A Cabala PrÁtica Ambelain - Cópia
A Cabala PrÁtica Ambelain - Cópia
A Cabala PrÁtica Ambelain - Cópia
A KABALA PRÁTICA
I. - ELEMENTOS DOUTRINÁRIOS
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"A Teurgia nos une tão estreitamente a Potência Divina se engendrando por si
mesma, ela nos une tão estreitamente a todas as ações criadoras dos Deuses conforme as
capacidades de cada um, que a Alma, após ter cumprido os Ritos Sagrados e fortalecido em
sua ações e suas inteligências, se encontra finalmente situada no próprio Deus Criador..."
"Quem quer que opere somente pela Religião, sem o concurso das outras
virtudes[1], é absorvido e consumido pela Divindade, e não poderá viver por muito tempo. E
quem quer que se aproxime sem estar purificado, atrairá sobre si a condenação e será
entregue ao Espírito do Mal..."
PREFÁCIO
Parece que a Kabala sempre se dedicou a não ser outra coisa que a manifestação
do próprio mistério!
Com efeito, nenhuma doutrina foi ou é ainda tão desconhecida do grande
público. Na Idade Média, no Renascimento, assim como em nossos dias, as tolices as mais
espantosas, as condenações as mais injustificáveis, circulam a seu respeito [1].
Para certo padre jesuíta do século XVII, " A Kabala não é mais que um grimório
de feitiçaria, que tem por autor um feiticeiro famoso, chamado Kabale...", para outro, é "um
tratado de Magia, análogo, porém superior em inverosimilhança ao famoso grimório judeu
chamado Talmud...". Como observa com humor P. Vulliaud em sua obra sobre Kabala, é
"pretender que a música seja superior ao pistão!"
Pois bem, em nossos dias, ainda é assim... Durante os cinco anos em que os
homens do Governo de Vichy exerceram seu fanatismo de outrora, os livros e manuscritos
sobre Kabala tiveram a honra de partilhar, com os que tratavam sobre Iluminismo e
Maçonaria , a atividade e o interesse de nossos oficiais de bibliotecas privadas...
Em outro domínio, já era a mesma coisa, para a maior parte dos eruditos alemães
de nosso época, especialistas nessa questão, não parece haver outra coisa na Kabala, que a
arte de tirar anagramas místicos do texto oficial do Pentateuco, enriquecendo assim a lista, já
longa, dos "Nomes Divinos".
Em realidade, a Kabala é a "Via Iniciática" tradicional do Ocidente cristão. Como
recomendava o Swami Sidesvarananda, o método puramente asiático não é feito para o
europeu. E, a despeito dessas aparências sedutoras, e salvo raras exceções, ele não pode
conduzir a não ser a um impasse.
A Kabala repousa sobre a tradição exotérica judeu-cristã. Ela constitui-se em
uma metafísica e uma filosofia, das quais emana uma mística, sendo esta acionada e regida
por uma ascese particular, compondo a Teurgia ou Kabala Prática, esta por sua vez, se divide
em duas partes. A primeira constitui uma espécie de yoga ocidental, é o aspecto interior dessa
prática. A segunda é a forma ritual cerimonial. É o aspecto exterior.
Sendo o homem um microcosmo, toda a ascese lhe permite alcançar certos níveis
de consciência, inacessíveis normalmente, equivaleria, pois, à uma "realização iniciática"
incontestável.
A Kabala prática é, pois, para a Kabala Mística o que a realização é para a
elaboração. Se esta última familiariza o estudante com este conjunto metafísico formidável
que ela constitui, é só intelectualmente. A Kabala prática lançará o Adepto sobre a "Via
Direta", e se então ele sabe triunfar sobre o "Dragão do Umbral", ele ganhará um tempo
considerável sobre aquele que pratica somente a "Via Interior", pois ele terá estabelecido um
contato psíquico íntimo com os planos Superiores. "A verdadeira Filosofia, nos diz Sir
Bulwer Lytton, procura antes compreender do que negar..."[1], e os amantes das leituras
kabalísticas e de teses que recuam diante da aplicação de sua doutrina favorita são
inconsequêntes que deliberadamente se privam do fruto de seus esforços. Escutemos
primeiro o conselho do sábio Jâmblico[2]: "Existe na Alma um Princípio Superior à Natureza
exterior. Por esse Princípio, podemos ultrapassar a ordem e os sistemas deste mundo, e
participar da vida imortal e da energia da Essências Celestes. Quando a Alma se eleva por
caminhos da Natureza superiores a sua, ela abandona o Ordem a qual está temporariamente
ligada, e, por um magnetismo religioso, é atraída para um plano Superior com o qual se
mistura e se identifica...".
O hermetista Van Helmont nos diz mais ou menos a mesma coisa: "Uma força
oculta, adormecida pela queda, está latente no Homem. Ela pode ser desperta pela Graça
Divina, ou pela arte da Kabala..."[3].
Para dizer a verdade, é necessário já estar familiarizado com a Kabala didática
[metafísica, teodicéia, etc...] antes de se entregar as terríveis operações da Kabala prática.
Quando o estudante da Alta Ciência tiver familiarizado seu espírito com as obras de Felipe
de Aquino, Reuchlin, Pico de la Mirandola, Rosenroth, Molitor, então como disse o Dr. Marc
Haven: "Se ele é chamado a Vida Espiritual, essas páginas se tornarão luminosas. Mas ele se
entregará em vão a esses estudo se não acostumar seu cérebro as formas hebraicas, lido e
assimilado as obras preparatórias que citamos, e habituado sua alma a via mística...".
O objetivo da Arte é, pois, praticamente, pôr o Adepto em ligação psíquica com
os planos Superiores e as Inteligências que aí residem. Além disso, de agir altruisticamente e
ocultamente sobre seus semelhantes, para a melhoria dos interesses superiores da
Coletividade humana.
A Ciência em questão [a Teurgia], repousa sobre a manipulação dos
conhecimentos da Kabala Mística, sobre suas aplicações. Seus métodos principais são as
Cerimônias, e as Invocações, principalmente dos Nomes Divinos apropriados, verdadeiras
"palavras de poder" sem as quais nenhuma vida oculta iria animar pantáculos e invocações.
E se não tentamos justificar o aspecto "mágico" da Kabala prática é porque nos
recusamos lhe dar esse caráter. As cerimônias da Alta Ciência são cerimônias Religiosas, de
um caráter extremamente puro, com a forma de culto, assim como aquelas das grandes
religiões oficiais. O Kabalista que queima seu incenso diante do Pantáculo onde flameja o
Divino Tetragrama não é um ser diferente do padre católico em adoração diante do
ostensório ou do lama, diante da imagem da deidade protetora. Seu estado de alma é aquele
de todos os místicos, e ele tem o direito ao mesmo respeito que tem o monge de Solesme
ou S. Wandrilo. Pois, nos diz ainda Marc Haven, é o destino e a gloriosa característica das
doutrinas místicas de ser inacessível à multidão e impenetrável aos sábios, toda a incursão
em seu domínio, toda dissecação, toda explicação, nada atinge de sua realidade.
[1] - Marc Haven; prefácio da tradução da obra de Gaffarel: Os profundos Mistérios da Kabala
Divina, por Ben-Chesed.
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Quanto àquele que não ver aí a não ser baixa utilidade material, simples proveito,
magia baixa ou tola vaidade, que sobre ele caia a maldição ritual do Levítico: "Assim fala o
Eterno: "Eu quebrarei o orgulho de vossa força, e tornarei vosso Céu como ferro, e vossa
Terra como bronze..."[Lvt:XXVI,19].
[1] - O formato da obra e os limites impostos para seu destino infelizmente nos forçam a abreviar muitos
capítulos.
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A. - Sua Gênese
Seria, pois, em vão supor por um só instante que a religião judaica de antes de
nossa Era se caracterizou por um monoteísmo absoluto, por um lado, e por uma ortodoxia
rigorosa do conjunto do conjunto dos fiéis, de outro lado.
Se os jovens anos do cristianismo nascente apresentaram esse aspecto de
incessante fervilhar de seitas e crenças particulares, cada uma mais estranha que a outra, para
a nação judaica, é o fenômeno inverso que se desenvolve. Quando da saída do Egito, o culto
de Deus de Israel é um todo. Sem dúvida, sobrevivências de cultos mais antigos e mais
primitivos [em especial aquele dos Balim, dos Ephod, dos Teraphin, etc...] se manifestam
ainda no seio das famílias e dos clãs, mas de uma maneira privada, e geralmente clandestina.
Depois, com o tempo, o contato com as filosofias estrangeiras, as estadas na Babilônia
[conduzidos pela catividade e as deportações de população] o estudo de seus doutores, a
troca de idéias, a ruptura intelectual e mística do povo judeu se estira e se fraciona em
diferentes ramos. Uns vivem e prosperam de maneira absolutamente oficial, e se conhece
entre estas seitas as principais: os fariseus, os saduceus, os essênios, os terapeutas. Mas na
massa popular se ignora a existência de escolas mais herméticas, seitas diversas, as vezes de
espírito muito oposto.
Seria, certamente, um erro histórico dos mais graves imaginar um judaismo
formando um bloco único, não dando nascimento a nenhuma variação teológica, a nenhum
esoterismo, a nenhuma heresia.
Vimos em sua obra sobre a formação do cristianismo, Drews conclui que antes
da Era cristã, já existia entre os judeus, uma representação do Messias, que mais tarde será
aquela do Cristianismo. Depois, os discípulos de Jesus procurarão justamente apresentá-lo
como tendo reunido em sua vida todas as circunstâncias, abundantemente descritas pelos
profetas, e isso, afim de provar sua legitimidade para o cumprimento de sua missão.
Igualmente, notamos que Drews, junto com B. Smith, afirma que ao lado do
judaismo ortodoxo, existia em Israel, ou em seus confins, seitas que tinham organizado os
elementos essenciais da lenda cristã e isso bem antes do nascimento do Cristianismo, ao
redor de um Deus que eles chamavam Iesoushouah[1].Nesse nome Drews reencontra o nome
de Jesus. A ortografia hebraica era idêntica. Esse fato é significativo: É o primeiro sinal
[traços] da existência da Kabala, sendo Iesoushouah um dos "Nomes Divinos" da Sephirah
Geburah.
O que entrevemos da doutrina dessas seitas, as coloca em relação com uma
religião sincretista, espalhada por toda a Ásia Ocidental, séculos antes da Era cristã, e que
engendra numerosos agrupamentos religiosos com tendências particulares. É o Mandaismo
ou Adonaismo.
Essa religião sincretista se dá por uma revelação esotérica, uma "gnose" [manda
é sinônimo de gnose], trazida por um Deus chamado Ado ["Senhor"]. Nesse nome
reencontramos o radical tendo presidido a formação de numerosos nomes divinos dessas
[1]- "Deus de Salvação".
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regiões: Ado, Ada, Adonai, Adonis, Adam, Atem, Atoum. Na realidade, essa tradição
esotérica é feita de pedaços e fragmentos, e ela está sempre em estado de parturição
teológica!
Todos os povos semitas, e todas as seitas pré-gnósticos de antes de nossa Era: os
Ofitas, os Naasênios, os Cainitas, os Essênios, os Ebionitas, os Parateens, os Sethianos,
Heliognósticos, esperam o Ser misterioso que descerá do Céu e se encarnará sob uma forma
humana para dispensar os Demônios, purificar a Terra e os Homens, e conduzir estes ao
lugar das Almas Bem-aventuradas, na "Morada do Pai".
Pois bem, as pesquisas históricas nos mostram numerosos doutores judeus
palestinos, em relação de simpatia com as idéias dessas seitas, estrangeiras para Israel.
Não deixemo-nos pois derrotar pelo erro histórico do monoteismo judeu
estritamente fiel, confinado em vasos fechados, sem nenhuma evolução intelectual e
dogmática! Existiram, antes de nosso Era, seitas mandeistas de fundo judeu, e são elas - B.
Smith o prova - que dão justamente o nome de Ishu, Ieshouah, Iesoushouah, ao Deus
Salvador que elas esperam. Iesh, em hebraico, significa fogo, ao mesmo tempo, designa a
filiação, a genealogia. Seu Deus Salvador é pois um Deus de Luz e de Fogo. O que nos diz
Moisés? "Deus é um fogo que queima...". Quais são os nomes dessas seitas? Iessênios,
Nazarenos, Nazirenos...
Sabemos que as seitas esotéricas judaicas veneravam um Deus Salvador, que
chamavam Ieshu, ou Ieshouah, ou Iehoushouah, e um papiro conservado na Biblioteca
Nacional de Paris [n° 174, suplemento do fundo grego] contém fórmulas de conjurações tais
como estas: "Eu te adjuro, pelo Ieshouah Nazireno..." e mais longe: "Eu te adjuro, pelo Deus
dos Hebreus: Ieoushuh...".
Pois bem, repitamo-lo, essas seitas são anteriores ao Cristianismo...
Com a vinda deste, com o fervilhar místico que o seguirá, com a dispersão do
povo judeu, seus contatos com os Árabes da África do Norte, depois aqueles da Espanha e de
Portugal, com suas estreitas relações com as populações gregas, turcas, balcânicas [contatos
conseqüentes dessa dispersão], toda essa doutrina secreta vai se refundir, borbulhar,
fermentar, e finalmente, diante do perigo de uma tal efervescência, os doutores de Israel, de
posse do verdadeiro esoterismo doutrinal do Thorah, vão se decidir a revelar por fim o
essencial desse ensinamento secreto, e vamos ver como...
[1] - É fato que antes da queda de Jerusalém, o Grão-Mestre dos Talhadores de pedras foi proclamado Pontífice.
[2] - Ver nossa obra "O Martinismo", Pg. 47 e seguintes
em seu sentido literário, que era bom para uma vida pastoril, primitiva, não é mais suficiente
para reger a vida inteira, sobretudo espiritual, do povo judeu.
Por outro lado, o caráter especial da vida nacional leva Israel a se isolar, a reduzir
tanto quanto possível o contato e as relações com os povos estrangeiros. Israel é, antes de
tudo, um povo orgulhoso e confiado, que não quer se abaixar pedindo a seus vizinhos o que
ele estima poder encontrar só. Pelo menos, ele adota sem dúvida doutrinas de origem
estrangeiras, por esse mesmo fato, impuras segundo o Thorah, mas ele cuidará de o
reconhecer, e as classificará de muito antigas e puramente judaicas, e o torno será
movimentado!... [ A Haggadah do Talmud, assim como os Midraschin, admitem, no
entanto, que o povo hebreu trouxe da Babilônia os nomes dos meses do ano, os dos anjos, e
em geral toda a Kabala...].
Levados pelo espírito nacional, sutil, trapaceiro, os doutores da Lei, que
acumulam as funções de legistas, de teólogos e de casuístas, vão se entregar com o coração
alegre. E entre eles, algumas altas e belas inteligências vão sair à luz, construindo com
materiais estrangeiros por ossamenta e interpretações particulares como enchimento, o mais
prodigioso templo metafísico que saiu do pensamento humano...
De suas especulações metafísicas nascerá primeiro a Mishna, interpretação
complementar dos cinco livros do Pentateuco ou Thorah, interpretação perseguida em seus
menores detalhes. O ensinamento será dado pelos Tanaim, ou doutores da Lei, que de 150
a.C. a 220 de nossa Era, ou seja, durante aproximadamente quatro séculos, comentarão com
um zelo infatigável o Thorah.
A partir do terceiro século de nossa Era, a Mishna é fragmentada quando a
bagagem metafísica transmitida pelos Tanaim se torna tal, que sua amplitude necessita uma
divisão. O rabino Iehudah, chamado Ha Nazi [o "Patriarca"], compila em uma espécie de
manual os elementos das primeiras coletâneas.
A Mishna de Iehudah é então considerada como um Canon ao qual se atribui
mais valor que ao próprio Pentateuco. É assim que o tratado Sopherim nos diz que: "O
Thorah é como a água, mas a Mishna é como o vinho...". Isto tem um duplo sentido, é uma
alegoria, subentendendo assim a embriaguez que traz o beber vinho, e o frio racionalismo
que é o apanágio do beber água, mas também esotérica e cabalisticamente, pois a palavra
vinho, em hebraico yain, é numeralmente equivalente à palavra sod, significando mistérios!
Adivinha-se por esta sutilidade proposital que a Mishna detém o "espírito" da Tradição, o
Thorah não possui mais que a "letra", uma é esotérica, o outro é exotérico.
Então, da mesma maneira que o Thorah tinha sido comentado e esclarecido, a
Mishna, por sua vez, é comentada e esclarecida no seio das escolas místicas. Os sucessores
dos Tanain, chamados Amoraim ou "comentaristas", rabinos das Sinagogas de Iabhné,
Séphoris, Lidda Palestina, de Sira, Nehardea, Pumbeditha, Uscha, na Babilônia, a tomam
durante três séculos como texto de suas controvérsias apaixonadas. A conclusão dessa
discussão secular é denominada a Gemarah, ou "complemento" [subentendido: da Misnha].
Uma compilação mais vasta reunindo as decisões dos Amoraim e dos Tanain é então
estabelecida, se lhe dará o nome de Talmud, palavra hebraica significando "ritual".
Isso nos mostra já, que, se o Talmud é o resumo da Gemarah, que a Gemarah é o
comentário e o complemento da Mishna, que a Mishna é o texto esotérico da Thorah, o
Talmud é ainda mais esotérico e mais alegórico que a Mishna, pois que ele visa revelar de
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maneira mais clara os mistérios desta! Pois bem, sabemos por experiência, cada vez que se
revela o sentido secreto de um texto religioso, é sob uma alegoria nova...
Concluímos que: Tomar o Talmud ao pé da letra, aplicar seus ensinamentos a
Israel, povo judeu, e seus anátemas aos goim, povos incircuncisos, é recair no exoterismo do
Thorah e nada revelar do todo... Bem ao contrário, o Talmud e todos seus ensinamentos
somente se aplicam a um povo eleito e a reprovados desse mundo... E isso, uma outra obra
capital nos ensina muito claramente, falamos do Sepher-hah-Zohar, o "Livro do Esplendor".
Última conclusão: anti-semitas e israelitas, fanáticos dos dois campos, estão
errados, e o Talmud não se dirige aos homens aqui de baixo! Israel, é o conjunto dos eleitos,
os "abençoados de meu Pai"!
Existem duas coleções talmúdicas: aquela de Jerusalém, terminada no quinto
século de nossa Era, e aquela da Babilônia, terminada no início do sexto século. Ambas
reproduzem bem a Mishna, mas a primeira dá a Gemarah palestina, e a segunda a Gemarah
babilônica. É essa última que é muito mais considerável. O Talmud de Jerusalém é uma
pequena brochura, enquanto que o da Babilônia necessita doze espessos volumes do mesmo
formato" É pois esse últimos que é, ainda em nossos dias, a verdadeira expressão talmúdica.
Na babilônia, os estudos talmúdicos permaneceram muito tempo florescentes, e
isso até bem depois que toda vida social e intelectual tinham aparentemente desaparecido da
palestina. Essas organizações teológicas são encontradas, no final do décimo século, na
Espanha e em Portugal. No décimo segundo século, Samuel Ibn Naggdila publicará em
Granada uma notável introdução ao estudo do Talmud. E Gershem Ben Iehudah fará aparecer
em Maience e em Metz "Comentários" sobre quatorze tratados do Talmud. Um outro doutor,
Salomão Iischaki chamado Rashi, escreverá em arameu "Comentários" sobre quase todos os
tratados, acompanhados de uma Gemarah. No décimo segundo século, o famoso Maimonide
comporá em árabe um comentário da Mishna, que permanece ainda em nossos dias, um dos
clássicos célebres. No décimo terceiro século, rabinos alemães e franceses desenvolverão,
em arameu, os comentários de Salomão Iischaki. Até o décimo sétimo século o Talmud da
Babilônia conservará uma autoridade superior àquela do Thorah. O que é muito
compreensível, pois que ele pretende dar a chave. E a maior parte dos judeus não conhecerão
este a não ser através das citações do dito Talmud!
A Haggadah do Talmud, a qual fizemos uma primeira alusão anteriormente, a
respeito dos meses e dos Anjos, deu, pois, nascimento a uma verdadeira "gnose" judaica, sob
o impulso da febre mística dos doutores da Lei. Essa gnose repousará sobre um comentário
esotérico dos relatos bíblicos. E esse próprio comentário terá por base inicial uma tradição
oral, saída de uma iluminação intelectual particular e que dará o sentido real dos textos e
interpretações banais que a multidão ignorante conhecerá.
Essa tradição oral, saída de uma iluminação mística, é a "palavra", ou "tradição
transmitida pela palavra", em hebreu Kabalah, e em português Cabala!... [em especial ver o
Targum de Jerusalém, chamado de Onkelos].
Se vê, pois, como para os textos cristãos, é uma longa fermentação, oficial ou
oculta, que sem cessar mistura e retifica uma "revelação" primitiva obtida pela iluminação,
acrescenta aí comentários as vezes saídos de teorias estrangeiras, unidas a "práticas" tão
heterodoxas ou tão exteriores quanto sua origem, e que constituirá o esoterismo judaico, ou
Kabala.
Pode-se dizer sem temor, é o universal e o eterno fermento iniciático que,
depositado no seio do esoterismo de Israel, como no seio não importando de qual religião,
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∴
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B. - Sua Retificação
1°) A escola de Isaac o Cego que se poderia chamar a escola metafísica, não que
a metafísica seja aí o elemento exclusivo, mas ela é o elemento predominante;
2°) A escola de Ezra-Azriel que provém da primeira;
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I. - Isaac o Cego.
Do próprio Isaac o Cego sabemos muito pouco. Seus sucessores falam com
respeito de seus comentários sobre o Sepher Yetzirah, e de sua arte para discernir as almas
novas das almas velhas, quer dizer daquelas que fazem seu primeiro casamento com o corpo
e as que segundo as leis da metempsicose fazem já uma segunda ou terceira peregrinação.
Assim como muitos dos grandes iniciadores, tal como Pitágoras e Sócrates, ele parece ter
sobretudo agido pelo ensinamento oral. Em seu Bade Aron, Schem Tob ibnz Gaon diz várias
vezes: "R. Ezra de Geronde [discípulo de Isaac o Cego] compôs um comentário dos
Haggadoth tal como recebeu de seu mestre Isaac o Cego", o que parece bem indicar que
Isaac o Cego se ocupou em interpretar os Haggadoth e as preces, isto quer dizer certamente
de os espiritualizar na direção de seu sistema. Mas é o resultado mesmo porque ele próprio
escreveu poucas obras. Sua cegueira, constante nas tradições dos Kabalistas, é uma razão
suficiente para explicar sua sobriedade como escritor. Em todo caso, é a Beaucaire, nessa
província, encruzilhada de tantas idéias, ponto de intercessão do Norte e do Meio-Dia, ao
redor de Isaac o Cego, que se pode localizar o berço da Kabala Prática.
A característica de seu ensinamento e da escola que fundou aparece
imediatamente em seu principal discípulo Ezra-Azriel. Jamais se soube se esses dois nomes
representam uma só e mesma personagem ou correspondem a dois discípulos de Isaac o
Cego. Os kabalista posteriores sempre os confundem. Jacobo em seu Yuchasin fez de Ezra o
mestre de Nachmanide; ao contrário, Meir Bem Gubbal e outros atribuem essa honra a
Azriel. Recanati atribui a Azriel o Comentário do Cântico dos Cânticos; Isaac d'Acco e
outros põem a mesma obra sob a paternidade de Ezra. Do nosso ponto de vista, Ezra e Azriel
constitui em a denominação de uma só e mesma pessoa. A literatura judaica é fecunda em
confusões dessa natureza e particularmente para os nomes Ouziel, Azriel, Ezra. Ezra-Azriel
viveu de 1160 a 1238. Ele mesmo conta que em sua juventude viajou muito, na busca de uma
doutrina oculta relativa a Deus e a criação. Após longas peregrinações encontrou um homem
que dizia ter uma tradição antiga e acreditada e que apaziguou suas dúvidas [1].
II. - Ezra-Azriel.
Eis a doutrina de Ezra tal como ele a expõe em sua obra intitulada: Explicações
dos dez Sephiroth por perguntas e respostas.
" O infinito é o ser absolutamente perfeito sem lacuna. Pois, quando se diz que
há nele uma força ilimitada, mas não a força a se limitar, se introduz uma lacuna em sua
plenitude. Por outro lado, se diz que esse Universo - que não é perfeito - provém diretamente
dele, se declara que sua potência é imperfeita. Pois bem, como não se pode atribuir nenhuma
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lacuna a sua perfeição, é preciso necessáriamente admitir que o En-Sof tem o poder de
limitar, o dito poder é ele mesmo ilimitado".
guardaram através de toda a Kabala teórica, mas sob a denominação de Maamarim, discurso,
palavra criadora, verbo.
A época de aparição do Bahir é bastante difícil de precisar. Sabemos, de um lado,
que existia em 1245, pois que ele é, desde esse momento atacado pelo Dr. Meir B. Simon de
Narbonne. Por outro lado as observações gramaticais que aí se encontram não permitem
levá-lo além do período que se conveio chamar "a idade da gramática hebraica". Esses
limites superiores e inferiores nos conduzem entre os séculos XII e XIII. Essa data é
certamente vizinha do nascimento da Kabala, mas ela não prova por isso a ligação ou a
dependência do Bahir e da escola de Isaac o Cego. Não é o mesmo para o Livro da Intuição.
O Livro da Intuição se propõe especialmente de tratar as relações dos Sephiroth
com o Ain-Sof. Deus é um, idêntico a si mesmo em todas as suas forças, como a chama que
brinca em variadas cores. Essas forças emanam dele, como a luz emana do olhar, como um
perfume emana de um perfume, como o brilho de um candeeiro de outro candeeiro sem que
esse último nada perca [aqui encontramos simultaneamente a terminologia de Ibn Gabirol e a
de Ezra-Azriel]. Antes de criar Deus foi um, em si, em movimento, sem limite, se distinção.
A melhor maneira de conhecê-lo consiste em combinar e calcular as letras de seu nome. Se
chega assim a afirmar dele o único ponto que se pode afirmar, ou seja, que ele é obscuro,
envolvido em si e sem diferenciação.
Tal é mais ou menos sua substância primeira a doutrina de Isaac o Cego e de sua
escola, isto é, a forma primeira da Kabala. É necessário não esquecer isso cada vez que a
palavra Kabala aparecer diante de nós. Se vê que essa primeira forma é feita, no que diz
respeito a metafísica, de uma abstração das abstrações neo-platônicas, de um reprise e de
uma multiplicação arbitrária dos intermediários de Ibn Gabirol.
Por seu ensaio de diferenciação dos modos criadores ele se encaminha para o
panteísmo. Depois ela ensaia dar as leis metafísicas uma cor física servindo-se precisamente
das coisas das cores da luz, o que será também a poética da metafísica do Zohar, e enfim para
o que diz respeito à religião tradicional será uma espiritualização, uma idealização mística de
todos os elementos do passado, suscetíveis de ser transformados, uma elaboração de
aspirações novas com as fórmulas antigas. Em todos os casos, o quadro do Zohar está criado.
III. - Nachmanide.
Mais tarde se forma uma lenda sobre a maneira como Nachmanide chegou a
Kabala. Se contar que apesar dos esforços feitos por um velho iniciado, ele permanecia
céptico. Um dia, esse kabalista pego em flagrante foi condenado à morte. Antes da execução,
ele mandou chamar Nachmanide e lhe afirmou que nessa noite viria ao seu encontro para
juntos festejarem o ágape sabático. Com efeito, por procedimento oculto ele se substituiu por
um asno que foi executado em seu lugar e a noite entrou subitamente no quarto de
Nachmanide. Esse acontecimento o converteu.
Além do prestígio que Nachmanide trouxe à Kabala por sua pessoa, ele lhe
rendeu um duplo serviço. Primeiro ele entrou resolutamente no caminho onde apenas tinha
penetrado Ezra-Azriel, ou seja, que ele não se contentou em fundar a Kabala teórica
filosófica, mas penetrou a lei, lei até então apanágio somente dos talmudistas e haggadistas.
Ele não se contentou com enunciar doutrinas místicas, ele animou o espírito da Escritura,
sobretudo interpretou nesse sentido os preceitos da Bíblia e particularmente do Pentateuco.
