Características Da Obrigação - 055103
Características Da Obrigação - 055103
Características Da Obrigação - 055103
LICENCIATURA EM DIREITO
3º Grupo
CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO
QUELIMANE
2024
3º Grupo
CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO
QUELIMANE
2024
Índice Pág.
1. Introdução..................................................................................................................4
1.1. Objectivos:..........................................................................................................4
2. Características Da Obrigação.....................................................................................5
2.1. A patrimonialidade.................................................................................................5
2.3. A relatividade..........................................................................................................9
2.4. A autonomia..........................................................................................................12
3. Conclusão.................................................................................................................14
4. Bibliografia..............................................................................................................15
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1. Introdução
As características da obrigação constituem os pilares fundamentais do direito das
obrigações, delineando os contornos e as nuances que permeiam as relações jurídicas
entre as partes envolvidas. Essenciais para a compreensão e aplicação do Direito, essas
características não apenas definem a natureza das obrigações, mas também moldam os
deveres e direitos dos sujeitos jurídicos envolvidos em um contrato ou outra forma de
compromisso legal. Desde a sua origem nas antigas civilizações até as complexas
transações comerciais contemporâneas, as características da obrigação servem como
guia moral e jurídico, delineando os princípios de justiça, equidade e responsabilidade
que regem as interações humanas. Nesta introdução, exploraremos de forma abrangente
e perspicaz as características fundamentais da obrigação, mergulhando nas profundezas
de sua natureza jurídica e destacando sua relevância no panorama legal atual.
1.1. Objectivos:
Falar das características das obrigações;
Apontar as características das obrigações;
Explicar o alcance de cada uma das características.
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2. Características Da Obrigação
a) a patrimonialidade;
b) a mediação ou colaboração devida;
c) a relatividade;
d) a autonomia.
2.1. A patrimonialidade
dos danos morais causados pelo incumprimento das obrigações. Daqui resultaria para a
tese clássica a insusceptibilidade de se constituirem obrigações sem natureza
patrimonial.
Essa tese, porém, foi ainda na escola pandectística, rejeitada sucessivamente por
WINDSCHEID, que admitiu que a prestação não tinha que ter cariz patrimonial, e por
JHERING, que afirmou ser um erro a doutrina da patrimonialidade da prestação, já que
o Direito Civil não tutela apenas o património das pessoas, mas também outros
interesses seus, admitindo, por isso, não apenas que a prestação não tivesse valor
pecuniário, mas também que o interesse do credor fosse tanto material como ideal (ex.
sentimento religioso, honra), excluindo apenas do âmbito da obrigação relações
extrajurídicas como as de trato social. Na França, esta posição foi sufragada por
SALEILLES.
Para ANTUNES VARELA, esta norma pretende excluir do âmbito da obrigação dois
tipos de prestações: a) as prestações que correspondam a simples caprichos ou manias
do devedor e b) as prestações que correspondam a situações tuteladas por outras ordens
normativas, como a religião, a moral ou o trato social, e que não merecem, por esse
motivo, a tutela do direito. Para MENEZES CORDEIRO não há obstáculos a que se
constituam obrigações relativas a meros caprichos ou manias, desde que se refiram a
situações jurídicas. Apenas se corresponderem a situações oriundas de outros
complexos normativos, é que não será admissível a constituição de obrigações com esse
objecto.
Uma outra característica da obrigação é a de que o credor não pode exercer directa e
imediatamente o seu direito, necessitando da colaboração do devedor para obter a
satisfação do seu interesse. Neste sentido se fala em mediação, uma vez que só através
da conduta do devedor o credor consegue obter a satisfação do seu interesse. O direito
de crédito tem assim como característica a mediação da actividade do devedor ou a
exigência da colaboração deste, para que o credor consiga obter a realização do seu
direito.
A mediação tem sido apontada pela doutrina como uma das qualidades das obrigações
que permite estabelecer a sua distinção dos direitos reais, uma vez que a estes faltaria
essa característica, na medida em que consistiriam num poder directo e imediato sobre
uma coisa. Já os defensores de uma concepção personalista do direito real negam a
possibilidade de utilizar esse critério de distinção, na medida em que, configurando o
direito real como uma obrigação passiva universal, consideram o exercício de poderes
sobre a coisa como um reflexo factual ou económico dessa obrigação. É manifesto, no
entanto, que a mediação existe nas obrigações e falta nos direitos reais, já que enquanto
nestes o direito do credor se exerce directamente sobre coisas, naquelas o direito à
prestação só é realizável através de um intermediário, que é o devedor, que se vincula
assim a prestar a colaboração necessária para que o credor obtenha a satisfação do seu
interesse.
