístico, ainda que a influência dos imigrantes ingleses em
muitas áreas (norte da Espanha e da Itália, países nórdicos,
Portugal) tenha plantado as primeiras noções de
profissionalismo.
A construção de grandes estádios, portanto, ainda não era
uma necessidade, como ocorreu na Inglaterra do final do século
XIX, e só seria verificada 15 ou 20 anos depois do
estabelecimento definitivo dos torneios locais dos outros centros,
quando os clubes estariam consolidados em seus redutos e com
uma massa social razoável que justificasse os investimentos. De
uma maneira geral, o futebol andava em ritmo de
profissionalismo no Reino Unido e crescia de forma sustentável,
porém estritamente amadora quanto à concepção administrativa,
nos demais países. Quando o mais antigo clube espanhol, o
Recreativo de Huelva, disputava seus primeiros amistosos contra
o Sevilla, no início da década de 1890, a FA Cup já era competição
oficial há quase 20 anos e mobilizava vários clubes ingleses,
lotava estádios e movimentava generosos recursos financeiros.
Quando a primeira Seleção Italiana foi formada, em 1910, os
países do Reino Unido – Inglaterra, Escócia, Irlanda e Gales - já
eram veteranos em torneios oficiais na Grã Bretanha, haviam
participado do primeiro Home Championship em 1874. Porém,
esse descompasso em relação aos criadores do jogo era mais
uma questão mercantilista do que propriamente cultural. Na
Inglaterra pós-revolução industrial, as leis de mercado se
impunham em ritmo avassalador em todos os segmentos. O
futebol, que ainda construía uma identidade própria, viajou para
outras nações na onda do poder econômico britânico e de seu
componente imperialista, mas tinha ingredientes culturais que
eram facilmente assimilados e, de pronto, transformados pelas
sociedades locais, adaptado a seus costumes e mecanismos de
ócio e lazer. Para crescer e conquistar adeptos, o jogo de bola nas
agremiações criadas na Europa Central, na Oceania, nas escolas
americanas e canadenses ou nos diversos espaços públicos da
América do Sul precisava amadurecer sob o amadorismo antes
de se aventurar em experiências semiprofissionais. Ainda que
fosse organizado em um sistema composto por clubes e
federações, responsáveis por competições oficiais. Acontece que
essa passagem foi extremamente rápida do ponto de vista
histórico e, na verdade, acompanhou o próprio ritmo de
popularização do futebol – como, em última instância, acontecera
na Inglaterra pouco antes.
O que se viu no início do século XX foi uma sucessão de novas
entidades espalhadas por vários países, de acordo com a
demanda de crescimento da prática do jogo, como havia ocorrido
na década anterior em nações que já haviam detectado essa
necessidade, como Itália e Argentina. Entre 1900 e 1910,
surgiram federações nacionais na Alemanha e no Uruguai, na
Suécia e na Tchecoslováquia, sem contar a fundação da própria
Fifa, em 1904. Hungria, Noruega, Espanha, Finlândia e Paraguai
também criam suas associações nacionais. A massificação do
futebol produziu necessidades de consumo e o padrão a seguir
alinhava-se, inevitavelmente, com a experiência britânica de
remuneração de jogadores, comercialização dos símbolos e
capitalização das paixões clubísticas por meio dos estádios. O
profissionalismo avançou em cenários desiguais pela Europa e
chegou de forma definitiva à América do Sul apenas na década de
1930, apesar de ter convivido com o amadorismo desde meados
dos anos de 1910. A conexão da cultura esportiva de cunho
idealista com a economia do futebol teve várias idas e vindas,
prós e contras, mexeu com valores sociais, mas tomou um rumo
que não permitia retorno. Ao assumir sua versão de mercado, o
futebol entraria com força nas esferas de poder e se tornaria
também um ambiente político, submetido a pressões e interesses
nacionais de diferentes tons ideológicos.
Mas a internacionalização do jogo e sua capacidade de formar
identidades, a sobrevivência durante duas guerras mundiais
resistindo a regimes totalitários, a maturidade atingida com a era
das Copas do Mundo e a consolidação como ferramenta de
manifestação popular fariam do futebol um patrimônio social do
esporte no século XX - o futebol como instituição.
TURBILHÃO ABAIXO DO EQUADOR

o descobrir o futebol, o Brasil era um cenário de gritantes

A contradições sociais. À busca pela modernização nas


grandes cidades no fim do século XIX se contrapunha a
poderosa economia agrária. A incessante procura por novos
horizontes culturais, especialmente dos europeus anglo-saxões,
mesclava-se com as tradições locais, os costumes centenários e
modelos de vida com vigoroso perfil latino, estimulados pela
imigração. As diferenças de classe marcavam a difusão dos
padrões culturais, um painel sem contornos precisos em que
tudo era ‘multi’ – multicolorido, multissonoro, multirracial,
multilíngue. Vivia-se, de outra parte, um tempo de esperança e
novas perspectivas políticas, depois do fim da escravidão e em
pleno fervor republicano. Se forem somadas a esse panorama as
fundas diferenças regionais que seguiam existindo,
caracterizadas não só pelos costumes e maneiras de ser, mas
principalmente pela questão econômica e pelo embate entre
conservadores e progressistas, estará desenhado o país da virada
do século. Foi esse Brasil, ávido por novidades e ao mesmo
tempo atrelado a seus vínculos de toda a vida, que recebeu o
futebol.
Há diversos marcos históricos da chegada do futebol ao país,
mas, a rigor, não pode existir o monopólio do pioneirismo diante
das inúmeras frentes geográficas pelas quais o jogo de bola se
infiltrou. Se é verdade que o paulistano de pai escocês Charles
Miller (Fig.1) criou o primeiro núcleo de prática do jogo ao trazer a
novidade a São Paulo (Fig.2) em 1894, após retornar de um longo
período de estudos na Inglaterra, também é fato que o escocês
Thomas Donahue, contemporâneo de Miller, tenha apresentado
informalmente o futebol aos brasileiros ao ajudar na
implantação, no mesmo ano, de uma indústria têxtil no bairro
carioca de Bangu. Também é certo que Oscar Cox (Fig.3), após
estudar na Suíça, propagou no Rio de Janeiro, em 1897, as
noções iniciais sobre o novo jogo, tornando-se cinco anos mais
tarde um dos fundadores do Fluminense. Ao longo de uma
década, experiências como essas se multiplicaram de norte a sul
do país. No extremo sul, obra de imigrantes, foi fundado o clube
mais antigo ainda em atividade no Brasil, o Rio Grande. No Ceará,
após um período de estudos na Suíça, José Silvério introduziu o
futebol praticamente junto com os imigrantes ingleses e
holandeses, antes mesmo que o impacto da modalidade no
Sudeste tivesse alguma repercussão importante por aqueles
lados, o mesmo caso de Guilherme Aquino Fonseca, formado em
Cambridge e fundador do Sport Recife, em 1905. No Paraná,
imigrantes alemães alinhavaram a fundação do Coritiba,
enquanto em Belém do Pará os irmãos Raul e Victor Engelhard
utilizaram os modelos das agremiações esportivas inglesas para
lançar as bases do tradicionalíssimo Clube do Remo, que
começaria suas atividades como uma associação náutica para
adotar o futebol pouco depois.
A pulverização inicial dos núcleos de introdução do futebol no
país não evitou, porém, a predominância de São Paulo e Rio como
motores da evolução da modalidade de forma mais organizada e
efetiva. O Rio era a capital da República (Fig.4), centro de poder
político, São Paulo era uma metrópole beirando os 300 mil
habitantes, principal propulsora da economia. Nesses centros, o
futebol funcionou com uma das interfaces culturais que
embutiam o desejo de aproximação das camadas privilegiadas
com a Europa, da mesma forma que o número crescente de
automóveis, a luz elétrica, os bancos e as companhias
ferroviárias (Fig.5) promoviam os índices de desenvolvimento
econômico tendo como referência os modelos externos. Esse elo
com os países mais avançados era efetivamente mantido pelas
classes dominantes, sustentada basicamente pela força de
trabalho dos operários, comerciantes, imigrantes de varias
origens, vendedores e trabalhadores recém-chegados do campo,
que faziam a máquina produtiva funcionar a todo vapor nas
grandes cidades, ainda que o acesso pleno aos bens de consumo
gerados pelas novas fontes de riqueza fosse privilégio de
algumas esferas sociais, como é característico em uma
sociedade desigual. Não é de se surpreender, portanto, que o
futebol apresentado como produto da moda, importado por
iniciativa dos bem-nascidos, ficasse durante algum tempo
restrito aos meios aristocráticos, aos clubes de elite e à porção
da sociedade que tinha via livre a várias outras práticas
esportivas que não eram abertas à população em geral. Os
campos de futebol reproduziam seu cotidiano, eram um
prolongamento da sociedade, frequentados pelas mesmas
pessoas, que se reuniam para admirar virtudes físicas de seus
filhos ilustres e ao mesmo tempo participar de um evento
revestido pela simbologia da modernidade que vinha da Europa.
Os próprios locais das práticas futebolísticas eram fechados ao
público em geral, normalmente propriedades de grupos
familiares tradicionais, como era o caso em São Paulo da
Chácara Dulley, no Bom Retiro, pertencente à Família Fox, e do
Velódromo Paulistano (Fig.6), transformado em campo de futebol
no centro da cidade, cuja proprietária era a Família Prado e onde
nasceu, em 1900, o Clube Athletico Paulistano.
Charles Miller construiu toda sua trajetória esportiva
vinculado ao São Paulo Athletic Club, o célebre SPAC. Ali fundou
o departamento de futebol e atuou como jogador, dirigente e
árbitro. Viria a conquistar para o clube o título do primeiro
Campeonato Paulista, esta sim uma competição oficial pioneira
no país. Antes disso, fora o promotor daquele que é considerado
pela quase unanimidade dos historiadores como o primeiro jogo
de futebol no país, disputado em abril de 1895 entre os times da
São Paulo Railway (Fig.7), onde o próprio Miller atuava, e da Gas
Company (Fig.8), uma partida com mais britânicos que brasileiros
entre os jogadores, vista por algumas dezenas de amigos e
parentes nos descampados da Várzea do Carmo (Fig.9). Em nome
do clube que defendia, Charles Miller também ajudou a criar uma
liga paulista, formada por associações vinculadas às classes
sociais privilegiadas, cujos princípios foram acertados em um
encontro no dia 18 de dezembro de 1901, conforme noticiava o
jornal ‘O Estado de S. Paulo’ em sua edição de 20 de dezembro
(Fig.10) daquele ano: “Como estava anunciada, realisou-se ante-
hontem, na sede do Sport Club Internacional, a 2ª reunião para
tractar da revisão dos estatutos da Liga Paulista de Foot-ball.
Nesta reunião ficou deliberado o seguinte: enviar a todos os clubs
uma cópia dos estatutos e estes deverão apresental-os com as
modificações que acharem convenientes na próxima reunião, no
dia 29 de janeiro do anno vindouro. Foram representados nesta
reunião os seguintes clubs: Sport Club Germania, Club Athletico
Paulistano, Associação Athletica do Mackenzie College, Sport
Club Internacional e São Paulo Athletic Club, representado por
seu capitão sr. Charles Miller.” No ano seguinte, a Liga organizou
o primeiro Campeonato Paulista.
Com pequenas diferenças, a história se reproduziu no Rio de
Janeiro, onde o primeiro grande clube brasileiro, o Fluminense,
fundado em 1902 por Oscar Cox, de pai inglês, era o retrato
acabado dos modelos aristocráticos, vinculado a uma esfera da
sociedade carioca com laços tradicionais e cuja sede,
curiosamente, ficava no bairro do Flamengo. Foi o Fluminense
que comandou as primeiras atividades oficiais do futebol na
cidade, programou partidas amistosas, dentre as quais enfrentou
o Rio Cricket, em Niterói, clube, aliás, fundado pelo pai de Oscar
Cox, George Emmanuel. Em seguida, com o surgimento do
Botafogo e do América, o Fluminense também ajudou a preparar
a disputa do Campeonato Carioca, em 1906, quando entraria em
cena o primeiro clube efetivamente popular do país, o Bangu,
formado a partir da indústria têxtil daquele bairro da zona oeste
carioca, a Companhia Progresso Industrial, onde imigrantes e
brasileiros de todas as raças e origens participavam de jogos de
futebol desde o fim do século XIX, em competições internas. O
modelo de clubes que admitiam trabalhadores comuns, criado
em Bangu, revelou para o ainda incipiente futebol brasileiro a
figura do jogador-operário, contratado com status de atleta pelas
fábricas e indústrias que possuíam equipes de futebol. Eram,
portanto, empregados assalariados, o que levantou as primeiras
reações dos clubes de elite, defensores ferrenhos do amadorismo
como modelo de ‘purificação’ do futebol.

NO FRONT POPULAR
A preocupação por manter o futebol em redutos das classes
mais favorecidas – colégios, clubes, associações – não só era
ilegítima como se mostrou impraticável. Havia duas formas que
impediam o ‘controle’ de um esporte que tinha vocação popular e
nunca poderia ficar restrito a uma única camada social: o jogo
praticado por operários nas fábricas e empresas, inclusive as
inglesas, como o exemplo de Bangu; e o incontrolável poder das
ruas e descampados, nas praias, vilas e quintais, o futebol jogado
por crianças e jovens de todas as idades. Nas fábricas, como
acontecera nas origens da modalidade no Reino Unido, o futebol
funcionava com um instrumento de interação, quase uma terapia
em um processo de trabalho marcado pelas exigências da
desumana produção em série. Nesses ambientes, além de tudo, o
operário convivia mais de perto com costumes e influência dos
colegas estrangeiros, principalmente no caso das empresas de
origem inglesa, nas quais os funcionários já estavam
familiarizados com o esporte.
Por outro lado, ainda que nas áreas populares o equipamento
para a disputa de partidas minimamente organizadas (bolas,
uniformes, traves etc) era precário e improvisado, a propagação
do jogo ganhou contornos de epidemia social. A certa altura da
primeira década do século havia muito mais futebol informal
pelas principais cidades brasileiras – onde espaço era o que não
faltava - do que as práticas organizadas dentro dos clubes, uma
situação que seria acentuada pela convivência com correntes
migratórias europeias que chegavam a polos urbanos como São
Paulo, principalmente, mas também Rio, Belo Horizonte e Porto
Alegre. Para estes grupos, como para as camadas desfavorecidas
de brasileiros nativos, o futebol se revelou um consistente fator
de identidade cultural, uma ponte que levava à essência do jogo,
como ocorreu na própria Inglaterra dos primeiros tempos: o
futebol como fator de aglutinação, convivência saudável e troca
de valores. A linguagem do futebol servia, para o estrangeiro,
como um primeiro fator de interação em um ambiente com língua
e costumes ainda desconhecidos.
É preciso destacar o papel de certa forma periférico, mas não
menos importante, de muitas escolas religiosas secundárias e
mesmo de Ensino Superior que estimulavam, em várias partes do
país, as práticas esportivas como ferramentas didáticas de
fomento à disciplina e ao respeito, incluindo a atração do
momento, o futebol. Não eram setores exatamente populares,
viviam sob modelos pedagógicos voltados às famílias
tradicionais, tanto que muitos de seus alunos passavam períodos
de estudo no Exterior. Mas movimentavam centenas de milhares
de jovens que foram se familiarizando com o novo esporte e que
saíam dali, mais tarde, com conhecimento suficiente para dar
sequência à sua difusão. Há exemplos documentados de práticas
do futebol em escolas de jesuítas, maristas e de outros grupos
católicos em várias capitais e cidades importantes já na década
de 1890, como o tradicional Colégio Pedro II, no Rio, o São
Vicente de Paula, em Petrópolis, e o Arquidiocesano, em São
Paulo. O gosto dos jovens pelo jogo de bola no ambiente
acadêmico reproduzia fielmente o cenário inglês dos primeiros
tempos do futebol, quando a sedução pela novidade gerou
adesão e envolvimento. Em Campinas, de uma escola particular
fundada pelos maçons e frequentada apenas por meninos, o
Colégio Culto à Ciência (hoje vinculado ao ensino público), surgiu
o clube mais antigo do Estado de São Paulo e o segundo mais
antigo do Brasil ainda em atividade, a Ponte Preta, fundada em
1900 por alunos que começaram a praticar o futebol nas aulas
de educação física da instituição. Foi de uma escola da Capital do
Estado, por sinal, que saiu um dos clubes fundadores da Liga
Paulista, o Mackenzie, criado em agosto de 1898 com o nome
Associação Athletica do Mackenzie College e que por mais de
uma década disputaria os campeonatos do Estado, tendo em seu
time alguns dos maiores ídolos dos primeiros tempos do futebol
brasileiro, como Manuel Nunes, o Neco, e principalmente Arthur
Friedenreich.

CONSTRUINDO UM ESTILO DE JOGO


Antes mesmo de atingir a maioridade no país, ainda na década de
1910, o futebol brasileiro dava sinais claros de que poderia em
breve assumir uma personalidade própria, seja no seu desenho
social, seja na maneira de jogar e na questão organizativa. Aos
clubes institucionalizados que pretendiam fazer da modalidade
um evento com o perfil de um concerto de câmara, praticado por
jovens finos e frequentado por uma plateia selecionada, o futebol
das ruas respondeu com o improviso, o ritmo diferenciado, a
musicalidade e a criatividade, incluiu contornos tropicais ao
padrão inglês, criando uma mescla de estilos que começaria a
dar forma a um modelo brasileiro de jogo, dentro e fora de
campo. Para tanto, era fundamental que o futebol avançasse
tanto na frente regulamentada, com estímulo à criação e
participação de mais times nas ligas que iam se formando, como
na esfera popular, na qual se multiplicavam times de várzea,
associações ligadas a paróquias e bairros, bem como grupos
organizados de trabalhadores. Em São Paulo, foram anos de
frenética explosão do futebol, nos gramados às margens do
Tietê, nos campos que surgiam no Bom Retiro, no Brás e pela
Zona Norte, além da utilização cada vez mais frequente dos
espaços da Várzea do Carmo, que se tornou um local clássico
para o futebol popular.
A década de 1910 foi pródiga no surgimento de grandes
clubes – e não apenas os de raízes nobres. Um grupo de
pequenos comerciantes e trabalhadores da indústria do bairro do
Bom Retiro fundou em 1910 o Sport Club Corinthians Paulista
(Fig.11), como homenagem ao Corinthian FC inglês, que acabava
de visitar o país. Dois anos depois surgia o Santos Futebol Clube
e, no Rio, o Flamengo inaugurava seu departamento de futebol.
Em 1915, o Vasco da Gama (Fig.12), que também já existia como
agremiação poliesportiva, atendeu aos anseios da colônia
portuguesa no Rio e criou seu time de futebol, que viria a estrear
no ano seguinte. Vasco e Corinthians, aliás, seriam protagonistas,
assim como o Bangu, dos episódios mais marcantes entre os
torneios oficiais ligados ao preconceito social no futebol
brasileiro da era do pré-profissionalismo. Foi um período
relativamente curto de tentativas de exclusão, mas intenso, em
que as correntes segregacionistas se manifestavam de várias
formas. Havia as entidades que barravam sumariamente a
entrada em seus quadros de negros e pobres, a ponto de incluir
as minúcias das ferramentas de proibição até mesmo na redação
de seus estatutos. Outras, que de alguma maneira aceitavam a
inscrição de membros de outras classes em seus quadros,
impediam por outro lado que os desfavorecidos socialmente
participassem das atividades normais dos clubes – festas,
comemorações, ações institucionais. A tolerância com mulatos,
por exemplo, era muitas vezes acompanhada por exigências tais
como a obrigação de se vestir de acordo com as normas da
instituição ou de alisar os cabelos, algo que ficou marcado na
carreira de Arthur Friedenreich (Fig.13), que inicialmente só foi
aceito pelos clubes da elite por ser filho de alemão.
Para essa camada que controlava a gestão do futebol em seus
anos de fundamentação das propostas organizativas, clubes de
fora da esfera dominante representavam uma ameaça. O
Corinthians, que havia feito uma ótima estreia do Campeonato
Paulista de 1913, foi um dos pivôs da cisão entre os times
tradicionais e os mais populares, o que levou o Paulistano a sair
da Liga Paulista, junto com Mackenzie e a Associação Atlética
das Palmeiras, para fundar a Apea (Associação Paulista de
Esportes Atléticos). Nos três anos seguintes, dois campeonatos
paulistas foram disputados de forma paralela, pela Liga e pela
Apea, em meio a uma discussão acalorada sobre os sinais claros
de semiprofissionalismo praticado pelos clubes, o que incluía
salários informais aos jogadores e cobrança de ingressos para a
maioria das partidas sem critérios para aproveitamento dos
recursos. No Rio, o crescimento técnico do Vasco, que levou o
time ao título carioca de 1923, incomodava cada vez mais os
clubes elitizados da Zona Sul. Pelo Vasco jogavam vários negros
e mulatos, além de brancos analfabetos, uma ruptura definitiva
com o status de reduto de bem-nascidos pregado pelos
aristocratas dos primeiros tempos do futebol. Sob o argumento
de que o Vasco praticava ‘profissionalismo marrom’ e tinha
jogadores analfabetos em seu time, os adversários Fluminense,
Flamengo e Botafogo deixaram a Liga Metropolitana de
Desportos Terrestres, que organizava os campeonatos cariocas,
e fundaram com o apoio de outros clubes a Associação
Metropolitana de Esportes Atléticos, que em seus estatutos
proibia nos clubes a presença de desempregados e analfabetos,
porque caracterizava, segundos seus autores, que esse tipo de
atleta precisaria receber para jogar. Em 1924, repetiu-se no Rio o
que acontecera em São Paulo, a realização de dois campeonatos
paralelos, situação, porém, contornada para a temporada
seguinte, com a reunificação das disputas.
A par dos inúmeros episódios de preconceito - demonstrações
claras do incômodo provocado nos clubes chamados ‘nobres’
pela superação de algumas barreiras sociais no esporte que já
era muito mais popular do que aristocrático - e em meio ao
incansável debate entre os defensores do amadorismo e os que
consideravam inevitável as práticas semiprofissionais, a
estrutura do futebol brasileiro ganhava músculos. Pernambuco
também havia criado sua federação estadual em 1903, Minas
Gerais e Bahia fizeram o mesmo em 1915, e o Rio Grande do Sul
lançava sua entidade oficial em 1918. Em 1914 foi fundada a
Federação Brasileira de Sports, com o objetivo principal de
administrar o futebol e de trabalhar o ingresso do país na Fifa. A
Federação nacional se fundiria pouco depois a uma entidade
paralela à Liga Paulista, denominada Liga Brasileira de Foot-Ball,
resultando na criação, em 1918, da CBD, a Confederação
Brasileira de Desportos, que gerenciou a modalidade nos 60 anos
seguintes, até a criação da CBF (Confederação Brasileira de
Futebol). Foram essas entidades que deram sustentação à
formação de uma Seleção Brasileira, de início promovendo
amistosos ainda não oficializados pela Fifa e, em seguida,
comandando a participação do país nos primeiros campeonatos
sul-americanos. Em um período no qual já era evidente a
rivalidade Rio-São Paulo, a participação do Brasil no Sul-
Americano de 1919 (Fig.14), disputado no Estádio das Laranjeiras
(Fig.15), no Rio, foi emblemática, como primeira demonstração
pública de unidade nacional tendo como pretexto o futebol. Mais
do que isso, a mobilização popular na final contra o Uruguai (que
havia conquistado os dois títulos anteriores do torneio), vencida
com um gol do mulato Friedenreich na prorrogação, lançou as
bases da identificação do brasileiro com um estilo de jogo
próprio, já bem distante da influência britânica, agora
referendado pela conquista de um título internacional.
Em sua edição de 30 de maio de 1919 (Fig.16), ‘O Estado de S.
Paulo’ destacou, antes de entrar em detalhes sobre a partida, a
extraordinária expectativa de público para o jogo decisivo, algo
que já vinha ocorrendo ao longo do torneio: “Como das vezes
anteriores, muito antes da abertura dos portões da magnifica séde
do Fluminense já era colossal a multidão que se comprimia nas
suas inmediações, a espera do momento da entrada.” Mais
adiante, na análise sobre a participação da equipe nacional na
competição, a reportagem ressaltou as habilidades do time
brasileiro que “nenhum outro povo reune” e “a agilidade
assombrosa que torna quase sempre invencíveis as arremetidas
fulminantes, feitas a toda velocidade”. Na edição do dia seguinte,
31 de maio, uma pouco usual foto de meia página sob o título “A
grande victoria dos brasileiros” mostrava a multidão que se
concentrou diante do edifício-sede do jornal, no centro da capital
paulista, para acompanhar o jogo decisivo. A legenda da foto
indicava: “A multidão, diante da redacção do ‘Estado’, ante-
hontem, acompanhando as peripecias do sensacional match, pela
leitura do nosso ‘placard’”.

CHEGA O PROFISSIONALISMO
As formas dissimuladas de profissionalismo surgidas já na
segunda metade de década de 1910 tornaram-se bem mais
palpáveis nos anos seguintes. O crescimento da concorrência nos
campeonatos e, portanto, das rivalidades estimuladas pelas
torcidas levaram muitos clubes a criar artimanhas para
remunerar jogadores. A cobrança de ingressos, que foi permitida
com a condição de que os recursos fossem investidos na
manutenção da estrutura dos próprios clubes, muitas vezes era
uma saída para premiar os jogadores financeiramente, muitos
dos quais de origem humilde, que passaram a viver dessas
gorjetas fixas. As transferências de muitos atletas também
estiveram sob suspeita no período de surgimento de vários novos
clubes, que tinham como opções de mercado buscar jogadores
na várzea, nas escolas e, obviamente, nos times adversários. A
utilização inadequada do dinheiro arrecadado na bilheteria, tanto
na Liga Paulista quando no Rio de Janeiro, poderia acarretar
punições aos clubes, o que de fato aconteceu em São Paulo, onde
o recém-criado Scottish Wanderers, uma dissidência do São
Paulo Athletic, foi banido do campeonato – e fechou suas portas –
por usar as verbas como remuneração, o que caracterizava
profissionalismo. No Rio, Vasco da Gama e Bangu remuneravam
seus atletas praticamente às claras, mas de maneiras distintas.
O Bangu, por meio da fábrica têxtil de onde surgiu o time, com
seus jogadores-operários, e o Vasco através dos muitos
‘presentes’ que os jogadores recebiam dos dirigentes e
colaboradores oriundos da colônia portuguesa – dinheiro, roupas,
alimentos, bens diversos. O processo de fazer dos atletas
empregados assalariados, incluídos normalmente na folha de
pagamentos, muitas vezes passava também por registrá-los
como funcionários de alguns departamentos dos clubes, uma
forma de legalizar seus prêmios em dinheiro.
Obviamente essa situação provisória e incerta não era ideal
para nenhuma das partes, por desvalorizar tanto os clubes
quanto os jogadores e desmoralizar as competições, e só deixava
claro que o futebol precisava de um processo regulatório que
levasse ao profissionalismo para se estabelecer definitivamente e
tornar-se sustentável. Nesse caminho sem volta, consolidado no
início da década de 1930, já não havia mais espaço para os clubes
amadores, que durante algum tempo insistiram na retórica
hipócrita do diletantismo – algo irreal na prática, uma vez que
estimulava o ‘profissionalismo marrom’. O último a abandonar o
barco foi o Paulistano, que fechou o departamento de futebol
para competições oficiais. Inconformados, alguns dirigentes do
clube se uniram à Associação Atlética das Palmeiras, aderiram
ao profissionalismo contratando jogadores do próprio Paulistano
e fundaram o São Paulo Futebol Clube. O andamento da
profissionalização ocorreu num cenário confuso, uma vez que não
havia uma legislação específica voltada diretamente ao futebol,
exceto pelas leis trabalhistas reformadas pelo governo Getúlio
Vargas, que incluíram a profissão de futebolista entre as que
necessitavam de regulamentação. Foram anos de incerteza para
os jogadores, muitos dos quais aproveitaram suas origens
familiares – filhos ou netos de italianos, portugueses, espanhóis –
para se transferir a clubes europeus, onde o profissionalismo
corria solto há mais tempo e a instituições que cuidavam do
futebol agiam com mais transparência. Outros optaram pela
vizinhança e fizeram carreiras vitoriosas em clubes do Uruguai e
da Argentina.
Como agravante para o conturbado cenário esportivo naquele
momento se sucederam as crises por conta do panorama
econômico internacional e da situação política brasileira. O crack
da Bolsa de Nova York, em 1929, teve forte repercussão nas
empresas estrangeiras que atuavam no Brasil, com inevitável
reflexo na dinâmica econômica das grandes cidades, o que de
certa forma estancou o avanço de atividades paralelas, como o
futebol. No plano interno, as já desgastadas relações São Paulo-
Rio também no âmbito do futebol, que prejudicaram a formação
da Seleção Brasileira que disputou e fracassou na primeira Copa
do Mundo, em 1930, pioraram ainda mais com a Revolução
Constitucionalista de 1932 (Fig.17), fomentada nas cidades
paulistas como um contra-ataque à Revolução de 1930, quando o
governo provisório de Getúlio Vargas (Fig.18) reduziu a autonomia
dos Estados, após a deposição de Washington Luís. Era um
panorama social conturbado, no qual as entidades que
comandavam o esporte tampouco se entendiam. A Liga Carioca
foi a primeira a adotar oficialmente o profissionalismo para os
seus jogadores, em 1933. A Apea (Associação Paulista de
Esportes Atléticos), que vinha de uma fase de profundas
divergências com os cariocas, aderiu poucos meses depois.
Ambas, porém, tiveram que romper com a CBD (Confederação
Brasileira de Desportos), que insistiu mais algum tempo em suas
convicções sobre o amadorismo, tanto que levou para a Copa de
1934 uma Seleção (Fig.19) enfraquecida pelo boicote de várias
associações, acumulando seu segundo fiasco internacional. Dois
anos depois, a CBD rendeu-se ao profissionalismo e o futebol
brasileiro já poderia iniciar seu processo de reestruturação para
enfrentar uma nova realidade.

CONVULSÃO INTERNACIONAL
Ao completar suas quatro primeiras décadas de convivência com
o futebol, o Brasil parecia mais apto para encontrar seu lugar no
contexto internacional. Formava jogadores que despertavam
interesse de alguns centros importantes, consolidava seu estilo
tropical, que já se colocava como um modelo bem distante do
jogo um tanto mecanizado da Europa mas não necessariamente
com os mesmos sotaques do chamado futebol ‘criollo’ do
Uruguai e da Argentina, e desenhava a duras penas um padrão
interno de adaptação ao profissionalismo, que estava alguns
estágios adiante nos principais centros urbanos. Era preciso
ainda entender o momento de crescimento mundial da
modalidade que, por aqui, também já era um fenômeno popular.
Internacionalizar o futebol, obsessivo objetivo da Fifa desde
sua criação, não poderia ser um simples projeto de expansão
geográfica ou uma adesão coletiva automática de diferentes
povos e culturas a uma prática esportiva. Os senhores do jogo
sentiram de início as profundas dificuldades de produzir uma
expansão sustentável, primeiro com o trabalho de convencimento
das entidades federativas para a realização de um evento
multinacional e, depois, com o efetivo engajamento das
comunidades do futebol à proposta conceitual de uma Copa do
Mundo. E era impossível desvincular as ideias de globalização
dos panoramas políticos e econômicos nas décadas de 1920 e
1930. A Europa ainda curava as feridas da Primeira Guerra
quando governos autoritários se impunham na Itália, Espanha e
Alemanha. A quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929,
afundou os Estados Unidos em anos de recessão, arrastando
alguns de seus parceiros europeus, Grã Bretanha principalmente.
Nesse clima seriam realizados três primeiros campeonatos
mundiais de futebol. Em 1930, Jules Rimet – manejando na Fifa
uma comunidade que já contava com 41 países - encabeçou
pessoalmente uma cruzada diplomática para conseguir que os
europeus participassem da Copa do outro lado do Atlântico e
levou ao Uruguai, num mesmo navio, apenas quatro seleções do
continente. Em 1934, entregou a organização do torneio ao
governo fascista de Benito Mussolini (Fig.20), que se encarregou
de investir o que fosse necessário para fazer a ‘sua’ Copa. E, em
1938, com a Europa novamente em estado de pré-conflito, a
Alemanha nazista em plena combustão e a Espanha afundada
em uma sangrenta guerra civil, a Fifa encontrou o apoio para
garantir a realizou da Copa do Mundo na França, país de Rimet,
que novamente costurou os interesses políticos e obteve o
mínimo suporte governamental necessário (ver capítulo 5).
TEMPOS DE ESTRATÉGIA

existência de um conjunto de condutas e leis para o jogo,

A que custou tanto tempo – quase meio século - para ser


experimentado, adequado e finalizado, assegurou uma
sequência de procedimentos para dar sentido ao futebol, um
padrão elementar de ordenamento que se contrapôs às formas
desconexas colocadas em prática nos primeiros tempos. Criar
regras claras era o passo crucial para conquistar adeptos e
espalhar a ideia, mas nunca foi um fim em si mesmo. A meta
central dessa atividade com tantos elementos, palpáveis ou
subjetivos, era ‘domesticar’ o objeto da celebração, a bola.
Dominar e controlar a bola, dar a ela os destinos corretos,
colocá-la a serviço dos personagens do ritual e, especialmente,
manejar as incertezas que surgiram dessas ações constituíram o
conjunto de fatores de encantamento que dariam ao futebol o
poder de conquistar as massas, um fenômeno de empatia.
Pequenas revoluções técnicas e rupturas de estigmas ajudaram a
construir essa realidade, como a introdução das linhas de defesa,
meio-campo e ataque, os passes curtos que facilitaram a
aproximação e reduziram os erros, o drible como recurso em
situações específicas, as mudanças de velocidade e a ocupação
dos espaços. Muito desse processo tem influência direta dos
pioneiros escoceses, que discordavam do modelo inglês de jogo
vertical, com passes altos, longos e, portanto, ainda mais
incertos. No modus operandi escocês, era mais plausível pensar
em estratégias de jogo e descobrir novos atalhos para chegar ao
gol adversário, que não apenas pela pressão física e pelo
automatismo. Ao mesmo tempo, a utilização do passe e da
aproximação das linhas ajudava a desenvolver as destrezas
individuais, o modo de bater na bola e o controle. Era um projeto
de qualificação, não apenas de repetição.
À medida que o profissionalismo no meio futebolístico
avançou primeiro no Reino Unido e em seguida na Europa
Central, as exigências técnicas e físicas cresceram em
progressão geométrica. O esporte que começou modestamente,
arregimentado grupos de praticantes, era agora seguido por
multidões de admiradores, orgulhosos por alimentar seus
símbolos locais e lotar seus estádios, mas também propensos a
exigir mais e mais dos clubes que os representavam. O torcedor
passou a ser além de tudo um entendedor. Aprendeu a distinguir
padrões de jogo e descobrir as configurações de seus times, a
diferenciar o solista do soldado, a identificar em seus jogadores
virtudes como excelência técnica e física, comprometimento,
amor à camisa. Se o fã corriqueiro do futebol tinha esse
conhecimento, nada mais natural que especialistas e estudiosos
entrassem em cena para criar as estratégias que fossem além do
senso comum. Dessa dinâmica de aprendizado nasceram as
representações gráficas do jogo, as táticas.
Qualquer técnico de futebol dos tempos atuais conhece, ao
menos, as três configurações primárias para um time de futebol:
há os que tomam a iniciativa e preferem ter o controle da bola na
maior parte do tempo, exercendo pressão para recuperá-la; há os
que não necessariamente gostam de ter a iniciativa e optam por
explorar os erros dos adversários jogando basicamente em
contra-ataques; e há o terceiro tipo, talvez o mais rudimentar,
que prevê o jogo direto, com o mínimo possível de trocas de
passes e muitas bolas dirigidas para a área adversária. Acontece
que, até chegar a essas três proposições aparentemente
prosaicas, mas que permitem sofisticadas variações, inúmeros
times de futebol, centenas de técnicos e jogadores passaram por
largos períodos de experimentação, fracassos e avanços. Quando
aquele que é considerado o pai das teorias táticas da primeira
metade do século XX, o inglês Herbert Chapman (Fig.1), criou o
célebre sistema WM, que indicava graficamente a posição dos
jogadores em campo de forma a facilitar o passe, o jogo de
aproximação e também a proposta de marcação e de saída para o
ataque, outros técnicos já haviam passado por experiências
semelhantes de desenho estratégico. O planeta futebol escolheu
Chapman para ser a referência, mas poderia ter sido o também
inglês Fred Pentland, seu contemporâneo, um ex-jogador que
chegou a ser prisioneiro de guerra e depois levou suas ideias um
tanto ousadas para a época ao futebol espanhol, onde foi
bicampeão pelo Athletic Bilbao. Sua diferença básica em relação
a Chapman era a preferência pela explosão física. O grande farol
de sabedoria tática dos tempos clássicos poderia ter sido
também o austríaco de origem checa Hugo Meisl (Fig.2), que
montou a equipe que mais furor causou na primeira etapa do
profissionalismo, a Seleção da Áustria conhecida como
‘Wunderteam’ (ou ‘equipe maravilhosa’). Ou ainda o irlandês
Jimmy Hogan, que saiu do Reino Unido rumo à Europa
continental para ser o guru de algumas gerações de treinadores,
como introdutor de estilos de jogo ofensivos e atraentes, muito
admirados em países como Holanda, Hungria e na própria Áustria
de Hugo Meisl.
Chapman, um ex-jogador medíocre, era obcecado por
esquemas táticos, preparação física e jogo de conjunto. Tanto
como treinador do Huddersfield Town como nos tempos
gloriosos de Arsenal, a partir de meados da década de 1920,
esmerou-se em introduzir os jogadores no mundo da estratégia,
tinha longas reuniões com os principais craques do time, ouvia
opiniões com a mesma energia com que aplicava seus
conhecimentos. Era um fã do jogo que se praticava no continente
europeu, muito mais do que nas ilhas britânicas, e amigo pessoal
de Hugo Meisl, com quem compartilhava conceitos que seriam
adotados muito depois do seu tempo – como o fato de perceber a
profissão de treinador como um manager com plenos poderes,
um controlador geral do clube, que deveria ter autonomia de
decidir sobre a opção tática mas também sobre a qualidade da
grama do estádio, a iluminação, a alimentação dos jogadores e
assim por diante. Assim como o WM foi uma espécie de sistema
pioneiro do ‘futebol total’, Chapman foi o precursor do ‘treinador
total’.

PROFUSÃO DE ESQUEMAS
Aos técnicos mais criteriosos é norma admitir que os esquemas
táticos têm relação direta com o material humano que está à
disposição, mas a história prova que as convicções defensivistas
e conservadoras determinam um tipo de desenho bastante
menos variável do que as opções ousadas e mais criativas. O
próprio esquema de Chapman poderia ser usado como uma
representação gráfica de 3-4-3 ofensivo ou baseado no contra-
ataque, se os quatro homens do meio tivessem vocação
defensiva. Foram inúmeras as variações que surgiram a partir do
molde do WM, incluindo algumas dos tempos modernos, como o
Barcelona de Pep Guardiola na primeira década do século XX e o
Milan da virada dos anos de 1980 para 1990. O Brasil bicampeão
do mundo de 1958 e 1962 adaptou a seus jogadores o modelo
básico do 4-2-4, ofensivo ao extremo e que pressupunha um risco
calculado para a defesa, exigindo a colaboração de um dos
pontas ao meio de campo, tarefa entregue a Zagallo pelo lado
esquerdo, uma vez que na outra ponta estava Mané Garrincha,
um atacante por definição. Esse padrão de futebol romântico
transformou-se gradativamente em um 4-3-3 fixo, graças ao
defensivismo em moda na década de 1960 e, mais tarde, num 4-
4-2, ainda hoje o mais popular, embora tenha perdido suas
características defensivas em razão da evolução do preparo físico
e das mudanças de concepção das próprias hierarquias das
posições. Os laterais, por exemplo, antes meros marcadores,
tornaram-se jogadores polivalentes, tão fundamentais no apoio
ao ataque quanto os próprios meio-campistas. A
multifuncionalidade dos jogadores modernos, aliás, possibilitou
desdobramentos de esquemas previamente consolidados, como
a transformação do 4-3-3 em representações tais como o 4-3-1-
2, com três atacantes sendo que um se encarrega da ligação, ou
o 4-3-2-1, ainda mais comum nos tempos atuais, no qual o último
atacante é utilizado como pivô, ou referência, enquanto os outros
dois jogadores mais ofensivos atuam na periferia da área
adversária, promovendo infiltrações frequentes.
O 4-2-4 da Seleção Brasileira bicampeã do mundo (Fig.3) foi,
na verdade, uma herança repaginada do esquema revolucionário
aplicado pelo técnico Gustáv Sebes na magnífica Hungria campeã
olímpica de 1952 (Fig.4) e recordista de jogos invictos no cenário
internacional até sofrer uma derrota justamente na final da Copa
do Mundo de 1954, na Suíça, para a Alemanha. O sistema de
Sebes, absolutamente ofensivo, partia de uma configuração que
transformava o WM de Chapman em um WW móvel, no qual a
defesa poderia receber um jogador a mais quando o time estava
sem a bola e retomava o 3-4-3 quando tinha a posse, chegando a
formar uma configuração com cinco atacantes e mais três no
apoio em momentos de pressão ofensiva. Sebes partia do
pressuposto de que todos os jogadores, exceto o goleiro,
deveriam ter habilidade suficiente para ajudar o time naquilo que
mais interessava, fazer gols. A par disso, era um estudioso de
métodos avançados de preparação física que permitiam fazer de
seus pupilos futebolistas completos também na proposta de
retomar a bola do adversário, em uma atitude coletiva de
pressão, naquilo que o treinador chamou de ‘futebol socialista’,
um digno representante do legado de Chapman e ao mesmo
tempo precursor do ‘futebol total’ da Holanda da primeira
metade da década de 1970. Em uma de suas mais célebres
exibições, o time húngaro foi a Londres, em novembro de 1953, e
aplicou uma goleada de 6 a 3 sobre a Inglaterra, no estádio de
Wembley, façanha que foi registrada na edição de 26 de
novembro daquele ano no jornal ‘O Estado de S. Paulo’: “Pela
primeira vez em 90 anos de futebol uma representação
estrangeira chega às Ilhas Britânicas para dominar
completamente um quadro inglês, e essa turma foi a da Hungria
comunista. Os cem mil espectadores, que assistiam ao encontro,
ficaram desolados. As camaras de televisão mostram uma turma
inglesa cansada e abatida caminhando para os vestiarios,
enquanto os jogadores húngaros se abraçavam e se beijavam,
demonstrando extraordinaria satisfação pelo grande feito.”
A antítese da ‘maravilha magiar’ de Gustáv Sebes foi o
catenaccio italiano idealizado pelo ex-jogador Nereo Rocco
(Fig.5), que foi buscar inspiração no clássico ‘ferrolho suíço’, o
radical esquema defensivo criado pelo técnico austríaco Karl
Rappan (Fig.6), nos anos 30. A proposta do catenaccio era cortar
todas as iniciativas de jogo do adversário por meio de uma
ferrenha marcação individual, na qual 10 dos 11 jogadores
estariam sempre atrás da linha bola, sendo que o modelo exigia a
presença de um líbero, um último zagueiro atrás de toda a equipe
e à frente do goleiro. Para tanto, o time deveria ter ao menos
nove jogadores com características defensivas. O modelo
pragmático de Rocco fez, bem ou mal, grande sucesso na década
de 1960 com o Milan e virou uma característica do próprio
futebol italiano, que incorporou aquele sistema especulativo
transportando-o para a Squadra Azzurra, a seleção italiana. Foi
ainda adotado e aperfeiçoado pelo treinador argentino Helenio
Herrera no período em que dirigiu a Internazionale de Milão, com
eficácia suficiente para levar a equipe ao bicampeonato europeu
de 1964 e 1965.
O marco da decadência do catenaccio foi justamente a derrota
da Inter de Helenio Herrera, em 1972, para o Ajax Amsterdã, de
Johan Cruyff (Fig.7), na final da Copa dos Campeões. Era o início
do curto reinado do ‘futebol total’, que o técnico Rinus Michels
(Fig.8) levaria para a Seleção da Holanda (Fig.9), uma proposta de
jogadores multiuso, praticamente sem posição fixa, que
empregavam velocidade espantosa no campo de ataque,
adotando simultaneamente o padrão pressing de marcação, uma
sufocante redução de espaços para o adversário, que só podia dar
resultado com excelente prepara físico. O ‘futebol total’ foi de tal
forma transformador que sua representação gráfica era
praticamente impossível. Poderia ser um 3-5-1 variável em
certos momentos das partidas, mas chegava a se travestir no
pré-histórico 2-3-5, utilizado nos primeiros 40 anos do futebol
após a normatização das regras e denominado ‘pirâmide
invertida’ – com a diferença de que a velocidade do jogo holandês
atingia rotações antes impensáveis, fazendo do modelo
rudimentar uma locomotiva trituradora de defesas. Após uma
das partidas em que o carrossel holandês atropelou mais um
adversário na Copa de 1974, ao passar pela Argentina com uma
goleada de 4 a 0, ‘O Estado de S. Paulo’ reproduzia em sua edição
de 27 de junho (Fig.10): “Se é verdade que o técnico da Argentina
nunca tinha se impressionado tanto com uma equipe de futebol, é
verdade, também, que, por justiça, a Holanda deveria ter marcado
mais gols. O domínio holandês foi amplo desde o início da partida e
a mobilidade de seus jogadores, sempre comandados por Cruyff,
fez com que os torcedores, em certos momentos, tivessem a
impressão que os argentinos estavam em menor número. (...) Os
argentinos já não pensavam numa reação. Eles estavam torcendo
para a partida terminar logo, a fim de não sofrerem mais gols.”

INTERNACIONALIZAÇÃO DE ESTILOS
Na primeira metade de sua caminhada pela geografia do esporte
e de sua adoção pelas comunidades mundo afora, o futebol viveu
de um permanente intercâmbio, que acoplava experiências e
difundia novidades. Esta constante transformação foi um dos
segredos de seu sucesso. Primeiro ocorreu com a aplicação das
regras, depois vieram as instituições normativas e a circulação de
atletas, amadores ou semiprofissionais, em seguida a troca de
experiências entre clubes e seleções graças a torneios regionais
ou eventos de grande porte, como a Copa do Mundo e, por fim,
ganhou corpo uma dinâmica de aprendizado mais cuidadoso dos
esquemas táticos e estratégias, necessários para a solidificação
da ‘personalidade’ do futebol. Foi uma sucessão de avanços que
caracterizaram a internacionalização da modalidade e criaram
estilos nacionais de jogo. É preciso sempre ressaltar que em
nenhum momento o futebol esteve à margem da sociedade.
Sofreu as consequências de graves crises econômicas, locais e
internacionais, e manteve-se vivo em meio a duas grandes
guerras, seguidas por dolorosos períodos de reconstrução física e
moral em uma ampla esfera geopolítica.
As Copas do Mundo disputadas do pós-guerra até o primeiro
torneio com amplo alcance via televisão - do Brasil/1950 à
Inglaterra/1966 – foram as principais vitrines para a difusão dos
estilos nacionais e, portanto, deram medidas mais precisas sobre
o nível de competitividade dos principais centros. O primeiro
mundial brasileiro, organizado na América do Sul também porque
grande parte da Europa ainda se ressentia das consequências do
conflito, confirmou a força do Uruguai – então o time do
continente mais respeitado na Europa – e colocou o Brasil em um
patamar de respeito internacional, apesar da derrota na final
justamente para os uruguaios, no célebre ‘Maracanazo (Fig.11)’. A
Seleção Brasileira, que já havia disputado um bom torneio na
última Copa antes da Segunda Guerra, em 1938, era um dos
componentes da nova leva de equipes cujo estilo se diferenciava
dos cenários clássicos do centro-norte europeu, casos também
de Hungria e Iugoslávia. A década de 1950, a rigor, foi pontuada
por momentos transformadores no cenário institucional do
futebol, com a multiplicação de países filiados à Fifa, a
revitalização de potências que ficaram à margem dos avanços da
modalidade por muitos anos – como Reino Unido e Alemanha - e
a criação de um órgão com forte influência internacional, a Uefa
(Union of European Football Associations). No campo de jogo, as
propostas de inovação tática e de futebol ofensivo viveram seu
apogeu graças a seleções nacionais como Hungria e Brasil e a
clubes como o Real Madrid da era do argentino-espanhol Di
Stéfano (Fig.12), ainda que, em contrapartida, os modelos
defensivos e conservadores, como os da Itália e da Suíça,
estivessem sempre presentes. A Copa de 1954 teve o maior
número de inscritos na fase eliminatória até então, 45 países, e a
maior média de gols da história, superior a cinco por partida,
índice que caiu para 3,6 gols por jogo no Mundial da Suécia/1958,
mesmo assim, um dos maiores do torneio em suas 19 edições.
Três significativos momentos de inflexão determinaram para
onde se encaminharia o futebol como conceito técnico nas
últimas décadas do século XX: a evolução dos modelos de
preparação física a partir dos anos de 1960, com a incorporação
gradativa de recursos científicos proporcionados por
especialistas das áreas médicas (fisioterapeutas, fisiologistas,
nutricionistas, psicólogos); a revolução dos meios de
comunicação na década de 1970, marcada, primeiro, pelo boom
televisivo nas transmissões esportivas, turbinado pelo processo
galopante de superexposição do futebol em todas as mídias e
coroada pelo advento da internet; e a transformação do futebol
em poderoso instrumento de mercado, um furacão no ambiente
de negócios que começou com a liberação da publicidade nas
camisas e nos estádios ainda nas décadas de 1980 e 1990,
passou pelos contratos para exploração de eventos e marcas
esportivas em geral até chegar aos megaprojetos de marketing e
comercialização de imagem, tanto de atletas como de
instituições (ver capítulo 6).

