Artigo 06 - Privatizacoes e Operacoes Compromissadas
Artigo 06 - Privatizacoes e Operacoes Compromissadas
Artigo 06 - Privatizacoes e Operacoes Compromissadas
O Banco Central aceita toda essa sobra de caixa dos bancos e, em troca,
entrega a eles títulos da dívida pública. Na medida em que os bancos detêm os títulos,
eles passam a ter o direito de receber remuneração por isso. Essa montanha de
recursos equivalente a quase 20% do PIB fica esterilizada no Banco Central, amarra a
economia do país, gera “dívida pública” sem contrapartida alguma, e, ainda por cima,
gera despesa diária com a sua remuneração aos bancos!
Em 2017, por exemplo, a inflação caiu para perto de zero e o IGP-M calculado
pela FGV foi negativo, ou seja, não se justificaria esterilizar, de forma tão onerosa,
essa montanha de recursos “para controlar a inflação”. No entanto, o volume dessas
operações aumentou em 2017, atingindo o patamar mais elevado da série em outubro:
R$1,23 trilhão ii , o que desmascara completamente o argumento de utilização das
Operações Compromissadas para controle inflacionário.
Se não enfrentar esse mecanismo que gera “dívida pública” de forma ilegal, a
um custo elevadíssimo para as contas públicas e prejuízo para toda a economia do
país, não adianta continuar privatizando todo o patrimônio público para pagar essa
dívida, pois ela não irá parar de crescer!
O que trouxe as contas públicas para essa situação caótica em que nos
encontramos em 2018 foi a acumulação de déficits nominais, desde o Plano Real,
decorrentes do excesso de despesas financeiras para manter a política monetária
praticada pelo Banco Central, que engloba a prática de juros abusivos, a
realização de Operações Compromissadas destinadas a remunerar a sobra de
caixa dos bancos e os questionáveis contratos de swap cambial. Aí está o rombo
das contas públicas, e não nos gastos e investimento sociais.
Por isso, não precisa privatizar BB, CEF, PETROBRAS, ELETROBRAS etc.
Basta parar de remunerar diariamente a sobra de caixa dos bancos que já alcança
R$1,2 TRILHÃO e custou quase meio trilhão de reais aos cofres públicos nos últimos
4 anos!
i
Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida <www.auditoriacidada.org.br> e
<https://www.facebook.com/auditoriacidada.pagina>. Membro da Comissão de Auditoria Oficial da
dívida Equatoriana, nomeada pelo Presidente Rafael Correa (2007/2008). Assessora da CPI da Dívida
Pública na Câmara dos Deputados Federais no Brasil (2009/2010). Convidada pela Presidente do
parlamento Helênico, deputada Zoe Konstantopoulou para integrar a Comissão de Auditoria da Dívida
da Grécia (2015).
ii
Notícia disponível em http://www.valor.com.br/financas/5145488/concentracao-de-aplicacoes-no-bc-
alcanca-inedito-r-123-trilhao
iii
Notícia disponível em http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/05/1888241-eventual-sucessor-de-
temer-rodrigo-maia-e-alvo-de-tres-investigacoes.shtml