O Príncipe Das 5 Armas
O Príncipe Das 5 Armas
O Príncipe Das 5 Armas
Texto de Joseph Campbell em "O herói de mil faces" (Ed. Cultrix/Pensamento) – Trechos das pgs.88 a 91.
Tradução de Adail Ubirajara Sobral. As notas ao final são minhas.
https://textosparareflexao.blogspot.com/2011/03/principe-cinco-armas.html
[Vejamos um mito interessante.] Trata-se da história de um jovem príncipe, que acabara de completar os
estudos milenares, sob a orientação de um professor mundialmente renomado. Tendo recebido, como símbolo
de distinção, o título de Príncipe Cinco Armas, ele tomou as cinco armas que o seu professor lhe deu, fez uma
reverência e, armado com elas, dirigiu-se para a estrada que levava para a cidade onde morava seu pai, o rei.
No caminho, ele se deparou com uma floresta. Na entrada desta floresta, as pessoas o advertiram: “Senhor
príncipe, não entreis nesta floresta”, disseram elas; “vive nela um ogro, chamado Cabelo Pegajoso; ele mata
todo homem que vê [1]”.
Mas o príncipe estava confiante e sem temor como um leão adulto. Entrou na floresta assim mesmo [2].
Quando chegou ao coração dela, o ogro apareceu. O ogro havia crescido até ficar com a altura de uma
palmeira; criara para si mesmo uma cabeça grande como um pavilhão, com um pináculo em forma de sino,
olhos grandes como uma tigela de esmoer, duas presas grandes como bulbos ou botões gigantes; e as mãos e
os pés eram verde-escuros [3]. “Para onde vais?”, perguntou ele. “Alto! És minha presa!”.
O Príncipe Cinco Armas respondeu sem medo, mas com grande confiança nas artes e ofícios que havia
aprendido [4]. “Ogro”, disse ele, “eu sabia o que me esperava quando entrei na floresta. É melhor teres
cuidado antes de me atacar; pois com uma flecha envenenada perfurarei tua pele e te farei cair num átimo!”.
Tendo ameaçado dessa forma o ogro, o jovem príncipe armou o arco com uma flecha embebida em veneno
mortal e disparou. A flecha se prendeu aos cabelos do ogro. E o príncipe atirou, uma após outra, cinqüenta
flechas. O ogro afastou todas as flechas [5], fazendo-as cair aos seus pés, e se aproximou do jovem príncipe.
O Príncipe Cinco Armas ameaçou o ogro mais uma vez e, tomando a espada, desferiu um golpe magistral. A
espada, de quase um metro de comprimento, ficou presa nos cabelos do ogro. E então o príncipe o golpeou
com uma lança, que também lhe grudou nos cabelos. Percebendo que a lança havia ficado presa, o príncipe o
atingiu com uma maça, que ficou igualmente grudada.
Quando viu a maça presa ao ogro, ele disse: “Mestre ogro, jamais ouviste falar de mim antes. Sou o Príncipe
Cinco Armas. Quando entrei nesta floresta que infestas, não dei importância a armas como arcos e outras do
mesmo tipo; confiei apenas em mim mesmo [6]. Agora vou derrotar-te e reduzir-te a pó!”. Tendo explicitado
sua determinação, com essas palavras, o príncipe atingiu o ogro com a sua mão direita, ao mesmo tempo em
que dava um grito. Sua mão se prendeu aos cabelos do ogro e o príncipe o atingiu com a mão esquerda. Esta
também ficou presa. Fez o mesmo com o pé direito, obtendo igual resultado. Por fim, isso aconteceu também
com o pé esquerdo. Então pensou: “Vou derrotá-lo com a cabeça e o reduzirei a pó!”. E o golpeou com a
cabeça, que também ficou presa nos cabelos deste.
O Príncipe Cinco Armas, que caíra cinco vezes em armadilhas, e estava bem preso por cinco lugares,
encontrou-se suspenso do corpo do ogro. Mas, apesar de tudo, não tinha medo, nem estava assustado. O ogro
pensou: “Eis uma leão humano, um homem de nobre berço – não é um simples homem! Pois, embora tenha
sido aprisionado por um ogro como eu, ele não demonstra tremer nem estremecer! Por todo o tempo em que
tenho assolado esta estrada, jamais vi um único homem que lhe chegasse aos pés! Por que ele, valha-me o
senhor, não tem medo?”. Sem se atrever a comê-lo, o ogro perguntou: “Meu jovem, por que não tens medo?
Por que não estás terrificado pelo temor da morte?”.
“Ogro, por que eu deveria ter medo? Pois, na vida, a morte é absolutamente certa. Além do mais, tenho em
minha barriga uma arma: um relâmpago. Se me comeres, não será capaz de digerir essa arma. Ela fará teu
interior em tiras e fragmentos e te matará. Nesse caso, morreremos os dois. Eis por que não tenho medo!” [7].