Em certos casos, pode, porém, suceder que, perante a recusa do devedor em prestar, o
credor possa obter a satisfação do seu direito à prestação por via coerciva, como sucede
na execução específica (arts. 827.° e ss.). Tal não justifica, porém, que se deixe de
considerar a mediação como característica das obrigações, já que, se por via judicial se
pode substituir a conduta do devedor em ordem a obter a satisfação do direito do credor,
tal ocorre precisamente porque o devedor se vinculou a prestar essa conduta para esse
efeito. Daí que, como refere MENEZES CORDEIRO, na obrigação exista sempre uma
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2.3. A relatividade
Essa doutrina clássica teve, porém, desde sempre forte oposição, já que inúmeros
autores entendiam que o dever geral de respeito, que todos têm, de não lesar os direitos
alheios (neminem laedere), também abrangeria os direitos de crédito, que
consequentemente teriam tutela delitual (cfr. art. 483° do Código Civil). Pronunciaram-
se sucessivamente nesse sentido GUILHERME MOREIRA, JOSÉ TAVARES,
GOMES DA SILVA, GALVÃO TELLES, PESSOA JORGE, MENEZES CORDEIRO
e SANTOS JÚNIOR.
Uma posição intermédia neste debate é aquela que, embora não aceite a existência de
um dever geral de respeito dos direitos de crédito, admite alguma oponibilidade dos
créditos perante terceiros, através da aplicação do princípio do abuso do direito (art.
334°). O terceiro poderia ser assim responsabilizado nos casos em que a sua actuação
lesiva do direito de cré- dito se possa considerar como um exercício inadmissível da sua
liberdade de acção ou da sua autonomia privada. Defenderam esta posição,
sucessivamente MANUEL DE ANDRADE, VAZ SERRA, ANTUNES VARELA,
ALMEIDA COSTA, RUI DE ALARCÃO, RIBEIRO DE FARIA e SINDE
MONTEIRO.
A nosso ver, deve ser adoptada esta solução intermédia. É certo que na maioria dos
casos o terceiro que contrata com o devedor não deve ser responsabilizado pelo facto de
este violar as suas obrigações, uma vez que faz parte da autonomia privada de cada um
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2.4. A autonomia
Pensamos, no entanto, ser esta uma concepção errada, uma vez que a autonomização de
uma obrigação não impede a sua regulação pelo Direito das Obrigações nas partes não
sujeitas ao seu regime específico. Efectivamente, a estrutura da obrigação autónoma e
não autónoma é idêntica. O regime das duas é que pode divergir em maior ou menor
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medida, o que não impede a qualificação de ambas como verdadeiras obrigações. Ora, o
Direito das Obrigações é um ramo do Direito Civil cuja autonomização assenta
precisamente em características estruturais, uma vez que a classificação germânica do
Direito Civil não tem um critério homogéneo. A autonomização das disciplinas de
Direitos Reais e de Direito das Obrigações tem por base as características estruturais
dos direitos a que se referem. Já o Direito da Família e das Sucessões são
autonomizados em função da fonte de onde resultam as relações de que tratam. É, por
isso, perfeitamente natural que surjam situações estruturalmente obrigacionais noutros
ramos do direito, mas estas não perdem a sua natureza de obrigações em virtude de aí
serem inseridas. Daí que a autonomia não deva ser considerada como uma característica
das obrigações.
Autores como Maria Diniz e Emilio Betti, afirmam que os direitos obrigacionais
disciplinam relações jurídicas patrimoniais, que visam prestações de um sujeito em
proveito de outro, evidente está que incluem tão-somente os direitos pessoais. Deveras,
os direitos de crédito regem vínculos patrimoniais entre pessoas, impondo ao devedor o
dever de dar, fazer ou não fazer algo no interesse do credor, que passa a ter o direito de
exigir tal prestação positiva ou negativa.
Daí que Maria Diniz, citando Emilio Betti, explica que na obrigação o vínculo do
devedor constitui a premissa do direito do credor. O direito de crédito realiza-se por
meio da exigibilidade de uma prestação a que o devedor é obrigado; logo, sempre
requer a colaboração de um sujeito passivo. Portanto, o direito das obrigações trata dos
direitos pessoais, ou seja, do vínculo jurídico entre sujeito ativo (credor) e passivo
(devedor), em razão do qual o primeiro pode exigir do segundo uma prestação.
3. Conclusão
Ao concluir esta análise das características da obrigação, torna-se evidente que esses
elementos essenciais são a espinha dorsal do direito das obrigações, sustentando os
alicerces sobre os quais se erguem as relações jurídicas em sociedade. Essas
características não apenas definem os contornos das obrigações, mas também delineiam
os direitos e deveres das partes envolvidas. No cerne desses princípios reside a busca
pela justiça, equidade e responsabilidade, princípios que transcendem épocas e culturas,
moldando o tecido das interações humanas. Assim, ao compreender e aplicar as
características da obrigação, não apenas fortalecemos o arcabouço jurídico, mas também
promovemos a harmonia e a justiça nas relações entre os indivíduos e as instituições.
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4. Bibliografia
DINIZ, Maria Helena (2007). Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria geral das
obrigações. 22ª ed. SP: Saraiva