Nachmanide deu um importante lugar a essa espécie de vulgarização da Kabala. Ele foi um
daqueles que contribuíram mais para a inserir nos textos sagrados.
Eis um ou dois exemplos que mostram como Nachmanide levou o espiritualismo
a seu último limite. Ele admite que o primeiro homem foi criado andrógino. Mas admite
também que o sopro divino, para animar e enobrecer essa forma, veio se colocar na
intercessão dos dois corpos, e para esclarecer de antemão uma idéia importante do Zohar,
acrescentaremos que cada parte distinta leva uma metade de alma.
Nachmanide gosta de citar e desenvolver a seguinte passagem midráschica:
Enquanto o homem dorme, o corpo limita a liberdade da alma sensível, a alma sensível
limita a liberdade da alma racional, alma racional limita a liberdade do anjo [o Anjo
Guardião], etc. Para Nachmanide alma se sentido em má companhia com o corpo, rompe
quando pode esse casamento. Antes mesmo do divórcio definitivo, ela tem ausências
passageiras, ela vai errar no céu, retoma contato com suas irmãs e quando volta ao corpo,
este toma consciência de tudo o que ela viu. Daí, as visões do sonho. Se sente, claramente aí,
as teorias caras às iniciações órficas, platônicas, etc.
Nachmanide, se mantendo em geral nessas poesias sobre o terreno do judaísmo
tradicional, impregnou algumas pessoas de um misticismo que se conforma com as tradições.
Algumas vezes encontramos aí uma mistura singular entre os elementos kabalísticos e os
elementos gnósticos, entre a doutrina dos Sephiroth e aquela do Pleroma. É, sobretudo, a
propósito da alma que a comparação é sensível. É por intermédio de canais, chamados "os
canais de expansão", que, conforme Nachmanide, ela sai do "grande reservatório", termo
absolutamente adequado ao Pleroma gnóstico [Néander, Kirchengesch, I - 2° parte, Pg. 745
e Matter, Gnosticismo, Pg. 95 e seguintes]. A união da alma com o corpo à macula e o que
quer que ela faça, só terá salvação no amor divino, que, após tê-la deixado errar, a retoma
para si. A Sophia gnóstica, também, após ter errado por muito tempo, deve sua salvação a
intervenção direta e voluntária do Pai.
Nachmanide também conduz à tentativa de seu misticismo, sobre um assunto
novo: A Ética, já em seu comentário, mas, sobretudo em uma obra especial intitulada: A
Porta da Remuneração. O que primeiramente domina nessa obra é sua concepção mística do
sofrimento. O sofrimento é quase sempre, conforme Nachmanide, um sofrimento de amor.
Para uns ele é uma advertência; Deus vê com dor a alma celeste se afundar nas misérias do
corpo e para detê-la, ele lhe envia sofrimentos [dores].
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É uma grande aflição entre as almas do céu e os anjos ver uma de suas
companheiras se tornar indigna de sua origem e de seu destino. Todos buscam então por o
peso sobre Deus, afim de que, reprimindo por pouco tempo sua bondade sempre prestes a
verter, ele golpeie essa alma com golpes salutares. Se ela permanece surda a essas
advertências, eles redobram em intensidade afim de obrigá-la resgatar sobre a Terra e não ser
obrigada a esse pagamento no céu. Mesmo para o justo há sofrimento de amor, o próprio
justo não é perfeito, há nele escória, que o crisol da dor destaca de sua alma. Mas esses
sofrimentos de amor o homem não deve infligir a si próprio, é necessário que os receba, e os
receba com alegria da mão divina. Desgraça àquele que não sofre, pois isso implica em que
Deus o abandonou, que ele o condenou para a felicidade futura e que lhe deixou inviolada a
felicidade presente afim de que nada tenha a reclamar de seu destino. Seus sofrimentos são
penhores de felicidade ultra-terrestre, assim certas dores são destinadas a tornar a vida mais
pesada para o homem, o esforço maior aumentando assim seu mérito, seu direito a felicidade
futura. Enfim, há dores que são produzidas para passar de potência ao ato, os germes do bem
que a alma humana leva em si. De alguma maneira são as dores do parto da alma fecunda em
Virtudes.
Nachmanide é desde já o mestre em Kabala Prática, para ele:
"Deus criou toda coisa, e fez com que as coisas superiores conduzissem as coisas
inferiores, e ele pôs a força da terra e de tudo o que ela leva nos astros conforme as leis que
fixa a astrologia. Aos astros ele propôs como guia os anjos que são as almas, e suas
combinações superiores têm uma repercussão sobre os povos e homens. Há também leis
certas que permitem ler o futuro nas entranhas das aves, em seu vôo, em sua voz. É o que a
Escritura quer dizer quando conta que o rei Salomão sabia falar com as aves".
Nachmanide trata também da necromancia, da magia [Ex. 20, 2; Deut. 18, 9]. A
evocação dos demônios ou dos Maus Espíritos e, conforme ele, uma arte que necessita ser
longamente estudada. Fala de encontros que teve com certos mestres da arte de conjuração e
menciona tratados relativos as relações com os Maus Espíritos e a maneira de torná-los seus
instrumentos [Gênese, 4, 22; Derescha, Pgs. 8 e 11].
Vê-se que a atividade mística de Nachmanide se estendeu sobre a maior parte das
questões tratadas até então pela Kabala Teórica. Nachmanide tem uma particularidade entre
os discípulos da escola metafísica é que ele se inclina já a especulação para fins teúrgicos,
porque a seus olhos o misticismo, longe de se aquartelar na busca pura, deve conduzir
rapidamente a conquista e domínio das forças cósmicas. Após o Zohar, quando a loucura
dessa Teurgia perturbar a razão, Nachmanide será um daqueles para o qual os espíritos
perdidos se voltarão com a maior complacência [1].
Na escola de Isaac o Cego, há ainda clarões muito vivos de especulação
filosófica. Ainda que esses clarões sejam aí continuamente obscurecidos por nuvens de
extravagâncias e uma aplicação fantasiosa de doutrinas não judaicas aos textos judeus, se
sente no entanto que a filosofia passou por ali.
∴
IV. - Eleazar de Worms.
Não é mais do que por conveniência chamar de escola alemã, escola que tem
provavelmente R. Jehudah Chasid [o Piedoso] de Rastibonne, por fundador, em todo caso,
21
tem em seu discípulo R. Eleazar de Worms seu grande representante. É sua doutrina que
servirá para caracterizar-nos a doutrina da escola. Algumas tradições fazem remontar a
[1] - Em efeito, não esqueçamos, que os extremos dessas doutrinas são, elas próprias, a causa de sua queda.
origem da escola alemã até a Babilônia. Assim R. Schem Job diz em suas Emmunot que a
nova da chegada de um grande Kabalista babilônico, chamado R. Keschischa em Apuleia, R.
Jehudah o piedoso teria ido de Rastibonne a Gorbeil, e de Corbeil a Apuleia, para ser
iniciado no ensinamento sagrado. R. Eleazar de Worms cita outros iniciadores como R.
Samuel Hachasid, R. Eleazar de Spire, R. Kaloymos, que em 787 teria sido transferido da
Lombardia para Mayence por Carlos Magno [ver, Luzzato, Il Giudaismo Illustrato, I - Pg. 30
e seguintes.].
Eleazar de Worms não está muito preocupado com os problemas metafísicos, ao
contrário, ele ignora ou quer ignorar as especulações da escola de Isaac o Cego, ele não
pronuncia uma só vez a palavra En-Sof, nem Sephiroth no sentido que Isaac o Cego e seus
discípulos lhe dão, mas ele procede diretamente de Ibn Ezra e ele leva a forma matemática
do misticismo de Ibn Ezra até seu último limite, afim de poder introduzir aí tudo o que lhe
inspira o misticismo dos Gaonim e particularmente a Kabala Prática ou Aplicada, da qual
ele foi o mais profundo promotor. Agora é necessário dar uma olhada na obra de Eleazar de
Worms que determina através de Abuláfia e através do Zohar a bifurcação de Kabala teórica
para a Kabala prática, vamos falar de Sepher Raziel.
O Sepher Raziel dizem ter sido comunicado pelo anjo Raziel [Mistério de deus]
a Noé no momento de sua entrada na arca. Ele está escrito sobre uma pedra de safira: "Nele
estão os grandes mistérios, os mistérios dos degraus superiores, dos astros, da revolução, da
função e dos costumes de todos os corpos celestes; pela ciência que ele dá se pode obter
todos os segredos das coisas, a morte e a vida, a arte de curar e de interpretar sonhos, a arte
de fazer a guerra e de trazer a Paz". Estabelecido isso, o Sepher Raziel se apresenta como a
obra que forneceu a Kabala Prática e em geral a tradição judaica seu arsenal mais rico em
amuletos, talismãs, fórmulas propiciatórias, fórmulas curativas, misturas mágicas, filtro de
amor e de ódio e petições. Hoje em dia o eco dessas tradições, como o nome de Eleazar de
Worms não está extinto.
Entre os discípulos de Eleazar de Worms falaremos somente em Manachem, e
em especial de sua obra intitulada "Coroa do Nome Supremo". Essa obra está sob influência
direta do mestre e em parte do "Livro do Nome" de Aben-Ezra. Ela se ocupa, sobretudo, do
Tetragrama e dos dez Sephiroth e religa estes àquele.
O discípulo de Eleazar e o segundo representante da escola alemã tende a fazer
uma primeira síntese entre os dados dessa escola e a metafísica da escola especulativa e
naturalmente ele a fez em detrimento desta última.
Os adeptos da escola alemã propagaram a forma de seu misticismo até a
Espanha. Salomão B. Adret fala sem suas Respp.[n°548] de um discípulo de Eleazar de
Worms chamado Abraham de Colônia [honravelmente conhecido em sua escola]. Esse
Abraham de Colônia teria ido a Espanha, e aí ensinado e mesmo exposto sua doutrina diante
do rei de Castela, Alfonso X.
Chegamos assim àquele que ensaiou fundir as duas escolas em um todo para as
colocar ao serviço da contemplação pura, isto é aos serviço de uma forma um pouco mais
alta da Mercabah dos Gaonim, queremos falar de Abuláfia.
22
V. - Abuláfia.
Abuláfia se apoia numa teoria do místico cristão St° Boaventura, relativa aos sete
degraus da contemplação. [Essa citação, implica em si um estudo e um conhecimento do
misticismo cristão!]. Encontramos, além disso, em seus escritos mais de um apelo ao dogma
do cristianismo. Falando dos três nomes divinos Yhvh, Yh, Elohim, ele diz: "Esses são os três
nomes sagrados que testemunham o mistério da Trindade e a Trindade da Unidade. Da
mesma maneira que a Sabedoria, a Inteligência e a Ciência são todas três, uma só e mesma
coisa, assim como as expressões, ele foi, ele é, ele será, não são mais que variantes de uma
mesma essência, da mesma maneira as três pessoas não são mais que uma só pessoa, ao
mesmo tempo una e tríplice.
"Se é assim, Deus tem um nome uno, se fazendo notar sua substância una, e que,
entretanto é tríplice, mas essa trindade é una. Que isso não te pareça estranho, já esses nomes
te explicam a coisa..., esses nomes que são três e que todos designam uma substância una,
idêntica a si mesma, da mesma maneira a tríplice invocação de "Santo, Santo, Santo"... e,
além disso, pelo conceito, a Trindade, a Sabedoria, a Inteligência e a Ciência".
Em seu messianismo, Abuláfia, acreditamos, que não vise somente os judeus,
mas a humanidade inteira. E essa concessão a Trindade é um apelo ao cristianismo. É sobre a
própria base do dogma cristão que ele pretendia converter o papa Martin IV a seu misticismo
profético das letras e dos números, e o conquistar para sua vocação messiânica. É, segundo
ele, o novo Cristo, mas o antigo não enganou os homens lhes apresentado um Deus em três
pessoas. Por essa razão Abuláfia insiste continuamente cada vez que trata dos Sephiroth
sobre a divisão trinitária em seu conjunto e em seu agrupamento parcial.
24
I I - OS ELEMENTOS METAFíSICOS
A - Os Sephiroth
Natureza, a não ser que se submeta às próprias condições que constituem nessa Esfera o
próprio princípio de existência, da inteligibilidade, da ação possíveis.
Concluímos que somente a percepção e a concepção do "divino" permitem ao
Homem conservar a Vida no seio desse caleidoscópio eternamente mutável, e de vir a ser um
ser imortal. O que definimos no início desta obra, sob o nome de "Divino Conhecimento", é,
pois, efetivamente a chave de um eterno devir.
Vê-se por essa exposição que os Sephiroth não são em absoluto pessoas divinas,
mas simplesmente emanações. É um erro que freqüentemente os Kabalistas modernos
cometem em atribuir os três primeiros Sephiroth as três pessoas da Trindade. Aqueles não
são mais que a imagem, a lembrança.
Os Kabalistas de antes não se enganaram a esse respeito.
O Zohar nos diz que os Sephiroth são "Formas, que Deus manifestou para dirigir
através deles os mundos desconhecidos e invisíveis ao Homem, assim como os mundos
invisíveis..." [igual aos Eons dos gnósticos].
Ezra-Azriel declara que eles são: "a potência de ser de tudo o que é, de tudo o
que está sob o conceito do Número puro".
Conforme Irira. "São instrumentos espirituais de que se serve o Emanador
Infinito, para criar, formar, fabricar, conservar".
Ele acrescenta: "Não são, pois, criaturas para dizer a verdade [pois que eles
servem para criar], mas raios do Infinito, que descem da Fonte Suprema, sem dela se separar
realmente".
Moisés de Cordoba nos diz: "Eles aderem a Causa Primeira, quanto à essência,
mas quanto à operação [do latim opera: trabalho], são mediadores que representam a Causa
Primeira, inteiramente inacessíveis em si. Eles emanam imediatamente e pela virtude dessa
mesma Causa Primeira, produzem e governam todo o resto".
Concluímos que os Sephiroth são demiurgii, é o Pleroma dos gnósticos.
Não é inútil dar uma análise da idéia sephirótica, segundo a ética de Spinoza, tal como ela foi
apresentada pelo Dr. Jellincks, em seu "Estudo sobre a Kabala "[1].
∴
a vontade, sem mudar de natureza diferencia as coisas que são as "possibilidades de coisas
multiformes".
Em efeito, cada efeito tem uma causa, e tudo que demonstra a ordem e a intenção
tem um diretor.
Porque há dez Sephiroth? Spinoza nos dá, segundo Jellincks, a razão abaixo.
Todos os corpos tendo dimensões, e cada uma delas repetindo as três outras, e aí
acrescentando o Espaço, obtemos: (3x3)+ 1= 10.
Pois bem, como os Sephiroth são as potencialidades de tudo o que é, eles devem
ser em número de dez.
Portanto esse número, definindo a pluralidade - tipo, constitui também o retorno
à unidade, pois que contém em si todos os números princípios de um a nove.
∴
Sobre o fato que os Sephiroth são emanações e não criações, pode-se dizer isto:
Sendo dado que eles procedem de Ain-Soph, que é a perfeição Absoluta, eles
devem, pois, necessariamente serem perfeitos, cada um em seu domínio próprio. Daí se
conclui que eles não poderiam ser criados, mas que eles são consubstanciais com Ain-Soph,
e simplesmente emanados.
∴
Os Sephiroth não estão fora da unidade de Ain-Soph; cada um deles deve receber
daquele que o precede e comunicar aquele que o segue quer dizer que eles são ao mesmo
27
tempo receptivos e comunicativos, assim como chamas que se iluminam umas nas outras
sem que cada uma perca nada durante essa transmissão da luz.
Mas como conceber sua fonte? É o que vamos agora tentar precisar.
Além de tudo o que é concebível, além de tudo o que o Homem pode imaginar,
conceber, contemplar, além de tudo o que é, para ele, o BEM, e além de tudo o que é o MAL,
há ainda "alguma coisa". Essa coisa é um "Impossível", ainda mais abstrato que as
impossibilidades acessíveis a nosso espírito.
E isso é a existência negativa de Deus, tudo o que esse concebido pelo Homem,
não é. DEUS.
∴
Definir o que DEUS não é é, pois, impossível ao Homem. Mas admitir que isto
deve ser, necessariamente, já é colocar o primeiro termo de uma definição particular desse
ABSOLUTO.
A filosofia e a mística, se expressando conjuntamente na teodicéia, nos dizem o
que a quimera anagógica e o raciocínio lhe permitiram assentar como certezas metafísicas,
com respeito a Deus. Elas colocam, pois, deste modo a si mesmo os limites de seu domínio.
Além do que elas estabeleceram no apanhado de suas buscas, isto é, o VAZIO,
certamente, mas um vazio luminoso, pois que a última imagem apanhada pelo homem o faz
conceber DEUS como uma Luz Brilhante que cega, fria, imóvel, insonora, inodora.
Esse domínio resplandecente, aberto sob os passos do místico no extremo limite
de sua viagem, é o que a Kabala chama de a "Luz Vazia e sem Limites", ou seja em hebraico:
."Ain Soph Aur".
Essa palavra composta, deriva de Ain: nada, vazio, de Soph: limites, margens, e
de Aur: luz [1].
∴
Se admitirmos [como está dito no parágrafo 1°], que além do que é concebível e
traduzível, há um domínio do qual não podemos estabelecer nenhuma "imagem", somos
então conduzidos a reconhecer que essa noção de "Luz" é, portanto, ainda uma noção!
Rejeitemo-la, pois ela também, como um dos últimos véus que nos mascara a
eternidade de Deus, e chamemos o Nada a nosso auxílio! E o Nada nos confiará ainda um
segredo. Ele nos fará conceber uma "região" do Desconhecido de onde nenhuma "Luz"
emana. Diante de nós, debruçados nas margens do Abismo, não há mais que uma "Noite"
escura, noite espantosa, tenebrosa e silenciosa. E essas Trevas, as adivinhamos sem limites,
28
assim como era portanto para a própria "luz" precedente. Isto está além de Ain Soph Aur, o
"Vazio Luminoso", além dessa "Luz" que era ainda uma realidade, é "Ain soph", o "Vazio
obscuro e ilimitado". ∴
[1] - É evidente que se trata de elementos metafísicos de expressão. Esses termos não têm nenhuma relação com
a luz física nem com as trevas correspondentes... Ain Soph Aur equivale à idéia de iluminação espiritual e Ain
Soph aquela, puramente agnóstica, de Ignorância Total. Quanto a Ain, é o aniquilamento de todo pensamento.
De toda concepção, a perda de conhecimento, no sentido esotérico da palavra...
III. - Ain.
Mas essa "Noite", por espantosa que seja, é ainda uma realidade relativa, pois
que chegamos a concebê-la! Ela é, a sua maneira, e se ela nos faz conceber o "Nada
Absoluto", melhor que a "Luz" precedente que era ainda uma realidade ainda tangível, ela
nos oferece ainda uma possibilidade de evasão... Mergulhemos, pois, nesse oceano obscuro,
nessa imensidade negra e fria. No final da viagem, quando, tendo estado além da "Luz sem
limites", explorando as "Trevas sem limites", teremos rejeitado toda noção ou toda imagem
do próprio INEXPRIMÍVEL, quando sentirmos o espírito vacilar, quando a vertigem da
Loucura nos arrebatar para o "Horror que não tem nome" para o INCOMPREENSSÍVEL,
então veremos aparecer o fim desse "interrogatório" demoníaco... E saudaremos com alegria
o aniquilamento liberador! Pois uma "região" metafísica nova abrirá a nossa frente suas
"portas", e além destas, leremos por fim a palavra que nos adormecerá, embalando nossas
dores e acalmando nosso coração comovidíssimo, e essa palavra, será por fim "Ain", ou seja:
NADA...
Concluímos, pois, que além do que é impossível, como além do que não é, em
um caso como no outro, está o "NÃO SER".
Esse "NADA", esse domínio onde Deus oculta "o que não será, o que não é e o
que jamais foi", é a antípoda imediata de uma outra região, onde Deus manifesta "o que foi,
é, e será".
Entre esses dois mundos, há uma "passagem", que encontramos em seguida, mais
acentuada; essa passagem, é de alguma maneira o "Umbral" e se chama Kether, a "Coroa de
Eternidade". De Kether, nasce uma outra manifestação de Deus, em um plano ou mundo
diferente, e que desce, de "reflexo" em "reflexo" até o universo material, até o Homem, a
planta, ao mineral.
Se vamos ainda mais longe, descendo sempre mais baixo, para o Nada das
origens, para o Abismo onde começa a fervilhar, dançar, flutuar todas as larvas do "que será",
nos afastaremos sempre um pouco mais de Kether.
E, portanto, lenta, mas seguramente, franqueando uma após outra as zonas que
visitou Dante, passaremos sucessivamente, após "o Mundo" dez regiões que são: "a Fossa"
[ou Shéol], "a perdição" [ou Aebron], "o excremento" [ou Tit- Aisoun], "o Poço do Abismo”
[ou Bershoat], "a Sombra da Morte" [ou Irashtom], "as Portas da Morte" [ou Gehenoum], e
por fim "o Vale do Esquecimento" [Gehennain].
Além, nos dizem as tradições, vem o "Horror que não tem nome". Que
encontramos então, sobre as margens do último "Umbral"?
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Aben Ezra tirou dessa concepção fantástica do Nada Absoluto, anunciada por
Maimonides, sua gênesis dos Sephiroth.
O conceito que reúne todo o conjunto dessas negações é o conceito do Ain soph
[sem fim, infinito]. O Ain Soph é ilimitado, um, em si, sem atributo, sem vontade, sem idéia,
sem intenção, sem palavra, sem ação. Esse Ser não pode ter querido a Criação, pois a
vontade implica no agente que quer uma mudança, uma imperfeição.
Mas se esse Ser é infinito, tudo está nele, e nada está fora dele. Se tudo está nele,
então o Universo limitado, defeituoso, está também nele, pois se ele não tivesse também o
poder de realizar o finito, sua potência seria limitada e não seria infinita. Aqui se faz
necessário dar a palavra para o autor:
"O Infinito é o Ser absolutamente perfeito sem lacuna. Pois, quando se diz que há
nele uma força ilimitada, mas não a força para se limitar, se introduz uma lacuna em sua
plenitude. Por outro lado, se dizemos que esse Universo - que não é perfeito - provém
diretamente dele, se declara que sua potência é imperfeita. Pois bem, como não se pode
atribuir nenhuma lacuna à sua perfeição, é preciso, necessariamente, admitir que o Ain soph
tem o poder de se limitar, cujo poder é ele mesmo ilimitado".
"Uma vez saído dele diretamente esse limite, esses são os Sephiroth que
constituem ao mesmo tempo a potência de perfeição e a potência de imperfeição. Em efeito,
quando eles recebem a plenitude super abundante que emana de sua perfeição, eles tem uma
potência perfeita, mas quando o escoamento não lhes chega, eles tem uma potência
imperfeita. Eles têm por conseqüência o poder de agir ao mesmo tempo de uma maneira
perfeita e de uma maneira imperfeita. A perfeição e a imperfeição fundamentam a variedade
das coisas".
"De outro lado, dizer que Deus dirige sobre o Ato Criador sua vontade sem a
intermediação dos Sephiroth, é se expor à objeção, a saber que a volição implica uma
imperfeição no sujeito que quer. Dizer ao contrário que sua vontade não foi dirigida sobre o
Ato Criador, é objetar que a criação seria uma obra do azar. Pois bem, tudo que nasce do azar
não tem ordem fortalecida. Mas nós vemos que as coisas criadas tem um ordem segura, que
elas nascem, subsistem e perecem de acordo com essa ordem. E bem! Essa ordem é o
conjunto dos Sephiroth. Os Sephiroth são a potência de ser de tudo o que é, de tudo o que
está sob o conceito do número. E como a existência das coisas criadas se deve a
intermediação dos Sephiroth , elas se distinguem, necessariamente, umas das outras e há
nelas uma região superior, inferior e média, ainda que todas saiam de uma raiz fundamental,
o Infinito, sem o qual não há nada".
Assim se demonstra a existência dos Sephiroth, mas como demonstrar agora que
eles são em número de dez, em uma só potência? Os Sephiroth, dissemos, são o começo e o
princípio de tudo o que é limitado. Pois bem, tudo aquilo que é limitado se separa em uma
substância e um lugar, pois não há substância sem lugar e não há lugar sem a presença de
uma substância. Mas o mínimo que se pode reconhecer em uma substância é uma tríplice
potência [superior, média e inferior]. Pois quando essa tríplice potência se estende em
30
comprimento, largura e profundidade [altura], isso faz nove possibilidades como então uma
substância não pode subsistir sem um lugar e reciprocamente, logo o número que envolve
substância e lugar não pode ser inferior a dez. Por isso é dito no Sepher Yetzirah "Dez e não
nove, mas em outro lugar dez e não onze, pois se poderia acreditar que se os três se tornam
nove, os quatro se tornam seis, o que não é, pois é necessário considerar que o lugar existe
por conseqüência da substância e que a substância e o lugar constituem uma só e mesma
coisa".
O número dez não é incompatível com a unidade do Ain Soph, pois que a
unidade é o fundamento de todos os números e que a multiplicidade sai da unidade assim
como o fogo, a flama, a centelha, a luz, a cor, ainda que diferentes, tem, no entanto, uma
causa única.
E a prova que os Sephiroth são emanados e não criados?
Resulta da perfeição de Deus que a forma de produção do universo é a
Emanação, quer dizer um modo que pode se despender sem nada perder. Além disso, onde
estaria a marca da perfeição divina, pois que o próprio das coisas criadas é precisamente não
ser idênticas a si mesma e de diminuir. Como as Sephiroth poderiam, além disso, suprir sem
medida e eternamente a todas as necessidades do universo?
Mas se os Sephiroth são emanados, como podem ser limitados, mensuráveis e
concretos? A realidade concreta é mensurável é uma conseqüência de seu limite e eles têm
um limite a fim de marcar por outro lado, como dissemos, a potência de Deus em se limitar,
e por outro lado porque toda coisa para ser perceptível ao espírito deve ser limitada. Pois
bem os Sephiroth destinados a revelar a glória de Deus estavam destinados a ser conhecidos
pelo Homem. Mas se os Sephiroth são limitados, seus limites emanam de Deus de uma
maneira ilimitada. É por isso que foi dito no Sepher Yetzirah: "sua medida é dez sem fim".
A Emanação teve um começo ou ela é eterna? Se ela começou se pode objetar:
como pode haver o novo e a mudança no Absoluto? E se dissermos que ela é eterna, nos
expomos a seguinte objeção: mas então os Sephiroth são iguais e idênticos ao Ain Soph? É
necessário admitir que entre os Sephiroth há um, o primeiro, que em efeito existe em Deus
desde toda a eternidade, mas somente "em potência". Quanto à objeção da identidade dos
Sephiroth entre eles, se pode responder pela comparação de uma chama na qual se teria
acendido toda espécie de luminares, que ainda que saídos do mesmo princípio, seriam mais
ou menos brilhantes. Da mesma maneira, os Sephiroth diferem entre eles por sua maior ou
menor anterioridade.
Erraria-se, pois, em considerar os Sephiroth como planos nos quais tomaria
nuância diversa, repartida de maneira não igual, a essência divina necessária para a
existência e a manutenção da Criação Total.
São, bem ao contrário, no sentido da palavra demiurgii [obreiros divinos] Forças
Energéticas Inteligentes.
∴
Os Sephiroth, sendo emanações e planos inteligentes, são, pois, por eles e neles
que se realizam as eternas criações de Deus.
∴
A tradição hebraica define as manifestações dos Dez Sephiroth com o auxílio dos
dez Nomes Divinos.
Esses Dez Nomes Divinos não demonstram o nome [tanto quanto modo de ação
do Verbo Humano] como palavra de poder. Eles não permitem o domínio oculto, pelo
homem, da Força Energética em questão. Eles não definem dez deuses diferentes.
Eles exprimem simplesmente o filho, quer dizer apesar de tudo, Deus, se
manifestando de uma maneira dada em um desses planos. É necessário, pois, os traduzir para
o português, para compreender a natureza do Nome e da Sephirah. Esses são modos de
definição. Mas a Kabala prática os conserva sob sua forma hebraica [3].
∴
[1] - As Virgens Negras são uma imagem dessa "Treva Divina", chamada: Ain Soph.
[2] - Bitos: Abismo, dos gnósticos.