ESTÉTICA E LINGUAGEM DE CINCO ESCOLAS


Dentre essas importantes transformações, foi a multiplicação de
vias de informação e de troca de conhecimentos proporcionada
pelas mídias eletrônicas que fez do futebol o produto universal
que é hoje. Foi assim que a Seleção Brasileira de 70 (Fig.13)
tornou-se referência de futebol clássico e bem jogado. Foi pela
visibilidade das Copas do Mundo e dos grandes torneios
internacionais de clubes que o ‘carrossel holandês’ ficou
celebrizado em 1974 e que escolas tradicionais de países como
Alemanha, Argentina e Itália – mais tarde também França e
Espanha - geraram estilos de jogo reproduzidos em grande parte
da Europa e da América, uns estigmatizados por sua rigidez
tática, outros por suas individualidades poderosas. Em um século
e meio de futebol, ao menos cinco grandes escolas de referência
se formaram, repartindo adeptos em todos os continentes e
sujeitas a adaptações de acordo com as influências regionais:
- Escola britânica – É caracterizada pela convivência de dois
modelos, o jogo direto dos ingleses e o jogo de passe dos
escoceses. O estilo puramente inglês ainda é um clássico das
ilhas britânicas, estabelecido por um jogo direto, de muitos
lançamentos longos, cruzamentos altos e arremates de fora da
área. Não há tramas, trocas excessivas de passes e os dribles são
escassos. A mescla provocada pela influência dos escoceses
criou alguma diversidade no Reino Unido, fez com que clubes da
Escócia e uns poucos do contexto inglês se destacassem (como o
Rangers e o Arsenal dos tempos de Herbert Chapman). E formou
técnicos importantes por sua visão mais cosmopolita, que
buscaram no continente outras formas de jogo. Mas nada
modificou por décadas espírito e alma do tradicional estilo inglês.
Isso só aconteceu com a aproximação obrigatória aos modelos de
Europa continental a partir da década de 1980, graças ao
crescimento das competições entre clubes, a expansão das
telecomunicações e com a invasão de jogadores estrangeiros no
Reino Unido nos anos de 1990. O padrão britânico teve peso tão
específico nos primeiros tempos do futebol que ainda hoje muitos
países sofrem essa influência do jogo direto em determinadas
áreas, como o norte da Espanha e da Itália, as nações
escandinavas, vários países da Ásia, além de Canadá e Oceania.
- Escola alemã – Na medida em que o futebol alemão foi o
mais sacrificado pelas crises geopolíticas do século XX, era
previsível que tivesse problemas de identidade em sua evolução
técnica. A influência britânica nos primeiros tempos e o papel
exercido pelo pujante futebol austríaco antes da Segunda Guerra
foram determinantes para a construção de um padrão de jogo,
mas o modelo alemão propriamente dito só surgiu mesmo na
década de 1970, com a ascensão do Bayern de Munique no
panorama internacional e o desempenho da seleção na Copa de
1974. O estilo se caracteriza por ser ao mesmo tempo
mecanizado e eficiente, que assume suas prioridades defensivas
e a ênfase no preparo físico, mas nunca abre mão de ser efetivo
no ataque, embora tivesse problemas na zona de elaboração do
jogo. Mais do que tudo, os alemães estabeleceram um paradigma
de solidez técnica e de exemplar comportamento competitivo,
seja qual for o sistema tático ou os jogadores à disposição. A
essas virtudes, somou, nos tempos de globalização, a saudável
influência das individualidades, de jogadores com novos estilos,
chegados ao país com as ondas migratórias europeias que
recrudesceram após a queda do Muro de Berlim. A escola alemã
exerce forte influência nos padrões de jogo vistos na região dos
Balcãs, nos países escandinavos e mesma na extensa área
formada pelas nações da antiga União Soviética.
- Escola italiana – O futebol italiano absorveu vários tipos de
tendências técnicas dos países do norte da Europa nas primeiras
décadas da modalidade. O norte rico recebeu treinadores
ingleses, austríacos e suíços e foi construindo uma forma de jogo
bastante pragmática, que caminhou para se constituir em um
selo de qualidade do jogo daquele lado do Mediterrâneo.
Defender antes de tudo e atacar quando possível foi durante
muito tempo o mantra das correntes formadoras de treinadores
na Península Itálica, uma cultura que para o torcedor comum
nunca foi caracterizada exatamente como defensivista e sim
objetiva, calcada no sofrimento pela necessária retomada de bola
para resultar em contra-ataques letais e que não admite erros,
um modelo melodramático bem à feição da cultura greco-
romana. Bem ou mal, foi dessa forma que a Itália conquistou
quatro títulos mundiais e formou maravilhosas equipes em sua
história. Ainda assim, tem uma trajetória capaz de produzir
contradições como a Inter do catenaccio na década de 60 e o
magnífico Milan ofensivo dos anos 80, embora a Juventus de
Turim, clube mais popular do país, seja quem melhor refletiu ao
longo do tempo o estilo italiano de jogo, uma escola que possui
ramificações em praticamente todos os continentes e que
influenciou até mesmo o Brasil campeão do mundo de 1994, do
alto de um esquema rígido baseado na ideologia do ‘erro zero’.
- Escola húngara – A prioridade ofensiva do modelo magiar da
década de 1950 dava ênfase à elaboração do jogo e, portanto, à
posse de bola. Os acessórios essenciais para a realização desse
tipo de rendimento eram a preparação física, a capacidade de
recuperação da bola e a fluidez/rapidez do meio de campo em
direção ao ataque – além, é claro, de o time contar com
individualidades à altura dessa capacidade de rendimento. O
setor defensivo não era totalmente desprezado, mas havia uma
assimilação calculada de riscos, próprios de uma equipe que
assume que vai sofrer alguns gols e marcar muitos outros em
troca. Nenhum time de futebol da história representou tão bem a
antítese do jogo direto criado pelos ingleses quanto a Hungria
campeã olímpica de 1952 e vice-campeã mundial em 1954. Foi
também o contraponto dos ideais táticos italianos do período do
catenaccio ao consagrar a proposta de que ‘a melhor defesa é o
ataque’. Aquela máquina de futebol, que influenciou diretamente
o Brasil que seria bicampeão do mundo em 1958-1962, deixou
ainda lições tão adiante de seu tempo que sua história foi
retomada pela Holanda dos anos 70 e por um grupo seleto de
times que fizeram história em vários cantos do planeta, dentre os
quais os principais representantes atuais são Barcelona e Bayern
de Munique.
- Escola sul-americana – A união do autêntico futebol ‘criollo’
de argentinos e uruguaios com a vocação ofensiva e um tanto
caótica do futebol brasileiro geraram um estilo de jogo
especialmente temido pelos pregadores do padrão autômato e
mecanizado da Europa. Essa visão um tanto simplista do
contraponto entre o jogo físico - disciplinado e matemático - e o
jogo artístico, sem padrões lógicos e marcado pela desordem e
pelo individualismo, foi cultuada por décadas e de certa forma
serviu para justificar o fato de três países sul-americanos terem
conquistado quase metade dos títulos mundiais (9 de 19). A rigor,
as semelhanças entre o Brasil e seus vizinhos do Sul se resumem
à valorização das individualidades (característica também do
futebol africano) – o que não é pouco se for levado em conta o
número de supercraques produzidos por estes lados do mundo.
Mas as transformações do futebol nas últimas duas décadas
acentuaram as diferenças do continente e ao mesmo tempo
reduziram as vantagens estratégicas dos europeus. Enquanto
argentinos e uruguaios potencializaram suas virtudes técnicas
com um poderoso componente anímico e importantes noções
táticas, o futebol brasileiro abandonou muitos de seus dotes
artísticos calcados no improviso e nas simbioses com a música e
o clima tropical, mas, ao mesmo tempo, ainda reluta em buscar
aperfeiçoamento tático, embora a conscientização provocada
pelo imenso êxodo de jogadores rumo à Europa tenha mudado
um pouco esse panorama. As raízes sul-americanas, porém, são
claras e permanecem vivas: bola no chão, a estética do passe,
drible e futebol ofensivo antes mesmo das automatizações
táticas, influências que atingiram em cheio o time da moda na
primeira década do século XXI, a Espanha.
FERRAMENTA DE COESÃO E DE PROPAGANDA

Tommy Docherty, o carismático ex-jogador e manager escocês


que passou por vários grandes clubes no Reino Unido, tinha uma
definição sintomática sobre as implicações políticas no mundo do
futebol, ou, por outra ótica, sobre as implicações futebolísticas no
mundo da política: “Existe tanta política no futebol que Henry
Kissinger não duraria nem 48 horas no Manchester United”. O
velho ‘The Doc’, como era chamado, seguramente se referia à
política particular do ambiente do futebol, mas utilizou a imagem
associada ao ex-secretário de Estado norte-americano para
projetar com sua tradicional ironia características que estão na
própria origem de um esporte com inegável abrangência social. O
futebol foi gerado em uma circunstância sociopolítica especial na
Inglaterra industrial do século XIX, cresceu e ganhou seguidores
em meio a conflitos internacionais, complicados processos de
expansão econômica e transformações geográficas. Esteve na
ordem do dia de governos autoritários e progressistas,
acompanhou o nascimento de novas nações e resistiu a
desastres políticos de proporções catastróficas. Ao mesmo
tempo em que conquistava multidões, compartilhou crises,
aflições e ressurgimentos.
Nada mais natural, portanto, que essa atividade humana com
reconhecida capacidade de mobilização faça parte das agendas
políticas de governos de todos os matizes, como acontece com as
ações culturais e educativas, como os projetos econômicos e
sociais. No momento em que o futebol passa a fazer parte da
sociedade – por meio de um clube associativo, que possui um
amplo local para abrigar seus seguidores, o estádio, e que
congrega pessoas em torno de alguns objetivos –, já não há
mistério, trata-se de um reduto de atitudes políticas por
definição. Assim foram fundadas as primeiras associações na
Inglaterra, da mesma forma que um grupo de países, anos
depois, considerou que era preciso uma representação mais
organizada por meio de uma entidade internacional como a Fifa.
As Copas do Mundo são grandes manifestações coletivas, mas as
atividades de um time de futebol de bairro também têm relação
permanente com sua comunidade e funciona como instrumento
de coesão local, um ato de cidadania. Seria impossível para uma
prática tão popular não ser parte integrante dos processos
políticos.
Pouco depois de completar uma década de existência, ainda
longe de conseguir substancial apoio internacional para suas
pretensões, a Fifa esteve a ponto de sucumbir à cisão provocada
pela Primeira Guerra Mundial. O árduo trabalho diplomático de
reaproximar países que se enfrentaram no front fez de Jules
Rimet, que já trabalhava nos bastidores mas assumiu de fato a
presidência da entidade em 1919, uma personalidade muito mais
voltada para a negociação política do que para a expansão
institucional do futebol. Rimet teve inúmeras dificuldades para
montar a primeira Copa do Mundo, no Uruguai, em 1930, e foi
levado a apoiar as pretensões de Benito Mussolini em receber na
Itália o Mundial de 1934. (Fig.1) Era pleno fascismo. O duce havia
instaurado o regime em 1922 e encabeçava um projeto
nacionalista de expansão ideológica sem precedentes na história
do país, em sintonia com as pretensões de Adolf Hitler e do
nazismo para o resto da Europa. Fazer do Mundial um elaborado
panfleto político que ressaltasse as virtudes do fascismo era a
vitrine ideal para Mussolini, que assumiu a organização do evento
como uma grande manifestação de poder político, espalhando
ideias, cartazes e convocatórias em todo o território italiano,
clamando pela participação popular em nome dos valores
nacionais. A literatura esportiva reproduz diversos episódios
durante a Copa que nunca ficaram comprovados por
documentos, como a pressão explícita do ditador sobre o árbitro
sueco Ivan Eklind, que apitou tanto a semifinal contra a poderosa
Áustria, vencida com inúmeras dificuldades e vários lances
polêmicos, quanto a final contra a Tchecoslováquia, que valeu o
título à Itália com um gol na prorrogação.
Mussolini esteve na decisão de Roma e exigiu receber antes da
partida os jogadores italianos, para expressar pessoalmente sua
mensagem sobre a necessidade da vitória para a nação italiana a
qualquer custo. Em sua edição de 12 de junho de 1934 (Fig.2),
dois dias após a final, ‘O Estado de S. Paulo’ reproduzia em uma
das reportagens de sua página 7 o clima antes da partida: “A
espectativa popular era realçada pela notícia de que o ‘duce’ faria
pessoalmente a entrega da taça ao vencedor. Quando o chefe do
governo assoma a tribuna, a musica da milícia executa o hymno
‘Giovinezza’, que provocou innumeros applausos. Ao mesmo
tempo um avião militar realisava evoluções sobre o campo. O
‘duce’ sauda a multidão com a physionomia sorridente.”
Enquanto vivia seus próprios dilemas na década de 1930, com
o desigual estabelecimento do profissionalismo nos países
europeus, invadidos por uma onda de jogadores estrangeiros, e
as dificuldades da Fifa em centralizar as decisões de alcance
mundial, o futebol também estava permanentemente exposto às
tensões geopolíticas. Organizar a Copa de 1938 seria uma tarefa
de negociação direta com os governos e Jules Rimet tomou para
si a missão de trabalhar com afinco para que a França recebesse
o evento, como uma demonstração de que o epicentro das
grandes decisões do continente tinha condições de superar as
crispações. As articulações revelariam que não havia ambiente
possível de congraçamento em um torneio que reuniria a Itália de
Mussolini, que pouco antes invadira a Etiópia para anexá-la à
chamada África Oriental Italiana, e a Alemanha nazista que
promovia uma escalada de intolerância ideológica sem
precedentes no continente, da qual fazia parte o apoio
incondicional às barbaridades da Guerra Civil Espanhola, com
direito a um massivo dispositivo militar colocado à disposição do
general Francisco Franco contra os republicanos. Hitler também
transformaria a Olimpíada de 1936 em um megaevento de
propaganda nazista poucos meses depois do Anchluss, a
anexação da Áustria ao Terceiro Reich, o que na prática tirava do
cenário futebolístico uma potência da época, time comandado por
Mathias Sindelar (Fig.3), chamado de ‘Mozart do Futebol’, tcheco
com cidadania austríaca, de origem judia, que se negou a atuar
pela Alemanha depois da unificação.
O que se viu na Copa de 1938 foi uma sucessão de boicotes
em função das presenças alemã e italiana, esvaziando
tecnicamente o torneio. A Itália, que se perfilava nos jogos
fazendo a saudação fascista, foi hostilizada pela torcida francesa
mas tinha um time forte e experiente, o que garantiu o
bicampeonato. Menos de 15 meses depois, a Alemanha
bombardeava a Polônia. A eclosão da Segunda Guerra Mundial e
a deterioração social em grande parte da Europa teriam impacto
direto sobre o modelo desenhado pela Fifa e poderiam gerar
retrocesso ou ao menos estagnação no desenvolvimento do
futebol, bem como das atividades esportivas em geral, o que de
fato aconteceu em vários segmentos. Porém, já existia um corpo
produtivo no futebol, um modo de ser que o caracterizava como
atividade sociocultural, ainda que com hierarquias e distinções
regionais. No furacão geopolítico que se seguiu, o jogo de bola só
conseguiu sobreviver porque não era a estas alturas apenas uma
instituição no sentido formal. Era um conceito em construção,
uma manifestação coletiva com seus próprios códigos e padrões
culturais. Foi essa força que assegurou o ressurgimento no pós-
guerra, agora com a intensificação dos vínculos políticos.
Nas duas décadas que se seguiram, a presença do futebol
pairou sobre a evolução do panorama político, seja na articulação
do retorno dos países britânicos ao cenário principal, seja na
aceitação da Alemanha após anos de rejeição como represália
aos tormentos da guerra, seja ainda na reconfiguração provocada
pelas influências soviéticas durante a Guerra Fria, gerando
grandes movimentações de jogadores de sua área de influência –
Hungria, Polônia, Tchecoslováquia – rumo à Europa Ocidental. No
campo de jogo também conviveram as tensões sociais que se
multiplicaram pela América Latina por mais de três décadas.

DO CAMPO PARA A BATALHA


Poucos episódios políticos tiveram ligação tão estreita com o
futebol como o conflito armado entre Honduras e El Salvador
(Fig.4) durante as Eliminatórias da Copa de 1970, que seria
realizada no México, embora envolvesse duas nações distantes
do eixo de poder das competições internacionais. A chamada
‘Guerra do Futebol’ foi o ponto crucial de um longo processo de
desentendimentos entre os dois pequenos países da América
Central, a partir de um desequilíbrio demográfico que causaria
uma forte distorção geopolítica: Honduras possuía grandes áreas
de terras cultiváveis, enquanto El Salvador tornou-se um país
superpovoado, o que levava milhares de desempregados do
campo a cruzar as fronteiras, fugindo do flagelo gerado pela
ganância dos latifundiários de seu país. Havia um medo latente
de que o ambiente social esgarçado se ampliasse em ambos os
lados da fronteira. Uma reforma agrária adotada pelo governo
hondurenho em 1969, porém, resultou na expulsão em massa de
trabalhadores rurais salvadorenhos. O regresso repentino de
dezenas de milhares de pessoas sem perspectiva de emprego
(aproximadamente 300 mil trabalhadores haviam migrado)
tornava ainda mais graves os déficits sociais do país. O governo,
acuado, utilizou a mídia para fomentar uma escalada de violência
contra o vizinho, imediatamente respondida no mesmo tom por
Honduras. Nesse meio tempo, os dois países se enfrentariam
pelas Eliminatórias da Copa, numa disputa que previa dois jogos.
A vitória de Honduras por 1 a 0 em Tegucigalpa, no dia 8 de
junho de 1969, levou uma jovem torcedora salvadorenha a se
suicidar, episódio que forneceu um mártir para aquela situação
de extrema tensão política. Na segunda partida, em San Salvador,
uma semana depois, a vitória ficou com o time da casa, por 3 a 0,
o que levou à realização de um jogo desempate no México, campo
neutro, marcado para 27 de junho. El Salvador por fim levaria a
melhor no confronto (venceu o terceiro jogo por 3 a 2), mas as
diferenças registradas dentro de campo, nas arquibancadas e nos
meses anteriores entre os dois países não estavam resolvidas.
Em 14 de julho o Exército salvadorenho contou com a Força
Aérea para invadir o país vizinho e chegar próximo a Tegucigalpa,
iniciando o conflito que se prolongou por cinco dias e ficou
também conhecido como Guerra das 100 Horas. As tropas de El
Salvador somente deixaram Honduras após a intervenção da OEA
(Organização dos Estados Americanos), que negociou um cessar-
fogo de emergência, diante da grande quantidade de mortos e
feridos. Nas estimativas mais modestas morreram 4 mil pessoas,
em grande parte civis. Os dois países só assinariam um tratado
definitivo de paz mais de uma década depois.
ENTRE GENERAIS E DITADURAS
No dia seguinte à conquista do título mundial de 1978 pela
Argentina, após a vitória sobre a Holanda em Buenos Aires, o
jornal ‘El Clarín’ buscou refletir o que a sociedade sentia naquele
momento de regozijo nacional em tempos de ditadura militar. Em
sua edição de 26 de junho, o diário trazia em seu editorial: “A
partir de hoje, nós argentinos nos sentimos em melhores
condições de enfrentar nossos desafios, de pensar que todas as
outras tarefas que se colocam à frente podem ser superadas com
idêntica humildade, tenacidade e unidade.” Outro grande
periódico do país, ‘La Nación’, também abordou o tema em
editorial: “Depois deste Mundial, devemos continuar nos
encontrando e nos reconciliando em torno dos grandes objetivos
comuns da nacionalidade. Há uma vocação de grandeza desperta
e uma exigência em todas as bocas.” A Argentina vivia o auge do
regime totalitário comandado pelo general Jorge Videla, que
esteve presente na final da Copa para entregar a taça ao capitão
Daniel Passarella (Fig.5). Como vários chefes de estado fizeram
ao longo do tempo, o general que encabeçava um dos governos
mais sanguinários do século XX também procurou capitalizar
politicamente o momento de euforia pela grande conquista,
como, aliás, fizera nos meses que antecederam o Mundial. Mas, a
rigor, que cidadão argentino considerou que Videla melhorou sua
imagem e a de seu governo por dar a entender que teve alguma
parcela de responsabilidade na conquista? Que argentino das
ruas passou a aprovar a sanha ditatorial do general apenas
porque o time com as cores do país foi campeão do mundo?
Como a sociedade argentina poderia reagir em um momento
esportivo tão particularmente iluminado dentro de um panorama
geral de pressões sociais, desprezo a valores humanos básicos e
violações sistemáticas do estado de direito?
Evidentemente que a ditadura não teria sido mais ou menos
daninha do que foi para a sociedade argentina se a Copa do
Mundo nunca tivesse acontecido ou se o time do técnico César
Menotti, um ferrenho crítico do regime, tivesse fracassado.
Tampouco se pode dizer que a utilização da euforia nacional
como forma de cristalizar o momento político ou de alguma
maneira mascarar as atrocidades – como o assassinato ou
sumiço de milhares de presos políticos – deu algum resultado.
Oito anos antes, em 1970, o Brasil havia experimentado um
cenário semelhante, quando a campanha do tricampeonato no
México em pleno governo militar gerou um furor patriótico que
vinha a calhar para um governo totalitário. Não era um Mundial
disputado em território brasileiro, o que o distingue do panorama
argentino de 1978, mas ainda assim as tentativas de
capitalização da euforia foram intensas por parte do regime. O
presidente-general Garrastazu Médici recebeu a delegação em
Brasília (Fig.6), o país saiu às ruas, a empolgação contrastava
fortemente com o momento de repressão violenta, supressão de
direitos civis, censura aos meios de comunicação e desrespeito
às liberdades individuais.
Em um de seus editoriais da edição de 23 de junho de 1970
(Fig.7), dois dias após o título no México, ‘O Estado de S. Paulo’
reproduziu com uma alegoria política o sentimento do país:
“Representa o futebol um dos mais belos esportes imaginados
pelo homem e as razões de sua imensa popularidade em todo o
mundo consistem no misto de individualismo e conjunto exigidos
para sua prática. Daí a entender-se o futebol como um reflexo, no
esporte, do espírito democrático dos povos que o cultivam. Porque
a democracia não se entende, também, se não como um perfeito
equilíbrio entre o individualismo dos cidadãos – a unanimidade é
quase sempre a sua antípoda – e a sua capacidade de união de
todos os esforços quando tal se imponha na busca de defesa dos
interesses gerais.” Na mesma edição, uma reportagem apontava
duras críticas de vereadores paulistanos ao então prefeito Paulo
Maluf, acusado de fazer demagogia com o dinheiro público ao
anunciar que presentearia cada jogador da Seleção com um
automóvel. Uma semana depois, o noticiário do futebol retornava
a seus espaços habituais nas páginas esportivas. Em 1994 e em
2002, as delegações brasileiras campeãs do mundo também
foram recebidas no Palácio do Planalto pelos então presidentes
Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (Fig.8),
respectivamente. Eram contextos políticos de plena vigência da
democracia, uma cena muitas vezes vista também em outros
países que conquistaram títulos mundiais ou eventos esportivos
com essa relevância. Logo após o tetracampeonato do Brasil nos
Estados Unidos, o sociólogo e cientista político Bolívar Lamounier
dizia em entrevista a ‘O Estado de S. Paulo’, na edição de 18 de
julho de 1994 (Fig.9), um período de pré-campanha para as
eleições presidenciais daquele ano: “Depois das comemorações,
todos estarão voltados para as questões programáticas de cada
candidato. (...) Tentar se apropriar de um sentimento nacional
sempre dá errado. Vira bumerangue.”
Episódios envolvendo regimes ditatoriais e futebol na América
do Sul, de fato, também se revelaram um tiro no pé para alguns
governos. Ao organizar a Copa de Ouro em 1980, o chamado
Mundialito, reunindo vários campeões mundiais para comemorar
os 150 anos da Constituição numa tentativa legitimar seu
governo totalitário, o Uruguai conseguiu desatar um processo
popular de rejeição ao poder central que teve como marco
justamente as manifestações durante o torneio. A ditadura civil-
militar instalada após o golpe de 1973 vivia um momento
delicado após anos de terrível repressão, mortes e
desaparecimentos de presos políticos. A cartada do então
presidente Aparício Mendez tinha o futebol como personagem
central. Poucos dias antes do Mundialito, a população já havia
rechaçado em um plebiscito a reforma constitucional proposta
pelo regime e, na decisão do torneio, entre Uruguai e Brasil, uma
manifestação espontânea da torcida que lotava o Estádio
Centenário clamou pelo fim da ditadura. A reação popular
rompeu com anos de silêncio, ao mesmo tempo em que um
imenso aparato militar tomava Montevidéu, temendo por ataques
terroristas do grupo Tupamaro. Foi o início de uma etapa efetiva
de desmoralização para o poder central, marcada pela
resistência crescente dos setores civis. Cinco anos depois, o país
retomava sua normalidade democrática com eleições livres e a
chegada de Julio Sanguinetti ao governo para comandar a
transição.
No Chile, também na década de 70, a mão pesada do general-
ditador Augusto Pinochet atingiu em cheio o coração do futebol.
Após o golpe de 11 de setembro de 1973 (Fig.10), que derrubou o
presidente Salvador Allende, o sanguinário processo de
perseguição aos defensores da normalidade democrática do
governo anterior, incluindo vários estrangeiros, levou o regime
militar a transformar o Estádio Nacional de Santiago(Fig.11) em
um imenso depósito de presos políticos, em realidade um centro
de triagem, tortura e de inúmeros assassinatos. Do dia seguinte
ao golpe até 9 de novembro, estima-se que 40 mil adversários
políticos do governo declarados oficialmente ‘inimigos do Estado’
e caçados pela DINA (Dirección de Inteligencia Nacional)
passaram por ali, onde eram interrogados e identificados por
delatores encapuzados, sendo que muitos eram levados às áreas
isoladas sob as arquibancadas e executados sumariamente. O
estádio – que seria totalmente remodelado depois do fim da
ditadura – foi cenário daquela que seria batizada pelos chilenos
como ‘La tarde más triste del fútbol’. Logo após a queda e morte
de Allende, o Chile teria que disputar uma vaga para a Copa do
Mundo de 1974, na repescagem das Eliminatórias, contra a União
Soviética. A primeira partida, disputada em Moscou apenas sete
dias depois do golpe, terminou empatada, e o jogo de volta estava
marcado para 21 de novembro, justamento no Estádio Nacional.
Em 2 de novembro, porém, os soviéticos anunciaram que não
aceitariam jogar em um local que funcionava como campo de
concentração para o regime militar golpista. Poucos dias depois,
dirigentes da Fifa fizeram uma inspeção superficial, contando
com a ‘maquiagem’ feita pelo governo no estádio, que incluiu a
realocação de milhares de presos, e confirmou a realização do
jogo, ameaçando a URSS de punição em caso de não
comparecimento. Na tarde de 21 de novembro, a Seleção Chilena
entrou no gramado para cumprir uma formalidade e foi recebida
com banda de música e uma grande cerimônia programada pelo
governo. O estádio tinha uma razoável plateia, que ouviu o hino
nacional e presenciou o time, sem adversário, marcar um gol
para que fosse configurado o placar de 1 a 0. O país estava
envergonhado, mas classificado para o Mundial. Algumas horas
depois, o time chileno enfrentou o Santos, como uma forma de
premiar os torcedores ao menos com um jogo de futebol, mas foi
derrotado por 5 a 0 pelos brasileiros. Na edição do dia seguinte
de ‘O Estado de S. Paulo’, a reportagem sobre o episódio
registrava: “Os soviéticos, que cumpriram sua decisão de não
jogar no ‘estádio em que foram sacrificados os patriotas chilenos
defensores do presidente Allende’, agora dificilmente conseguirão
evitar a oficialização de sua eliminação. (...) O locutor anunciou
pelos alto-falantes que ‘devido à ausência da União Soviética, o
Chile era considerado o vencedor da partida e estava classificado
para a Copa’. Ouviram-se assobios e alguns gritos de alegria nas
arquibancadas que alguns dias antes tinham servido de abrigo
para prisioneiros políticos”.

O MUNDO REPAGINADO
O rearranjo geopolítico da década de 1990 na Europa funcionou
como uma espécie de nova ordem para o futebol internacional. A
queda do Muro de Berlim em 1989, o colapso da União Soviética
em 1991 e o longo conflito nos Balcãs, desde a dissolução da
Iugoslávia até a Guerra do Kosovo no final da década, provocaram
uma redistribuição de forças desde o centro norte europeu em
direção ao extremo leste do antigo território soviético, não
apenas por promover a incorporação de novos países ao cenário
esportivo, mas por potencializar uma incessante circulação de
jogadores por praticamente todos os grandes centros do
continente. Se no futebol da Alemanha, agora sob novos
horizontes políticos e sociais, a mudança foi menos traumática,
para nações de tradição nesse esporte, como União Soviética e
Iugoslávia, a fragmentação custou caro e teve um impacto inicial
devastador. A nova Rússia praticamente desapareceu por algum
tempo da linha de frente das competições europeias e, em sua
primeira Copa do Mundo, em 1994, terminou em 18º lugar. Seus
principais clubes foram reestruturados e só a partir da virada do
século surgiram equipes mais competitivas, ao passo que
vizinhos da antiga confederação, como Ucrânia e Uzbequistão,
também se adequavam ao novo momento, calcados nos
investimentos dos inúmeros milionários que surgiram a partir da
privatização das grandes companhias soviéticas de antes da
fragmentação.
A Iugoslávia, tradicionalmente um time de grandes qualidades
técnicas e que disputou seu último Mundial sob bandeira única
em 1990, na Itália (foi 5ª colocada), foi a maior vítima das
transformações do período, palco de duas guerras fratricidas.
Com o conflito separatista da primeira metade década, surgiram
Croácia , Eslovênia, Macedônia e Bósnia Herzegovina, entre 1990
e 1993. No futebol, a Croácia foi a primeira disputar uma Copa do
Mundo (terceira colocada na França/1998), enquanto a Sérvia
ainda estava envolvida nos combates da Guerra do Kosovo,
encerrada apenas em 1999. Em 2006, ainda unificadas, Sérvia e
Montenegro disputaram o Mundial da Alemanha, mas poucos
meses depois eram nações independentes. As incertezas geradas
no período dos conflitos, a difícil situação econômica dos clubes
na região e as consequências da Lei Bosman – que em 1995
determinou a livre circulação de futebolistas da zona do euro,
ampliando o mercado para jogadores estrangeiros – provocaram
uma verdadeira diáspora na antiga Iugoslávia, levando seus
principais jogadores a buscarem espaço em equipes de Itália,
Espanha e Inglaterra, principalmente.
A ampliação do mercado europeu, por outro lado, também
possibilitou uma maior circulação de jogadores oriundos de
países que gravitavam em torno da antiga União Soviética, como
Romênia e Bulgária, além de facilitar a chegada de novas ondas
de africanos, asiáticos e sul-americanos, inclusive para clubes de
países com pouca tradição no futebol. Em outras nações, as
transformações geopolíticas pós-URSS tiveram consequências
bem mais suaves e praticamente passaram ao largo do futebol.
Foi o caso da Tchecoslováquia, cuja separação em duas
repúblicas (República Checa e Eslováquia), oficializada em 1993,
foi resultado de um processo pacífico de negociação, conhecido
como ‘Divórcio de Veludo’. No campo de jogo, a mescla de estilos
proporcionada pela livre circulação de jogadores em grande parte
da Europa descaracterizou modelos nacionais herméticos, ao
passo que permitiu uma abertura tática e técnica perfeitamente
aceitável pelas comunidades de torcedores, apesar de ter
derrubado alguns símbolos clássicos e noções de pertencimento
que vinham desde os primórdios do futebol. Ao torcedor, seguir
um clube que agora não tinha apenas vínculos locais, formados
muitas vezes por jogadores de múltiplas origens, era só o sinal
mais significativo dos tempos de globalização. O futebol europeu
entrava numa ciranda transformadora dos estilos nacionais, na
qual mesmo os times mais tradicionais refletiam o amálgama
das inúmeras correntes sociais e étnicas que circulavam pelo
continente.
METAMORFOSE DO ESPETÁCULO

uando afirmou certa vez, alguns anos depois do sucesso de


Q seu ‘carrossel holandês’ da década de 70, que ‘o futebol
muda, mas não melhora’, o técnico Rinus Michels
certamente se referia aos modelos táticos/técnicos que soube
manejar tão bem e não aos alucinantes avanços no tratamento
do espetáculo e nas formas de gestão econômica desse esporte.
Desde então, o futebol se transformou em uma ‘entidade’ única
em matéria de volume de crescimento financeiro, arregimentou
uma massa de seguidores que superou metade da população
mundial e, se tivesse somados todos os recursos em torno de
suas atividades, estaria entre as 15 maiores economias do
planeta. Mais do que isso, mais de meio bilhão de pessoas tiram
seu sustento direta ou indiretamente das competições de futebol,
das quais cerca de 280 milhões são jogadores e jogadoras, de
acordo com dados do censo da Fifa.
Em seus primeiros cem anos de vida, mesmo após a
conversão ao profissionalismo, o futebol foi financiado
basicamente pelas bilheterias, ou seja, pela capacidade dos
clubes em atrair simpatizantes para seus dotes técnicos, de
torná-los fiéis seguidores, de valorizar suas virtudes morais e, em
última instância, de convencer os fãs a financiar essa aventura
socioesportiva. O clube, o estádio e seus símbolos intangíveis –
respeito, tenacidade, liderança, vitórias, garra, soberania – eram o
início e o fim dos mecanismos de ganha-pão. Se alguma dessas
pontas do processo não correspondesse às expectativas, o
dinheiro fatalmente ficaria escasso, porque não há bilheteria que
resista ao fracasso por muito tempo. Acontece que, como esporte
sedutor de massas por suas características apaixonantes, o
futebol cresceu em aceitação muitíssimo mais rápido do que por
sua capacidade de captar recursos, até porque viveu meio século
– com exceção do Reino Unido – mergulhado no amadorismo ou
em precárias formas de profissionalismo. As experiências de
comercializar os espaços publicitários nas camisas dos clubes
começaram a surgir de maneira esparsa na década de 1950, até
mesmo em alguns países sul-americanos, mas as legislações e
formas de controle eram frágeis e conservadoras, dentro da visão
de que se estava vendendo também a dignidade do time, algo que
o torcedor jamais admitiria. E o retorno era impossível de medir,
em função de limitações várias como a escassez de dados
precisos, a falta de especialistas e até mesmo pela precariedade
dos meios de comunicação e de circulação de informações.
O que viria a acontecer na década de 1980 e mais
acentuadamente na passagem para os anos 90 seria uma
revolução de métodos de ganhar dinheiro e de costumes de
consumo do futebol. Na base do futebol-negócio foram
constituídos quatro pilares:
- As barreiras à comercialização foram todas derrubadas de
uma só vez, uma espécie de ‘liberou geral’ que abriu mercados
até então desconhecidos. Publicidade nas camisas, ações de
marketing nos estádios e centros de treinamento, utilização das
fábricas de produtos esportivos como parceiras dos clubes e
propagandas institucionais passaram a fazer parte do dia a dia do
time de futebol e de seu torcedor. Hoje, os clubes podem ter uma
carteira com 12 a 15 patrocinadores, bem como as entidades que
cuidam do futebol. A Fifa tem um extenso corpo de
patrocinadores, de operadores de cartão de crédito a uma
indústria de refrigerantes, todos com contratos leoninos, que
duram no mínimo uma década. A exemplo das entidades de
controle do futebol nos principais países, a Confederação
Brasileira de Futebol possui um respeitável time de ‘sócios’,
incluindo o fornecedor de material esportivo, cujo contrato é o
quarto mais valorizado do mundo em números de 2012;
- A revolução nos meios de telecomunicação, a segmentação
provocada pelas novas mídias e as novidades tecnológicas em
geral tornaram o futebol um dos mais atraentes alvos de
mercado por seu potencial de mobilização e sua sedução
estética, gerando uma superexposição do esporte como nunca se
viu. Nesse panorama, as ações comerciais ganharam um novo
horizonte e os contratos de televisão passaram a ser a maior
fonte de renda para os clubes de futebol e também para as
federações. Hoje, a audiência de uma final de Copa do Mundo
beira o patamar de 1 bilhão de pessoas e um grande clássico
europeu pode atingir 350 milhões de torcedores. Um clube de
ponta na Europa chega a receber entre 80 e 100 milhões de
euros por ano da televisão. Somente na Inglaterra, o crescimento
das verbas de televisão destinadas aos clubes foi superior a
2000% em menos de duas décadas;
- As empresas de licenciamento de marcas e de utilização da
imagem do clube e do jogador encontraram um mercado
praticamente virgem para explorar. Se antes era possível vender
algumas dúzias de camisas e chaveiros com o escudo do time, a
partir dali trabalhou-se na escala das centenas de milhares e
manejando produtos os mais diversos, de cotonetes a relógios de
grife. O clube mais popular do mundo, o Manchester United
(Fig.1), com hordas de seguidores na Ásia e nas Américas, já
chegou a vender cinco milhões de unidades de seus produtos em
um ano. E, quanto à valorização da imagem, um dos seus
jogadores-símbolo, David Beckham, já aposentado, que em
outras épocas não passaria de um jogador de bom nível cobiçado
pelos grandes clubes, transformou-se em um fenômeno
internacional de marketing. Clubes, federações e jogadores hoje
cobram royalties milionários pela utilização de suas imagens;
- O último pilar da ruptura dos anos 90 foi uma consequência
direta da construção dos outros três. Com os novos meios de
financiamento, a descoberta de mercados, a farta exposição na
mídia e a comercialização das marcas, o futebol precisou de um
generoso upgrade de gestão, inúmeros dirigentes jurássicos
sucumbiram, os clubes tiveram que escolher entre a
modernização e a bancarrota. É certo que este processo ainda
está em andamento, e com fundas dificuldades, mas os modelos
de gestão de hoje comparados aos dos anos 80, por exemplo,
parecem conviver num universo paralelo.
Por conta dos grandes negócios podem ter decaído muitos dos
valores seculares do futebol, mas o panorama de mercado
permitiu que florescessem novos padrões de craques
internacionais, cultuados de maneira tão obsessiva que os
tornaram de certa forma independentes de seus próprios clubes
no que diz respeito aos sistemas simbólicos de representação
que até então governavam o jogo. Ronaldo Fenômeno, Zinedine
Zidane, David Beckham, Luís Figo, Ronaldinho Gaúcho atingiram
patamares de promoção pessoal que extrapolaram em muito o
que propunham Real Madrid, Barcelona, Milan ou Juventus de
Turim, ainda que os seus benefícios gerados por eles fossem
explorados ao máximo pelas instituições. O torcedor conheceu
uma forma de seguir o futebol através de seus ídolos, e não
apenas das entidades que representavam, uma situação que
atingiu extremos com a geração que se seguiu, formada por
modelos universais de talentos pós-modernos como Lionel
Messi, Cristiano Ronaldo, Franck Ribéry e Neymar (Fig.2).

CIRANDA DE LUCROS E CUSTOS


CIRANDA DE LUCROS E CUSTOS
Obviamente uma transformação desse porte também tem
altíssimos custos – o principal deles, o aumento da já abissal
diferença entre grandes e pequenos. A manutenção de times,
estádios, craques e não craques, estruturas esportivas, produtos
e mão de obra em geral viveu um período de explosão
inflacionária que também obrigou os gerentes a agir com
criatividade e frieza, algo pouco palpável em um ambiente tão
movido a paixões e que tem a convivência com as incertezas em
seu desenho genético. Mais da metade das fortunas arrecadadas
vão para o pagamento de pessoal e a compra e venda de
jogadores torna-se o fiel da balança, representando a forma mais
comum de equilibrar ou destruir orçamentos. Normalmente as
contas não fecham, ficam à mercê do desempenho na temporada
e das idiossincrasias do próprio jogo. Os craques tanto podem ser
a solução como podem se tornar grandes problemas – uma
contusão séria, uma queda repentina de rendimento, um ato de
indisciplina nunca estão descartados. Mesmo os clubes
milionários trabalham constantemente no vermelho, em que
pese a contratação de gênios de mercado e especialistas em
todos os segmentos, do contador ao marqueteiro, para turbinar
os números. Na temporada de 2012/2013, por exemplo, as
dívidas, em cifras auditadas, de Manchester United e Chelsea
superaram os 800 milhões de euros, enquanto os gigantes
espanhóis Barcelona e Real Madrid deviam algo em torno de 620
milhões (Fonte: SportingIntelligence). Três desses quatro clubes
são os mais ricos do mundo, de acordo com o ranking da Forbes
divulgado em abril de 2013: o Real Madrid vale US$ 3,3 bilhões, o
Manchester United, US$ 3,16 bilhões, e o Barcelona (Fig.3), US$
2,6 bilhões. O primeiro clube brasileiro que aparece na lista, o
Corinthians, 16º colocado, tem valor estimado no mercado de
US$ 358 milhões, segundo a revista. Números da consultoria
BDO Brasil confirmaram o Corinthians como a marca mais
valiosa do futebol nacional em 2013, avaliado R$ 1,1 bilhão,
seguido por Flamengo (Fig.4) (R$ 855 milhões), São Paulo (R$
848 milhões), Palmeiras (R$ 496 milhões) e Internacional (R$
412 milhões).
Como a movimentação financeira é muito maior do que os
orçamentos publicados ano a ano, a engenharia contábil do
futebol é um mistério mesmo para os especialistas. Com base
nas declarações entregues à UEFA anualmente, o CIES (Centre
International d’Etude du Sport) Football Observatory, instituição
suíça que realiza levantamentos periódicos sobre demografia e
economia no futebol, mostrou que, em números de 2012, os
clubes do chamado ‘Big 5’, as cinco ligas europeias mais ricas da
Europa (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália), têm
orçamento salarial médio que superam os 35 milhões de euros
ao ano. Numa segunda escala, com gastos salariais entre 10
milhões e 35 milhões de euros/ano estão os clubes de Rússia,
Turquia, Holanda, Portugal, Escócia e Grécia, seguidos pelos
grupos que gastam entre 3 milhões e 10 milhões (Suécia, Suíça,
Áustria, Dinamarca, Ucrânia, entre outros) e aquelas com
orçamento inferior a 3 milhões de euros (República Checa,
Croácia, Sérvia, Hungria, entre outros). Como o CIES trabalha
com médias por país, algumas diferenças gritantes entre os
clubes poderosos e os mais humildes ficam fora do
levantamento. Por exemplo, o movimento financeiro do Real
Madrid superou em 2013 os 500 milhões de euros, enquanto o
Rayo Vallecano, também da Primeira Divisão Espanhola,
trabalhou com 8 milhões de euros no ano. Esses abismos que
separam grandes de pequenos tendem a crescer em países onde,
por exemplo, a negociação das verbas de televisão é feita clube a
clube, como é o caso da Espanha, onde Barcelona e Real Madrid
fecham acordos particulares com as emissoras. Na Inglaterra, a
negociação é realizada em bloco, por meio da própria Liga, o que
garante recursos maiores para os pequenos clubes.
Outro levantamento do CIES indica anualmente o valor de
mercado dos jogadores do ‘Big 5’. Ao final da temporada
2012/2013, o argentino Lionel Messi, do Barcelona, estava
avaliado entre 217 milhões e 252 milhões de euros, enquanto o
português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, tinha valor de
mercado entre 102 milhões e 118 milhões de euros. O terceiro
colocado, o uruguaio Edinson Cavani (Fig.5) (avaliado entre 58
milhões e 67 milhões) abre praticamente uma competição
paralela em relação aos líderes, sendo que o primeiro brasileiro
da lista, o atacante Lucas Moura, do Paris Saint Germain,
ocupava a 26ª colocação (avaliado entre 30 milhões e 35 milhões
de euros). Apenas o valor de mercado de Messi seria suficiente
para custear oito temporadas e meia do Club Atlético Osasuna,
também da Primeira Divisão espanhola, enquanto o preço
estimado de Cristiano Ronaldo bastaria para o Real Valladolid
estar tranquilo por cinco temporadas.
Ainda que as fontes de renda tenham se multiplicado, a
bilheteria continua sendo uma reserva segura no planejamento
financeiro dos clubes, uma conta paga evidentemente pelo
torcedor. No Brasil, até a temporada de 2013, os grandes clubes
costumavam cobrar de R$ 15 a R$ 40 pelos ingressos mais
baratos em pacotes promocionais, dependendo do tipo da
competição (campeonatos regionais, nacionais e internacionais),
mas há uma grande variação de estado para estado, entre as
capitais e as cidades do interior e mesmo entre os clubes da
mesma cidade, em função das ofertas para sócios efetivos e
sócios torcedores, também chamados de abonados.
Normalmente não há relação coerente com a qualidade dos
serviços oferecidos ou com o padrão de conforto e segurança dos
estádios, situação que começou a mudar com as novas praças
esportivas construídas para a Copa do Mundo de 2014. Na
comparação com os vizinhos Argentina e Uruguai, os preços
praticados no Brasil são algo entre 40% e 50% mais caros, mas
são consideravelmente mais baratos do que na Europa,
analisados proporcionalmente. Na temporada 2012/2013, o preço
médio dos ingressos na Liga Espanhola chegou a 56 euros
(aproximadamente R$ 168), quase o dobro do preço praticado na
Alemanha, por exemplo, 30 euros (pouco mais de R$ 90). Na
série A italiana, na mesma temporada, o torcedor pagou em
média 48 euros (por volta de R$ 144) e, na Premier League, 44
euros (R$ 131). São preços praticados para a venda de ingressos
em pacotes para toda a temporada, bem mais baratos, portanto,
do que os bilhetes avulsos. Um ingresso avulso para um clássico
entre Real Madrid e Barcelona no estádio Santiago Bernabéu
custou em torno de 370 euros em 2012, quase o mesmo valor
pago pelos novos sócios torcedores do pequeno Almeria para
assistir toda a temporada 2013/2014 - 400 euros por 19 jogos
em seu estádio.

DETERIORAÇÃO DOS VÍNCULOS


O maior preço pago pelo futebol no processo de
espetacularização das formas de jogo foi moral, ligado à perda de
alguns valores centenários que provavelmente são
irrecuperáveis. O futebol foi deixando, cada vez mais, de ser um
lugar para românticos e ingênuos, ainda que a torcida preserve
todos os seus símbolos primários, seja no período de conquistas
inesquecíveis, seja durante os tsunamis das temporadas baixas.
Mas, no futebol de mercado, mesmo o valor sentimental dos
símbolos é relativo, permite a mudança das cores das camisas,
dos estilos de jogo e adapta toda a tradição do clube aos padrões
da última moda – seja uma novidade tecnológica, seja um projeto
de marketing que não tenha relação alguma com as raízes da
entidade. Os gestores contam, para tanto, com a dinâmica do
surgimento de gerações de torcedores, que se adaptam
rapidamente às novas realidades. Contam, principalmente, com
os tipos recentes de adeptos do futebol que construíram o perfil
do torcedor universal, cuja identificação com o time é eletrônica,
remota. São fanáticos que pouco se importam com as distâncias
e as fronteiras, querem consumir, colecionar objetos do clube,
comprar a última camisa e fazer da TV a cabo seu estádio
particular. Multiplicam-se pelas redes sociais e por meio dos
contatos virtuais com os clubes, que já se preocupam em
elaborar campanhas publicitárias voltas diretamente a esse
público. Não é por acidente que o Manchester United, clube mais
popular do planeta, tem cerca de 40% dos seus 600 milhões de
seguidores na Ásia, um mercado que passou a ser explorado por
nove entre dez dos principais clubes europeus, ultimamente
empenhados também em conquistar as Arábias.
Quando há razões econômicas que se sobrepõem à tradição,
fatalmente o fluxo de caixa vai falar mais alto. Muitos dos clubes
constituídos no padrão popstar abandonaram sumariamente os
jogadores que em outros tempos eram considerados como
bandeiras da instituição, atletas formados ali desde meninos,
identificados com todas as tradições e particularidades das
entidades e de seus quadros associativos. São figuras raras hoje
em dia, por razões econômicas, antes de tudo. Se for um craque
absoluto e reconhecido será negociado o quanto antes, não terá
tempo de se transformar num símbolo porque significa dinheiro
graúdo em caixa no curto prazo. Se for um jogador menos
brilhante, que não garanta o retorno em dividendos imediatos,
corre o sério risco de ser substituído por outro que dê esses
resultados. A falha estrutural na formação de jogadores é uma
justificativa para esse déficit, em especial nos clubes brasileiros,
mas no glamouroso ambiente do futebol europeu não há tantas
diferenças. Se forem levados em conta alguns dos clubes que
mais investem no continente e, portanto, que priorizam o
mercado – como Real Madrid, Chelsea (Fig.6), Manchester City,
Inter de Milão, sem contar os milionários da Europa Oriental, o
russo Anzhi Makhachkala, e o ucraniano Shakhtar Donetsk -, o
índice de jogadores com DNA da casa é ínfimo, perto de 5%
nesses elencos. São times eminentemente multinacionais. O
paradoxo é que a política de valorizar os símbolos próprios não é
deficitária, muito ao contrário, como mostram outros gigantes do
contexto europeu, como o Manchester United, os alemães Bayern
de Munique e Borussia Dortmund (Fig.7) e, em especial, o
Barcelona, em cuja vitrine nos últimos tempos está uma equipe
formada por maioria de ‘pratas da casa’. O aparente desdém com
políticas de investimento nas bases só ressalta a característica
mais perdulária do futebol-negócio: em troca de holofotes, o
dirigente prefere gastar, imediatamente, 100 milhões com o
craque da moda a investir 10 milhões em meia dúzia de garotos
que daqui a cinco ou seis anos valerão, cada um deles,
provavelmente mais do que o personagem midiático que chegou
a peso de ouro.
Outra característica da falta de vínculos fica evidente com a
onda de empresários e milionários que a partir da virada do
século XXI despejaram fortunas em times de ponta do futebol
europeu, encampando clubes com os quais não têm, em princípio,
qualquer relação – afetiva, financeira ou familiar. Os indefectíveis
‘investidores’ radicalizaram na ideia do futebol-negócio e impõem
condições administrativas que muitas vezes não se conectam
com a coletividade local, tornando a relação clube-torcedor fria e
artificial. Normalmente são figuras do jet set internacional,
pessoas preparadas e bem sucedidas em seus ramos de negócio
e nos círculos políticos, mas no ambiente do futebol são
personagens exóticos, não têm trato nem com jogadores nem
com dirigentes acostumados a negociações peculiares, pressões
de todos os lados, convivência diária com a imprensa. Sofrem
com isso e fazem sofrer. Há muitos russos nesse mercado,
árabes também. Ambos chamaram a atenção dos norte-
americanos, que resolveram experimentar algumas fatias do
bolo. Um dos pioneiros foi o russo Roman Abramovich, um bon
vivant apaixonado por futebol, que não tinha histórico de
convivência com esse mundo da bola mas ao menos assumiu o
clube de maneira bastante atuante, investiu pesado, enfrentou
dívidas, algumas das quais ajudou a turbinar, e terminou por
entender um pouco da cultura do clube londrino, o que ajudou na
conquista de um título inédito, a Champions League de
2011/2012. Abramovich – de origem pobre e que enriqueceu com
uma série de negócios de compra e venda de empresas no
confuso período pós-dissolução da União Soviética - tem perfil
distinto do mais recente mecenas do futebol europeu, o também
russo Dmitry Rybolovlev, filho de médicos, que iniciou sua fortuna
justamente no setor de medicamentos e assistência à saúde
antes de partir para investimentos em várias regiões da Europa.
Agressivo nos negócios, filantropo e articulador hábil, entrou com
força no Principado de Mônaco, onde negociou com a realeza a
compra do decadente clube local, o AS Monaco. A promessa de
investir 220 milhões de euros e montar um grande time já está
em prática, após o retorno da equipe à Primeira Divisão Francesa,
e Rybolovlev tem a vantagem de movimentar suas fortunas em
um panorama no qual o Fisco – que já andou rondando os
negócios de Abramovich no Reino Unido - não vai importunar.
Para os árabes, a química com o futebol ocidental expôs uma
necessidade ainda maior de adaptação e não só pelos estilos de
gestão. Os investidores que vieram do Catar, um país que vive
uma explosão de euforia com a organização da Copa do Mundo
de 2022, viveram experiências distintas, mas igualmente
espinhosas, na Espanha e na França. O sheik Abdullah bin Nasser
Al Thani, da família real do Catar, tornou-se acionista majoritário
do pequeno Málaga, em 2010, com a intenção de iniciar uma
escalada de investimentos na Costa do Sol espanhola. Injetou
uma fortuna no clube, praticamente remontou o time e logo
sentiu as consequências do duro meio futebolístico, que em nada
lembrava o que aprendeu em suas vivências no governo e na
faculdade de Gestão e Administração de Empresas que cursou no
Egito. Em dois anos, as dívidas se acumularam e nem mesmo a
participação do Málaga na Champions League remediou a
situação. Em síntese, não houve retorno e a situação de profundo
abalo econômico-financeiro no contexto da sociedade espanhola
dificultou ainda mais as coisas. O descontrole de gastos e a crise
institucional levaram o clube a ser punido pela Uefa com
afastamento das competições europeias, por desrespeito às
normas do fair play financeiro estabelecido pela entidade.
Com um cacife bem mais poderoso e a ambição de colocar
Paris no centro das grandes decisões do futebol europeu, outro
sheik do Catar, Nasser Al-Khelaïfi, um nobre ligado ao esporte,
ex-tenista profissional e um dos cem homens mais ricos do
mundo, comprou, em 2011, 70% das ações do Paris Saint
Germain e poucos meses depois fechou a operação de aquisição
do clube, tornando-se presidente. Gastou uma bagatela de 130
milhões de euros para montar um supertime, mas sequer
conquistou o Campeonato Francês na primeira temporada. Em
2012/2013, conseguiu levar o PSG às quartas-de-final da
Champios League, chegou ao almejado título naconal, mas criou
na comunidade internacional do futebol a impressão de que
comanda um clube pasteurizado, sem alma nem símbolos
sólidos, e ainda longe de ameaçar a supremacia dos clubes de
primeira linha da Europa.
O impacto de Al-Khelaifi em Paris teve o mesmo espalhafato
financeiro do sheik Mansour bin Zayed bin Sultan Al Nahyan em
Manchester, em 2008. Emir de Abu Dhabi e irmão do presidente
dos Emirados Árabes, ele ousou desafiar o predomínio do United
na cidade que é uma das capitais do futebol mundial. O modus
operandi do emir, que colocou um empresário de confiança na
presidência do Manchester City, o jovem Khaldoon Al Mubarak,
revelou-se por meio de um choque de investimento de tal porte
que fez da empreitada de Abramovich no Chelsea, alguns anos
antes, um negócio corriqueiro. O volume de gastos na compra de
jogadores de primeiro nível nos mercados europeu e sul-
americano levou o City a montar não um, mas dois times
completos, que poderiam competir em qualquer torneio dos
principais campeonatos do mundo. Traduzindo em resultados, o
megainvestimento refletiu em muito espaço na mídia, a conquista
de uma FA Cup, em 2011, e de um título inglês na temporada
2011/2012, depois de 43 anos em jejum. Não é pouco, mas está
longe de ser muito diante do porte do investimento, tanto que as
aventuras administrativas do time azul de Manchester estão no
olho do furacão dos desmandos de gestão que as autoridades da
Uefa fiscalizam no âmbito do fair play financeiro.
Por receio da reação do entorno futebolístico tradicional e
também sob influência desses epsiódios fiscais e de articulação
de mercado envolvendo outros investidores, os magnatas norte-
americanos chegaram ao futebol inglês de uma forma mais
conservadora. A família Glazer, dona de um patrimônio industrial
invejável na área alimentícia da Costa Leste, detectou os
problemas financeiros graves por que passava o Manchester
United em meados da década de 2000, o que provocou o
interesse do patriarca do clã, Malcolm, que tinha experiência no
meio esportivo como priprietário do time de futebol americano
Tampa Bay Buccaneers, à frente do qual já conquistara um
Superbowl, o título da NFL. Os Glazer enfrentaram forte oposição
da coletividade do Manchester ao fazer uma proposta de compra
e efetivar o negócio, missão que Malcolm delegou em seguida
para dois de seus filhos, Joel e Avram. Sua interferência direta na
gerência de futebol nunca aconteceu, justamente em função dos
inúmeros movimentos de associados e também de poderosos
cartolas de outras épocas, que chegaram a propor uma cotização
para expulsar os americanos do clube. Ainda que, desde então, os
valores absolutos do United o levaram a se transformar no
primeiro clube a valer mais de US$ 3 bilhões no mercado do
futebol, o volume de endividamento também cresceu
assustadoramente, o que serviu para alimentar a crônica falta de
química entre o centenário clube de Old Trafford e seus
proprietários ianques. Em menor escala quanto aos números,
mas com nível parecido de rejeição, o Liverpool, maior rival do
United, articulou a venda do clube no fim de 2010 para Tom
Werner, um empresário que iniciou sua carreira nos meios de
comunicação, foi dono da franquia do San Diego Padres, time de
beisebol, e pouco depois um dos cofundadores do poderoso
Fenway Sports Group, que comanda os destinos do Boston Red
Sox. Werner teve a vantagem de apagar um incêndio provocado
por outros empresários norte-americanos que compraram o
Liverpool em 2007 e iniciaram uma espiral de desastres
financeiros sem precedentes na história do clube. Entre os
dirigentes responsáveis pelo desastre estava Tom Hicks, que já
tinha causado pequenos terremotos no futebol brasileiro, quando
patrocinou, por meio da holding HMTF (Hicks, Muse, Tate &
Furst), clubes como o Corinthians e o Cruzeiro, além de outros
tantos pela América Latina afora.

DESVIOS DE RUMO
A par das consequências diretas da mercantilização do futebol no
ambiente do jogo propriamente dito, uma série de efeitos
colaterais teve como impulso as fortunas que passaram a ser
movimentadas com a ruptura de certos valores esportivos
verificada nos anos 80 e 90. Nas últimas três décadas, o mundo
do futebol viu multiplicarem-se os escândalos de arranjo de
resultados, de suborno de atletas e árbitros, de manipulação de
apostas, de tráfico de influência, de falsidade ideológica e de
lavagem de dinheiro. A promiscuidade no trato dos recursos
também potencializou dois males inerentes à própria
modalidade, ainda que não tenham necessariamente conexão
direta com os esquemas financeiros – o doping e a violência do
hooliganismo (Fig.8). No primeiro caso, por acirrar a procura
incessante por melhor rendimento em um contexto de altíssima
competitividade e, no segundo, por fomentar relações hostis fora
do terreno de jogo, a ponto de fornecer pretextos para a explosão
de tensões sociais.
Vários grandes centros do futebol internacional foram palco
de escândalos de manipulação de resultados e suborno desde a
década de 1980. Na Argentina, falsificação de passaportes para
jogadores transferidos à Europa e lavagem de dinheiro
envolvendo os principais clubes; no Brasil, rede de fraudadores
da loteria esportiva e esquema de suborno de árbitros no
Campeonato Brasileiro; na Itália, um gigantesco sistema de
manipulação de arbitragens e resultados comandado pelo ex-
dirigente Luciano Moggi, entre outros, em 2005/2006,
envolvendo jogadores e dirigentes; e na Alemanha, um processo
de ‘acerto’ em no mínimo 200 partidas de futebol, por ação da
máfia de apostadores que atingiu outros países europeus em
2009 (Áustria, Croácia, Bélgica, Hungria, Turquia, Eslovênia,
Suíça e Bósnia). Recentemente, as crises financeiras
internacionais e o maior rigor nas apurações de fraudes por toda
a Europa expuseram também problemas de manipulação de
jogos na Espanha e em vários países no contexto da Uefa que
estão sob investigação sigilosa. O binômio falta de
transparência/impunidade ainda pauta as relações de poder no
futebol. Numa das poucas apurações realizadas a fundo, o
esquema do ‘Calciopoli’ de Luciano Moggi no futebol italiano
terminou, alguns anos depois, com ruidosas punições. A
Juventus de Turim, maior beneficiada pelo esquema, perdeu seus
dois títulos conquistados no período (entre 2004 e 2006) e foi
rebaixada à Série B. Outros clubes beneficiados, como Milan,
Fiorentina e Lazio, perderam pontos no campeonato e receberam
multas. Moggi só foi condenado cinco anos depois do início das
investigações. Em 2012, outro esquema de manipulação foi
descoberto no futebol italiano, envolvendo acerto de partidas em
troca de dinheiro. A investigação em torno de 150 envolvidos
ainda não terminou.
As inúmeras vulnerabilidades do ambiente do futebol, que
possui ramificações em todos os cantos do planeta, fazem com
que entidades e estruturas de competição sejam solo fértil para
ações ilegais, um paraíso para corruptos e corruptores. A
Financial Action Task Force (ou Gafi - Grupo de Ação Financeira
contra a Lavagem de Dinheiro), criada pelo grupo de nações
pertencentes ao G7 com o objetivo de combater a lavagem de
dinheiro em todos os segmentos, tem chamado a atenção em
vários estudos e documentos sobre como agem os delinquentes
e por que elegem o futebol como um de seus alvos favoritos. O
Gafi destaca a facilidade proporcionada por intrincadas redes
com inúmeras partes interessadas em transferências de
jogadores, promoção de eventos, contratos de todas as espécies,
que têm a participação de agentes, empresários, intermediários e
dirigentes nem sempre reconhecidos, que gravitam em torno das
principais fontes de financiamento. Destaca ainda a diversidade
das estruturas jurídicas, a falta de dirigentes profissionais, a
precariedade administrativa dos clubes e o caráter irracional dos
valores envolvidos em muitas transações. A este fatores se
somam características peculiares dos contornos comunitários do
futebol, as recompensas intangíveis em um segmento repleto de
incertezas, a facilidade de acesso a esse mercado e a
vulnerabilidade social de muitos dos personagens envolvidos,
jogadores em especial.
No que diz respeito especificamente à lavagem de dinheiro, o
Gafi traça um panorama ameaçador constituído em torno das
sedutoras quantias financeiras movimentadas pelo futebol de
mercado, destacado no documento intitulado ‘Lavagem de
Dinheiro – O Setor do Futebol’, de 2009: “Essa complexa rede de
motivações financeiras e extrafinanceiras torna o setor do futebol
atrativo aos olhos de delinquentes que procuram legitimizar seu
status social. O que está ocorrendo é que o dinheiro procedente
da lavagem vai se ‘integrando’ e sendo usado para se conquistar
prestígio e influência, benefício que têm um grande valor em por
si só e oferece oportunidades de acesso a maiores ganhos, lícitos
e ilícitos. O delinquente está comprando um bilhete de entrada
para um entorno social. O futebol possui uma longa história de
investimentos procedentes de pessoas abastadas e prósperas
empresas da iniciativa privada que alcançaram êxito em outros
segmentos do comércio e da indústria. Há também casos de
indivíduos com antecedentes duvidosos que investem no futebol
– tanto nas esferas de alto nível de competição como nos
circuitos locais de futebol amador – e que pode ter como
motivação atingir uma posição de prestígio na sociedade.”
Para os escândalos morais e comportamentais provocados
pelo hooliganismo, o futebol ainda não encontrou soluções,
apesar de existir um conceito cada vez mais compartilhado de
que os torcedores violentos são praticamente apêndices do
futebol, usam o poder de mobilização do esporte para ações
violentas que promoveriam em qualquer outro cenário de tensão
– nada necessariamente relacionado ao jogo em si. A mais
célebre experiência de ‘domesticação’ dos hooligans, realizada
pelo governo da primeira ministra Margareth Thatcher (Fig09) na
Inglaterra a partir dos inúmeros distúrbios e mortes da década de
1980 revelou-se um processo de exclusão socioeconômica mais
do que uma mudança de parâmetros comportamentais. Com
base no clima tenso e ameaçador daquele período, após as
mortes da Tragédia de Hillsborough, na final da FA Cup de 1989,
entre Liverpool e Nottingham Forest, Thatcher produziu uma
‘limpa’ nos estádios, que incluiu reformas de porte com base em
segurança e conforto, a partir do chamado ‘Relatório Taylor’, o
levantamento sobre a situação dos clubes e suas dependências
esportivas que foi assinado pelo Lorde Taylor de Gosforth. A
reforma posta em prática nos anos 90 tornou os estádios seguros
e de tal forma sofisticados que os altos preços que passaram a
ser cobrados afastaram não só os hooligans mas também grande
parte dos torcedores de baixa renda – uma opção
segregacionista, por sinal, adotada em vários grandes centros do
futebol mundial.

