REsp Sonia Edmea Tavares de Almeida

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE SÃO PAULO

Processo de Origem nº 1002905-64.2019.8.26.0108

INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL


DOS SERVIDORES DE CAJAMAR, já devidamente
qualificada nos autos em epígrafe, vem, por intermédio de
sua Procuradora que a esta subscreve, interpor RECURSO
ESPECIAL, em face do r. Acórdão de fls. 387-393, com
fundamento no art. 105, inc. III, alínea c da Constituição
Federal de 1988.

Requer, desde já, o recebimento do


presente Recurso Especial, e a remessa com as inclusas
razões em anexo ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Cajamar, 08 de abril de 2024.

MARINA FINATI FORTE


OAB-SP 297.991
RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


ÍNCLITOS JULGADORES

Recorrente: Instituto de Previdência Social dos Servidores de


Cajamar
Recorrida: Sonia Edmea Tavares de Almeida
Origem: 1ª Vara Judicial do Foro da Comarca de Cajamar/SP
Processo nº 1002905-64.2019.8.26.0108

I – BREVE SÍNTESE
Trata-se originalmente de AÇÃO ORDINÁRIA
DEOBRIGAÇÃO DE FAZER, COM PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA DE NATUREZA ANTECIPADA, movida por Sonia
Edmea Tavares de Almeida, em face do Instituto de
Previdência Social dos Servidores de Cajamar.
A Recorrida pleiteia aposentadoria especial
com pretensão da redução do tempo de contribuição em cinco
anos, afirmando que o benefício se estende a profissionais
ligados ao ensino e não somente aos professores de carreira
que exercem funções de magistério.
O r. Acórdão recorrido, que deu parcial
provimento para o Apelo desta Recorrente, merece ser
reformado, eis que não condiz com a situação fática
demonstrada nos autos, está em desacordo com a legislação
pertinente, e, principalmente, com a Jurisprudência
Especializada.
II – DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. DA
ATRIBUIÇÃO À LEI FEDERAL DE INTERPRETAÇÃO
DIVERGENTE DE OUTROS TRIBUNAIS.
O Acórdão em análise adota interpretação
divergente de outro tribunal. O Supremo Tribunal Federal já
reconheceu que a função de Diretor de Escola é de
especialista da educação, não concedendo direito à
aposentadoria especial com redução de 05 anos de
contribuição.
Tal distinção implica diretamente na negação
do direito à aposentadoria especial com a redução de 05 anos
de contribuição, conforme indevidamente atribuído no
Acórdão em apreço.
Nesse contexto, busca-se a devida correção
do entendimento adotado, alinhando-o com a jurisprudência
consolidada e com os preceitos legais vigentes.
Tal retificação não apenas assegurará a
correta aplicação da lei, mas também resguardará os direitos
fundamentais dos profissionais da educação, garantindo-lhes
a proteção e o respaldo merecidos em face de sua relevante
função social.

III –PREQUESTIONAMENTO

IV – DO MÉRITO
A aposentadoria do servidor público
encontra-se regulamentada pelo artigo 40 da Constituição
Federal, cabendo consignar, mais especificamente, que em se
tratando da carreira de magistério, deverá ser observado o
conteúdo do artigo 40, § 5º, da Constituição Federal.

Art. 40. O regime próprio de previdência social dos


servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de
aposentados e de pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades
decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º,
desde que comprovem tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio fixado em lei complementar do
respectivo ente federativo.

Consequentemente, para que uma


profissional dedicada ao magistério possa se aposentar, é
necessário que ela tenha, no mínimo, 50 anos de idade, 25
anos de tempo de contribuição, e comprove o exercício
exclusivo das funções de magistério na educação infantil, no
ensino fundamental ou ensino médio.
Além disso, deve ter no mínimo 10 anos de
efetivo exercício público e 05 anos no cargo em que se dará a
aposentadoria.
Nessa mesma linha de raciocínio, é
importante ressaltar que a Lei nº 5692/71, conhecida como a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1971, desempenhou
um papel fundamental na definição do termo "especialista de
educação".
Nos seus artigos 33 e 34, a LDB de 1971
estabeleceu que os especialistas de educação,
compreendendo administradores, planejadores, orientadores,
inspetores e supervisores, deveriam possuir formação em
curso superior de graduação, com duração plena ou curta, ou
em pós-graduação.
Além disso, previu que o ingresso dos
especialistas se daria obrigatoriamente por meio de concurso
público de provas e títulos.
Entretanto, é importante ressaltar que,
apesar de utilizar o termo genérico "profissionais da
educação", a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) não
eliminou a distinção entre o docente e o especialista em
educação.
Como mencionado anteriormente, a Lei
Federal nº 11.301/2006, que alterou a LDB de 1996, ampliou
explicitamente o benefício da aposentadoria especial para o
"especialista em educação". Essa extensão de direitos não
seria necessária se houvesse uma equiparação completa
entre os profissionais mencionados.
Dessa forma, conforme evidenciado na
ementa, o Supremo Tribunal Federal decidiu que as
atribuições de direção, coordenação e assessoramento
pedagógico fazem parte da carreira do magistério, desde que
desempenhadas por professores de carreira em instituições
de ensino básico, excluindo os especialistas em educação.
Portanto, a aposentadoria especial
estabelecida pelo artigo 40, §5º, da Constituição Federal,
regulamentada pela Lei Federal nº 11.301/2006, destina-se
exclusivamente aos ocupantes de cargos efetivos de professor
que estejam efetivamente em sala de aula, assim como
àqueles que desempenham temporariamente as funções de
direção, coordenação ou assessoramento pedagógico de forma
precária e transitória.
Com efeito, os cargos efetivos de diretor
(antigo administrador), coordenador, assessor pedagógico,
orientador, entre outros, que são considerados dentro do
conceito de especialistas em educação já mencionado, não
podem ser contemplados com a mencionada aposentadoria
com redutor constitucional.
Assim sendo, conforme evidenciado nos
autos, a Recorrida ocupava o cargo efetivo de Diretor de
Escola.
Embora tenha exercido a função de
professora anteriormente, a partir da sua aprovação em
concurso público, nomeação e posse para o cargo efetivo de
Diretor de Escola, ela passou a ocupar o cargo de especialista
em educação.
Portanto, conforme defendido em sede de
Apelação, a ocupação do cargo efetivo de Professor é uma
condição necessária, da qual a Apelada não se enquadra.
Derradeiramente, diante de todo o exposto,
na condição de especialista em educação, a Apelada não tem
direito às regras de aposentadoria com redução
constitucional (25 anos), devendo apenas se submeter às
regras comuns aplicáveis a todos os servidores (mulheres: 30
anos de contribuição + 55 anos de idade), com respeito às
emendas constitucionais pertinentes relacionadas ao direito à
paridade.

V – CONCLUSÃO
Ante o exposto, requer a Recorrida o
CONHECIMENTO DO PRESENTE RECURSO ESPECIAL,
pelas razões já delineadas no item II, e, no mérito, que lhe
seja DADO PROVIMENTO, com a consequente reforma do r.
Acórdão prolatado, por ser a mais estrita medida de direito e
de justiça.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Cajamar, 08 de abril de 2024.

MARINA FINATI FORTE


OAB-SP 297.991

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