[3] - A palavra FILHO não significa em absoluto aqui a terceira pessoa da Trindade cristã, mas o NOIVO, o
REI, do Microprosopo, por oposição à MÂE, a RAINHA, a NOIVA, da qual ele é o par. Nós o empregamos
porque é um termo familiar para os mistérios do Ocidente.
C. – Os Cineroth ou "Caminhos"
Em efeito:
1 [Deus Um].
3 [Deus Triplo].
7 [os Sete Espíritos].
10 [Dez Sephiroth ou Demiurgii].
1 [o Homem Arquétipo ou o Mundo].
22 [Número da Criação conforme a Kabala]
Número de letras do alfabeto e dos Caminhos da Árvore simbólica.
34
Isto explica que as letras sejam a imagem da própria Criação, ou sejam antes os
fatores.
Como tem lugar essa Criação, no seio da Natureza Naturante, eis o que diz o
Sepher-há-Zohar.
Lembremos para melhor estabelecer o problema que o Filho emana a Substância
dessa Natureza Naturante, reflexo exterior a Trindade, da Mãe Eterna, a Segunda pessoa. É
na ação do Verbo sobre a Natureza Naturante que se concretiza a Criação.
Eis o texto do Zohar.
"Não se deve concluir que a Matéria foi criada pelo Verbo ou Logos Criador, que
esta já estava manifesta antes da Criação. Certamente ele existe desde toda a eternidade, mas
ele se manifestou pela primeira vez quando a matéria foi criada".
"Antes, o misterioso Infinito Divino manifestou sua Onipotência e sua bondade
com o auxílio do misterioso pensamento, de essência igual que o Verbo, mas silencioso e
interior. O Verbo, manifestado na época da criação da Matéria, existia antes, sob forma de
pensamento. Pois, se a palavra é capaz de exprimir tudo o que é material, ela é impotente
para manifestar o imaterial. É por isso que a escritura diz: "E Elohim disse". Quer dizer que
Deus se manifestou sob a forma do verbo. Essa semente divina, pela qual a Criação foi
operada, acabava de germinar, e se transformando em Verbo, ela fez do pensamento uma
Realidade".
"Assim, por um mistério dos mais impenetráveis, o Infinito golpe ou, com o som
do Verbo, o Vazio, ainda que as ondas sonoras aí não sejam transmissíveis. O som do Verbo
foi, pois, a materialização do Vazio".
"Mas essa materialização teria sempre permanecido no estado de
imponderabilidade, se, no momento de golpear o Vazio, o som do Verbo, não tivesse feito
jorrar o ponto faiscante, origem da Luz, que é o Mistério Supremo, e cuja existência é
inconcebível. É por isso que o Verbo é chamado princípio, sendo a origem de toda a Criação"
[Ver São João, I] "O Verbo tomou a forma de Letras do Alfabeto, que emanam todas do
Ponto Supremo [Kether]".
"As Vinte e Duas Letras da escritura são incluídas nos Dez Sephiroth e
inversamente [as Letras sendo a manifestação do verbo Criador, e os Sephiroth sendo
situados no domínio da Criação] eles são compreendidos nas letras...".
Alfabeto Hebraico
Fig. N°2
∴
37
∴
38
[1]- De onde os Nomes Divinos de "n" Letras, verdadeiras Egrégoras dos Nomes secundários que eles
concretizam em um só.
[2]- Notemos que os 32 "Caminhos da Sabedoria" dos Kabalistas [compreendendo os 10 Números (Sephiroth -
Numeração) e as 22 letras] são equivalentes aos 32 Eons primordiais, da escola gnóstica valentiniana, o 33°
Eon não sendo mais que o resultado da ação comum dos 32 primeiros, e emanado após eles.
D. - Os Textos de Ação
[1]- "Muitas imagens tomadas por empréstimo a várias ordens de coisas muito diferentes podem, pela
convergência de sua ação, dirigir a consciência sobre o ponto preciso onde há uma certa intuição a discernir",
nos diz Bergson em sua Introdução a Metafísica. Esse é o interesse oculto das litanias, criar uma cadeia de
imagens...
I I I - AS "EXISTÊNCIAS" DIVINAS
A Existência positiva:
1°) Aziluth
Se queremos ver a Luz Negativa, infecunda, e fria, mudar em Luz Positiva, fecunda e quente,
situemo-nos, em imaginação, no seio de uma nuvem branca como neve, imóvel, sem calor
mas também sem frio, sem sabor assim como odor. Estamos "no branco". Só, essa
"luminescência" geral, que nos permite distinguir tudo isso, é a prova que chegamos nos
limites de Ain-soph-Aur[1].
Somente então, diante de nós, no meio da brilhante brancura da nuvem, fazemos
nascer um grande triângulo de luz dourada: imaginemo-lo translúcido, mais deslumbrante
que o mais deslumbrante sol de verão, vivo, quente, brilhante... . Esse Triângulo vai nos
parecer vivo e palpitante um pouco como um "coração" maravilhoso pertencente a um outro
mundo.
E subitamente, no próprio seio dessa "imagem", sentimos a presença do
ABSOLUTO, sua primeira manifestação, pois o Triângulo simbólico está vivo, mais vivo que
todos os seres ordinários. Temos reunido uma nova concepção, um novo "estado" do SER, e
isso, é AZILUTH.
Que é, pois, Aziluth, o plano da Divina-Pureza? É nele que vamos reencontrar,
no curso de nossas primeiras deduções metafísicas, as atividades essenciais do ABSOLUTO.
Aziluth é ainda o próprio DEUS, tal como o definimos durante nossas conclusões
teológicas comuns; é DEUS-SÓ, sob todos seus aspectos sem dúvida, mas sem contato com
as Criaturas. Aziluth é o conjunto das "Pessoas Divinas". Visualizemos, pois, nosso
41
Triângulo de Ouro, luminoso e vivo. Imaginemos, fazendo nascer aí, ornada de todos os
detalhes, aquecida por todas as cores ideais, uma "imagem", o rosto de um majestoso Ancião
de tez quente como o bronze, com a cabeleira e a barba abertas e mais branca que a neve,
de olhos azuis "como o céu dos céus em seu brilho".
Sustentemos essa "imagem" ao máximo, contemplemo-la longamente. Vamos vê-
la destacar-se de nossa própria imaginação, viver com uma vida independente, um pouco
como se não tivéssemos feito mais que a chamar.
[1] - É necessário que o estudante viva esses estados da alma para os compreender...
Estamos na presença Daquele que a Kabala chama de "O Ancião dos Dias", a
"Cabeça Branca", o "Ancião dos Anciões", "A Existência das Existências", "A Inteligência
Admirável e Oculta", a "Glória Primeira".
Nomeemo-lo, pois! E o Hebraico, a língua sagrada da Kabala, nos sopra seu
Nome misterioso: "EHEIEH", "AQUELE QUE É”.
Ain Soph, conforme Isaac Loriah, era "Luz Onipotente e Altíssima, Infinita, que
nenhum pensamento ou especulação humana pode alcançar, e cuja existência estava afastada
de todo intelecto, que existia antes de todas as coisas manifestadas, criadas, formadas e feitas
pela emanação, na qual jamais houve tempo, e que jamais teve origem, pois Ela sempre
existiu, e Ela permanece e permanecerá sempre sem começo e sem fim".
Aziluth, se vê agora, é DEUS que se vela e se reveste de uma "forma"
antropomórfica, para melhor se desvelar...
Mas nós já sabemos, e isso pelo raciocínio teológico, que Deus é "três em um".
Nos resta buscar as duas outras "imagens". Então teremos contemplado o que o Sepher-hah-
Zohar chama de MACROPROSOPO, ou "Grande Rosto" [grupo do Ancião dos Dias],
constituído pelo ancião dos Anciões e da "Balança", ou Dupla [alusão a dupla que formam os
dois pratos de um balança e a busca do equilíbrio perfeito que a ela se liga].
Essa Dupla será chamada "Dupla Superior", é constituída do PAI e da MÃE,
ambos saídos do ANCIÃO.
∴
42
Essas Três "Pessoas" Divinas são, pois, os Véus, as Máscaras, que o ABSOLUTO
reveste diante da criatura para que ela possa visualizá-lo. É, em metafísica, o "paralelo", o "
exemplo", que o mestre cita para melhor fazer compreender o aluno.
Mas nos enganaríamos muito se imaginássemos três seres diferentes, tendo cada
um sua personalidade própria. É somente na Teodicéia cristã que o "Pai" é diferente do
"Filho", e que o "Espírito Santo", procedendo, portanto de seu mútuo amor, é
conseqüentemente separado dos dois primeiros aspectos do Deus-Um.
Na Kabala, essa cisão do ABSOLUTO não existe, e a sustentar seria um erro
fundamental. "Escuta, ó Israel, o Eterno Teu Deus é UM..." nos diz a Escritura. E isto é
verdadeiro. Pois DEUS sendo tudo é muito mais ainda que "três" imagens...
Esse mesmo Microprosopo leva também o nome de "Rei", de "Noivo", quando é evocado
conjuntamente com essa sétima emanação que em seguida veremos.
Pois bem, assim como a "Barba" nasce abaixo do rosto, da própria carne, assim
também as seis Emanações inferiores tendo sucedido aos seis reis de Edom elas nascem das
três "Pessoas" primitivas.
Assim como todo pelo da barba se alonga, cada célula constitutiva nascendo da
precedente, assim também nossas seis Emanações secundárias nascem duas a duas das três
Emanações superiores.
Aqui, notemos que a Kabala chama essas Emanações, essas pessoas simbólicas
do DEUS-UM, de esferas, em hebreu "Sephiroth", no singular "Sephirah".
Agora, concebemos facilmente que, pois que esses seis Sephiroth secundários
nascem dos três primeiros, eles lhe são inferiores, submissos, assim como o filho nascido do
pai lhe é submisso, assim como o galho saído da árvore lhe é inferior em importância.
Nos "Ombros" do "Ancião dos Anciões", adivinhamos que se situam dois outros
Sephiroth, cuja ação se prolonga nos "braços" simbólicos. Nomeemo-los, pois [Ver figura],
são GEBURAH, a "Justiça Divina" ou "Rigor", e CHOSED, a "Misericórdia Divina".
45
Mas todos não são mais do que reflexos da Sephirah central: TIPHERETH, o
"Rei Majestoso". Todos constituem o "Microprosopo", o pequeno "Rosto", a "Dupla
Inferior". Admitamos um exemplo, um pouco heterodoxo, para melhor captar esse aspecto
do grupo de seis Sephiroth em questão:
KETHER - HOCHMAH - BINAH, serão o "Grande Rosto", o PAI, e
TIPHERTH, se manifestando em CHOESED - GEBURAH, NETZAH - HOD, e YESOD, é
o FILHO, o "Pequeno Rosto".
Se queremos visualizar esse novo aspecto da TRINDADE, retomemos a
contemplação já efetuada sobre o "Umbral" que é KETHER. Visualizamos a Nuvem de prata
brilhante, depois nascendo em seu seio, o Triângulo de Luz de Ouro, o maior possível. Então,
agora que estamos suficientemente treinados, nasce, por si mesma, a "Face" do "Ancião dos
Dias", a Ancião Majestoso, com a cabeleira e a barba de prata, com a tez clara, os olhos
azuis, "como os céus em seu brilho", os ombros e o peito cobertos com uma Túnica púrpura,
imagem iluminada de seu interior.
Do próprio seio do peito da "Glória Primeira", eis que nasce a "Glória Segunda",
o FILHO [já manifesto por HOCHMAH]. Sua Face já foi descrita. Ela está situada
imediatamente abaixo daquela do Ancião dos Dias, e sua cabeleira esconde um pouco a
barba branca deste. Sua túnica é branca, de um branco brilhante como prata no sol, e, com o
fundo púrpura do Ancião dos Anciões o contraste é ainda mais acentuado.
Eis, pois, o Pequeno Rosto sucedendo ao Grande Rosto, o Microprosopo
nascendo da "Barba" do Ancião dos Dias. E é por isso que a cor de sua túnica é aquela de
sua Barba.
Concebemos agora o esoterismo do Sepher-hah-Zohar que nos afirma que não
devemos tomar ao pé da letra as metáforas de seus redatores?... Que as devemos despojar de
todo antropomorfismo? E mesmo assim, é por um novo antropomorfismo que poderemos
realizar esse despojar!
∴
Mas ele é também e, sobretudo, aquele que tem por "imagem" uma "jovem,
coroada, sentada sobre um trono". É a MÃE INFERIOR, por relação a BINAH, é "Malkah",
a "Rainha", por relação a TIPHERETH, ["O Rei"], é "Kallah", a Noiva deste, é a VIRGEM-
negra das teogonias, é também a "VIÚVA" da Franco Maçonaria, pois ela está em parte
separada de seu ESPOSO. Como? Pela própria função que lhe é atribuída, de "Porta".
Necessariamente aberta sobre o "lado sombrio" [os QULIPHOTH ou Sephiroth infernais],
essa dupla natureza a separa de uma união com o ESPOSO.
É por isso que o "Nome Divino" que a Kabala lhe dá, ou seja, ADONAI MELEK
["Senhor e Rei"] se dubla com outro Nome Divino: ADONAI HAH ARETZ, o "Senhor da
Terra".
∴
Sabemos, pois, que ela é a Rainha, a Noiva, e que como tal, forma uma seção
distinta no grupo das dez Emanações Sephiróticas. É porque ela é a Esposa do
Microprosopo, a Filha do Macroprosopo, a Viúva do Deus sacrificado de Tiphereth.
Retomemos nossas visualizações habituais. Contemplemos longamente o PAI,
vestido de púrpura. Sobre seu peito, o rosto do FILHO, vestido de neve brilhante. Eis que
sobre o peito desse último, nasce o Rosto da Esposa, da Mãe, da Filha, Rosto de jovem, de
cabelos sombrios, de ébano, com rosto de vivas cores, os ombros e o peito velados de negro.
Contemplemos esses Três Rostos Santos, colocados uns abaixo dos outros. Sobre esse
tríplice fundo, negro, branco e púrpura, temos os três estágios da ÁRVORE
SEPHIROTHICA, os três seguintes grupos:
AIN
AIN SOPH
AIN SOPH AUR...
KETHER O "MACROPROSOPO", o "Grupo do
O PAI BINAH HOCHMAH Ancião dos Dias", a "Dupla superior"
GEBURAH CHOESED O "MICROPROSOPO", "Rei", o
O FILHO TIPHERETH "Noivo", o "Esposo", da "Dupla
HOD NETZAH Inferior", o "Deus Sacrificado".
YESOD
O ESPÍRITO A "ESPOSA DO MICROPROSOPO", a
SANTO MALKUTH "Noiva", a "Rainha", a "Viúva" do Deus
[Parácleto] Sacrificado. O "Umbral".
Para os QULIPHOTH
↓
∴
A Escritura nos diz que a "Mulher" foi tirada dos flancos, ou antes, do "lado" do
"Homem", durante seu sono. E em continuação, os Evangelhos cristãos nos ensinaram que o
Homem e a Mulher serão dois em uma só carne. A primeira Mulher é chamada Heva "Viva",
e os radicais hebraicos que constituem a palavra presidem igualmente as palavras "sonho,
sono". De onde o esoterismo do mito adâmico.
48
∴
Sobre a noção de "presença", que constitui o grande mistério da "SHEKINAH",
vamos dar um exemplo simples. Ele constituirá a melhor introdução ao estudo do segundo
"mundo" emanado: aquele de BRIAH, que se segue aquele de AZILUTH.
Suponhamos um reino terrestre, muito comum. O povo, se ocupando de seus
afazeres, é a criação material, os "Homens". Representante do Poder Supremo, a "Realeza", e
acima do povo, vem a autoridade administrativa: polícia, funcionários públicos, etc... São os
Anjos, as Dominações, etc... da teodicéia clássica . Depois vem então a "pessoa" mesma do
Rei. E se concebe que lá onde se encontra, esta monarquia, ele é a manifestação viva, ativa,
e, sobretudo, ele está por toda parte, exprimida pelo: Soberano, seus Funcionários, as
Divulgações administrativas, etc...
Como a Monarquia-princípio é assim, invisível, mas por toda parte presente ou
representante, assim a DIVINDADE e ela própria exprimida por seus Atributos, Emanações,
Criaturas, mas ela é personificada e localizada, por uma série de "mistérios" essenciais, do
qual aquele da "Shekinah" constitue o maior.
∴
49
[1] - Os ritos goéticos nos mostram, no sabat, a necessidade para ser feiticeiro ou feiticeira, de dançar dorso a
dorso.
2°) Briah
KETERIEL
BINAEL HOCHMAEL
GEBURAEL GEDULAEL
TIPHERIEL
HODAEL NETZAEL
50
IESODIEL
MALKUTAEL
Da mesma maneira, exprimindo atributos divinos diferentes destes, se obtém
para cada Sephiroth:
METATRON
ZAPHKIEL IOPHIEL
CAMAEL TZADKIEL
RAPHAEL
MIKAEL HANIEL
GABRIEL
SANDALPHON
[SANDALPHON sendo substituído pelo nome de EMMANUEL em certos
esquemas].
∴
3°) Iesirah
HAIOTH HAKODESCH
OPHANIM ARALIM
SERAPHIM HASMALIM
MALAKIM
BENI ELOHIM ELOHIM
CHERUBIM
51
ISZCHIM [2]
4°) Asiah
∴
Deixemos aqui todo palavrório, e estudemos cuidadosamente os Quadros de
correspondências nas próximas páginas. Eles nos revelarão mais que qualquer reflexão
crítica...
5°) Quadros de correspondências
Emmanuel
MALKUTH.. Adonai Melek Melkoutael Ischim Holomiesodoth
Elohim Sebaoth Messiah
Sandalphon
Significações
SCHEMEAH:.......................................Esfera do Sol
NOGA:......................................Esfera de Vênus
COKHAB:......................................Esfera da Mercúrio
LEVANAH:......................................Esfera da Lua
HOLOMIESODOTH:......................................Esfera da Terra
SHADAI..................................................."Onipotente".
55
"Kether"
"Figura de um Homem com o Rosto brilhante como o Sol em sua força,
Mettatron tendo dois cornos também brilhantes, acima da fronte, semelhante ao
Serpanim: bronze em fusão dos pés a cintura, e ao fogo o mais brilhante da cintura a
cabeça. Ele tem em sua destra uma Cana de Medir, e na sinistra, um
Cordão de linho imaculado".
"Hochmah"
"Homem semelhante à luz a mais brilhante, vestido com um longo Robe
imaculado, com o Cinto de Ouro, os Cabelos mais brancos do que neve
Jophiel iluminada pelo Sol, os Olhos chamas ardentes, os pés brilham como o
bronze de uma fornalha acesa, tendo em sua Mão direita "Sete Estrelas"
de seis pontas, uma Espada bigume saindo de seus Lábios".
"Binah"
Zaphkiel: "Homem semelhante ao bronze brilhante, vestido com um Robe de linho
branco, tendo um tinteiro na mão".
"Choesed"
Tzadkiel: "Anjo com quatro asas brancas imaculadas, vestido com um longo Robe
cor púrpura, tendo uma Coroa em uma mão e um Cetro na outra".
"Geburah"
Camael: "Anjo com quatro Asas imaculadas, vestido com um longo Robe laranja
levando uma espada entre as mãos estendidas com as palmas para cima,
Uriel: diante de uma chama dardejante".
"Tiphereth"
Raphael: "Anjo com quatro asas brancas imaculadas, vestido com um longo robe cor
branco dourado, pisando o Dragão, tendo uma palma e um Estandarte
Mikael: branco no qual está uma Cruz Vermelha".
"Netzah"
57
Haniel: "Anjo com duas asas brancas imaculadas, vestido com um longo robe rosa,
Anael: levando duas Rosas brancas em uma dobra daquele".
"Hod"
Raphael: "Anjo com duas asas brancas imaculadas, vestido com um longo Robe cor
Verde Gris, levando um Pyxide por uma mão, e pela outra conduzindo uma
Mikael: Criança que leva um Peixe gordo".
"Yesod"
"Anjo com duas asas brancas imaculadas, vestido com um longo robe
Gabriel: Branco Azuláceo, levando com suas Mãos uma Lâmpada Vermelho rubi
acesa".
V. - Os "Triunfantes" - Nos tornam equidosos e justos, sem fraqueza culpada. Eles auxiliam o
Homem em sua luta contra os "Prestigiosos" e o fazem vencê-los.
VI. - Os "Puros"- Nos dão aqui em baixo uma compreensão sã das coisas divinas, nos
elevam para a Verdade absoluta, nos fazem conceber e compreender Deus de
onde ela emana. Nos fazem vencer os anjos e as "Potências do Ar".
VIII.- Os "Ricos"- Nos livram das coisas aqui de baixo, e nos fazem dar aos bens deste
mundo seu justo valor. Ajudam o Homem a vencer os anjos "Acusadores e
Executores".
X. - Os "Eleitos" - Ainda que não pertençam outra vez ao "Reino dos Céus", mas estando,
todavia, encarnados aqui em baixo, essas almas já estão ligadas, por alguma
misteriosa predestinação, ao dito "Reino". Elas nos auxiliam a nos reaproximar
de Deus, nos consolam, nos aconselham e manifestam por seu exemplo os
deveres que são também os nossos, são nossos "Guias" tangíveis aqui em baixo.
Elas nos permitem vencer as "Almas Danadas", nossos maus conselheiros deste
mundo.
∴
59
Se tentamos resumir o duplo aspecto de Deus que nos faz perceber as duas
teologias, afirmativa e negativa, nos encontramos diante destes quatro grupos:
1°- Deus, como a totalidade da Manifestação, mas também como atributos
impermanentes e condicionados.
2°- Deus, como a totalidade das possibilidades da Manifestação, mas também
com atributos absolutamente permanentes e incodicionados.
3°- Deus, como a totalidade das possibilidades de Não-Manifestação, atributos
absolutamente além de toda concepção imaginável, e além da pluralidade como além da
unidade.
4°- Deus, não sendo nem "conhecedor" nem "não conhecedor" dos diversos
modos de Manifestação, o Inconsciente Divino [1]
Esses quatro estados se reencontram no Homem, e René Guénon nos dá essas
relações: "O estado de vigília, que corresponde a manifestação grosseira; o estado de sonho,
que corresponde a manifestação sutil; o sono profundo, que é o estado "causal" e informal. A
esse estado se acrescenta às vezes um outro, aquele da morte ou do Sono extático,
considerado como intermediário entre o Sono profundo e a morte" [2].
∴
Dessa maneira se apresenta, pois, o Deus da Kabala nos três "vazios": Ain Soph
Aur, Ain soph e Ain.
Mas esses três termos são eles mesmo suscetíveis de nos permitir reencontrar,
além de suas abstrações, a suprema Realidade, imanente, eterna. Que se julgue.
É tradicional, em Kabala, buscar o significado secreto de uma frase, constituindo
uma palavra chave com o auxílio da primeira letra de cada uma daquelas compondo. Isto diz
respeito ao Notarikon.
Pois bem, se contraímos o aleph [A], o shin [S] e o aleph [A], iniciais de Ain
Soph Aur, obtemos a palavra Asha, significando em hebraico: Fogo Ardente [3].
O segundo termo: Ain Soph, dá Ash, ou seja, em hebraico: "Ele é" [4].
O terceiro termos, Ain, não dá mais que uma letra: aleph. Pois bem, nos alfabetos
fenícios, ela era representada habitualmente por uma "cabeça de touro". Isso nos dá o último
significado... Sabemos do simbolismo do Bezerro de Ouro [o bezerro é um touro virgem...]
cujo culto era aos olhos dos sábios de Israel "a abominação das abominações"... Lembremo-
nos "da Bétise com fronte de Touro"... Lembremo-nos do Melkart, ou Molok cartagines,
devorador de crianças no seio de sua fornalha. Do Molok que era um touro de bronze...
Do que precede, podemos deduzir que o Deus de Israel está bem exprimido no
simbolismo do Templo de Jerusalém.
No Santo dos Santos, por traz do Véu Púrpura, não havia claridade, a
obscuridade reinava. É Ain Soph, o vazio obscuro. "As Trevas serão meu domínio" nos diz o
Deuteronômio. Seu nome é Iaveh: "Ele é". É o Não Ser, o Abismo primitivo.
60
[1]- Que é Deus? Diz Buda. "Só Ele o sabe, talvez nem Ele...". É a esse aspecto do Divino que se aplica o 4°
aforismo acima. E Mohyiddinibn Arabi declara: "Não há nada, absolutamente nada, que exista fora Dele
[Allah], mas ele compreende sua própria existência sem, entretanto, que essa compreensão exista de uma
maneira qualquer". [Tratado da Unidade].
[2]- René Guénon: "O Homem e seu Devir segundo a Vedanta".
[3]- "É o aspecto do Eterno sendo como um fogo devorante...". [Êxodo, XXIV, 17, 18].
[4]- "Então Deus disse Á Moisés: "Tu dirás aos filhos de Israel: Aquele que se chama Eu Sou me enviou para
vós..." [Êxodo, III, 14].
∴
IV. - A "QULIPHAH"
A Árvore da Morte
Essa evolução e essa involução podem constituir um périplo muito longo. Talvez
mesmo eterno?
Em efeito, o judaísmo esotérico afirma a preexistência das almas, ele tira seus
argumentos [sem contestação, além disso], tanto do Antigo como do Novo Testamento.
Citemos de memória a célebre passagem do Deuteronômio [XXIX, 14, 15], onde Moisés se
vê obrigado a dar a seu povo essa justificativa:
"Não é por vós somente que eu fiz essa aliança e essas execrações, mas também
por todos aqueles que estão PRESENTES diante do Senhor nosso Deus, mas que AINDA
não estão conosco".
E também isto:
"E louvei mais abundantemente ainda os mortos que os vivos, e julguei mais
felizes que eles ainda aquele que não nasceu ainda, e que jamais viu os males que se fazem
sob o sol". [6° Sabedoria: VIII, 19, 20].
∴
62
[1]- Eis os nomes hebraicos a utilizar nos textos ritualísticos para designar essas categorias:
1- Gehenomoth 4- Ozlomth 8- Abron
2- Gehenoum 5- Irashtoum 9- Sheol
3- Gehenne 6- Bershoat 10- Aretz
7- Tit Aisoun
[2]- Eis o significado desses Nomes demoníacos:
1- Belzebudd = "Antigo deus" xxx 6- Meririm = "Demônio do Meio-dia"
2- Piton = "Serpente" xxx 7- Abbadon = "Devastador", "Exterminador"
3- Belial = "Se jugo", "Apóstata", "Rebelde" xxx 8- Astharoth = "Espião"
4- Asmodeo = "Executor" xxx 9- Mammon = " Cobiça"
5- Shatan = "Adversário" xxx 10- Behemoth = "A Besta"
Os "Vingadores dos Crimes"- Encarnam a "fatalidade" maléfica, se encarniçando em fazer
encalhar tudo o que o Homem imagina de belo e bom. Entravam a evolução
moral e material, o progresso. Manejam o Destino cego no que ele tem sempre de
mais nocivo às criaturas vivas, dirigindo os acidentes, desencadeando as
catástrofes.
As "Potências do Ar" [1]- Desencadeiam os flagelos de tal maneira que seus efeitos
destrutivos sejam ampliados. São os elementos motores do Raio, do Granizo, do
Vento destrutor, das Tempestades marítimas, dos tremores de terra, etc... Liberam
as energias naturais de improviso, gerando as explosões, o fogo, as inundações,
etc...
As "Almas Danadas"- Ainda que também encarnadas aqui em baixo, essas potências animam
os corpos daqueles que facilitam a tarefa das potências más, inspirando,
dirigindo, a ação material necessária para a execução de seus ocultos desígnios.
Marcando os "possuídos" intelectuais, os perversos, aqueles que desviam os seres
sinceros do caminho normal.
dos "Izschim" regidos secundários das "Almas Danadas" reitores dessas classes
por esses Patriarcas em Aretz [1] [2]
Os gloriosos Gehenomoth Thamachim Samael
Os Pacíficos Gehenoum Chaigidel Belzebud
os Justiceiros Gehenm Satorichim Lúcifer
os Benevolentes Ozlomoth Ganichiloth Astaroth
os Triunfantes Irashtom Gralabim Asmodel
os Puros Ber Shoat Tagarinim Belphegor
os Misericordiosos Tit Aisoun Harab Seraphael Bel
os Ricos Aebron Samaelim Adramaech
os Bem-aventurados Sheol Gamalielim Lilith
os eleitos Aretz Reschaim [3] Nahema
[1] - Eis seus nomes em português, na ordem: "Espíritos de Revolta" - "Espíritos de Mentira" - "Espíritos de
Falsidade" - "Espíritos de Impureza" - "Espírito de Cólera" - "Espíritos de Discórdia" - "Corvos da Morte" -
"Retalhadores" - "Obcenos".