IMPULSO FEMININO
Na outra ponta da meada da ‘espetacularização’, o futebol
encontrou um enorme conjunto de possibilidades para seu
crescimento sustentado, descobriu alguns novos nichos
geográficos, consolidou seu apelo sedutor dirigido aos jovens,
adotou importantes meios tecnocientíficos e fez justiça à
evolução do futebol feminino (Fig.10). A visibilidade e a
competitividade em mercados com pouco prestígio nos
tradicionais centros do futebol masculino fizeram com que as
mulheres ganhassem um novo status a partir de meados dos
anos de 1980, pegando carona na farta exposição midiática e na
oferta dos conceitos de marketing recém adotados em todas as
instâncias do ambiente profissional. Em outras palavras, o
futebol das moças passou a ter meios de ser financiado, de se
desenvolver tecnicamente e de obter retorno, sem que fosse
preciso fazer concessões em um ambiente de entranhas
machistas. Na verdade, o futebol feminino também é uma prática
centenária, tinha relativa popularidade no fim do século XIX em
países como França e Grã Bretanha, especialmente na Escócia,
onde se realizaram as primeiras partidas consideradas oficiais,
época em que as moças obviamente enfrentavam barreiras
sexistas mais rígidas, sob o argumento de que o jogo físico, às
vezes violento e exigente do ponto de vista da destreza, não
permitia grandes conquistas técnicas entre as mulheres. No
Reino Unido, durante a Primeira Guerra, o número de praticantes
do sexo feminino aumentou em consequência do recrutamento
de milhares de soldados para o front, houve ainda em alguns
países tentativas de organização em torno de entidades
federativas, mas os avanços foram mínimos e o jogo feminino
mal sobreviveu ao longo de décadas, vivendo de ligas amadoras
principalmente no norte da Europa. Uma iniciativa da Football
Association (FA), somente em 1969, atendendo a uma demanda
de vários times surgidos no interior da Inglaterra, abriu novas
perspectivas.
O primeiro torneio internacional de futebol feminino foi criado
pela Uefa em 1982, mas a decisão do campeonato só ocorreu
dois anos depois, com a vitória da Suécia na final sobre a
Inglaterra. Houve ainda duas disputas em 1987 e 1989, mas o
denominado Campeonato Europeu de Futebol Feminino
(Eurocopa de Nações) começou efetivamente a ser disputado em
1991, mesmo ano em que a Fifa criou a Copa do Mundo de
Futebol Feminino, que já teve seis edições e é disputada com o
mesmo calendário do masculino, de quatro em quatro anos.
Exceto pelas presenças da Alemanha (bicampeã mundial em
2003/2007) e do Brasil em pódios ocasionais, o domínio técnico
de países como Estados Unidos, Noruega e Suécia ainda é
bastante acentuado e demonstra que o eixo de poder dos times
do masculino não se verificou no feminino, principalmente pela
pouca efetividade das equipes sul-americanas. Mas a expansão
da modalidade permitiu que outros países mostrassem grande
evolução técnica na última década, casos de Japão, China,
França e Itália.
Na Copa do Mundo de 2011, disputada na Alemanha por 16
equipes e vencida pelo Japão, a Fifa estabeleceu que a Europa
tinha direito a quatro representantes, além de um quinto com o
país-sede do evento, a América do Sul teve dois, a região da
Concacaf também dois e um terceiro na repescagem disputada
com a Europa, a Ásia entrou com três representantes, a África
com dois e a Oceania com um. Para o próximo Mundial (em 2015,
no Canadá) pela primeira vez participarão 24 países. A Fifa
calcula que aproximadamente 30 milhões de mulheres joguem
futebol no mundo com algum tipo de filiação a federações, em
todas as categorias. A entidade possui 135 seleções femininas
cadastradas em seu ranking periódico e estima que cerca de 12%
do número total de jogadores jovens no mundo sejam mulheres.
Além de organizar a Copa do Mundo Feminina, o torneio para
mulheres dos Jogos Olímpicos e a Copa Mundial de Clubes, a Fifa
mantém campeonatos mundiais de seleções Sub-17 e Sub-20,
disputados de dois em dois anos.

BOAS VINDAS À CIÊNCIA


Do alto das exorbitantes quantias investidas por vários setores
econômicos, as exigências do futebol de mercado avançaram
rumo à plenitude do alto rendimento, derrubando velhas
barreiras que separavam, nesse contexto conservador, ciência e
intuição, pesquisa empírica e excelência técnica. As comissões
técnicas dos clubes ganharam status de ‘times de apoio’ e são
compostas, hoje, por profissionais tanto da área médica
tradicional e de suporte psicológico quanto por clínicos com alta
especialização em recuperação muscular, terapeutas dedicados
ao tratamento de microlesões e a sofisticadas práticas de
recuperação física. Contam com equipamentos de avaliação e de
incremento de performance que até pouco tempo atrás eram
considerados como recursos de ficção científica. Ao preparador
físico de antigamente, um solitário motivador de atletas com
seus exercícios rudimentares e sem qualquer rigor científico,
somaram-se autoridades em fisioterapia e fisiologia, auxiliadas
por programas minuciosos de nutrição e mirabolantes técnicas
de aumento de resistência e reforço muscular. O futebol, enfim,
encontrou a ciência e a tecnologia.
O preparo de um jogador profissional passou a atender a uma
rotina que leva em conta critérios de prevenção, ganhos de
desempenho e reabilitação com os mesmos cuidados especiais –
desde que fique explícito que cada jogador é um indivíduo, um
corpo distinto, e não pode, portanto, ser alvo de exigências
padronizadas. Procedimentos que priorizam força, rapidez e
flexibilidade passaram a ser adotados em conjunto com os
conceitos biomecânicos, de aperfeiçoamento do cabeceio e do
chute, da forma de correr, das rotações e impulsos do corpo,
baseados no histórico de cada atleta e não mais nas atividades
coletivas. As técnicas nutricionais foram adaptadas ao ritmo
peculiar do futebol, um esporte com diferentes graus de
exigência durante a competição, com cerca de 70% do tempo
marcado por uma intensidade média, alternando com 30% de
altíssima voltagem física, e períodos de descanso e recuperação
mais longos entre os jogos, um padrão de atividade que não é
comparável à maioria das outras modalidades. Em outra
dimensão científica, as áreas médicas contam com a colaboração
da estatística, com suas escalas de frequência e diagramas de
probabilidade, traduzindo em números fiáveis os déficits e as
evoluções de cada jogador e de cada time, suas possibilidades de
aperfeiçoamento e aprendizado. Contam ainda com a tecnologia
para dissecar os mínimos movimentos, cruzar dados técnicos
coletados por sensores espalhados pelo corpo do atleta,
estabelecendo a diferença entre os esquemas rotineiros de
treinamento e a obsessão por ‘fabricar’ campeões. Os recursos
tecnológicos dissecam o jogo e trazem luz sobre novos
elementos, fabricam chuteiras e conhecimento.
Foi a tecnologia, por sinal, uma das responsáveis pelos ventos
de modernização que atingiram o órgão regulador que desde o
princípio diz o que pode e o que não pode no futebol, o
International Board. Mais de meio século depois de a televisão
chegar aos estádios, quase 20 anos após a consolidação da
internet e em plena era digital, os senhores do conselho
aceitaram, enfim, incluir na regra do jogo a utilização de um
sistema que soluciona dúvidas tão antigas quanto o próprio
nascimento desse esporte – um mecanismo composto por
microchips acoplados à bola e várias câmeras de vídeo
resultando em um reality show revelador. A muito custo, o Board
aprovou o sistema que denuncia se a bola ultrapassou ou não a
linha da meta, um detector automático de gols, confirmando que
o futebol vive novos tempos.
São tempos de negócios efervescentes, de personalidades
midiáticas, de trocas instantâneas de conhecimento e de milhões
de torcedores sem fronteiras, formas palpáveis de pulsação do
futebol que convivem no campo de jogo com a intuição e a
genialidade, com a eletricidade das arquibancadas e com a
atração coletiva pelo imprevisível. Ainda assim, no fim das
contas, a ciência e a tecnologia podem ter sempre alguma
explicação para quase tudo nesse jogo apaixonante, exceto para a
mais valorizada das virtudes humanas quando se trata de chutar
uma bola ou dar um drible, aquele fator que não tem preço de
mercado – o DNA do craque. Este continuará sendo um mistério a
se desvendar nos próximos 150 anos.
COPAS DO MUNDO
URUGUAI
1930
De 13 a 30 de julho
prestígio em alta do futebol uruguaio, depois da conquista de duas
medalhas consecutivas de ouro nos Jogos Olímpicos (Paris/1924 e

O Amsterdã/1928), teve peso definitivo na escolha do país para receber


a primeira Copa do Mundo organizada pela Fifa. No congresso que
definiu a sede, realizado pouco mais de um ano antes do Mundial, o
argumento de que o país sul-americano comemoraria o centenário da
Constituição de 1830 também foi determinante, o que convenceu Jules
Rimet, presidente da Fifa, a abraçar a candidatura em detrimento das
propostas de vários países europeus. A crise financeira de 1929, porém,
impediu que algumas nações da Europa comparecessem, sob a alegação
de que os custos de transporte e estadia seriam muito altos. Somente
quatro países europeus participaram. Pela primeira vez era colocado em
jogo o troféu da ‘Deusa da Vitória’, criado pelo escultor francês Abel Lafleur
e que receberia o nome de Copa Jules Rimet. Construído às pressas, o
estádio de Montevidéu, para a abertura, encerramento e vários jogos do
Mundial, recebeu o nome de Estádio Centenário.

CAMPEÃO: URUGUAI
VICE: ARGENTINA
3º LUGAR: EUA
4º LUGAR: IUGOSLÁVIA
ARTILHEIRO: GUILLERMO STABILE (ARG), COM OITO GOLS
SELEÇÕES: 13
JOGOS: 18
GOLS: 70 (MÉDIA DE 3,9 POR JOGO)
PÚBLICO: 434.500 (MÉDIA DE 24.138 POR JOGO)
ITÁLIA
1934
De 27 de maio a 10 de junho
rganizado em pleno crescimento do regime fascista de Benito
Mussolini, Il Duce, foi o primeiro Mundial em que as seleções

O participaram de uma fase eliminatória para chegar à etapa final. Das


34 que se inscreveram, 16 participaram. As sucessivas desistências
de países antes interessados em receber o torneio praticamente
abriram caminho livre ao Duce, que pretendia tornar o evento uma grande
arma de propaganda política. Em 1932, a Suécia foi a última a retirar a
candidatura. Apenas dois países sul-americanos, Argentina e Brasil,
compareceram, uma vez que o primeiro campeão, o Uruguai, preferiu
responder na mesma moeda ao boicote italiano à Copa de 1930. Também
pela primeira vez uma seleção africana entrou no Mundial, o Egito. Durante
todo o torneio, o governo utilizou farto material de publicidade do regime,
com a intenção de fazer da organização da Copa uma imensa
demonstração de poderio político.

CAMPEÃO: ITÁLIA
VICE: TCHECOSLOVÁQUIA
3º LUGAR: ALEMANHA
4º LUGAR: ÁUSTRIA
ARTILHEIRO: OLDRICH NEJEDLY (TCH), COM CINCO GOLS
SELEÇÕES: 16
JOGOS: 17
GOLS: 70 (MÉDIA DE 4,1 POR JOGO)
PÚBLICO: 358.000 (MÉDIA DE 21.058 POR JOGO)
FRANÇA
1938
De 4 a 19 de junho
om o mundo em polvorosa no fim da década de 1930, a organização
da terceira edição da Copa não passou incólume às incertezas

C geopolíticas, embora mais de 60 países tenham participado das


Eliminatórias. Com a intenção de revigorar o ambiente na Europa,
Jules Rimet e a Fifa desbancaram a Argentina, candidata inicial a
sede no sistema de rodízio de continentes para receber o torneio. Vários
países, porém, boicotaram os jogos em função da presença da Alemanha e,
durante o campeonato, os franceses repudiaram as saudações nazistas dos
jogadores alemães, bem como dos fascistas italianos. Destruída pela
Guerra Civil, a Espanha não participou, assim como o Japão, envolvido no
conflito com a China. Uma das maiores equipes da época, a Áustria,
também ficou de fora em função do Anchluss, a anexação do país à
Alemanha de Hitler. As incertezas políticas e a exclusão da candidatura da
Argentina levaram todos os países da América do Sul mais os Estados
Unidos a boicotarem o torneio, menos o Brasil, que tinha pretensões de
organizar o Mundial seguinte, marcado em princípio para 1942, mas que
acabou não ocorrendo em função da deflagração da Segunda Guerra.

CAMPEÃO: ITÁLIA
VICE: HUNGRIA
3º LUGAR: BRASIL
4º LUGAR: SUÉCIA
ARTILHEIRO: LEÔNIDAS DA SILVA (BRA), COM SETE GOLS
SELEÇÕES: 15
JOGOS: 18
GOLS: 84 (MÉDIA DE 4,7 POR JOGO)
PÚBLICO: 376.000 (MÉDIA DE 20.888 POR JOGO)
BRASIL
1950
De 24 de junho a 16 de julho
epois que a Copa do Mundo correu o risco de ser extinta, em
consequência da devastação de parte da Europa pela Segunda

D Guerra, a Fifa decidiu em um congresso realizado em Luxemburgo,


em 1946, que o torneio seria revitalizado e marcou a próxima edição
para 1949, na Suíça, que por sua posição de neutralidade não tinha
sido afetada pelo conflito. A resistência dos países sul-americanos, porém,
aliada ao fato de o país europeu não possuir estádios suficientes para
realizar a competição, levou a Fifa a se definir pelo Brasil, que já havia
mostrado interesse em receber o torneio em 1942. O duro período de
recuperação econômica no pós-guerra levou ao adiamento da disputa para
1950, para que os países tivessem um tempo maior de preparação. Das 37
seleções inscritas, 29 participaram das Eliminatórias, sendo que, uma vez
definidos os 16 participantes, houve três desistências (Escócia, Índia e
Turquia), fazendo com que o Mundial fosse disputado por 13 países. Como
represália pela destruição provocada na guerra, a participação da
Alemanha na Copa foi vetada. Além do Estádio do Maracanã, no Rio de
Janeiro, recém-inaugurado, o Brasil dividiu os jogos por mais cinco cidades,
São Paulo (Pacaembu), Belo Horizonte (Estádio Independência), Curitiba
(Estádio Durival de Brito), Porto Alegre (Estádio dos Eucaliptos) e Recife
(Ilha do Retiro).

CAMPEÃO: URUGUAI
VICE: BRASIL
3º LUGAR: SUÉCIA
4º LUGAR: ESPANHA
ARTILHEIRO: ADEMIR (BRA), COM NOVE GOLS
SELEÇÕES: 13
JOGOS: 22
GOLS: 88 (MÉDIA DE 4,0 POR JOGO)
PÚBLICO: 1.043.500 (MÉDIA DE 47.431 POR JOGO)
SUÍÇA
1954
De 16 de junho a 14 de julho
primeiro Mundial disputado na Europa após a Segunda Guerra foi
confirmado para a Suíça, o país que naquele momento tinha melhor

O condições econômicas e políticas para receber o evento, em razão de


sua histórica neutralidade. Os alemães foram readmitidos nas
Eliminatórias e, uma vez classificados, disputaram a Copa sob a
bandeira da Alemanha Ocidental - o país já estava formalmente dividido em
duas nações e a Alemanha Oriental (Democrática) entraria na disputa
apenas em 1958. O torneio na Suíça comemorou os 50 anos da Fifa, cuja
sede era em Zurique, e entre as 16 seleções finalistas, havia, além da
Alemanha Ocidental, mais dois estreantes: Turquia e Coréia do Sul, que
venceu a primeira eliminatória realizada na Ásia. Pela primeira vez na
história, alguns jogos foram transmitidos pela televisão para uns poucos
países europeus que tinham condições técnicas para a recepção das
imagens. Os anfitriões prepararam seis estádios para receber a
competição, sendo o maior deles o Wankdorfstadion, em Berna, com
capacidade para 64 mil torcedores

CAMPEÃO: ALEMANHA OCIDENTAL


VICE: HUNGRIA
3º LUGAR: ÁUSTRIA
4º LUGAR: URUGUAI
ARTILHEIRO: SANDOR KOCSIS (HUN), COM 11 GOLS
SELEÇÕES: 16
JOGOS: 26
GOLS: 140 (MÉDIA DE 5,4 POR JOGO)
PÚBLICO: 889.500 (MÉDIA DE 34.211 POR JOGO)
SUÉCIA
1958
De 8 a 29 de junho
s ótimas condições dos estádios e a infraestrutura proporcionada
pelos suecos levaram a Fifa a quebrar novamente a regra do rodízio

A entre continentes para a Copa de 1958. O torneio continuaria na


Europa, agora com um total de 53 países inscritos para participar das
Eliminatórias. Pela primeira vez, vários países receberam as imagens
ao vivo da transmissão da maioria dos jogos, todos do continente europeu.
Alguns problemas políticos marcaram a fase de qualificação, que incluiu
África e Ásia, quando países como Sudão, Indonésia e Egito negaram-se a
enfrentar Israel e abandonaram a disputa. Foi a única edição do Mundial
que teve a participação dos quatros países que compõem a Grã-Bretanha,
históricos criadores do futebol: Inglaterra, País de Gales, Irlanda do Norte e
Escócia. Irlandeses e galeses foram, ao lado da União Soviética, os três
estreantes na Suécia. Os organizadores prepararam 12 estádios para
receber o evento, sendo o maior deles o Nya Ullevi, de Gotemburgo, com
capacidade para 43200 torcedores.

CAMPEÃO: BRASIL
VICE: SUÉCIA
3º LUGAR: FRANÇA
4º LUGAR: ALEMANHA OCIDENTAL
ARTILHEIRO: JUST FONTAINE (FRA), COM 13 GOLS
SELEÇÕES: 16
JOGOS: 35
GOLS: 126 (MÉDIA DE 3,6 POR JOGO)
PÚBLICO: 919.580 (MÉDIA DE 26.273 POR JOGO)
CHILE
1962
De 30 de maio a 17 de junho
om a Copa de volta ao continente sul-americano, a escolha do Chile
como sede teve origem no Congresso da Fifa de 1956, realizado em

C Lisboa. Favorita absoluta, a Argentina era a preferida da maioria dos


países votantes por ter uma infraestrutura praticamente pronta para
a realização da Copa, mas a defesa da candidatura do Chile evocou
alguns dos princípios mais básicos da Fifa para convencer os
congressistas, entre eles a premissa de que o Mundial era a melhor
ferramenta de fomento do futebol em locais onde a difusão ainda era
precária naquele tempo. Na votação final, o Chile venceu por 21 votos
contra 11, com 13 votos em branco. Mas a construção da Copa teria muitas
idas e vindas e várias vezes a candidatura esteve ameaçada por questões
financeiras e deficiências ligadas à estrutura e logística do evento. O golpe
mais duro veio com o terremoto de Valdivia, conhecido como o ‘Grande
Terremoto do Chile’, ocorrido dois anos antes da Copa, que deixou cerca de
20 mil mortos e arrasou uma extensa área da região central do país,
afetando diretamente dois milhões de chilenos. Mesmo assim, a
organização da Copa manteve o evento, mas só teve condições de preparar
quatro cidades para receber os jogos, Arica, Rancágua, Santiago e Viña Del
Mar. Dos 16 finalistas, apenas dois eram estreantes, Colômbia e Bulgária.

CAMPEÃO: BRASIL
VICE: TCHECOSLOVÁQUIA
3º LUGAR: CHILE
4º LUGAR: IUGOSLÁVIA
ARTILHEIROS: FLORIAN ALBERT (HUN), VALENTIN IVANOV (URSS),
DRAZEN JERKOVIC (IUG), LEONEL SANCHEZ (CHI), VAVÁ (BRA),
GARRINCHA (BRA), COM QUATRO GOLS
SELEÇÕES: 16
JOGOS: 32
GOLS: 89 (MÉDIA DE 2,8 POR JOGO)
PÚBLICO: 899.074 (MÉDIA DE 28.096 POR JOGO)
INGLATERRA
1966
De 11 a 30 de julho
influência do presidente da Fifa, sir Stanley Rous, foi decisiva para
que a Inglaterra derrotasse a poderosa candidatura da Alemanha no

A congresso realizado em Roma, em 1960, e assegurasse a organização


do Mundial de 1966. No processo eleitoral, marcado por influências
políticas e um indisfarçável lobby pró-Inglaterra, a candidatura alemã
foi derrotada por um placar apertado, 34 votos contra 27, sendo que dias
antes a Espanha, terceira candidata, havia retirado sua proposta. As
Eliminatórias receberam inscrições de 71 países, mas os africanos se
retiraram da disputa ao não verem atendida sua reivindicação de disputar
um torneio envolvendo somente nações do próprio continente. Assim, a
disputa ficou restrita a Ásia e Oceania, vaga conquistada pelo Coreia do
Norte, que seria uma das duas equipes estreantes na Copa, ao lado de
Portugal. O roubo da Taça Jules Rimet em março, quando estava em
exibição pública no complexo da Abadia de Westminster, apenas três
meses antes do primeiro jogo, colocou o Mundial em risco, mas o troféu foi
encontrado uma semana depois no jardim de uma residência, por um cão
chamado Pickles, que se transformou na primeira grande celebridade
daquela Copa antes mesmo de a bola rolar. Oito estádios receberam as
partidas, sendo dois deles em Londres.

CAMPEÃO: INGLATERRA
VICE: ALEMANHA OCIDENTAL
3º LUGAR: PORTUGAL
4º LUGAR: UNIÃO SOVIÉTICA
ARTILHEIRO: EUSÉBIO (POR), COM NOVE GOLS
SELEÇÕES: 16
JOGOS: 32
GOLS: 89 (MÉDIA DE 2,8 POR JOGO)
PÚBLICO: 1.635.000 (MÉDIA DE 51.093 POR JOGO)
MÉXICO
1970
De 31 de maio a 21 de junho
Mundial do México foi um marco de transição para a era moderna do
futebol. Pela primeira vez uma Copa foi transmitida ao vivo para todo

O o planeta, e em cores para os países que já tinham essa tecnologia. O


torneio também marcou a utilização padronizada dos cartões de
advertência por parte da arbitragem e, outra medida inédita, as
equipes puderam fazer duas substituições por partida - até então apenas o
goleiro poderia ser substituído em caso de contusão. No congresso da Fifa
realizado em Tóquio, em outubro de 1962, a candidatura do México
derrotou a da Argentina por 56 votos contra 32. Das 75 nações inscritas na
Fifa, 68 participaram da fase eliminatória e pela primeira vez a África tinha
um grupo próprio, uma disputa interna por vaga, o que garantiu a
classificação de Marrocos. O episódio mais lembrado, porém, foi a trágica
consequência da disputa entre Honduras e El Salvador, que ficou conhecida
como a ‘Guerra do Futebol’. Arrastando conflitos há alguns anos, a disputa
em uma série de três partidas pela vaga na Copa do México, em junho de
1969, se transformou em pretexto para a deflagração de um confronto
militar a partir da fronteira entre os dois países, que durou cinco dias, com
cerca de 2 mil mortos entre civis e militares. No campo de jogo, El Salvador
levou a melhor e foi um dos três estreantes naquele Mundial, ao lado de
Israel e Marrocos. Os jogos da fase final foram disputados em cinco sedes,
sendo a abertura e a partida decisiva realizadas no Estádio Azteca, na
capital mexicana. Foi a última vez em que a Taça Jules Rimet foi colocada
em jogo, uma vez que foi conquistada de forma definitiva após três títulos
pela Seleção Brasileira.

CAMPEÃO: BRASIL
VICE: ITÁLIA
3º LUGAR: ALEMANHA OCIDENTAL
4º LUGAR: URUGUAI
ARTILHEIRO: GERD MUELLER (ALE), COM DEZ GOLS
SELEÇÕES: 16
JOGOS: 32
GOLS: 95 (MÉDIA DE 3,0 POR JOGO)
PÚBLICO: 1.603.975 (MÉDIA DE 50.124 POR JOGO)
ALEMANHA
1974
De 13 de junho a 7 de julho
ma decisão tomada em Londres, em 1966, colocou de volta a
Alemanha no circuito oficial do futebol, após tanto tempo de

U convivência nada amistosa com as heranças do nazismo. A Fifa e


seus membros consideraram que era a hora de se livrar do passado e
que o povo alemão já havia sido suficiente punido pelas mazelas da
guerra. A organização da Copa foi um prêmio também ao desempenho
alemão nos mundiais anteriores - campeão em 1954, vice em 1966,
terceiro colocado em 1970. Pela primeira vez, a forma de disputa foi
alterada e, após a primeira fase de grupos, as oito seleções classificadas
não se enfrentaram no modelo mata-mata (ou playoff) e, sim, formaram
novos grupos de quatro times, dos quais saíram os finalistas e os que
disputaram terceiro e quarto lugares. A taça em jogo também era
diferente. Com a conquista definitiva da Jules Rimet pelo Brasil, o campeão
desta vez levantaria o troféu de cinco quilos, de ouro maciço, criado pelo
artista italiano Silvio Gazzaniga, denominado simplesmente Copa Fifa. A
Alemanha Oriental disputou pela primeira vez a Copa do Mundo, assim
como os novatos Haiti, Zaire e Austrália. Os jogos foram realiados em nove
cidades.

CAMPEÃO: ALEMANHA OCIDENTAL


VICE: HOLANDA
3º LUGAR: POLÔNIA
4º LUGAR: BRASIL
ARTILHEIRO: GRZEGORZ LATO (POL), COM SETE GOLS
SELEÇÕES: 16
JOGOS: 38
GOLS: 97 (MÉDIA DE 2,6 POR JOGO)
PÚBLICO: 1.768.152 (MÉDIA DE 46.530 POR JOGO)
ARGENTINA
1978
De 1 a 25 de junho
inalmente escolhida como país organizador, depois de três tentativas
frustradas, a Argentina preparou a Copa do Mundo sob forte

F resistência política, inclusive no cenário internacional. A ditadura


militar que chegou ao poder dois anos antes da Copa travou uma
batalha incessante com as organizações que denunciavam a violação
sistemática de direitos humanos pelo governo, bem como a tentativa de
utilização do Mundial como propaganda do regime. O torneio foi montado
com mão de ferro pelos militares, ao mesmo tempo em que se propagava
no Exterior a ideia de um boicote que acabou não se produzindo. As fortes
resistências internas e externas e a constante vigilância internacional não
impediram que o Mundial tivesse um custo exorbitante, elevando a dívida
pública argentina nos anos que se seguiram. O sistema de disputa da Copa
foi idêntico ao verificado na Alemanha, quatro anos antes, com a formação
de dois grupos após a primeira fase, sendo que os campeões desses grupos
fizeram a final. Os jogos foram disputados em cinco sedes e seis estádios,
três deles construídos especialmente para o evento e dois submetidos a
reformas estruturais. Apenas dois países estrearam neste Mundial: Irã e
Tunísia.

CAMPEÃO: ARGENTINA
VICE: HOLANDA
3º LUGAR: BRASIL
4º LUGAR: ITÁLIA
ARTILHEIRO: MARIO KEMPES (ARG), COM SEIS GOLS
SELEÇÕES: 16
JOGOS: 38
GOLS: 102 (MÉDIA DE 2,7 POR JOGO)
PÚBLICO: 1.546.151 (MÉDIA DE 40.688 POR JOGO)
ESPANHA
1982
De 13 de junho a 11 de julho
Mundial organizado pela Espanha foi o primeiro a refletir de forma
consistente o crescimento do futebol a partir da década de 1970. O

O número de finalistas aumentou de 16 para 24 países, o que levou à


mudança também da forma de disputa. Após a primeira fase
disputada em grupos com quatro clubes cada um, os dois primeiros,
12 no total, passavam à etapa seguinte para ser divididos em quatro grupos
de três, de onde saíram os quatro semifinalistas. Nas eliminatórias, a
participação também foi recorde: 105 países se inscreveram, uma vez que a
redistribuição de vagas abriria maiores possibilidades a todos os
continentes. Ásia e África, por exemplo, passaram a ter direito a dois
representantes na fase final. Cinco países fizeram sua estreia na Espanha -
Kwait, Nova Zelândia, Camarões, Argélia e Honduras. A organização
preparou nada menos que 17 estádios para receber jogos, distribuídos por
14 cidades. A abertura foi no Camp Nou, de Barcelona, e o jogo final foi
disputado no Santiago Bernabéu, de Madrid. O episódio tenso que marcou a
Copa ocorreu três meses antes do primeiro jogo, quando começou o
conflito das Ilhas Malvinas, entre Argentina e Reino Unido. Os
desdobramentos da guerra chegaram a provocar um movimento a favor de
um boicote das equipes britânicas à Copa, em função da presença da
Argentina e como sinal de respeito aos mortos das Malvinas. A pressão da
primeira ministra Margareth Thatcher foi decisiva para que Escócia,
Inglaterra e Irlanda do Norte fossem para o Mundial.

CAMPEÃO: ITÁLIA
VICE: ALEMANHA OCIDENTAL
3º LUGAR: POLÔNIA
4º LUGAR: FRANÇA
ARTILHEIRO: PAOLO ROSSI (ITA), COM SEIS GOLS
SELEÇÕES: 24
JOGOS: 52
GOLS: 146 (MÉDIA DE 2,8 POR JOGO)
PÚBLICO: 2.109.723 (MÉDIA DE 40.571 POR JOGO)
MÉXICO
1986
De 31 de maio a 29 de junho
unca um mesmo país havia organizado a Copa do Mundo em duas
ocasiões, mas a escolha do México foi uma saída prática para um

N grave problema. Definida em 1974, no congresso da Fifa, como sede


de 1986, a Colômbia declarou-se impossibilitada de atender a todas
as exigências e desistiu da Copa em um comunicado oficial do
presidente Belisario Betancourt, em outubro de 1982. Entre outros
problemas, o governo colombiano alegou ser impossível sustentar
financeiramente a preparação de inúmeros estádios com a capacidade
mínima de público exigida pela Fifa, revitalizar a rede ferroviária e a rede
hoteleira e satisfazer outras questões consideradas como exageradas e
fora da realidade colombiana. Entre as saídas de emergência, a Fifa optou
pela escolha do México, que tinha a estrutura de 1970 relativamente bem
conservada e necessitaria de pequenas obras de adaptação que seriam
possíveis de realizar em menos de quatro anos. A desistência da Colômbia
não seria, porém, o único obstáculo para a realização daquela Copa. Em
setembro de 1985, oito meses e meio antes do Mundial, o Cidade México foi
sacudida por um terremoto que devastou grande parte da Capital, deixando
pouco menos de dez mil mortos e prejuízos superiores a 4 bilhões de
dólares. Semanas depois, o governo mexicano confirmou que a realização
do evento não seria comprometida. O sistema de competição voltou a ser o
anterior a 1974, com as disputas de eliminação (mata-mata) a partir das
oitavas-de-final. Houve três estreantes entre os 24 participantes: Canadá,
Dinamarca e Iraque. Os jogos foram disputados em 12 estádios de nove
cidades.

CAMPEÃO: ARGENTINA
VICE: ALEMANHA OCIDENTAL
3º LUGAR: FRANÇA
4º LUGAR: BÉLGICA
ARTILHEIRO: GARY LINEKER (ING), COM SEIS GOLS
SELEÇÕES: 24
JOGOS: 52
GOLS: 132 (MÉDIA DE 2,5 POR JOGO)
PÚBLICO: 2.393.331 (MÉDIA DE 46.025 POR JOGO)
ITÁLIA
1990
De 8 de junho a 8 de julho
m sua segunda Copa do Mundo, a Itália preparou estádios em 12
cidades e ofereceu uma estrutura exemplar para as 24 seleções,

E apesar de o Mundial ter se mostrado um dos mais modestos


tecnicamente, com a pior média de gols de todas as edições (2,21 por
jogo) e com poucas inovações táticas. Foi a primeira Copa da era da
globalização no futebol, em que diversas das principais seleções
movimentaram jogadores que atuavam profissionalmente fora de seus
países de origem. Por exemplo: dos 24 times envolvidos, metade tinha ao
menos um atleta que jogava na Itália. Foi ainda a última Copa do Mundo
para nações que passariam nos anos seguintes por um período radical de
transformação geopolítica. A União Soviética se fragmentaria em vários
países, a Iugoslávia viveria uma guerra fratricida na década de 1990,
levando à reestruturação e redefinição de todo seu território, enquanto a
Tchecoslováquia se dividiria em dois países. Por fim, a Alemanha Federal
(ocidental), campeã naquele Mundial, viveria o processo de reunificação
com a Alemanha Democrática (oriental) após a queda do Muro de Berlim.
Três equipes fizeram suas estreias em Mundiais em 1990: Costa Rica,
Emirados Árabes Unidos e República da Irlanda.

CAMPEÃO: ALEMANHA
VICE: ARGENTINA
3º LUGAR: ITÁLIA
4º LUGAR: INGLATERRA
ARTILHEIRO: SALVATORE SCHILLACI (ITA), COM SEIS GOLS
SELEÇÕES: 24
JOGOS: 52
GOLS: 115 (MÉDIA DE 2,2 POR JOGO)
PÚBLICO: 2.516.348 (MÉDIA DE 48.391 POR JOGO)
ESTADOS UNIDOS
1994
De 17 de junho a 17 de julho
efinida em 1988, a escolha dos Estados Unidos para receber o
Mundial gerou dúvidas e críticas por parte de alguns países, que

D levantaram problemas como a histórica falta de tradição norte-


americana no soccer. O argumento da Fifa era poderoso, uma
questão de mercado, embora a possibilidade de maior difusão do
esporte no território americano, normalmente fechado em torno de suas
modalidades nacionais (beisebol, basquete e futebol americano), tenha sido
a justificativa institucional, justamente para se contrapor ao obstáculo da
falta de tradição. O resultado foi surpreendente. Apesar de grande parte do
país mostrar indiferença ao soccer, as médias de público durante o
torneio, pouco abaixo de 70 mil torcedores por jogo, não foram superadas
até hoje e os contratos publicitários também bateram todos os recordes.
Entre as propostas de expansão sugeridas pelos norte-americanos foi
efetivada em 1993 a criação da Major League Soccer, com a intenção de
aproveitar a visibilidade do torneio do ano seguinte para produzir ações de
marketing, principalmente junto às colônias latinas no país. Durante a
disputa, a maior dificuldade foram os grandes deslocamentos a que
seleções e torcedores foram submetidos, devido às longas distâncias entre
as cidades-sede. Foram nove sedes, da Costa Leste à Oeste. Três países
estrearam na Copa - Arábia Saudita, Grécia e Nigéria -, sendo que a Rússia
fez sua primeira participação depois da divisão da União Soviética. Foi a
primeira Copa que não teve nenhum representante das Ilhas Britânicas.

CAMPEÃO: BRASIL
VICE: ITÁLIA
3º LUGAR: SUÉCIA
4º LUGAR: BULGÁRIA
ARTILHEIROS: OLEG SALENKO (RUS) E HRISTO STOICHKOV (BUL), COM
SEIS GOLS
SELEÇÕES: 24
JOGOS: 52
GOLS: 141 (MÉDIA DE 2,7 POR JOGO)
PÚBLICO: 3.587.538 (MÉDIA DE 68.991 POR JOGO)
FRANÇA
1998
De 10 de junho a 12 de julho
segundo Mundial organizado pela França abriu a etapa com 32
seleções na disputa, fazendo com que 170 países se inscrevessem

O para participar das Eliminatórias. O número maior de equipes


permitiu que Ásia e África tivessem mais uma seleção na competição
e levou os organizadores do torneio a elaborarem uma tabela com
oito grupos na primeira fase, mantendo o confronto eliminatório, estilo
mata-mata, nas fases seguintes. A Fifa introduziu nesta edição a realização
de um evento-teste, disputado no ano anterior, que recebeu o nome de
Torneio da França, envolveu quatro seleções e foi realizado durante pouco
mais de uma semana. Esse evento foi a origem da Copa das
Confederações, disputada regularmente a partir do Mundial de 2002,
organizado por Coréia do Sul e Japão, sempre um ano antes da competição
principal, envolvendo os campeões de cada continente, o país anfitrião e o
campeão do mundo. Os franceses determinaram que dez estádios
receberiam os jogos da Copa, com destaque para o Stade de France, em
Saint-Denis, construído especialmente para o evento, palco da abertura e
da partida decisiva. Três países fizeram sua estreia em mundiais: África do
Sul, que durante anos ficou excluída em função da política segregacionista
do apartheid, Croácia e Japão. A Seleção da chamada República da
Iugoslávia jogou sob essa bandeira porque ainda reunia Sérvia e
Montenegro, países que se tornariam independentes pouco depois.

CAMPEÃO: FRANÇA
VICE: BRASIL
3º LUGAR: CROÁCIA
4º LUGAR: HOLANDA
ARTILHEIRO: DAVOR SUKER (CRO), COM SEIS GOLS
SELEÇÕES: 32
JOGOS: 64
GOLS: 171 (MÉDIA DE 2,7 POR JOGO)
PÚBLICO: 2.785.100 (MÉDIA DE 43.517 POR JOGO)
COREIA DO SUL E JAPÃO
2002
De 31 de maio a 30 de junho
m seu afã de expandir o futebol por novas fronteiras, a Fifa quebrou
vários paradigmas no Mundial de 2002. Realizou a primeira Copa na

E Ásia, permitiu pela primeira fez que dois países compartilhassem a


organização e autorizou, por motivos óbvios, que três equipes
estivessem pré-classificadas, os dois anfitriões e a França, ultima
campeã. A grandiosidade do evento não impediu algumas surpresas, como
a eliminação de favoritos como Argentina e França já na primeira fase e o
crescimento de países sem qualquer tradição, como Turquia, Senegal e a
própria Coreia do Sul. A frequência de público esteve um pouco aquém da
média histórica das Copas e a média de gols, 2,5 por partida, ficou entre as
piores de todos os mundiais. Nada menos que 199 equipes se inscreveram
nas Eliminatórias, que promoveram a maior goleada da história dos
mundiais, 31 a 0 da Austrália sobre a Samoa Americana na etapa prévia de
classificação. A Copa teve quatro calouros, China, Equador, Eslovênia e
Senegal, e 20 estádios, 10 em cada país, foram utilizados nos jogos. Das 20
praças esportivas, 18 foram construídas especialmente para o evento.

CAMPEÃO: BRASIL
VICE: ALEMANHA
3º LUGAR: TURQUIA
4º LUGAR: CORÉIA DO SUL
ARTILHEIRO: RONALDO (BRA), COM OITO GOLS
SELEÇÕES: 32
JOGOS: 64
GOLS: 161 (MÉDIA DE 2,5 POR JOGO)
PÚBLICO: 2.705.197 (MÉDIA DE 42.268 POR JOGO)
ALEMANHA
2006
De 9 de junho a 9 de julho
scolhida como sede da competição em julho de 2000, numa polêmica
disputa voto a voto com a África do Sul, a Alemanha realizou um

E Mundial de excelente qualidade, com um processo organizativo


elogiado por diversos países e também pela Fifa, que desde o princípio
defendia a candidatura africana (contemplada, por fim, com o direito
de promover a Copa de 2010). Foram 197 os inscritos para participar das
Eliminatórias, na disputa por 14 vagas da Europa, quatro da América do
Sul, quatro da América Central e do Norte, quatro da Ásia, cinco da África e
uma da Oceania, que precisou disputar um jogo extra com o quinto
colocado da Concacaf (América Central e do Norte). Houve recorde de
calouros na Copa alemã, com seis equipes atuando pela primeira vez:
Angola, Costa do Marfim, Gana, Togo, Trinidad Tobago e Ucrânia. Outras
duas seleções atuaram sob novas bandeiras depois das mudanças
geopolíticas na Europa, República Checa e Sérvia-Montenegro. Os
organizadores alemães prepararam 12 estádios em 12 cidades para
receber o evento, a maioria objetos de reformas de modernização. Dos três
estádios construídos especialmente para a Copa o mais importante foi a
Allianz Arena, de Munique, com capacidade para 66 mil torcedores.

CAMPEÃO: ITÁLIA
VICE: FRANÇA
3º LUGAR: ALEMANHA
4º LUGAR: PORTUGAL
ARTILHEIRO: MIROSLAV KLOSE (ALE), COM CINCO GOLS
SELEÇÕES: 32
JOGOS: 64
GOLS: 147 (MÉDIA DE 2,3 POR JOGO)
PÚBLICO: 3.359.439 (MÉDIA DE 52.491 POR JOGO)
ÁFRICA DO SUL
2010

De 11 de junho a 11 de julho

primeira Copa do Mundo no continente africano foi cercada de


polêmicas e suspense desde que África do Sul superou as

A candidaturas de Marrocos e Egito na eleição realizada pela Fifa em


maio de 2004. A partir dali, o grande desafio seria a construção de
cinco estádios, a remodelação de outros cinco e a garantia de
investimentos em setores como os de turismo, transporte, segurança e
telecomunicações para que o Mundial fosse viabilizado. Grande parte das
obras atrasou por falta de recursos e, ainda que, no final de 2008, o
presidente Joseph Blatter, da Fifa, tenha assegurado a realização do
torneio na África do Sul, nos bastidores dirigentes afirmavam que estava
sendo estudado um plano B, o que abriu espaço para várias especulações
durante meses. Por fim, o país confirmou que receberia a competição em
nove sedes, sendo que em Johannesburgo seriam utilizados dois estádios.
Não houve seleções estreantes na África do Sul, exceto pelo fato de que
Eslováquia e Sérvia disputaram sua primeira Copa sob bandeiras próprias
(já haviam jogado como Tchecoslováquia e Iugoslávia ou Sérvia-
Montenegro).

CAMPEÃO: ESPANHA

VICE: HOLANDA

3° LUGAR: ALEMANHA

4° LUGAR: URUGUAI

ARTILHEIROS: THOMAS MULLER (ALE), DAVID VILLA (ESP), WESLEY


SNAIJDER (HOL) E DIEGO FORLAN (URU), COM CINCO GOLS

SELEÇÕES: 32
JOGOS: 64

GOLS: 145 (MÉDIA DE 2,27 POR JOGO)

PÚBLICO: 3 178 856 (MÉDIA DE 49.669 POR JOGO)


COPAS DO MUNDO
DE FUTEBOL FEMININO
CHINA

1991

CAMPEÃO: ESTADOS UNIDOS

VICE: NORUEGA

3° LUGAR: SUÉCIA

SUÉCIA

1995

CAMPEÃO: NORUEGA

VICE: ALEMANHA

3° LUGAR: ESTADOS UNIDOS

EUA

1999

CAMPEÃO: ESTADOS UNIDOS

VICE: CHINA

3° LUGAR: BRASIL

EUA

2003
CAMPEÃO: ALEMANHA

VICE: SUÉCIA

3° LUGAR: ESTADOS UNIDOS

CHINA

2007

CAMPEÃO: ALEMANHA

VICE: BRASIL

3° LUGAR: ESTADOS UNIDOS

ALEMANHA

2011

CAMPEÃO: JAPÃO

VICE: ESTADOS UNIDOS

3° LUGAR: SUÉCIA

ANO OURO PRATA BRONZE


1900 GRÃ-BRETANHA FRANÇA BÉLGICA
EUA (CHRISTIAN
1904 CANADÁ EUA (ST. ROSE PARISH)
BROTHERS COLLEGE)
1908 GRÃ-BRETANHA DINAMARCA PAÍSES BAIXOS
1912 GRÃ-BRETANHA DINAMARCA PAÍSES BAIXOS
1924 URUGUAI SUÍÇA SUÉCIA
1928 URUGUAI ARGENTINA ITÁLIA
1936 ITÁLIA ÁUSTRIA NORUEGA
1948 SUÉCIA IUGOSLÁVIA DINAMARCA
1952 HUNGRIA IUGOSLÁVIA SUÉCIA
1956 UNIÃO SOVIÉTICA IUGOSLÁVIA BULGÁRIA
1960 IUGOSLÁVIA DINAMARCA HUNGRIA
EQUIPE ALEMÃ UNIDA
1964 HUNGRIA TCHECOSLOVÁQUIA (REPRESENTADA PELA
ALEMANHA ORIENTAL)
1968 HUNGRIA BULGÁRIA JAPÃO
UNIÃO SOVIÉTICA E
1972 POLÔNIA HUNGRIA
ALEMANHA ORIENTAL
ALEMANHA
1976 POLÔNIA UNIÃO SOVIÉTICA
ORIENTAL
1980 TCHECOSLOVÁQUIA ALEMANHA ORIENTAL UNIÃO SOVIÉTICA
1984 FRANÇA BRASIL IUGOSLÁVIA
1988 UNIÃO SOVIÉTICA BRASIL ALEMANHA OCIDENTAL
1992 ESPANHA POLÔNIA GANA
1996 NIGÉRIA ARGENTINA BRASIL
2000 CAMARÕES ESPANHA CHILE
2004 ARGENTINA PARAGUAI ITÁLIA
2008 ARGENTINA NIGÉRIA BRASIL
FUTEBOL NAS OLIMPÍADAS

QUADRO DE MEDALHAS FUTEBOL MASCULINO

FUTEBOL MASCULINO DO BRASIL

1952 5º COLOCADO (QUARTAS-DE-FINAL)

1960 6º COLOCADO (1ª FASE)

1964 9º COLOCADO (1ª FASE)

1968 10º COLOCADO (1ª FASE)

1972 13º COLOCADO (1ª FASE)

1976 4º LUGAR

1980 NÃO SE CLASSIFICOU

1984 PRATA

1988 PRATA

1992 NÃO SE CLASSIFICOU

1996 BRONZE

2000 7º COLOCADO (QUARTAS DE FINAL)

2004 NÃO SE CLASSIFICOU

2008 BRONZE

2012 PRATA
ANO OURO PRATA BRONZE
1996 EUA CHINA NORUEGA
2000 NORUEGA EUA ALEMANHA
2004 EUA BRASIL ALEMANHA
2008 EUA BRASIL ALEMANHA
2012 EUA JAPÃO CANADÁ

QUADRO DE MEDALHAS FUTEBOL FEMININO


TODOS OS CAMPEÕES BRASILEIROS

TAÇA BRASIL

1959 BAHIA

1960 SANTOS

1961 SANTOS

1962 SANTOS

1963 SANTOS

1964 SANTOS

1965 SANTOS

1966 CRUZEIRO

1967 PALMEIRAS

1968 BOTAFOGO

TORNEIO ROBERTO GOMES PEDROSA

1967 PALMEIRAS

1968 SANTOS

1969 PALMEIRAS

1970 FLUMINENSE

BRASILEIRÃO
BRASILEIRÃO

1971 ATLÉTICO MINEIRO

1972 PALMEIRAS

1973 PALMEIRAS

1974 VASCO DA GAMA

1975 INTERNACIONAL

1976 INTERNACIONAL

1977 SÃO PAULO

1978 GUARANI DE CAMPINAS

1979 INTERNACIONAL

1980 FLAMENGO

1981 GRÊMIO

1982 FLAMENGO

1983 FLAMENGO

1984 FLUMINENSE

1985 CORITIBA

1986 SÃO PAULO

1987 SPORT RECIFE

1988 BAHIA

1989 VASCO DA GAMA


1990 CORINTHIANS

1991 SÃO PAULO

1992 FLAMENGO

1993 PALMEIRAS

1994 PALMEIRAS

1995 BOTAFOGO

1996 GRÊMIO

1997 VASCO DA GAMA

1998 CORINTHIANS

1999 CORINTHIANS

2000 VASCO DA GAMA

2001 ATLÉTICO DO PARANÁ

2002 SANTOS

2003 CRUZEIRO

2004 SANTOS

2005 CORINTHIANS

2006 SÃO PAULO

2007 SÃO PAULO

2008 SÃO PAULO


2009 FLAMENGO

2010 FLUMINENSE

2011 CORINTHIANS

2012 FLUMINENSE

COPA DO BRASIL

1989 GRÊMIO

1990 FLAMENGO

1991 CRICIÚMA

1992 INTERNACIONAL

1993 CRUZEIRO

1994 GRÊMIO

1995 CORINTHIANS

1996 CRUZEIRO

1997 GRÊMIO

1998 PALMEIRAS

1999 JUVENTUDE

2000 CRUZEIRO

2001 GRÊMIO
2002 CORINTHIANS

2003 CRUZEIRO

2004 SANTO ANDRÉ

2005 PAULISTA

2006 FLAMENGO

2007 FLUMINENSE

2008 SPORT

2009 CORINTHIANS

2010 SANTOS

2011 VASCO DA GAMA

2012 PALMEIRAS
COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA
1960 PEÑAROL

1961 PEÑAROL

1962 SANTOS

1963 SANTOS

1964 INDEPENDIENTE

1965 INDEPENDIENTE

1966 PEÑAROL

1967 RACING

1968 ESTUDIANTES

1969 ESTUDIANTES

1970 ESTUDIANTES

1971 NACIONAL

1972 INDEPENDIENTE

1973 INDEPENDIENTE

1974 INDEPENDIENTE

1975 INDEPENDIENTE

1976 CRUZEIRO
1977 BOCA JUNIORS

1978 BOCA JUNIORS

1979 OLÍMPIA

1980 NACIONAL

1981 FLAMENGO

1982 PEÑAROL

1983 GRÊMIO

1984 INDEPENDIENTE

1985 ARGENTINOS JUNIORS

1986 RIVER PLATE

1987 PEÑAROL

1988 NACIONAL

1989 NACIONAL

1990 OLÍMPIA

1991 COLO-COLO

1992 SÃO PAULO

1993 SÃO PAULO

1994 VÉLEZ SARSFIELD

1995 GRÊMIO
1996 RIVER PLATE

1997 CRUZEIRO

1998 VASCO

1999 PALMEIRAS

2000 BOCA JUNIORS

2001 BOCA JUNIORS

2002 OLÍMPIA

2003 BOCA JUNIORS

2004 ONCE CALDAS

2005 SÃO PAULO

2006 INTERNACIONAL

2007 BOCA JUNIORS

2008 LDU

2009 ESTUDIANTES

2010 INTERNACIONAL

2011 SANTOS

2012 CORINTHIANS

2013 ATLÉTICO MINEIRO


MELHORES CLUBES DE TODOS OS TEMPOS

CORINTHIANS
São Paulo, SP - Brasil

Fundação – 1º de setembro de 1910

Estádio – Arena Corinthians

clube mais popular de São Paulo, com a segunda maior torcida do


país, tem sua história ligada à própria trajetória do futebol brasileiro.

O Teve fases gloriosas e grandes depressões ao longo de seus mais de


cem anos, mas sempre acompanhado pela apaixonada torcida, a
‘Fiel’, que proporcionou alguns dos mais impressionantes momentos
do clube, como em 1977, quando o Corinthians conquistou o título paulista
depois de um jejum de 22 anos, ou na ‘invasão’ do Maracanã, no
Campeonato Brasileiro de 1976, quando eliminou o Fluminense na
semifinal, ou ainda em Tóquio, dezembro de 2013, ao transformar o Estádio
de Yokohama em um ‘caldeirão’ na decisão contra o Chelsea que garantiu o
bicampeonato mundial de clubes. Maior campeão do Estado de São Paulo,
com 27 títulos, é pentacampeão brasileiro, conquistou cinco torneios Rio-
São Paulo e três Copas do Brasil. Descendeu à Série B em 2007 no pior
momento de sua história, mergulhado em uma crise institucional e
assolado por uma dívida milionária. O fundo do poço levou a uma profunda
reestruturação administrativa que imediatamente reconduziu o time à elite
do futebol brasileiro na temporada seguinte. O grande salto internacional
veio com a vitória na Copa Libertadores da América em 2012 e no Mundial
de Clubes do mesmo ano, competição que já havia vencido em 2000, na
primeira edição organizada pela Fifa, com jogos em São Paulo e no Rio de
Janeiro, vencendo o Vasco da Gama na decisão.

PALMEIRAS
São Paulo, SP - Brasil

Fundação – 26 de agosto de 1914

Estádio – Allianz Parque

undado pela imensa colônia italiana em São Paulo, o clube da Água


Branca cresceu de tal forma na primeira metade do século XX que

F angariou milhares de simpatizantes em todos os cantos do Estado -


tem nas cidades do Interior uma numerosa e fanática torcida. Teve
períodos marcantes quando ainda se chamava Palestra Itália,
denominação que abandonou durante a Segunda Guerra por razões
políticas. Mas sua fase de ouro ocorreu nas décadas de 1960 e 1970,
quando Ademir da Guia, talvez seu jogador mais emblemático, comandou a
célebre ‘Academia’, o único time capaz de concorrer com o Santos da Era
Pelé. Após um longo período sem títulos, justamente na fase pós-
Academia, voltou a seus grandes dias ao fechar um acordo pioneiro de
cogestão com a empresa italiana Parmalat. Seus oito títulos brasileiros
incluem três conquistas da antiga Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes
Pedrosa. Foi 22 vezes campeão paulista, ganhou quatro edições do Torneio
Rio-São Paulo e duas Copas do Brasil. Em 1999, conquistou seu maior feito
internacional, a Copa Libertadores da América. Foi duas vezes rebaixado à
Série B do Campeonato Brasileiro. Em compensação, tem em sua trajetória
uma passagem especialmente honrosa, quando representou o Brasil, em
1965, na inauguração do Mineirão, enfrentando o Uruguai com a camisa da
Seleção.