O Príncipe Cinco Armas, como o leitor já deve ter percebido, estava se referindo à Arma do Conhecimento,
que se encontra dentro dele. Na verdade, esse jovem herói não era senão o Futuro Buda, numa encarnação
anterior [8].
“O que esse jovem diz é verdade”, pensou o ogro, terrificado pelo temor da morte. “Meu estômago não seria
capaz de digerir nem um pedaço da carne deste leão humano, ainda que fosse do tamanho de um grão de
feijão. Vou deixá-lo ir!”. E libertou o Príncipe Cinco Armas. O Futuro Buda pregou a Doutrina ao ogro,
dominou-o, fê-lo abnegado e então o transformou num espírito encarregado de receber oferendas na floresta
[9]. Tendo admoestado o ogro a agir com cautela, o jovem deixou a floresta e, na saída, contou sua história aos
homens e seguiu seu caminho [Jataka, 55:1. 272-275]
Como símbolo do mundo ao qual os cinco sentidos nos prendem, prisão de que não nos podemos furtar pelas
ações de órgãos físicos, Cabelo Pegajoso só foi subjugado quando o Futuro Buda, não mais protegido pelas
cinco armas de seu nome e aparência física momentâneos, recorreu a arma não nomeada, invisível: o divino
relâmpago do conhecimento do princípio transcendente, que está além do reino fenomênico de nomes e
formas. Nesse momento, a situação mudou. Ele já não estava preso, mas liberto, pois aquele que ele se
lembrou ser está sempre livre. A força do monstro da fenomenalidade se dispersou e ele se tornou abnegado.
Assim ele assumiu um caráter divino – um espírito encarregado de receber oferendas, tal qual ocorre com o
próprio mundo quando encarado, não como o final, como um mero nome e forma daquilo que transcende, e,
no entanto, é imanente a todos os nomes e formas.
[...] Tal como a fumaça em elevação de uma oferenda, que atravessa a porta do sol, assim vai o herói, libertado
do ego, pelas paredes do mundo – ele deixa o ego preso a Cabelo Pegajoso e segue adiante.
***
[1] Embora Campbell não cite comentários específicos acerca da natureza deste monstro – o ogro Cabelo Pe-
gajoso –, vale a pena prestar atenção em suas características. Se parece mais com um agente transmissor de
uma espécie de “ociosidade contagiante” e/ou “anestesia da alma” do que com um monstro feroz, violento.
Posteriormente a transcrição do mito, ele o denomina “monstro da fenomenalidade”, e o relaciona a uma visão
do mundo do ponto de vista não-transcendente.
[2] “Entrar na floresta” é uma aventura que nos aguarda mais dia menos dia, porém cada um encontrará sua
própria coragem no tempo devido.
[3] Os criadores de mitos, estes sábios de outrora, pareciam querer deixar bem claro, muito claro mesmo, que
falavam sobre metáforas. Ainda assim, não conseguiram evitar que muitos mitos fossem (mal-)
compreendidos ao pé da letra.
[4] Reparem que sua confiança não surgiu do dia para noite, tampouco foi alguma bênção divina ou direito de
nascença: foi conquistada ao longo de “estudos milenares”.
[5] Há que se perguntar: será que estamos preparados para falhar 50 vezes, e prosseguir em frente, inabaláveis,
quando “dentro da floresta”?
[6] Todo nosso arsenal externo será inútil “dentro da floresta”. Jamais estaremos “bem armados” se contarmos
apenas com ele...
[7] Trata-se de uma curiosa “arma”: dentro da barriga do príncipe, trata-se de um trunfo escondido. Mas se o
príncipe for devorado, já dentro da barriga do ogro, trata-se de uma arma letal. O ogro não tem como possuir
tal arma.
[8] Trata-se de um Conhecimento abrangente: não apenas mundano, mas também espiritual. Se o
conhecimento técnico lhe fosse de algum auxílio “dentro da floresta”, uma das 50 flechas envenenadas já
haveria abatido o monstro. E observe que o príncipe nem havia chegado ao estágio de Buda ainda!
[9] Será que todo monstro precisa ser exterminado, ou não seria mais útil como nosso auxiliar no futuro, uma
vez “dominado”? Pena que os mitos do Ocidente geralmente prefiram o extermínio de nossos preciosos
monstros – sim, pois são literalmente nossos.
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Meu princípios inegociáveis
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sua individualidade e histórico pessoal.
✅Hierarquia:Reconheço e respeito a ordem natural das coisas. Em nossas interações, busco estabelecer uma
comunicação clara e respeitosa, onde cada um tenha seu espaço e voz para se expressar livremente.
✅Equilíbrio entre o dar e o receber:Reconheço que a comunicação é uma via de mão dupla, onde tanto eu quanto você
podemos aprender e crescer juntos. Estou aberta a ouvir suas necessidades e preocupações, assim como partilharei meu
conhecimento para auxiliá-lo(a) da melhor forma possível.