[2] - Dados com toda reserva. [Tradição Bastarda e suspeita].
[3] - Os Reschaim [ou elementais], se subdividem em quatro categorias secundárias:
- Geburim [violentos] ou Salamandras [fogo].
-Rephaim [covardes] ou Silfos [Ar].
-Nephelim [voluptuosos] ou Ondinas [Água].
-Anacim[revoltados] ou Gnômos [Terra].
∴
Não é sem ter hesitado por muito tempo que entregamos ao público o Quadro
que segue. Em efeito, as "Imagens" do Sephiroth Sombrios foram publicadas nas obras de
hermetismo de antes, mas nenhuma delas especificada mais que sua utilidade [?] para a
talismânia material. São os textos gnósticos antigos que nos permitiram identificar essas
"Imagens", e lhe dar sua verdadeira origem.
Se o estudante da Alta Ciência tem ainda algum escrúpulo, que ele observe
simplesmente que diferença há entre essas figuras, quase todas com faces animais e sempre
dotadas de atributos equívocos e suspeitos, com as "Imagens" dos Arcanjos das na página 55.
Por fim, isso é o principal, um último conselho.
Suplicamos ao estudante da Alta Ciência de jamais tentar a meditação, a
visualização, ou a evocação [mesmo simplesmente mental, por divagação muito prolongada]
sobre essas Forças. Razão, saúde, felicidade, em pouco tempo não lhe restará nada dessas
coisas. Que se confie em uma experiência de vinte anos nesses domínios, mais uma vez,
suplicamos ao leitor. Há correntes, forças, irradiações, com as quais não se brinca
impunemente, existem caminhos que conduzem a Loucura ou a Morte tão certamente como
os Tóxicos...
∴
Nome da Nome do "Imagens Mágica" da Quliphah
Quliphah Demônio Reitor
"Mulher vestida de púrpura e de escarlate, ornada de
Ter
66
∴
67
[1]- A mulher figurando em Aretz é a Quliphah propriamente dita, a "Grande Prostituta" do Apocalipse. Ela é a
oposição irredutível de Kallah, a "Noiva", a "Virgem", de Malkuth, a Esposa divina de Adam-Kadmon. Se
Kallah é a "Jerusalém Celeste", o "Reino", domínio dos Izschim, Quliphah é a "Babilônia infernal", o Kenome
que será destruído no fim dos tempos.
A Besta que a leva é a própria Árvore da Morte. Os dez cornos são os dez ramos simbólicos, e as
sete cabeças os sete princípios negros dos quais damos as "Imagens Mágicas".
Se observará aí também, se há dez cornos, não há mais que sete cabeças, parece que três dos
quliphoth, os três últimos, não tenham de fato, imagens simbólicas. Eles são, invertidos, os três Ainim
superiores. Ain Soph, Ain Soph Aur, Ain. Ou talvez, são os mesmos, situados nas duas extremidades do
Ouroboros Divino.
I . - A TEURGIA
I . - DEFINIÇÃO
A Teurgia [do grego theos: deus, e ergon: obra], é o aspecto mais elevado, mais
puro, e também o mais sábio, disso que o vulgo denomina a Magia. Definir esta, reter a
essência e o aspecto mais depurado, é chegar a primeira.
Pois bem, segundo Charles Barlet, "A Magia Cerimonial é uma operação através
da qual o Homem busca forçar, pelo próprio jogo das Forças Naturais, as potências Invisíveis
de diversas ordens a agirem conforme o que ele requer Delas. A esse efeito, ele as
surpreende, as agarra, por assim dizer, projetando [pelo efeito das "correspondências"
analógicas que supõe a Unidade da Criação], Forças das quais ele mesmo não é senhor, mas
69
as quais ele pode abrir caminhos extraordinários, no próprio seio da Natureza. Daí esses
Pantáculos, essas Substâncias especiais, essas condições rigorosas de Tempo e de Lugar, que
é necessário observar sob pena dos mais graves perigos. Pois, se a direção buscada está por
pouco que seja errada, o audacioso fica exposto a ação de "potências" junto as quais ele não é
mais que um grão de pó..." [Charles Barlet: A Iniciação, n° de janeiro de 1897].
A Magia conforme se viu, não é mais que uma Física Transcendental.
Dessa definição, a Teurgia retém somente a aplicação prática: aquela da lei de
"correspondências" analógicas, subentendendo:
possibilidades, opera entre eles eternamente, e por sua Onisciência, uma Discriminação que é
eterna. Essa Discriminação constitui, pois, face a face, o Bem e o Mal.
O que DEUS admite, retém, deseja, realiza e conserva, constitui um Universo
Ideal, ou Arquetípico. É o "Mundo do Alto", o Céu. O que Ele refuta, rejeita, reprova, e tende
a destruir, constitui o "Mundo de Baixo", o Inferno. E o Inferno é eterno, como o Mal que
exprime, agora o compreendemos.
Como Deus é eterno, e contém em Si todas as "possibilidades" o Mal é eterno e
Ele não pode destruí-lo. E como Ele é infinitamente bom, Ele não quer destruí-lo.
Então, como Ele é também o Infinitamente Sábio, Deus o transforma em Bem...
Mas, como o Mal também é eterno, como "princípio", eterna é essa obra de
Redenção dos elementos rejeitados, assim como é eterno o Bem que ele manifesta e realiza.
O Homem, como toda a criatura, leva em si uma centelha divina, sem a qual não
poderia existir. Essa centelha é a VIDA mesma. Esse "Fogo" divino, leva nele todas as
possibilidades, assim como FOGO INICIAL de onde ele emana. As boas como as más. Pois
ele não é mais que um reflexo, e entre o braseiro e a centelha, não há nenhuma diferença de
natureza!
Esse "fogo" é, pois, suscetível de "refletir" o Bem ou de "Refletir" o Mal.
Quando o Homem tende a se reaproximar de DEUS, ele sopra e anima em si o "fogo claro",
o fogo divino, o "fogo de alegria". Quando ele tende a se afastar de DEUS, ele sopra e
acende em si o "fogo sombrio", o fogo infernal, o "fogo da Cólera". Assim ele gera em si,
como DEUS o faz no grande TODO, o Bem ou o Mal, o Céu ou o Inferno. E é em nós que
levamos a raiz de nossas dores, e de nossas alegrias.
É a essa Obra de Redenção Universal e comum, que faz do Homem o auxiliar de
DEUS, que a Teurgia convida o Adepto.
Talvez ele não venha a fazer milagres aparentes, e talvez ele ignore o Bem que
tiver realizado. Mas, nessa própria ignorância, sua obra será cem vezes maior que aquela do
mago negro, mesmo se este realizasse espantosos prestígios.
Pois estes últimos não farão mais que exprimir a realidade do Mal arquetípico e
com eles colaborar. Dessa realidade, ninguém duvida, e essa colaboração lhe é bem inútil...
A Magia nos demonstra, pois, que nada se perde, que tudo se reencontra, e
retoma seu lugar. "Cada um semeia o que colhe, e colhe o que semeou", nos dizem as
Escrituras.
O mago negro, no fundo, é um ignorante, que joga um jogo de tolo!
Seus desejos ou seus ódios envenenam seus dias, e representam o tempo perdido
para o Conhecimento Verdadeiro. Ao entardecer de sua vida, ele poderá refletir. Nem Amor,
nem a Fortuna, nem a Juventude, nem a Beleza, estarão mais em seu leito para justificar as
Horas mal gastas. Somente lhe restará uma coisa: uma dívida a pagar, nesta ou em outra
vida, e que nenhuma criatura no Mundo poderá pagar por ele.
Pois, querendo submeter "Forças" tão potentes quanto desconhecidas, tão
misteriosas quanto terríveis, a seus desejos e a suas fantasias passageiras, ele terá talvez se
tornado escravo inconsciente, mas jamais seu senhor!... Sem o saber, ele as terá servido...
"Quando mentimos e enganamos, diz Mephistópheles, damos o que nos
pertence!...". Pela voz de Goethe, é a multidão anônima dos Iniciados de todos os tempos que
nos adverte!
∴
71
Por fim, o Teurgo não pretende submeter, mas obter, o que é muito diferente!
Para o Mago, o rito submete inexoravelmente as Forças a quem ele se dirige. Possuir seu
"nome", conhecer os "encantos", é poder encadear os Invisíveis, afirmam as tradições
mágicas universais.
Mas a lógica não admite, à essa pretensão, mais que três hipóteses justificativas:
a) ou as Forças dominadas o são sujeitas porque inferiores em potência ao
próprio Mago. E então, nenhum mérito em dominá-las, e nenhum benefício a alcançar. Pois a
Ciência oficial, com paciência e tempo, chegará ao mesmo resultado...
b) ou elas se prestam por um momento a esse jogo, aceitando uma servidão
momentânea aparentemente, e na espera de uma conseqüência fatal, que escapa ao homem,
mas à que, logicamente deve, seu proveito. Nesse caso o Mago é enganado, a Magia é
perigosa, e como tal deve ser combatida...
c) essas Forças são inconscientes, logo sem inteligência e por conseqüência,
naturais. Nesse caso, a pretensão do Magista de submeter as "potências" do Além não é mais
que uma quimera. Seu ritual, fastidioso, irregular em seus efeitos, imprevisível em suas
conseqüências últimas, deve ser substituído por um estudo científico desses fenômenos,
preludiando a sua incorporação no domínio das artes e das ciências profanas. Desde então,
não há mais Magia...
∴
II. - APLICAÇÕES
A. - O Teurgo
Para dizer a verdade, uma discriminação entre os dois sexos, no que diz respeito
à prática da teurgia, parece inquietante; e parece que nada pode se opor à hipótese de uma
mulher seguindo a ascese kabalística, e aplicando esses ensinamentos. No entanto, devemos
observar que o homem sofre maior atração por essas ciências, em suas práticas ativas, que a
mulher, que no que lhe diz respeito, se entrega, aos exercícios passivos. A mediunidade, com
seus derivados [clariaudiência, clarividência] é mais reservada as mulheres, e a evocação ou
conjuração o é ao homem.
A crença em uma inferioridade da alma feminina, com relação à alma masculina,
deriva do Simbolismo tradicional, chave e regra da própria Teurgia. Em efeito, a Mulher
representa analogicamente a Virgem Mãe, ou seja a Natureza eterna, naturada como
naturante. O Homem exprime primeiro a imagem do Logos, do Verbo Criador, emanador e
fecundador dessa mesma Natureza.
Assim como a Virgem Mãe é igual ao Filho e ao Pai na Trindade Divina, a
Mulher é espiritualmente igual ao Homem. Mas, assim como a Natureza permanece
submissa ao Criador, assim também a Mulher é corporalmente inferior ao homem.
Acrescentemos ainda que sua impureza mensal, que periga sempre, antes de sujar
o solo dos Oratórios ou dos Ocultos [isso pela ausência quase total de lingeries de baixo], e
que dura vários dias no mês, faz do corpo feminino um condensador de fluídos puramente
mágicos, fazendo por esse próprio ritmo, o elemento lunar da Dupla Humana. A Mulher é
em efeito e por seu próprio papel, análoga a Noite, ao Silêncio, a Água, enquanto que o
Homem é o elemento solar da dita Dupla, análogo ao Dia, ao Verbo e ao Fogo.
E o ditado popular que diz que "triste é o galinheiro onde a galinha canta e o galo
se cala..." parece assinalar bem a importância da palavra masculina, reservando à mulher o
papel de suporte fecundo, mas passivo, do dito verbo criador.
B. - Conhecimentos necessários
Aquele que quer se tornar um Teurgo deve possuir uma instrução geral pelo
menos equivalente a do bacharelato. Nada está claro nas obras modernas como entre os
antigos autores. Quer dizer que sólidas noções de latim, grego e, sobretudo, hebraico são
necessárias! Acrescentemos os rudimentos suficientes de filosofia clássica, de metafísica, e
mesmo de teologia, e teremos satisfeito as exigências da bagagem comum. Mas isso não será
tudo, pois o Teurgo antigo era ao mesmo tempo um sábio, um sacerdote e um mago...
75
No domínio dos conhecimentos herméticos, será a mesma coisa. Ele deverá ter
lido os clássicos antigos [Agrippa, Paracelso, Fludd, Kunrath, Boehme, etc...] ter sólidas
noções de Astrologia, tanto judiciária como kabalística, conhecer as leis gerais, os princípios
e vocabulários de Alquimia possuir a fundo as leis e aplicações da Magia. Por fim, e
sobretudo, ser um kabalista prevenido. A Kabala é o próprio fundamento da Teurgia. Não
queremos dizer que outros exercícios espirituais, repousando sobre usos diferentes ainda que
tendendo para o mesmo objetivo, mas derivando de filosofias estrangeiras à Europa, não
saberiam conduzir ao mesmo resultado. Mas nesta obra destinada a Europeus, tratamos de
Teurgia repousando de um lado sobre um fundo documentário e místico judeo-cristão, e do
outro, sobre um fundo mágico celto-místico. Quer dizer que esse será o "clima" medieval e
faustiano que permanecerá como a tela de fundo sobre o qual vão desfilar os exercícios
espirituais que revelamos pela primeira vez. Fazendo isso, não cometeremos nenhum
perjúrio, pois não estamos ligados a nenhum juramento. Pois estas coisas nos vieram pela
própria via teúrgica. Elas são o resultado de nossas meditações, de nossas Operações, e
somente essas últimas - e seu Ritualismo - constituem um depósito tradicional. Por fim, lhe
será necessário ter rudimentos de hebraico, e para tal uma gramática e um dicionário são
necessários.
C. - Do Gênero de Vida
∴
76
O melhor é evidentemente ter uma peça, especialmente ordenada para esse fim.
Quando isso é absolutamente impossível, se montará pelo menos o Altar em um ângulo
[Norte ou Levante] de uma peça onde nenhuma atividade grosseira se exerça. Um escritório,
um salão [sala de visitas], um estúdio servirão. No pior dos casos um refeitório ou um quarto
de dormir. Mas essa última aplicação é desaconselhável no caso do quarto de um casal. Se se
tratar do quarto de um celibatário ou de um solteiro, [quarto individual], evidentemente é
conveniente.
B) O Mobiliário do Oratório.
a) O Altar. - Seja baú, de 80cm a 90cm de altura, seja mesa retangular, de mais ou
menos 130cm x 70cm. Se for preferido o baú se pode então suprimir um dos dois armários.
Ele servirá nesse caso para guardar certos acessórios de uso corrente: perfumes, carvão para
incensário, óleo para a lâmpada, pergaminhos, resinas etc...
A presença de um Altar no Oratório é destacada pelos seguintes autores: Agrippa,
livro IV, Pg. 35; Eliphas Levi, tomo I, Pg. 267; Alphonse Gallais, Pgs. 98, 99; P. Piobb, Pg.
231, Papus, Pg. 296; R. Ambelain "Catedral" Pg. 67. Ele é de madeira e freqüentemente
serve de baú para guardar acessórios.
b) Cadeira individual para Orar. - Ela serve, já o dissemos, para longas orações
de forma semi meditatória, semi adoratória. Ela será de um modelo clássico, nela fixaremos
uma almofada de cor vermelha, com o auxílio de quatro cordões se ligando aos dois
montantes e aos dois pés. Isso com a finalidade de se estar cômodo. Uma posição
prolongada, dolorosa aos joelhos que a suportam, é contrária à uma perfeita abstração
intelectual. Mas um tapete quadrado é bem preferível do ponto de vista tradicional.
c) Cadeira. - Confortável, tipo das cadeiras poltronas, estofada, e junto a cadeira
individual para orar.
d) Armários. - Se viu que, um deles, pode ser substituído pelo baú do Altar. Caso
contrário, se escolherá o que tenha prateleiras interiores, para guardar os mesmos acessórios
que seriam destinados ao baú [pergaminhos, resinas, carvões, etc].
A presença de um ou vários armários em um Oratório de Magia é assinalada por:
Pierre Mora, Pg. 13 e 14 ; Papus, Pg. 297; Alphonse Gallais, Pg. 98. Seu destino é o habitual.
O segundo sem prateleiras internas, servirá como "guarda-roupas". Em seu
interior será fixado um triângulo, com alguns cabides. Ele é destinado a abrigar as
Vestimentas rituais, de um lado, e as "profanas" do outro. Para separar essas duas categorias,
uma ritualmente consagrada, a outra profana [e impregnada de "lembranças" e imagens
continuamente impuras e grosseiras], se dividirá o armário em duas partes, por uma divisão
interior, vertical, de madeira.
e) Mesa. - É destinada para diversos trabalhos. Nela se faz a trituração das
resinas aromáticas, suas misturas dosadas, a fabricação de tintas e "cálamos" talismânicos, a
cópia dos textos rituais, a leitura, os trabalhos de estudo, etc... Mesas de "correspondências"
analógicas poderão ser fixadas na parede, abaixo dessa mesa, quadros extraídos da "Virga
Áurea", ou do "Calendário Mágico", de Duchanteau.
f) Estante. - A estante é uma escrivaninha alta, em madeira, destinada a sustentar
o Ritual do Teurgo, chamado ainda de "Sacramentário". A pessoa mesma poderá fazê-la,
tomando como modelo as escrivaninhas de partituras musicais, destinadas aos maestros de
orquestra. Pode ser de madeira ou metal, é indiferente. Mas é preferível a madeira apesar de
tudo, pois é necessário evitar grossas massas metálicas, em certos trabalhos, que se ligam
mais a Magia prática que a Teurgia, trabalhos inevitáveis em certas fases do treinamento
teúrgico.
Uma estante ou escrivaninha, destinada a sustentar o Sacramentário, figura entre
as gravuras antigas representando um Oratório mágico. Simplesmente citemos Kunrath, na
lâmina II de seu "Anfiteatro" e Alphonse Gallais, Pg. 49 [gravura], de seu livro.
g) Biblioteca. - Uma excelente medida consiste em instalar a biblioteca hermética
no Oratório. Suprime-se assim as idas e vindas cansativas, e mesmo para simples leitura, o
Oratório é um excelente ambiente.
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C) Os Acessórios comuns
negra [da China], Azul [ultramar], vermelho [carmim ou papoula], e verde [de um belo verde
jade].
7° Brasas. O melhor será ter carvões especiais destinados aos incensários de
Igrejas, e que se encontram nos comerciantes especializados em acessórios e objetos
litúrgicos. Eles acendem facilmente na chama de uma tocha. Se custarem para queimar, será
suficiente os passar momentaneamente por um forno quente, para os secar, sem os acender.
O uso de brasas, aglomerados especiais de que se serve a Igreja Católica, foi
assinalado desde 1937 na Pg. 217 de nossa obra "Tratado de Astrologia Esotérica, 2° vol.: A
Onomância".
8° Perfumes. O simbolismo atribui um perfume a cada um dos sete planetas
primitivos. Levando em conta isso, se encontrará facilmente as múltiplas correspondências
do Setenário, unindo as resinas e perfumes ao Macrocosmo.
- incenso............................................Sol]
- mirra...............................................Lua
- galbanum........................................Marte e Terra
- benjoin de Sião...............................Júpiter
- benjoin de Sumatra.........................Mercúrio
- sândalo............................................Vênus
- estoraque.........................................Saturno
- Mirra.....................................................100 partes
- Canela fina pulverizada.........................200 partes
- Raiz de Galanga das Índias...................50 partes
- Óleo de Oliva puro................................200 partes
Se obterá assim uma pasta untuosa que será guardada em um recipiente de vidro
sem pescoço apertado. Se tampará hermeticamente. Após seis meses, se porá essa pasta em
um linho fino e se prensará docemente, de maneira a espremer o Óleo, que se recolherá
assim perfumado em um pequeno frasco. Esse último deverá ter uma fechadura dita "a
esmeril".
Eis aquele dos pontífices de Israel, que serviram no Templo de Jerusalém, a
ordenação dos grandes sacerdotes, e como nos ensina o Êxodo [XXX, 23, 24, 25]:
D) Os Objetos Litúrgicos.
- a Toalha do Altar,
- a Pedra do Altar,
- os Flamejantes, compreendendo os Candelabros, os Círios, os Cherubs.
- a Lâmpada Veladora,
- o Incensário e sua Naveta,
- a Esfera de Cristal,
- o Grande Pentáculo metálico,
- o Lucífero, ou círio de ação,
- os Pentáculos,
- a Vara de Amendoeira.
O emprego de toalhas para os altares mágicos é testificado por Agrippa, livro IV,
Pg. 35, por Papus, Pg. 297, e outros autores.
Arsenal], e por Eliphas Levi: Tomo II, Pg. 132 e 133, e Pg. 102 [gravura], Alphonse Gallais
dá na Pg. 32 uma lâmina que mostra uma lâmpada desse gênero.
- Esfera]. Nenhum deles deve ter um círculo ao redor, ao contrário, as pontas das estrelas
devem brilhar livremente.
O Hexagrama significa "Rigor" [Salomão significa prisão, punição, em
hebraico], o segundo, "Misericórdia" [em hebraico, David significa o Amor]. Para o primeiro
há dois sentidos: Salém ou Salom: Paz, Equilíbrio, Beatitude, ou ainda Shlom: Rigor,
Punição, Prisão. Foi desse selo que se serviu Salomão para aprisionar os gênios, nos diz sua
lenda... O Pentagrama é, indiscutivelmente, a estrela da luz, do amor, pois que é símbolo de
Vênus, de Anael, e em correspondência com o patamar sephirótico equivalente. O
Hexagrama é a Fé, Inteligência. O Pentagrama é o Conhecimento, a Esperança e a Caridade.
O Hexagrama é a imagem do Pai, o Pentagrama a do Filho.
O fato de fazer figurar acima do Altar um Pentáculo, e no dito Altar, outro, o fato
de não utilizar lá a não ser o Pentagrama [estrela de cinco pontas] e o Hexagrama [estrela de
seis pontas] não é novo. Eliphas Levi, tomo I, Pg. 268, e tomo II, Pg. 96; Agrippa, livro IV,
Pg. 35, o ensinam.
"Bachour" [Claridade].
"Niah" [Deus de Luz].
"Ziah" [Deus Brilhante e Luminoso].
"Diah" [Portas da Luz].
E) Vestimentas Rituais.
Vestimentas Simbólicas.
88
"GEBURAH"
significando "Rigor, Justiça". A luva direita levará bordada em ouro a palavra
hebraica:
"CHOESED"
"JAKIN"
significando "Duração, Fundamento". A sandália esquerda levará, bordada em
prata, a palavra hebraica:
"BOOZ"
significando "Força, Potência". Essas inscrições serão bordadas em uma coroa de
flor de lis [o lotus do Egito, que ornamentava os templos antigos].
Sobre os robes, se poderá levar, nos lugares anatômicos correspondentes, as
Letras hebraicas designando as partes do corpo humano, os "Caminhos" kabalísticos e os
Nomes Divinos, em relação analógica. Ver quadro de correspondências das XXII Letras e
Caminhos. Então, revestindo esse Robe, o Operante será realmente o simbólico "reflexo" do
Homem Arquetípico, do Adam Kadmon kabalístico, pois que cada uma das regiões de seu
corpo de carne serão religadas por um paradigma, a uma das "regiões espirituais"
correspondentes no Grande Homem Metafísico.
O Robe púrpura ou carmesim terá seus caracteres bordados em prata com a
escrita dita "Celeste". O branco, bordados em ouro, com a escrita dita "Malachim". O jacinto,
com a escrita dita "da Passagem do Rio" e em prata [ver fig. 8].
Nos robes, se poderá acrescer um Manto, tipo casula. Poderá ser usado quando se
temer ter frio. [É útil ter o máximo de liberdade mental, e um embaraço qualquer é muito
nocivo aos bons resultados das Operações. São Tomás declara que um mínimo de conforto é
necessário para praticar bem o ascetismo].
F) O Sacramentário, ou "Ritual".
perfurado, se marcará com entalhes sobre todas as folhas os pontos onde se vai perfurar, e se
os perfurará com um pequeno vazador e um martelo leve.
Se acrescentará alguns marca-páginas de cores diversas, largas fitas com um selo
de chumbo leve na extremidade, que permitirá marcar as folhas de maneira permanente, e as
vezes os versículos. Três serão suficientes: um negro, um branco e um vermelho.
O Sacramentário estará permanentemente fechado, sobre a Estante.
A necessidade de um Livro, verdadeiro Ritual, contendo as Orações, fórmulas de
Consagrações, etc... , é testificada por Agrippa, tomo IV, Pgs. 31 a 34; Eliphas Levi, tomo II,
Pg. 168; Alphonse Gallais, Pg. 121. O próprio termo aparece no pequeno "Dicionário
Larousse" com esse mesmo significado de "Ritual".
G) Cálice e Patena.
Os "Tapetes Filosóficos"
Cerimônias idênticas, Martinez de Pascallis, e o ritual dos Elus Coehn prescrevem Espada ou
Baqueta, impondo o emprego de um Círio de cera.
Pois bem, no livro de Jeremias [I, II], os tradutores diversamente traduziram esse
versículo, hesitando em traduzir shaked [amendoeira] ou shakad [lamparina]. Somente os
pontos massoréticos permitiriam distinguir a nuância. Às vezes se lê:
"A palavra do eterno me foi dirigida nesses termos: "Que vês tu, Jeremias? Eu
respondi: "Senhor, eu vejo um ramo de amendoeira. A voz tronou a dizer: Tu viste bem,
porque eu velarei para executar minhas palavras".
Outras vezes se traduziu:
"... Eu respondi: Senhor, eu vejo um ramo de amendoeira. A voz tornou a dizer:
tu viste bem. Pois eu sou uma Vara que vela para a execução de minhas palavras..."
Pois bem, a vara que vela é incontestavelmente um Círio. Ao redor do altar
cristão, os Círios simbolizam os Anjos da Corte Celeste, e os dois círios que devem ser de
cera da abelha [nos termos do Canon], de um lado e de outro do crucifixo vertical, são os
dois grandes arcanjos. E o Livro de Enoch chama os Anjos de "Veladores do Céu"
Lenain, em sua "Ciência Misteriosa", nos diz isto a respeito da Baqueta do
Teurgo:
"Os cabalistas escreviam o nome Agla sobre a baqueta misteriosa que servem nas
experiências cabalísticas, e eis como é feito: é necessário cortar um ramo brotado no mesmo
ano, de aveleira virgem, quer dizer, que é necessário que jamais a árvore tenha sido cortada,
que nenhum ramo jamais tenha sido cortado ou quebrado, o que é facilmente encontrado em
um arbusto de brotação do ano, o ramo é cortado entre onze e doze horas da noite, sob a
influência favorável à experiência que quer fazer; é necessário ter uma faca nova, sem uso, e
pronunciar certas palavras, com o rosto voltado para o Oriente; em seguida, é necessário
abençoá-lo, e escrever sobre o lado da ponta mais grossa o nome AGLA, sobre o meio a
palavra ON, e sobre o lado da ponta mais fina o nome TETRAGRAMMATON; esses três
nomes devem ser acompanhados cada um de uma cruz e de seu caráter misterioso; e quando
eles estão para proceder as evocações, eles golpeiam o ar em cruz com essa baqueta, para as
quatro partes do mundo começando pelo Oriente, depois o Meio Dia [Sul], após o Ocidente,
e para o Norte, pronunciando a cada vez o seguinte: "Eu............, te conjuro Anjo ................
de me obedecer imediatamente; pelo Deus Vivo, pelo Verdadeiro Deus, pelo Deus Santo, e
eles golpeiam o ar a cada vez, formando a cruz.
Como cada um conhece a analogia da figura circular com a unidade que é o
símbolo perfeito de Deus, é por essa razão que é necessário se encerrar nesse caráter
misterioso e no meio de um triângulo, cada vez que se procede as evocações".
E . - O Sacramentário
I . - O Incenso
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o Céu e a Terra. Senhor ouve
minha prece, e que meu grito suba até a Ti" Que o Senhor seja conosco, e com nosso
Espírito. Amém".