SÃO PAULO
São Paulo, SP - Brasil

Fundação – 25 de janeiro de 1930

Estádio – Morumbi

enhum clube brasileiro tem mais títulos internacionais do que o


tricolor do Morumbi, o mais novo dos grandes times do Estado e que

N retrata em sua camisa as cores de São Paulo. Herdeiro direto do


Clube Atlético Paulistano, que fechou seu departamento de futebol
de competição poucos meses antes da fundação do São Paulo,
sempre foi visto como time de elite, embora o crescimento de sua massa
torcedora tenha atingido todas as camadas sociais. No início dos anos de
1990 e em toda a década de 2000, acumulou a maioria de suas grandes
conquistas em nível nacional e internacional. Foi tricampeão da
Libertadores da América e do Mundial Interclubes, levantou seis títulos do
Campeonato Brasileiro, além de várias conquistas de torneios menores.
Dos 21 títulos paulistas de sua história, cinco foram vencidos nesse período
recente. Foi um dos primeiros clubes a investir em estrutura esportiva de
alto nível, tanto em seu centro de treinamento e alojamento, quanto no
departamento médico e áreas correlatas, como fisioterapia, fisiologia e
reabilitação física em geral. Mantém também um importante e moderno
centro de revelação de talentos, na cidade de Cotia, onde todo o processo
de formação é conduzido desde a seleção dos garotos até sua incorporação
às equipes principais, passando por uma cuidadosa assistência médica,
nutricional e odontológica.

SANTOS
Santos, SP - Brasil

Fundação – 14 de abril de 1912

Estádio – Vila Belmiro

e tivesse apenas revelado uma raridade esportiva como foi o Rei Pelé,
o Santos já teria cumprido sua missão no futebol mundial. Mas este

S clube surpreendente, que alternou etapas de glória e de recessão, fez


muito mais do que isso. Foi por muito tempo uma espécie de
coadjuvante dos grandes times da Capital, encaixando aqui e ali uma
temporada vitoriosa. Mas a partir da década de 1960, ou pouco antes,
impôs sua lei própria. Aquele Santos que conquistou nada menos que 22
títulos em dez anos não tinha só Pelé, o que já seria um abuso. Era um
timaço, que criou um modelo de jogo, uma escola que unia estética e
eficiência. Foi bicampeão da América, bicampeão mundial, dominou o
cenário doméstico e, por anos, sustentou a própria Seleção Brasileira. Na
história, foram 20 títulos paulistas e oito nacionais, contando Taça Brasil,
Roberto Gomes Pedrosa e Campeonato Brasileiro. Nos tempos pós-Pelé, o
clube continuou promovendo surpresas e formando craques, primeiro com
os ‘Meninos da Vila’, no fim da década de 1970, depois com a geração do
novo século, campeã brasileira em 2002 e 2004, e finalmente com a
promoção de um novo fenômeno, Neymar, que levou o time ao
tricampeonato da Libertadores da América e realimentou o estigma de que
a Vila Belmiro é o berço dos supercraques, antes de sair a peso de ouro
rumo ao Barcelona.

BOTAFOGO
Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Fundação – 12 de agosto de 1904

Estádio – Engenhão

grandeza de um clube é medida por sua tradição, pelos títulos que


conquista, pelos jogadores que revela e pelo carisma que em nenhum

A momento deixa de atrair os torcedores. Ao Botafogo, desde que


adotou o nome do bairro em que foi fundado, um nome de significado
esportivamente sintomático, nunca faltou nenhum desses
componentes. Embora seja um clube obrigatoriamente associado a uma
lenda, Mané Garrincha – como é o caso do Santos com Pelé -, o time da
histórica sede da rua General Severiano tem tanta riqueza, drama e
regozijo em sua trajetória que sempre terá algo mais a contar. Como o fato
de ter 47 de seus maiores craques ligados às grandes conquistas da
Seleção Brasileira em Copas do Mundo, ou curiosidades como a mais longa
invencibilidade do Campeonato Brasileiro, 42 jogos, entre 1977 e 1978.
Vinte vezes campeão carioca, bicampeão brasileiro (incluindo a Taça
Brasil), nem mesmo o longo jejum de 21 anos sem títulos importantes,
entre 1968 e 1989, ofuscou o orgulho de ser botafoguense, o currículo
respeitável e a imagem vitoriosa reconhecida no exterior, muito em função
da história impressionante de vários de seus craques.

FLAMENGO
Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Fundação – 17 de novembro de 1895

Estádio – Maracanã

impressionante popularidade nacional do Flamengo, o time com a


maior torcida do país, vem de longe, do final da década de 1930,

A quando a adequação ao profissionalismo permitiu ao clube da Gávea


melhorar sua estrutura e contratar craques como Domingos da Guia,
Leônidas e Zizinho, entre outros. No começo dos anos 40, surgia
aquela que é considerada a primeira torcida organizada do país, a Charanga
Rubro-Negra, coincidindo com a conquista do primeiro tricampeonato
carioca. O time do povo se consolidava. O auge da popularidade, porém,
viria na Era Zico – considerado com sobras o maior jogador da história do
clube. Zico comandou uma máquina de jogar futebol na passagem da
década de 1970 para a de 1980. Esteve presente em três dos cinco títulos
brasileiros, foi campeão da Libertadores da América e do Mundial
Interclubes. Também com Zico, o Flamengo conquistou sete de seus 32
campeonatos cariocas – é o maior campeão do Estado. Exceto pelo título
brasileiro de 2009, a primeira década do novo século foi complicada.
Administrativamente o clube viveu o inferno e dentro de campo esteve ao
menos duas vezes ameaçado de rebaixamento, além de perder duas finais
de Copa Brasil, para o Cruzeiro e para o modesto Santo André. Alvo de
grandes disputas políticas nos últimos anos, o Flamengo ainda busca por
uma fórmula eficiente de gestão, à altura da grandeza do clube.

FLUMINENSE
Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Fundação – 21 de julho de 1902

Estádio – Maracanã

ecano dos grandes clubes brasileiros (Flamengo e Vasco criaram


seus departamentos de futebol muitos anos depois de suas

D fundações), tem a honra de ter seu nome ligado a um dos pioneiros


do futebol no Brasil, Oscar Cox. Vinculado desde a origem às classes
privilegiadas da sociedade carioca, fez do futebol o carro-chefe de sua
proposta esportiva, o que inevitavelmente levou a uma maior popularização
do clube. Foi no tradicional Estádio das Laranjeiras, construído para o
Campeonato Sul-Americano, em 1919, que a Seleção Brasileira fez suas
primeiras exibições internacionais e conquistou naquele torneio seu
primeiro título continental, ao vencer na decisão o Uruguai, por 1 a 0, gol de
Arthur Friedenreich. Em sua trajetória marcada pela revelação de muitos
craques e conquistas inesperadas, o Tricolor das Laranjeiras lembra com
orgulho especial do título da Copa Rio, de 1952, um torneio internacional
que serviu em parte para resgatar o futebol brasileiro da depressão pós-
derrota de 1950. Campeão carioca em 31 ocasiões, tetracampeão
brasileiro, contando a conquista do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de
1970, o time das façanhas impossíveis saiu da Série C em 1999 para ter
ascensão fulminante na primeira década do novo século, incluindo a
participação em duas finais continentais, da Libertadores da América e da
Copa Sul-Americana.

VASCO DA GAMA
Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Fundação – 21 de agosto de 1898

Estádio – São Januário

orgulho de ser o mais democrático dos clubes cariocas desde sua


origem é a marca do Vasco da Gama, criado por um grupo de

O remadores de origem portuguesa no fim do século XIX. A mistura de


etnias sempre caracterizou o clube de São Cristóvão, que admitiu
desde os primeiros tempos em sua diretoria e em todas as
modalidades o acesso de negros e mulatos, bem como de atletas de todas
as classes sociais. O clube chegou a ser excluído da Associação
Metropolitana de Esportes Atléticos, fundada pelos times da Zona Sul, pelo
simples motivo de ter em seus quadros 12 jogadores negros.
Paralelamente a sua luta social o clube crescia a ponto de inaugurar, em
1927, o primeiro grande estádio do país, o São Januário. Na década de 1940
surgiu o temível ‘Expresso da Vitória’, time tricampeão carioca que tinha
entre seus craques Ademir de Menezes e Jair Rosa Pinto e que conquistou
em 1948 o primeiro Campeonato Sul-Americano de Clubes. Na trajetória
vitoriosa do clube que tem um das cinco maiores torcidas do país está a
conquista de 22 títulos cariocas, quatro Campeonatos Brasileiros, duas
Copas do Brasil e três edições do Torneio Rio-São Paulo. Três dos maiores
artilheiros do Campeonato Brasileiro foram jogadores do Vasco: Roberto
Dinamite, Romário e Edmundo.

ATLÉTICO MINEIRO
Belo Horizonte, MG – Brasil

Fundação – 25 de março de 1908

Estádios – Independência/Mineirão
rimeiro vencedor da era moderna do Campeonato Brasileiro, iniciada
oficialmente em 1971, e maior campeão do futebol mineiro, com 42

P títulos estaduais, o Atlético ainda busca projeção internacional à


altura de sua torcida e de sua história, o que começou a mudar com a
conquista da Copa Libertadores da América de 2013. Até então, o
Galo Mineiro tinha apenas sido campeão de duas edições da antiga Copa
Conmebol, versão anterior da Copa Sul-Americana. Escorado por uma
imensa e fiel torcida, o clube com sede no bairro de Lourdes, área central
de Belo Horizonte, detém a marca de melhor público em 10 das 41
primeiras edições do Campeonato Brasileiro, perdendo apenas para o
Flamengo (com 12). O time viveu seu pior momento ao ser rebaixado à
Série B, em 2005, retornando no ano seguinte. Ao menos dois dos maiores
atacantes do país fizeram história no Atlético Mineiro, alimentando com
muitos gols nos clássicos locais a enorme rivalidade contra o Cruzeiro:
Reinaldo, o maior de todos os ídolos, chamado pelos torcedores de ‘Rei’, e
Dario, o Dadá Maravilha. O Centro de Treinamento do Atlético, a Cidade do
Galo, é considerado um dos mais modernos da América Latina e está
localizado no município de Vespasiano, na região metropolitana de Belo
Horizonte.

CRUZEIRO
Belo Horizonte, MG – Brasil

Fundação – 2 de janeiro de 1921

Estádio – Mineirão
origem do clube mais vitorioso de Minas Gerais tem muitas
semelhanças com o Palmeiras. Fundado pela colônia italiana, foi

A chamado inicialmente de Societá Sportiva Palestra Itália e teve o


nome alterado, em 1942, pela mesma razão do coirmão paulista, a
rejeição internacional ao governo fascista de Benito Mussolini antes e
durante a Segunda Guerra. A rivalidade com o grande adversário da cidade
atravessou mais de meio século pontuando as disputas no Campeonato
Mineiro, mas o grande Cruzeiro se revelou para o país na Taça Brasil de
1966, disputada contra o maior time de então, o Santos, bicampeão do
mundo e da América, um esquadrão comandado por Pelé. A goleada em
Belo Horizonte por 6 a 2 e vitória de virada no Pacaembu, 3 a 2, deram o
título ao Cruzeiro, comandado por um maestro, o maior jogador de sua
história, Tostão. Começava ali a trajetória de um clube definitivamente
inserido na elite do futebol brasileiro. Desde então, foi campeão de duas
Copas Libertadores da América, duas Supercopas Sul-Americanas, de
quatro Copas do Brasil, dois campeonatos brasileiros, incluindo aquela
memorável final de 1966, e de 36 campeonatos estaduais, entre outras
conquistas. O Cruzeiro tem dois ótimos centros de treinamento (Toca da
Raposa I e II), um destinado aos profissionais e outro às divisões de base.

GRÊMIO
Porto Alegre, RS – Brasil

Fundação – 15 de setembro de 1903

Estádio – Arena Grêmio


undado por um grupo de 30 adeptos do futebol em um restaurante na
área central de Porto Alegre, o Grêmio alimentou durante o período do

F amadorismo o estigma de clube das classes mais privilegiadas e


escolheu um bairro nobre para construir seu primeiro campo oficial. A
partir da criação da primeira Liga de clubes gaúchos, o Grêmio
alternou épocas de domínio confortável com períodos de baixo rendimento,
principalmente nas décadas de 1930, com o advento do profissionalismo, e
de 1940, enquanto a volátil rivalidade com o Internacional se consolidava.
Com a construção do Estádio Olímpico, inaugurado em 1954, o clube
conquistou 12 títulos gaúchos em 15 anos, incluindo o heptacampeonato na
década de 1960. Experimentou em seguida um longo jejum até chegar ao
grande momento de sua história, o ano de 1983, com o título da Copa
Libertadores e da Copa Intercontinental de Clubes, vencendo o Hamburgo
na final de Tóquio, com uma exibição inesquecível de um de seus craques
emblemáticos, Renato Portaluppi. Com dois títulos brasileiros,
tetracampeão da Copa do Brasil, 36 vezes campeão gaúcho, o Grêmio
ainda viveria um momento internacional importante ao conquistar sua
segunda Taça Libertadores, em 1995, sob o comando de Luiz Felipe
Scolari, embora tenha sido derrotado na final interclubes de Tóquio pelo
Ajax, na decisão por pênaltis. Em 2004, caiu para a Série B do Campeonato
Brasileiro, retornando no ano seguinte.

INTERNACIONAL
Porto Alegre, RS – Brasil

Fundação – 4 de abril de 1909


Estádio – Beira Rio

vocação do Colorado gaúcho era, desde sua fundação, a de formar um


clube democrático, aberto a todos os setores, sem vínculos com

A nenhuma corrente migratória ou classe social – na verdade, a


principal razão de ter sido escolhido o nome Internacional. Clube com
muitos estudantes e associados da classe média de Porto Alegre,
desde cedo alimentou sua rivalidade com o Grêmio, mas a primeira grande
fase do Inter só viria na década de 1940, com o time denominado ‘Rolo
Compressor’, numa época em que os clubes do Sudeste dominavam o
cenário nacional. Foi o Colorado um dos maiores responsáveis, junto com o
rival Grêmio, pela ampliação desse eixo técnico na passagem dos anos 60
para os 70. O clube que conquistou oito vezes consecutivas o Campeonato
Gaúcho foi também tricampeão brasileiro na década de 1970, comandado
por jogadores míticos como Elias Figueroa e Paulo Roberto Falcão. Até que
chegou a etapa de conquistas internacionais, a primeira década do século
XXI, com o bicampeonato da Copa Libertadores da América (2006 e 2010),
o título mundial interclubes (2006), derrotando na final o Barcelona, além
do bicampeonato da Recopa e a Taça Sul-Americana. No Campeonato
Gaúcho foram 42 títulos conquistados, o primeiro em 1927.

CORITIBA
Curitiba, PR - Brasil

Fundação – 12 de outubro de 1909


Estádio – Couto Pereira

omo grande parte dos times mais antigos do país, o Coritiba nasceu
pela iniciativa de um grupo de imigrantes, neste caso alemães, que

C frequentavam o Clube Ginástico Teuto-Brasileiro, na capital


paranaense. Foi batizado, em princípio, como Coritibano Football
Club, primeira agremiação do Estado voltada exclusivamente para o
futebol. Essa vocação pioneira acompanhou o ‘Coxa’ em toda sua trajetória.
Maior campeão do Paraná, com 37 títulos do campeonato estadual
(incluindo o hexacampeonato entre 1971 e 1976), foi também o primeiro
clube do Estado a conquistar o Brasileirão (1985, vencendo a final contra o
Bangu, no Maracanã) e, por consequência, o primeiro a disputar a Taça
Libertadores da América, em 1986. A irregularidade de rendimento na
segunda metade da década de 2000 levou o time a ser rebaixado em duas
ocasiões, em ambas, porém, retornando como campeão da Série B (2007 e
2010). Em 2011, o Coritiba conseguiu um feito inédito na história do futebol
brasileiro, construindo uma série de 24 vitórias consecutivas em partidas
oficiais.

BAHIA
Salvador, BA – Brasil

Fundação – 1º de janeiro de 1931

Estádio – Arena Fonte Nova


chamado ‘Esquadrão de Aço’, time mais popular do Norte/Nordeste,
surgiu praticamente ao mesmo tempo em que o futebol brasileiro

O caminhava para o profissionalismo. Sensação das disputas regionais,


o clube começou a sonhar com conquistas maiores quando foi
inaugurada a Fonte Nova, na década de 1950, época em que ainda
não era possível competir com os clubes do Sul/Sudeste. O Bahia, porém,
surpreendeu o grande Santos que já começava a surgir e, em 1959, venceu
o primeiro torneio nacional do país, a Taça Brasil, o que tornou o clube o
primeiro representante brasileiro na Copa Libertadores da América. A
disputa com o Vitória pela supremacia no Estado marcou toda a trajetória
do Bahia, que conquistou 44 títulos estaduais, contra 27 do rival. O
momento de glória, porém, veio com a conquista do Campeonato Brasileiro
de 1988, no time comandado por Bobô e treinado por Evaristo de Macedo,
que bateu o Internacional de Porto Alegre na decisão. Em contrapartida, a
década de 2000 foi nefasta, uma decadência que jogou o time na Série C e
obrigou os dirigentes a promover uma reforma administrativa para
redefinição de objetivos até a volta à Série A em 2010 e a conquista do
título estadual em 2012, depois de 11 anos de jejum.

SPORT RECIFE
Recife, PE – Brasil

Fundação – 13 de maio de 1905

Estádio – Ilha do Retiro


história do jovem bem nascido, que foi fazer seus estudos na
Inglaterra e, na volta, trouxe o futebol como novidade repetiu-se em

A Recife, como já ocorrera em tantas cidades brasileiras. O jovem em


questão era Guilherme de Aquino Fonseca, que estudou em
Cambridge onde se familiarizou com o jogo de bola, e o clube criado
no início do século XX seria uma potência do Nordeste, o Sport Recife. Um
dos orgulhos do Estado de Pernambuco, o clube mantém um imponente
complexo esportivo na Ilha do Retiro, incluindo seu tradicional estádio,
palco de memoráveis clássicos contra os rivais de sempre, Náutico e Santa
Cruz. Campeão brasileiro de 1987, reconhecido pela CBF, na conturbada
disputa da chamada Copa União (título que o Flamengo também reivindica),
o ‘Leão da Ilha’ é absoluto em conquistas no seu Estado, com 37 títulos
(contra 27 do Santa Cruz e 21 do Náutico). Levantou também duas Copas
do Nordeste, uma Copa do Brasil (2008), vencendo a final contra o
Corinthians, e o título da Série B em 1990. O clube tem também tradição
em várias modalidades olímpicas, do remo ao atletismo.

BARCELONA
Barcelona, Espanha

Fundação – 29 de novembro de 1899

Estádio – Camp Nou

ais que um clube’, na definição de seus próprios seguidores, o


Barcelona nasceu sob a inspiração de um suíço, Hans ‘Joan’

M Gamper, que reuniu um pequeno grupo diletante no fim do século


XIX para dar início a uma verdadeira insígnia da Catalunha. No grupo
havia seis espanhóis, três ingleses, dois suíços e um alemão, um
retrato da expansão multinacional do futebol naqueles tempos. Por prezar
suas raízes sociopolíticas e a histórica resistência catalã ao poder central, o
clube chegou a ter seu estádio de Les Corts fechado na década de 1920
pelo ditador Primo de Rivera, em razão das manifestações
antimonarquistas e contra o governo de Madrid. Gamper chegou a ser
exilado e só voltou ao país com a condição de manter-se afastado do clube.
Em 1930, deprimido, suicidou-se aos 52 anos. Até se tornar a associação de
futebol com o segundo maior número de sócios do mundo (180 mil, atrás
apenas do Benfica), o Barça escreveu uma história de conflitos políticos e
esportivos com o grande rival da capital, Real Madrid, mas também repleta
de glórias e títulos, coroada com uma temporada perfeita mais de um
século depois de sua fundação, quando, em 2009, conquistou todos os
títulos que disputou – Liga, Copa do Rei, Supercopa da España, Supercopa
da Europa, Champions League e Mundial de Clubes. Os ‘blaugranas’ (azul-
grenás) foram campeões da Espanha 22 vezes, ganharam 27 edições da
Copa do Rei, quatro Champions League e dois Mundiais de Clubes.

REAL MADRID
Madrid, Espanha

Fundação – 6 de março de 1902


Estádio – Santiago Bernabéu

clube que é um dos símbolos mais significativos da Espanha, rival


histórico do Barcelona, foi ironicamente fundado por dois irmãos

O catalães que viviam na capital espanhola no início do século XX, Juan


e Carlos Padrós. Desde então, a mística da camisa branca, no início
acompanhada por calções azuis, marcou a trajetória do clube, criado
a princípio como Madrid Foot-Ball Club e homenageado em 1920, pelo rei
Alfonso XIII, com o título de ‘Real’, que ficaria para sempre incorporado ao
nome do time. Sua proximidade com a monarquia e, posteriormente, com o
governo ditatorial do generalíssimo Francisco Franco – época em que foi
construído o Estádio Santiago Bernabéu - criou o estigma de ‘clube do
poder’, que de alguma forma persegue a equipe merengue até os dias
atuais. Eleito pela Fifa melhor time de futebol do século XX, detém o
recorde de nove títulos conquistados da Champions League, é o clube de
maior popularidade na Espanha e tornou-se, nas últimas duas décadas,
uma entidade esportiva sem fronteiras, disputando palmo a palmo com
Manchester United e Barcelona o título de equipe com maior número de
seguidores em todos os continentes. Conquistou 19 vezes a Liga
Espanhola, 18 vezes a Copa do Rei e foi em três ocasiões campeão do
Mundial de Clubes.

ATLÉTICO DE MADRID
Madrid, Espanha

Fundação – 26 de abril de 1903


Estádio – Vicente Calderón

‘primo pobre’ da capital espanhola sempre esteve à sombra do


poderoso Real Madrid, mas possui uma numerosa coletividade, que

O se orgulha de suas origens populares. O Atlético, fundado por


estudantes bascos para ser uma espécie de filial do Athletic Bilbao,
também se acostumou a ser o terceiro em tudo no contexto do
futebol espanhol, como fiel da balança na encarniçada disputa entre Real e
Barcelona. Com nove títulos da Liga Espanhola, dez vezes campeão da
Copa do Rei, ganhou duas vezes a Europa League, torneio que substituiu a
Copa da Uefa, e tem um título mundial de clubes mesmo sem ter sido
vencedor da Champions League. Em 1974, após perder a final europeia
para o Bayern de Munique, ganhou o direito de decidir a então chamada
Copa Intercontinental contra o Independiente da Argentina, uma vez que o
time alemão desistiu da competição. Derrotado em Avellaneda por 1 a 0, o
Atlético conquistou o título ao vencer os argentinos em Madrid, por 2 a 0.
Nos 260 derbys madrileños contra o Real em todos os torneios oficiais,
foram 141 vitórias do adversário, 56 empates e 63 vitórias do Atlético.

JUVENTUS DE TURIM
Turim, Itália

Fundação – 1 de novembro de 1897

Estádio – Juventus Stadium


fato de um em cada quatro italianos ser torcedor da Juventus de
Turim mostra bem como este clube do Piemonte, em um país de

O fortes vínculos culturais regionais, derrubou importantes barreiras


para se tornar quase uma preferência nacional na segunda metade
no século XX. Fundado por um grupo de estudantes no fim do século
XIX, a ‘Juve’ começou a disputar partidas oficiais na Terceira Divisão,
quando ainda utilizava as camisas de cor rosa, contrastadas com as calças
pretas. Ao longo de décadas, o clássico local contra o Torino e o chamado
‘Derby da Itália’ contra a Internazionale de Milão se constituíram em
atrações à parte na história das velhas rivalidades do ‘calcio’. Chamada de
‘Vecchia Signora’, a Juventus viveu etapas de grandes conquistas, como a
década de 1970 e até meados dos anos 1980, quando levantou nove de
seus 29 campeonatos da Série A. Foi bicampeã da Champions League,
bicampeã do Mundial de Clubes e conquistou ainda três títulos da antiga
Copa da Uefa (atual Europa League), além de nove edições da Copa Itália. A
par de sua grande projeção internacional, o time ficou marcado, porém, por
alguns escândalos no cenário interno, o mais grave deles envolvendo
suborno de árbitros e manipulação de resultados, levando à punição com o
rebaixamento em 2006 para a Série B e à perda dos dois títulos nacionais
das temporadas anteriores.

MILAN
Milão, Itália

Fundação – 16 de dezembro de 1899


Estádio – San Siro (Giuseppe Meazza)

undado como um clube de críquete e de futebol, o Milan foi mais um


que teve os ingleses em sua origem. Um jogador de futebol britânico,

F Herbert Kilpin, e o vice cônsul inglês em Milão, Albert Edwards,


tomaram a iniciativa de criar uma associação, contando com a simpatia
dos estudantes da cidade, apesar de a alta sociedade milanesa ter
restrições quanto à prática do futebol. Mas o clube foi um sucesso, ganhou
três títulos em seus primeiros anos de vida, tendo Kilpin como seu capitão,
até que duas rupturas mudaram o rumo da história. Primeiro, em 1908, um
grupo de sócios abandonou a agremiação por discordar da política com
jogadores estrangeiros, fundando a Inter de Milão e criando uma das
maiores rivalidades do futebol mundial, ‘Il Derby della Madonnina’. Em
seguida, os não italianos acabaram vetados em toda a Liga e Kilpin perdeu
o emprego. O Milan ficou mais de 40 anos sem um título do campeonato,
viu o crescimento da Juventus, da rival Inter e dos times de Roma, e só
ressurgiu imponente na década de 1950. É o segundo maior vencedor de
campeonatos italianos, ao lado da Internazionale, com 18 títulos, mas
detém o privilégio de ser o líder em conquistas internacionais mais
importantes, com seus sete títulos da Champions League, perdendo
apenas para o Real Madrid. Foi ainda cinco vezes campeão da Copa Itália,
seis vezes da Supercopa da Itália e quatro vezes campeão do Mundial de
Clubes.

INTERNAZIONALE
Milão, Itália
Fundação – 9 de março de 1908

Estádio – San Siro (Giuseppe Meazza)

uando os dissidentes do Milan fundaram um novo clube na cidade, a


proposta de se chamar Internazionale visava justamente derrubar as

Q barreiras aos jogadores estrangeiros. Mas o time pagou por isso com
a ascensão do fascismo. A associação do nome à Internacional
Comunista, fundada em 1919 por iniciativa de Lenin e dos partidos de
esquerda da Rússia, fez com que o governo de Benito Mussolini obrigasse o
clube a mudar sua denominação para Società Sportiva Ambrosiana, em
1929, não impedindo, porém, que os torcedores continuassem gritando
‘Forza Inter!’ durante os jogos. Essa pressão levou os dirigentes a
conseguirem permissão de usar o nome Ambrosiana-Inter a partir de 1932
e até o final da Segunda Guerra. A rivalidade com o Milan e também com a
Juventus marcou toda a trajetória do clube, que teve um período glorioso a
partir de meados da década de 1950, quando formou o time chamado de
‘Grande Inter’, viveu momentos complicados nas décadas de 1980 e 1990 e
só retomou as conquistas com o pentacampeonato italiano na segunda
metade dos anos 2000, fechando o ciclo com a conquista da Champions
League (2010), a terceira de sua história. A Inter conquistou no total 18
títulos italianos, sete Copas da Itália e três mundiais interclubes.

ROMA
Roma, Itália
Fundação – 22 de julho de 1927

Estádio – Olímpico de Roma

necessidade de criar na capital um clube forte, que fizesse frente aos


poderosos do norte, levou o Partido Fascista Italiano a promover a

A união de três agremiações de futebol. Em plena escalada político-


militar de Benito Mussolini, era imperativo garantir prestígio à sede do
governo também no esporte. Por pouco, também a Lazio, que seria a
grande rival da Roma, não entra na fusão, que foi rejeitada por sua diretoria
e, por fim, avalizada pelo Duce em pessoa - ele próprio torcedor da Lazio.
Todo esse esforço não bastou para que a Roma se equiparasse aos rivais. O
clube que possui a quinta maior torcida da Itália conquistou apenas três
títulos da Série A em seus mais de 80 anos de história. Chegou a ficar
quatro décadas sem comemorar um scudetto, só voltando ao topo com o
timaço que montou no início dos anos de 1980 (o primeiro título fora em
1941/1942), comandado por Paulo Roberto Falcão. Depois disso foi mais
uma vez campeão em 2000/2001, na geração de Francesco Totti. É, porém,
junto com a Juventus, a equipe com mais Copas da Itália, com nove
conquistas. Participou de duas finais de copas europeias (Champions
League de 1983/1984 e Copa da Uefa de 1990/1991), sendo derrotada em
ambas.

'

ARSENAL
Londres, Inglaterra
Fundação – 11 de dezembro de 1886

Estádio – Emirates Stadium

undado por funcionários de uma fábrica de armamentos do sudeste de


Londres, a Royal Arsenal, o clube teve altos e baixos em seus

F primeiros anos, incluindo uma mudança de local da sede, rumo ao


norte da cidade, onde ocuparia o Higbury Stadium em 1913. Dividindo
as preferências da região com o Tottenham Hotspur, seu maior rival, o
Arsenal viveu seu grande momento nessa primeira etapa ao contratar em
1925 um treinador de fizera sucesso no Huddersfield Town, pequeno clube
do centro-norte do país. Tratava-se de Herbert Chapman, que viria a
revolucionar os conceitos táticos do futebol ao criar o sistema WM, um
precursor da maioria dos esquemas táticos adotados no século XX. Com
Chapman, o Arsenal conquistou de forma consecutiva seus primeiros
quatro títulos da Premier League entre 1930 e 1934, ano da morte do
treinador, vítima de uma pneumonia. Tinha 55 anos. Mas não foi apenas
Chapman o técnico que colocou o Arsenal entre os grandes da história. O
francês Arsene Wenger, mais longevo treinador da Premier League
(assumiu o clube em 1996), foi o responsável pelo time que conquistou o
único título invicto da Inglaterra até hoje, na temporada 2003/2004. O
Arsenal acumula 13 títulos da Premier League, dez da FA Cup e dois da
Copa da Liga. Na única final de Champions League de que participou, em
2006/2007, foi derrotado pelo Barcelona.

CHELSEA
Londres, Inglaterra

Fundação – 11 de março de 1908

Estádio – Stamford Bridge

ma história às avessas, na qual o estádio vem antes do clube, marcou


o surgimento do Chelsea, hoje um dos times mais poderosos do Reino

U Unido. Originalmente uma praça esportiva para a prática do


atletismo, Stamford Bridge foi comprada no fim do século XIX pelo
empresário Gus Mears, que pretendia acomodar ali um clube de
futebol. Convidou então o Fulham – que viria a ser o maior rival do Chelsea
na zona oeste de Londres -, mas a proposta foi rejeitada. Depois de várias
tentativas frustradas, quando estava prestes a revender o estádio, resolveu
fundar um time de futebol em 1908. Mears não chegou a ver seu clube
triunfar porque morreu em 1912. Somente na década de 1950, o clube da
camisa azul que havia conquistado muitos fãs, apesar de seu desempenho
irregular ao longo de muitos anos, atingiu a maturidade, com a
modernização de seu modelo de gestão. Conquistou quatro títulos da
Premier (os três últimos na década de 2000), sete vezes a FA Cup e quatro
títulos da Copa da Liga. O grande salto financeiro com a chegada à direção
do bilionário russo Roman Abramovich, que em 2003 pagou 140 milhões de
libras para ser o novo proprietário, colocou o clube na linha de frente do
futebol europeu graças a um poderoso suporte financeiro, processo que
teve momentos difíceis na administração das dívidas, mas que culminou
com a conquista da Champions League na temporada 2011/2012.
LIVERPOOL
Liverpool, Inglaterra

Fundação – 3 de junho de 1892

Estádio – Anfield Road

m dos mais tradicionais e populares clubes da Grã Bretanha surgiu a


partir de uma desfeita de seu grande rival local, o Everton. Ao

U abandonar o estádio de Anfield, por considerar o aluguel muito caro, o


Everton levou o proprietário do campo, John Holding, a fundar o
Liverpool, que no início tinha um nome adotado para provocar o rival –
Everton Athletic -, utilizado até 1910. A maior rivalidade dos Reds, porém,
seria em escala nacional com o Manchester United, uma disputa acirrada
entre cidades próximas, que dividiriam a maioria dos títulos da Premier
League, com atual vantagem para o United, 20 a 18. O Liverpool, por outro
lado, tem cinco títulos de Champions League, dois a mais que o rival. A
trajetória de momentos sublimes do Liverpool só foi manchada por dois
episódios trágicos: a morte de 39 torcedores em um confronto de hooligans
pouco antes do início da final da Champions League de 1985, contra a
Juventus de Turim, no estádio de Heysel, em Bruxelas; e a morte de 96
torcedores em Sheffield, a maioria pisoteada, no estádio de Hillsborough,
local da final da FA Cup contra o Nottingham Forest, consequência do
excesso de lotação e da má organização policial. O Liverpool tem no
currículo sete títulos da FA Cup e um da Copa da Liga.
MANCHESTER CITY
Manchester, Inglaterra

Fundação – 1880

Estádio – City of Manchester

m seus mais de 130 anos de história, o segundo clube de Manchester


teve sucessivas crises financeiras, passou por provações como o

E incêndio no antigo estádio, Hyde Road, e conviveu com a sombra do


poderoso rival da cidade. Fundado por um grupo de trabalhadores da
área metalúrgica, mudou de nome duas vezes em seus primeiros 14
anos até ser chamado de Manchester. Entre poucos êxitos, como a
conquista da FA Cup em 1904, e muitas desilusões, viveu um bom
momento na década de 1930, mas em seguida caiu para a Segunda Divisão,
abrindo uma série de ciclos em que conquistava o acesso à elite, mas em
seguida alternava com anos de depressão. A estabilização só chegou após
a mudança do clube para o estádio City of Manchester, no bojo de uma
estruturação que culminou com a venda da entidade para o United Group
for Development and Investment, empresa de investimentos dos Emirados
Árabes. Contratações milionárias e projetos de crescimento dos quadros
sociais e esportivos colocaram o City numa posição de igualdade com os
grandes clubes ingleses, investimento premiado com a conquista da
Premier League de 2011/2012, a terceira de sua história. O clube
conquistou também cinco edições da FA Cup, duas Copas da Liga e foi
campeão da Segunda Divisão em sete ocasiões.
MANCHESTER UNITED
Manchester, Inglaterra

Fundação – 1878

Estádio – Old Trafford

maior potência futebolística do início do século XXI, modelo de gestão


e popularidade, que atingiu mais de 600 milhões de seguidores no

A mundo, quase metade no continente asiático, tem um história repleta


de dramas, tragédias e ameaças de bancarrota. Criado pelos
funcionários da manutenção de uma ferrovia em Newton Heath
(primeiro nome do time), por pouco o clube não é liquidado no início do
século XX depois de acumular muitas dívidas. Foi salvo por um grupo de
empresários, mudou de nome e iniciou sua gloriosa trajetória. Durante a
Segunda Guerra, porém, o bombardeio de Trafford Park, o complexo
industrial que fornecia suprimentos de guerra ao governo, atingiu também
o estádio de Old Trafford, levando o United nos anos seguintes a pedir
ajuda ao rival Manchester City, enquanto reformava sem campo de jogo.
Em fevereiro de 1958, mais um duro golpe: o avião que trazia delegação de
uma partida pela Champions League, contra o Estrela Vermelha de
Belgrado, caiu em Munique após decolar em uma escala, matando 23
pessoas, entre as quais oito jogadores e alguns membros do staff técnico.
O clube encontrou forças para se recuperar na década seguinte, com o
time reconstruído pelo legendário técnico Matt Busby, apoiado pelo seu trio
de ouro – Bob Charlton, Denis Law e George Best. Seguiu-se um longo
período sem títulos até a chegada em 1986 do técnico que mudou os
paradigmas do United, o escocês Alex Ferguson. Com ele, foram 13 títulos
da Premier League (do total de 20 que o clube possui) e cinco da FA Cup
(de um total de 11). O United foi ainda tricampeão da Champions League
(duas vezes com Ferguson) e campeão mundial de clubes. Em 1998/1999,
conseguiu a inédita Tríplice Coroa do futebol inglês, conquistando Liga,
Copa e Champions.
BAYERN DE MUNIQUE
Munique, Alemanha

Fundação – 27 de fevereiro de 1900

Estádio – Allianz Arena

clube com maior prestígio, popularidade e títulos da Alemanha


começou a se tornar uma potência apenas em meados da década de

O 1960, quando conseguiu definitivamente sua promoção à Bundesliga.


Até então, viveu uma história desigual de crescimento, intercalada
por momentos de profunda recessão esportiva e social. Fundado por
um grupo de futebolistas que se desvinculou de um clube de ginástica,
sofreu baques seguidos com as guerras mundiais em seu primeiro meio
século de vida. A interrupção com a Primeira Guerra cortou um momento
técnico favorável, mas foi no segundo conflito que o Bayern, conhecido
como ‘time dos judeus’, mais sofreu. Seu presidente e seu treinador eram
judeus e, no auge do nazismo, abandonaram o país. O clube foi reduzido a
uma agremiação amadora e praticamente começou do zero após a
Segunda Guerra. Em 1965, já na Bundesliga (que foi criada em 1963),
nasceria um gigante, com uma estrutura esportiva poderosa e cuja história
começaria a ser escrita por uma geração de jovens jogadores comandada
por um certo Franz Beckenbauer. Viveu então sua primeira era de ouro, que
durou 15 anos e incluiu a conquista de três títulos da Champions League
dos cinco que o clube possui. Maior campeão da Bundesliga, com 23 títulos,
o Bayern também conquistou 16 vezes a Copa da Alemanha, foi bicampeão
do Mundial de Clubes, de uma Recopa e de uma Copa da Uefa, atual
Europa League.

BORUSSIA DORTMUND
Dortmund, Alemanha

Fundação – 16 de dezembro de 1909

Estádio – Signal Iduna Park

omo praticamente todos os clubes alemães, a sobrevivência do


Borussia Dortmund esteve ligada em suas primeiras décadas às ligas

C regionais, que mantiveram vivas as disputas locais em especial no


período entre as guerras. Criado por um grupo de trabalhadores
numa região de forte imigração polonesa, o Borussia travou uma
longa batalha por prestígio técnico e popularidade com seu maior rival, o
Schalke 04, contra quem protagoniza ainda hoje o concorrido ‘Derby do
Ruhr’, ainda que outro grande rival dos últimos tempos tenha sido o Bayern
de Munique. Ainda assim, Borussia e Schalke alternaram períodos de
supremacia por décadas, alimentando a histórica rivalidade. Empurrado
pela mais fiel torcida da Europa, que protagoniza cenas marcantes como a
coreografia da ‘Muralha Amarela’ atrás de um dos gols do Signal Iduna
Park, o Borussia transformou-se em um modelo de gestão bastante
produtivo nos últimos anos, revelando vários grandes jogadores e com um
estilo de jogo atraente e ofensivo. Conquistou em sua história oito títulos da
Bundesliga, uma Champions League, um Mundial de Clubes e três Copas
da Alemanha.
HAMBURGO
Hamburgo, Alemanha

Fundação – 29 de setembro de 1887

Estádio – Imtech Arena

m dos mais tradicionais do país, o clube da pujante cidade portuária


do norte da Alemanha só conseguiria algum destaque depois da

U fusão, em 1919, com outras duas agremiações locais, Germania e


Falcke. O time se destacou imediatamente, na década de 1920,
conquistando seus três primeiros títulos nacionais, e manteve bom
nível de competição também após a Segunda Guerra, disputando as ligas
regionais. Depois da criação da Bundesliga passou por uma longa transição
e só ressurgiu no final da década de 1970, quando começou a nascer o
grande time que seria campeão europeu em 1983 (vencendo a final contra
a Juventus de Turim), praticando um futebol atraente e ofensivo, sob o
comando do técnico austríaco Ernst Happel. Com cerca de 70 mil sócios, só
perde em popularidade para o Bayern e o Schalke 04. Foi sete vezes
campeão alemão e conquistou três vezes a Copa da Alemanha. Além do
título da Champions League de 1982/1983, tem como conquista
internacional a Recopa Europeia de 1976/1977.
SCHALKE 04
Gelsenkirchen, Alemanha

Fundação – 4 de maio de 1904

Estádio – Veltins Arena

grupo de estudantes que fundou um clube em Gelsenkirchen com a


ideia de participar das competições regionais só conseguiu entrar em

O uma liga oficial oito anos depois dos primeiros jogos, sendo que o
nome Schalke 04 seria adotado bem mais tarde, após a Primeira
Guerra. Desde os primeiros tempos, porém, o clube tinha forte apelo
popular e nunca parou de conquistar seguidores e adeptos de diversas
práticas esportivas. Em seu primeiro momento de grandes conquistas,
durante as décadas de 1930 e 1940, consolidou uma forte rivalidade contra
o Borussia Dortmund e construiu o estigma de ser uma equipe muito difícil
de ser vencida em seu estádio, algo que ainda hoje se constitui em uma
árdua missão para os visitantes que enfrentam a pressão da Veltins Arena.
Com cerca de 120 mil sócios, o Schalke mantém-se como um dos clubes
mais populares da Alemanha, ainda que tenha passado por algumas crises
institucionais e financeiras, que levaram a dois rebaixamentos nas últimas
três décadas. Foi sete vezes campeão da Bundesliga, conquistou cinco
Copas da Alemanha e seu principal título internacional foi a Copa da Uefa
de 1996/1997, atual Europa League, numa final contra a Internazionale de
Milão.
STUTTGART
Stuttgart, Alemanha

Fundação – 9 de setembro de 1893

Estádio – Mercedes-Benz Arena

m dos mais antigos clubes da Alemanha, o Stuttgart nasceu a partir


de um time de rúgbi, que se fundiu no início do século 20 a uma

U associação organizada que praticava vários esportes, entre os quais o


futebol. O clube participou por muitos anos das ligas regionais do
oeste e sul da Alemanha, destacando-se em alguns torneios de forma
descontínua, mas conquistando dois títulos alemães no pós-guerra, quando
formou um time de respeito nos últimos anos da década de 1940. Foi um
dos fundadores da Bundesliga no início da década de 1960, porém viveu
uma época de profunda crise técnica e financeira que o levou ao
rebaixamento e o distanciou das competições de elite. Somente em 1977
conquistaria o acesso, ao vencer a Bundesliga 2, e nos anos 80 voltaria a
disputar títulos com os principais rivais. Tem hoje um dos maiores quadros
associativos do país, com cerca de 50 mil militantes, conquistou cinco
vezes a Bundesliga e três vezes a Copa da Alemanha.
OLYMPIQUE DE MARSELHA
Marselha, França

Fundação – 1899

Estádio – Vélodrome

o alto de suas 60 temporadas na Primeira Divisão, o Olympique


solidificou o posto de time mais popular do país, ainda que nos

D últimos 40 anos venha sofrendo a concorrência crescente do Paris


Saint Germain. Cultiva uma rivalidade de décadas com o outro
Olympique, de Lyon, que surgiu no mesmo ano mas que só atingiria o
grupo de elite nos anos de 2000 – o confronto entre ambos é chamado de
‘Choc des Olympiques’. Na origem um time de rúgbi, o Marselha começaria
a se transformar no ‘rei das copas’ na década de 1920, quando conquistou
três títulos desse torneio. Amargou um duro período de insucessos nas
décadas de 50 e 60, que incluíram várias temporadas na Segunda Divisão,
mas ressurgiu na década de 1970, antes de chegar à presidência o
empresário e político Bernard Tapie, que com investimentos massivos
formou um supertime, levando o Olympique à conquista da Champions
League de 1992/1993, a única do futebol francês. Tapie, porém, seria
condenado por fraude e suborno, envolvendo uma partida do time contra o
Vallenciene. O clube foi punido com dois anos na Segunda Divisão.
Campeão de dez ligas francesas e dez Copas da França, o popular time de
Marselha ainda luta para recuperar o prestígio internacional depois do
nefasto ‘efeito Tapie’.
OLYMPIQUE DE LYON
Lyon, França

Fundação – 1899

Estádio – Gerland

or ter surgido no ambiente universitário da cidade e ter atuado como


time amador por muitos anos, o Lyon participou de torneios regionais

P depois da Segunda Guerra mas só entrou para o rol dos principais


clubes da França a partir da década de 1950, quando também ficaram
definidos o escudo e as cores do uniforme, ainda que o desenho tenha
sofrido alterações depois disso. A conquista de três Copas da França nas
décadas de 1960 e 1970 não garantiram ao clube a estabilidade necessária
para permanecer entre os melhores do país, o que só aconteceria no fim
dos anos 80, com uma completa reestruturação esportiva e administrativa.
A mudança de parâmetros deu resultado prático, porém, na virada do novo
século. O Lyon foi soberano entre 2002 e 2008, conquistando o
heptacampeonato francês de maneira avassaladora e encadeando uma
sequência de boas participações na Champions League. O clube tem ainda
cinco Copas da França, venceu oito edições da Supercopa da França, a
última em 2012, e tem dois títulos da Segunda Divisão.
PARIS SAINT GERMAIN
Paris, França

Fundação – 10 de junho de 1970

Estádio – Parque dos Príncipes

ais novo integrante da elite dos clubes europeus, o PSG surgiu da


fusão, em 1970, do Paris FC com o Stade Saint-Germain e da

M necessidade de formar um time de futebol de alto nível na capital


francesa. Conquistou seus primeiros títulos na década de 1980,
principalmente o campeonato nacional de 1985/1986, mas só
conseguiu se firmar com a estrutura montada a partir da entrada do
Canal+ como principal investidor, em 1991. Seguiram-se anos de
internacionalização do clube, com a vitória na Recopa Europeia, mais um
título da Liga e três títulos da Copa da França. Em 2012, o grupo Qatar
Investment Authority tornou-se proprietário único do clube e iniciou uma
ampla readequação do PSG ao mercado do futebol, realizando negociações
milionárias para contratar alguns dos melhores jogadores do mundo –
processo que culminou com um bom desempenho na Champions League e
o terceiro título francês de sua história, em 2012/2013. O clube conquistou
em suas quatro décadas de vida um total de oito Copas da França e duas
Supercopas.
BENFICA
Lisboa, Portugal

Fundação – 28 de fevereiro de 1904

Estádio – Estádio da Luz

undado por um grupo de ex-alunos de uma tradicional instituição


social portuguesa, a Real Casa Pia de Lisboa, o Benfica sempre teve

F uma poderosa vocação popular, cresceu em Portugal junto com a


expansão do próprio futebol e encontrou as mesmas dificuldades que o
país vivenciou em matéria de integração plena com a Europa, seja por
causa língua, seja por causa de barreiras culturais ou econômicas. O clube
que tinha uma base grande de associados, com excelente estrutura
também para outras modalidades, até conquistou alguns títulos no futebol
nas décadas de 30 e 40, mas só se estabeleceu realmente depois que
parou de mudar de casa – pular de um campo de jogo para outro foi algo
que o acompanhou nos seus primeiros 50 anos de vida. A partir da
construção do Estádio da Luz, o Benfica se estabeleceu como referência
em Portugal, montou um time impressionante na década de 1960 e
derrubou as fronteiras europeias. É o clube com o maior número de
associados do mundo, já ultrapassou a barreira dos 200 mil. Conquistou 32
títulos do Campeonato Português, foi 24 vezes campeão da Copa de
Portugal e conquistou duas vezes a Copa dos Campeões, atual Champions
League, justamente com a magnífica equipe dos anos 60, que também
chegou a outras três finais nesse período. Em 2003, o clube inaugurou o
novo Estádio da Luz, na mesma área do original, construído no âmbito da
organização da Eurocopa de 2004 por Portugal.

PORTO
Porto, Portugal

Fundação – Setembro de 1893

Estádio – Estádio do Dragão

influência inglesa esteve presente na fundação do clube que colocou


a Cidade do Porto na linha de frente do futebol europeu. Foram as

A viagens à Inglaterra que levaram o comerciante Antonio Nicolau


D’Almeida a lançar as bases do clube e, 13 anos depois, o estudante
José Monteira da Costa a dar continuidade à proposta de um time de
futebol com ambição de disputar os torneios regionais que já surgiam em
várias áreas de Portugal. O Futebol Clube do Porto só se profissionalizaria
na década de 1930, iniciando uma disputa nacional com os dois grandes de
Lisboa - Benfica e Sporting. Como o Benfica, o clube inaugurou seu estádio
definitivo nos anos 50, quando conquistou dois títulos nacionais, mas ficou
em segundo plano na década seguinte, diante do poderio do tradicional
adversário, que formou o timaço bicampeão europeu. A época de ouro do
Porto viria a partir da década de 1990, quando o clube levantou 17 títulos
nacionais em um intervalo de 22 anos. No total, foram 27 títulos nacionais e
16 Copas de Portugal. No âmbito internacional, o clube supera o Benfica,
com duas conquistas de Champions League, duas vitórias em Mundial de
Clubes e dois títulos da Copa da Uefa.
AJAX
Amsterdã, Holanda

Fundação – 18 de março de 1900

Estádio – Amsterdã Arena

urgido durante a efervescência inicial do futebol no norte da Europa,


na virada do século passado, o time cujo campo ficava próximo aos

S bairros de judeus de Amsterdã, foi muito tempo identificado como


‘clube dos judeus’, embora isso não seja real. Como seus principais
adversários holandeses, o PSV e o Feyenoord, decolou para o cenário
internacional na década de 1960, inaugurando um estilo de jogo fluente,
veloz e ofensivo, que marcou a transição para o futebol moderno e revelou
ao mundo a ‘Laranja Mecânica’, a Seleção Holandesa de 1974, vice-campeã
mundial, cuja base era o time do Ajax comandado por Johan Cruyff. Foi
essa equipe revolucionária que dominou a Europa na primeira metade da
década de 1970, conquistando o tricampeonato da Copa dos Campeões,
atual Champions League. O clube ganharia ainda sua quarta Champions,
em 1994/1995, quando venceria também sua segunda Copa
Intercontinental de Clubes (a primeira foi em 1972). O Ajax foi 24 vezes
campeão holandês e tem 14 títulos da Copa da Holanda. Além de ser um
riquíssimo celeiro de jogadores, o clube inovou também nas praças
esportivas – foi o primeiro grande time europeu a construir um estádio
efetivamente multiuso, inaugurado em 1996, considerado modelo para os
campos de futebol que vieram a seguir.
GALATASARAY
Istambul, Turquia

Fundação – 1 de outubro de 1905

Estádio – Türk Telekom Arena

oi apenas na década de 1960 que o clube fundado por universitários no


início do século passado conquistou seus primeiros êxitos nacionais, já

F que, até então, se destacara em uns poucos torneios regionais que


eram comuns na Turquia. Sua história está ligada à rivalidade bastante
acirrada com o outro gigante de Istambul, o Fenerbahce, apesar do
crescimento do Besiktas – a terceira via da cidade - nas últimas décadas.
Com uma torcida intimidadora e participativa, o ‘Galata’, como é conhecido,
impõe respeito em seus domínios, ainda mais no novíssimo estádio
inaugurado em 2011, a Türk Telekom Arena, coincidindo com uma etapa de
grandes investimentos no clube. É o maior campeão do país, com 19 títulos
nacionais e 14 títulos da Copa da Turquia. Tornou-se também um pioneiro
em conquistas internacionais depois de vencer a Copa da Uefa (atual
Europa League) em 1999/2000, superando o Arsenal na decisão por
pênaltis. No mesmo ano, o clube conquistou a Supercopa Europeia,
superando o Real Madrid por 2 a 1.
BOCA JUNIORS
Buenos Aires, Argentina

Fundação – 3 de abril de 1905

Estádio – La Bombonera

m pequeno grupo de jovens, filhos de imigrantes italianos, de origem


genovesa, criou numa informal conversa entre amigos o clube que se

U transformaria num dos alicerces do futebol argentino. O nascimento


do Boca Juniors, os ‘xeneizes’ (‘genoveses’ no dialeto da Liguria, cuja
grafia exata era ‘zeneizes’), está ligado a um período de efervescência
em Buenos Aires, no qual o futebol viu surgir numerosas agremiações,
entre elas o grande rival, o River Plate, fundado quatro anos antes. Os
grandes confrontos do chamado ‘Superclássico’ começariam alguns anos
depois, mas Boca e River demonstraram sua força no início da era do
profissionalismo, década de 1930, quando conquistaram 12 dos primeiros
15 campeonatos argentinos. Antes disso, o Boca Juniors já era um clube
internacional, o primeiro sul-americano a fazer uma grande excursão pela
Europa, na década de 1920, disputando jogos na Espanha, Alemanha e
França. Clube mais popular da Argentina, o Boca conquistou 24 títulos
nacionais (além de outros seis na era amadora) e tem um invejável
currículo em competições internacionais: seis Copas Libertadores da
América, três Copas Intercontinentais (Mundial de Clubes), duas Copas
Sul-Americanas e três Recopas Sul-Americanas. No Superclássico
argentino contra o River, leva uma vantagem de seis vitórias (68 a 62, com
58 empates) até junho de 2013.
RIVER PLATE
Buenos Aires, Argentina

Fundação – 25 de maio de 1901

Estádio – Monumental de Nuñez

vínculo genovês do rival Boca Juniors também esteve presente na


fundação do River Plate, quatro anos antes, obra de um grupo de

O praticantes de futebol que tinha, além dos italianos, descendentes de


ingleses e vários de origem local, como seu primeiro presidente e
capitão, Leopoldo Bard. Criado na mesma região do Boca, o clube
atravessou a era amadora já cultivando rivalidades locais e passou a ser
chamado de ‘Millonarios’ quando fez um grande investimento na
contratação de jogadores importantes com a chegada do profissionalismo,
na década de 1930. Vieram então os anos da chamada ‘Máquina’, na
primeira metade da década de 1940, logo após a inauguração do
‘Monumental de Nuñez’ (em 1938), seguido de um período de equilíbrio em
relação principalmente ao Boca, até vir o jejum de 17 anos sem títulos a
partir de 1958. Passou, porém, por ao menos mais duas fases gloriosas, na
virada da década de 1970 para os anos 80 e principalmente nos anos 90,
quando ganhou sete títulos nacionais e chegou à segunda de suas duas
conquistas de Copa Libertadores da América. Nos campeonatos nacionais é
soberano, com 35 títulos, 11 a mais que o Boca, foi também campeão
intercontinental de clubes em 1986, mas tem desvantagem em relação ao
rival nas vitórias internacionais. Em 2010/2011, o clube e sua fanática
torcida sofreram seu mais duro golpe com o rebaixamento para a Segunda
Divisão, tendo retornado na temporada seguinte.

