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Resumo
A questão ambiental cada vez mais ganha espaço nas discussões da sociedade. Mas não
basta somente discutir. Pela sua importância, o meio ambiente deveria ser um tema
transversal a todas as áreas do conhecimento. Como, então, sensibilizar as pessoas para
fazer deste tema tão importante parte do seu cotidiano? Este artigo discute a utilização
da comunicação como ferramenta de sensibilização para educação ambiental e analisa a
metodologia empregada pelo Programa de Educação Ambiental da Embrapa Florestas5
- Preá, com enfoque nas estratégias de comunicação.
Palavras-chave
Comunicação; educação ambiental; sensibilização.
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Young ' (2004) mostra como a questão econômica interfere na ambiental (e por
isso o termo sustentabilidade envolve conceitos como economia e meio ambiente, entre
outras, de uma forma sistemática):
[...] numa perspectiva de Terceiro Mundo não se pode dissociar a
questão ambiental da questão do desenvolvimento. [...] Na agenda do
hemisfério norte o nível de renda está dado, estão satisfeitos com o
nível de renda atual e o problema é alocar. Precisam que o rico
consuma menos e o pobre consuma mais. Que o cara consuma menos
super-pickups e vá para o transporte coletivo. A questão de padrões de
consumo é da agenda do norte. A nossa questão é outra: a gente
precisa aumentar o nível de renda, aumentar o nível de emprego e
conservar. Numa perspectiva de Terceiro Mundo, temos que pensar
em crescimento com preservação ambiental. [...] A questão ambiental
não restringe o crescimento.· Ela envolve gastos, e numa perspectiva
keynesiana se eu tenho gasto eu tenho meio de renda desde que haja
mão-de-obra sobressalente. E o que mais temos aqui é mão-de-obra
sobrando. Se aumentar o gasto com meio ambiente vai aumentar o
emprego e a qualidade ambiental. O principal motivo do
desmatamento é o peão, porque se cai o custo da mão-de-obra o
sujeito sem emprego está disposto a se meter no meio do nada para
tentar conseguir alguma coisa. Está disposto a ganhar qualquer 10
reais para entrar no desmatamento.
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Mas como, então, trazer essa preocupação e, principalmente, ações efetivas para
o cotidiano das pessoas? Para Capra (2005, p.20), "nas próximas décadas, a
sobrevivência da Humanidade dependerá de _nossa alfabetização ecológica - nossa
capacidade de compreender os princípios básicos da ecologia e viver de acordo com
eles". Isso quer dizer que as pessoas precisam ter um contato mais intenso com as
questões ecológicas e que isso se reflita em sua prática, independente do local onde
.
more, sua cor, sexo, ou mesmo sua condição financeira. E essa formação precisa ter
qualidade.
Segundo Wurman (2003, p.36), "atualmente, a quantidade de informação
disponível dobra a cada cinco anos: em breve, estará duplicando a cada quatro ...". Mas
esta reflexão foi feita pelo autor já na primeira edição de seu livro, em 1991. Conclui-se,
então, que atualmente esta velocidade está muito maior por causa do avanço da Internet,
tecnologias da informação, entre outros fatores. O que temos hoje é uma explosão de
informação e implosão de significados. Wurman (2003, p.47) analisa ainda que a
informação atua em diversos níveis de urgência na vida das pessoas, de acordo com o
esquema abaixo:
------- IntormaÇ!\o
Cultural
"-------Intormação Noticiosa
-------Informação de Relerência
-.:-~--- Inlormaç;1o
Conversacion31
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Preá
o Programa de Educação Ambiental da Embrapa Florestas - Preá utiliza a
metodologia "Educação Ambiental Integrada 'Os Seis Elementos'" que tem como
objetivo a sensibilização e a conscientização ambiental da população de uma forma
inovadora. Tal metodologia consiste em:
apresentar os elementos que compõem a natureza (ar, água, solo, flora, fauna
e ser humano) de forma integrada, apontando a interdependência entre eles e
associando-os continuamente às características e ao dia-a-dia dos seres
humanos. Estes elementos não funcionam isoladamente, mas como se fossem
engrenagens fundamentais de uma complexa e maravilhosa máquina. Muito
se fala nos cinco elementos, mas o homem deve ser colocado como parte do
conjunto sendo, desta forma, o sexto elemento;
demonstrar, de forma simples e intensa, a complexa interdependência
existente entre os elementos naturais, em ambientes alterados ou não;
enfatizar a necessidade atual do ser humano reaproximar-se da natureza,
sendo o único capaz de reverter a degradação ambiental criada por ele
próprio.