∴
2 . - O Óleo de Oliva
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o Céu e a Terra! Senhor, ouve
minha prece, e que meu grito suba até Ti! Que o Senhor seja conosco, e com o nosso
Espírito! Amém".
93
"Eu te exorcizo, criatura de Óleo, por Ioh, o Deus Vivo, por Ioah, o Deus
Verdadeiro, por Iaho, o Deus Santo! Eu te adjuro, por Aquele que, princípio, te separou do
"Resto das Coisas", afim de que tu te mostres salutar e que tu não retenhas em ti nada da
potência Tenebrosa que reinou sobre ti até este instante. Que tu te tornes ao contrário a
salvação, a inspiração e a força, tanto espiritual como material, daqueles que crêem em tua
virtude, afim de que por toda parte onde fores utilizado, em todos os tempos e em todos os
lugares, tu sejas um remédio e uma proteção contra as ciladas do Adversário Invisível. E Tu,
Senhor Potente e Santo, que eu reconheço como o único e verdadeiro Deus, eu Te suplico
ardentemente de olhar favorável e misericordiosamente e de santificar pela Virtude de Tua
Benção, essa criatura de óleo, saída do fruto da Oliveira, e de expulsar para sempre o ou os
Espíritos Impuros que a freqüentam ou habitam. Por Teus Santíssimos Nomes: El, Ioh, Iod
Ieovah, Elohim Gibor, Agla, Ieoushouah, Elohim Heliom! Amém"
"Oremos. - Senhor Onipotente, diante de quem está todo o Exército Celeste, tão
conhecido de nós pelos serviços espirituais que Ele nos presta, digna-te olhar e abençoar,
consagrar e santificar, esta criatura de Óleo, que Tu tiraste do suco das Olivas, frutos dessa
Oliveira que simboliza Tua divina Sabedoria! Que os doentes, espirituais ou materiais que
serão untados por tua ordem, após ter recobrado a saúde da alma e do corpo possam render
graças a ti, Ioh o Deus Vivo, e Iaho, o Deus de Verdade. Faz, pois Senhor, nós Te suplicamos,
que todos aqueles que se servirem deste Óleo Santo, que eu abençôo em Teu Nome, neste
instante e neste lugar, sejam liberados de todo langor, de toda doença, de todas as
emboscadas da potência Malvada e Tenebrosa, e que eles sejam tua Criatura, santificada em
Teu Nome. Que todas as adversidades sejam afastadas delas, resgatadas pela Graça de Teu
precioso Filho, para que eles jamais sejam feridos pela calúnia do Adversário Antigo! Pelo
próprio Ieoushouah, Teu Filho Glorioso e Sábio, que vive para sempre Contigo, Senhor meu
Deus, na unidade de Ruach Elohim, em todos os Séculos dos Séculos, e por Teus Santos
Nomes: El, Ioh, Iod, Ieovah! Amém".
3. - O Sal de Mar
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o Céu e a Terra! Senhor ouve
minha prece, e que meu grito suba até a ti! Que o Senhor seja conosco, e com nosso Espírito.
Amém".
∴
"Eu te exorcizo, criatura, criatura de Sal saída das Águas, por Ioh, o Deus Vivo,
por Ioah, Deus Verdadeiro, por Iahoh, o Deus Santo! Eu te adjuro por Aquele que, no
princípio, te separou do "Resto das Coisas", afim de que tu te mostres salutar e que tu não
retenhas em ti nada da Potência Tenebrosa que reinou sobre ti até este instante. Que tu te
tornes, ao contrário, a salvação, a inspiração e a inteligência, tanto espiritual como material,
daqueles que crêem em tua virtude, afim de que por toda parte onde serás utilizado, em todos
94
4. - A Água
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o Céu e a Terra! Senhor ouve
minha prece, e que meu grito suba até a Ti! Que o Senhor esteja conosco, e com nosso
Espírito ! Amém".
∴
"Eu te exorcizo, criatura da Água, por Ioh, Deus Vivo, por Ioah, Deus
Verdadeiro, por Iahoh, o Deus Santo! Eu te adjuro por Aquele que, no princípio, te separou
do "Resto das Coisas", afim de que te tornes e te mostres salutar, que tu não retenhas em ti
nada da Potência tenebrosa que reinou sobre ti até este instante. Que tu te tornes, ao
contrário, a salvação, a inspiração e a purificação tanto espiritual como material, daqueles
que crêem em tuas virtudes, a fim de que por toda parte onde fores utilizada, em todos os
tempos e em todos os lugares, tu sejas um remédio e uma proteção contra as armadilhas do
Adversário Invisível. E Tu, Senhor Potente e Santo, que eu confesso o único e verdadeiro
Deus, eu Te suplico ardentemente que dirijas um olhar favorável e misericordioso e de
santificar pela Virtude de tua Benção, essa criatura da Água, e de expulsar para todo sempre
o ou os Espíritos que a freqüentam ou habitem. Por Teus Santíssimos Nomes: Shadai, Ieovah
Sabaoth, Elohim Gibor, Agla, Ieoushouah, Elohim Helion! Amém".
∴
5. - Os Pantáculos
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o Céu e a Terra. Senhor ouve
minha prece e que meu grito suba até a Ti! Que o Senhor seja conosco, e com nosso Espírito!
Amém". ∴
"Eu vos exorcizo, Símbolos, por Deus, O Pai Onipotente, que criou o Céu e a
Terra, e todos os Seres que eles encerram! Que por esses Pantáculos sejam desarraigados e
postos em fuga toda Força das Potências tenebrosas, todo o exército dos espíritos do Mal,
todo ataque e toda ilusão de Saïthan, nosso Adversário. Que aquele que se servir desses
Símbolos obtenha saúde da Alma e do Corpo. Em Nome de Adonai, Ab Shadai, de
Ieoushouah Bem Shadai, e de Ruach Elohim ! Amém".
∴
"Senhor, livra e salva Teus Servidores que têm sua esperança em ti!
Sede para nós, Senhor, uma invencível cidadela,
Em face do Inimigo.
É o Eterno que dá a Seu povo a Força e a coragem,
E é em Seu Nome que combate o Homem de Deus!
Do alto de Teu Santuário, Senhor envia-nos auxílio,
E de Sião, digna-te nos proteger.
Senhor, ouve minha prece,
E que meu grito suba até Ti! "
"Oremos. - Deus onipotente, Distribuidor de todos os bens, nós Te suplicamos
humildemente, pela intercessão de Malael e de Faleg, de Iared de Reu, de Noé e de Abraham,
por teus Santos Miguel e Gabriel, de espargir sobre esses Pantáculos marcados de Caracteres
e de Letras, Tua Santíssima Bênção. Que aquele ou aqueles que os levarem e se dedicarem a
Tuas Obras Excelentes, obtenham a saúde e a salvação, corporal e espiritual. Que com o
auxílio de tua Infinita Misericórdia, eles possam evitar todas as emboscadas e todas as
astúcias de Samael e de suas Ordas demoníacas e que um dia, eles tenham a felicidade de
aparecerem em Tua Presença, em um estado de saúde e de pureza perfeitas. Que a Bênção de
Deus, o Pai Onipotente, a Sabedoria Incriada, e a Inteligência Infinita, desça sobre esses
Símbolos, sobre aquele ou aqueles que os levarem nos Combates, e que Ela aí permaneça
para sempre. Por Eheieh, Iod Ieovah e Ieovah Elohim, Tu que fostes, és e serás, o Ser dos
Seres, e o Deus dos Deuses! Amém".
6. - O Incensário
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"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o Céu e a Terra. Senhor ouve
minha prece e que meu grito suba até a Ti! Que o Senhor esteja conosco, e com nosso
Espírito. Amém".
∴
"Eu te exorcizo, Incensário, criatura de Cobre [ou de Terra se for o caso], por Ioh,
o Deus Vivo, por Ioah, o Deus Verdadeiro, por Iahoh, o Deus Santo! Eu te adjuro por aquele
que, no princípio, te separou do "Resto das Coisas", afim de que tu te mostres salutar e que
não retenhas em ti nada da Potência Tenebrosa que reinou sobre ti até este instante. Que te
tornes, ao contrário, a salvação, a inspiração e a purificação, tanto espiritual como material,
daqueles que crêem em tua virtude, afim de que em toda a parte onde serás utilizado, em
todos os tempos e em todos os lugares, tu sejas um remédio e uma proteção contra as ciladas
do adversário Invisível. E tu, Senhor Potente e Santo, que eu confesso o único e verdadeiro
Deus, eu Te suplico ardentemente para que dirijas um olhar favorável e misericordioso, e de
santificar pela Virtude de tua Benção, esse Incensário, criatura de Cobre [ou de Terra se for o
caso], e de expulsar para todo o sempre o ou os Espíritos Demoníacos que o freqüentem ou
habitem. Por Teus Santíssimos Nomes: Elohim Gibor, Agla, Ieoushouah, Elohim Helion!
Amém".
"Nosso auxílio está no Nome do senhor, que criou o Céu e a Terra. Senhor ouve
minha prece, e que meu grito suba até a Ti! Que o Senhor seja conosco, e com nosso
Espírito. Amém".
∴
"Eu vos exorcizo, fontes de luz visível, criaturas de vidro, de cera e de metal, por
Ioh, o Deus Vivo, por Ioah, o Deus Verdadeiro, por Iahoh, Deus Santo! Eu vos adjuro por
Aquele que, no princípio, vos separou do "Resto das Coisas", afim de que vos mostrasse
salutares e para que não retenhas em vós nada da Potência Tenebrosa e Má que reinou sobre
97
vós por tanto tempo. Que vos torneis ao contrário, a salvação, a inspiração e a iluminação,
tanto espiritual como material, daqueles que crêem em vossas virtudes, afim de que por toda
parte onde sereis utilizados, em todos os tempos e em todos lugares, sejais uma defesa segura
contra as armadilhas do Adversário Invisível. E Tu, Senhor Potente e Santo, que eu confesso
o único Deus Verdadeiro, Eu Te suplico ardentemente de olhar favoravelmente, e de
santificar pela Virtude de Tua Benção, essa Lâmpada, esses Candelabros, essas Velas e essas
lamparinas [veladoras] de cera, e de expulsar para sempre o ou os Espíritos Demoníacos que
as freqüentam ou as habitem. Pelos Santíssimos Nomes: Elohim Gibor, Agla, Ieoushouah,
Elohim Helion! Amém".
∴
"Oremos. - Porque não posso ser como nos meses do passado, como nos dias em
que Deus me protegia, quando Sua Lâmpada brilhava sobre minha cabeça, e que Sua Luz me
guiava nas Trevas?...
Senhor Tu que fostes, és, e que serás, Potente Ser dos Seres Deus dos deuses,
meu Deus! Abençoa e consagra esta Lâmpada, estes Candelabros, esta Velas e Veladoras à
nossas veementes preces. Espalha sobre elas, Senhor pela Potência de tua Lei Santa, Tua
Celeste Benção, ó Tu que Te constituístes o Sol Iluminador do Gênero Humano, Luz das
luzes! Dissipa, pois, todas as Trevas, e por essa consagração santa, que essa Lâmpada, esses
Candelabros, essas Velas, e Veladoras recebam uma Benção tal que não importa em que lugar
elas sejam acesas e onde brilhar sua chama purificadora, se retirem imediatamente e fujam e
tremam, espantadas, as Potências das Trevas e suas Emanações materiais. Que para sempre
Elas não tenham mais poder de nos inquietar ou de perturbar Teus Servidores, ó Deus
Onipotente que vives e reinas para sempre nos séculos dos séculos! Por Teus Santíssimos
Nomes: Elohim Gibor, Agla, Ieoushouah, Elohim Helion! Amém".
8. - Os Ázimos
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o Céu e a Terra. Senhor ouve
minha prece, e que meu grito suba até a Ti! Que o Senhor seja conosco, e com nosso
Espírito. Amém".
∴
"Eu vos exorcizo, Hóstias, criaturas de Trigo, por Ioh, Deus Vivo, por Iaoh Deus
Verdadeiro, por Iahoh, o Deus Santo! Eu vos adjuro por Aquele que, no princípio, vos
separou do "Resto das Coisas", afim de que vos mostreis salutares e que não retenhais em
vós nada da Potência Tenebrosa que reinou sobre vós até este instante. Que vos torneis, ao
contrário, a salvação, o alimento espiritual, após vos ter dedicado ao Senhor, ao Deus
Onipotente, ao Deus Altíssimo, Rei do Céu e da Terra. E vós, Hóstias de oferendas, que
possam ainda ser agradáveis como vítimas puras e imaculadas por esse Deus que eu
98
reverencio, que vós possais, consumidas no Fogo do Santo Sacrifício, subir aos Céus, e aos
céus dos céus, até sua Glória, mensageiras de meu arrependimento, de minha prece e de
minha ação de graça. E Tu, Senhor Potente e Santo, Deus altíssimo meu Deus, que eu
confesso ser o único e verdadeiro Deus, eu Te suplico ardentemente para que olhes favorável
e misericordiosamente e que santifiques, pela única virtude de Tua Benção, esses pães
ázimos, criaturas do Trigo que destes aos Homens por alimento material, de expulsar para
sempre o ou os Espíritos Demoníacos que os freqüentam ou os habitem. Por Teus
Santíssimos Nomes: Eheieh, Elohim Gibor, Agla, Ieoushouah, Elohim Helion, Shadai,
Adonai Melek, Adonai hah Aretz! Amém".
9) - O Vinho
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o Céu e a Terra. Senhor ouve
minha prece e que meu grito suba até a Ti. Que o Senhor esteja conosco, e com nosso
Espírito, Amém".
∴
"Eu te exorcizo, criatura do Vinho, fruto da Vinha que Deus criou, por Ioh, Deus
Vivo, por Ioah, o Deus Verdadeiro, por Iahoh, o Deus Santo! Eu te adjuro por Aquele que, no
princípio, te separou do "Resto das Coisas", afim de que tu te mostres salutar e que não
retenhas nada da Potência tenebrosa que reinou sobre ti até este instante. Que ao contrário, tu
te tornes, a salvação, a inspiração e a purificação espirituais e morais daqueles que crêem em
tua virtude, afim de que por toda parte onde serás utilizado, em todos os tempos e em todos
os lugares, tu sejas um remédio e uma proteção contra as armadilhas do Adversário Invisível.
E tu, Senhor Potente e Santo, que confesso ser o único verdadeiro Deus, eu Te suplico
ardentemente para que olhes favorável e misericordiosamente e santifiques pela Virtude de
99
tua Benção Santa, esse vinho, saído da Vinha, e que expulses para sempre os Espíritos
Demoníacos que o freqüentam ou o habitam. Por Teus Santíssimos Nomes: Elohim Gibor,
Agla, Elohah, Ieoushouah, Elohim Helion! Amém".
∴
10. - A Espada
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o céu e a Terra. Senhor ouve
minha prece, e que meu grito suba até a ti! Que o Senhor esteja conosco, e com nosso
Espírito. Amém".
∴
"Eu te exorcizo, Espada, criatura de aço, de cobre e de corno por Ioh, o Deus
Vivo, por Ioah, o Deus Verdadeiro, por Iahoh, o Deus Santo! Eu te adjuro por Aquele que, no
princípio, te separou do "Resto das Coisas", afim de que tu te mostres uma proteção salutar
para aquele ou aqueles que te empregarem, e que tu não retenhas em ti nada da Potência
Tenebrosa e Má que reinou sobre ti até este instante. Que ao contrário, tu te tornes, a
salvação espiritual e material, a salvaguarda e a proteção daqueles que crêem em tua virtude,
afim de que por toda parte onde tu serás utilizada, em todos os tempos e em todos os lugares,
tu auxilies na derrota do Adversário e de suas legiões. E tu, Senhor Potente e Santo, que eu
confesso ser o Único Verdadeiro Deus! Eu Te suplico ardentemente para que olhes
favoravelmente e para que santifiques pela Virtude de Tua Benção Santa, essa Espada,
criatura de aço, de cobre e de corno, afim de expulsar para todo o sempre o ou os Espíritos
Demoníacos que a freqüentam ou a habitem. Por Teus Santíssimos Nomes: Elohim Gibor,
Agla, Ieoushouah, Elohim Helion! Amém".
∴
11. - O Lucíferum
100
"Nosso auxílio está no Nome do Senhor que criou o Céu e a Terra. Senhor ouve
minha prece, e que meu grito suba até a Ti! Que o Senhor esteja conosco, e com nosso
Espírito. Amém".
∴
Traça-se, no lugar preciso, sobre a Esfera as XXII Letras Santas, com o auxílio
do Óleo de Unção.
Lê-se o primeiro capítulo do Gênesis, em hebraico se possível.
Invoca-se o Senhor pelo "Schemah" e seus Trinta e Dois Nomes, a saber:
a) os Dez Nomes dos Sephiroth;
b) os Vinte e Dois Nomes dos Caminhos.
"Eu te exorcizo, criatura de Cristal, por Ioh, o Deus Vivo, por Iohah, o Deus
Verdadeiro, por Iahoh, o Deus Santo! Eu te adjuro por Aquele que, no princípio, te separou
do "Resto das Coisas", a fim de que tu te mostres salutar e que tu não retenhas em ti nada da
Potência Tenebrosa que reinou sobre ti até este instante. Que tu te tornes, ao contrário, a
imagem, o reflexo e o duplo deste Universo tanto celeste quanto terrestre, criado por Deus o
Onipotente, que tu sejas o novo "Testemunho" e a Nova Arca da Aliança, pela qual Deus
manifestará aos Homens seus "Caminhos, misericordiosos e salutares e que seus Anjos
venham desvelar tudo o que será necessário à salvação, tanto espiritual como material,
daqueles que ai buscarem recurso com fé. E Tu, Senhor Potente e Santo, que eu confesso ser
o único verdadeiro Deus, eu Te suplico ardentemente de olhares favorável e
misericordiosamente, de santificar pela Virtude de Tua Bênção Santa, essa Criatura de Cristal
puro, e de expulsar para todo o sempre o ou os Espíritos Demoníacos que a freqüentam ou a
habitem. Por Teus Santíssimos Nomes: Elohim Gibor, Agla, Ieoushouah, Elohim Helion!
Amém".
"Oremos. - Deus Onipotente! Ser dos Seres, Tu que fostes, e serás, Senhor dos
Exércitos dos Céus, tu que Te manifestastes a Adam nosso Pai, no Jardim do Éden, que te
manifestastes a Noé, a Moisés, e a Salomão, eu Te suplico humildemente que consagres,
abençoes e santifique essa Criatura de Cristal puro, imagem desse Universo que tu criastes.
Que nessa luz interior, límpida e clara como a água viva brotando de sua fonte, as
manifestem os divinos Arcanjos de tua Sabedoria e os sacros Mistérios de Tua Presença. Que
entre as paredes dessa Morada Nova que Te dedico, Senhor meu Deus, venham se reunir
Teus Anjos de Luz, e particularmente Teu Servidor Uriel, que Ele mande, comande e ordene
a seus Companheiros, Teus sujeitos, me instruir, desvelar e comentar os "Caminhos" Santos,
101
INVOCAÇÃO DE SALOMÃO
Anjo dos olhos mortos, obedece, ou escorre-te com essa água Santa!
Touro alado, trabalha, ou retorna a terra, se não queres o aguilhão desta espada!
Águia acorrentada, obedece a este signo, ou retira-te diante deste sopro!
Serpente que se move, arrasta-te a meus pés, ou sê atormentada pelo fogo
sagrado e evapora-te com o perfume que queimo nele!
Que a Água retorne à Água! Que o Fogo queime! Que o Ar circule! Que a Terra
caia na Terra! Pela virtude do Pentagrama, Estrela da manhã, em Nome do Tetragrama,
escrito no centro da Cruz de Luz! Em Nome de INRI! Daquele nascido da Noite, Que Brilha
e que Ilumina! Amém. ∴
Coroa Eu Eu Serei
: :
Kether I Ehie
Sabedoria Deus Ser de Si O Ser dos Seres Eu
Hochma El Iah Jehova I
Inteligência Jesus Onipotente Deus Ser dos Seres
:
Bina Jeschou Schaddai Elohim Ser dos Seres
Liberalidade Ser dos Seres Deus
: : :
Hesed Jehova El
Força Salvador Deus Forte Deus
Altíssimo
Geobura
Gibor Elohim
Jehoschouuha Elohim
Helion
Beleza Deus Forte Deus
Tiphereth El Gibor Eloah
Vitória Imutável Dos Exércitos Senhor
Netsah Ararita Tsebaoth Jehovah
Louvores A Ciência de Deus Dos Exércitos Deus
Hod Jehova Tsebaoth Elohim
[continuação]
I I I. - AS FORÇAS ENERGÉTICAS
a) As Entidades
105
∴
106
É necessário ver nesses quatro elementos [Fogo, Ar, Água e Terra] não as coisas
físicas definidas na expressão corrente, mas sim essências simbólicas, com tudo o que a
analogia aí subentende.
Então, nossa Razão poderá conceber esses Seres como correntes, inteligentes,
vivas, mas de uma inteligência rudimentar, ignorando, por exemplo, que existem elementos
diferentes ao seu. Seguidamente os encontramos, estudando "a Matéria", suporte material da
"Forma" talismânica.
Essas correntes, essas forças, é sobre o que nos debruçamos para nossa
orientação espiritual ou sensual. Estabelecemos um contato com elas, e por sua vez nos
levam em uma direção precisa no lado de lá, nas regiões espirituais que lhe são próprias.
E se as visualizamos durante manifestações metapsíquicas, extáticas ou mágicas,
seremos levados a traduzi-las conforme um modo preciso, imutável qualquer que seja o
indivíduo que é o objeto. E eis aí a chave.
A morfogenia humana não povoou somente o universo psíquico, pois o
pensamento do homem e os jogos de sua imaginação criadora são um dos múltiplos aspectos
da Vida Universal. A substância eterna reveste, pois, múltiplas formas no seio das quais se
manifestam estranhas individualidades.
É certo que essas formas não revestem, de fato, os aspectos intuitivos pelos quais
as traduzem nossa imaginação em seus sonhos anagógicos. Pois esses corpos estão longe de
ter essa fixidez pobre da Matéria tangível. Elas são livres, mutáveis, plásticas e isso ao
infinito.
Mas como nosso intelecto concorda intuitivamente em reconhecer para o Homem
o aspecto superior da Forma e como também a experiência racional lhe demonstra o
fundamento, se segue que se erra do mesmo modo que se tem razão, quando damos quase
sempre às entidades que povoam a substância eterna [1], o aspecto antropomórfico. Vem daí
que as individualidades transcendentes são freqüentemente dotadas de nosso aspecto.
interesse que temos pela abelha que nos dá o mel. "Os Deuses, nos diz Shakespeare, se
servem dos homens como estes se servem das tochas! Eles não as acendem por elas
mesmas...".
Sem dúvida, é possível se comunicar em uma certa medida com o próprio Divino
Superior, e isso nos limites da maior ou menor espiritualidade de cada um. Sem dúvida, a
potência posta a serviço da inteligência, a mais egoísta que seja, é menos perigosa que a
horrorosa estupidez destrutora de uma Força obscurecida. Mas somos para esses Deuses
necessidades; o homem qualquer que seja sua santidade, não pode prolongar sua vida sem
destruir aquela de outras entidades naturais, vegetais ou animais.
O Oriente nos fala da "batalha humana, de que se engordam os deuses!...". O
Ocidente nos diz que "...Deus é um fogo que queima !... e os místicos estão de acordo que é
suficiente ter estado um só instante na presença do deus amado para que, recebendo o beijo
de fogo de suas misteriosas núpcias, "a alma se abisme nele para sempre...".
Também, se como o afirmava Martinez de Pasqually a seus discípulos, "o homem
é de direito seu Mestre", quantos teúrgos, entretanto, são bastante fortes para se aproximarem
dos Seres psíquicos, os conhecer melhor que intuitivamente e em seguida se subtraírem a
terrível "atração" que constitui essa própria aproximação? Muito poucos sem dúvida! E,
portanto, aí está o grande segredo da Gnose operativa, o temível arcano da "Vida Eterna",
conhecer os deuses, e se liberar. Eis porque o Apóstolo pode dizer que a Ignorância é o pior
dos males, pois que nos sujeita aos Arcontes.
∴
Uma coisa abstrata é impossível de visualizar a não ser sob uma forma familiar.
Assim, as esculturas e as pinturas estão de acordo em dar aos Anjos um maior ou
menor número de asas, a fim de simbolizar por esse meio sua maior ou menor espiritualidade
de essência, ou a Deus Pai, o aspecto de um ancião majestoso, sua "idade" evocando Sua
Perenidade.
Da mesma maneira, os demônios das lendas populares são sempre horríveis e
[1] - Ver "O Número de Ouro", de Matila Ghyka, extraordinário estudo sobre o mistério do Pentagrama.
[2] - P. Richard : Os Deuses.
ameaçadores em suas representações tradicionais, qualquer que seja o continente, qualquer
que seja a raça.
Pois bem, será o mesmo, em uma operação teúrgica ou mágica.
A consciência superior vê diretamente, em sua essência, os seres em questão. Há
nesse momento, contato, interpenetração, entre o Operador e a Entidade.
O subconsciente recebe essa percepção da consciência superior, assim como uma
vaga intuição, mal definida. Para a traduzir, para a exprimir pelos sentidos físicos, ele usará
imagens, símbolos como o faria uma sibila, A chave desses últimos, podemos defini-la assim.
Quando formos negociar com uma forma puramente antropomórfica, quer dizer,
com aspecto humano, mas adornada com um maior ou menor número de detalhes [asas,
raios, glória, etc...], temos comércio com uma criatura de planos superiores: celeste ou sobre
celeste. O detalhe da imagem nos precisará.
109
b) As Egrégoras
110
Dá-se o nome de Egrégora à uma Força gerada por uma potente corrente
espiritual e alimentada depois por intervalos regulares, segundo um ritmo, em harmonia com
a Vida Universal do Cosmos, ou à uma reunião de Entidades unidas por um caráter comum.
No invisível, fora da percepção física do Homem, existem seres artificiais,
gerados pela devoção, o entusiasmo, o fanatismo, que se chamam egrégoras. São as almas
das grandes correntes espirituais, boas ou más. A Igreja Mística, a Jerusalém Celeste, o
Corpo de Christo, e todos esses nomes sinônimos, são os qualificativos que comumente se
dá a egrégora do Catolicismo. A Franco-Maçonaria, o Protestantismo, o Islã, o Budismo são
egrégoras. As grandes ideologias políticas também são.
Integrado psiquicamente pela Iniciação ritual ou por adesão intelectual a uma
dessas correntes, o filiado se tornará uma de suas moléculas constitutivas. Ele aumentará a
potência da egrégora das qualidades ou dos defeitos que possuir, e em troca, a egrégora o
isolará das forças exteriores do mundo físico, e reforçará com toda força coletiva que houver
acumulada de antes, os fracos meios de ação do homem que a ela se religar. Instintivamente,
a linguagem popular dá o nome de "círculo" a uma egrégora, exprimindo assim
intuitivamente a idéia de circuito. Entre a célula constitutiva e a egrégora, quer dizer entre o
filiado e o grupo, se estabelece então uma espécie de circulação psíquica interior.
Isto explica que os adversários de um conceito qualquer estudando a origem, a
natureza, a vida desse conceito, terminem freqüentemente se ligando a ele ou pelo menos
aceitam uma parte de suas teorias, mesmo sem se dar conta. Ele está montado sobre uma
corrente que, se é mais potente que aquela a qual estava primitivamente ligado, o levará
insensivelmente para outro caminho do que aquele que imagina seguir. Se ele estiver livre de
toda filiação, a ação será mais brutal e mais forte.
Essa regra é válida para todas as grandes correntes de idéias: filosóficas,
religiosas, políticas...
∴
Mas uma corrente espiritual só se torna viva no sentido oculto da palavra, se ritos
a vitalizam. As egrégoras são conceitos vitalizados. Isso explica que somente as associações
humanas de caráter ritualístico [religião católica, maçonaria, martinismo, etc...] podem
chegar a gerar uma egrégora, que durará muito tempo.
A destruição de uma egrégora só pode ser rapidamente obtida com a morte pelo
fogo de seus membros vivos, a destruição dos símbolos que a concretizam ou se ligam a ela,
assim como também todos os escritos [rituais, arquivos, etc...] que lhe dizem respeito.