INDEPENDIENTE
Buenos Aires, Argentina

Fundação – 4 de agosto de 1904

Estádio – Libertadores de América

ormada por um grupo de dissidentes de um clube amador situado na


área central de Buenos Aires, o Maipú Banfield, a nova associação

F adotou o nome Independiente justamente para explicitar sua posição


em relação aos novos objetivos – formar um time de futebol de
verdade, sem ligações com outras modalidades recreativas. Instalado
a partir de 1906 no antigo bairro de Barracas al Sud, hoje Avellaneda,
iniciou ali uma histórica rivalidade com o Racing, confronto semelhante à
disputa entre River Plate e Boca Juniors, neste caso denominado ‘Clássico
de Avellaneda’, uma vez que os estádios dos dois clubes são separados por
cerca de 400 metros. Conhecido como ‘Rey de Copas’, o Independiente é o
mais bem sucedido clube argentino na competição que melhor simboliza o
futebol sul-americano, a Copa Libertadores da América. Conquistou sete
títulos continentais, sendo quatro deles na chamada ‘era dourada’ do clube,
a década de 1970. Conquistou ainda duas Copas Intercontinentais (Mundial
de Clubes) e três títulos da antiga Copa Interamericana, disputada contra o
campeão da Concacaf. No cenário nacional soma 14 títulos, mais dois da
era do futebol amador. Em 2013 sofreu o pior baque de toda sua trajetória
ao ser rebaixado para a Segunda Divisão.

RACING
Buenos Aires, Argentina

Fundação – 25 de março de 1903

Estádio – Juan Domingo Perón

ma iniciativa de estudantes do Colégio Nacional está na origem do


Racing Club, um dos grandes de Buenos Aires, chamado ainda hoje de

U ‘La Academia’. Depois de algumas idas e vindas, a fusão de duas


associações criadas pelos estudantes – Barracas Del Sud e Colorados
Unidos Del Sud – determinou o nascimento do time que seria um dos
símbolos do bairro de Avellaneda, ao lado do arquirrival Independiente. Foi,
porém, uma vitória sobre outro rival da cidade, o Boca Juniors, em 1910,
que levou o time à Primeira Divisão, o que também definiu as cores da
camisa do Racing, as mesmas da bandeira argentina, uma vez que aquela
disputa ocorreu no centenário da Revolução de Maio. Antes que o
profissionalismo chegasse, o Racing foi heptacampeão argentino e só
voltaria a conquistar títulos em série com o tricampeonato da década de
1950. Viveu ao menos dois momentos gravíssimos em sua história: o
rebaixamento em 1984 e a crise econômica que levou o clube a declarar
falência em 1999. O Racing foi sete vezes campeão argentino (foram nove
títulos na era amadora), conquistou uma Libertadores da América em 1967,
mesmo ano em que foi campeão da Copa Intercontinental, vencendo o
Celtic de Glasgow. No ‘Clássico de Avellaneda’, um total de 185 confrontos,
tem 51 vitórias contra 70 do Independiente, com 64 empates, até junho de
2013.

NACIONAL
Montevidéu, Uruguai

Fundação – 14 de maio de 1899

Estádios – Centenário/Gran Parque Central

ma reação à criação de dezenas de clubes por grupos de imigrantes


levou alguns estudantes de Montevidéu a fundar no fim do século XIX

U um time de futebol que deixasse evidente suas origens locais. A


escolha do nome ‘Nacional’ era, por isso, sintomática, na agremiação
criada a partir da união do Uruguai Athletic Club e do Montevideo
Football Club. O clube construiu toda a primeira parte de sua história no
Gran Parque Central, o estádio cedido em usufruto pelo governo, que
recebeu a partir da década de 1910 os primeiros duelos com o Peñarol e viu
nascer grande parte da geração que serviu de base para o Uruguai
bicampeão olímpico 1924/1928 e também para o time que conquistou a
primeira Copa do Mundo, em 1930, já então no Estádio Centenário. O clube
viveu fases de esplendor, com o inesquecível time da década de 1930 e as
equipes que internacionalizaram a marca do futebol uruguaio a partir dos
anos 50. O Nacional conquistou em sua história 44 títulos uruguaios, três
Copas Libertadores da América e três Copas Intercontinentais (Mundial de
Clubes). No grande clássico uruguaio, tem desvantagem para o Peñarol
(146 vitórias contra 159 e 151 empates), mas detém a marca de mais
vitórias consecutivas contra o rival entre 1939 e 1942, quando se produziu
a maior goleada do confronto: 6 a 0 para o Nacional.

PEÑAROL
Montevidéu, Uruguai

Fundação – 28 de setembro de 1891

Estádio – Centenário/José Pedro Damiani

s ingleses que eram maioria na Central Uruguay Railway Company,


de Montevidéu, já tinham fundado seu clube de críquete quando

O resolveram aproveitar também a febre de futebol que invadiu a


América do Sul no fim do século XIX. O nome Peñarol, adaptado do
italiano ‘pignarolo’, que seria o nome do proprietário das terras onde
surgiu o clube, foi adotado somente em 1913, também como forma de
vincular a agremiação a suas raízes locais. Na época do pré-
profissionalismo, o clube esteve à sombra de seu grande rival, o Nacional,
mas no fim da década de 1920 já assumia um lugar de destaque,
promovendo excursões pelo exterior e revelando jogadores que se
mostraram importantes para a campanha do título uruguaio na Copa de
1930. Desde então, passou a atuar prioritariamente no Estádio Centenário,
de propriedade municipal, inaugurado naquele Mundial. O Peñarol é o
maior campeão do Uruguai, com 47 títulos, e o principal time do país
quanto a conquistas internacionais: foi pentacampeão da Libertadores de
América e tricampeão da Copa Intercontinental. A tradicional disputa
contra o Nacional também se estende às estatísticas. Até hoje, não houve
nenhum levantamento conclusivo sobre qual das duas equipes possui a
maior torcida do país.

COLO COLO
Santiago, Chile

Fundação – 19 de abril de 1925

Estádio – Monumental de Macul

ma divergência sobre o modelo de organização levou um grupo de


dissidentes do Deportivo Magallanes a fundar o Colo Colo, que em

U poucos anos se tornaria o time de futebol mais popular do Chile. O


nome escolhido foi uma homenagem ao líder mapuche, que, quase 30
depois, teria sua figura incluída no escudo oficial do clube. Um dos
fundadores da Liga Profissional na década de 30, o Colo Colo é o único time
a ter participado de todas as edições do Campeonato Chileno. Conquistou
29 títulos nacionais, 10 edições da Copa do Chile e foi ainda campeão da
chamada Liga Metropolitana logo no seu primeiro ano de vida, ainda na
época amadora, quando apresentou um estilo de jogo considerado
revolucionário, com forte influência do futebol uruguaio. Tem dois títulos
relevantes no continente sul-americano: foi campeão da Copa Libertadores
da América de 1991 e da Recopa Sul-Americana de 1992. A grande
rivalidade das primeiras décadas com o Magallanes foi substituída pouco a
pouco pelos confrontos com a Universidad de Chile, um total de 219
partidas, com ampla vantagem do Colo Colo – 95 vitórias contra 62, mais
62 empates até junho de 2013.

UNIVERSIDAD DE CHILE
Santiago, Chile

Fundação – 24 de maio de 1927

Estádio – Estádio Nacional

tradição das equipes formadas no ambiente estudantil chileno vinha


de muitos anos. Instituições de vários níveis, universidades e escolas

A públicas formavam sistematicamente times de futebol e de outros


esportes, tanto que, nos primeiros tempos, ‘La U’ competia como
‘Club Deportivo de La Universidad de Chile’ e incorporou a seu escudo
a imagem da coruja que era símbolo do Clube Náutico da Universidade. A
rivalidade com a Universidad Católica, no momento em que ambas lutavam
para entrar na Liga Profissional na década de 1930, ficou eclipsada pelas
disputas posteriores com o Colo Colo, no principal clássico chileno. ‘La U’
viveu uma época de ouro na década de 1960, quando o time era chamado
de ‘Ballet Azul’ (referência ao mesmo apelido recebido pelo Millonarios de
Bogotá) e comparado ao Santos de Pelé pela beleza de seu jogo. É o
segundo clube com maior número de títulos chilenos, 16, além de ter
quatro títulos da Copa do Chile. Foi ainda campeão da Copa Sul-Americana
de 2011. Em 1999 estabeleceu o recorde de 33 partidas invictas pelo
Campeonato Chileno.

OLIMPIA
Assunción, Paraguai

Fundação – 25 de julho de 1902

Estádio – Manuel Ferreira

ito anos depois de chegar a Assunción, junto com seus pais, o


holandês William Paats começou a escrever a trajetória do futebol

O do Paraguai ao encabeçar a fundação do clube que se tornaria


símbolo do esporte no país. Paats, que viria a se tornar professor de
educação física e diplomata, foi também quem escolheu o nome do
time, numa homenagem à cidade grega que foi o berço das Olimpíadas e à
febre esportiva do início do século na América do Sul, tendo o futebol na
linha frente. Chamado ‘El Decano’, o clube é o maior vencedor do
Campeonato Paraguaio, com 39 títulos, sendo único no país a conquistar
um hexacampeonato, entre 1978 e 1983. É tricampeão da Copa
Libertadores da América e foi campeão intercontinental de 1979, ao
superar o Malmö, da Suécia, na final. Ostenta ainda uma inédita ‘quádrupla
coroa’, por ter vencido na mesma temporada, 1979, o Campeonato
Paraguaio, a Libertadores, a Copa Interamericana e a Copa
Intercontinental. A rivalidade dos primeiros tempos com o Guarani e o
Libertad foi superada com sobras pelas disputas acirradas com o Cerro
Porteño, clube fundado em 1912 e que detém 29 títulos nacionais.

MILLONARIOS
Bogotá, Colômbia

Fundação – 18 de junho de 1937

Estádio – El Campín

uando decidiram criar um time de futebol na capital colombiana,


alguns alunos do Colegio Mayor de San Bartolomé receberam apoio

Q inclusive financeiro de vários setores, mas tiveram um primeiro


problema: qual seria o nome? Até meados de 1938 já tinham
utilizado ‘Juventud Bogotana’, ‘Municipal Deportivo’, ‘Deportivo
Independiente’, até que foi eleito o nome ‘Millonarios’, uma referência
àqueles que faziam doações ao clube, incluindo alguns estudantes de
outros países que escolhiam o San Bartolomé. Não demorou muito para
que o despretensioso time dos estudantes se transformasse em uma
potência no país e com forte apelo popular. O clube passou por várias
etapas importantes, como o chamado ‘Ballet Azul’, que impressionou por
sua técnica na década de 1950, fase também marcada pela
internacionalização do Millonarios, que ficou famoso por suas turnês pelo
mundo. Apesar de ter passado por crises econômicas profundas nas duas
últimas décadas, o clube continua sendo o maior vitorioso dos
campeonatos colombianos, com 14 títulos. No plano internacional, venceu
a Copa Merconorte, em 2001, e chegou em quatro ocasiões à fase semifinal
da Copa Libertadores da América.

AMÉRICA
Cidade do México

Fundação – 12 de outubro de 1916

Estádio – Azteca

ascido da união de dois times escolares, em um período de


propagação do futebol nas colônias espanholas e inglesas do México,

N o América logo se tornou uma preferência popular da capital e


conquistou seus primeiros títulos na fase amadora dos campeonatos
do país de forma avassaladora. Foi também um dos clubes que
liderou a fundação da Liga Profissional, no início da década de 1940, mas
teve um desempenho fraco nos primeiros anos de disputa dos
campeonatos oficiais. A história do América começou a mudar de verdade
quando o clube foi comprado em 1959 pela poderosa Televisa (então
denominada Telesistema Mexicano). A par da generosa injeção de recursos
que permitiram a melhoria da infraestrutura do clube e a contratação de
jogadores estrangeiros, o América passaria a disputar seus jogos no
imponente Estádio Azteca a partir de 1966. O grande salto técnico trouxe
ainda mais adeptos ao clube, mas gerou fortes resistências em outras
partes do país, transformando o América no rival mais odiado pelas
principais equipes. O clube foi 11 vezes campeão nacional e cinco vezes
campeão da Copa do México. No cenário internacional conquistou cinco
edições da Copa dos Campeões da Concacaf e foi vice-campeão da Copa
Sul-Americana de 2007.
PRINCIPAIS ESTÁDIOS DO MUNDO DO
FUTEBOL
WEMBLEY
LONDRES
Capacidade – 90.000 torcedores

Inauguração – Abril de 1923 e Março de 2007 (Novo Wembley)

templo mais carregado de simbolismos da história do futebol foi


construído na segunda década do século XX e inaugurado em 1923

O para abrigar os jogos de luxo do Reino Unido. Clássico, refinado,


reduto de tradições e cenário de grandes confrontos, tornou-se,
porém, obsoleto quanto à funcionalidade em razão do crescimento
do esporte, e foi demolido em 2003, em um processo polêmico e de difícil
aceitação pela opinião pública, para dar lugar à mais moderna arena de
espetáculos da Grã Bretanha, um palco de referência para o futebol
mundial situado ao norte da Grande Londres. Projeto ousado do arquiteto
Norman Foster, possui teto retrátil, instalações confortáveis, múltipla
oferta de serviços e fácil acesso por vários meios de transporte, incluindo
duas linhas de metrô. Tem mais de 2500 banheiros, áreas de vazão amplas
e bem sinalizadas e portões eletrônicos de controle digital, com uma
proposta arquitetônica que privilegia a segurança e o bem-estar dos
torcedores. Recebe jogos decisivos das copas britânicas, da Seleção da
Inglaterra e também clássicos do futebol internacional, além de
espetáculos musicais e multimídia.
ANFIELD ROAD
LIVERPOOL
Capacidade – 45.525 torcedores

Inauguração – Setembro de 1884

um dos casos marcantes de estádio que precedeu a existência do


clube. Projetado pelo arquiteto escocês Archibald Leitch, responsável

É pela concepção de mais de 30 praças esportivas no Reino Unido, foi


utilizado nos primeiros anos pelo Everton, que abandonou o local por
não concordar com o alto preço do aluguel. Foi quando um dos sócios
do Anfield fundou o Liverpool, em 1892, lançando as raízes de um clube
que se transformaria numa potência internacional. Chamado de ‘Fortaleza’,
o estádio chegou a ter capacidade para mais de 60 mil torcedores, mas foi
reformado por questões de conforto e segurança. A arquibanca atrás de
um dos gols é conhecida como ‘Kop’, reduto dos mais fanáticos torcedores
dos ‘Reds’, e em um dos portões das tribunas está a inscrição
transformada em marca registrada nos cânticos da torcida: You'll Never
Walk Alone (Você nunca caminhará sozinho). Quando o clube foi
comprado em 2010 pelo Fenway Sports Group, conglomerado de empresas
do mercado esportivo norte-americano que comanda o Boston Red Sox, um
dos mais populares times de beisebol dos Estados Unidos, cogitou-se a
construção de um novo estádio, mas a ideia logo foi abandonada diante da
reação agressiva dos torcedores e da rejeição da comunidade esportiva da
cidade.
OLD TRAFFORD
MANCHESTER
Capacidade – 76.957 torcedores

Inauguração – Fevereiro de 1910

ocalizado na Grande Manchester, a Noroeste do centro da cidade,


ocupa um lugar de honra na galeria dos estádios mais simbólicos e

L carismáticos do futebol. Projetado pelo escocês Archibald Leitch,


chamado de ‘Teatro dos Sonhos’, trata-se de uma das praças
esportivas que proporcionam uma das melhores visões do jogo por
parte dos torcedores, ao mesmo tempo em que promove uma
impressionante ressonância dentro de campo. Ao longo do século XX
passou por várias reformas, na maioria das vezes por questões de
segurança e conforto, até culminar com a reconstrução da ala leste,
concluída em 2000. O setor denominado Stretford , com mais de 20 mil
lugares, é frequentado pelo torcedor mais fanático e ruidoso do clube
inglês que detém o maior número de títulos e é considerado o mais
admirado do mundo, seguido por mais de 600 milhões de fãs. Foi o United
quem assimilou com perfeição as ideias desenvolvidas nas últimas duas
décadas do século passado sobre a importância do marketing no futebol.
Em Old Trafford foi construída a primeira megastore do futebol britânico,
voltada exclusivamente para negociar produtos licenciados do clube.
Também nas dependências do estádio foi construído, em três andares, o
United Museum, um riquíssimo acervo da história do futebol, contada por
meio da trajetória e das conquistas do clube mais popular do planeta.
EMIRATES
LONDRES
Capacidade – 60.361 torcedores

Inauguração – Julho de 2006

nova casa do Arsenal, no norte de Londres (em Ashburton Grove),


construída para substituir o Highbury Stadium, situado a pouco mais

A de 500 metros de distância, é resultado de um moderno projeto


encomendado à empresa HOK Sport, a mesma que elaborou a
proposta do novo Wembley e o Estádio da Luz, em Lisboa. A obra foi
bastante questionada por parte da população local e se transformou em
disputa política em função dos altos custos e do impacto na vizinhança. Seu
custo total chegou a 390 milhões de libras (cerca de 1,35 bilhão de reais),
sem contar outros 40 milhões de libras empregados em obras estruturais
no entorno, valores em parte amortizados pelo contrato com a empresa
aérea Emirates Airlines, que vinculou seu nome ao estádio por 15 anos.
Três estátuas de bronze foram inauguradas no Emirates em homenagem a
dois jogadores emblemáticos, o zagueiro Tony Adams e ao atacante
francês Thierry Henry, e outra para o mítico treinador Herbert Chapman,
criador do sistema WM, que fez história no Arsenal nas décadas de 1920 e
1930. Um jogador brasileiro, o volante Gilberto Silva, gravou seu nome na
história do Emirates ao marcar o primeiro gol do Arsenal em um jogo oficial
no novo estádio, empate em 1 a 1 contra o Aston Villa, pela Premier
League, em 19 de agosto de 2006.
CELTIC PARK
GLASGOW
Capacidade – 60.355 torcedores

Inauguração – Agosto de 1892

hamado pelos apaixonados torcedores do Celtic de ‘Paradise’, o


tradicional estádio localizado em Parkhead, leste de Glasgow, é o

C mais antigo dos três maiores campos de futebol da Escócia (os


outros são Ibrox e Hampden Park), considerado, após as reformas da
década de 1990, um dos mais modernos, confortáveis e seguros da
Europa. Trata-se de uma das mais célebres criações do arquiteto Archibald
Leitch e foi também um dos primeiros do tipo multiuso no mundo dos
esportes - antes de Primeira Guerra era utilizado para provas de atletismo,
hurling e mesmo para corridas de motovelocidade. O recorde de público,
83.500 torcedores em janeiro de 1938, pertence ao arquidisputado derby
local, o Old Firm, nome dado aos confrontos entre Celtic e Glasgow
Rangers. Após a reforma determinada pelo governo britânico, uma das
galerias foi demolida para permitir mais segurança e a ampliação das áreas
de escoamento de público. A imensa arquibancada reservada aos
torcedores mais fanáticos do Celtic é denominada Jock Stein, na ala oeste
do estádio.
IBROX PARK
GLASGOW
Capacidade – 51.082 torcedores

Inauguração – Dezembro de 1899

m dos marcos da consolidação do futebol no Reino Unido, o estádio


do Glasgow Rangers (hoje Rangers F.C.) é, assim como o Celtic Park,

U uma das primeiras e mais célebres obras esportivas projetadas por


Archibald Leitch, embora tenha passado por duas grandes reformas
no século XX. Palco de históricas disputas entre os rivais de Glasgow,
Rangers e Celtic, foi cenário da primeira grande tragédia em um estádio de
futebol oficial, quando uma parte da tribuna de madeira cedeu numa
partida entre Escócia e Inglaterra, em abril de 1902, provocando 25 mortes,
com mais de 500 pessoas feridas. Construído em forma ovalada, com uma
pista de atletismo em torno do campo, Ibrox foi modelo para outros
estádios europeus. Passou por uma ampla reforma de ampliação em 1910
e detém até hoje o recorde de público de uma partida oficial de futebol na
Europa: 118.567 torcedores, em janeiro de 1939, justamente em um Old
Firm, contra o maior inimigo, o Celtic. Na década de 1990, o estádio foi
novamente remodelado, praticamente reconstruído, desta vez seguindo os
padrões rígidos de segurança exigidos pelo governo britânico, o que reduziu
sua capacidade oficial para pouco mais de 51 mil torcedores e levou o local
a ser rebatizado como Ibrox Stadium. Porém, a fachada original desenhada
por Leitch continuou intacta. É considerado pela UEFA como um dos cinco
estádios-modelo do continente europeu.
SAN SIRO
MILÃO
Capacidade – 70.000 torcedores

Inauguração – Setembro de 1926

e propriedade da Prefeitura de Milão, o estádio localizado a seis


quilômetros do centro da cidade serve as equipes que protagonizam

D uma das maiores rivalidades do futebol mundial, Internazionale e


Milan, que por sinal se enfrentaram na partida de inauguração (vitória
da Inter por 6 a 3). Em seus primeiros anos, porém, era considerado o
estádio oficial apenas do Milan, cujo presidente na época da inauguração,
Piero Pirelli, idealizou o projeto arquitetônico. Palco de jogos memoráveis,
incluindo dez confrontos de copas do mundo (em 1934 e 1990) e três finais
de Champions League, o estádio passou a ser denominado Giuseppe
Meazza em março de 1980, numa homenagem a um dos maiores ídolos
das duas torcidas rivais, que também defendeu a Juventus de Turim e foi
um dos grandes artilheiros da Seleção da Itália em todos os tempos. Um
dos cartões postais da cidade, o San Siro é visitado anualmente por mais de
50 mil turistas e é um dos 23 estádios do continente europeu considerados
categoria 4, de elite, pela Uefa.
OLÍMPICO DE ROMA
ROMA
Capacidade – 72.698 torcedores

Inauguração – Maio de 1953

hamado em seu projeto original de 1932 como Stadio dei Cipressi,


ainda sob o regime de Benito Mussolini, era uma proposta do Duce

C para fazer daquela região da capital romana, hoje Foro Itálico, um


centro olímpico, ideia só retomada muitos anos após a morte do
ditador. Na década de 1950, foi rebatizado como Stadio dei
Centomila, uma vez que o novo projeto previa uma capacidade para cem
mil espectadores. Por fim, com vistas à Olimpíada de 1960, o Olímpico foi
remodelado e adaptado, embora só tenha atingido seu desenho atual com a
ampla reforma de 1989, incluindo a cobertura, para a realização da Copa
do Mundo de 1990. De propriedade do Comitê Olímpico Italiano, o estádio é
utilizado em regime de concessão pelos dois rivais da cidade, Roma e Lazio,
cujas torcidas organizados ocupam lugares determinados em extremos
opostos das arquibancadas, atrás dos gols. Em sua história de eventos
célebres, além de receber os Jogos Olímpicos de 1960 e a Copa do Mundo
de 1990, como a decisão entre Alemanha e Argentina vencida pelos
germânicos, foi palco de uma final de Eurocopa (1980), de um Mundial de
Atletismo (1987) e de quatro finais de Champions League, incluindo a
frustrante derrota da Roma diante de sua torcida, para o Liverpool, na
decisão por pênaltis, em 30 de maio de 1984.
ALLIANZ ARENA
MUNIQUE
Capacidade – 71.000 torcedores

Inauguração – Maio de 2005

joia arquitetônica da Baviera foi construída para a Copa do Mundo de


2006, após um referendo com a população, que se decidiu pelo novo

A estádio com 68,5% de aprovação. O estádio custou 340 milhões de


euros (pouco mais de R$ 1 bilhão), foi projetado pelo escritório suíço
Herzog & Meuron e é utilizado pelos dois clubes de Munique, Bayern e
Munique 1860, além da Seleção Alemã em todas as suas categorias. Por
isso, os painéis em forma de diamante que compõem a imponente fachada
mudam de cor com a iluminação noturna, oscilando entre o vermelho, o
azul e o branco, de acordo com a equipe que está em campo. Em seus seis
andares internos existem bares, restaurantes e variados centro comerciais,
o que leva o Allianz a permanecer aberto e rentável em qualquer período
do ano. O contrato com a seguradora que dá nome ao estádio é de 30 anos.
Entre os mais célebres confrontos internacionais que o estádio recebeu
estão seis jogos pela Copa do Mundo de 2006 e a final da Champions
League de 2012, na qual o Chelsea derrotou o Bayern, na decisão por
pênaltis.
SIGNAL IDUNA PARK
DORTMUND
Capacidade – 81.264 torcedores

Inauguração – Abril de 1974

maior estádio da Alemanha tem sua história ligada às duas Copas do


Mundo organizadas pelo país, em 1974, quando foi inaugurado, e em

O 2006, praticamente reconstruído para chegar a sua capacidade


atual. Pertence ao Borussia Dortmund empurrado por uma das mais
fanáticas torcidas da Europa, que estabeleceu nos últimos anos
recordes absolutos de média de público no grande estádio da Westfália,
oeste do país. Denominado inicialmente Westfalenstadion, foi rebatizado
após um acordo com a companhia de seguros Signal Iduna, tem uma
estrutura basicamente de aço, com 62 metros de altura, sustentada por
oito colunas que possuem torres de suspensão amarelas, transformadas
em símbolo turístico da cidade. No fundo sul do estádio, concentram-se 24
mil torcedores pertencentes aos grupos mais fanáticos do time, que
constituem, a cada partida, imensos mosaicos com símbolos do Borussia. É
a temível ‘Muralha Amarela’, que transforma o Signal Iduna Park a cada
jogo em um fervilhante ‘caldeirão’ em favor do clube que tem suas origens
ligadas ao proletariado.
VELTINS ARENA
GELSENKIRCHEN
Capacidade – 61.673 torcedores

Inauguração – Agosto de 2001

onstruído no padrão de modernidade inaugurado pela Arena


Amsterdã, o campo do Schalke 04 substituiu o velho estádio de

C Gelsenkirchen, o Parkstadion, obsoleto em questões de conforto e


acessibilidade. Com linhas arrojadas, excelentes acessos, muita
comodidade e ênfase na praticidade, possui teto retrátil e gramado
deslizante, que pode ser transportado para fora do estádio, facilitando os
processos naturais de manutenção em qualquer circunstância climática e
impedindo danos quando da utilização em outros tipos de eventos, como
shows musicais. Custou em números oficiais 191 milhões de euros (R$ 590
milhões), é considerado estádio de elite, categoria 4, pela Uefa e em jogos
internacionais tem sua capacidade reduzida para pouco mais de 51 mil
espectadores. Na Copa do Mundo de 2006 recebeu quatro partidas e foi
palco também da decisão da Champions League de 2003/2004, vitória do
Porto sobre o Mônaco por 3 a 0.
MERCEDES BENZ ARENA
STUTTGART
Capacidade – 60.441 torcedores

Inauguração – Julho de 1933

epleto de história e simbolismos, o estádio do VFB Stuttgart passou


por várias fases de remodelação desde que foi inaugurado, quando

R era chamado de ‘Adolf Hitler KampfBahn’. Após a Segunda Guerra,


com a queda do regime nazista, passou a chamar-se Neckarstadion e
recebeu o primeiro jogo da Seleção da Alemanha depois de terminado
o conflito, contra Suíça. Em 1990, voltaria a ser cenário de um evento com
forte carga sociopolítica, a primeira partida da Alemanha pós-unificação e
contra o mesmo adversário sintomático, a Suíça, com seu histórico de
neutralidade internacional. Ainda como Neckarstadion foi uma das sedes
da Copa do Mundo de 1974 e da Eurocopa de 1988, antes de passar pela
última reforma estrutural, que modernizou suas dependências, incluindo a
revitalização do entorno, quando o estádio passou a ser chamado de
Gottlieb-Daimler, em homenagem ao famoso engenheiro e pesquisador
alemão. A Mercedes Benz, cuja fábrica fica na região próxima ao estádio,
adquiriu os naming rights do campo do Stuttgart, cuja capacidade em
partidas internacionais é reduzida para 54900 espectadores. O estádio
recebeu seis partidas da Copa do Mundo de 2006 e também foi utilizado
em duas finais de Champions League, nas temporadas de 1958/1959 e de
1987/1988. Foi ainda palco do Campeonato Mundial de Atletismo de 1993.
SANTIAGO BERNABÉU
MADRID
Capacidade – 85.454 torcedores

Inauguração – Dezembro de 1947

ímbolo de um dos maiores clubes do planeta, o estádio construído na


década de 1940, em pleno regime ditatorial do Generalíssimo

S Francisco Franco, transformou-se em palco clássico de alguns dos


principais confrontos do futebol internacional. Localizado em uma das
maiores avenidas da capital espanhola, o Paseo de La Castellana, é
um monumento ao futebol e já recebeu, entre tantas partidas célebres,
uma final de Copa do Mundo (1982), uma final de Eurocopa (1964) e quatro
finais de Champions League (1957,1969, 1980 e 2010). Foi batizado com o
nome de seu idealizador, 11° presidente da história do clube, ícone de uma
era vitoriosa do time ‘merengue’, que chegou a conquistar cinco vezes
consecutivas o título da Copa da Europa (hoje, Champions League).
Curiosamente, Santiago Bernabéu, um advogado que nunca exerceu essa
profissão, não é de Madrid - nasceu em Albacete. Nomeado presidente em
1943, depois de uma carreira como atacante do próprio Real Madrid e de
ter combatido na Guerra Civil, empenhou-se desde o princípio da gestão em
conseguir apoio para a construção daquele que foi chamado inicialmente
de Estádio Chamartín, hoje laureado com as quatro estrelas que a Uefa
concede aos estádios chamados de elite. O célebre presidente faleceu em
1978, aos 82 anos. Um projeto de remodelação e ampliação já aprovado
pela diretoria do Real Madrid prevê uma reforma que deve elevar em oito
mil lugares a capacidade do Santiago Bernabéu e promover uma razoável
modernização visual, interna e externa, com previsão de conclusão para
2016.
CAMP NOU
BARCELONA
Capacidade – 99354 torcedores

Inauguração – Setembro de 1957

m dos estandartes da Catalunha, templo de uma instituição que se


autodenomina ‘mais que um clube’, o Camp Nou substituiu o histórico

U estádio de Les Corts no coração dos barcelonistas. Construído na


década de 1950, houve dificuldade na implantação do projeto em
função de problemas no subsolo da área localizada na avenida
Arístides Maillol, próximo à Diagonal que atravessa a cidade. O
contratempo encareceu e atrasou a conclusão da obra, que deveria ser
batizada com o nome do fundador do Barcelona, Joan Gamper, sendo que
acabou prevalecendo a expressão popular utilizada desde o início da
proposta para o ‘novo campo’ (Camp Nou). É considerado um estádio
categoria 4 pela Uefa, o que o inclui entre as praças esportivas de elite da
Europa, e já recebeu jogos de Eurocopa de Nações (1964), de Copa do
Mundo (1982), de Olimpíada (1992) e várias finais de torneios europeus,
incluindo a célebre decisão de 1998/99 entre Bayern de Munique e
Manchester United, vencida pelos ingleses de virada com dois gols nos
acréscimos. O estádio passou por duas grandes remodelações, em 1981
para a Copa do Mundo e em 1994 para se adequar aos padrões de conforto
e segurança determinados pela Uefa. Com sucessivas marcas de lotação
completa em jogos do Barça, o Camp Nou, porém, registrou seu recorde de
público em um espetáculo musical, um show da turnê denominada Bad
World Tour, de Michael Jackson, em 1988, com cerca de 110 mil pessoas.
O estádio é frequentemente palco de manifestações de apoio à
independência da Catalunha, seja durante os jogos, seja em datas
comemorativas especiais.
MARACANÃ
RIO DE JANEIRO
Capacidade – 73531 torcedores

Inauguração – Junho de 1950

onstruído para a Copa do Mundo de 1950, o Estádio Mário Filho já foi


o maior do mundo e na final daquela Copa recebeu pouco menos de

C 200 mil torcedores, em números extraoficiais. As sucessivas


reduções de capacidade a partir da década de 1990 terminaram com
a ampla reforma estrutural concluída em maio de 2013, e que
priorizou funcionalidade e segurança, no âmbito dos acordos celebrados
com a Fifa, para a realização da Copa do Mundo de 2014. Palco de
encontros históricos, que escreveram grande parte da trajetória do futebol
carioca e brasileiro, foi chamado de ‘Templo do Futebol’ internacional e
ainda hoje exerce forte fascínio em torcedores e jogadores do mundo todo,
sendo um dos cartões postais preferidos do Rio de Janeiro. Antes da última
grande reforma já era utilizado também para grandes eventos musicais
com astros internacionais e ainda celebrações religiosas envolvendo
multidões. Foi palco da abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007.
Cenário por onde desfilaram alguns mitos do futebol brasileiro, como Pelé
e Garrincha, ficou marcado desde a sua inauguração pela derrota do Brasil
para o Uruguai na final do Mundial de 1950, o chamado ‘Maracanazo’.
Alguns jogadores foram eternizados com estátuas colocadas no estádio,
como o capitão da primeira conquista brasileira, em 1958, Bellini, o maior
artilheiro do Maracanã, Zico, e Mané Garrincha. Com a camisa da Seleção
Brasileira, o maior artilheiro do estádio foi Pelé.
PACAEMBU
SÃO PAULO
Capacidade – 40199 torcedores

Inauguração – Abril de 1940

simpático estádio da Praça Charles Miller, pertencente à Prefeitura


de São Paulo, era tido como o mais moderno campo de futebol da

O América Latina quando de sua inauguração. Utilizado por todos os


times grandes da Capital e também ocasionalmente pelo Santos,
proporciona ao torcedor uma das melhores visões do gramado e tem
uma poderosa acústica em função de seu formado de arena, encravado
numa baixada do Vale do Pacaembu, bairro nobre da capital paulista. Já
em sua cerimônia de inauguração, foi palco de uma grande manifestação
política, graças a uma vaia coletiva ao então presidente Getúlio Vargas em
seu período de governo ditatorial, anos após a Revolução Constitucionalista
do Estado. O recorde de público ocorreu em 1942, em um clássico entre
Corinthians e São Paulo, diante de mais 71281 torcedores, que
presenciaram o empate por 3 a 3. O Pacaembu também foi utilizado em
seis partidas da Copa do Mundo de 1950, incluindo o empate entre Brasil e
Suíça por 2 a 2. Foi ainda palco de três decisões da Copa Libertadores da
América (vencidas por Olímpia do Paraguai, Santos e Corinthians), além de
inúmeras finais de Campeonatos Paulistas, Campeonatos Brasileiros e
Torneios Rio-São Paulo. Anos depois de sua inauguração recebeu o nome
de Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Marechal da Vitória, chefe da
delação brasileira nos títulos mundiais de 1958 e 1962. A maior reforma no
estádio ocorreu em 1970, com a demolição da Concha Acústica, para a
construção do Tobogã, a grande arquibancada atrás do gol da área
poliesportiva, com capacidade para 10 mil torcedores. Na década de 1980,
a capacidade de público foi definitivamente reduzida por questões de
segurança.
MINEIRÃO
BELO HORIZONTE
Capacidade – 62170 torcedores

Inauguração – Setembro de 1965

rojetado e construído na primeira metade da década de 1960, foi


resultado de uma cuidadosa pesquisa arquitetônica que levou em

P consideração modelos como os do Maracanã e do Estádio Olímpico de


Tóquio. Tombado pelo patrimônio cultural mineiro, estimulou a
criação de um novo eixo de mobilidade urbana para revitalizar a região
da Pampulha, em Belo Horizonte, e se tornou um dos símbolos do governo
de Magalhães Pinto, que deu o nome oficial ao estádio, concluído em pleno
regime militar. A inclusão do Mineirão no circuito de grandes estádios
brasileiros coincidiu com a ascensão dos principais clubes de Minas no
cenário nacional, primeiro o Cruzeiro e pouco depois o Atlético Mineiro,
primeiro vencedor da fase moderna do Campeonato Nacional. Por ali
desfilaram craques como Tostão, Dirceu Lopes, Reinaldo e Wilson Piazza. O
primeiro clássico entre as duas equipes pelo Campeonato Mineiro, que
marcou o ano de inauguração do estádio, foi vencido pelo Cruzeiro por 1 a 0
e terminou em tumulto, com vários jogadores expulsos. Reformado em
2010 para a realização da Copa das Confederações/2013 e da Copa do
Mundo/2014, teve seu gramado rebaixado em mais de três metros e
grande parte da estrutura refeita, exceto a parte externa, com destaque
para os pórticos de concreto em formato elíptico. A nova configuração
assegurou uma excelente visão de jogo por parte do torcedor em qualquer
ponto das arquibancadas e tribunas. Na Copa das Confederações, três
partidas foram realizadas no Mineirão, entre elas Brasil 2 x 1 Uruguai, pelas
semifinais.
MANÉ GARRINCHA
BRASÍLIA
Capacidade – 72788

Inauguração – Março de 1972

Reinauguração – Maio de 2013

m dos estádios totalmente reconstruídos com vistas à realização da


Copa do Mundo de 2014, faz parte do Complexo Esportivo Ayrton

U Senna, na Capital Federal, e teve custo final pouco superior a R$ 1


bilhão. Pertence à Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal
(Terracap) e seu nome oficial é Estádio Nacional de Brasília. As obras,
desde a implosão do antigo Mané Garrincha até a inauguração 1027 dias
depois, foram comandadas por um consórcio de construtoras, mas dia da
inauguração, no chamado evento-teste em que Brasília e Brasiliense se
enfrentaram pelo Campeonato Candango, 98% da construção estavam
concluídos. Somente na abertura da Copa das Confederações, dia 15 de
julho, o estádio Mané Garrincha estava totalmente concluído, na partida em
que o Brasil venceu o Japão por 3 a 0. Algumas obras adjacentes foram
propostas para adequação do entorno ao estádio, como o túnel
subterrâneo, a construção da Linha 2 do VLT de Brasília e a ligação direta
entre as Vias W4 Norte/Sul e W5 Norte/Sul.
LA BOMBONERA
BUENOS AIRES
Capacidade – 49000 torcedores

Inauguração – Maio de 1940

oucos locais no mundo do futebol têm o magnetismo do Estádio


Alberto José Armando, um caldeirão em forma de ‘D’, encravado no

P bairro La Boca, em Buenos Aires. Em La Bombonera, seu nome


popular, o Boca Juniors viveu sua gloriosa e nem sempre pacífica
história de rivalidades com seus grandes adversários da própria
Argentina e mesmo diante de poderosos clubes estrangeiros. O clube já
tinha um estádio no local, primeiro com arquibancadas modestas, depois
com um alto estande de madeira, onde recebia os jogos mais importantes
do país. A compra definitiva do terreno em La Boca, no início da década de
1930, permitiu à diretoria começar a pensar na obra, ideia que só seria
colocada em prática em 1937, graças ao projeto do arquiteto esloveno
Viktor Sulcic. A construção ocorreu a duras penas, e em várias etapas, em
função das constantes crises financeiras do Boca e com uma exigência
técnica fundamental: o estádio deveria caber no terreno do tamanho
aproximado de dois quarteirões. Os três setores de arquibancadas
levemente curvas com um paredão de tribunas fechando o semicírculo
caracterizam a forma em ‘D’, que foi batizada como La Bombonera após o
arquiteto Sulcic receber de presente uma caixa de bombons, que deixou no
escritório para mostrar aos sócios a aparência da embalagem, muito
semelhante ao desenho do estádio. La Bombonera assistiu, além das
muitas conquistas do Boca, empurrado por uma frenética torcida, jogos da
Copa de 1978, três edições da Copa América, várias finais de Libertadores e
de Copas Intercontinentais. Sua ligação com jogadores históricos do Boca,
entre os quais Diego Maradona, Martin Palermo, Juan Riquelme e Carlos
Tevez, mantém vivo o carisma de um dos cenários mais impressionantes
para se jogar e assistir futebol. Nos últimos tempos, a direção do Boca
cogitou construir ou novo estádio, mais moderno e seguro, mas pretende
manter La Bombonera como um local de eventos especiais.
MONUMENTAL DE NUÑEZ
BUENOS AIRES
Capacidade – 66449 torcedores

Inauguração – Maio de 1938

maior estádio argentino, casa do River Plate e principal cenário para


os jogos da seleção nacional, pode não ter o charme de ‘La

O Bombonera’, reduto do maior rival, mas tem uma história igualmente


rica e marcante. Construído em meados da década de 1930, ocupa
uma área que, naquela época, era bastante despovoada, ao lado de
um antigo hipódromo e a poucos metros da margem do Rio de La Plata. A
obra foi erguida em condições adversas, não havia ainda grandes
escavadeiras e o solo em muitos pontos pantanoso dificultou a instalação
das fundações, colocando os trabalhadores sob risco de
desmoronamentos. O projeto vencedor, resultado de um concurso nacional,
foi inspirado no Coliseu de Roma e desde a concepção tinha como objetivo
fazer o maior estádio da Argentina e um dos maiores do mundo. Em um
tempo recorde, dois anos, o Monumental de Nuñez (bairro contíguo a
Belgrano, onde ficava a área da obra) foi inaugurado, ainda sem o anel de
arquibancadas fechado, por falta de recursos. A aparência era de uma
ferradura, com a abertura voltada para o rio. Somente em 1958 o anel de
arquibancadas foi concluído, contando em parte com o dinheiro da venda
do craque Omar Sivori à Juventus de Turim – o que levou aquele trecho do
Monumental a ser chamado de Tribuna Sivori. Palco principal da Copa do
Mundo de 1978, o estádio recebeu nove jogos, incluindo a apoteótica final
em que a Argentina venceu a Holanda na prorrogação, além de cinco
decisões de Libertadores e duas edições da Copa América. Antes da
redução da capacidade na década de 1990, obedecendo a exigências de
segurança, o Monumental, cujo nome oficial é Estádio Antonio Vespúcio
Liberti (o ex-presidente que capitaneou o projeto de construção), chegou a
ter mais de 85 mil torcedores em suas dependências nos jogos mais
concorridos.
CENTENÁRIO
MONTEVIDÉU
Capacidade – 65235 torcedores

Inauguração – Julho de 1930

rimeiro grande estádio da América Latina, foi construído no tempo


recorde de nove meses para abrigar a primeira Copa do Mundo de

P Futebol, em 1930. A obra só foi possível pelas vantagens


apresentadas pelo terreno, uma área em ótimas condições do bairro
de Parque Batle, em Montevidéu. Ainda assim, o Centenário não teve
condições de sediar todos os jogos da Copa, como estava previsto – ali
foram realizadas dez partidas do Mundial, incluindo a final em que o
Uruguai bateu a Argentina por 4 a 2. Pertencente à Intendência de
Montevidéu, o Centenário é palco oficial dos jogos da Seleção, mas
também recebe os clássicos envolvendo Peñarol e Nacional, além de
partidas desses dois clubes contra outros adversários. Todas quatro
edições da Copa America realizadas ali, incluindo os campeonatos que
ainda eram denominados Copa Sul-Americana, foram vencidas pelo
Uruguai, que também conquistou nesse estádio o Mundialito de 1980,
derrotando o Brasil na decisão (2 a 1). O Estádio Centenário, que recebeu
este nome como homenagem aos 100 anos da primeira constituição
uruguaia, foi reconhecido pela Fifa como Monumento Histórico do Futebol
Mundial.
STADE DE FRANCE
PARIS
Capacidade – 81338 torcedores

Inauguração – Janeiro de 1998

maior obra do governo francês para a Copa do Mundo de 1998 foi


construída no município de Saint Denis, ao norte da região

A metropolitana de Paris, às margens da Autoroute A1. Com excelente


infraestrutura de transportes, o estádio seguiu uma proposta radical
de multiuso em seu projeto original, com módulos adaptados ao tipo
de evento, graças a suas arquibancadas removíveis. Para jogos de futebol e
rugby mantém-se a capacidade original de pouco mais de 81 mil
espectadores, mas, para provas de atletismo, são suprimidos mais de seis
mil lugares, dando lugar à pista de corridas. Em eventos musicais são
acomodados mais de 90 mil espectadores no estádio. Os investimentos
públicos superiores a 360 milhões de euros (mais de R$ 1 bilhão) tiveram
como objetivo também consolidar a revitalização da região de Saint Denis,
antes um decadente polo industrial, que passaria a acomodar novos
núcleos habitacionais nas décadas seguintes, principalmente em função do
avanço do setor terciário e da melhoria dos meios de transporte no entorno
de Paris. Casa oficial da Seleção da França, o estádio recebeu a abertura e
o encerramento da Copa de 1998 (vitória francesa sobre o Brasil por 3 a 0),
além de duas finais de Champions League, em 1999/2000 e em
2005/2006. Recebeu ainda, entre outros eventos, o Mundial de Atletismo
de 2003 e a final da Heineken Cup, a Copa da Europa de Rugby, em
2009/2010.
PARQUE DOS PRÍNCIPES
PARIS
Capacidade – 48712 torcedores

Inauguração – Julho de 1897

eduto de lazer da nobreza francesa no século XVIII, daí o nome Parque


dos Príncipes, a área localizada próximo ao Bois de Boulogne,

R sudoeste de Paris, foi utilizada para a construção de um velódromo,


serviu como linha de chegada do Tour de France de 1903 e, já
transformada em recinto multiuso, recebeu jogos da Copa do Mundo
de 1938, incluindo a semifinal entre Hungria e Suécia. Sob o governo de
Charles de Gaulle, na década de 1960, a pista de ciclismo foi demolida e o
estádio passou a ser utilizado apenas para jogos de futebol e de rugby. Alvo
de duas grandes reformas estruturais, em 1932 e 1972, pertence ao
município de Paris mas foi cedido em sistema de concessão a um consórcio
capitaneado pelo Canal Plus, sendo, desde 1972, a casa oficial do Paris
Saint Germain. O estádio foi cenário de três finais da Champions League, da
decisão da Eurocopa de 1984 (vitória da França sobre a Espanha por 2 a 0)
e de seis jogos da Copa do Mundo de 1998, além da Copa do Mundo de
Rugby de 2007. Até a inauguração do Stade de France, em 1998, era
também a sede da Capital para os jogos da Seleção Francesa de futebol.
ESTÁDIO INTERNACIONAL DO
CAIRO
CAIRO
Capacidade – 74100 torcedores

Inauguração – Julho de 1960

eferência em construção esportiva multiuso no mundo árabe, o


estádio localizado em Nasr, subúrbio do Cairo, a aproximadamente 10

R quilômetros do centro da capital, já foi palco de alguns dos eventos


mais importantes do futebol africano e teve lugar de honra na agenda
egípcia quando o país pleiteou sediar a Copa do Mundo de 2010. Foi
inaugurado pelo mítico presidente Gamal Abdel Nasser no oitavo
aniversário da revolução de 1952, tornando-se um dos símbolos políticos
do governo. Recebeu os Jogos Pan-Africanos de 1991, foi o principal palco
da Copa Africana de Nações de 2006 e sediou ainda o Mundial Sub-20 da
Fifa, em 2009. Cenário de memoráveis confrontos entre as duas maiores
equipes do país, Al Ahly e Zamalek, chegou a receber em um desses
clássicos um público superior a 120 mil torcedores, mesmo número que
esteve na decisão da Copa da África de 1986, contra Camarões. Quase
duas décadas depois, em 2005, foi realizada uma ampla reforma,
privilegiando a segurança e o conforto. Além de ser a casa oficial do derby
entre AL-Ahly e Zamalek, é também o estádio que recebe as principais
partidas da Seleção do Egito.
SOCCER CITY
JOHANNESBURGO
Capacidade – 91141 torcedores

Inauguração – Maio de 2010 (Primeira inauguração, 1987)

magnífica obra arquitetônica construída no bairro de Soweto, em


Johannesburgo, tinha capacidade para 78 mil espectadores quando

A foi inaugurada em sua primeira fase, na década de 1980.


Parcialmente demolido, o estádio foi alvo de uma ampla reforma para
a Copa do Mundo de 2010 a um custo de 400 milhões de dólares
(aproximadamente R$ 1 bilhão). Em sua primeira fase, antes da Copa do
Mundo, abrigou a Copa Africana de Nações de 1996, mas ficou famoso por
ser palco do mais célebre discurso do líder Nelson Mandela, pouco depois
de sua libertação, em fevereiro de 1990. No Mundial de 2010, o maior
estádio africano recebeu oito jogos, entre os quais a abertura e a decisão
entre Espanha e Holanda, vencida pelos espanhóis na prorrogação. Foi
ainda cenário da decisão da Copa Africana de Nações de 2013, vitória da
Nigéria sobre Burkina Faso por 1 a 0. O Soccer City é administrado pela
Associação de Futebol da África do Sul, sendo a casa do Kaizer Chiefs
Football Club. Recebe ainda jogos de rugby e grandes shows internacionais
– em fevereiro de 2011, por exemplo, mais de cem mil pessoas assistiram
ao espetáculo da banda irlandesa U2. O nome publicitário do estádio é FSB
Stadium, direito comprado pelo First National Bank.
ESTÁDIO DA LUZ
LISBOA
Capacidade – 65647 torcedores

Inauguração – Outubro de 2003

oi difícil para a fanática torcida do Benfica se conformar com a


demolição do velho Estádio da Luz, com capacidade para 120 mil

F espectadores. Com problemas sérios de conforto e segurança, não


havia reforma possível para adaptar o estádio ao padrão Uefa exigido
para que Portugal organizasse a Eurocopa de 2004. A solução foi
colocar abaixo a ‘Catedral’, como era chamado pela torcida, depois de
muitas idas e vindas durante o período de consultas aos sócios e à
comunidade dos bairros da Luz e de Carnide, local da demolição e da
construção da nova praça esportiva, que foi entregue à prestigiada
empresa HOK Sport Venue Event, depois rebatizada como Populous, a
mesma que tornou possível o Novo Wembley, autora também do projeto do
Estádio Olímpico de Sydney e do Emirates, pertencente ao Arsenal. A
condição imposta era de que a obra não extrapolasse os custos e o
resultado foi um estádio relativamente barato, de 120 milhões de euros
(cerca de R$ 370 milhões) - por não exigir obras de infraestrutura no
entorno -, qualificado como categoria 4 da Uefa, com instalações funcionais
e modernas, além de uma proposta de sustentabilidade impossível de ser
realizada numa eventual reforma do velho Estádio da Luz. Além de jogos
da Eurocopa/2004, incluindo a final vencida pela Grécia, o estádio foi palco
da cerimônia que elegeu as novas Sete Maravilhas do Mundo, em 2007, e
também foi escolhido para receber a final da Champions League
2013/2014.
ESTÁDIO DO DRAGÃO
PORTO
Capacidade – 54378 torcedores

Inauguração – Novembro de 2003

trajetória dos grandes rivais históricos do futebol português encontra


paralelos até mesmo no que diz respeito aos estádios. Como o

A Benfica, adversário da Capital, o FC Porto optou por demolir o Estádio


das Antas para construir, a poucos metros do local, sua nova casa,
que também integrou o projeto da Eurocopa/2004. A riquíssima
história do estádio anterior, construído com a ajuda da população e
inaugurado em 1952, ficou na memória do torcedor e foi substituída por um
padrão de campo de futebol que reúne beleza, modernidade, harmonia e
traços simples, o que talvez explique seu baixo custo, 98 milhões de euros
(pouco mais de R$ 280 milhões). É mais um estádio considerado de elite
pela Uefa, que o qualificou como categoria 4, e recebeu da Comunidade
Europeia o primeiro título de ‘Green Light’ concedido a um campo de
futebol no continente, em função da ótima iluminação que privilegia o uso
racional de energia. Possui ainda um dos mais modernos sistemas de
controle eletrônico tanto nas bilheterias quanto nos portões de acesso. No
Estádio do Dragão, nome de preferência da torcida do Porto, como
homenagem ao símbolo que é retratado no escudo do clube, recebeu cinco
partidas da Eurocopa de 2004. O luso-brasileiro Derlei, nascido em São
Bernardo do Campo, escreveu seu nome na história do estádio ao marcar o
primeiro gol da partida de inauguração entre Porto e Barcelona, vencida
pelos portugueses por 2 a 0.
AMSTERDÃ ARENA
AMSTERDÃ
Capacidade – 52960 torcedores

Inauguração – Agosto de 1996

história dos estádios multiuso, racionais e confortáveis da era


moderna do futebol começou a ser escrita com a construção do

A campo oficial do Ajax de Amsterdã. Com linhas modernas e


elegantes, teto retrátil e grama natural, o estádio revolucionou de tal
forma as arenas esportivas, em matéria de conforto, que era
considerado ‘frio’ para a prática de um esporte tão sanguíneo como o
futebol. Mesmo assim, tornou-se referência quanto à facilidade de acesso e
à infraestrutura interna. Servido por três tipos de transporte – ônibus, trem
e metrô -, foi construído sobre uma autopista e ainda possui mais de 12 mil
vagas em seus amplos estacionamentos, que levam também ao conjunto
de lojas, bares e restaurantes que fazem parte do complexo. Foi palco de
três partidas da Eurocopa de 2000 e abrigou duas finais de torneios de
clubes da Europa, a Champions League de 1997/1998, entre Real Madrid e
Juventus de Turim, vencida pelos espanhóis por 1 a 0, e a Europa League
de 2012/2013, com vitória do Chelsea sobre o Benfica por 2 a 1. Estádio
categoria 4 da Uefa, a Amsterdã Arena teve custo oficial total de 140
milhões de euros (cerca de R$ 440 milhões).
ESTRELA VERMELHA
BELGRADO
Capacidade – 55538 torcedores

Inauguração – Setembro de 1963

o ser inaugurado, em uma partida entre o Estrela Vermelha e o Rijeka,


o maior estádio da Sérvia (na época, Iugoslávia), construído em lugar

A do antigo Mosa Marjanovic, ainda não fora totalmente concluído. As


obras em 1962 foram demoradas em função da necessidade de
rebaixar o solo depois da demolição do antigo campo. Somente um
ano depois, o estádio tomou forma definitiva e foi imediatamente apelidado
pela fanática torcida do Estrela como ‘Marakana’, uma vez que a
capacidade de público atingida chegou a 110 mil torcedores, num período
em que era permitido assistir aos jogos em pé. No primeiro clássico contra
o Partizan, o público oficial divulgado foi de 96070, embora a imprensa
local tenha garantido que havia 108 mil pessoas no estádio. A pressão da
torcida tornou-se marca registrada no ‘Marakana’, onde o fundo norte era
ocupado pelos temíveis Delije, grupo organizado que se transformou em
grupo armado durante a guerra que fracionou a Iugoslávia na década de 90.
Com o endurecimento das normas segurança, o estádio foi sendo
gradativamente reformado, até sua capacidade ficar reduzida a 55538
torcedores. Além de ser a casa do Estrela Vermelha, recebe também os
jogos da Seleção da Sérvia. Entre os eventos mais importantes, o
‘Marakana’ recebeu a final da Champions League de 1972/1973 (vitória do
Ajax sobre a Juventus de Turim) e jogos da Eurocopa de 1976. Hoje, é um
estádio catalogado como categoria 3 pela Uefa.
ESTÁDIO AZTECA
MÉXICO
Capacidade – 105064 torcedores

Inauguração – Maio de 1966

nico estádio do planeta a receber duas finais de Copa do Mundo,


honra que dividirá com o Maracanã a partir da Copa de 2014, o

Ú Azteca, pertencente ao grupo de comunicação Televisa, tinha


inicialmente capacidade de público superior a 130 mil pessoas,
passou por uma primeira reforma em 1990, quando ‘encolheu’ em 16
mil lugares, até atingir o padrão atual, no final da década de 1990. Casa do
América e da Seleção Mexicana, teve entre os momentos célebres, além da
consagração das seleções comandadas por Pelé em 1970 (vitória sobre a
Itália na final por 4 a 1) e Maradona em 1986 (vitória sobre a Alemanha por
3 a 2), a famosa semifinal entre Itália e Alemanha, que terminou com
vitória dos italianos na prorrogação por 4 a 3, definindo o adversário do
Brasil na final no Mundial de 70. Conhecido como ‘El Coloso de Santa
Ursula’, nome do distrito em que foi construído, é o terceiro maior estádio
do mundo em capacidade de público, atrás apenas do Primeiro de Maio, de
Pyonyang, Coreia do Norte, e do Salt Lake, de Calcutá, Índia. Além das
consagradoras partidas que recebeu em Mundiais, o Azteca já foi palco da
Copa das Confederações, da Copa Oro, de várias finais locais regionais e
recebeu ainda cinco jogos da denominada American Bowl, encontros
promocionais entre clubes da NFL, a liga profissional de futebol americano.
O estádio detém o recorde de público de um jogo da temporada regular da
NFL, disputado ali em 2 de outubro de 2005, entre Arizona Cardinals e San
Francisco 49ers. A vitória do Arizona por 31 a 14 foi vista por 103467
espectadores. Entre os shows com públicos superiores a 100 mil pessoas
estão os de Michael Jackson e das bandas Menudo e U2.
NACIONAL DE SANTIAGO
SANTIAGO DO CHILE
Capacidade – 47000 torcedores

Inauguração – Dezembro de 1938

onstruído em uma região nobre de Santiago, a comuna Ñuñoa, o


complexo esportivo que abriga o Estádio Nacional chegou a ser visto

C como uma ‘elefante branco’ na época em que foi aprovado, mas se


transformou em um ícone do esporte e da política chilena. É a casa
preferida da Seleção Chilena e da Universidad de Chile, ‘La U’.
Projeto do arquiteto austríaco Karl Brunner, que se baseou no estádio
Olímpico de Amsterdã, sua capacidade de público original para 70 mil
pessoas chegou a 80 mil espectadores com as obras realizadas para a
Copa do Mundo de 1962, mas reformas de adequação foram reduzindo
gradativamente os espaços antes ocupados por torcedores em pé. Além
dos jogos da Copa de 1962, incluindo a final vencida pelo Brasil (3 a 1 sobre
a Tchecoslováquia), o Estádio Nacional foi palco de 11 jogos de fases
decisivas da Copa Libertadores da América e de cinco edições da Copa
América, incluindo os torneios ainda denominados Copa Sul-Americana de
seleções. As dependências do estádio foram utilizadas pelo governo militar
de Augusto Pinochet como prisão temporária depois do golpe que derrubou
Salvador Allende em 1973. Ali, no período de dois meses que se seguiu ao
golpe, mais de 40 mil pessoas estiveram presas, muitas das quais foram
torturadas e executadas sob as imensas estruturas das arquibancadas,
deixando uma marca trágica na trajetória do estádio. Desde 2008, o
chamado ‘Coloso de Ñuñoa’ passou a ser denominado Estádio Nacional
Júlio Martinez Prádanos, em homenagem ao mais célebre jornalista
esportivo do país, morto em janeiro do mesmo ano.
TÜRK TELEKOM ARENA
ISTAMBUL
Capacidade – 52652 torcedores

Inauguração – Janeiro de 2011

oucos estádios de futebol modernos são mais intimidadores do que a


casa do Galatasaray, conhecida como ‘Inferno Turco’. Construído sob

P as normas mais rígidas da Fifa, consumiu 210 milhões de euros (mais


de R$ 620 milhões) e sua concepção arquitetônica prioriza a acústica,
o que torna ainda mais ameaçadora a pressão exercida pela fanática
torcida do clube que divide as preferência de Istambul com o Fenerbahce.
Em uma partida pela Copa da Turquia, contra o Gaziantepspor, em março
de 2011, o ruído da torcida atingiu um recorde Guiness de 131,76 decibéis,
maior marca jamais registrada em uma praça esportiva. O primeiro projeto
de substituição do antigo estádio do clube, o Ali Sami Yen, foi lançado em
1997 e atravessou várias crises entre aprovações, adequações, reações
contrárias da torcida e de setores políticos turcos até que, em 2007, foi
aprovada a proposta definitiva, ainda que sem atingir unanimidade.
Construído com características multiuso, o estádio já recebeu shows de
Bom Jovi (70 mil pessoas) e Madonna (50 mil pessoas), entre outros. O
recorde de assistência a uma partida de futebol ocorreu no encontro entre
Galatasaray e Real Madrid, em 9 de abril de 2013, pela Champions League:
52044 torcedores lotaram as arquibancadas.
INTERNACIONAL
DE YOKOHAMA
YOKOHAMA
Capacidade – 72327 torcedores

Inauguração – Março de 1998

ropriedade da empresa Nissan, é o maior estádio do Japão, onde atua


o Yokohama Marinos nos jogos da J-League, além da Seleção

P Japonesa. Orgulho da cidade portuária que é capital do departamento


de Kanagawa, foi construído para receber jogos da Copa do Mundo de
2002, organizada em conjunto com a Coreia do Sul. Ali, foram
disputados quatro partidas da Copa, incluindo a decisão entre Brasil e
Alemanha, com vitória brasileira por 2 a 0. Foi palco também de nove
edições do Campeonato Mundial de Clubes, antiga Copa Intercontinental,
sendo que quatro dessas decisões tiveram envolvimento de times
brasileiros, com três títulos conquistados por São Paulo (em 2005, diante
do Liverpool), Internacional de Porto Alegre (em 2006, contra o Barcelona)
e Corinthians (em 2012, diante do Chelsea). O estádio é rigidamente
enquadrado nos padrões Fifa, possui facilidades de acesso e áreas amplas
de fluxo de torcedores, além de ser municiado por um eficientíssimo
sistema de transportes.
'CEM MELHORES JOGADORES DA HISTÓRIA

CHARLES WILLIAM MILLER

São Paulo, SP – Brasil

24 de novembro de 1874 – 30 de junho de 1953


‘pai’ do futebol no país era filho de um
escocês e de uma brasileira de ascendência

O inglesa. Nasceu no bairro paulistano do Brás


e aos 10 anos foi estudar na Inglaterra, onde
conheceu o novo jogo de bola, além do
críquete e do rugby, e defendeu o time do St. Mary
por dois anos, atuando como atacante. Foi o
principal incentivador da implantação da
modalidade no Brasil, ao trazer direto da fonte um
livro de regras, chuteiras e bolas, quando retornou
a São Paulo em 1894. Ajudou a fundar a Liga Paulista de Futebol, da qual
foi tricampeão com seu clube, o SPAC (São Paulo Athletic Club), em 1902,
1903 e 1904. Nessas três temporadas foi ainda o artilheiro do torneio.
Depois de encerrar a carreira continuou atuando como árbitro, função que
nos primeiros anos de organização do futebol ele também desempenhou ao
mesmo tempo em que era jogador, algo comum na época.