Usar os cinco sentidos como ferramenta de ensino-aprendizagem de forma
lúdica e interativa.
As atividades realizadas vão desde palestras em escolas e na própria sede do
Preá até capacitação de professores para uso da metodologia e apresentações em feiras e
exposições temáticas, além de oirsos. O público é bastante diversificado: alunos e
professores de escolas públicas e particulares; associações de bairro e de terceira idade;
funcionários de empresas públicas e privadas; profissionais liberais; técnicos de
organizações não-governamentais; população em geral que visita feiras e exposições.
A educação ambiental, então, não deve centrar-se apenas na divulgação dos
conhecimentos ecológicos e ambientalistas, mas, também, na construção e assimilação
do todo. A junção dos aspectos ecológicos, sociais e econômicos através da
interdisciplinaridade contribui para a disseminação dessas informações. Entretanto, para
que ocorra esse desenvolvimento é necessário que se enfatize a qualidade humana sobre
a qualidade econômica, incorporando-se a perspectiva cultural à perspectiva natural. As
manifestações culturais e as potencialidades coletivas e individuais alavancam este
desenvolvimento.' É preciso despertar a preocupação ética e ambientalista para que o ser
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incomuns (como estar de olhos vendados e tocar no lixo, por exemplo) até as
mas positivas, como experimentar sensações ao tocar as árvores.
Desta forma, a metodologia contribui para que as pessoas conheçam melhor a
dinâmica da natureza de forma presencial e participativa .
.
Na questão da linguagem específica aos diferentes públicos, um fator importante
é que os materiais e as informações vão sendo apresentados e inter-relacionados uns aos
outros, caracterizando a ampla interdependência existente entre eles. Um dos exemplos
mais completos e concretos desta inter-relação é a maquete dos rios, onde são
representados um rio limpo e um rio poluído. Por meio dessa linguagem simples e
envolvente, alicerçada em amostras naturais significativas que aguçam os ClllCO
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Conclusão
A eficiência deste método utilizado pêlo Preá está no fato de trabalhar
simultaneamente a parte técnica, teórica e prática ao mesmo tempo com linguagem
adaptada a cada público alvo, não caracterizando assim um discurso padrão.
Propor' uma comunicação diferenciada por meio de diversos materiais faz com
que as pessoas utilizem os seus cinco sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) ao
manusear os materiais. Isto é o lúdico e o interativo associados à ciência. Essa
contextualização dos "seis elementos" nas ações fazem com que os participantes
percebem a interação no seu dia-a-dia, uma vez que a compreensão dos processos
ecológicos é facilitada pelo uso de exemplos tirados do cotidiano das pessoas, os quais
muitas vezes passam despercebidos. Há, então, um diferencial na forma de aprender. Ao
mesmo tempo que ensinam, os facilitadores também aprendem, pois interagir é uma
forma de fazer as pessoas participarem.
Além disso, é utilizada uma linguagem atrativa, acessível e dinâmica, somado à
descontração, alegria e participação efetiva do público. Isso proporciona aos
participantes ampla reflexão sobre o ambiente e acuras a visão sobre os fenômenos
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SANTOS,J.E.; PlRES,J.S.R. (eds.) . Estação Ecológica da Jataí. São Carlos: RiMa, 2000.
CERTIFICADO
MARCOS FERNANDO GLÜCK RACHWAL
Prot. Dr. José Marques de Meio Profa Ora Nelia R. Dei Bianco
[carga Horária: 45 horas J
Presidente da Intercom Coordenadora local do XXIX Congresso
1111 -
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FAC/Faculdade de Comunicação
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4'1 ~
Universidade
Católica de BraSlli.
-
SEBRAE
Anexo 12
Estado e Comunicação
4 a 9 de setembro
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Universidade
Universidade de Brasilla Católica de Brasüia