A egrégora será lentamente destruída quando entregue a si mesma, nenhum
ritual, nenhuma corrente espiritual gerada conforme regras ocultas bem precisas,
perpetuarem sua existência...
A incineração de seus membros vivos e dos escritos que a ela se ligam, assegura
a destruição do corpo físico e do duplo isto vale também para todos os seres e coisas. A
simples morte comum [sem destruição total da imagem], se tira a vida material, em nada
entrava a vida astral. A morte por derramamento de sangue aumentará a vitalidade oculta da
egrégora, em virtude do poder misterioso do sangue, quando é liberado sob a forma de
sacrifício.
Isso explica as perseguições pagãs contra o cristianismo nada mais fizeram do
que o fortificar. Igualmente, o fato de que os hereges, e seus escritos, tenham sido
111
continuamente destruídos pelo fogo. A Igreja católica, suspeita-se, conhecia se viu, o segredo
da vida das egrégoras.
O desligamento de alguém de uma egrégora se obtém por uma cerimônia
análoga, ainda que oposta em seus objetivos a aquela que assegurou sua gênese. A Iniciação
é, nesse caso, aniquilada pela excomunhão.
As reações da egrégora a respeito da célula expulsa são às vezes perigosas, ainda
que prejudicando sempre uma caminhada perfeitamente natural. Essa rejeição,
continuamente, modifica consideravelmente o destino do "excomungado", destino já
modificado uma primeira vez por sua filiação. Deixando uma egrégora, é prudente se
integrar, mesmo momentaneamente, a um conceito de força equivalente, mas oposto.
Assim como as células constitutivas de uma egrégora serão tiradas da
humanidade, no que diz respeito ao plano material, assim também outras células
constitutivas dessa egrégora serão extraídas do mundo das entidades. A egrégora vive sobre o
plano físico [onde ela age por intermédio do Homem] e sobre o plano superior [onde ela age
por intermédio das Entidades]. Ela possui então um corpo, um duplo e uma alma.
Isso tem sua aplicação na tríplice Igreja: Militante [terrestre], Sofredora [astral],
e Triunfante [celeste]. ∴
Isto explica que todas as grandes cerimônias rituais, tanto religiosas como
filosóficas, estejam situadas nos equinócios, e nos solstícios, ou em datas relacionadas com
essas quatro grandes divisões anuais e daí decorrentes.
Que seja igualmente observado o caminho dos astros, assim como a influência
que possa derivar de um lugar, de uma orientação.
Quando uma egrégora viveu por muito tempo, acontece que ela adquire vida
relativamente independente. Então ela não obedece mais aos impulsos que os mestres das
seitas lhe transmitem por intermédio da liturgia, e, de escrava dócil, freqüentemente se torna
uma tirana feroz. Isto explica que continuamente, um movimento se desvia, para longe do
objetivo primitivamente assinalado. Igualmente, ela pode mudar de mestre. A conquista de
uma egrégora por sua evocação era um segredo conhecido pelos sacerdotes de Roma.
A formação psíquica das egrégoras está extensamente descrita nas obras de ocultismo. As
regras do Yoga aí tomam parte. Igualmente os "Exercícios espirituais dos Filhos de Santo
Inácio", obra que conhecem todos os discípulos dos Jesuítas, se liga a esse aspecto.
[1] - O Brasão de uma antiga família é seu Pantáculo, a Árvore genealógica, sua "cadeia" mágica. "Toda a
continuação dos descendentes não formam mais que um só Ser", diz Maurice Barrès.
∴
∴
113
A vida material das egrégora é assegurada pelo número de seus membros, sua
disciplina, sua união espiritual, sua estrita observância dos ritos vivificadores e
conservadores.
Igualmente, as correntes de simpatia ou de antipatia, geradas no mundo profano
por sua ação ou suas tendências, ajudam ou prejudicam poderosamente a vitalização dos
conceitos, assim como sua ação. Com mais forte razão, os procedimentos de ação oculta da
Magia tradicional e da Teurgia são potentes meios de apoio ou de combate com respeito as
egrégoras, com a condição, entretanto, que sua potência esteja em relação com aquela do dito
conceito. Isto explica que o sacrilégio e a profanação tenham, em todos os tempos, sido
considerados como crimes religiosos.
∴
Os Seres, que, maléficos por sua natureza ou por seu estágio de evolução,
buscam por todos meios, para salvaguardar sua existência assim definida, e para assegurarem
essas condições, têm, QUANTO A TERRA, uma condição toda favorável.
Essa região está no cone de sombra que a terra leva consigo, varrendo assim os
espaços interestelares, e no qual a luz solar jamais penetra diretamente; só, a Lua cheia aí se
reflete, quando da oposição dos luminares.
114
Concluímos que a luz física deve perturbar todos os seres diferentes de nós
quanto a sua essência, pois que, para os reunir, os acionar por seus ritos, o mago busca um
momento e realiza um ambiente natural onde essa mesma luz é cuidadosamente excluída.
Quem quiser, pois, lutar com armas semelhantes contra a ação maléfica das
entidades negras, terá a necessidade de buscar um momento e realizar um ambiente natural
que lhes seja essencialmente hostil.
115
Notemos que com o São João de Verão, a Páscoa é uma data anual importante
para toda obra teúrgica.
Páscoa é sempre num domingo, dia do Sol [sol dii] e o primeiro que segue a Lua
Cheia após o Equinócio de Primavera, momento anual e mensal onde por um lado a Lua
brilha com seu máximo esplendor, iluminando o cone de sombra, e pelo outro o Sol
chegando ao Carneiro celeste [signo de Áries], torna a subir o horizonte sideral.
Daí a lenda que quer que os Rosa+Cruz se reunam na cripta de uma Catedral ao
soar o meio-dia, no dia da Páscoa, vindos de todos os pontos do mundo dar contas de sua
missão.
∴
porão de acordo sobre sua definição exata e sua personificação. Ela entrará, entretanto, nos
elementos de tudo o que chamamos o Mal, a Ignorância, a Destruição, o Nada.
Em "Fausto", vemos Mefistófeles afirmar isto: "Eu sou o Espírito que sempre
nega, e isso com razão, pois tudo que existe merece ser aniquilado, e seria muito melhor que
nada existisse. Também, tudo o que denominais pecado, destruição, corrupção, doença, em
uma palavra: o mal é meu elemento!..."
Efetivamente, vemos pela experiência, que tudo o que é obtido por meio da
Magia comum [magia baixa, e não Teurgia] se torna geralmente, não importa quão boa seja a
intenção original, ao contrário dos interesses do pedinte e de terceiros misturados no caso.
Cedo ou tarde, as correntes utilizadas retomam sua verdadeira natureza e dão os frutos que
são os seus. "Quando mentimos e duvidamos, responde cinicamente o demônio de Fausto,
damos o que nos é próprio!...".
A pureza lhe é contrária. Todo pensamento puro emitido durante a noite encontra
uma resistência igual à violência de sua emissão, resistência que não existirá durante o dia.
Quem não sentiu seu domínio? O homem que se acorda durante a noite, pouco
após a meia-noite, se encontra em um estado diferente daquele no qual estava antes de
dormir. Ele será alvo de uma espécie de fraqueza psíquica que não sentia quando o sol
banhava o hemisfério com seus raios. A causa não é sua curta passagem no mundo do sono.
O sono oferece uma segurança absoluta. Mais uma porta foi fechada sobre esse exterior, que
permite ao ser se renovar. A má influência vem das próprias trevas, porque tudo o que
contém o cone de sombra da Terra, todos esses acúmulos de hostilidade e de ódio milenares,
se voltam contra os vivos.
O poder das tentações é noturno porque os refúgios do mundo, servindo ao
ciúme, agem sobre os homens para os fazer regredir. Então, os velhos desejos que se
acreditavam mortos despertam, pois eles encontram um alimento nas larvas ambiente, nas
formas pensamentos, ávidas de se objetivarem na aura do homem, nos elementos
semelhantes a eles, aos quais a matéria noturna empresta sua vida.
O cone de sombra da terra é de pequena extensão em relação à imensidade
sideral, mas é imenso em relação ao planeta. Ele é, nós o repetimos, o lugar de destruição, de
desagregação, das almas que são condenadas ao retorno ao nada, pela recusa de se
esforçarem, esforço salvador, da luta contra as forças que tentam afundá-las consigo. A
influência psíquica desse lugar de morte age sobre os vivos pela angústia, o desgosto, a
dúvida, e depois pelo desespero. Pois existem desesperos noturnos que não tem outro
remédio que a vinda da luz da Manhã.
Com a sombra da noite reina, pois, Satã, ou Azrael, deus da Morte. É por seu
poder que o sopro dos agonizantes é mais frágil nessas horas, e que eles cessam de respirar
mais continuamente do que nas partes diurnas do dia. Inconscientemente o povo leviano
denominou meia-noite "a hora dos Crimes...".
São essas horas que sempre foram escolhidas pelos sacerdotes do Reino
Tumultuoso, os seguidores do Baixíssimo, para perpetuarem os ritos de loucura, de crime ou
de estupro.
Mas Satã, ele mesmo não é mais do que uma imagem, um nome, jogado como
um ouro falso sobre o vazio, sobre o nada...
O cone de sombra é um abismo, defini-lo ou personificá-lo, ainda é atenuar o
horror de seu domínio.
118
A própria Lua, satélite da Terra, joga um papel equívoco a esse respeito. Se,
quando de sua oposição ao Sol, ela serve de refletor a luz solar, se então ela é o único
elemento suscetível de projetar uma claridade nas trevas do cone, ela mesma serve em outras
fazes de escudo interceptor a esse mesmo brilho solar.
É assim que a neomenia, ou conjunção do Sol e da Lua [lua nova] é uma data
mensal reservada as operações de magia baixa. Em efeito, nesse instante, a Lua intercepta o
brilho solar. Pois bem, o estudo da Astrologia demonstra o papel funesto jogado por esse
aspecto astral no destino humano, quanto aos acontecimentos e quanto às alterações morais
sofridas pela psiquê.
Isto se explica pelo fato que as benéficas influências solares não chegam mais
diretamente ao nosso globo. É o mesmo para todos os astros com os quais a Lua parece [no
Céu astrológico], estar em conjunção ou aplicar a essa conjunção. As qualidades físicas e
morais dadas pelo simbolismo planetário a cada um dos planetas serão viciadas pela
interposição do satélite, entre o astro e a terra [dizemos viciadas, quer dizer materializadas, e
não afáveis...].
Sobre a Lua, os videntes têm, às vezes, intuições curiosas, de acordo com a
observação astrológica e com a filosofia esotérica.
Catarina Emmerich, a célebre vidente, descreve assim a Lua:
"A Lua é fria e pedregosa, cheia de altas montanhas e gargantas profundas. Ela
exerce ciclicamente uma atração e uma pressão sobre a Terra. Então parece que os homens se
tornam melancólicos. Vejo nela muitos seres, cuja figura parece vagamente com a humana, e
que se refugiam sempre em sombras, diante da luz, no fundo das gargantas e das cavernas,
como se fugissem delas mesmas. Diria-se que a consciência as atormenta. Vejo isso com
mais freqüência para o centro da Lua. Aí não vejo mais o culto rendido a Deus" [1].
IV. - AS OPERAÇÕES
ABRAHAM ABULÁFIA
A. - Notas Preliminares
Em sua obra sobre a Kabala, Papus nos diz o seguinte, citando Kircher:
Para que a Oração tenha desde então uma maior potência, eles se servem do
NOME de Quarenta e Duas Letras, e, por Ele, pensam que obterão o que pedem. "[NOTA: O
Nome de 72 Letras é indicado na Árvore Kabalística de Kircher, dando os 72 Nomes, é
reproduzido após a página da capa da obra de Papus, A Cabala]". De fato se trata, de uma
verdadeira litania.
∴
Há 22 Nomes Divinos de três letras cada um, composto do iod e do hé, precedido
de uma das 32 letras do alfabeto hebreu.
Acrescentando as cinco letras terminais [kaph, mem, noun, phé e tsade], se tem
assim uma série de 27 Nomes Divinos, equivalendo as 28 Casas lunares.
Por outro lado temos que notar que se o alfabeto hebraico compreende 22
Consoantes, ele também tem 5 pontos vocálicos principais [não levando em conta suas
diversas nuâncias: longos, meio-longos, e breves, que não são mais que "finezas" variáveis
com os diferentes ramos hebraicos, muito provavelmente].
O Alfabeto Hebraico é na realidade - assim como todos os alfabetos orientais-
puramente lunar, pois que submisso ao número 27:
22 caracteres consonantais
5 caracteres vocálicos [vogais]
27 caracteres
Como Neschamah o Homem foi emanado. Mas essa "Centelha Divina" era
polarizada, havia um "Neschamah-macho" e um "Neschamah-fêmea". O Gênesis nos diz que
121
"Deus fez o Homem a sua imagem, macho e fêmea o criou. Somos então conduzidos a ver
em Adam Kadmon a presença de uma associação "Hokmah-Binah".
Depois ele se submultiplicou, dividido em uma série de seres igualmente
andróginos [provavelmente a Kabala nos dá aí a origem das Almas humanas andróginas, os
Iszchim do "Reino" de Malkuth].
Depois, após a Queda, essas Almas se materializaram e se desuniram, dando
nascimento aos indivíduos machos e fêmeas, da Humanidade carnal. Sua coletividade forma,
o Ser Humano terrestre, "O Homem Cósmico" animando o Mundo Material, em quem, por
essa polarização, mora a contradição, a dualidade. A Kabala conclui, pois, a Pré-existência e
a Reencarnação.
Observemos que a Forma de Adam Kadmon [Nephesh] não é a Matéria que os
nosso sentidos captam.
∴
O mais alto grau de existência suscetível de ser alcançado [há sete, que se
chamam no Zohar, os "sete Tabernáculos"], é o "Santo dos Santos", onde as almas vão se
reunir com a Alma Suprema e se completar umas pelas outras. Lá, tudo reentra na Unidade e
na Perfeição, tudo o preenche inteiramente. [Se trata do Universo total e não somente o
Universo material que os nossos sentidos controlam].
Mas no fundo desse "pensamento", a luz que se oculta nele, não pode ser nem
aprisionada nem conhecida; o que se consegue agarrar é o "pensamento" que daí emana. Por
fim, nesse estado, a Criatura não pode mais se distinguir do criador, pois o mesmo
"pensamento" os ilumina; a mesma vontade os anima. A Alma [coletiva?], tanto quanto Deus,
comanda, pois, ao Universo [visível e invisível], e o que ela ordena, Deus [o Deus "no
Mundo", quer dizer manifestado], Deus o faz.
O nome de Três Letras Emesh [formado das três letras mães: Aleph, Mem e
Schin], dá a Trindade dos Kabalistas :
Schin = Deus-Espírito = Neschamah
Aleph = Deus-Mediador = Ruach = Adam Kadmon
Mem = Deus-Universo = Nephesch
∴
122
"Aquele que ora deve se esforçar de ligar os Nomes por todos os laços de uma
meditação harmoniosa para seu objetivo. Todos seus desejos são então alcançados,
principalmente aqueles da Assembléia, mas também os individuais. O pedido que se deve
[1] - Os Iszchim, coro dos seres celestes, equivale às almas humanas glorificadas. É o segundo dos coros
angélicos.
dirigir ao Senhor é comumente composto de nove maneiras. Ele é feito alfabeticamente ou
pela evocação dos Atributos de Deus, que são: o Misericordioso, o Generoso, etc... [ver os
Nomes divinos do Korão, em paralelo]. Esses nomes são aqueles da década: Ehié, Yah, Yod -
Hé - Vau - He, Elohim, Jeovah Sabaoth, Shadai, Adonai. Ou ainda pela evocação dos dez
Sephiroth, começando por Malkuth, Yesod, Hod, Netzah, Tiphereth, Ghbourah, Hesed,
Binah, Hokmah, e terminado por Kether. Ou ainda pela Evocação dos Justos, que são os
123
Observemos que os Reis que se menciona aqui não são aqueles do Antigo
Testamento, personagens históricas e políticas!... Trata-se do que o Sepher entende sob essa
palavra e que vamos analisar.
Essa expressão de Reis é, em efeito, simbólica. É dito no Sepher Tzeniutha que
houve sete Reis que não puderam subsistir. Os "Treze Reis" representam o atributo das
misericórdias, oposto ao atributo dos Rigores, designado sob o nome de Sete Reis de Edom.
Os Treze Reis correspondem por uma parte ao Tetragrama [Yod Hé Vav Hé] e a suas doze
transposições.
Conforme o princípio que cada transposição [sirouph] dos 13 Havaioth contém
grande maravilhas e encerra segredos profundos, os Kabalistas estabeleceram certas
deduções de versículos, ou antes, de fragmentos de versículos, cujas palavras são compostas
por letras, que primeiras ou últimas, reproduzem sempre o Tetragrama sagrado.
É assim que a combinação Yod Hé Vau Hé contém misteriosamente as palavras:
"Ithallel Hamitallel Haçeketh v'iadeah" significando "que ele glorifique, Aquele que me
glorificou porque Ele tem a Inteligência e Ele me conhece...". As 4 primeiras letras dessas
palavras formam o Tetragrama.
Os Kabalistas observam que na Benção sacerdotal, relatada nos versículos 24, 25
e 26 do quarto capítulo de "Números", há treze yod. Eles simbolizam as "treze gotas de
bálsamo", noção imaginada relativa às qualidades da Misericórdia, exprimida pelos Treze
Reis.
∴
Assim, a respeito desses Reis simbólicos, é dito: "Quatro Reis vão ao encontro de
quatro Reis", quer dizer que as quatro letras do sagrado Tetragrama, Yod Hé Vau Hé se
entrelaçam com as quatro letras do nome sagrado de Adonai : Aleph Daleth Noun Yod.
Essas Oito Letras formam o Nome sagrado Yahadonai. Dispostas sobre o
octenário de maneira a formar uma cruz latina e uma cruz de Santo André postas uma sobre a
outra. Elas constituem então um Talismã ou Pantáculo de Benção Universal:
Por exemplo:
Yod
Aleph Daleth
Vau Hé
Yod Noun
Hé
124
Deixamos claro, pois, que, em nós, Ruach nos põe em contato com Malkuth,
porque estamos em Malkuth a "Mãe", Malkuth está em nós. Se nos reintegramos em seus
aspectos e planos superiores, entramos no vestíbulo do Divino. Pois que Malkuth está na
Dupla Inferior, ela está no Microprosopo. Assim a Mãe é una com o Pai, e nós também...
Como o Pai é um com o Ancião dos Dias, como estamos nele, estamos também com o
Ancião dos Dias.
Pois se recapitulamos as etapas de nossa Reintegração no divino, constatamos o
processo abaixo:
1°) - O Homem é uma redução do Universo, uma imagem de Deus. Levamos em
nós uma centelha emanada da "MÃE" [Malkuth]. Se animamos essa centelha, fazemos
penetrar em nós mesmos a essência divina da "MÃE" e a assimilamos. Quando a "MÃE"
está em nós, estamos por via de correspondência analógica, na Mãe.
2°) - Se a "MÃE" é una com o Filho [ou Pai], estando na "MÃE" estamos no
Filho, e a "MÃE" estando em nós, o Filho está também...
3°) - Se o FILHO [ou Pai] é uno com o PAI [ou Ancião dos Dias], quando o
FILHO está em nós, o PAI está também em nós. E se estamos no FILHO, estamos no PAI
igualmente...
Esses três postulados emanam da própria concepção da TRI-UNIDADE divina.
Pois, a chave de toda ascese reside na arte de despertar em nós a centelha
divina emanada da "MÃE". Como? Essa é a razão de ser dos capítulos que virão.
Lembremo-nos que em virtude das correspondências dadas no quadro da Pg. 46,
Ruach Elohim é sinônimo de Espírito Santo [Santo Espírito], e sinônimo da Mãe [Malkuth].
∴
O schema possui dois valores diferentes. Um é seu valor exotérico, o outro seu
valor esotérico.
O primeiro, o exotérico, repousa sobre o sentido espiritual que desperta em nós a
vibração de um determinado som.
a) - Cada som está intimamente associado a uma idéia que forma a sua
contraparte. Desde que evocamos em nosso mental um certo som, a idéia que a ele se liga
aparece imediatamente. Se mantemos constantemente na consciência uma mesma idéia
espiritual, o mental se desprende pouco a pouco de suas impurezas, sua natureza se afina e se
transmuta pouco a pouco em Fogo, saído de Malkuth, quer dizer fogo superior. Ruach, a
própria essência da "MÃE" brilha então em todo seu esplendor. O mental, composto de
essências sutis de substâncias invisíveis, vê agora o Schema restituir aos poucos a esses
elementos constitutivos, sua pureza primitiva.
b) - O schema estabelece em nós um novo campo de imantação espiritual.
Suscitando o despertar da energia espiritual, quer dizer despertando em nós a "MÃE" que aí
dorme, aceleramos e dirigimos ao mesmo tempo nossa evolução.
c) - Esse reflexo da "MÃE" que levamos em nós, essa centelha divina que emana
e se situa na extremidade inferior da coluna vertebral, na região dos órgãos geradores, agrupa
em um só feixe todas as energias diversas [consciente e inconscientes], que agem, cada uma
por sua conta, no mental. Ela lhes faz tomar então uma só direção.
127
Em efeito, se sabe que a Árvore da Vida, e seus Dez Sephiroth sustenta todo o
mundo da Emanação, toda a Criação celeste, todo o Universo material, e todo ser vivo.
conseqüentemente, a Árvore de reflete de maneira rigorosamente exata no Homem, "feito a
imagem de DEUS".
Ela se apresenta sob três caminhos diferentes. Um, equivalendo ao "Pilar do
Rigor", tem em si Binah, Geburah, Hod; o segundo equivalendo ao "Pilar da Misericórdia",
tem em si Hochmah, Choesed, Netzah. O último religa Dath, Tiphereth, Iesod. Nas
extremidades desses três caminhos, Kether e Malkuth marcam o limite extremo desse
peregrinar de Ruach Elohim. Esse pilar tem o nome de "Pilar do Equilíbrio" ou "Caminho
Real".
O verdadeiro despertar de Ruach e da espiritualidade tem lugar quando o dito
Ruach se eleva ao longo da coluna vertebral, passando pelo canal central dessa coluna
fluídica [sem relação com a medula espinhal], que constitui esse pilar central ou "Pilar do
Equilíbrio".
Na maior parte dos seres humanos, essa coluna tem geralmente seu centro
emissor na base da medula espinhal, adormecido, obturado, uma fraca derivação dessa
Energia MÃE passa, dormida, nos pilares alterais de Or-Hajaschor e Or-Hachoser. Ela se
manifesta aí como força vital compassando assim o funcionamento normal de nosso
organismo psicofisiológico. Então se diz que as "válvulas" psíquicas estão fechadas, e
nenhum resultado supranormal pode ser obtido em matéria de Teurgia, de Magia, ou mesmo
de Vidência ou Audição.
Enquanto a passagem central permanece fechada, Ruach permanece adormecida.
Às vezes, portanto, por uma razão qualquer, a Força de Malkuth se agita em nós, em seu
torpor sonolento e ela flui através de nossos "Sephiroth" interiores. Então, a mais ligeira
expressão dessa força é suficiente para iluminar momentaneamente a individualidade viva,
128
pois ela determina imediatamente uma elevação notável de nível de consciência. Mas esse
impulso de "seiva espiritual" no grande vegetal humano desencadeia apenas um fenômeno
acidental e passageiro, pois ele se efetua pelos "Pilares" laterais da Árvore Sephirótica: Or-
Hajaschor à esquerda e Or-Hachoser à direita, de cada lado do "Pilar" central.
Não contemos, pois, com esse método para obter grandes resultados espirituais.
O verdadeiro caminho de Ruach Elohim é o que vai de Malkuth a Kether, passando por
Iesod, Tiphereth e Dath.
Se, ao contrário, a individualidade foi, toda inteira, purificada por uma estrita
disciplina moral, a fórmula sagrada ou schema, age diretamente, por sua repetição, sobre o
canal central que se abre então por inteiro, e a Energia espiritual da "MÃE", que estava
literalmente bloqueada no centro psíquico mais baixo, equivalendo a nosso "Malkuth"
interior, circula então livremente de uma extremidade a outra do "Pilar do Equilíbrio".
É então que tem lugar as "Núpcias do REI e da RAINHA", as Núpcias de Melek
e de Malkah, o "Noivado" do Microprosopo e da Virgem.
E se nos debruçamos sobre os antigos grimórios que tratam da Alquimia,
operativa ou espiritual [Arquimia], constatamos que glossário utilizado pelos antigos
mestres é exatamente aquele dos Kabalistas...
Quando Ruach Elohim, isto é, a Energia divina emanada da MALKUTH celeste,
se põe em movimento pelos diversos pilares, ela se detém em diferentes etapas dessa
ascenção, ilumina ativando o brilho energético, dos diferentes centros de consciência [ou
Sephiroth humanos] mais e mais elevados.
Quando Ruach se eleva assim nos pilares laterais [e mesmo às vezes aquele o
centro], ela faz geralmente nascer uma sensação de calor, de cócegas na região espinhal, ou
às vezes mesmo audições e visões subjetivas. Não se deve dar importância a esses
fenômenos, puramente inferiores. Somente devemos reter, aqueles obtidos nas Operações
completas, como as Evocações das grandes deidades.
Nessas experiências iniciais, é necessário não ver mais que reações particulares
engendradas pela subida da Energia da "MÃE" subindo através de nossos Sephiroth
interiores e nos dois pilares laterais. Não imaginemos que experiência espiritual se adquire
tão facilmente.
Não é mais que com a continuação de esforços laboriosos, perseverantes,
apoiados por uma disciplina inflexível, contendo uma castidade completa e uma existência
moral muito elevada, que nossa organização sephirótica interior se tornará sensível às
vibrações sutis do schema, os quais operarão sobre a "Via Real", de Malkuth a Kether por
Iesod e Tiphereth, e que ela entrará em contato interior isso por correspondência
analógica...
O valor do schema do ponto de vista esotérico, repousa inteiramente sobre a
certeza tradicional que ele é um elemento objetivo que pode assegurar nosso
desenvolvimento espiritual. O que devemos entender por isso?
Quer o schema seja exprimido por uma palavra, quer seja por uma Pantáculo,
não é outra coisa que o próprio Deus, manifesto de duas maneiras diferentes. Para um
Católico, a Hóstia consagrada não é um "símbolo", mas o corpo real do Salvador. Para um
Tântrico, o Yantra, a quem ele rende culto de adoração regido por um minucioso ritual, é
igualmente uma efígie divina, um "veículo". Acontece o mesmo para o Kabalista com o
"Nome Divino" em tanto que palavra, figurada em um Pantáculo, são "veículos" do Divino.
Daí a necessidade de uma consagração anterior de seu suporte [pergaminho virgem,
129
geralmente] e não posterior a seu traçado... pois a consagração última está incluída no
próprio fato de nele traçar o Nome Sagrado [de onde a necessidade de um pureza perfeita do
suporte e de um dinamismo anterior da energia que aí reside naturalmente]. A vitalização do
Pantáculo é a repetição da fórmula nele incluída. E o despertar da vida oculta que reside no
Nome Divino que está traçado nele é uma operação diferente da consagração do suporte.
Não é depois de seu emprego que se consagra a pena, pergaminho, ou objeto
rituais, mas antes.
∴
Durante sua ascenção sobre o "Pilar Central", Ruach Elohim invade os diferentes
Sephiroth que estão ao longo desse reflexo da Árvore da Vida que levamos em nós. Na
medida em que ela sobe, para centros e níveis superiores de consciência, estes se iluminam e
se ascendem. Ruach vai se situando em níveis cada vez mais altos, alcançando por fim o
centro supremo, o Kether humano...
Chegamos agora ao Não Manifestado, que é a base da manifestação, o suporte do
mundo sensível. É então que do ponto de vista microcósmico, o Grande Arcano se desvela!
Se realiza o substratum da manifestação! Quando nosso Ego passa por todas as etapas da
purificação, e termina por se dissolver inteiramente, a forma do Eloi diretor se funde no
Impessoal. A união se realiza no Sephiroth mais elevado e então micro e macrocosmo
passam a ser um só.