ARTHUR FRIEDENREICH

São Paulo, SP - Brasil

18 de julho de 1892 – 6 de setembro de 1969


rimeiro grande craque do futebol brasileiro no
período do semiprofissionalismo, por quase três

P décadas foi destaque da Seleção Brasileira e de


clubes importantes. De pai alemão e mãe negra,
‘El Tigre’ era um atacante habilidoso, de estilo
clássico, criativo e artilheiro. Impunha-se dentro da
área mais pela inteligência do que por seu físico, tinha
1m78, e marcou mais de 550 gols nas dez equipes que
defendeu, sendo que permaneceu por mais tempo no
Paulistano, entre 1917 e 1929. Entre seus gols mais determinantes está
aquele que definiu a vitória brasileira sobre o Uruguai no Sul-Americano de
Seleções de 1919 (atual Copa América). Jogador politizado, respeitado
pelos colegas e adversários, exercia liderança na categoria. Participou da
Revolução Constitucionalista de 1932, ao comandar, como segundo
tenente, um grupo de esportistas que se alistou, formando o chamado
‘Batalhão de Atletas’.

NECO MANUEL NUNES

São Paulo, SP - Brasil

7 de março de 1895 – 31 de maio de 1977


oi o primeiro grande ídolo da história do
Corinthians, clube que defendeu atuando em

F todas as posições do ataque por 17 temporadas,


numa época em que o time do Tatuapé ainda se
consolidava como o mais popular da Capital e do
Estado. Ali, conquistou oito títulos do Campeonato
Paulista. Pela Seleção Brasileira, foram dois títulos
sul-americanos (1919 e 1922), sempre dividindo a
artilharia com Friedenreich. Em sua carreira vestiu
apenas mais duas camisas, de um time de várzea da capital paulista, o
Botafogo, e do Mackenzie College, em 1915, quando o Corinthians não
participou do campeonato do Estado. Depois de encerrar a carreira de
atleta, voltou a seu clube do coração como treinador e conquistou o título
paulista de 1937. Aposentou-se como funcionário da Secretaria de
Segurança Pública do Estado.

HECTOR SCARONE

Montevidéu, Uruguai

24 de dezembro de 1898 – 4 de abril de 1967


udo o que o mítico ‘Pepe’ Schiaffino representou
para a história do Peñarol, Scarone fez duas

T décadas antes pelo rival de Montevidéu, o


Nacional. Com a diferença de que nos primeiros
tempos do futebol na América do Sul as condições
de trabalho, estrutura e troca de experiências com a
Europa eram muito mais complicadas. Chamado ‘El
Mago’, era o padrão de atacante decisivo e
contundente, foi campeão olímpico pelo Uruguai em
Paris/1924, transferiu-se para o Barcelona em 1926, mas em seguida
decidiu retornar ao Nacional para não perder o direito de disputar mais uma
Olimpíada, em Amsterdã/1928, conquistando a segunda medalha de ouro
para seu país. Após a campanha vitoriosa como um dos principais
jogadores do Uruguai campeão da Copa do Mundo de 1930, retornou à
Europa, para a Itália, onde defendeu a Ambrosiana-Inter e o Palermo por
três temporadas, para depois voltar definitivamente ao Uruguai e encerrar
a carreira jogando pelo seu clube do coração. Em suas três fases no
Nacional, disputou 191 partidas, marcou 153 gols e conquistou oito títulos
nacionais. Pela Seleção, ‘El Mago’ marcou 31 gols em 52 jogos.

RICARDO ZAMORA

Barcelona, Espanha
21 de janeiro 1901 – 15 de setembro de 1978
om 1m94, excelente colocação, foi um goleiro
que fez história por seu estilo sóbrio e seguro,

C embora tenha ficado marcado por suas defesas


milagrosas defendendo a Seleção da Espanha.
Ícone do futebol espanhol, foi um dos poucos
jogadores que conseguiu a proeza de ser admirado
pelas torcidas dos dois maiores rivais do país, Real
Madrid (por seis temporadas) e Barcelona (por três
temporadas), clubes que defendeu em períodos de
grandes conquistas. Atuou também pelo Espanyol, onde começou a
carreira, e pelo Nice da França, onde se aposentou. Ainda hoje o goleiro
menos vazado de cada temporada do futebol espanhol conquista o Troféu
Zamora. Discreto quanto a suas posições políticas, aproveitou sua
passagem pela França já no fim de carreira e permaneceu fora do país,
voluntariamente exilado, durante o período da Guerra Civil, retornando
depois como treinador.

MATTHIAS SINDELAR

Kozlau, Tchecoslováquia

10 de fevereiro de 1903 – 23 de janeiro de 1939


oi protagonista máximo da era de ouro do futebol
austríaco, país cuja cidadania adotou e que o fez

F famoso com o apelido ‘Mozart do Futebol’. Tinha


origem judia e sua gloriosa carreira de jogador –
habilidoso, decisivo, líder da Seleção da Áustria –
respeitado em toda a Europa, terminou com um
marcante episódio ligado ao regime nazista. Desafiou a
própria cúpula do governo de Adolf Hitler ao se negar
a disputar a Copa de 1938 defendendo a Alemanha,
após o Anschluss, a anexação da Áustria ao Terceiro Reich, meses antes
do Mundial disputado na França. Embora tenha realizado várias partidas
memoráveis, seu jogo mais célebre foi o encontro teoricamente festivo
proposto por Hitler entre Alemanha e Áustria, antes da Copa, para
‘homenagear’ a unificação dos dois países. Hitler não compareceu à partida,
mas membros de sua cúpula militar viram Sindelar comandando a
surpreendente vitória da Áustria por 2 a 0, na qual o craque marcou um dos
gols. Aquela exibição e a desfeita ao se negar a disputar a Copa pela
Alemanha, alegando que estava em fim de carreira, podem ter custado
caro ao jogador, que morreu um ano depois no seu apartamento de Viena,
em circunstâncias nunca bem explicadas, por ingestão de monóxido de
carbono que teria escapado do sistema de calefação. Sindelar estava ao
lado da namorada e a versão oficial sobre o incidente foi de suicídio duplo.

GIUSEPPE MEAZZA

Milão, Itália

23 de agosto de 1910 – 21 de agosto de 1979


entroavante rápido e com instinto de gol, este
milanês de temperamento firme já teria feito

C história pelos dez anos em que defendeu a


Seleção Azzurra, com participação efetiva na
conquista do bicampeonato mundial nas Copas
de 1934 e 1938. Mas Meazza foi muito além,
conquistando as três principais torcidas rivais do norte
da Itália, ao atuar por Milan, Internazionale e Juventus,
clubes que defendeu com a mesma eficiência e
dedicação, embora tenha permanecido por mais tempo na Inter, 13
temporadas. Marcou mais de 300 gols na carreira, a maioria deles no
período que ficou conhecido como ‘os anos Meazza’, coincidindo com a
época em que foi titular absoluto da seleção. Como legenda indiscutível do
futebol italiano, deu seu nome a um dos símbolos supremos do ‘calcio’, o
estádio San Siro, de Milão.
DOMINGOS DA GUIA

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

19 de novembro de 1912 – 18 de maio de 2000


zagueiro que fez carreira em alguns dos
principais clubes da América do Sul (Flamengo,

O Corinthians, Boca Juniors, Vasco, Nacional do


Uruguai) tornou-se um modelo clássico de sua
posição, com o estilo abusado de sair da área
controlando a bola, eventualmente driblando
adversários, a famosa ‘domingada’. Revelado pelo
Bangu, aos 20 anos já passou por sua primeira
experiência internacional, ao ser transferido para o
Nacional de Montevidéu, como o jogador brasileiro melhor remunerado. No
Uruguai, conquistou o título da temporada de 1933, aos 21 anos. Foi
também campeão argentino pelo Boca, em 1935, e conquistou vários
campeonatos cariocas, tanto pelo Flamengo quanto pelo Vasco. Foram
mais de 500 jogos na carreira, 30 dos quais pela Seleção Brasileira, da qual
foi o grande líder na Copa de 1938. Seu filho, Ademir da Guia, deu
sequência à história gloriosa do pai, desfilando pelos gramados o mesmo
estilo esteticamente privilegiado.

LEÔNIDAS DA SILVA

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

6 de setembro de 1913 – 24 de janeiro de 2004

m dos símbolos eternos do futebol brasileiro, foi o grande nome do


país durante a transição entre o semiamadorismo e o

U profissionalismo pleno. Convocado para a Seleção Brasileira pela


primeira vez aos 16 anos, atuou pelo Peñarol do Uruguai ainda muito
jovem, foi bicampeão carioca pelo Botafogo e pentacampeão paulista
pelo time com o qual mais se identificou, o São Paulo, onde chegou em
1942, já como craque consagrado. Um dos principais jogadores e artilheiro
do Brasil na Copa do Mundo da França, em 1938, recebeu o
reconhecimento internacional ao ser eleito melhor atacante do torneio. O
apelido ‘Diamante Negro’, que o acompanhou pelo resto da carreira e
também em sua vida como cronista esportivo depois de abandonar os
gramados, em 1951, foi introduzido pela imprensa francesa, encantada com
o estilo do atacante brasileiro. Era considerado por muitos como o inventor
da ‘bicicleta’, um de seus recursos preferidos dentro da área e que muitas
vezes coroava a estética privilegiada de seu tipo de jogo.

STANLEY MATTHEWS

Hanley, Inglaterra

1 de fevereiro de 1915 – 23 de fevereiro de 2000


maior driblador da história do futebol inglês,
ponta-direita velocíssimo que se infiltrava em

O várias posições do ataque, era também um


semivegetariano, que cuidava do corpo e da
mente, o que explica em muito sua longevidade:
Matthews, o ‘Mago’, jogou profissionalmente até os 50
anos e seguiu praticando futebol até os 75, sem
sustos. Considerado um dos três melhores jogadores
do país que inventou o futebol, construiu praticamente
toda sua carreira entre dois clubes médios, o Stoke City, que o revelou, e o
Blackpool. Nos primeiros 15 anos jogando pelo Stoke, um clube que jamais
teria condições de enfrentar os poderosos Manchester, Liverpool e Arsenal,
a grande conquista de Matthews foi o título da Série B. Transferido para o
Blackpool, em 1947, já com 32 anos, foi campeão da FA Cup em 1955/56 e
duas vezes escolhido Melhor Jogador do Ano (1948 e 1963, já de volta ao
Stoke). Pela Seleção Inglesa fez 54 partidas e 11 gols. No dia 28 de abril de
1965, pouco mais de dois meses após completar 50 anos, foi homenageado
pelo Stoke com um jogo de despedida entre várias grandes estrelas
inglesas e um time formado por astros internacionais. Ao final da partida, o
‘Mago’ foi festejado por ingleses e pelos adversários, ocasião em que foi
feita a foto clássica na qual aparece carregado nos ombros por Lev Yashin
e Ferenc Puskas.

OBDULIO VARELA

Paysandú, Uruguai

20 de setembro de 1917 – 2 de agosto de 1996


rotagonista central da conquista da Copa do Mundo de 1950, na
inesperada vitória uruguaia sobre o Brasil por 2 a 1, era tão

P importante por seu futebol eficiente, fundado na força física, quanto


por sua capacidade de liderança. Comandava com extrema precisão o
meio de campo daquela equipe competitiva e, por isso, sua trajetória,
tanto no Peñarol quanto na Seleção, valeu o apelido de ‘El Negro Jefe’.
Hexacampeão uruguaio pelo Peñarol, relutou em participar da Copa de
1950 por estar já com quase 33 anos, mas terminou como o principal
comandante da conquista histórica diante de quase 200 mil torcedores
brasileiros, o chamado ‘Maracanazo’. Nas 45 partidas que disputou pela
‘Celeste’, conquistou também uma Copa América (1942) e, pouco antes de
completar 37 anos, ainda disputou a Copa do Mundo de 1954, na Suíça, na
qual o Uruguai ficou com a quarta colocação.

MOACIR BARBOSA

Campinas, SP – Brasil

27 de março de 1921 – 7 de abril de 2000


ara sempre estigmatizado pela derrota brasileira na final da Copa do
Mundo de 1950, contra o Uruguai, foi, porém, um dos mais brilhantes

P goleiros do futebol brasileiro em todos os tempos. Seguro, frio e


sempre bem colocado, não fazia defesas espalhafatosas para provar
sua qualidade, mas sempre foi visto como um goleiro que operava
milagres e ganhava partidas salvando sua meta. Foi revelado pelo Ypiranga
da capital paulista no início da década de 1940 e, em 1945, já era
contratado pelo Vasco da Gama, onde permaneceu por dez anos nessa
primeira etapa (voltaria ao clube para mais três temporadas no fim da
carreira). Foi um dos expoentes do chamado Expresso da Vitória, time
vascaíno que conquistou seis campeonatos cariocas e um Campeonato
Sul-Americano. A repercussão negativa, durante décadas, do gol decisivo
do uruguaio Ghiggia no ‘Maracanazo’, em 1950, trouxe consequências
nefastas para a vida e a carreira de Barbosa, que muito tempo depois ainda
era vítima de surtos depressivos, até sua morte, 50 anos depois daquela
derrota trágica, em sua casa na Praia Grande, litoral de São Paulo. Com o
peso do estigma, fez apenas 17 jogos pela Seleção Brasileira.

FRITZ WALTER (FRIEDRICH WALTER)

Kaiserslautern, Alemanha

31 de outubro de 1920 – 17 de junho de 2002


primeira era de ouro do futebol alemão começou com este meio-
campista e atacante que fez toda sua carreira atuando pelo

A Kaiserslautern. Foi um jogador que unia criação e objetividade, tinha


virtudes de liderança e era decisivo dentro da área, funcionando muito
bem também nos chutes a distância. Nas 61 partidas que fez pela
Seleção da Alemanha, marcou 33 gols, e tornou-se uma legenda
germânica ao capitanear o time que conquistou a Copa do Mundo de 1954,
na Suíça, vencendo a poderosa Hungria na decisão. Na época do que ficou
conhecido como o ‘Milagre de Berna’, tinha 33 anos. Teve, porém, como
toda sua geração, a trajetória esportiva interrompida pela Segunda Guerra
e sofreu também as consequências nos anos seguintes ao fim do conflito,
quando apenas torneios regionais eram disputados no país. Em mais de
duas décadas a serviço do Kaiserslautern, atingiu uma marca respeitável e
impressionante para um meio-campista: disputou 364 partidas e fez 357
gols, média muito próxima a um gol por jogo.

ZIZINHO (TOMÁS SOARES DA SILVA)

São Gonçalo, RJ – Brasil

14 de setembro de 1921 – 8 de fevereiro de 2002


odelo polivalente de atacante e meio-campista,
Zizinho foi um dos maiores ídolos da história do

M Flamengo, onde conquistou quatro títulos


cariocas, e fechou sua carreira com mais de 300
gols no currículo. Também teve boa passagem
pelo Bangu e atuou pelo São Paulo em duas
temporadas, já veterano, o suficiente para conquistar
um título paulista. O refinamento com que tratava a
bola e a excelente visão de jogo o transformaram em
‘Mestre Ziza’, que viria a ter entre seus muitos admiradores confessos
ninguém menos que o Rei Pelé. Na Seleção Brasileira, marcou 30 gols em
54 partidas e recebeu como consolo, em 1950, o título de melhor jogador
da fatídica Copa do Mundo perdida em pleno Maracanã para o Uruguai. Por
seu desempenho, ao menos, foi um dos poucos a ser perdoado por torcida e
imprensa após o fracasso. No fim da carreira, aos 37 anos, teve uma curta
experiência pelo Audax do Chile, onde atuou como técnico e jogador.

GUNNAR NORDAHL

Hörnefors, Suécia

19 de outubro de 1921 – 15 e setembro de 1995


recorde de gols em uma única temporada do
‘calcio’ não pertence a Gianni Rivera ou Sandro

O Mazzola, tampouco a algum dos muitos astros


sul-americanos que passaram pela Itália. A
marca ainda é deste sueco que o Milan
descobriu jogando no Norrköping, logo depois da
Segunda Guerra. Como não se envolveu diretamente
no conflito, a Suécia continuou com seus torneios de
futebol nos anos 40. Foi quando Nordahl surgiu,
ajudando seu time a conquistar quatro títulos no país e se promover com
proezas como a que fez ao marcar sete gols em um único jogo. Transferido
ao Milan no início de 1949, é até hoje o maior goleador da história do clube,
marcou 210 vezes em 257 jogos, nas oito temporadas, conquistando dois
títulos nacionais e sendo cinco vezes artilheiro do ‘calcio’, antes de se
transferir para a Roma, onde ficou por dois anos. Pela Seleção da Suécia,
fez 44 gols em 30 jogos e foi um dos maiores responsáveis pela conquista
da medalha de ouro na Olimpíada de Londres, em 1948.

ADEMIR DE MENEZES

Recife, PE – Brasil

8 de novembro de 1922 – 11 de maio de 1996


eça chave do impressionante time do Vasco da
Gama da década de 1940, que ficou conhecido

P como ‘Expresso da Vitória’, o ‘Queixada’, como


era chamado, foi um atacante de ofício, artilheiro
nato e ao mesmo tempo habilidoso, autor de
mais de 500 gols na carreira. Entrou para a história do
clube de São Januário e também do Sport Recife, que
o revelou, além de ter feito sucesso em sua passagem
de dois anos pelo Fluminense, onde atingiu uma média
pouco inferior a um gol por jogo. No Vasco chegou aos 20 anos, conquistou
vários títulos cariocas e o inesquecível Campeonato Sul-Americano de
Clubes de 1948, numa final contra o River Plate, que tinha como destaque
Alfredo Di Stefano. Sua versatilidade aliada à criatividade e à precisão
transformaram parâmetros para os atacantes com seu estilo e presença de
área. Pela Seleção Brasileira, fez 35 gols em 41 jogos, conquistou o
Campeonato Sul-Americano (atual Copa América) de 1949 e foi artilheiro,
com nove gols, e um dos comandantes do time na Copa do Mundo de 1950,
sobrevivendo ao ‘Maracanazo’ com uma reputação intocável.

NILTON SANTOS

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

16 de maio de 1925
futebol de praia revelou ao mundo um dos
maiores laterais esquerdos que o futebol já viu,

O uma autêntica referência na posição. Jogador


clássico e com rara inteligência, não à toa
recebeu o apelido de ‘Enciclopédia’, também por
ser um dos primeiros laterais que funcionavam
também como alas, apoiando eventualmente o ataque
pelo lado esquerdo. Transformou-se em jogador-
bandeira do grande Botafogo entre as décadas de
1950 e 1960, disputou quatro copas do mundo e foi um dos protagonistas
do bicampeonato mundial conquistado pelo Brasil na Suécia, em 1958, e no
Chile, em 1962. Foi exatamente no Chile que ficou famosa uma de suas
artimanhas, ao cometer um pênalti contra a Espanha num momento
crucial do jogo e em seguida dar um passo para além da linha lateral da
área, induzindo o juiz a marcar a falta e não a pena máxima. A rica
trajetória de Nilton Santos como um dos ícones da Seleção e do Botafogo
foi contada em parte no livro ‘Minha Bola, Minha Vida’, no qual destaca sua
convivência com Pelé e Mané Garrincha. Participou de 729 jogos oficiais
pelo seu clube de sempre, o Botafogo, onde conquistou quatro títulos
cariocas, e de 75 partidas pela Seleção Brasileira, onde estreou em 1949,
na conquista do Campeonato Sul-Americano. Marcou 16 gols na carreira.
JUAN ALBERTO SCHIAFFINO

Montevidéu, Uruguai

28 de julho de 1925 – 13 de novembro de 2002


cérebro da ‘Celeste’ que derrubou o Brasil em
1950 formava com Obdulio Varela a dupla de

O meio-campo que transformou em pesadelo o


mundial brasileiro. Ex-padeiro e operário de uma
fábrica de alumínio, ‘Pepe’ chegou ao Peñarol
aos 18 anos, jogou ao lado do irmão Raúl e foi um dos
responsáveis pelo time que entrou para a história do
futebol uruguaio como o mais brilhante de todos os
tempos, vencedor de cinco campeonatos nacionais e
base da equipe que disputou o Mundial de 50. Na final contra o Brasil foi
considerado o melhor em campo e marcou o primeiro gol uruguaio na
vitória por 2 a 1. Seu desempenho na Copa de 1954 chamou a atenção da
Europa e, depois de 288 jogos e 88 gols pelo Peñarol, foi negociado com o
Milan, onde disputou seis temporadas e marcou 60 gols. Antes de encerrar
a carreira, já com 35 anos, esteve na Roma, que defendeu por 39 partidas.
Então, atuava mais recuado, como líbero. Na ‘Celeste’, foram 21 jogos e
oito gols. Para muitos, é considerado o maior jogador uruguaio de todos os
tempos.

ALFREDO DI STEFANO

Buenos Aires, Argentina

4 de julho de 1926
ortenho autêntico, nascido no bairro de Barracas,
naturalizado espanhol, Don Alfredo, considerado

P um dos cinco maiores jogadores de todos os


tempos, chegou a fazer seis partidas pela seleção
de seu país, onde foi astro do River Plate até
1948. Antes de construir uma carreira impressionante
na Espanha, passou com sucesso pelo futebol
colombiano, atuando pelo Millonarios de Bogotá por
três anos. Foi justamente em uma excursão com o clube colombiano que Di
Stefano chamou a atenção dos dois poderosos do Campeonato Espanhol,
Barcelona e Real Madrid. Negociando diretamente com o River, que ainda
detinha seu passe, o Barça fechou a contratação do atacante, mas um
acordo entre Real Madrid e Millonarios, que alegou ter direitos sobre o
passe, estragou o negócio e, mesmo depois atuar com a camisa do time
catalão, Di Stefano terminou assinando com o Real, num dos episódios que
mais acirraram a já crispada relação entre os dois rivais. No time da capital,
Di Stefano viveu seu auge, foi pentacampeão da Copa dos Campeões, atual
Champions League, conquistou vários títulos da Liga e já naturalizado
chegou à Seleção Espanhola, onde marcou 23 gols em 31 jogos. Seu estilo
sempre foi marcado pela visão de jogo, pela habilidade com que se
posicionava no ataque, pelo chute preciso e pela capacidade física
impressionante. Multicampeão e cinco vezes consecutivas artilheiro da
Liga Espanhola, recebeu décadas depois da aposentadoria o título de
presidente honorário do Real Madrid, onde marcou 307 gols em 403 jogos,
por 11 temporadas.

LADISLAO KUBALA (LÁZLO KUBALA STECZ)

Budapeste, Hungria

10 de junho de 1927 – 17 de maio de 2002


jogador que começou sua carreira no
Ferencvaros, em plena Segunda Guerra Mundial,

O e fechou sua brilhante trajetória com três


passaportes na gaveta, resultado das
nacionalidades que precisou assumir, é um bom
referencial de como viveram os atletas de seu tempo
mesmo sendo destaques internacionais. Kubala
chegou bem jovem à seleção de seu país, mas se
mudou para a Tchecoslováquia, terra de seus pais,
diante da conturbada situação política da Hungria no pós-guerra. Vivia e
trabalhava em Bratislava, chegou a fazer alguns jogos pela seleção tcheca,
mas também por aqueles lados o cenário não era tranquilo. A família
transferiu-se para o Ocidente, foi morar na Itália em um período de
reconstrução do país, o que impediu que a melhor seleção húngara de
todos os tempos, que disputou a Copa de 1954, contasse com aquele meia-
atacante forte e rápido, que seria incluído pela Fifa na relação dos 50
melhores jogadores do século. Por dois anos, desfilou pelo mundo com um
time de exilados húngaros, denominado Hungária, e despertou a atenção do
Barcelona, onde viria a jogar por 13 anos, adquirindo a nacionalidade
espanhola. Foram 256 jogos pelo time catalão, com 194 gols, antes da
transferência para o outro clube da cidade, o Espanyol, onde ficou por dois
anos, já veterano, fazendo apenas 27 partidas. Kubala disputou ainda 20
jogos pela Espanha, sua terceira equipe nacional, antes de virar técnico da
própria seleção, onde bateu o recorde de permanência, 11 anos. Treinou
ainda o Barcelona e, por fim, peregrinou pela América do Sul (Paraguai,
Bolívia) e países árabes, sem muito sucesso. Morreu em Barcelona aos 74
anos da mesma forma como viveu, como um nômade, longe de sua terra.

FERENC PUSKAS

Budapeste, Hungria

2 de abril de 1927 – 17 de novembro de 2006


história do futebol húngaro não só é pródiga
em maravilhas técnicas como promoveu

A riquíssimos tipos humanos, como é o caso


deste atacante letal, de origem alemã,
principal artilheiro da seleção que se
transformou em símbolo do futebol moderno da
primeira metade da década de 1950. Medalha de
ouro nos Jogos Olímpicos de Hensinque (1952) e
vice-campeão mundial da Copa do Mundo da Suíça,
em 1954, Puskas foi um atacante que priorizava o
arremate e a precisão, era canhoto, dono de um chute fortíssimo e tinha
sob controle todos os atalhos da grande área. Foi um retrato acabado
daquele timaço magiar que atropelou todos os adversários, menos a
Alemanha na final de Berna. Seus registros na Seleção Húngara são
impressionantes, com praticamente um gol em média por jogo, 84 gols em
85 partidas. Também teve uma trajetória atrelada à situação política no
pós-guerra. Deixou o Honved Budapest após a intervenção soviética na
Hungria, em 1956, e optou por uma transferência ao Real Madrid, uma vez
que a Espanha era a Meca dos húngaros no período. Ali, porém, encontrou
o regime do Generalíssimo Franco, o que não lhe deixou opção política.
Chamado de ‘cañoncito’ em Madrid, conquistou três Copas da Europa
(atual Champions), cinco títulos da Liga e foi artilheiro em quatro
temporadas.

DIDI (VALDIR PEREIRA)

Campos dos Goytacazes, RJ – Brasil

8 de outubro de 1928 – 12 de maio de 2001


e o futebol brasileiro tem um jogador de meio de
campo que pode ser visto como referência

S técnica, aliando elegância e eficiência, só pode se


tratar de Didi, o ‘Príncipe Etíope’ na eterna
definição de Nelson Rodrigues. Definitivamente,
Didi, revelado pelo São Cristóvão, estabeleceu
paradigmas de comportamento na região do campo
onde imperam a criatividade e a capacidade de
liderança, além de ter sido o criador da ‘folha seca’,
com sua forma peculiar de bater na bola nas cobranças de falta. Seu estilo
clássico proporcionou uma definição espontânea adotada por parte da
imprensa internacional, depois da vitória brasileira na Copa de 1958: ‘Mr.
Football’. Meio jogador, meio filósofo, autor da célebre frase ‘treino é treino,
jogo é jogo’, atuou por muitos clubes sem necessariamente optar por
algum deles por muito tempo, exceto nos sete anos em que permaneceu
no Fluminense, com 298 partidas disputadas, embora tenha associado seu
nome à fase de ouro do Botafogo, por onde jogou em quatro ocasiões com
idas e vindas em um período de dez anos, fazendo um total de 313 jogos e
114 gols. Atuou também por Real Madrid, Sporting Cristal e São Paulo.
Como técnico, levou a geração de ouro do Peru à Copa de 1970 e
comandou times como River Plate e o próprio Botafogo. Pela Seleção
Brasileira, fez 20 gols em 68 jogos.

SÁNDOR KOCSIS

Budapeste, Hungria

21 de setembro de 1929 – 22 de julho de 1979


impressionante linha de ataque do esquadrão húngaro que foi
sensação na primeira metade da década de 1950 deve muito àquele

A que foi considerado o melhor cabeceador de seu tempo. Kocsis


herdou a virtude de seu pai, que era zagueiro, mas aperfeiçoou-se em
colocação e antecipação para fazer do cabeceio sua principal arma.
Peça-chave do time que conquistou a medalha de ouro na Olimpíada de
Helsinque (1952) e que encantou o mundo na Copa da Suíça (1954), apesar
da derrota para a Alemanha na final, era jogador do Honved Budapest
quando, durante uma viagem para a disputa de uma partida pela Copa dos
Campeões, soube da invasão de seu país pelas tropas soviéticas, em 1956.
Junto com outros companheiros de Honved decidiu não retornar à Hungria,
jogou por uma temporada no time suíço do Young Fellows e, por indicação
do compatriota Ladislao Kubala, foi contratado pelo Barcelona em 1958,
onde conquistou a maioria de seus títulos durante sete anos. Nos 75 jogos
que fez pelo Barça foi bicampeão da Liga e bicampeão da Copa do
Generalíssimo (atual Copa do Rei), marcando 42 gols. Pela Seleção
Húngara, antes do exílio, foram 68 jogos e 75 gols, média superior a um gol
por jogo. Aos 50 anos, internado em consequência de um câncer no
estômago, jogou-se do sétimo andar do hospital em que era tratado em
Barcelona. Seus restos mortais só retornaram à Hungria em 2012.

LEV YASHIN

Moscou, Rússia (Antiga URSS)

22 de outubro de 1929 – 20 de março de 1990


‘Aranha Negra’, tido por muitos como o melhor goleiro de todos os
tempos, era um ícone soviético do tempo da Guerra Fria. Defendeu o

O mesmo clube por toda sua carreira, o Dínamo de Moscou, e em


nenhum momento pensou em abandonar o país para fazer fortuna no
Ocidente, embora tenha recebido inúmeras propostas. Yashin virou
um padrão de comportamento para várias gerações de esportistas
soviéticos e criou um modelo de goleiro sóbrio que deixou vários herdeiros,
entre eles Rinat Dasaev, que absorveu com perfeição seu legado técnico.
Lev Yashin era um goleiro tecnicamente completo, ágil, de excelente
colocação e tinha uma envergadura que facilitava suas defesas, sem que
precisasse dos saltos pirotécnicos. Um detalhe em sua formação como
esportista propiciou seus ótimos reflexos: começou como goleiro de hóquei
no gelo. Escolhido ‘goleiro do século’ pela Fifa, esteve na conquista da
medalha de ouro na Olimpíada de Melbourne (1956), participou de quatro
Copas do Mundo, ganhou cinco títulos nacionais com o Dínamo e recebeu a
Bola de Ouro do futebol europeu em 1963. Foi o primeiro goleiro de
prestígio internacional a utilizar luvas, algo ainda incomum na década de
1950.

HIDERALDO LUIZ BELLINI

Itapira, SP – Brasil

7 de junho de 1930
gesto de levantar a Copa do Mundo com duas
mãos foi eternizado por este zagueiro central

O sério, forte e bastante disciplinado, que


capitaneou a seleção Brasileira em 1958. Bellini
era para seus companheiros um modelo de
comportamento, líder natural e respeitadíssimo
também pelos adversários. A partir da conquista da
Copa tornou-se obrigatório para os capitães de times e
seleções a atitude de levantar o troféu de campeão,
oferecendo-o simbolicamente à torcida. Bellini começou a jogar em sua
cidade natal, pelo Itapirense, teve uma passagem de dois anos pelo
Sanjoanense, mas foi no Vasco da Gama, por dez temporadas, entre 1952 e
1961, que se consagrou disputando 430 partidas e conquistando o
tricampeonato carioca. Após uma curta estadia no Fluminense, foi
contratado pelo São Paulo, onde também fez história e disputou 205 jogos
em quatro temporadas. Já veterano, transferiu-se para o Atlético
Paranaense, onde encerrou a carreira. Diante do Maracanã, uma estátua de
bronze homenageia o grande capitão.

GILMAR DOS SANTOS NEVES

Santos, SP – Brasil
22 de agosto de 1930 – 25 de agosto de 2013
os dois únicos times grandes que defendeu, este
goleiro magro e alto revelado pelo Jabaquara foi

N um colecionador de títulos. No Corinthians, onde


chegou com 20 anos, viveu a gloriosa primeira
metade da década de 1950, quando foi
tricampeão paulista, campeão do quarto centenário
em 1954 e começou a cultivar as qualidades que o
levaram à Seleção Brasileira. Já iniciada a década
seguinte, transferiu-se para seu clube do coração,
nada menos que o Santos de Pelé, quando ganhou outros cinco títulos
paulistas, além de alcançar as grandes conquistas internacionais, o
bicampeonato mundial de clubes e o bicampeonato da Libertadores da
América. Fora 395 jogos pelo Corinthians e 330 pelo Santos. Titular sem
discussão da Seleção Brasileira bicampeã do mundo em 1958-1962, era
seguro, tranquilo e com uma capacidade de liderança que o colocava no
patamar de jogadores como Bellini, Nilton Santos e Didi, além de garantir
um posto entre os melhores goleiros de todos os tempos no futebol
internacional. Despediu-se da Seleção com uma partida homenagem
contra a Inglaterra vencida pelo Brasil por 2 a 1. Foi ovacionado no
Maracanã.

JOSEF MASOPUST

Strimice – Tchecoslováquia

9 de fevereiro de 1931
o time que foi o grande rival do Brasil na Copa do Mundo do Chile, em
1962, chamou a atenção um meio-campista magro e ágil, com ótima

N distribuição de jogo, que sabia também chegar ao ataque com perigo.


Era Masopust, uma instituição no futebol tcheco, que ganhou a Bola
de Ouro do futebol europeu em 1962 e foi escolhido por Pelé com um
dos 100 melhores jogadores do século. Começou no Teplice, mas fez quase
toda sua brilhante carreira no Dukla Praga, em cujo estádio foi
homenageado com uma estátua. Pela seleção, disputou 63 partidas,
marcando dez gols. Pelo Dukla, foram 79 gols em 386 jogos. Foi o primeiro
jogador tcheco a atuar fora do país – jogou no Crossing Molenbeek, da
Bélgica, nos dois últimos anos de sua carreira.

ZAGALLO (MÁRIO JORGE LOBO ZAGALLO)

Maceió, AL - Brasil

9 de agosto de 1931
ão criticado quanto cultuado, o ‘Velho Lobo’
construiu uma carreira de dedicação e respeito,

T que incluiu andanças pelo mundo, inúmeros


títulos como jogador e técnico e um recorde
internacional: ninguém, como ele, conquistou
quatro copas do mundo como jogador (1958 1 1962),
técnico (1970) e assistente técnico (1994). Começou a
jogar em 1948 pelo América do Rio, dois anos depois
estava no Flamengo, onde permaneceu até 1958,
antes de se transferir para o clube em que viveu o período mais pródigo, o
Botafogo. Chamado de ‘Formiguinha’ por seu estilo tático, levou à Seleção
Brasileira a função do ponta falso, o teórico atacante que volta para ajudar
na marcação e joga mais para o time do que para fazer seus gols e suas
jogadas individuais. Nessa função consagrou-se nas copas de 1958 e 1962,
deixando para outras estrelas, em especial Pelé e Garrincha, as grandes
glórias. Como treinador nunca foi unanimidade, até mesmo quando dirigiu a
maior seleção de todos os tempos, a de 1970, time na verdade montado por
João Saldanha e assumido por Zagallo poucos meses antes do Mundial do
México. Foi ainda quarto colocado na Copa da Alemanha, em 1954, e vice-
campeão na Copa de 1998 como técnico, perdendo a decisão para a França
de Zidane. Em suas aventuras mundiais, foi técnico de Kuwait, Arábia
Saudita e Emirados Árabes. No Brasil, conquistou títulos cariocas por
Botafogo, Flamengo e Fluminense, mas foi treinador também de Vasco da
Gama e Portuguesa.

RAYMOND KOPA

Noeux-les-Mines, França

13 de outubro de 1931
fase pródiga de ascensão do futebol francês na
década de 1950 tem muita relação como o

A futebol deste atacante miúdo e habilidoso, que


fez do esquadrão montado pelo Reims a base da
Seleção Francesa por alguns anos. Filho de
imigrantes poloneses (o sobrenome completo é
Kopaszewski), o pequeno Raymond começou a jogar
no Angers e logo foi negociado com o Reims, que
praticava um jogo atraente e ofensivo, denominado
‘futebol-champanhe’. Conquistou duas ligas francesas com seu clube e
garantiu vaga na Seleção que foi à Copa da Suíça, em 1954. Então já estava
sendo sondado pelo grande Real Madrid daquele período, clube para o qual
se transferiu em 1956 e onde viveu seus grandes momentos individuais e
coletivos. Em Madrid, no time que tinha, entre outros, o fenomenal Di
Stefano, foi três vezes campeão da Europa e venceu duas ligas. Ganhou a
Bola de Ouro como melhor jogador europeu de 1958. Teve ainda excelente
participação no Mundial da Suécia, atuando junto do maior artilheiro em
uma única Copa, Just Fontaine. De volta ao Reims, em 1959, ganhou mais
duas ligas. Em razão de sua altura, 1m69, e da liderança que exercia por
onde jogo, recebeu o apelido de ‘Napoleão’.

JUST FONTAINE

Marrakech, Marrocos

18 de agosto de 1933
fato de ter nascido na então colônia francesa no Magreb e de ter
crescido durante o conturbado período da Segunda Guerra Mundial

O não impediu que Fontaine começasse a jogar futebol bem cedo e


iniciasse uma vitoriosa carreira lá mesmo, no Marrocos, aos 17 anos,
atuando pelo Casablanca, onde conquistou dois títulos em 1952, o de
campeão marroquino e o de campeão do Norte da África. Transferido para
o Nice aos 20 anos, teve uma trajetória fulminante em duas temporadas
antes de ser contratado pelo Reims, clube em que se consagrou, marcando
121 gols em seis temporadas, conquistando dois títulos nacionais e
chegando a uma final de Copa dos Campeões (atual Champions League),
em 1958/59, na qual seu time foi derrotado pelo Real Madrid, embora
Fontaine tenha terminado o torneio como artilheiro. Sua estreia na Seleção
Francesa também foi fulminante, marcando três gols contra Luxemburgo
logo que chegou ao Nice. Detém até hoje o recorde de gols em uma única
Copa do Mundo, foram 13 na Suécia, em 1958, mas uma sequência de
lesões o afastou da seleção e abreviou sua carreira. Mesmo assim, detém a
impressionante marca de 30 gols em 21 jogos defendendo a França. Sua
carreira de treinador não teve o mesmo sucesso, passando por Paris Saint
Germain e Toulouse para depois retornar ao Marrocos, onde foi técnico da
seleção por três anos.

GARRINCHA (MANUEL FRANCISCO DOS


SANTOS)

Pau Grande, RJ - Brasil

28 de outubro de 1933 – 20 de janeiro de 1983


trajetória de Garrincha pode ser sintetizada por
alguns dos muitos ‘sobrenomes’ que recebeu ao

A longo da vida: ‘Gênio do Drible’, ‘Anjo das pernas


tortas’, ‘Alegria do Povo’. Poucos jogadores de
futebol na história foram tão reverenciados como
este carioca que cresceu livre pelos campos de sua
cidade no distrito de Magé, onde desenvolveu o
atrevimento que o transformou em um ponta direita de
raízes, autêntico e improvável, que desafiava uma
limitação física de nascença – tinha pernas tortas, sendo uma seis
centímetros mais curta que a outra. Chegou ao Botafogo em 1953, após ter
sido descoberto por um ‘olheiro’. Entre suas ousadias, deu vários dribles
durante os treinos em Nilton Santos, que já era uma legenda em General
Severiano. Pelo Botafogo fez 614 partidas durante 13 anos, com 245 gols.
Na Seleção Brasileira conquistou o mundo em 1958, ao lado de Pelé, mas
foi vital principalmente na Copa de 1962, no Chile, quando Pelé se
contundiu no segundo jogo e Mané Garrincha assumiu a condição de
estrela do time, também artilheiro. Foi eleito o melhor jogador daquele
Mundial que valeu ao Brasil o bicampeonato. Pelé e Mané, juntos em
campo, nunca sofreram uma derrota. A conturbada vida pessoal, as
seguidas lesões e o gosto pela bebida já prejudicavam sua carreira em
meados da década de 1960 e criavam inimigos morais muito mais difíceis
de superar que os beques adversários destruídos por seus dribles. Já fora
do Botafogo, sem o arranque e o equilíbrio de antes, teve passagens
frustradas por Corinthians e Flamengo, além de outros clubes menores.
Morreu em consequência de cirrose hepática, aos 49 anos, mas deixou uma
história esportiva reconhecida em todos os cantos do planeta, a ponto de
muitos o considerarem o melhor jogador do século XX.

OMAR SÍVORI

San Nicolás de los Arroyos, Argentina

2 de outubro de 1935 – 17 de fevereiro de 2005


adrão típico de jogador argentino formado nas
brincadeiras de rua dos bairros pobres das

P regiões próximas a Buenos Aires, o pequeno


Sívori, 1m63, chegou muito cedo a um dos
maiores clubes do mundo, o River Plate. Fez sua
estreia aos 17 anos e, poucos meses depois,
desestruturou com seus dribles e velocidade o grande
rival Boca Juniors, em pleno La Bombonera. Estava
nascendo um clássico da história do River e da
Argentina, para sempre lembrado nas comparações com os grandes
craques que vieram depois, inclusive Diego Maradona, que tinha as
mesmas características físicas e técnicas, além de uma história de vida
semelhante. Sívori jogou relativamente pouco tempo na Argentina e logo
chamou a atenção da Europa. Chegou à Juventus de Turim por uma soma
recorde na época, o suficiente para que o River concluísse as obras de seu
estádio, o Monumental de Nuñez. Na Itália, mais sucesso, mais títulos, a
ponto de adquirir a nacionalidade e, em função disso, poder ser escolhido o
melhor jogador da Europa na temporada de 1961, recebendo a Bola de
Ouro. Nas 62 partidas que disputou pelo River Plate em cinco temporadas,
marcou 29 gols e conquistou dois títulos nacionais. Pela Juventus, foram
195 jogos e 104 gols, três títulos do ‘scudetto’ e duas vitórias em edições
da Copa Itália. Também no Napoli, onde jogou em suas últimas quatro
temporadas na Itália, tornou-se ídolo. Pela Seleção Argentina, fez 9 gols
em 19 jogos e, após adquirir a nova nacionalidade, ainda atuou pela Itália
em 9 ocasiões, marcando 8 gols.

BOBBY CHARLTON

Ashington, Inglaterra

11 de outubro de 1937
ma das maiores legendas criadas pelo poderoso
Manchester United, Bobby Charlton, que

U começou no futebol de rua em sua pequena


cidade, já foi eleito pelos especialistas da Fifa
como o melhor futebolista inglês de todos os
tempos. Sua carreira tem números impressionantes.
Disputou 758 jogos pelo United, marcando 249 gols,
uma experiência tão intensa de identificação com o
torcedor que o levou a criar o slogan adotado pela
coletividade de Manchester para definir o estádio de Old Trafford: ‘Teatro
dos Sonhos’. Disputou quatro Copas do Mundo e foi figura central na
campanha que valeu o único título mundial inglês, em 1966. Detém o posto
de maior goleador da Seleção Inglesa – marcou 49 vezes em 106 partidas.
Pelo Manchester, conquistou três títulos da Premier League, uma Copa da
Inglaterra e uma Copa dos Campeões da Europa. Tinha 21 anos quando
sobreviveu à tragédia aérea que matou oito membros da equipe do
Manchester em 1958, em Munique, durante uma nevasca, quando
regressava de um jogo contra o Estrela Vermelha de Belgrado, pela Copa
dos Campeões. No total, 21 pessoas morreram, entre jogadores, membros
do staff técnico e tripulantes.

GORDON BANKS

Sheffield, Inglaterra

30 de dezembro de 1937
defesa que fez em uma cabeçada fulminante de Pelé na Copa de 1970
virou o eterno selo de qualidade deste goleiro inglês, fartamente

A lembrado como um dos melhores de todos os tempos – dividindo essa


honra com o não menos impressionante Lev Yashin. Os feitos de
Banks merecem valorização ainda maior se for levado em conta que
ele nunca atuou em um time de ponta, exceto no próprio English Team,
pelo qual fez 73 partidas e foi campeão do mundo em 1996, na célebre final
contra a Alemanha, em Londres. Começou a jogar no Chesterfield, chegou
à Seleção Inglesa defendendo a camisa do Leicester City, clube em que
atuou de 1959 a 1967, e o primeiro e único titulo nacional que conquistou, a
FA Cup de 1972, veio apenas depois de se transferir para o Stoke City, mais
um clube intermediário. Pouco depois, perdeu a visão de um olho em um
acidente rodoviário, que poderia ter decretado o fim de sua carreira, mas,
em 1977, Banks arriscou uma experiência nos Estados Unidos, pelo Fort
Lauderdale Strikers, onde ficou um ano e meio e disputou 37 partidas.
Recebeu, pelos serviços prestados, a Ordem do Império Britânico das mãos
da rainha Elizabeth II.

DENIS LAW

Aberdeen, Escócia

24 de fevereiro de 1940
ouco notável por fabricar grandes craques, em
que pese sua grande tradição no futebol, a

P Escócia reverenciará para sempre este grande


atacante que chegou a seu auge na década de
1960, defendendo o Manchester United, onde
formou a chamada ‘Santíssima Trindade’ ao lado de
George Best e Bobby Charlton. Revelado pelo pequeno
Huddersfield, aos 20 anos foi negociado com o
Manchester City por uma quantia então recorde no
Reino Unido, 55 mil libras. Em apenas uma ano era motivo de outro
recorde, ao ter o passe comprado pelo Torino, da Itália, experiência que
durou pouco. Atacante de grande poder de conclusão, Law não se
acostumou ao modelo defensivista do futebol italiano e assinou contrato
com o United em 1962. Em Manchester reencontrou seu jogo ideal e, por 11
temporadas, marcou 171 gols e disputou 309 partidas. Foi bicampeão da
Premier League, campeão europeu de 1967/1968 e conquistou a Bola de
Ouro de melhor jogador do continente em 1964. Aos 33 anos retornou ao
City já no ocaso da carreira, fazendo apenas 24 partidas e nove gols. Na
Seleção da Escócia, foram 55 jogos e 30 gols. Diante do estádio de Old
Trafford existe uma cultuada estátua de bronze em que aparece entre seus
dois companheiros da ‘Trindade’, Best e Charlton.

PELÉ (EDSON ARANTES DO NASCIMENTO)

Três Corações, MG - Brasil

23 de outubro de 1940
ara sempre Rei do Futebol, Pelé representa a
essência do craque, muito além de seu tempo.

P Unanimidade mundial, foi um jogador completo,


acima de qualquer discussão, pelas virtudes
técnicas que desenvolveu, pelos títulos que
conquistou e pelo legado que deixou. Ícone do futebol
artesanal e intuitivo, aprendido na rua e nos
campinhos de terra, cresceu na época mais romântica
do futebol, a passagem da década de 1940 para a de
1950, vendo jogadores como seu maior ídolo, Zizinho. Fechou seu ciclo de
conquistas com a participação gloriosa na mais brilhante seleção da
história, o Brasil de 1970, que iniciou a transição para os tempos modernos
da modalidade. O garoto franzino revelado na despretensiosa equipe do
Bauru Atlético transformou-se em um prodígio no Santos, para onde foi em
1956, aos 16 anos. Nasceu ali um modelo universal de atleta, admirável em
todos os fundamentos, fisicamente privilegiado, eficiente tanto para
funcionar com criador como para ser frio e decisivo dentro da área. Como
finalizador, tinha potência nas duas pernas, além de ser um emérito
cabeceador, embora não muito alto, 1m73. Tinha, além do mais, o mérito
de saber, como poucos, trabalhar em equipe, privilegiado por sua visão de
jogo e pela consciência tática que foi adquirindo ao longo dos anos. Seu
cartão de visitas foi mostrado ao mundo antes de completar 18 anos, na
Copa do Mundo da Suécia, onde ao lado de Garrincha começou a escrever a
saga vitoriosa do futebol brasileiro, que seria confirmada em 1962, no
Chile. Defendeu apenas dois clubes como profissional, Santos (1956 a
1974) e Cosmos de Nova York (1975 a 1977), somando 1229 gols, incluindo
sua participação na Seleção Brasileira. No Santos, conquistou dez títulos
paulistas, foi bicampeão da Libertadores da América e do Mundial de
Clubes, além de inúmeros títulos em outros torneios nacionais. Na Seleção,
disputou 94 jogos e marcou 77 gols, foi o único tricampeão da história
como jogador e comandou os tricampeões de 1970, time que resumiu a
essência do futebol ofensivo, marca registrada do Brasil. Numa votação
popular realizada pela Fifa, foi eleito o melhor jogador do século XX.