Quando o Kabalista retorna ao plano de Malkuth de Asiah, ele perde o
sentimento do meu, que possuia antes. Desde então, em qualquer Sephiroth interior que
Ruach possa temporariamente se localizar, ele sabe que a manifestação se reflete aí em parte
ou em sua totalidade. Por toda parte, ele encontra Malkah, a "MÃE" divina, e é ela que se
olha em cada aspecto do Universo.
130
O Oriente em sua sabedoria, não tem outra escola que essa meditação adoradora
e perseverante. E o Bhagavad Gita é ainda mais generoso que nós: "É pela meditação que
alguns aspirantes chegam a contemplar o SER UNIVERSAL, dentro deles mesmos e através
do Ser individual. Outros chegam ao mesmo, pelo conhecimento ou pela Ação. Mas outros
ainda, incapazes de seguirem uma dessas três vias, praticam simplesmente a Religião que
lhes foi ensinada. E esses também vão além da Morte, pois eles tomam com supremo a
Divindade da qual ouviram simplesmente falara..." [Bhagavad gira: XIII, 24,25].
Seríamos incompletos e nosso perigoso, se não assinalássemos um perigo real no
despertar da Energia Mãe, na subida de Ruach Elohim.
Continuamente, apressados para termos uma "experiência pessoal", a explosão de
um sentimento violento nos dá uma ilusão particularmente nociva. Um fenômeno qualquer se
produz, podemos nos enganar pensando que foi uma realização espiritual que na realidade
não se deu.
Em efeito, enquanto a purificação da efetividade não for terminada - e isso, só a
prática da verdade e da continência conseguem - devemos sempre temer o perigo de uma
elevação de consciência prematura. Por um incidente fortuito, força emotiva que se exerce e
uma das Sephiroth superiores de nossa Árvore pessoal pode, como uma avalanche, descer
bruscamente sobre um Sephiroth inferior suscitando aí a excitação anormal de reflexos
animais, e suas "lembranças" biológicas. Para vencer essa prova, o Kabalista deve apelar
para toda sua energia moral e a Providência Divina.
Geralmente, quando uma iniciação muito potente, ou pela qual tínhamos uma
afinidade particular, desperta em nós o centro de Tiphereth, ou Kether [iniciações se dando
por unções ou choques sobre o cimo da cabeça, sobre a fronte ou sobre o peito], somos a
seguir submetidos a um período mais ou menos longo de tentações e de provas morais de
toda espécie. Nos imaginamos então vítimas de toda uma legião de demônios tentadores! [há
por outro lado uma certa verdade oculta nisso...] Essa provas se manifestam geralmente por
três dos principais "pecados capitais", o orgulho, a cólera e a luxúria. Isso porque Ruach
Elohim foi imprudentemente despertado e ele, por sua vez, acelerou de maneira anormal o
"brilho" de um dos últimas Sephiroth interiores : Iesod.
Esse se liga aos centros sexuais, e estes estão ligados ao orgulho, [exageração da
virilidade], cólera [exageração da combatividade], e a luxúria [exageração da afetividade].
Alguém familiarizado com a psicologia, um psicanalista, nos compreenderá melhor que um
131
simples moralista" Que o leitor não despreze esse aviso; o autor desta páginas conheceu "a
passagem estreita" de que fala aqui! Ele fala por experiência...
O método que vamos expor repousa essencialmente sobre o laço que une o
Pensamento aos Órgãos corporais.
Por um lado, ele utiliza ao máximo, e além do que não está habituado a fazer, a
ação desse Pensamento sobre os Órgãos corporais. [um aspecto é o domínio de si próprio].
Por outro lado, ele utiliza, tanto quanto é possível, esse corpo para o
desenvolvimento e a cultura de dito Pensamento. O princípio fundamental que deve ser
retido é, pois, a homologia do Psíquico e do Físico.
Os místicos concentram, durante anos, seu espírito, sobre um mesmo objetivo:
imagens, idéias, etc... de sua religião, Essa concentração é voluntária e acompanhada de
idéias das mais elevadas. Um fenômeno comparável à alucinação se produz então: a Visão.
Mas porque essa concentração foi voluntária, o místico permanece, em uma larga escala,
senhor desta visão. E, porque essa concentração se deu sobre objetivos os mais elevados
possíveis, a Visão desenrola diante de seus olhos espetáculos grandiosos, que nada pode
igualar.
Pois, não esqueçamos, se a faculdade de concentração é em grande escala,
hereditária, racial, o tema sobre o qual se exercerá essa concentração mental não é! Daí a
possibilidade absolutamente desorientadora, em um mesmo tema, ou de se tornar um
desequilibrado pelo fato de nutrir uma "idéia fixa", banal, materialista, e ser obsedado, ou de
se agarrar a uma "imagem" metafísica, que o levará tal como um navio, para as "regiões"
transcendentais onde se percebe a presença do ABSOLUTO...
Desde agora, precisemos que as "imagens" que podem servir para esses
exercícios de concentração mental são inumeráveis, que o Kabalista terá interesse em utilizar
somente as já vitalizadas por um uso tradicional e secular. Essas são os "conceitos
vitalizados"...
Observemos igualmente que a cor é importante. O vermelho, sobretudo o
púrpura, ou o carmesim tem sobre a vida psíquica uma ação tonificante, excitante. Por outro
lado, a cor azul é calmante adocicante. Teremos ocasião de voltar sobre esse assunto.
Mas o que é necessário antes de tudo obter, é a luminosidade das "imagens".
Deveremos vê-las iluminadas pelo interior. Como se elas mesmas emanassem essa
132
luminosidade. Jamais as deveremos ver sombreadas por uma iluminação problemática vinda
da esquerda ou da direita...
O problema da luminosidade das "imagens" é muito importante. Nossa ciência
faz da luz uma vibração eletromagnética, da qual a eletricidade é a base da estrutura e do
equilíbrio de toda molécula. O gosto crescente pela vida ao ar livre, os banhos de sol,
representa um retorno instintivo para essa Luz material, imagem da Luz Metafísica...
Quanto à identidade entre o "Deus interior" reunido pela concentração mental
sobre uma "imagem", e a própria Luz obtida por essa concentração, se pode reencontrar
exposto por todos os fundadores de religião, se, despojamos os textos de todas as
interpretações secundárias, que as tomam em seu sentido literal. Pois as Escrituras nos dizem
que "Deus é um Fogo devorante", o Korão diz que o crente deve imaginar "Deus como uma
Luz na Luz", e o Evangelho de João: "...Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos
Homens...".
A combinação meditação/respiração foi introduzida na Kabala por Abraham
Abuláfia que, também acrescentou o segredo das atitudes [posturas] e gestos, como na Yoga.
Porque, no centro dessa auto-educação a respiração rítmica vem ter um lugar
preponderante? Porque ela une todos os mecanismos principais: ação fisiológica sobre a
circulação, principalmente sobre as mudanças químicas, não somente pulmonares, mas antes
de mais nada, nos tecidos. Grande plasticidade do ritmo, da escolha do pensamento,
homólogo com o ato respiratório.
Por fim, a respiração, função característica da Vida, que nos religa sem
interrupção ao meio no qual vivemos, é ao mesmo tempo a única função de nossa vida
vegetativa sobre a qual nossa vontade pode agir em tão larga medida.
A função respiratória estabelece a ligação entre nossa vida de relação e nossa
vida vegetativa, ela tem, pois, no domínio do corpo, lugar primordial. Pelas modificações
que trazem os modos respiratórios às mudanças químicas dos tecidos pelo aumento das
trocas energéticas, o Cérebro se encontra em condições excepcionalmente favoráveis durante
a duração dos exercícios de elaboração dos pensamentos.
Consagração do Círculo
"Os Céus cantam a Glória de Ioh, e o Espaço infinito denuncia a Obra de Suas
Mãos!
O Dia lança sua palavra ao dia que segue, e a noite dá sua Ciência a outra noite.
Eles não falam nem discursam, e, no entanto, sua voz é claramente
compreendida.
O som dessa voz invadiu toda a Terra e essa palavra vai até os últimos confins do
Universo...
No Sol, Ele colocou sua tenda, e é Ele mesmo que sai, como um Esposo fora de
sua Câmara nupcial.
Ele parte da extremidade do Céu, como um gigante que se lança para socorrer
seu caminho.
E seu curso vai até a outra extremidade do Céu; e não há ninguém que possa
escapar a Seus ardentes raios.
A Lei de Adonai é pura, ela converte as almas, o testemunho do Senhor é fiel, ele
dá a sabedoria aos pequenos.
As justiças de Adonai são retas, elas alegram todos os corações, o mandamento
do senhor é puro, ele ilumina a todos os olhos.
O temor de Adonai é santo, ele dura eternamente; os julgamentos do Senhor são
cheios de verdades; eles se justificam por si próprios.
Eles são mais desejáveis que o Ouro e as pedras preciosas; mais doces que o mel
e seu doce favo.
Pois Vosso Servidor os guarda com cuidado; ao guardá-los, a recompensa é
bela...
Quem conhece bem suas faltas? Purifica-me daquelas que são ocultas e guarda
Vosso servidor das do semelhante.
Se pelas minhas não me deixo dominar, então serei sem mancha; pelo menos
serei puro de todo pecado grave.
E as palavras de minha boca conseguirão vos agradar, e o pensamento de meu
coração estará sempre convosco!...
Adonai, sede meu auxílio, sede meu redentor".
"Em Adonai, ponho minha confiança! Como podes dizer a minha alma: passa
além dos montes como o pássaro?
136
Pois eis que os pecadores retesam seus arcos, colocam suas flechas nas cordas,
para as lançar, nas trevas, contra aqueles que têm o coração reto...
Eis que eles destroem Vossa Obra perfeita, ó Iah; durante esse tempo, que fará o
justo?
Adonai é seu santo Templo, Adonai no Céu tem seu trono. Seus olhos olham para
o pobre abandonado; suas pálpebras interrogam os filhos dos Homens.
Adonai interroga o Justo e o Ímpio; quem quer que ame a iniquidade é o maior
inimigo de sua alma.
Sobre os pecadores, choverão as armadilhas, o Fogo e o Enxofre; eo Espírito das
Tempestades será a parte de seu cálice.
Pois ele é Justo, Adonai, e ama somente a Justiça. Seu rosto só vê a Equidade".
INVOCAÇÃO DIÁRIA
137
Dia Lunar da Nome divino em Nome Divino em Latim Letra Nome Divino em
Operação Hebraico Hebraica Português
1°-[domingo] Elohim Eheieh Infinitus Aleph Essência Divina
2°-[segunda] Elohim Bachour Electus Juvenis Beth Escolhido
3°-[terça] Elohim Gadol Magnus Guimmel Grande
4°-[quarta] Elohim Dagoul Insignis Daleth Notório
5°-[quinta] Elohim Hadour Formosus Majestosus Hé Magnífico
6°-[sexta] Elohim Vesio Cum splendore Vaw Esplêndido
7°-[sábado] Elohim Zakai Purus Mundus Zain Puro
8°-[domingo] Elohim Chesed Misericors Heth Misericordioso
9°-[segunda] Elohim Theor Mundus Purus Theth Limpo
10°-[terça] Elohim Iah Deus Iod Divino
11°-[quarta] Elohim Kabir Potens Caph Potente
12°-[quinta] Elohim Limmud Doctus Lamed Sábio
13°-[sexta] Elohim Maborak Louangé Mem Bendito
14°-[sábado] Elohim Nora Formidabilis Noun Temível
15°-[domingo] Elohim Somek Fulciens firmens Samesh Que sustenta
16°-[segunda] Elohim Hazaz Fortis Hain Forte
17°-[terça] Elohim Phodek Redemptor Phé Liberador
18°-[quarta] Elohim Tsedek Justus Tzade Justo
19°-[quinta] Elohim Kadosh Sanstus Coph Santo
20°-[sexta] Elohim Rodeh Imperans Resch Que comanda
21°-[sábado] Elohim Shadai Omnipotens Schin Onipotente
22°-[domingo] Elohim Teguinah Gratiosus Tau Favorável
Felizes aqueles que são integrados em suas Vias, e que caminham segundo o
Eterno... Felizes aqueles que guardam seus preceitos, que o buscam com todo o coração, e
não cometem iniqüidade, e que caminham em suas Vias!... Tu prescreveste Teus
mandamentos, para que os observemos com cuidado. Possam minhas ações serem regradas, a
fim de que eu guarde Tuas leis... Então, eu não me envergonharei diante de teus
mandamentos... Eu Te louvarei na retidão de meu coração ensinando as leis de Tua justiça.
Pois eu quero conservar teus ensinamentos! Não me abandones inteiramente...
Faz o Bem a Teu Servidor, afim de que eu viva... E que eu observe Tua Palavra...
Abre meus olhos, a fim de que eu contemple as maravilhas de Tua Lei! Eu sou um estranho
sobre esta terra, não me oculte Teus... Minha alma está quebrada pelo desejo que sempre a
leva para Tuas Leis; Tu ameaças os orgulhosos, esses malditos que se afastam para longe de
teus ensinamentos... Alivia-me da humilhação e do desprezo, pois eu observo Teus preceitos.
Vários príncipes sentam e falam contra mim... Teu servidor medita Teus Mandamentos, Teus
preceitos fazem minhas delícias, e esses são meus Conselheiros...
Minha alma está ligada ao pó, devolve-me a Vida conforme Tua Palavra. Eu
proclamo minhas intenções e Tu me atendes; ensina-me Tuas Leis! Faz-me compreender o
caminho de Tuas prescrições e eu meditarei sobre Tuas maravilhas... Minha alma chora de
aflição, ergue-me segundo Tua Palavra, afasta de mim o Caminho da Mentira, e dá-me a
graça de seguir tua Lei... Eu escolhi o Caminho da Verdade, eu ponho Tuas Leis diante de
139
meus olhos, eu me uno a Teus preceitos... Eterno! Não me tornes confuso, pois eu me adianto
no Caminho de Teus mandamentos, pois que tu agrandas meu coração...
Ensina-me ó Eterno, o Caminho de Tuas Leis, para que eu o retenha até o fim...
Dá-me a Inteligência, para que eu olhe Tua Lei, e que eu a observe com todo meu coração...
Conduz-me no Sendeiro de Teus mandamentos, pois eu o amo... Inclina meu coração para
Teus preceitos e não para o ganho... Desvia meus olhos da visão das coisas vãs, e faz-me
viver em Teu Caminho...Cumpre por Teu Servidor Tua promessa, que é para os que Te
temem... Afasta-me da humilhação que eu temo, pois Teus julgamentos estão cheios de tua
Bondade. Eis que eu desejo praticar Teus ensinamentos, faz-me, pois viver segundo Tua
justiça...
²
Eterno, que tua Misericórdia venha sobre mim... Tua salvação seja segundo Tua
promessa... E eu poderei responder Àquele que me ultraja... Pois confio em tua Palavra. Não
tires inteiramente de minha boca a palavra de Verdade, pois eu tenho esperança em Teus
julgamentos. Eu conservarei constantemente Tua Lei, para sempre, perpetuamente; eu
caminharei na amplidão, pois busco tuas ordenações. Eu falarei de teus preceitos diante dos
Reis e não ruborizarei. Fiz minhas delícias de teus Ensinamentos, os amo, e quero meditar
Tuas leis...
²
mandamentos. As armadilhas dos Maus me rodeiam, mas eu não esqueço Tua Lei. No meio
da Noite, eu me levanto para cantar Tuas louvanças... Por causa dos julgamentos de Tua
justiça sou o amigo de todos aqueles que Te temem e de todos aqueles que conservam teus
ensinamentos... A terra, ó Eterno, está cheia de tua bondade; ensina-me, pois, Teus
mandamentos...
²
Tu fazes o bem a teu servidor, ó Eterno, segundo tua promessa! Ensina-me, pois,
a Sabedoria e a Inteligência, pois eu creio em Teus ensinamentos. Antes de ter sido
humilhado, eu me extraviei. Mas agora, eu observo tua Palavra... Tu és bom e benfazejo,
ensina-me, pois, Teus mandamentos. Os orgulhosos imaginam falsidade contra mim, mas eu
conservo em meu coração Todos Teus ensinamentos. Eu faço de Tua Lei minhas delícias, e é
bom para mim ser humilhado para que aprenda teus mandamentos. Mais vale para mim a Lei
de Tua boca que mil objetos de ouro e de prata.
Tuas mãos me criaram, elas me deram a forma! Dá-me, pois, a Inteligência para
que eu aprenda teus mandamentos. Os que Te temem me vêem e se rejubilam, pois eu espero
em Tuas promessas. Eu sei, ó Eterno, que teus julgamentos são justos; é por fidelidade que tu
me humilhastes. Que Tua Bondade seja, pois, minha consolação, como tu prometeste a teu
servidor! Que Tuas compaixões venham sobre mim como um bálsamo para que eu viva, pois
Tua Lei faz minhas delícias e minhas alegrias! Que eles sejam confundidos, os Orgulhosos
que me oprimem sem causa. Eu medito sobre Tuas Ordens. Que eles voltem então para mim,
aqueles que te temem e aqueles que conhecem Teus preceitos! Que meu coração seja sincero
em teus mandamentos, a fim de que eu não seja coberto de confusão.
Minha alma languiu após Tua salvação, e eu espero em Tua promessa. Eu disse:
"Quando me consolarás?" Pois, além disso, eu estou como vazio na fumaça... eu não esqueço
Teus mandamentos; qual é o número dos dias de teu servidor? Quando farás justiça aos que
me perseguem? Os Orgulhosos cavam fossos diante de mim. Eles não agem conforme Tua
Lei. Todos teus mandamentos são fidelidade. Eles me perseguem sem motivo; socorre-me!
Eles falharam ao tentarem me abater e me aniquilar; mas eu não abandonarei Tuas ordens.
Dá-me a vida segundo Tua Bondade, afim de que eu observe os preceitos de tua Boca...
²
141
Para sempre, ó Eterno, Tua Palavra subsiste nos Céus, e de geração em geração,
Tua fidelidade subsiste. Tu fundamentaste a Terra e ela permanece firme. É conforme Tuas
Leis que tudo subsiste hoje em dia. Pois todas as coisas te são sujeitas. Se Tua lei faz minhas
delícias, serei então reduzido em minha miséria. Eu não esquecerei tuas ordens, pois é por
elas que Tu me dás a vida. Eu sou para Ti, salva-me! Pois eu busco teus mandamentos. Os
maus me esperam para me fazerem perecer. Mas eu estou atento a Teus preceitos, eu vejo os
limites de tudo o que é perfeito, mas Teus mandamentos não têm limites...
Como amo Teu ensinamento! Todo dia, ele é o motivo de minhas meditações!
Pois Teus mandamentos me tornam mais sábio que meus Adversários. Eu os tenho sempre
comigo, eu sou mais instruído do que todos aqueles que foram meus Mestres, pois Teus
preceitos são o objeto constante de minha meditação. Eu tenho mais inteligência que os
velhos, pois observo tuas ordens. Eu retenho meu pé longe de todo mau caminho, a fim de
guardar Tua Palavra. Eu não me afasto de tuas leis, pois és tu que me ensina. Que tuas
Palavras sejam, pois, doces a meus lábios, mais ainda que o mel para minha boca!... Por Teus
ensinamentos, eu adquiro a Inteligência, assim como odeio todo Caminho de mentira...
Tua Palavra é como uma Lâmpada a meus pés, como uma Luz sobre meu
Sendeiro! Eu juro, e manterei a palavra, de sempre observar as leis de Tua justiça. Eu estou
bem humilhado, Eterno, dá-me, pois, a vida segundo Tua Palavra, e aprova, ó Eterno, os
sentimentos que exprimem minha boca. Ensina-me Tuas Leis, minha vida está
continuamente exposta. Os maus me estendem armadilhas, mas eu não me afasto de tuas
ordens. Teus preceitos são sempre minha herança, eles são a alegria de meu coração. Eu
inclino meu coração à prática de Teus mandamentos, sempre até o fim do Mundo...
Eu detesto os homens indecisos, e amo Tua Lei! Tu és meu asilo e meu escudo;
eu espero em Tua presença. Afasta-me dos Maus, afim de que eu observe os mandamentos de
meu Deus! Sustenta-me conforme a Tua promessa, afim de que eu viva, e não me tornes
confuso em minha esperança. Sede meu apoio, para que eu seja salvo, que eu me ocupe sem
cessar de Teus mandamentos! Tu desprezas a todos aqueles que se afastam de Teus
ensinamentos, pois seu embuste é sem efeito! Tu arrebatas como da espuma todos os Maus
142
da Terra; é por isso que amo Teus preceitos. Minha carne se arrepia de terror que Tu me
inspiras, e eu temo Teus julgamentos...
venho antes que as vésperas e abro os olhos para meditar Tua Palavra. Escuta-me, pois,
segundo tua Bondade, dá-me a vida segundo Teu julgamento... Eles se aproximam, aqueles
que perseguem Crime, eles se afastam da Lei. Tu estás próximo, no entanto, ó Eterno, e todos
Teus mandamentos são a Verdade... Desde muito tempo, eu sei Teus preceitos que Tu os
estabelecestes para sempre...
Vede minha miséria, e livra-me! Pois eu não esqueço Tua lei, defende, pois,
minha causa e resgata-me... Devolve-me a vida segundo Tua promessa, a salvação está longe
dos Maus, pois eles não buscam Teus mandamentos. Tuas compaixões são grandes, ó Eterno!
Devolve-me a vida segundo teus julgamentos! Meus Perseguidores e meus Adversários são
numerosos, eu não me afasto de Teus preceitos, no entanto... Vejo com desgosto os traidores
que não observam Tua palavra. Considera que amo Tuas ordens. Eterno! Devolve-me a vida
segundo Tua Bondade, O fundamento de Tua Palavra é a Verdade, e todas as leis de Tua
Justiça são eternas!...
Os príncipes me perseguem sem causa; mas meu coração treme somente para
Tuas Palavras. Eu me alegro de Tua Palavra como aquele que encontra um grande tesouro.
Eu odeio, eu detesto a Mentira, e amo Tua Lei. Sete vezes ao dia A celebro, por causa das leis
de Tua justiça. Há muita paz para os que amam Tua lei, e não lhes chega nenhuma desgraça.
Eu espero em Tua Salvação, ó Eterno, e pratico Teus mandamentos. Minha alma observa
Teus preceitos, e eu os amo de todo meu ser. Guardo cuidadosamente tuas instruções, pois
todos meus Caminhos estão diante de Ti!...
Tau. ELOHIM TEGUINAH ! Deus que está a Favor ! 22º Dia Lunar.
Que meu grito venha até a Ti, ó Eterno! Dá-me a Inteligência, segundo Tua
promessa. Que meus lábios declarem tua louvança, pois tu me ensinas Teus mandamentos.
Que minha língua cante Tua Palavra, pois todos Teus mandamentos são Justos. Que Tua mão
venha ao meu auxílio, pois eu escolhi Teus mandamentos. Eu suspiro buscando Tua salvação,
ó Eterno! E tua lei faz minhas delícias. Que minha alma viva, pois que ela Te louve, e que
Teus julgamentos me sustentem... sou errante como a ovelha perdida, busca pois Teu
servidor! Pois eu não esqueço Teus mandamentos...
∴
144
d) A GRANDE OPERAÇÃO
I . - Da Eleição do Lugar
∴
145
[1]- Se trata da Páscoa do Antigo Testamento, ou seja, a Lua Nova do Signo de Áries [aparição do crescente].
O Robe.
Nas prescrições de Martinez de Pascallis, ele é de linho branco, caído até o chão,
com um bordado vermelho fogo na base, em redor das mangas, e um cinto da mesma cor.
No Ritual de Avignon, ele é de seda carmesim, recoberto de uma alba indo até os
joelhos, que é em renda branca. Não tem cinto.
No Ritual de Abramelin, o Robe se limita a ser uma Veste de seda carmesim e de
ouro. Ele cai até os joelhos. O cinto é da mesma cor.
No Ritual dos Elus Cohen, o Operador está com a cabeça nua.
No Ritual de Avignon, ele leva uma Mitra "baixa" dourada.
No Ritual d Abramelin, o Operador leva uma faixa frontal, da largura de uma
mão, de seda carmesim e ouro.
O Operador que seguir as prescrições de Dom Pernety [Ritual dos Iluminados de
Avignon], levará, além disso, fixo em sua mitra, uma placa de ouro [na falta pode ser de
prata], triangular, na qual estará gravado em caracteres hebreus a palavra "KAES", [Caph,
Aleph, Hé, Schin].
Será bom ter um robe de chambre branco e limpo, de linho, que se colocará para
penetrar no Oratório e que somente terá essa finalidade. Ele será guardado no Armário
quando se estiver vestido com as vestimentas ritualísticas descritas acima.
Todo esse vestuário será completado por Sandálias, de corda ou de tela grossa. O
Ritual Cohen precisa que as solas devem ser de cortiça.
DAS CERIMÔNIAS
∴
Na primeira manhã após a Páscoa, se tendo lavado ou banhado completamente,
tendo posto as vestimentas novas ou o robe de chambre definido no presente Ritual, penetrar
no Oratório um quarto de hora antes de nascer o sol.
Se ajoelhar diante do altar, e, frente à janela ou à porta dando sobre a elevação do
terreno, invocar o Nome do Senhor. Agradecer suas graças, se humilhar, lhe pedir o perdão
por suas faltas e erros, implorar sua benevolência, e sua bondade par que ele vos envie seu
Santo Anjo, e que vos sirva de guia no Verdadeiro Caminho, afastado de todo pecado de
inadvertência, de ignorância e de fraqueza.
Essa oração é assim repetida durante as duas lunações, a cada manhã, na aurora,
mesmo em caso de doença do Operador. Os direitos do casamento são autorizados durante
esses dois meses.
A cada sabat [ou seja, o sábado para os judeus, o domingo para um cristão, a
sexta-feira para o maometano] incensar o altar, trocar de vestimentas para a jornada, após as
ter escovado e perfumado. Dar esmola para uma ação de caridade durante o dito dia.
Nesses dois últimos meses antes da Grande Evocação, em cada um dos dias se
fará três Orações no lugar de duas. Elas têm lugar um quarto de hora antes do nascer do Sol,
um quarto de hora antes do meio-dia, um quarto antes do deitar do Sol.
Se purificará as mãos e o rosto com água lustral, ao entrar no Oratório, e antes de
recitar as Santa orações, se dirá uma para a confissão e o perdão dos pecados.
Pede-se ardentemente ao Senhor a graça de desfrutar e resistir a presença dos
Santos Anjos, e que ele se digne, por seu intermédio, nos dar a secreta sapiência. A oração é,
pois, ainda mais longa que a das lunações precedentes. Acendendo o incenso antes da cada
oração, se fará conhecer, por uma breve Prece apropriada, que esse incensamento é feito em
nome do Senhor, a sua glória, e se pedirá aos Santos Anjos para estarem presentes e
assistirem desde então as operações durante essas duas luas.
147
O melhor é orar com o coração, por isso, se deve estudar as Santas Escrituras. O
Eterno iluminará o espírito do Operador para esses fins, o Santo Espírito lhe penetrará pouco
a pouco.
A ato sexual é interdito nessas duas últimas lunações.
Prescrições Gerais
Viver tão isoladamente quanto possível; não se irritar durante esse seis meses.
Após as principais alimentações, estudar as Santas Escrituras, a Kabala, durante umas duas
horas. Após a oração da manhã, se pode dormir novamente um pouco. O que jamais se deve
fazer, sob pretexto nenhum, é interromper as Orações cotidianas.
O quarto de dormir deverá estar se possível ao lado do Oratório. Ele estará
sempre limpo, bem arrumado, mas se evitará aí todos os objetos de decoração profanos.
Freqüentemente se queimará perfumes nele. A cama será arrumada pelo Operador, que
mudará os lençóis a cada vigília do sabat, e nessa ocasião, incensará o quarto.
Essas prescrições são válidas durante as seis lunações.
Sobre as orações, se observará com cuidado que as orações das duas primeiras
lunações [Áries e Touro], são Preces preparatórias. Se pedirá ao Senhor para nos enviar seu
Santo Anjo, a fim de que ele nos guie no verdadeiro caminho, e nos proteja de toda fraqueza.
Nas orações das duas lunações seguintes [Gêmeos e Câncer], se pedirá a Deus para nos
instruir por seus Santos Anjos. Nas duas últimas luas [Leão e Virgem], se pedirá ao Senhor
para nos dar a força de desfrutar da presença de seus Santos Anjos, de ter a força de alma
para resistir essa presença, de nos dar por seu intermédio a secreta sapiência, e aos próprios
Anjos, de estarem presentes e assistirem o Operador, ainda que invisíveis.