GÉRSON DE OLIVEIRA NUNES

Niterói, RJ – Brasil

11 de janeiro de 1941
e houve no futebol brasileiro um jogador ‘padrão à
moda antiga’, este foi Gérson, sendo que, neste

S caso, antigo é sinônimo de clássico. O estilo


cadenciado, cerebral, marcado pelos longos e
precisos lançamentos para os atacantes, é um
retrato do futebol nos anos de 1960 e primeira metade
de 1970, quando este carioca comandou as grandes
equipes em que atuou, na primeira fase como condutor
do meio de campo de Flamengo e Botafogo, depois,
mais experiente, como maestro no São Paulo e no Fluminense, sem contar
o fato de ser um dos líderes do Brasil tricampeão do mundo no México. Ao
seu tipo malemolente como jogador, Gérson somava sua postura fora de
campo. Era fumante contumaz, avesso aos treinamentos rígidos, um tanto
displicente na questão física e longe do modelo de atleta dedicado. Mas o
‘Canhotinha de Ouro’ usava, e muito, a inteligência, a visão de jogo e tinha
grandes qualidades táticas, que normalmente empregava na orientação
aos companheiros, como líder que sempre foi. Pela Seleção Brasileira,
foram 70 partidas e 14 gols, o mais importante na final de 70, contra a
Itália. No período de ouro no Botafogo, entre 1963 e 1969, marcou 96 gols
em 248 jogos, e nos quatro clubes que defendeu também conquistou
inúmeros títulos. Após o fim da carreira, tornou-se comentarista esportivo.
BOBBY MOORE

Londres, Inglaterra

12 de abril de 1941 – 24 de fevereiro de 1994


terno capitão do English Team, maior zagueiro da
história da Inglaterra, era considerado por Pelé

E seu melhor marcador. Tinha ótima noção de


antecipação, raramente fazia faltas e era
excelente nas coberturas em todos os setores da
defesa, além da indiscutível liderança, sua
característica mais marcante. Sua trajetória é ainda
mais valorizada pelo fato de nunca ter atuando em um
dos grandes do futebol inglês. Começou a jogar no
West Ham, time em que atuou por 14 temporadas e 544 jogos, e só aos 32
anos foi transferido para o Fulham, onde permaneceu por três anos e jogou
ao lado de George Best. Capitaneou o time inglês em 90 partidas, disputou
três Copas do Mundo e levantou a taça na conquista de 1966, no estádio de
Wembley, em cuja entrada impera sua estátua de bronze. Foram, no total,
106 jogos pelo English Team. No último trecho de sua carreira aceitou
convites para jogar nos Estados Unidos, onde atuou por San Antonio
Thunder e Seattle Sounders. Morreu em consequência de um câncer aos
51 anos.

EUSÉBIO FERREIRA

Maputo - Moçambique

25 de janeiro de 1942
maior jogador de Portugal em todos os tempos
certamente terá um lugar de honra na história,

O talvez só comparável ao de Cristiano Ronaldo,


ídolo da era do futebol-negócio. Chamado de
‘Pantera Negra’, viveu em uma época na qual a
referência era Pelé, com quem muitas vezes foi
comparado. Levou o Benfica ao bicampeonato europeu
de clubes em 1961 e 1962 e também foi o principal
condutor da Seleção Portuguesa que surpreendeu no
Mundial de Inglaterra, em 1966, conquistando o terceiro lugar e deixando
pelo caminho a própria equipe brasileira, então bicampeã do mundo. Foi
eleito o melhor jogador europeu da temporada 1965/1966 e conquistou
ainda, por duas vezes, a ‘Chuteira de Ouro’ concedida ao artilheiro do
continente. Dos mais de 700 gols que assinalou na carreira, a marca
impressionante ocorreu no Benfica: 638 gols em 614 jogos nos 15 anos em
que atuou pela equipe, conquistando 11 títulos nacionais. Pela Seleção,
marcou 41 gols em 64 jogos. Na parte final de sua carreira profissional
perambulou por vários clubes dos Estados Unidos e do México, antes de se
aposentar aos 38 anos, em 1980.

ADEMIR DA GUIA

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

3 de abril de 1942
or 16 intensas temporadas, a camisa 10 do
Palmeiras foi ostentada por um tipo sereno,

P capaz de aliar seu futebol refinado com uma


capacidade incrível de finalização. Falso lento,
quando todos pensavam que Ademir da Guia, o
‘Divino’, nunca fosse chegar, ele chegava. E resolvia.
Maior ídolo da história do clube do Parque Antártica,
principal responsável pela célebre ‘Academia’, única
equipe que resistiu ao poderoso Santos de Pelé,
conquistou cinco títulos paulistas e dois brasileiros, além da antiga Taça do
Brasil em três ocasiões. Filho de uma instituição do futebol, Domingos da
Guia, zagueiro clássico e de rica história, o ‘Divino’ começou no Bangu, onde
atuou como profissional apenas por um ano antes de se transferir para o
Palmeiras, seu clube de sempre, que defendeu por 900 partidas, marcando
153 gols. Introvertido, discreto, como muitas vezes era definido seu futebol,
tinha, porém, uma eficiência impressionante e exercia uma liderança
técnica sobre seus companheiros. O temperamento e a concorrência de
‘monstros’ de seu tempo, como Gérson e Rivellino, dificultaram sua
carreira na Seleção Brasileira, onde fez apenas 12 partidas e participou de
uma Copa do Mundo, como reserva, em 1974. Após sua aposentadoria, que
custou anos de jejum de títulos ao Palmeiras, chegou a experimentar a
carreira política, como vereador, sem muito sucesso.

DINO ZOFF

Mariano Del Friuli, Itália

28 de fevereiro de 1942
maior goleiro italiano de todos os tempos
começou tarde, teve um longo período de

O aprendizado em equipes menores, Udinese e


Mantova, e só aos 25 anos foi para o Napoli,
onde permaneceu por cinco temporadas. Foi na
grande Juventus de Turim da década de 1970 que viria
sua fase gloriosa, na qual os números falam por si só:
foram seis títulos italianos, duas conquistas de Copa
da Itália e uma Copa da Uefa. Naquela equipe, que
seria base da seleção que conquistou o Mundial da Espanha em 1982,
chegou a fazer mais de 300 jogos como titular sem uma contusão sequer e
bateu o recorde do Campeonato Italiano ao não sofrer gols por 903
minutos consecutivos, mais de dois meses e meio. Aos 40 anos, levantou a
taça da Copa do Mundo da Espanha como uma dos principais jogadores do
time e, um ano depois, se aposentaria ainda jogando pela Juventus.
Disputou 570 partidas na Séria A e 112 pela Azzurra, das quais foi capitão
em 59 ocasiões. Como treinador, teve uma passagem de dois anos pela
própria Juve, esteve na Lazio, onde chegou a ser presidente, e comandou a
Seleção Italiana que foi vice-campeã europeia em 2000, perdendo a
decisão para a França.

GIACINTO FACCHETTI

Treviglio, Itália

18 de julho de 1942 – 4 de setembro de 2006


revolução ofensiva que Carlos Alberto Torres
promoveu do lado direito como lateral-ala teve

A como responsável, pelo lado esquerdo, este


italiano que começou a carreira como atacante e
foi adaptado à lateral pelo mítico treinador
argentino Helenio Herrera. Fachetti era egresso do
atletismo, tinha físico poderoso, fazia 100 metros em
11 segundos e era dono de impressionante resistência
apesar de sua altura, 1m88. A vocação ofensiva nunca
foi esquecida em sua longa e vitoriosa carreira como lateral de uma única
equipe, a Internazionale de Milão. ‘Il Capitano’ foi um dos esteios do
magnífico time da década de 1960, bicampeão europeu e especialista em
modelos defensivos, quatro vezes campeão italiano e bicampeão da Copa
Intercontinental. Discreto, eficiente e com forte capacidade de liderança,
Facchetti levou suas qualidades para a Seleção Italiana. Participou de três
Copas do Mundo e fez 94 jogos em 14 anos de serviços prestados à
Azzurra. Pela Inter, que aposentou a camisa 3 em homenagem ao ídolo,
foram 634 partidas e 75 gols. Facchetti morreu em consequência de um
câncer no pâncreas em 2006, dois anos depois de ser eleito presidente da
Inter.

SANDRO MAZZOLA
Turim, Itália

8 de novembro de 1942
ste meio-campista ofensivo de notável visão de
jogo é mais uma das legendas do futebol italiano

E que juraram fidelidade a um único clube em toda


sua carreira. Mazzola é uma instituição da Inter de
Milão, clube que defendeu por 17 temporadas,
marcando 158 gols em 565 jogos, conquistando quatro
campeonatos nacionais, duas Copas da Europa e duas
Copas Intercontinentais. Fez parte do time que foi
referência do ‘calcio’ em parte da década de 1960, a
Inter que tinha como técnico o argentino Helenio Herrera. Pela Squadra
Azzurra, Mazzola fez 70 jogos, marcando 22 gols e conquistou a Eurocopa
de 1968, disputando ainda três Copas do Mundo (1966, 1970 e 1974). Era
filho do ex-jogador Valentino Mazzola, morto no acidente aéreo de Superga,
em 1949, que vitimou todo o time do Torino, quando Sandrino tinha apenas
sete anos. Em toda sua carreira pela Inter, Mazzola teve um grande rival no
principal adversário da cidade, o Milan: Gianni Rivera.

GIANNI RIVERA

Alessandria, Itália

18 de agosto de 1943
ara os torcedores italianos, o patamar atingido
por Rivera só é semelhante ao de outros dois

P mitos, Giuseppe Meazza e Roberto Baggio. Para a


torcida do Milan, Rivera sempre será único, um
estandarte ‘rossonero’. Foi no Milan, depois de ter
sido revelado pelo time sua cidade natal, que Rivera
chegou aos 17 anos e só saiu para se aposentar, 19
temporadas depois. Primeiro jogador italiano a
conquistar a Bola de Ouro do futebol europeu, era um
meio-campista com capacidade única de drible e de finalização, tinha poder
de organização e controlava a zona de criação com excepcional visão de
jogo. Ao mesmo tempo, tinha qualidades de atacante nato, tanto que
chegou a ser artilheiro da temporada do ‘calcio’ de 1973. Seu currículo está
recheado de títulos. Foi três vezes campeão do ‘scudetto’ e conquistou
quatro edições da Copa Itália. Também conduziu o Milan a dois títulos da
Copa dos Campeões (atual Champions) e a um título intercontinental.
Foram 658 jogos pelo clube, com 122 gols. Pela seleção, jogou 60 partidas,
marcando 14 gols. Sua aposentadoria no Milan coincidiu com a chegada de
Silvio Berlusconi à direção do clube. Mais tarde, longe de San Siro, Rivera
abraçaria a carreira política e seria eleito para ocupar uma cadeira do
Parlamento Europeu.

CARLOS ALBERTO TORRES

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

17 de julho de 1944
ersonificou como ninguém – adotando a linha
sugerida por Nilton Santos - a transição da

P posição de lateral direito para os modernos alas,


tão eficientes na ajuda ao sistema defensivo
quanto funcionais no ataque. Foi capitão e um
dos principais líderes da Seleção Brasileira que
deslumbrou o mundo na Copa de 1970. Revelado nas
divisões de base do Fluminense, aperfeiçoou seu
sentido de cobertura e o excelente domínio de bola no
grande Santos da década de 1960 e início de 1970, comandado por Pelé, e
que serviu muitas vezes de projeto tático para a própria Seleção. Na Vila
Belmiro, o ‘Capita’ disputou 445 partidas entre 1966 e 1974, fazendo 40
gols, ganhou duas vezes a Taça Brasil, uma prévia do que seria o
Campeonato Brasileiro, além de cinco títulos paulistas, no período em que
o domínio do Santos só foi interrompido por uma poucas conquistas do
Palmeiras no tempo da ‘Academia’. Já consagrado, aos 30 anos retornou
ao Fluminense, assumindo uma nova posição, a zaga central. Nas
Laranjeiras foi bicampeão carioca, antes de uma breve passagem pelo
Flamengo e da transferência para o futebol norte-americano, onde jogou
novamente com Pelé, nas fileiras do Cosmos de Nova York. Sua melhor
performance como técnico ocorreu no Flamengo, campeão brasileiro de
1983. Treinou ainda, entre outros, Corinthians, Botafogo, Atlético Mineiro e
Fluminense, além das seleções de Omã e Azerbaijão.

JAIRZINHO (JAIR VENTURA FILHO)

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

25 de dezembro de 1944
atacante voluntarioso, de grande explosão física
e objetividade, estava longe de ser uma

O preferência nacional antes da Copa de 70, no


México, mas já era ídolo do Botafogo, onde
conviveu com Garrincha e acabou sendo seu
substituto na ponta-direita. Pouco antes do Mundial,
chegou a ser questionado, mas o que fez na campanha
do tricampeonato o colocou entre os maiores
atacantes da história do futebol brasileiro, com farto
reconhecimento internacional. Não só foi o artilheiro do Brasil como
destruiu sistemas defensivos rígidos, com suas arrancadas e jogadas
individuais que valeram o apelido eterno de ‘Furacão da Copa’. Jairzinho fez
186 gols e mais de 400 jogos pelo Botafogo, onde foi bicampeão carioca e
jogou por 15 anos. Teve ainda uma experiência de duas temporadas no
Olympique de Marselha e, com 32 anos, ajudou o Cruzeiro a ser campeão
da Copa Libertadores da América de 1976. Pela Seleção Brasileira, fez 108
jogos, marcando 44 gols. Disputou também a Copa de 1974 na Alemanha,
atuando como centroavante no time que terminou o torneio em quarto
lugar. No fim da carreira teve passagens fugazes por times como
Portuguesa, Fast Clube e Jorge Wilsterman, da Bolívia.

JOSEF ‘SEPP’ MAIER

Metten - Alemanha

28 de fevereiro de 1944
a Alemanha, a posição de goleiro tem uma história antes e outra
depois de Sepp Maier. Foi por toda sua carreira jogador do Bayern de

N Munique e chegou à seleção com 22 anos. Não era dos mais altos,
1m83, mas fez escola por sua excelente colocação, reflexos
apuradíssimos, pela precisão nas saídas de gol e pela capacidade de
reposição de bola. Além disso, tinha controle pleno da área, o que facilitava
a orientação para seus zagueiros. Um dos líderes do time campeão do
mundo em 1974, esteve também no Mundial de 1978, na Argentina.
Disputou 536 partidas pelo Bayern e 94 pela Seleção Alemã. Foi quatro
vezes campeão da Bundesliga, tricampeão europeu de clubes e conquistou
ainda a Eurocopa de 1972. Teve a carreira abreviada pelas consequências
de um acidente de automóvel no fim da década de 1970, tornando-se
preparador de goleiros.

FRANZ BECKENBAUER

Munique - Alemanha

11 de setembro de 1945
or si só, o número de títulos e prêmios individuais
já bastaria para que o ‘Kaiser’ ocupasse um lugar

P de honra na história do futebol da segunda


metade do século passado. Mas quem viu Franz
Beckenbauer em ação sabe que se tratava de um
fenômeno de qualidade técnica, consciência tática e
liderança. Com seu estilo sóbrio e sofisticado, recriou a
posição de líbero, transformando o antigo ‘zagueiro de
sobra’ em um ‘produtor’ de jogo, um elemento criador,
graças a sua habilidade em atuar também como meio-campista mais
ofensivo. Por 14 anos e 424 partidas, essa história impressionante de
referência técnica foi construída no Bayern de Munique, onde conquistou
quatro títulos da Bundesliga e duas Champions League, período em que foi
eleito duas vezes melhor jogador da Europa. Capitão e campeão do mundo
pela Alemanha em 1974, onde fez 103 jogos, foi um dos poucos no mundo
do futebol a conseguir o título também como técnico, em 1990, na Itália.
Entre 1977 e 1980, fez companhia ao amigo Pelé no Cosmos de Nova York
e antes de encerrar a carreira de jogador teve uma curta passagem pelo
Hamburgo. Hoje, é presidente de honra do Bayern de Munique.

ROBERTO RIVELLINO
São Paulo, SP – Brasil

1º de janeiro de 1946
drible, o passe e a finalização, fundamentos que
diferenciam o grande craque do jogador comum,

O nunca foram problema para este paulistano do


bairro da Aclimação que se formou no futsal
para se transformar em um dos maiores
jogadores de sua geração. Se aliarmos a essas
virtudes a potência do chute, fica mais fácil entender
por que Roberto Rivellino ocupa um lugar de ídolo
eterno no futebol brasileiro e internacional – entre
seus fãs declarados estão Diego Maradona e Roberto Baggio. Palmeirense
na infância, foi no rival Corinthians que decolou. Jogou no clube do Parque
São Jorge por dez anos, quase 500 partidas e 144 gols, mas nunca
conseguiu um título de expressão no clube que atravessou longo jejum nos
anos 60 e boa parte dos 70. Ainda assim, o título de ‘Reizinho do Parque’
está no coração dos corintianos. Assim como o apelido ‘Patada Atômica’
derrubou fronteiras na Copa do México, quando Riva fez parte de um grupo
privilegiado de artistas que trouxeram o tricampeonato para o Brasil. A
história não se repetiu na Copa de 1974, embora os gols e dribles tenham
feito sucesso também na Alemanha. Transferido para o Fluminense depois
de cair em desgraça no Corinthians, viveu uma lua de mel com a equipe
que conquistou o bicampeonato carioca, a denominada ‘máquina tricolor’,
em 75/76. Em 1978, rumou para o mundo árabe, onde jogou por três
temporadas no Al Hilal, antes de se aposentar. No Fluminense, em 158
jogos, marcou 53 gols; na Seleção Brasileira, foram 40 gols em 120
partidas.

GEORGE BEST

Belfast – Irlanda do Norte


22 de maio de 1946 – 25 de novembro de 2005
o garoto que trocava as salas de aulas por
partidas de rugby ao jogador inquieto e

D politicamente incorreto que conquistou o Reino


Unido havia poucas diferenças. Best sempre foi
um insubordinado. Descoberto ainda adolescente
pelos caçadores de talento do Manchester United
jogando em um clube amador de Belfast, fez a maior
parte sua carreira nos ‘Red Devils’, jogando como
atacante pelo lado direito, onde mostrava suas
habilidades de driblador e sua capacidade de conclusão. Nos 11 anos de
United, marcou 137 gols em 361 partidas, foi bicampeão da Premier
League e conquistou a Copa dos Campeões da Europa de 1968, quando
recebeu o prêmio de melhor jogador do continente, a Bola de Ouro. Mesmo
em sua fase mais brilhante nunca foi um jogador comportado e tinha
orgulho de suas outras paixões - as mulheres e a bebida. Após deixar o
Manchester, virou um cigano do futebol, perambulando por vários clubes
dos Estados Unidos, da Escócia e da própria Irlanda, exceto por um período
de ressurgimento no Fulham, onde chegou a disputar 42 jogos. Pela
Seleção Irlandesa foram 37 partidas e nove gols assinalados. Sua fixação
pelo álcool cobrou um alto preço em 2002, quando se submeteu a um
transplante de fígado. Nem essa situação extrema, porém, mudou seus
hábitos. Após sua morte por complicações hepáticas, foi alvo de inúmeras
homenagens em toda a Grã Bretanha. O Aeroporto de Belfast leva seu
nome.

ELIAS FIGUEROA

Valparaíso, Chile

25 de outubro de 1946
aior jogador da história do Chile, eleito melhor
zagueiro da Copa de 1974, foi um central-

M padrão na década de 1970, principalmente


liderando o grande time do Internacional de
Porto Alegre, onde foi bicampeão brasileiro. Era
um defensor que tinha pleno domínio da grande área,
forte e rápido, praticamente imbatível pelo alto e com
poder de ajudar o ataque nos lances aéreos. A
temporada que fez, com 19 anos, no Santiago
Wanderers de sua cidade natal despertou o interesse do Peñarol, onde
jogou por quatro anos e conquistou dois títulos uruguaios. A transferência
para o Inter em 1971 coincidiu com o auge de sua carreira tanto em clubes
quanto na Seleção Chilena. Pelo clube gaúcho disputou 336 jogos,
marcando 26 gols, com cinco títulos gaúchos e o bicampeonato brasileiro.
Foi escolhido em três temporadas como o melhor jogador sul-americano.
De volta ao Chile, jogou mais quatro temporadas pelo Palestino (campeão
em 1978), antes de rumar para o Fort Lauderdale, onde jogou apenas 22
partidas. Na última fase da carreira ainda conquistou um título nacional
pelo Colo Colo, em 1982. Com a Seleção Chilena cumpriu 70 jogos e
marcou dois gols.

TOSTÃO (EDUARDO GONÇALVES ANDRADE)

Belo Horizonte, MG – Brasil

25 de janeiro de 1947
ostão não era alto nem muito forte, sequer era centroavante, não tinha
um chute potente de pé direito, mas foi o maior artilheiro da história do

T Cruzeiro (249 gols em 373 partidas) graças a duas virtudes que


estabeleciam a diferença em relação a outros jogadores: inteligência
privilegiada e notável domínio dos espaços vazios. O garoto que
começou na várzea e chegou ao time de futsal do Cruzeiro com 14 anos
tornou-se, depois de uma breve passagem pelo América Mineiro, o grande
maestro da equipe que faria sombra ao Santos de Pelé na década de 1960
no cenário nacional. Foi o Cruzeiro que aplicou goleadas históricas no forte
rival paulista, um time que tinha também astros como Wilson Piazza e
Dirceu Lopes, este o grande parceiro de Tostão no meio de campo e no
ataque. A habilidade no drible e no passe, a precisão no chute de canhota e
a rara visão de jogo o levaram rapidamente à Seleção Brasileira. Fez parte,
ainda muito jovem, da equipe que fracassou no Mundial da Inglaterra, em
1966, mas teria lugar cativo no time treinado por João Saldanha que
passou como uma locomotiva pelas Eliminatórias da Copa de 1970. Antes
do tri no México, porém, veio o baque. Em setembro de 1969, uma bolada
em lance fortuito, numa partida contra o Corinthians no Pacaembu,
provocou-lhe o deslocamento de retina no olho esquerdo, agravando um
problema que já sentira em um jogo da Seleção pouco mais de um mês
antes. O drama da contusão séria se prolongou até a Copa, com tratamento
intenso, que incluiu uma cirurgia de correção, realizada em Houston.
Tostão disputou com destaque o Mundial, mas nunca mais seria o mesmo
jogador e encerrou prematuramente a carreira, aos 26 anos, após se
transferir, em 1972, para o Vasco da Gama, onde fez apenas 30 jogos. Mais
tarde se formaria em Medicina, como Clínico Geral, mantendo-se por anos
afastado do futebol, até retornar como respeitado cronista. Pela Seleção,
Tostão fez 36 gols em 65 jogos.

JOHAN CRUYFF

Amsterdã, Holanda

25 de abril de 1947
raque que personificou o ‘futebol total’ da
Holanda na primeira metade da década de 1970,

C técnico que formou o ‘Dream Team’ do


Barcelona, Cruyff transformou-se depois disso
em uma espécie de consultor informal para
todos os temas da bola, embora suas teses estejam
longe de ser unanimidade. Apontado com um dos
cinco grandes de todos os tempos, em campo era uma
locomotiva, um padrão universal de jogo intenso e preciso, que ocupava
espaços e era com a mesma eficiência criador e finalizador. Na ‘Laranja
Mecânica’ da Copa de 1974, na Alemanha, maravilhou o mundo ao
comandar um time revolucionário, montado por seu mentor, Rinus Michels.
Faltou apenas vencer a final contra a seleção da casa. Três vezes ganhador
da Bola de Ouro na Europa, referência de uma etapa de transição no
futebol mundial, Cruyff, como a própria Holanda, não deu continuidade em
sua carreira de futebolista àquele momento brilhante. Depois de cinco
temporadas no Barcelona (143 jogos e 48 gols), foi para os Estados Unidos.
Antes, negou-se a jogar o Mundial da Argentina. Aos 37 anos, aposentou-se
como jogador no Feyenoord, de Roterdã. Como técnico seguiu caminho
semelhante. A campanha que levou à conquista da Champions League com
o Barcelona, em 1992, abria a porta para uma profícua e vitoriosa carreira,
mas Cruyff parou por ali. Deixou um legado original e vencedor, mas
também a impressão de que faltou alguma coisa para fechar um ciclo de
genialidades.

TEÓFILO CUBILLAS

Puente Piedra, Peru

8 de março de 1949
onhecido por ’El Nene’, foi o único jogador peruano incluído na lista
de 50 melhores do século XX da Fifa. É o maior ídolo do futebol do

C Peru, com 117 jogos disputados pela Seleção e 45 gols assinalados.


Meia ofensivo de rara habilidade, foi revelado pelo Alianza de Lima,
onde disputou 175 jogos na primeira fase de sua carreira, antes de
fazer sucesso como jogador do Basel, onde foi campeão nacional, e Porto
por três temporadas (65 gols), até voltar ao Alianza. Entre 1979 e 1984, foi
o principal jogador do Fort Lauderdale Strikes, do futebol norte-americano,
onde deixou sua marca de artilheiro fazendo 65 gols. Participou de três
Copas do Mundo (1970, 1978 e 1982). Detém o recorde de gols assinalados,
268, na Primeira Divisão do Peru e sua maior conquista individual foi o
título de Melhor Jogador da América do Sul em 1972.
LUÍS EDMUNDO PEREIRA

Juazeiro, BA – Brasil

21 de junho de 1949
e Franz Beckenbauer reinventou a posição de
líbero, criando o líbero-artilheiro, Luisão Pereira

S aperfeiçoou o zagueiro-artilheiro. Um dos maiores


beques centrais de seu tempo, marcador
implacável e letal em suas descidas para o
ataque, foi um expoente da celebrada ‘Academia’ do
Palmeiras, entre meados da década de 1960 e
princípios de 1970, mas também fez história na
Seleção Brasileira e no Atlético de Madrid. Começou a
jogar no São Bento de Sorocaba e chegou ao Parque Antártica em 1968
para a primeira de sete gloriosas temporadas, com 93 jogos disputados,
três títulos nacionais e dois paulistas. Seu desempenho na Copa da
Alemanha confirmou que a Europa era seu destino. Transferido para o
Atlético junto com seu companheiro Leivinha, disputou seis temporadas na
Espanha, com 146 jogos e 14 gols, conquistando a Liga de 1976/1977 e
transformando-se em ídolo da fanática torcida do segundo time da capital.
Na volta ao Brasil, jogou uma temporada no Flamengo, voltou ao Palmeiras
para um período de três anos e teve passagens por vários outros clubes,
entre os quais, Corinthians, Portuguesa e São Caetano. Encerrou a carreira
aos 47 anos, transformando-se em treinador – hoje é técnico do Atlético da
Madrid B. Pela Seleção Brasileira, disputou 38 jogos.

CLODOALDO TAVARES SANTANA

Itabaiana, SE – Brasil

25 de setembro de 1949
a melhor seleção de todos os tempos, o Brasil
do tricampeonato de 1970, era o termômetro do

N meio de campo. Se não tinha o poder de decidir


jogos como Gérson, Rivellino ou Pelé, este
volante com grande poder de marcação e hábil
no controle de bola era o ponto de equilíbrio na
marcação. Cria do grande Santos da década de 1960,
ganhou praticamente todos os títulos, incluindo o
pentacampeonato paulista, com o time da Vila
Belmiro, onde permaneceu por quase 15 anos, fazendo 510 jogos e 13 gols.
Pela Seleção, foram 51 partidas e três gols, um deles fundamental, contra
o Uruguai, na semifinal da Copa do México, quando o Brasil perdia por 1 a 0
em um jogo bastante complicado. O gol de empate de Clodoaldo no fim do
primeiro tempo abriu o caminho para uma grande reação na etapa final.
Uma contusão nunca bem explicada pelo corpo médico da Seleção o
afastou da Copa de 1974, mas os problemas com lesões abreviaram sua
carreira, encerrada aos 29 anos, por não conseguir se recuperar por
completo de uma cirurgia no joelho. Antes, fez algumas tentativas sem
sucesso no Nacional de Manaus e no Tampa Bay Rowdies. Após deixar os
gramados, continuou ligado à diretoria do Santos.

GRZEGORZ LATO
Malbork, Polônia

8 de abril de 1950
aior goleador da história da Seleção da Polônia,
artilheiro da Copa de 1974, viveu em uma época

M em que eram vetadas as transferências de


jogadores do país ao Exterior até a idade de 30
anos. Mesmo assim é visto como um dos
maiores atacantes da Europa na década de 1970. Foi
duas vezes terceiro colocado da Copa do Mundo (1974
e 1982), ganhou a medalha de ouro para a Polônia na
Olimpíada de Munique/1972 e a prata em Montreal
/1976. Fez dois gols contra o Brasil em Mundiais, um na Alemanha, na
decisão do terceiro lugar, vitória por 1 a 0, e outro na Argentina, na derrota
por 3 a 1. Cumpriu 100 jogos pela equipe nacional, marcando 45 gols. Por
18 anos defendeu o Stal Mielec e, uma vez liberado para transferências
internacionais, jogou no fim da carreira pelo Lokeren, da Bélgica, e pelo
Atlante, do México. Pelos clubes que defendeu marcou 144 gols. No
período em que ainda era vetada uma negociação com equipes de fora do
país chegou a receber um convite de Pelé para defender o Cosmos de Nova
York.

KEVIN KEEGAN

Armthorpe, Inglaterra

14 de fevereiro de 1951
m dos pilares do Liverpool que dominou o futebol
inglês em parte da década de 1970, era o tipo do

U atacante que todo treinador gosta de ter. Rápido,


driblador e explosivo, podia jogar como
centroavante, embora não fosse alto (1m73),
mas era especialmente perigoso utilizando diagonais
da ponta para o meio. Foi assim que conseguiu se
destacar em um período no qual o futebol da Europa
teve gênios de estirpe de Michel Platini e Johan Cruyff.
Começou no pequeno Scunthorpe United e chegou em 1971 ao Liverpool,
onde em sete temporadas disputou 230 jogos e foi tricampeão da Premier
League, marcando 68 gols. Alvo de negociação milionária com o
Hamburgo, não decepcionou em sua aventura alemã, foi campeão da
Bundesliga em 1979 e recebeu a Bola de Ouro de melhor jogador europeu
em 1978 e 1979. Na Alemanha foram 90 jogos e 32 gols. De volta à
Inglaterra, ainda jogou por várias temporadas defendendo o Southampton e
o Newcastle, clube em que se aposentou para virar treinador. Pela Seleção
Inglesa, Keegan disputou 63 jogos e marcou 21 gols.
PAUL BREITNER

Kolbermoor, Alemanha

5 de setembro de 1951
utêntica cria do futebol da Baviera, foi um lateral
esquerdo clássico, embora fosse destro, com

A perfil de meio-campista e dotes de liderança,


graças a um temperamento que muitas vezes lhe
trouxe problemas. Um dos nomes históricos do
Bayern de Munique, foi campeão do mundo na
magnífica seleção de 1974, mas em seguida se
transferiu ao Real Madrid ao mesmo tempo em que
rompia relações com parte da comissão técnica do
time nacional alemão. Só voltaria à Seleção para a Copa do 1982, quando
foi vice-campeão. Pelo Bayern, conquistou cinco vezes a Bundesliga, duas
edições da Copa da Alemanha e foi campeão da Europa em 1973/1974. No
Real Madrid foi bicampeão da Liga, deixando a Espanha em seguida para
jogar no pequeno Eintracht Braunschweig, antes de retornar ao Bayern
para encerrar a carreira no mesmo local de suas origens. Defendeu a
Seleção Alemã em 40 ocasiões, marcando dez gols. Em toda sua carreira,
fez 113 gols. Anos depois da aposentadoria, transformou-se em uma
espécie de consultor e ‘olheiro’ oficial do Bayern.

ROGER MILLA

Yaoundé, República de Camarões

20 de maio de 1952
ponto de inflexão que resultou no grande salto
de qualidade do futebol africano no fim da

O década de 1980 tem muita relação com o


futebol praticado por Camarões e por seu
principal jogador, Roger Milla. Até a Copa de
1990, as aparições de seleções africanas com
destaque eram raríssimas, mas o gol de Milla contra a
então campeã Argentina, na abertura daquele Mundial,
bem como o desempenho do time no restante do
torneio começaram a reescrever a história do atraente futebol africano.
Atacante de habilidade, grande poder de finalização e de ótima constituição
física, Milla teve dificuldade em seus primeiros tempos de futebol, jogou
por clubes locais, como o Léopard de Doula (117 partidas e 89 gols), mas
foi obrigado a seguir o caminho de muitos futebolistas africanos, buscando
na Europa seu futuro. Perambulou por cinco equipes no Campeonato
Francês, sendo que a maior longevidade ocorreu nos tempos de Bastia:
quatro temporadas, 113 jogos e 35 gols. Mas foi na Seleção que conquistou
seu lugar entre os maiores jogadores africanos da história. Disputou três
copas do mundo, a primeira sem destaque, em 1982, mas foi um dos
grandes nomes de 1990 e prolongou sua fama nos Estados Unidos em
1994. Fez 102 jogos pela equipe nacional e marcou 28 gols. Aposentou-se
com 45 anos, depois de jogar uma temporada no Putra Samarinda, da
Indonésia.

ZICO (ARTHUR ANTUNES COIMBRA)

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

3 de março de 1953
trajetória de grandes nomes do futebol internacional é muitas vezes
gloriosa mesmo que não incluam a conquista de títulos mundiais por

A suas seleções. Neste grupo seleto estão nomes como Di Stefano,


Cruyff e obviamente Zico, o ‘Galinho de Quintino’. Na carreira do
garoto mirrado, que foi praticamente ‘reconstruído’ em sua fase de
crescimento na adolescência nas bases do Flamengo, só faltou mesmo um
título mundial pela Seleção Brasileira, embora Zico tenha feito parte de um
time inesquecível, que em 1982 maravilhou o mundo mesmo tendo ficado
pelo meio do caminho na Copa da Espanha. No Flamengo, porém, Zico foi
rei. Atacante com poder anormal de finalização, rápido e inteligente, com
amplo domínio da grande área, tinha além de tudo uma precisão cirúrgica
nas cobranças de falta. Entre sua estreia oficial no clube da Gávea, aos 18
anos, até a saída para a Udinese, 13 temporadas depois, marcou nada
menos que 509 gols em 732 partidas. Foi o maestro do melhor Flamengo
da história, tricampeão brasileiro, pentacampeão carioca, campeão da
América e do mundo. Na Itália, mais do que pelas estatísticas (fez 40 jogos
e 22 gols), colocou a cidade de Udine no circuito do futebol, lotando
estádios e despertando a torcida da região do Friuli. De volta ao Flamengo
em 1985, sofreu com graves lesões por dois anos, recuperou a forma,
conquistou mais um Campeonato Carioca e partiu para o Japão, onde, em
três temporadas pelo Kashima Antlers, foi personagem central no projeto
de consolidação do futebol num dos principais mercados esportivos do
Extremo Oriente. Pela Seleção Brasileira disputou três copas do mundo, fez
um total de 72 partidas e marcou 52 gols. Iniciou a carreira de técnico no
próprio Kashima, em 1999, depois de trabalhar como auxiliar de Zagallo na
Seleção Brasileira em 1998. Teve passagens pelas seleções do Japão e do
Iraque, além de trabalhar em clubes como Fenerbahce e CSKA Moscou.

DANIEL PASSARELLA

Chacabuco, Argentina

25 de maio de 1953
nico argentino bicampeão mundial – esteve nas
campanhas de 1978 e 1986 -, era um zagueiro

Ú artilheiro com a rara habilidade, além de ser


exímio cabeceador apesar da estatura, 1m73.
Seu poder de antecipação, a visão periférica que
tinha da grande área e a grande velocidade faziam a
diferença em uma posição habituada a jogadores
grandalhões e lentos. Comandante do River Plate
entre 1974 e 1982, marcou nesse período 99 gols em
298 jogos, mais do que muitos atacantes e meio-campistas. Suas
características como líbero foram aperfeiçoadas com sua transferência
para a Itália, primeiro na Fiorentina (109 jogos e 39 gols), depois na
Internazionale de Milão (43 jogos e 9 gols). De volta ao River em 1988, fez
mais uma temporada antes de se aposentar. Na Seleção Argentina foram
70 jogos e 22 gols. Como técnico não teve o mesmo sucesso, esteve no
comando das equipes nacionais da própria Argentina e do Uruguai e passou
por clubes como Parma e Corinthians, antes de se tornar presidente de seu
clube de sempre, o River Plate.

PAULO ROBERTO FALCÃO

Abelardo Luz, SC - Brasil

16 de outubro de 1953
a dinastia de craques brasileiros que formaram a
grande Seleção de 1982, injustiçada pelos

N resultados, Falcão tem lugar de honra. Não é


exagero taxá-lo como ‘o’ meio-campista, um
jogador completo, capaz de atuar como
marcador, e nunca destruidor, e ao mesmo tempo
articular as jogadas de criação, com a vantagem de ter
um poderio físico suficiente para participar também da
conclusão. Foi assim que fez história no grande
Internacional da década de 1970, que lhe rendeu os títulos de
pentacampeão gaúcho e tricampeão brasileiro. Após 107 partidas e 22 gols
pelo Inter, rumou para sua aventura italiana e fez a Roma deixar uma fila de
42 anos ao se tornar protagonista da conquista do ‘scudetto’ de 1982-1983,
além de duas Copas da Itália. De volta ao Brasil já com 32 anos, teve
problemas de contusão e não conseguiu repetir no São Paulo seu
desempenho excepcional, embora tenha participado da conquista do título
paulista de 1985. Esquecido por Claudio Coutinho na Seleção que foi à
Copa de 1978, foi um dos ‘mágicos’ do time de 1982 e cumpriu seu ciclo de
35 jogos e sete gols pela equipe nacional. Foi também na Seleção que
começou sua carreira de técnico, com a missão de renovar o futebol
brasileiro depois da péssima campanha na Copa de 1990. Em 1993, porém,
deu lugar a Carlos Alberto Parreira. Daí por diante intercalou a profissão de
comentarista esportivo com a de treinador. Foi técnico de América do
México, Internacional, Bahia e Seleção do Japão.

SÓCRATES (SÓCRATES BRASILEIRO SAMPAIO


DE SOUZA VIEIRA DE OLIVEIRA)

Belém, PA – Brasil

16 de fevereiro de 1954 – 4 de dezembro de 2011


ão fosse pelas inúmeras virtudes técnicas que
possuía, reconhecidas por quem presenciasse

N cinco minutos que fosse de seu jogo, Sócrates já


chamaria a atenção por ser um personagem
absolutamente original do futebol. Revelado
para o profissionalismo sem passar pelos estágios de
base, era estudante de medicina em Ribeirão Preto ao
mesmo tempo em que disputava campeonatos pelo
Botafogo daquela cidade. Era alto e magro,
fisicamente frágil, mas tinha o dom do jogo. Foi o que o levou ao
Corinthians e à Seleção Brasileira em pouco tempo. De estilo cadenciado,
não precisava de velocidade para dar o destino certo a seus passes e tinha
pleno controle dos espaços. No plano pessoal, era engajado politicamente,
tinha dotes de liderança de classe e nunca aceitou ser um padrão ortodoxo
de jogador desalinhado com as coisas de seu tempo. Um dos criadores, em
1982, da ‘Democracia Corintiana’, ao lado de companheiros como
Casagrande e Vladimir, aderiu abertamente à campanha nacional pelas
eleições diretas, o movimento ‘Diretas Já’, no fim da ditadura militar. Em
campo, chamado de ‘Doutor’, foi bicampeão paulista pelo Corinthians e
ajudou a construir um dos melhores times que o Brasil já levou a uma Copa
do Mundo, em 1982. Não se adaptou ao futebol italiano ao ser transferido
para a Fiorentina, retornou ao Brasil, mas nunca retomaria seu jogo de
antes em função de contínuos problemas físicos, apesar de ter participado
de mais uma Copa, no México, em 1986. Pelo Corinthians, disputou 297
jogos e marcou 172 gols. Na Seleção, foram 63 partidas e 25 gols. Depois
de algumas tentativas sem sucesso como técnico, aderiu à crônica
esportiva, sempre com comentários repletos de críticas sociais e políticas.
No final de 2011, com a saúde bastante debilitada, não resistiu aos
problemas ocasionados pelo consumo excessivo de álcool e morreu no
mesmo domingo em que o Corinthians conquistou seu quinto título do
Campeonato Brasileiro.

MICHEL PLATINI

Joeuf, França

21 de junho de 1955
adolescente precoce que já mostrava grande a
habilidade aos 16 anos, jogando pelo pequeno

O time de sua cidade, chegou a ser vetado em uma


tentativa de atuar pelo Metz por problemas
físicos. Os médicos detectaram problemas
respiratórios no garoto franzino e de pouco fôlego.
Pouco depois, Platini foi parar no Nancy, em 1972, e a
história tomou novo rumo. Nos sete anos em jogou no
Nancy, aquele meia habilidoso e inteligente, muito
efetivo dentro da área e excepcional nas cobranças de falta, compensava
com outras virtudes sua limitação física, principalmente a falta de
velocidade. Depois de fazer quase cem gols pelo Nancy e chegar à Seleção
Francesa que disputou a Copa de 1978, confirmou sua excelência no Saint-
Etienne, onde foi campeão em 1981, despertando o interesse do clube onde
se tornaria estrela internacional, a Juventus de Turim. Na Itália, num
período no qual imperavam grandes craques locais, Platini foi rei, e
conquistou todos os torneios possíveis, do ‘scudetto’ ao Mundial de Clubes.
Três vezes ganhador da Bola de Ouro de melhor jogador europeu, foi quarto
colocado pela Seleção Francesa do Mundial da Espanha/1982 e terceiro no
México/1986. Nos cinco anos de Juve, fez 68 gols em 147 partidas. Pela
Seleção, foram 41 gols em 72 jogos. Em sua profícua carreira de dirigente,
foi copresidente do Comitê Organizador do Mundial da França (1998) e
venceu, em janeiro de 2007, a eleição para a presidência da União Europeia
de Futebol (Uefa).

KARL (HEINZ RUMMENIGGE)

Lippstadt, Alemanha

25 de setembro de 1955
ó faltou a conquista de uma Copa do Mundo na
trajetória vencedora deste atacante típico do

S futebol alemão, que unia objetividade, força,


poder de conclusão e consciência tática. Produto
do modelo de jogo do Bayern de Munique, onde
chegou aos 19 anos, foi o herdeiro direto da geração de
Franz Beckenbauer, conquistando pelo clube bávaro
dois títulos da Bundesliga e também o bicampeonato
da Champions League em 1975 e 1976. Recebeu a
Bola de Ouro do futebol europeu em duas temporadas, 1980 e 1981. Pelo
Bayern marcou 162 gols em 310 jogos. A transferência para a
Internazionale de Milão aos 29 anos representou a possibilidade de
conviver com outro tipo de cultura esportiva, o que seria fundamental para
sua carreira de dirigente. Ficou três anos na Itália (64 jogos e 24 gols),
antes de encerrar a carreira no Servette suíço. Na Seleção Alemã, onde foi
campeão europeu em 1980 e vice-campeão mundial em 1986, disputou 95
partidas e marcou 45 gols. Em 2002, foi nomeado diretor geral do Bayern
de Munique.

FRANCO BARESI

Travagliato, Itália

8 de maio de 1960
ão é exagero colocar Franco Baresi encabeçando a galeria dos
maiores líberos da história do futebol ao lado de Franz Beckenbauer.

N Um dos principais nomes do grande Milan dos anos 80, era o


comandante do sistema defensivo em um time com vocação
extremamente ofensiva e compensava sua relativamente baixa
estatura (1m76) com uma precisão técnica e poder de antecipação
invejáveis. Fez toda sua carreira no Milan, 20 anos de conquistas e
dedicação plena, que valeram três Copas da Europa e seis títulos nacionais,
além de duas Copas Intercontinentais. Na Seleção Italiana, era reserva no
time campeão mundial de 1982, mas disputou outras duas Copas, em
1990, terceiro colocado, e em 1994, vice-campeão, perdendo a final para o
Brasil nos pênaltis. No Milan, foram 719 jogos e, na Azzurra, 82
participações.

ROMERITO (JULIO CESAR ROMERO)

Luque, Paraguai

28 de agosto de 1960
um período em que a Argentina tinha Maradona,
o Brasil jogava ao toque de Zico e Sócrates e o

N Uruguai era comandado por Francescoli, o


Paraguai apresentou ao mundo o melhor jogador
de sua história. Revelado pelo modesto Sportivo
Luqueño, Romerito era um meio-campista ofensivo de
futebol fino e vistoso, que fez uma carreira às avessas
– foi muito jovem para o Cosmos de Nova York e
começou, a partir de sua transferência para o
Fluminense em 1983, a ganhar real projeção internacional, principalmente
por seu rendimento na Seleção Paraguaia. Nas cinco temporadas pelo
Fluminense, disputou 211 jogos e marcou 59 gols. Em 1985, foi eleito o
melhor jogador sul-americano do ano. Ganhou uma Copa América com o
Paraguai, foi bicampeão carioca e campeão brasileiro pelo Flu e ainda teve
passagens vitoriosas pelo Puebla do México e Olympia do Paraguai, além
de um período relâmpago no Barcelona, onde ajudou a conquistar a Recopa
de 1989. Na última etapa da carreira andou perambulando por clubes
menores.

DIEGO ARMANDO MARADONA

Buenos Aires, Argentina

30 de outubro de 1960
oi o rei da década de 1980 no futebol mundial, era ‘Dios’ para os
argentinos e craque incontestável para o resto do planeta. Reunia

F todos os atributos técnicos de um jogador espetacular, capaz de


resolver inúmeras partidas com rompantes individuais, finalizações
impressionantes e um domínio total de vários setores do campo.
Canhoto, exímio cobrador de faltas, também sabia funcionar como jogador
de equipe. Foi o condutor da Argentina no título mundial no México, em
1986, marcando contra a Inglaterra dois gols de antologia, um dos quais
arrancando desde seu campo defensivo, driblando todos os adversários, e o
outro usando a mão esquerda para enganar o goleiro Shilton, o célebre gol
batizado como ‘La Mano de Dios’. Revelado pelo Argentino Juniors, com
passagens fulminantes pelo Boca Juniors e pelo Barcelona, foi em Nápoles
que viveu sua aventura mais intensa, dentro e fora do futebol. Levou o time
do Sul ao título da Copa da Uefa e à conquista do ‘scudetto’ e de uma Copa
Itália, tornando-se ídolo supremo da fanática torcida napolitana – ao
mesmo tempo em que gerava ódio nos adversários do Norte. A vitória
argentina sobre a Itália no Mundial de 1990, em jogo disputado justamente
no Estádio San Paolo, de Nápoles, acirrou ainda mais essa repulsa a Diego
em boa parte do país, também em função de sua conturbada vida pessoal.
Quatro anos depois, foi flagrado no exame antidoping durante a Copa dos
Estados Unidos e sua carreira nunca mais seria a mesma. O uso contumaz
de drogas e de álcool por pouco não provocou sua morte em duas ocasiões,
entre 2004 e 2007, o que não abalou, porém, seu prestígio e posição de
ídolo supremo dos argentinos. Como jogador, disputou um total de 588
jogos, a maior parte pelo Napoli (259), marcando 311 gols (115 pelo Napoli).
Na Seleção, foram 91 jogos e 34 gols. Como técnico, entre outras
experiências, teve uma passagem fracassada à frente da Seleção da
Argentina na Copa da África do Sul.

BEBETO (JOSÉ ROBERTO GAMA DE OLIVEIRA)

Salvador, BA – Brasil

16 de fevereiro de 1964
etracampeão do mundo na Copa dos Estados
Unidos, formando dupla de ataque com Romário,

T fez parte também do elenco da fracassada


campanha na Copa da Itália/1990 e foi vice-
campeão na França/1998. Sua primeira etapa no
futebol brasileiro, por Flamengo e Vasco, o revelou
para o mundo. Transferido ao Deportivo La Coruña,
levou o clube galego ao título da Copa do Rei e da
Supercopa da Espanha, fazendo 86 gols nas 131
partidas que disputou em quatro temporadas. Ao retornar ao Brasil, já com
32 anos, perambulou por várias equipes sem conseguir continuidade e bons
desempenhos. Na Seleção Brasileira marcou 55 gols em 88 jogos, incluindo
as participações em duas olimpíadas, quando foi medalha de bronze
(Seul/1988) e de prata (Atlanta/1996). Foi revelado pelo Vitória da Bahia.
Em seu melhor período no Flamengo, marcou 34 gols em 80 jogos.

MICHAEL LAUDRUP

Frederiksberg, Dinamarca

15 de junho de 1964
futebol dinamarquês que encantou o mundo na
Copa de 1986, no México, produziu este craque

O universal, que aliou características do futebol


sul-americano no trato com a bola com a
eficiência tática europeia. Michael Laudrup se
destacou no Brondby dinamarquês, mas fez sucesso
mesmo em três dos maiores clubes do planeta,
Juventus de Turim, Barcelona e Real Madrid, com uma
passagem rápida pela Lazio. Foram 14 temporadas
jogando na elite do futebol europeu, com quase 400 partidas somando os
quatro clubes. Foi campeão nacional pela Juve, tetracampeão pelo Barça e
venceu também uma Liga defendendo o Real Madrid. Em sua melhor fase,
fez parte do Dream Team do Barcelona que conquistou a Copa Europa de
1992. Pela Seleção da Dinamarca foram 104 jogos, 37 gols e uma grande
frustração: rompeu com o técnico Richard Nielsen pouco antes da
Eurocopa de 1992 e não participou daquela conquista inédita para o futebol
do país. Em sua carreira de treinador, que começou também no Brondby,
encontrou rápido reconhecimento e foi campeão da Copa da Liga Inglesa de
2012/2103 à frente do Swansea City, do País de Gales. Há quase 90 anos
um clube galês não conquistava o título.

MARCO VAN BASTEN


Utrecht, Holanda

31 de outubro de 1964
oucos jogadores em 150 anos de futebol
reuniram tantos atributos técnicos como este

P atacante que começou no Ajax de Amsterdã, aos


17 anos, já chamando a atenção por sua extrema
habilidade. Como centroavante foi completo:
ótimo nas finalizações com os dois pés, excelente no
cabeceio, veloz, driblador, criativo e com incrível
consciência tática. Aos 23 anos, quando cumpria sua
quinta temporada completa pelo Ajax, após ter
marcado 157 gols, foi negociado com o Milan onde viveria o paraíso e o
inferno. Entre 1987 e 1992, conquistou três títulos italianos e dois
campeonatos europeus, entre outras copas. Foi escolhido em três ocasiões
o melhor jogador da Europa e recebeu da Fifa, em 1992, o título de melhor
jogador do mundo. Uma série de contusões, porém, seguidas por cirurgias
em um dos tornozelos, anteciparam drasticamente o final de sua carreira,
embora o ‘Nureyev do Calcio’, como o chamavam na Itália, tenha feito
várias tentativas de retornar aos gramados. Aposentou-se de fato aos 29
anos, mas oficialmente dois anos depois, em 1995. No Milan, disputou 201
jogos e marcou 124 gols. Na Seleção Holandesa, onde conquistou a
Eurocopa de 1988, fez 24 gols em 58 jogos. Sua experiência como treinador
da própria Seleção entre 2004 e 2008 foi apenas razoável.

GEORGE WEAH

Monróvia, Libéria

1º de outubro de 1966
escoberto pelo AS Monaco quando jogava pelo
Tonnerre Yaoundé, de Camarões, depois de atuar

D em vários clubes de seu país, Weah foi um


pioneiro entre os jogadores africanos que fizeram
sucesso na Europa. Chegou ao Campeonato
Francês aos 22 anos e logo mostrou que se tratava de
um atacante especial, cuja força física não prejudicava
a habilidade e a rapidez no drible, bem como seu poder
de conclusão. Foram quatro anos de Mônaco e mais
dois no Paris Saint Germain antes de virar ídolo internacional jogando pelo
Milan, onde foi bicampeão da Série A e recebeu o prêmio inédito para um
africano de melhor jogador do mundo pele eleição da Fifa, em 1995,
temporada em que também escolhido o principal jogador do futebol
europeu. Após 114 jogos e 46 gols pelo Milan, já aos 34 anos andou pelo
futebol inglês (Chelsea e Manchester City), retornou à França para uma
rápida passagem pelo Olympique de Marselha e encerrou a carreira depois
de atuar no Al Jazira dos Emirados Árabes Unidos. Pela Seleção da Libéria,
disputou 60 partidas, marcando 22 gols. Em 2005, foi derrotado na
tentativa de se tornar presidente de seu país, seu grande sonho, mas
abraçou definitivamente a causa política e segue conectado a projetos
sociais na Libéria.

ROMÁRIO DE SOUZA FARIA

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

29 de janeiro de 1966
a comunidade de Jacarezinho para Vila da
Penha, de Vila da Penha para o mundo. A

D trajetória de um dos maiores artilheiros do


futebol brasileiro é semelhante à de centenas de
jogadores que deixaram áreas de exclusão social
para vencer na profissão, ainda que outros milhares
ficassem pelo caminho. Romário teve três anos
fulminantes em seu início no Vasco e logo se transferiu
para o PSV holandês, onde ficou por cinco temporadas,
e em seguida para o Barcelona. Apesar de sempre ter mostrado pouca
dedicação aos treinamentos, não deixava de ser decisivo nos jogos, um rei
dentro da área, algo que marcou também sua trajetória na Seleção
Brasileira. Eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo de 1994, foi
fundamental para a conquista do tetracampeonato do Brasil nos Estados
Unidos, onde recebeu também o título melhor jogador do torneio. Antes, na
Copa de 1990, havia sofrido uma fratura a poucos meses da competição, o
que apressou a recuperação e prejudicou seu rendimento no Mundial. Em
seu retorno ao Brasil em 1995 jogou no Flamengo, no Vasco em três outras
etapas e também no Fluminense em uma temporada. Por seu clube de
sempre, o Vasco, disputou 414 jogos no total, marcando 325 gols. Nos
clubes que defendeu foi duas vezes campeão carioca, tricampeão holandês,
campeão espanhol e campeão brasileiro (pelo Vasco, em 2000). Antes de
se aposentar, Romário mostrou uma estatística em que provava ter feito
mil gols na carreira, algo não confirmado por documentação oficial. Já
longe do futebol, abraçou a carreira política e, em 2010, foi eleito deputado
federal.

ÉRIC CANTONA

Marselha, França

24 de maio de 1966
as cinco temporadas em que atuou pelo
Manchester United, Cantona foi chamado de

N ‘gênio’, ‘rei’, ‘mágico’ e foi eleito pela torcida o


melhor jogador do século XX que havia passado
pelo clube. Marcou muitos gols, ganhou títulos,
criou polêmicas. A carreira deste atacante francês,
não muito habilidoso mas extremamente atlético e
inteligente, praticamente teria passado despercebida
não fosse esse período glorioso em Manchester.
Nunca foi bem sucedido na Seleção Francesa, pelos times que passou na
França conseguiu um maior destaque quando atuou pelo Auxerre, onde
permaneceu mais tempo, e na campanha dos títulos de 1989 e 1991 do
Olympique, onde não foi sempre titular. Porém, encontrou no templo de Old
Trafford a receita ideal, uma equipe voluntariosa e carismática, uma torcida
empolgante e a compreensão que precisava para fazer a carreira decolar,
depois de chamar a atenção por sua primeira temporada na Inglaterra,
defendendo o Leeds United, campeão em 1992. Em Manchester, foi
tetracampeão da Premier League, conquistou o bicampeonato da Copa da
Inglaterra e foi eleito em duas temporadas o jogador do ano no país. Nem
mesmo a aparatosa agressão a um torcedor, que o ofendeu após ser
expulso em um jogo contra o Crystal Palace, em janeiro de 1995, diminuiu
a veneração da torcida do United. Punido severamente pela Liga Inglesa,
pela Fifa e afastado da Seleção Francesa, teve uma volta triunfante ao
time, recebendo o bracelete de capitão e ainda conquistando mais dois
títulos da Premier. Prevendo a decadência, Cantona encerrou a carreira aos
31 anos como um ícone eterno dos ‘Red Devils’. Entre suas muitas
atividades pós-aposentadoria, arriscou algumas incursões como ator de
cinema.

ROBERTO BAGGIO

Caldogno, Itália

18 de fevereiro de 1967
onsiderado um dos três maiores jogadores
italianos da história, Baggio foi uma antítese do

C modelo clássico do ‘calcio’. Era habilidoso,


privilegiava a criatividade, e se mostrava um
jogador de toque em um contexto defensivista e
um tanto truculento consolidado pelos italianos ao
longo de décadas – um ‘fantasista’ como definem seus
compatriotas. Viveu na primeira metade da década de
1990 seu período de glória. Foi eleito jogador do ano
da Fifa em 1993 numa temporada impressionante pela Juventus de Turim,
quando recebeu também a Bola de Ouro do futebol europeu. Depois do
início no Vicenza e de cinco temporadas pela Fiorentina, foi na Juventus
que atravessou seu melhor período, marcando 115 gols em 141 partidas
durante cinco anos. Nesse meio-tempo disputou em casa a Copa de 1990,
quando a Itália foi terceira colocada, e foi vice-campeão do mundo nos
Estados Unidos, em 1994, quando perdeu o pênalti decisivo contra o Brasil.
Nas temporadas seguintes às da Juventus, atuou por Milan, Bologna,
Internazionale e Brescia, sempre rejeitando propostas do exterior. Marcou
oficialmente 314 gols, sendo 27 pela Seleção Italiana.

PAOLO MALDINI

Milão, Itália

25 de junho de 1968
uando se despediu do futebol, com uma vitória
sobre a Fiorentina em 2009, poucas semanas

Q antes de completar 41 anos, Maldini deixava


para a história algumas das marcas mais
impressionantes de um jogador profissional.
Com 902 jogos disputados pelo Milan, é recordista
absoluto na Séria A italiana, com 635 participações, e
também na Seleção, onde atuou em 126 partidas, mais
da metade delas como capitão. Foram 25 anos de
carreira e 25 anos de Milan. Foi hexacampeão nacional, tricampeão
europeu e tricampeão mundial interclubes, sem contar a conquista de
cinco edições da Supercopa da Itália e outros torneios de menor expressão.
Lateral esquerdo durante a maior parte da carreira, marcador duro mas
leal (recebeu apenas um cartão vermelho direto em toda a carreira),
sempre funcionou bem na defesa e no apoio, sendo que seu domínio da
área o levou à posição de líbero na parte final de sua trajetória profissional.
Pela Seleção disputou quatro copas do mundo: o melhor resultado foi o
vice-campeonato em 1994.

CAFU (MARCOS EVANGELISTA DE MORAIS)

São Paulo, SP - Brasil

7 de junho de 1970
ão foi fácil para o garoto que aprendeu a jogar
futebol nos descampados sem estrutura da zona

N sul paulistana conseguir uma vaga no time que


recebia mais candidatos a craque em meados da
década de 1980. Cafu fez inúmeros testes no
São Paulo, foi reprovado seguidas vezes e só venceu
pela insistência. Começou em 1988, como um meia-
atacante, posição em que fez sua estreia no time
profissional, um ano depois. Não demorou muito para
descobrir a lateral direita, em que se tornaria um dos maiores especialistas
do futebol brasileiro e que permitia explorar também sua vocação de
atacante e sua capacidade física. Depois de cinco impressionantes
temporadas pelo São Paulo - onde conquistou um bicampeonato paulista,
duas Libertadores da América e o bicampeonato mundial de clubes -,
tornou-se um fixo da Seleção Brasileira. Participou da campanha do
tetracampeonato nos Estados Unidos e, em seguida, arriscou sua primeira
aventura europeia, defendendo o Zaragoza até que foi repatriado pela
Parmalat, que fez uma ponte com o Juventude de Caxias antes de colocá-
lo no Palmeiras, para evitar uma ação contratual de seu antigo clube, o São
Paulo. No Parque Antártica, foram duas temporadas vitoriosas, com um
título paulista e outro brasileiro. Transferido para a Roma em 1997, iniciou
um ciclo de consagração, que incluiu dois títulos nacionais, o segundo pelo
Milan, uma Champions League (também pelo Milan) e um total de 282
jogos no ‘calcio’. É o rei da estatística na Seleção Brasileira: fez 142
partidas, recorde absoluto, disputou três finais de Copa do Mundo, marca
única no cenário internacional, e levantou como capitão a taça no Mundial
da Coreia/Japão, em 2002.

RIVALDO (VITOR BORBA FERREIRA)

Paulista, PE – Brasil

19 de abril de 1972
garoto magro e alto, que surgiu no Nordeste,
jogando pelo Santa Cruz, e fez sucesso na Copa

O São Paulo de Juniores de 1992, era um atleta


improvável. Com as pernas exageradamente
arqueadas, lento, com movimentos heterodoxos,
era difícil imaginar que dali pudesse sair um craque.
Rivaldo provou que era possível. Contratado pelo Mogi
Mirim passou um curto período no Corinthians até
explodir com a camisa do Palmeiras em 1994, onde
realizou duas temporadas imponentes, marcando 21 gols em 45 jogos. Ao
jogador decisivo, com um arremate mortal na perna esquerda e ótima visão
de jogo, só restava a Europa para crescer. Uma única temporada no La
Coruña foi suficiente para o Barcelona chamá-lo e foi no clube da
Catalunha, a partir de 1997, que viveu cinco anos gloriosos, marcando nada
menos que 130 gols em 230 jogos e conquistando o bicampeonato
espanhol. Foi também seu período áureo na Seleção Brasileira, primeiro
com o vice-campeonato na Copa da França, em 1998, e depois como
protagonista ao lado de Ronaldo Fenômeno na conquista do
pentacampeonato na Copa de 2002, disputada na Coréia do Sul e no Japão.
A partir de meados da década de 2000 seu futebol declinou e as passagens
por Milan e pelo futebol grego não tiveram o mesmo brilho, assim como
suas tentativas de jogar em clubes de ponta do Brasil, como Cruzeiro e São
Paulo. Com 41 anos, ainda disputou um Campeonato Paulista pelo São
Caetano. Em sua longa carreira participou de 712 jogos oficiais e assinalou
344 gols, excelente média para um meia-atacante.

ZINEDINE ZIDANE

Marselha, França

23 de junho de 1972
uando era o maior astro do Olympique de
Marselha, o uruguaio Enzo Francescoli não

Q poderia supor que em vários treinos e jogos era


alvo da admiração de um pré-adolescente que
se inspirava nele para seus primeiros voos mais
sérios no futebol. O garoto, que aos 15 anos deixaria
seus pais argelinos no Quartier Nord de Marselha para
ir morar em Cannes, onde conseguiu oportunidade no
time local, era Zinedine Zidane, que homenageou essa
sua conexão com o uruguaio dando ao filho mais novo, anos depois, o nome
de Enzo. Muito do estilo suave, cerebral e preciso nos passes que possui
Zizou foi observado naqueles tempos em Francescoli, com a diferença de
que o fã superou em alta escala seu ídolo. A elegância e a visão de jogo do
francês são únicas e dominaram mais de uma década no futebol europeu,
menos por sua trajetória pelos clubes franceses, primeiro Nantes, depois
Bordeaux, mas principalmente a partir da milionária transferência para a
Juventus de Turim, em 1996. Ninguém mais segurou Zidane. Foi o principal
jogador da conquista do campeonato mundial pela França em 1998 e
recebeu por três vezes o prêmio de jogador do ano da Fifa (1998, 2000 e
2003). Ganhou duas vezes o Campeonato Italiano e foi também campeão
mundial de clubes pela Juve. Após a transferência para o Real Madrid, no
contexto do time ‘galáctico’, conquistou mais uma liga nacional e a
Champions League de 2002. Virou uma referência para muito além do
futebol francês e sempre teve sua imagem reforçada por demonstrar
posturas éticas. Até que, em seu jogo de despedida, num surto de ódio por
ouvir uma ofensa acertou uma cabeçada no peito do italiano Marco
Materazzi, na decisão da Copa de 2006, e foi expulso. Ainda assim, sua
carreira de mais de cem jogos pela Seleção Francesa e 681 partidas pelos
clubes por onde andou foi tão significativa no aspecto técnico que o lado
genial e de bom moço de Zidane sempre sairá de alguma forma vencedor.

PAVEL NEDVED

Cheb, Tchecoslováquia

30 de agosto de 1972
surpreendente vice-campeonato da República
Checa na Eurocopa de 1996 revelou ao mundo

O do futebol um meio-campista de estilo sul-


americano, ágil e criativo, que tinha além do
mais uma excepcional capacidade de liderança.
Nedved já era rei em seu país, onde comandava o
Sparta Praga, por quem foi bicampeão nacional, e
depois daquela Eurocopa aceitou uma oferta da Lazio
de Roma, onde fez cinco temporadas magníficas (82
gols em 204 jogos) antes de se transferir a peso de ouro (41 milhões de
euros) para a Juventus de Turim. Na ‘Vecchia Signora’, assumiu o comando
do meio de campo que acabava de perder Zinedine Zidane para o Real
Madrid e não decepcionou. Foi bicampeão da Séria A, bicampeão da Copa
da Itália e ajudou o time a vencer também a Série B, em 2006-2007, depois
da punição com rebaixamento em razão do escândalo de manipulação de
resultados que devastou o futebol italiano em meados daquela década.
Várias vezes eleito futebolista do ano na República Checa, foi o Bola de
Ouro do futebol europeu em 2003. Depois de 282 jogos e 68 gols pela Juve,
aposentou-se em 2009, entrando para a galeria dos grandes ídolos do
clube. Na seleção da República Checa disputou 91 jogos e marcou 18 gols.
LUIS FIGO

Lisboa, Portugal

4 de novembro de 1972
ecordista de participações pela Seleção de
Portugal (127 jogos), foi uma referência para a

R geração que viria a ter como grande revelação


Cristiano Ronaldo. Começou no Sporting de
Lisboa, onde ficou por seis temporadas, mas foi
no futebol espanhol que ganhou maturidade e
projeção. Jogador de grande poder físico e inteligência
tática, foi bicampeão espanhol pelo Barcelona, no time
em que dividia responsabilidades com Rivaldo, mas
despertou a ira dos catalães ao se transferir em 2000 ao Real Madrid, para
compor o esquadrão de ‘galácticos’, primeiro com Zidane e depois com
Ronaldo Fenômeno. Em Madrid repetiu o feito do Barça e conquistou mais
duas ligas, além da Champions League de 2002. Fechou seu ciclo de
grandes conquistas com quatro títulos pela Internazionale de Milão, nem
sempre como titular, mas com participação importante pela liderança
técnica que exercia. Em seu período mais importante, Figo fez 249 jogos
pelo Barça e marcou 45 gols; no Real Madrid, foram 239 partidas e 57 gols.
Recebeu a Bola de Ouro do futebol europeu em 2000 e foi eleito pela Fifa o
melhor jogador do mundo em 2001. Em 2003, criou a Fundação que leva
seu nome com o propósito de capitanear projetos, com apoio das esferas
oficial e privada, para as áreas de esporte, saúde e educação em vários
países.

ROBERTO CARLOS

Garça, SP – Brasil

10 de abril de 1973
ma referência na posição de lateral-esquerdo
nas décadas de 1990 e 2000, está entre os

U jogadores brasileiros da história que melhor se


adaptaram ao estilo europeu. A seus tempos de
União São João de Araras e Palmeiras, quando já
se destacava pelo poderio físico e pelo fortíssimo
chute de pé esquerdo, agregou consciência tática a
partir de sua transferência para a Internazionale de
Milão e, principalmente, nas dez temporadas em que
esteve no Real Madrid. Na Espanha, marcou 71 gols em 584 jogos,
apresentando números que o colocam entre os dez mais relevantes
jogadores do Real em todos os tempos, o primeiro em sua posição. Ali, foi
tetracampeão da Liga Espanhola e tricampeão da Champions League.
Depois de três temporadas no Fernebahce e passagens por Corinthians e
Anzhi Makhachkala, aderiu à carreira de técnico. Na Seleção Brasileira, foi
campeão do mundo em 2002, vice em 1998 e naufragou com o time
desclassificado pela França em 2006. Fez 125 jogos e 11 gols vestindo a
camisa do Brasil, com a qual conquistou ainda a medalha de bronze na
Olimpíada de Atlanta/1996.

DAVID BECKHAM

Leytonstone, Inglaterra

2 de maio de 1975
ua muito bem sucedida carreira de popstar
certamente entrará para os anais do futebol com

S mais argumentos do que seu desempenho em


campo, mas é preciso fazer justiça a este meia-
atacante que não tem uma impressionante
sofisticação individual, nunca foi um grande driblador,
tampouco um primor como artilheiro. David Beckham
é o jogador de equipe por excelência, dono de um
passe longo quase perfeito, taticamente dedicado e
eficientíssimo nas cobranças de falta e escanteios. Filho de um metalúrgico
e de uma cabeleireira, foi um batalhador desde muito cedo, quando ainda
pré-adolescente buscava espaço nos times de sua região, até conseguir um
teste, aos 14 anos, no poderoso Manchester United, sua grande escola.
Ninguém é eleito à toa por duas temporadas o segundo melhor jogador do
mundo pela Fifa (1999 e 2001), nem recebe o título de jogador jovem do
ano da Premier League (1996 e 1997), ou é escolhido o jogador mais
valioso da Champions League (1998-99). Nos cinco clubes em que atuou
profissionalmente, Beckham foi um exemplo de dedicação e soube
rentabilizar muito bem sua participação dentro e fora de campo. Seu
período no Manchester foi tecnicamente glorioso: conquistou cinco títulos
da Premier League e duas vezes a FA Cup, marcando 85 gols em 394
jogos. No Real Madrid, compôs o time de ‘galácticos’ ao lado de Zidane,
Figo e Ronaldo, participou de 155 jogos e marcou 20 gols nas conquistas de
uma Liga e de uma Supercopa da Espanha. Só não conquistou títulos nas
duas curtas passagens pelo Milan, já que foi campeão na Major League
pelo LA Galaxy e também em sua despedida, pelo Paris Saint Germain.
Esteve em três Copas do Mundo com a Seleção Inglesa, camisa que vestiu
em 115 ocasiões, marcando dez gols.

RONALDO NAZÁRIO

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

18 de setembro de 1976
e Ronaldo Nazário foi o jogador que melhor
sintetizou a transição para o futebol de mercado

S nas últimas duas décadas, também é verdade que


teve sua carreira marcada por uma roda viva de
sucessos e fracassos, lesões, conquistas
inesquecíveis, idas e vindas. O garoto habilidoso que
começou no São Cristovão como jogador de futsal
conheceu o mundo ainda adolescente e se tornou o
principal instrumento de marketing de inúmeras
companhias e instituições ao longo de sua agitada carreira. Uma
temporada arrasadora no Cruzeiro valeu a convocação para a Seleção do
Tetra (Copa de 1994), a transferência para o PSV Eindhoven e, dois anos
depois, ao grande Barcelona. Com 20 anos, em 1996, já ganharia pela
primeira vez o título de melhor do mundo, na eleição Fifa (voltaria a ser
eleito em 1997 e 1999). Tinha uma impressionante fúria goleadora, que
aliava a sua explosão física, ao drible fácil e ao poder de conclusão. No
Cruzeiro havia marcado 44 gols em 46 jogos, no PSV, 54 gols em 57
partidas e, na Liga Espanhola, foram 47 gols em 49 jogos. Sem acordo para
melhora de contrato, considerou-se traído pelo Barcelona e rumou para a
Inter de Milão, onde receberia o apelido que se transformou praticamente
num sobrenome, ‘Fenômeno’. A boa temporada inicial na Inter, porém, não
evitou o inferno que viria em seguida. Depois da frustração com a derrota
na final da Copa de 1998, na França, no mesmo dia em que sofreu uma
convulsão, Ronaldo enfrentou uma sucessão de gravíssimas lesões (em
2000 e 2001) e esteve ameaçado de ter que abandonar o futebol. Em outra
das reviravoltas de sua vida profissional, entrou desacreditado no Mundial
de 2002, mas terminou campeão, artilheiro e com o reconhecimento
internacional recuperado. Negociado com o Real Madrid, no tempo dos
‘galácticos’ Zidane, Beckham e Figo, viveu bons e maus momentos na
capital espanhola, onde sofreu com problemas musculares recorrentes e
com o excesso de peso. Nesse meio tempo, disputou mais uma Copa do
Mundo, na Alemanha, onde somou mais quatro gols tornando-se o maior
artilheiro da história dos mundiais. No total pela Seleção, foram 69 jogos e
35 gols. Em seus 177 jogos pelo Real Madrid, marcou 104 gols, antes de
tentar relançar sua carreira na Itália, desta vez pelo Milan. Nova contusão
grave, nova ameaça de aposentadoria, mas ainda havia tempo para um
último renascimento ao assinar contrato com o Corinthians no final de
2008. Conquistou uma Copa do Brasil e um Campeonato Paulista até ceder
às exigências de seu corpo dolorido e abandonar os gramados. Encerrou
sua carreira profissional com a marca de 419 gols.

ANDREIY SHEVCHENKO

Dvirkrivshchyna, Ucrânia
29 de setembro de 1976
ntes de completar dez anos, Shevchenko já
estava na mira de um ‘olheiro’ do Dínamo de Kiev

A quando precisou deixar sua cidade natal, como


milhares de pessoas, devido ao acidente nuclear
na Usina de Chernobyl. O drama o levou à capital
da Ucrânia, onde passou por todas as categorias de
base do Dínamo até chegar à equipe profissional, em
1994. Nos cinco anos que atuou em Kiev, fez quase
cem partidas, foi pentacampeão nacional e despertou
o interesse do grande Milan do fim dos anos 90. Na Itália, chegaria ao topo.
Fez 175 gols em 296 jogos pelo Milan, transformando-se no segundo maior
artilheiro do clube em competições europeias, atrás apenas do
companheiro Filippo Inzaghi, e no maior goleador do mítico ‘Derby della
Madonnina’, o clássico local contra a Internazionale. Conquistou um
‘scudetto’ e uma Supercopa da Itália, teve participação decisiva no título da
Champions League de 2002/2003 e recebeu a Bola de Ouro de melhor
jogador europeu de 2004. Aos 30 anos, foi para o Chelsea, onde ficou por
três temporadas marcando 22 gols. Após uma breve volta ao Milan,
encerrou a carreira no clube que o reveleou, o Dínamo de Kiev, em 2012.
Pela Seleção da Ucrânia é o recordista de partidas disputadas, 111, e de
gols, 48. Seus grandes ídolos da infância foram Zico e Marco Van Basten,
além do compatriota Oleg Blokhin.

HIDETOSHI NAKATA

Kofu, Japão

26 de janeiro de 1977
onsiderado o melhor jogador asiático de todos os
tempos, era um meio-campista habilidoso,

C eficiente nas chegadas ao ataque e com grande


consciência tática. Foi um dos pioneiros do
futebol profissional japonês ao deixar o Bellmare
Hiratsuka para desbravar o mercado europeu para os
asiáticos, atuando primeiro no Perugia, em 1998, e
depois passando por Roma, onde foi campeão,
Fiorentina, Parma e Bologna, antes de encerrar a
carreira no futebol inglês, defendendo o Bolton Wanderers. Na Itália
disputou 225 jogos e marcou 33 gols. Participou de três Copas do Mundo
com a Seleção Japonesa, que defendeu em 77 jogos, marcando 11 gols.
Aos 29 anos, logo após a eliminação do Japão da Copa de 2006, decidiu
abandonar o futebol e se dedicar a uma fundação que mantém graças à
imensa popularidade que possui em seu país, a ‘Take Action Foundation’,
dedicada a iniciativas sociais, culturais e ambientais.

DIDIER DROGBA

Abidjan, Costa do Marfim

11 de março de 1978
futebol levou Drogba para a França ainda
menino, por iniciativa de um tio, e a estreia em

O um time profissional ocorreu quando tinha 18


anos, pelo Le Mans, da Segunda Divisão. Lateral
de origem quando atuava em seu país, foi
rapidamente adaptado ao ataque em função de sua
força física e grande domínio de bola. Entre 1998 e
2004, saiu do Le Mans para o Guingamp e, por fim,
para o Olympique de Marselha, onde uma grande
temporada chamou a atenção do emergente Chelsea. Em Londres, foram
oito anos gloriosos para Drogba, com três títulos da Premier League,
quatro da FA Cup e a consagração em 2012 com a conquista da Champios
League, na final contra o Bayern, em que teve uma grande atuação. Pelo
clube inglês disputou 226 jogos e marcou 100 gols. Escolhido melhor
jogador do ano do futebol africano em duas ocasiões, é o líder e capitão do
time da Costa do Marfim, com quem disputou duas Copas do Mundo e fez
60 gols em 95 partidas. Comanda vários projetos sociais em seu país e tem
importante papel de líder de opinião em questões políticas relevantes.
Após deixar o Chelsea, passou um curto período no futebol chinês antes de
voltar à Europa atuando pelo Galatasaray, da Turquia.

FRANK LAMPARD

Londres, Inglaterra

20 de junho de 1978
m dos decanos da Liga Inglesa, o West Ham,
serviu de berço do futebol para este londrino de

U temperamento calmo, que abraçou com extrema


disciplina a chance que teve nas categorias de
base do clube da região leste da cidade. O
começo como profissional, porém, foi complicado, ao
ser emprestado ao Swansea, onde não encontrou seu
espaço e fez apenas nove partidas. Na volta ao West
Ham, começou por escolher sua posição definitiva,
como articulador do meio de campo e aproveitando sua principal virtude, a
chegada ao ataque para chutar das imediações da área adversária. Após
seis temporadas bem sucedidas, nas quais compartilhou time com seu fiel
escudeiro Joe Cole, foi negociado com o Chelsea, onde efetivamente faria
história, reencontraria Cole e se tornaria, ao longo de 12 temporadas, o
maior artilheiro da trajetória do clube, com 203 gols em 608 jogos (até
meados de 2013). No Chelsea, foi tricampeão da Premier League e
tetracampeão da FA Cup, além de ser o maestro do time que conquistou a
inédita Champions League da temporada 2011/2012 e a Europa League de
2012/2013. Levou sua liderança e eficiência também para a Seleção
Inglesa, pela qual disputou 97 partidas e fez 29 gols até a temporada de
2012, tendo participado de duas Copas do Mundo (Alemanha e África do
Sul). Em 2005, foi eleito o segundo melhor jogador do mundo pela Fifa,
perdendo apenas para Ronaldinho Gaúcho.

XAVI HERNÁNDEZ

Terrassa, Espanha

25 de janeiro de 1980
assou pelos pés deste meio-campista de toque
simples e preciso a transformação do futebol

P espanhol a partir de meados da década de 2000.


No Barcelona como na Seleção, Xavi faz o jogo
fluir, tem essa missão incorporada a seu estilo
paciente e meticuloso. Produto típico da base do
Barcelona, tem com o clube catalão uma ligação
sanguínea, é um dos capitães do time e representa o
espírito de um jogo solidário e eficaz. Em 15
temporadas pelo Barça, até 2012/2013, incluindo os primeiros anos em que
não era titular absoluto, disputou 677 jogos e marcou 80 gols. Quanto aos
títulos, são incontáveis. Os principais foram sete títulos da Liga, seis
Supercopas da Espanha, duas Copas do Rei, três conquistas na Champions
League, duas Supercopas da Europa e dois mundiais interclubes. Na
Seleção, onde também reina ao lado do companheiro de Barça Andrés
Iniesta, fez 125 jogos até julho de 2013, foi bicampeão da Eurocopa (2008 e
2012) e campeão mundial na África do Sul, em 2010, um título que já havia
conquistado quando era jogador Sub-20. Nos Jogos Olímpicos de Sydney,
ajudou a Espanha a conquistar a medalha de prata.

RONALDINHO GAÚCHO (RONALDO ASSIS


MOREIRA)

Porto Alegre, RS – Brasil


21 de março de 1980
x-companheiros de Barcelona, como Lionel Messi
e Andres Iniesta, consideram que Ronaldinho

E Gaúcho mudou a história recente clube, ao ser


protagonista de uma virada no estilo de jogo que
inaugurou uma etapa gloriosa da equipe catalã.
Mesmo assim, com um talento reconhecido
mundialmente e com célebres fãs assumidos, caso de
ninguém menos que Diego Maradona, Ronaldinho teve
períodos bastante irregulares em sua carreira, a ponto
de ser contestado na própria Seleção Brasileira e receber duras críticas por
seu comportamento um tanto indolente em campo. O currículo, porém, é
imponente. Campeão gaúcho aos 19 anos pelo time que o revelou, o
Grêmio, sempre foi um colecionador de títulos. Exceto pelo curto período
no Paris Saint Germain, onde chegou depois de uma negociação polêmica,
foi a partir da conquista brasileira na Copa da Ásia, em 2002, e
principalmente da transferência para o Barcelona que engatou uma
sequência de sucessos pessoais, que incluem duas Ligas Espanholas e o
título da Champions League de 2006, que o Barça perseguia desde o início
da década de 1990. Nesse meio tempo, Gaúcho foi eleito por dois anos
consecutivos o melhor jogador do mundo da Fifa. Seguiram-se, porém,
anos difíceis após o mau desempenho na Copa de 2006, na Alemanha, e a
decadência no Barça a partir da temporada seguinte. Depois de cinco anos,
145 jogos e 60 gols na Catalunha, viveu três temporadas ruins no Milan,
antes de retornar ao Brasil, numa negociação complicada com o Flamengo,
onde chegou nos braços da torcida. Ficou pouco mais de um ano,
conquistou o Campeonato Carioca, mas deixou a Gávea depois de uma
série de desencontros com a diretoria envolvendo seu irmão e empresário,
Roberto de Assis Moreira. Contratado pelo Atlético Mineiro, reencontrou
em Belo Horizonte motivação e disposição para voltar a atuar em bom
nível, já aos 33 anos. Ali, levantou o único título importante que lhe faltava,
a Copa Libertadores da América. Em sua longa carreira na Seleção
Brasileira, fez 102 partidas e 35 gols.

SAMUEL ETO’O
Duala, República de Camarões

10 de março de 1981
ão bastasse o currículo forrado de títulos em
todos os clubes por onde passou, este atacante

N que já foi eleito em quatro temporadas o melhor


jogador africano, conseguiu um feito que
dificilmente será igualado no futebol
internacional: tornou-se, em 2010, quando defendia a
Internazionale de Milão, o único futebolista a marcar
ao menos um gol em sete torneios diferentes na
mesma temporada. Naquele ano, Eto’o marcou na
Série A italiana, na Supercopa da Itália, na Copa da Itália, no Mundial de
Clubes, na Champions League, na Copa do Mundo e na Copa Africana de
Nações. ‘Importado’ pelo Real Madrid ainda muito jovem, aos 16 anos,
passou por um longo aprendizado em equipes menores (Leganés,
Espanyol, Mallorca) até chegar como grande aposta ao Barcelona, em
2004. Seu rendimento na Catalunha esteve quase sempre associado à ‘era
Ronaldinho’, com quem fez uma dupla infernal no período em que o clube
iniciou um novo ciclo virtuoso. Eto’o foi tricampeão da Liga Espanhola e
bicampeão da Champions League nos cincos anos em que ficou na
Catalunha, marcando 108 gols em 145 jogos. A trajetória vitoriosa
prosseguiu na Inter de Milão, onde ganhou todos os títulos possíveis em
apenas duas temporadas. Com 31 anos, aceitou uma oferta milionária do
Anzhi Makhachkala, da Rússia, tornando-se o jogador de futebol com maior
salário do planeta. Dois anos depois, foi para o Chelsea. Pela Seleção de
Camarões, foi medalha de ouro na Olimpíada de Sydney/200, disputou 112
jogos e marcou 55 gols até a temporada 2012/2013.

IKER CASILLAS

Madrid, Espanha
20 de maio de 1981
os 14 anos de carreira a serviço do Real Madrid,
Iker Casillas só não foi titular absoluto na última

N etapa, 2012/2013, sob o comando do técnico


português José Mourinho, seu desafeto
declarado, que alegou deficiência técnica. Até
então, era intocável, várias vezes eleito melhor jogador
da posição e titular também da Seleção Espanhola,
portando inclusive a braçadeira de capitão. Na
Espanha, até mesmo na Catalunha, é uma
unanimidade em matéria de segurança, personalidade e atributos técnicos,
o que explica em parte a rejeição nacional ao treinador português.
Mourinho passou e Casillas seguiu. Pentacampeão da Liga Espanhola,
tetracampeão da Supercopa da Espanha e bicampeão da Champions
League, sempre foi uma garantia e, no aspecto institucional, representa
para o Real Madrid o que seu amigo Xavi Hernández simboliza para o Barça.
Egresso das divisões de base, desde 1999, ano de sua estreia, cumpriu 503
partidas pelo clube até a temporada 2012/2013. Herdou o posto de capitão
de outro histórico, Raúl Gonzales, e tornou-se um líder do milionário plantel
‘merengue’, embora questionado na última etapa. Na Seleção, chegou a
uma marca inédita: foi o primeiro jogador a alcançar cem vitórias.
Bicampeão da Eurocopa (2008 e 2012), na Copa da África do Sul levantou a
primeira taça de campeã mundial da Espanha e foi eleito o melhor goleiro
do torneio. Desde sua primeira convocação, no ano 2000, até o fim da
temporada 2012/2013 disputou 149 jogos com a equipe nacional.

ZLATAN IBRAHIMOVIC

Malmö, Suécia

3 de outubro de 1981
er considerado o melhor futebolista da Suécia em
todos os tempos é pouco para Ibrahimovic. O

S atacante forte e de estilo clássico, que domina a


área como poucos, quer sempre mais e não se
furta de criar problemas onde não está a gosto,
por uma simples razão: é torcedor fanático de si
mesmo, dono de um autoconfiança que facilmente
descamba para a arrogância. Na Itália, por exemplo, já
defendeu Juventus, Inter e Milan, mantendo relações
estritamente profissionais e ignorando o alarido das rivalidades e possíveis
rejeições das torcidas. Mestre em transferências e contratos milionários,
em um intervalo de oito anos esteve vinculado a cinco potências do futebol
europeu, sempre colecionando títulos, gols e polpudos salários – Juventus,
Inter, Milan, Barcelona e Paris Saint Germain. A fase mais profícua foi na
Inter, três títulos da Série A em três anos, com 57 gols marcados em 88
partidas. Vaidoso, personalista, lutador de jiu-jitsu, declara-se um adepto
do ‘estilo Zlatan’ de jogar, sempre em busca do gol. Os múltiplos
problemas de relacionamento que teve, como com o técnico Pep Guardiola
no tempo de Barcelona, são ofuscados pelos títulos – do Malmö que o
revelou, passando pelo Ajax e depois nos grandes clubes fez 632 jogos e
310 até a temporada 2012/2013, média de um gol a cada duas partidas, e
ganhou tudo, exceto uma Champions League. Na seleção sueca,
praticamente mantém a média individual, disputou 90 jogos e marcou 41
gols até meados de 2013, mas sem nenhum título importante.

KAKÁ (RICARDO IZEKSON DOS SANTOS LEITE)

Gama, DF – Brasil

22 de abril de 1982
a ascensão fulminante no São Paulo, passando
pelo período glorioso de Milan, onde era

D chamado de ‘Bambino D’Oro’, até chegar à fase


difícil jogando pelo Real Madrid, o estado físico
definiu o desempenho de Kaká. Formado na base
do São Paulo, esteve ameaçado de deixar o futebol
após sofrer uma fratura em uma vértebra ao saltar em
uma piscina, mas sua surpreendente recuperação
permitiu que estreasse no time principal do clube com
apenas 19 anos. Pouco mais de um ano depois estava comemorando o
pentacampeonato brasileiro no Japão, como o mais novo integrante
daquela Seleção. Sua transferência para o Milan em 2003 foi a plataforma
de lançamento de um craque universal, de futebol refinado, toques
precisos e aproveitamento dos espaços. Como meia-atacante de
velocidade, precisava, porém, estar sempre em sua melhor forma física.
Conseguiu manter esse alto nível por ao menos cinco temporadas no Milan.
Foi campeão italiano em 2004, ano em que também venceu a Supercopa, e
comandou o time que conquistou a Champions League de 2007, coroando a
campanha soberba com o título do mundial interclubes e a eleição como
melhor jogador do mundo da Fifa. Foram 193 partidas pelo Milan, com 70
gols. A transferência para o Real Madrid, em 2009, coincidiu com uma
sequência de graves problemas físicos, sucessão de lesões, cirurgia e
períodos de difícil recuperação, que afetaram também seu rendimento na
Copa do Mundo da África do Sul. Embora tenha feito bons jogos em Madrid,
numa mais conseguiu uma sequência vitoriosa no plano individual,
perdendo também sua vaga na Seleção Brasileira. Em cinco anos de Real
Madrid marcou 34 gols e disputou apenas 85 jogos (até a temporada
2012/2013), foi campeão da Liga e da Copa do Rey. Pela Seleção foram 87
partidas e 29 gols, com participação em três Copas do Mundo e duas
conquistas de Copas das Confederações. Em agosto de 2013, retornou ao
Milan.

FRANCK RIBÉRY

Boulogne-Sur-Mer, França
7 de abril de 1983
aior jogador francês da geração pós-Zidane,
este meia ofensivo, rápido e de grandes dribles

M nunca teve seu talento discutido, mas pontuou a


primeira etapa de sua carreira com diversos
problemas disciplinares dentro e fora do campo,
tanto em seus clubes que o introduziram como
profissional na França (Brest e Metz), quanto no
Galatasaray turco, onde se transformou em ídolo mas
foi processado por quebra de contrato. Estabilizou-se a
partir de sua conversão ao islamismo (2006), quando jogava pelo
Olympique de Marselha, mas atingiu o auge atuando desde 2007 pelo
fantástico time do Bayern de Munique, que chegou aos títulos alemão e
europeu em 2013. Na Alemanha, Ribéry encontrou sua plenitude como
futebolista completo, com grande noção de sistemas táticos e
determinante em suas incursões no ataque, o que o transformou também
em peça fundamental da Seleção Francesa. Recebeu o prêmio de melhor
jogador europeu da temporada 2012/2013 pela Uefa. Foi tricampeão
nacional com o Bayern, por quem conquistou também em três ocasiões a
Copa da Alemanha. Seu nome após a conversão ao islamismo é Bilal Yusuf
Mohammed.

ANDRÉS INIESTA

Albacete, Espanha

11 de maio de 1984
cara-metade de Xavi Hernández no envolvente
meio de campo do Barcelona tem a missão de

A criar e resolver – e sabe fazer isso em espaços


mínimos, com frieza e precisão. Iniesta chegou às
divisões de base do Barça aos 12 anos, passou
por todas as etapas pacientemente, subiu ao
Barcelona B e, aos 19 anos, já era chamado
eventualmente para treinar e jogar com o time
principal. Conhece como poucos o estilo do time que o
ensinou a ver o futebol como a arte de tomar iniciativas, ainda que se corra
alguns riscos. Admirador confesso de Ronaldinho Gaúcho,
coincidentemente tornou-se intocável no Barça após a saída do jogador
brasileiro. Na década de ouro do Camp Nou, conquistou seis Ligas
Espanholas, duas Copas do Rei, três Champions League e dois Mundiais
Interclubes. Ao mesmo tempo, foi o grande referencial da Seleção
espanhola nas conquistas do bicampeonato da Eurocopa (2008 e 2012) e
principalmente no Mundial da África do Sul, quando marcou na
prorrogação contra a Holanda o gol do título inédito. Só não arrebatou
todos os prêmios individuais nesse período porque teve a concorrência
desleal de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Mas, para muitos,
tecnicamente é um fenômeno que nada deve aos supercraques. Foi eleito o
melhor jogador da Uefa em 2011/2012 e melhor jogador da Eurocopa 2012.
Pela Seleção da Espanha, onde está desde 2006, disputou até a temporada
2012/2013 um total de 88 jogos e marcou 11 gols. No Barça, no mesmo
período, foram 302 partidas, com 30 gols.

CRISTIANO RONALDO

Funchal, Portugal

5 de fevereiro de 1985
aposta de ‘sir’ Alex Ferguson, técnico do
Manchester United, em um garoto português de

A 18 anos pareceu uma excentricidade, logo após


um amistoso em que o time inglês foi derrotado
pelo Sporting Lisboa. Ainda mais quando foi
confirmado o preço da negociação, 15 milhões de
euros. Em menos de duas temporadas, o investimento
estava mais do que justificado, assim como mais uma
confirmação do ‘olho clínico’ de Ferguson. Cristiano,
que desde o início chamou a atenção por sua velocidade, ousadia e chute
forte, recebeu em Manchester a camisa 7 que fora recentemente de David
Beckham, mas que tinha longa história no clube, vestida por lendas como
Éric Cantona e George Best. O letal atacante português desandou a bater
recordes e conquistar títulos. Foi tricampeão da Premier League, ganhou a
Copa da Inglaterra e a FA Cup e, em 2008, coroou sua trajetória no clube
com o título da Champions League, seguido do Mundial Interclubes. Melhor
jogador do mundo pela Fifa em 2008, quando foi também o Bola de Ouro da
Uefa, fechou seu ciclo no United com 84 gols em 196 jogos. Transferido ao
Real Madrid por uma soma recorde na história do futebol continuou
derrubando marcas na Espanha. Foi o maior artilheiro do clube em uma
única temporada, com 53 gols, e estabeleceu uma média impressionante
até o fim da temporada 2012/2013: 146 gols em 135 jogos. Nesse período,
conquistou uma Liga, uma Copa do Rei e uma Supercopa da Espanha. Pela
seleção de Portugal, até 2012/2013, disputou 103 jogos e marcou 38 gols,
sendo vice-campeão da Eurocopa de 2004 quando tinha 19 anos.

LIONEL MESSI

Rosario, Argentina

24 de junho de 1987
futebol mundial vive, desde a segunda metade
da década de 2000, os tempos de Lionel Messi.

O Desde Pelé e Maradona, nenhum jogador


adquiriu o status de unanimidade internacional
de forma tão avassaladora como este atacante
inquieto e genial, tão competitivo quanto talentoso,
capaz de resolver partidas com arrancadas
endiabradas ou com apenas um arremate fatal com
sua imparável perna esquerda. ‘Adotado’ pelo
Barcelona quando era um adolescente, fez um trabalho de evolução física
que o transformou em um pequeno bólido, sem prejuízo a suas habilidades.
Além de exímio finalizador, também é um dos principais responsáveis pelas
assistências no time, está entre os jogadores que mais passes deram para
gols nas últimas temporadas. Estreou no Barça em 2004, aos 17 anos, mas
tornou-se assíduo no time principal a partir da temporada seguinte e titular
absoluto de 2006 em diante. Nunca mais parou. Com Messi, o Barcelona
viveu seus anos de sonho, ainda mais em um time que possuía um corpo de
assessores do nível de Xavi e Iniesta. Até 2012/2013, acumulou estatísticas
alucinantes. Foi seis vezes campeão espanhol, bicampeão da Copa do Rei e
pentacampeão da Supercopa Espanhola. Foram três títulos da Champions
League, que coincidiram com seus prêmios pessoais, como artilheiro e
melhor jogador da Europa, vencedor também, em quatro ocasiões
consecutivas, da eleição de melhor jogador do mundo pela Fifa. Em seu
currículo de recordes é possível encontrar algumas estatísticas nada
ortodoxas, como o fato de ter marcado ao menos um gol, na temporada
2012/2013, em todos os clubes da Liga Espanhola. Nos 246 jogos que
disputou pelo Barcelona até 2012/2013, marcou 215 gols. Pela Seleção
Argentina, conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de
Pequim/2008. Disputou 82 partidas até junho de 2013, assinalando 35 gols.

NEYMAR DA SILVA SANTOS JR.

Mogi das Cruzes, SP – Brasil

5 de fevereiro de 1992
omo um meteoro, o garoto preparado desde
muito cedo para ser um astro do Santos chegou

C ao topo. Com 18 anos, ainda franzino, foi eleito o


maior jogador da temporada de 2010 no futebol
brasileiro, após conquistar o Campeonato
Paulista e a Copa do Brasil. No ano seguinte, viria a
confirmação internacional com uma vaga definitiva na
Seleção Brasileira e o título da Copa Libertadores da
América pelo Santos. Leve, rápido, driblador infernal e
extremamente ativo durante todas as partidas, Neymar é um jogador típico
dos novos tempos, que pode ser decisivo no ataque, dinâmico na circulação
do jogo e importante na configuração tática, fator que tem marcado sua
evolução ano a ano, embora seja ainda muito criticado por procurar
acintosamente provocar faltas a qualquer contato físico. Nada anormal
para um jovem de 21 anos que, após o assédio de vários grandes clubes
europeus, decidiu-se pelo Barcelona, seu sonho de sempre, onde pode ter
todas as condições de dar o grande salto em sua carreira internacional,
atuando ao lado de uma de suas referências, Lionel Messi. Os tempos de
afirmação no Santos foram fundamentais, mas a necessidade de
crescimento profissional encerrou o ciclo em 2013, quando completou 230
jogos pelo clube da Vila Belmiro, marcando 138 gols, um fenômeno para
um craque tão precoce. O amadurecimento também chegou na hora certa
na Seleção Brasileira. Depois da frustração pela perda da medalha de ouro
na Olimpíada de Londres, Neymar comandou o time que conquistou a Copa
das Confederações, em junho de 2013, numa final histórica contra a melhor
seleção do mundo, justamente a Espanha, que seria seu destino. No time
brasileiro adulto, em menos de três anos (até medos de 2013), Neymar
disputou 31 jogos e marcou 23 gols.
LINHA DO TEMPO

1848
Henry de Winton e John Charles Thring comandam o processo de
regulamentação das Regras de Cambridge, criadas por um grupo de escolas
britânicas que desenvolveram a prática de um esporte chamado inicialmente de
Shrovetide Football.

24 de outubro de 1857
É fundado o Sheffield Football Club, considerado o clube de futebol mais antigo
do mundo. No mesmo ano são regulamentas as Regras de Sheffield, com
algumas diferenças em relação às Regras de Cambridge.

26 de outubro de 1863
Representantes de clubes e escolas reunidos na Freemason’s Tavern, na Great
Queen Street/Long Acre, centro de Londres, fundam a Football Association
(FA), mais antiga associação de futebol do mundo.

8 de dezembro de 1863
É oficializada a separação das regras e práticas do futebol e do rugby, no último
dia de reunião da FA, em Londres.

9 de janeiro de 1864
É disputada a primeira partida de futebol com as regras oficializadas pela
Football Association.

16 de fevereiro a 5 de março de 1867


É disputada a primeira competição oficial de futebol, a Youdan Cup, por 12
times, na cidade inglesa de Sheffield.

20 de julho de 1871
É criada a Copa da Inglaterra (FA Cup ou Football Association Challenge
Cup), competição mais antiga de futebol mundial, com início marcado para 11
de novembro do mesmo ano.

13 de março de 1873
Fundação da Associação Escocesa de Futebol.

5 de março de 1878
Fundação do Manchester United, com seu primeiro nome, Newton Heath LYR
F.C.

FOTO 6 de dezembro de 1882


Fundação do International Football Association Board (Ifab) pelas associações
dos quatro países das Ilhas Britânicas Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do
Norte.

26 de janeiro a 29 de março de 1884


Disputa do mais antigo torneio por nações, o British Home Championship.

17 de abril de 1888
É criada a Football League, mais antiga competição por nações do futebol
mundial, disputada por 12 times na Inglaterra.

18 de maio e 10 de outubro de 1888


São criadas, respectivamente, as associações de futebol da Dinamarca e dos
Países Baixos.

21 de Fevereiro de 1893
É criada a mais antiga federação de futebol da América Latina, a Associación de
Fútbol Argentino.

18 de fevereiro de 1894
De volta ao Brasil, depois de estudar na Inglaterra, o paulistano Charles Miller
traz um livro de regras sobre o futebol, além de bolas e pares de chuteira.

4 de abril de 1895
Funcionários de duas empresas inglesas de São Paulo, a Gas Company e a São
Paulo Railway, realizam o primeiro jogo de futebol na cidade sob as regras
oficiais. A partida foi disputada na Várzea do Carmo, com vitória da São Paulo
Railway por 4 a 2.

16 de março de 1898
Fundação da Federação Italiana de Futebol (Federazione Italiana Giuoco
Calcio).

30 de março de 1900
Fundação da Associação Uruguaia de Futebol.

19 de julho e 11 de agosto de 1900


Fundação dos dois clubes mais antigos do Brasil ainda em atividade,
respectivamente Sport Club Rio Grande e Associação Atlética Ponte Preta.

5 de abril de 1902 - A queda de um lance de arquibancadas no


Ibrox Stadium, em Glasgow, provoca a morte de 25 pessoas, deixando 517
feridas, numa partida entre Escócia e Inglaterra.

21 de maio de 1904
É constituída, em Paris, a Fifa (Fédération Internationale de Football
Association), com a assinatura de sete associações nacionais de futebol, tendo o
francês Robert Guérin como primeiro presidente.

2 de dezembro de 1907
É criada a mais antiga associação de futebolistas do mundo, a Professional
Footballer’s Association, por jogadores da Inglaterra e do País de Gales.
8 de junho de 1914
É criada a Associação Brasileira de Sports, com a função de gerenciar várias
modalidades, inclusive o futebol.

2 a 17 de julho de 1916
É realizado na Argentina o primeiro Campeonato Sul-Americano de Futebol,
atual Copa América. Durante o torneio foi fundada a Confederação Sul-
Americana de Futebol (Conmebol), com a assinatura de quatro associações
nacionais (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai).

29 de maio de 1919
O Brasil conquista seu primeiro Campeonato Sul-Americano de Futebol ao
vencer por 1 a 0, com gol de Arthur Friedenreich, o Uruguai, no Estádio das
Laranjeiras, Rio de Janeiro.

29 de abril de 1920
É disputada a primeira partida internacional de futebol feminino entre
Inglaterra e França.

10 de março de 1921
O francês Jules Rimet é eleito terceiro presidente da Fifa.

22 de janeiro de 1927
Pela primeira vez uma partida de futebol é transmitida por rádio, Arsenal e
Sheffield United, disputada no Estádio de Highbury, em Londres.

28 de maio de 1928
A assembleia da Fifa aprova a proposta de criação da Copa do Mundo de
Futebol.

18 de maio de 1929
O Uruguai é escolhido como país sede da primeira Copa do Mundo, durante
reunião da Fifa, em Barcelona.

13 a 30 de julho de 1930 (VEJA A PÁGINA)


É disputada no Uruguai da primeira edição da Copa do Mundo de Futebol. A
vitória, na finalíssima de Montevidéu, foi dos donos da casa, por 4 a 2 sobre a
Argentina.

27 de maio a 10 de junho de 1934


É disputada na Itália a segunda edição da Copa do Mundo de Futebol. A vitória
ficou com a equipe anfitriã, que derrotou na decisão a Tchecoslováquia, em
Roma, por 2 a 1.

15 de novembro de 1936
Primeira experiência de transmissão ao vivo pela televisão de um jogo de
futebol, Alemanha e Itália, empate em 2 a 2.

4 a 19 de junho de 1938 (VEJA A PÁGINA)


É disputada na França a terceira edição da Copa do Mundo de Futebol. A Itália
consegue o bicampeonato, ao vencer na decisão a Hungria, em Paris, por 4 a 2.

27 de abril de 1940
É inaugurado o Estádio Municipal do Pacaembu, em São Paulo.

22 de abril de 1941
Fundação da Federação Paulista de Futebol.

4 de maio de 1949
Um acidente aéreo, na colina de Superga, em Turim, mata toda a equipe do
Torino, que retornava à cidade após disputar um amistoso contra o Benfica.
Foram 31 mortos, incluindo a tripulação.

16 de junho de 1950
É inaugurado, no Rio de Janeiro, o Estádio do Maracanã, ou Estádio Mário
Filho.

24 de junho a 22 de julho de 1950 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada no Brasil, após 14 anos de interrupção em função da Segunda
Guerra, a quarta edição da Copa do Mundo de Futebol. O Uruguai conseguiu o
bicampeonato ao derrotar, na decisão, a Seleção Brasileira por 2 a 1, numa das
maiores surpresas da história do futebol, episódio que ficou conhecido como
‘Maracanazo’.

8 de maio de 1954
Fundação da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA), com sede na
Basiléia, Suíça.

16 de junho a 14 de julho de 1954 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada na Suíça a quinta edição da Copa do Mundo de Futebol, vencida
pela Alemanha ao derrotar na final a Hungria, por 3 a 2, em Berna. Durante o
torneio, é realizada a primeira transmissão por televisão ao vivo da íntegra de
um jogo de Copa, vitória da Iugoslávia sobre a França por 1 a 0.

2 de março de 1955
É criada em Viena a Copa dos Campeões da Europa, atual Champions League.

8 de fevereiro de 1957
É fundada a Confederação Africana de Futebol, com sede em Cartum, Sudão.

6 de fevereiro de 1958
Um avião da empresa britânica British European Airways cai logo após a
decolagem, durante uma tempestade de neve em Munique, e mata parte da
equipe do Manchester United, que havia disputado uma partida da Liga dos
Campeões. Entre jogadores, corpo técnico e tripulantes, 23 pessoas morreram.
Nove jogadores do Manchester sobreviveram.

8 a 29 de junho de 1958 (VEJA A PÁGINA)


É disputada na Suécia a sexta edição da Copa do Mundo de Futebol. Na decisão,
o Brasil conquista seu primeiro Campeonato Mundial ao vencer a Suécia por 5 a
2, em Estocolmo.

6 a 10 de julho de 1960
É disputada na França a primeira edição do Campeonato Europeu de Seleções,
atual Eurocopa. A União Soviética conquista o título ao vencer a Iugoslávia na
final, por 2 a 1.

18 de dezembro de 1961
É fundada a Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe
(Concacaf).

30 de maio a 17 de junho de 1962 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada no Chile a sétima edição da Copa do Mundo de Futebol. Na decisão,
o Brasil conquista o bicampeonato, ao vencer a Tchecoslováquia por 3 a 1, em
Santiago.

24 de agosto de 1963
É criado o Campeonato Alemão de Futebol, denominado Bundesliga.

20 de março de 1966
Durante exibição pública no Westminster Center Hall, em Londres, a Taça Jules
Rimet é roubada. Sete dias depois, um cão chamado Pickles a encontra enrolada
em um pedaço de jornal num bairro da região sul da cidade.

11 a 30 de julho de 1966 (VEJA A PÁGINA)


É disputada na Inglaterra a oitava edição da Copa do Mundo de Futebol. A
própria Inglaterra conquista o título ao vencer, em Londres, a Alemanha na
decisão por 4 a 2, após uma prorrogação.

19 de novembro de 1969
Pelé marca contra o Vasco da Gama, no Maracanã, seu milésimo gol.

14 a 18 de julho de 1969
Um conflito armado entre El Salvador e Honduras, após a realização de uma
partida de futebol pelas Eliminatórias da Copa de 1970, entre os dois países que
já viviam uma crise institucional de relacionamento, ficou conhecido como ‘A
Guerra do Futebol’.

31 de maio a 21 de junho de 1970 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada no México a nona edição da Copa do Mundo de Futebol. O Brasil
conquista o tricampeonato após vencer a Itália na final por 4 a 1, na Cidade do
México.

FOTO 11 de junho de 1974


O brasileiro João Havelange assume como sétimo presidente da Fifa.

13 de junho a 7 de julho de 1974 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada na Alemanha a décima edição da Copa do Mundo de Futebol. Ao
vencer a Holanda na final por 2 a 1, a Alemanha conquista seu segundo título
mundial, em Munique.

10 a 25 de junho de 1978 (VEJA A PÁGINA)


É disputada na Argentina a 11ª edição da Copa do Mundo de Futebol. A
Argentina conquista seu primeiro título mundial ao vencer na decisão a
Holanda, por 3 a 1, após prorrogação, em Buenos Aires.

30 de dezembro de 1980 a 10 de janeiro


de 1981
É disputado no Uruguai o Mundialito de Futebol. Na decisão, o Uruguai vence o
Brasil por 2 a 1 e sagra-se campeão, em jogo realizado no Estádio Centenário de
Montevidéu.

13 de junho a 11 de julho de 1982 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada na Espanha a 12ª edição da Copa do Mundo de Futebol. A Itália
conquista seu terceiro título mundial ao vencer a Alemanha na decisão por 3 a 1,
em Madrid.

20 de dezembro de 1983
A Taça Jules Rimet, conquistada de forma definitiva pela Seleção Brasileira na
Copa do Mundo do México, em 1970, é roubada da sede da Confederação
Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro.

29 de maio de 1985
Na decisão da Copa dos Campeões (atual Champions League), entre Liverpool e
Juventus de Turim, um confronto de torcidas seguido de pânico deixa 39
pessoas mortas, no episódio que ficou conhecido como a Tragédia de Heysel,
estádio que recebeu o jogo, em Bruxelas.

31 de maio a 29 de junho de 1986 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada no México a 13ª edição da Copa do Mundo de Futebol. A Argentina
conquista o bicampeonato ao vencer na decisão a Alemanha, por 3 a 2, na
Cidade do México.

15 de abril de 1989
Na semifinal da Copa da Inglaterra, disputada entre Liverpool e Nottingham
Forest, o excesso de lotação, a negligência do policiamento e o pânico nas
arquibancadas provocaram a morte de 96 torcedores do Liverpool no estádio de
Hillsborough, em Sheffield, a maioria pisoteada ou esmagada nos alambrados.
Foi a maior tragédia do futebol inglês.
8 de junho e 8 de julho de 1990 (VEJA A
PÁGINA)
É disputada na Itália a 14ª edição da Copa do Mundo de Futebol. Na decisão, em
Roma, a Alemanha conquista o tricampeonato ao vencer a Argentina por 1 a 0.

17 de março de 1991
O argentino Diego Maradona é flagrado por doping e suspenso do futebol por
15 meses.

16 a 30 de novembro de 1991
É disputada na China a primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino. Os
Estados Unidos conquistam o título.

17 de junho a 17 de julho de 1994 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada nos Estados Unidos a 15ª edição da Copa do Mundo de Futebol. Na
final, realizada em Pasadena, Califórnia, o Brasil vence a Itália na decisão por
pênaltis, após empate em 0 a 0, e conquista o tetracampeonato mundial.

5 a 18 de junho de 1995
É disputada na Suécia a segunda edição da Copa do Mundo de Futebol
Feminino. A Noruega é campeã.

15 de dezembro de 1995
O Tribunal de Justiça da União Europeia, em Luxemburgo, acolhe recurso do
futebolista belga Jean-Marc Bosman, no Caso Bosman, que determinou a livre
circulação de jogadores de futebol pela zona do euro.

8 de junho de 1998
O suíço Joseph Blatter é eleito o oitavo presidente da Fifa.
10 de junho a 12 de julho de 1998 (VEJA A
PÁGINA)
É disputada na França a 16ª edição da Copa do Mundo de Futebol. Na decisão, a
França vence o Brasil por 3 a 0, em Paris, e conquista seu primeiro título.

19 de junho a 10 de julho de 1999


É disputada nos Estados Unidos a terceira edição da Copa do Mundo de Futebol
Feminino, Os Estados Unidos conquistam o bicampeonato.

31 de maio a 30 de junho de 2002 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada na Coreia do Sul e no Japão a 17ª edição da Copa do Mundo de
Futebol. Na final, em Yokohama, o Brasil vence a Alemanha por 2 a 0 e chega ao
pentacampeonato mundial.

20 de setembro a 12 de outubro de 2003


É disputada nos Estados Unidos a quarta edição da Copa do Mundo de Futebol
Feminino. A Alemanha é campeã.

9 de junho a 9 de julho de 2006 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada na Alemanha a 18ª edição da Copa do Mundo de Futebol. Na
decisão por pênaltis, após empate em 1 a 1, a Itália vence a França, em Berlim, e
conquista o tetracampeonato mundial.

10 a 30 de setembro de 2007
É disputada na China a quinta edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino.
A Alemanha é bicampeã.

11 de junho a 11 de julho de 2010 (VEJA A


PÁGINA)
É disputada na África do Sul a 19ª edição da Copa do Mundo de Futebol. Na
final, em Johannesburgo, após empate no tempo normal, a Espanha vence a
Holanda por 1 a 0 na prorrogação e conquista seu primeiro título mundial.

20 de junho a 17 de julho de 2011


É disputada na Alemanha a sexta edição da Copa do Mundo de Futebol
Feminino. O Japão é campeão.
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