Enfim, quando da Grande Evocação, se pede somente sua aparição sob uma
forma ou outra [rosto, silhueta humana, glória, luz sobrenatural, etc...].
D) A Consagração
Tendo por fim passado as duas últimas lunações, o Operador chegou ao fim de
sua longa ascese. A Lua Nova do Equinócio de Outono, termo e data da Grande Evocação
começa.
Na manhã do primeiro dia da Lunação de Libra, se orará como na vigília, mas
com os pés descalços. Como habitualmente se porão brasas no Incensário. Se revestirá a
Roupa prescrita, se depositará a Baqueta de amendoeira sobre o altar, ao longo, diante a
Lâmpada e o Incensário, e diante da Baqueta, o frasco com Óleo de Unção.
Se jogará uma boa quantidade de perfume sobre as brasas, e se ajoelhando orará
assim:
148
E) Da Convocação do Anjo
Incensário, e se ajoelhe diante do altar, sobre o qual se terá depositado uma placa de prata.
O Operador tendo a cabeça coberta com um véu negro, se humilhará com um grande fervor
até que apareça um esplendor extraordinário, que será acompanhado por um perfume
inexprimível. A criança então verá o Anjo. Se pedirá então ao Anjo para "assinar" e escrever
sobre a lâmina de prata, o sinal de sua "convocação" e todas as instruções necessárias a sua
aparição. Depois o Anjo desaparecerá, mas ficará o esplendor. A criança deve pegar a placa
de prata. Então se sairá do Oratório deixando a janela aberta e a Lâmpada acesa. Aí não se
voltará mais a entrar nesse dia; não se falará com ninguém e se evitará dar qualquer resposta,
a não ser com a criança que se despedirá".
Se trata, incontestavelmente, de uma criança real, análoga àquelas que
Cagliostro utilizava como médium para detectar em sua célebre garrafa de cristal, cheia de
água magnetizada, as cenas simbólicas que depois ele interpretava a seus consulentes.
Mas é provável que a criança em questão deva ser preparada conforme um ritual
apropriado. Ela deve ser pura, tanto moral como fisicamente. Isto é, nos países quentes [o
Ritual é de inspiração claramente árabe], não poderia ser uma criança de qualquer dos dois
sexos de 8 anos que já tenha perdido sua virgindade física, se levarmos em conta a sua
formação ultra precoce. Mas, sobretudo, deve ser dotada do dom de vidência natural, ou ser
[como aquelas de Cagliostro], mergulhada em um sono hipnótico.
A placa de prata faz neste caso as vezes de um "espelho mágico", é provável que
essa placa deva ser coada, talhada, consagrada com antecedência, conforme um ritual
apropriado.
É possível que o texto primitivo tenha previsto uma simples visualização - sobre
esse "espelho" -, do selo do Anjo, imagem que a criança deve em seguida descrever ao
Mestre que conduziu a Operação.
No dia seguinte dessa cerimonia, se se for beneficiado unicamente com a
aparição de uma "glória" luminosa, e da percepção de um perfume extraterrestre, se
continuará o cerimonial como segue.
Se vai ao nascer do dia no Oratório, se acende o Incensário e se joga sobre as
brasas uma boa quantidade de perfume. Novamente com vestimentas de luto, coberto com
um véu negro, se prostará sobre o umbral, suplicando ao Senhor Deus de vos atender e vos
dar a visão dos Santos Anjos. Pede a Ele para que os Espíritos Celestes vos concedam sua
presença familiar. Essa oração durará [repetida ou contínua de qualquer modo] mais ou
menos de duas a três horas. Ao meio-dia, se orará ainda durante uma hora. À tarde, ao deitar
do Sol, ainda uma hora. Se permanecerá em jejum todo o dia, nada a não ser depois do Sol se
deitar.
Chegado enfim o terceiro dia, após se ter banhado ou lavado inteiramente, se
entrará no Oratório, descalço, se acenderá e proverá o Incensário de brasas e de perfume.
Ajoelhado diante do altar, se dará graças ao Senhor dos céus, e se pedirá a Ele a assistência
dos Santos Anjos na Operação Mágica que se tenta. Então o Anjo proposto a nossa guarda,
enfim aparecerá.
Uma conversa, ou nenhuma palavra ressoará no silêncio, onde tudo se perceberá
e se exprimirá intuitivamente e espiritualmente, tal é o essencial do êxtase no qual o
Operador será então mergulhado. Nenhuma idéia do tempo que se escoa lhe chegará mais,
isso pela excelente razão que ele não será mais deste mundo durante todo o tempo da
aparição.
150
Não se interromperá por vontade própria essa conversa mística; por outro lado,
não se poderia ficar com a consciência do que se passa, nos escapando então. O Anjo, ou a
"glória" que o manifesta, ou qualquer outro "sinal" hieroglífico brilhando no espaço, diante
de nós, atrás, à direita do altar, se velará então, o Operador retomará consciência então do
lugar e da hora. Ele sairá sem nada tocar.
À noite, se fará novamente uma oração de ação de graças, durante uma hora mais
ou menos.
No dia seguinte, quarto dia das Operações principais, novamente se entrará no
Oratório, se acenderá o Incensário, e se vestirá a roupa prevista no início deste Ritual.
Feito isto, se pedirá a Deus para que nos dê sua graça, a fim de que a Operação
tenha sempre lugar em sua glória. Depois, se orará a seu Anjo, tendo a Baqueta na mão
direita, pedindo a Deus que Ele lhe dê a força que teve antes as baquetas de Moisés, Aarão,
Elias e outros Patriarcas e Profetas. Terminada essa oração consagratória, se porá a baqueta
em seu lugar. A seguir, cada vez que se desejar ter a companhia do Anjo Guardião, que se
tiver necessidade de seus conselhos ou de suas luzes, após cada oração, diante do Altar, se
traçará no espaço o grifo que ele indicou no primeiro dia de sua manifestação. Isso será
suficiente para que ele atenda nosso apelo. É então, diz o "Ritual de Abramelin o Mago" que
terá lugar a convocação e o exorcismo dos Espíritos Impuros.
"A força está no Nome do Senhor, que fez o Céu e a Terra. Senhor, ouve minha
Prece, e que meu grito suba até Vós..."
∴
"MISERERE MEI..."
[Salmo 50]
∴
152
"DE PROFUNDIS..."
[Salmo 129]
"Do fundo do Abismo, grito para Vós, Senhor! Senhor, escuta minha voz. Que
vossos ouvidos sejam atentos à minha prece. Se exigis, Senhor, uma conta severa de nossas
iniqüidades, quem pois poderá subsistir diante de Vós, ó meu Deus?
Mas Vós amais perdoar. Por isso, apoiado sobre Vossa Lei, espero Senhor, vosso
socorro. Minha alma o espera, fundamentada sobre vossas promessas, minha alma confia no
Senhor. Desde a manhã até a noite, Israel espera no Senhor.
Pois o Senhor está cheio de misericórdia, e Nele se encontra uma abundante
redenção.
É Ele que resgatará Israel de todas as suas iniqüidades".
"Minha força está no Nome do Senhor, que fez o Céu e a Terra. Senhor escuta
minha Prece, e que meu grito suba até Vós..."
"Anjo do Senhor, que és meu guardião, a quem eu confio pela Bondade Divina,
digna-te me iluminar, me guardar, me dirigir e me governar. Amém, Amém".
153
"Minha força está no Nome do Senhor, que fez o Céu e a Terra. Senhor, escuta
minha Prece, e que meu grito suba até Vós..."
"Quando o Eterno acabou de falar a Moisés, sobre a montanha do Sinai, lhe deu
duas tábuas de pedra, as Tábuas do "Testemunho", escritas pelo próprio dedo de Deus".
[Êxodo : XXXII, 18].
"Moisés voltou e desceu a montanha do Sinai, com as duas Tábuas do
"Testemunho" em sua mão. As Tábuas estavam escritas dos dois lados, elas estavam escritas
de um e de outro lado. As Tábuas eram a obra de Deus, e a escrita que aí estava era a escrita
de Deus, gravada sobre as Tábuas". [Êxodo: XXXII, 15].
Seria errado ver nessas Tábuas de pedra, escritas pelo próprio dedo de Elohim
que Moisés contempla sobra a montanha, um texto legislativo, resumindo as longas
prescrições que Deus dá de viva voz a seu mandatário. Essas prescrições cobrem doze
capítulos do Êxodo, e a seguir são repetidas muitas vezes. Também seria vão ver nelas
gravados os Dez Mandamentos, pois o texto santo é preciso, e é a imaginação dos exegetas
que acreditou se tratar das dez prescrições principais: na realidade, é outra coisa!
No capítulo XXV do Êxodo, parágrafos 16 e 17, o Eterno, após ter dado suas
instruções para a construção da Arca da Aliança, pequeno cofre de dois côvados e meio de
comprimento, por um côvado e meio de altura e de largura, nos diz que:
Pois bem, vimos antes, o "Testemunho" em questão, são as duas Tábuas. Porque
essa expressão? Porque as placas de pedra serão para Moisés e o povo, a prova decisiva, da
realidade do prodígio! Contemplando as Tábuas, Moisés não poderá jamais, a seguir, embora
passe muito tempo, duvidar do fundamento de sua missão, e de suas lembranças! Jamais o
Teurgo poderá acreditar que sonhou! As "Tábuas" estarão lá, para testemunhar, pela obra
sobrenatural que elas terão recebido, que realmente Iewh se manifestou, face a face, ao
condutor de Israel.
Pois bem, o texto do Êxodo deixa claro que elas estavam "escritas dos dois
lados". Isto nos dá dez mandamentos, para repartir sobre quatro faces " Isso não é fácil, nem
harmonioso. Mas se se quer convir que se trata de dois Pantáculos, de pedra, tudo se
esclarece. Pois todo Pantáculo tem duas faces, ambas gravadas com símbolos apropriados.
Se é necessário duas "Tábuas", quer dizer um duplo "Testemunho", é porque,
como nos precisa o Gênesis [Cap. I], Elohim é um Deus "duplo": "Deus fez o Homem à sua
imagem, macho e fêmea Ele o criou". Daí as expressões da "direita" e da "esquerda" de
Deus. Essa dualidade é lembrada pelos dois Querubins que, nos termos do Cap. XXV do
Êxodo [18, 19], devem estender suas asas por cima da Arca e do propiciatório de ouro puro
que a domina. E a prova que a presença do Eterno, Deus de Israel, está ligada aos dois
"Pantáculos" que são as duas "Tábuas", é ainda o Êxodo que nos dá:
"Tu porás o propiciatório sobre a Arca, e tu porás na Arca o "Testemunho" que te
darei. É lá que reencontrarei contigo. Do alto do propiciatório, entre os dois Querubins,
colocados sobre a Arca do "Testemunho", eu te darei todas as minhas ordens para os filhos
de Israel". [Êxodo: XXV, 22].
A seguir, por conseqüência dessa prescrição, os lugares de culto diversos que o
povo e os Reis muito indolentes deixarem funcionar ou persistir no território de Israel, serão
fechados e destruídos pelos Sacerdotes guardiães da pureza da Lei, cada vez que puderem!
Pois, para eles, o Deus de Israel somente pode se manifestar em Jerusalém, no Santo dos
Santos, do Alto da Arca da Aliança, contendo o famoso "Testemunho"...
156
Pelo que precede vimos que Mica se serve de um de seus filhos como
"intermediário" entre ele e a entidade que venera. Essa entidade é figurada em um Oratório
["Esse Mica tinha uma casa em Deus", isto é, uma capela] para dois objetos diferentes, um
talhado, e o outro fundido.
O metal empregado é a prata. E se trata de uma dupla representação; há dois
teraphim, como há dois Querubins, e duas Tábuas de "Testemunho". Um dos teraphim é
macho. É o que é talhado, lembrando assim simbolicamente a modelagem de Adão, o
Primeiro Homem, pelas próprias mãos do Eterno. O outro teraphim é fundido, lembrando a
criação de Eva, a Mulher, saída de Adão por desdobramento. O primeiro teraphim é
evidentemente o molde do segundo.
Concluímos, pois, que, no Ritual de Abramelin o Mago, a criança é uma criança
real, e não é necessário buscar auxílio da Guematria, da Themourah ou do Notarikon,
157
qualquer outro nome, de um valor cabalístico e numeral igual, podendo se esconder sob este.
Não mais como imaginar que a criança e o Pantáculo [ambos emblemas do "mediador" entre
o Evocado e o evocador] são um só acessório, Há exatamente uma criança real, na
Cerimônia, e uma placa de prata devendo receber o "Selo" angélico, sobre o altar do
Oratório.
∴
e) A Alquimia Espiritual
A observação dos Homens notou esse ponto particular de sua própria natureza, e
que quer que neles a preguiça seja a mãe de todos os Vícios. O que se explica pelo fato de
que a recusa da Carne em participar as exigências das obras do Espírito tende
invencivelmente a gerar neles próprios os elementos contrários suscetíveis de melhor
servirem esse vergonhoso defeito.
Assim, pois, se pode admitir que a Alma invadida por um Vício qualquer
[manifestação de um princípio inteligente e consciente de sua perversidade], se encontra
imediatamente exposta aos outros vícios, que o primeiro que violentou o lugar chama
imediatamente ao seu auxílio, a fim de conservar o forte que ele acaba de tomar.
Mas se esse processo não fez mais que exprimir de modo inverso um processo
natural de geração dos atributos da Alma, é que este último existe por si mesmo e,
conseqüentemente, que as Virtudes da alma são suscetíveis de uma manifestação e de um
desenvolvimento harmônico, seu desabrochar e sua permanência dependem sua totalidade.
Assim, da mesma maneira que no edifício uma pedra chama outra, e que ambas
exigem uma terceira, até que por fim seja colocada a "chave" da mesma maneira uma Virtude
e um vício são geradores de outros princípios, até a concorrência do conjunto final.
Eis porque, Filho do sol e da Lua, se a linguagem dos Filósofos não te é
absolutamente incompreensível, medita seu ensinamento. Desprezando o vergonhoso desejo
de ouro, ou a vã curiosidade natural que não finaliza porque estando fixado no caminho
jamais se avança, saberás então penetrar o segredo dos verdadeiros Filhos do Fogo. Somente
então compreenderás que esse Fogo não é de nenhuma maneira o fogo, sombrio e satânico,
que torna seca ao mesmo tempo a carne e o coração do falso sábio ou do ignorante soprador;
mas que ao contrário esse Fogo é em realidade o ESPÍRITO CONSOLADOR que nos
anunciam os Santos Evangelhos.
158
Possas tu então ter a Força de por em prática os verdadeiros segredos da Arte que
te dou aqui, possas tu levar a bom termo a Obra de tua própria Redenção e alcançar assim a
Iluminação final prometida aos santos homens de Deus.
É nisso, Filho do Sol e da Lua que te desejo sucesso de todo coração, eu que sou
teu Irmão em Nosso Senhor Jesus Christo, que seu Santo Nome seja bendito! Amém.
∴
A Tradição daqueles que nos precedem sobre a caminho da Sabedoria, nos diz
que todas as coisa procedem de Quatro Elementos, e que esses Quatro Elementos são a base
de tudo. Esses são, respectivamente, a Terra, a Água, o Ar e o Fogo.
Desses Quatro elementos, o Alquimista sabe tirar dois princípios respectivamente
macho e fêmea, e um terceiro princípio neutro. Esses são o Enxofre dos Filósofos, o Sal dos
Filósofos e o Mercúrio dos Filósofos.
Assim, pois, por uma Operação simples e salutar, nos dizem os Mestres, os
Quatro são reduzidos a Três.
Mas Enxofre, Sal e Mercúrio não constituem mais que um aspecto intermediário
de evolução de nossos Elementos. De sua série, nasce uma nova, composta de dois princípios
superiores a todos os outros. São o Enxofre dos Sábios, e o Mercúrio dos Sábios. Em
realidade eis, pois, nossos dois Arcanos supremos da Arte. E é de sua copulação final que
nascerá por fim a Crisopéia.
Essa tetráctis era bem conhecida dos discípulos do sábio Pitágoras, e os santos
homens de Deus, versados no conhecimento e o emprego de seus Santos Nomes.
Tal como ele é, eis aí toda a chave de nossa Arquimia.
∴
conduzir bem? É necessário, pois, ser forte; forte contra o mundo, forte contra nós mesmos,
forte contra nossos Vícios.
A segunda Virtude a desenvolver é a Prudência, pois ela nos ensinará a
desconfiar do Mundo, de nós mesmos, das armadilhas sutis dos Vícios, nossos Inimigos
conscientes e sutis. Pois, mais uma vez é necessário não ver esses Vícios como reações
instintivas e mecânicas de nossa própria carne. Sem dúvida, esta serve de veículo e de canal
a estas reações. Mas estas são inspiradas pelo Espírito Demoníaco que habita nela, pois que
ele é ao mesmo tempo o autor e o animador. É por ela que o espírito das Trevas se exprime; e
quando ele a faz vibrar à sua guiza, assim como a viola sobre os dedos de menestrel,
devemos, tanto quanto espíritos livres, desconfiar de tudo que ela traz de sugestões diversas,
elogios ou censuras, conselhos ou negações, tudo o que parece apresentar uma justificativa
da preeminência da Carne sobre o espírito, tudo é para ser rejeitado. Eis a Virtude da
Prudência.
Da prática comum dessas duas primeiras Virtudes, Força e Prudência, nascerão
respectivamente duas outras: Temperança e Justiça.
Quando a Força tiver a tendência de desbordar seu domínio, quando a Prudência
se apagar momentaneamente, a Justiça aparecerá. Pois, quem diz Justiça diz retribuição
exata. E por uma reação puramente mecânica, o equilíbrio por um instante perturbado se
restabelecerá.
Mas quando a Prudência a arrebatar na Força, então a Temperança aparecerá. Ela
tem igualmente o nome de Misericórdia, Doçura, Indulgência e Perdão. Sobre a linha dos
dois pratos ela se opõe à Justiça, pois a rigorosa precisão ignora as variações suscitadas pelo
infinito amor dos seres pelos seres, e de Deus por eles todos.
∴
∴
160
Justiça e boa Fé engendram esperança. Pois, quem negaria que o Bom Direito,
nascido da Justiça e da Certeza, filha da Boa Fé, são as únicas suscetíveis de assegurarem
sem temor tua Esperança?
Semelhantemente, Fé e Temperança fazem a Caridade, pois a Boa Fé e a Doçura
exigem que façamos aos outros, o que desejaríamos que nos fizessem. Assim nasce a
Caridade, outro aspecto do Amor dos seres pelos seres.
Mas Boa Fé e Esperança fazem nascer Caridade e isso pelos mesmos motivos. A
certeza que dá a Esperança repousa sobre a Verdade e sobre a Boa Fé, nós demonstramos que
o objetivo e o estado final dos seres é justamente o Amor desses mesmos seres pelos outros,
Pois Fé e Esperança geram Caridade.
∴
"Que o Deus da Paz, que reconduziu dentre os mortos o Grande Pastor dos
rebanhos, pelo sangue de uma Eterna Aliança, Nosso Senhor Jesus Christo, vos torne capaz
161
de toda boa obra para o cumprimento de Sua Vontade, que ele faça em vós o que lhe agradar
fazer, por Jesus Christo, o qual é a Glória, nos séculos dos séculos. Amém!".
[Hebreus, XIII, 20]
V. - O SHEMAMPHORASH
Deus de Força e de Grandeza, Ser dos Seres, Santificador onipotente, que tudo
criaste do nada, não desprezes teu servidor, mas que te seja agradável purificar, consagrar e
santificar esta área consagrada a Teu Serviço. Ordena, pois, a teu Anjo..........[nomear o eloi]
de nela descer, residir e permanecer, para tua glória e Teu Serviço. Amém.
Então se aspergirá o Pantáculo com água lustral, depois com sal, dizendo o
Salmo 98 e 102 [ordem da Vulgata]: "Dominus reguaist..." e " Benedic omnia mea...".
Depois ele será depositado sob a Lâmpada acesa, no centro do Hexagrama e a seguir o
Operador se recolherá por longo tempo.
Se a operação foi bem feita, um frio bastante perceptível se espalhará pela peça
e se perceberá então a animação progressiva do Pantáculo, que dará a impressão de bater
como um coração [1].
É então quando se poderá conjurar a entidade conforme a forma que segue:
Eu vos conjuro em nome dos Vinte e Quatro Anciões, em nome dos Nove Coros
do qual vós sois, ó...........[nomear]! Eu Vos conjuro em nome dos Anjos, dos Arcanjos, dos
Tronos, das Dominações, dos Princípios, das Potências, das Virtudes, dos Querubins, dos
Serafins! Em nome das Quatro Forças Misteriosas que levam o Trono do Altíssimo, e que
tem olhos adiante e atrás! Em nome de tudo o que contribui para nossa Salvação!
Eu Vos conjuro, Espírito de Luz, em nome do Verdadeiro Deus, do Deus de Vida
"Em nome dos Sete Candelabros Misteriosos que estão na mão direita de Deus! Em nome
das Sete Igrejas da Ásia! Em nome de Éfeso, em nome de Smirna, em nome de Pérgamo, em
nome de Tiatira, em nome de Sardes, em nome de Filadélfia, em nome de Laodicéia!...
Eu Vos conjuro pelo Céu e pela Terra, pelo Sol e pela Lua, pelo Dia e pela Noite!
Por tudo o que se encontra, por todas as Virtudes que aí estão encerradas, pelos Quatro
Elementos Primordiais, por tudo que pode ser dito ou pensado do Criador soberano, de Sua
Suprema Vontade, da Corte Celeste onde Ele reina! Por Aquele que a tudo fez do nada,
desde o princípio, pelas Falanges Gloriosas de sois! Pelos Santos, por todos Aqueles que,
noite e dia, em uma só voz, não cessam de cantar que "Santo, Santo, Santo é o Senhor, o
Deus dos Exércitos do Céu! Os Céus e a Terra estão cheios de Sua Glória! Hosannah no mais
alto dos Céus!
Eu Vos conjuro, Inteligência Iluminadora, Mensageiro de Luz! Eu Voz conjuro
em nome de Uriel, O Guardião do Norte! Eu Vos conjuro em nome de Rafael, o Guardião do
Meio-dia! Eu Vos conjuro em nome de Mikael, o Guardião do Oriente! Eu Vos conjuro em
nome de Gabriel, o Guardião do Poente! Eu vos conjuro, Mensageiros Divinos, pelos Sete
Candelabros de Ouro que brilham diante do Altar de Deus! Pela Corte dos Bem-aventurados
que seguem os passos do Cordeiro Imaculado! Eu Vos conjuro, ó Celeste.............. [nomear]
em nome de todos os Santos que Deus escolheu desde e bem antes da Criação do Mundo!
Por seus méritos agradáveis a Deus! Eu Vos conjuro, ó Potência Invisível, mas presente, Eu
Vos conjuro pela Potência Temível do Nome do Senhor ! Pela Glória desse Nome Divino,
manifestado no Mundo e onde traduzem os mais belos dos Atributos de Deus!
163
[1] - Alguns membros do Grupo Martinista da Loja "Alexandria do Egito", que funcionou de 1941 a
1945, puderam testemunhar resultados estranhos obtidos nesses domínios.
Eu Vos conjuro em Nome de Netzah, Soberana Essência de Beleza! Eu Vos
conjuro em Nome de Geburah, Príncipe de Infinita Justiça! Eu Vos conjuro em Nome de
Chesed, A Misericórdia Divina! Eu Vos conjuro em Nome de Binah, Sabedoria Incriada! Eu
Vos conjuro em Nome de Kether, Horizonte de Eternidade!...
Eu Vos conjuro, ó Celeste Instrutor, em Nome do Tetragrama! Eu Vos conjuro em
Nome de Eieh! Eu Vos conjuro em Nome de Elohim! Eu Vos conjuro em Nome de Elohah!
Que assim seja em o Nome Bendito do Senhor +, +, + ...
Eu Vos adjuro, ó Celeste............ [nomear], em lembrança do Arco de Sete Cores,
que apareceu na nuvem, mostrando assim a Aliança Entre o Eterno e o Patriarca Noé! Eu Vos
conjuro, em lembrança da Coluna Luminosa que rodeou a Arca Da Aliança, mostrando assim
a Aliança entre o Eterno e os Filhos de Abel! Eu Vos conjuro, Potências Celestes, em
lembrança dos Sinais que fizestes aparecer nas nuvens, pouco antes da destruição do Templo!
Eu Vos conjuro, ó Espíritos de Luz e de Verdade! Em lembrança da Aleluia dos Vales de
Bethelm! Em lembrança de Vossa mensagem aos Pastores! Em lembrança do Astro
Luminoso que guiou os Magos! Que Vosso Signo seja para mim o símbolo da proteção que
vos digneis dar a esta obra Teúrgica! Eu vos imploro, ó Celeste............... [nomear], em
lembrança dos Signos que vos dignastes transmitir aos Apóstolos! Digna-te, ó Espírito de
Luz, me manifestar Vosso Acordo e Vosso Auxílio!
[silêncio e meditação]
Ação de Graça
habita a região do fogo; seu signo é Áries, e ele preside os cinco seguintes dias 20 de março,
31 de maio, 11 de agosto, 22 de outubro e 02 de janeiro; a invocação se faz para o Oriente,
da meia-noite precisa até meia-noite e 20 minutos, para obter luzes.
É pela virtude desses nomes divinos que nos tornamos iluminados pelo espírito
de Deus; devemos pronunciá-los da zero hora precisa a zero hora e 20 minutos, recitando o
3° versículo do salmo 3 [Et tu Domine susceptor meus et glória mea et exaltans caput
meum]. Precisemos ter nosso talismã preparado conforme os princípios da arte cabalística.
A pessoa que é nascida sob a influência deste anjo tem o espírito sutil; é dotada
de grande sagacidade, apaixonada pelas ciências e pelas artes, capaz de compreender e
executar as coisas as mais difíceis, amará o militarismo, pela influência de Marte; terá muita
energia, sendo dominada pelo fogo.
O mau anjo influi sobre os homens turbulentos; ele domina o arrebatamento e a
cólera.
2°. JELIEL. Seu atributo [Deus caritativo]. Ele domina sobre a Turquia [esses
povos dão a Deus o nome de Aydy]. Seu raio começa desde o 6° grau até o 10°, inclusive,
corresponde a influência do anjo chamado Asican [ver calendário sagrado]. E a 1° década.
Ele preside os seguintes dias: 21 de março, 01 de junho, 12 de agosto, 23 de outubro e 03 de
janeiro. [1].
Invoca-se esse anjo para apaziguar as revoltas populares, e para obter a vitória
contra os que nos atacam injustamente. É necessário fazer o pedido com o nome do anjo e
recitar o 2° versículo do salmo 21. [Tu autem Domine ne elongaveris auxilium tuum a me ad
defensinem meam conspice]. A hora favorável começa das zero hora e 20 minutos até zero
hora e 40 minutos.
Esse anjo domina sobre os reis e príncipes, ele mantém seus subordinados na
obediência, influi sobre a geração de todos os seres que existem no reino animal, ele
restabelece a paz entre os esposos e a fidelidade conjugal. Aqueles que são nascidos sob essa
influência tem o espírito jovial, maneiras agradáveis e galantes, serão apaixonados pelo sexo.
A anjo contrário domina tudo o que é nocivo aos seres animados; seu prazer está
na desunião dos esposos os afastando de seus deveres, inspira o gosto pelo celibato e os maus
costumes.
3°. SITAEL. Seu atributo [Deus, a esperança de todas as criaturas]. Seu raio
começa desde o 11° grau da esfera até o 15°, inclusive, corresponde a segunda década e o
anjo chamado Chontacré, sob a influência do sol; ele preside os seguinte dias: 22 de março,
02 de junho, 13 de agosto, 24 de outubro e 04 de janeiro.
Invocamos esse anjo contra as adversidades, se pronuncia o pedido com os
nomes divinos e o 2° versículo do salmo 90. [Dicet Domino: suscepto meus es tu et refugium
meum: Deus meus, sperab in eum]. A hora favorável começa desde a zero hora e 40 minutos
até 1 hora. Ele domina sobre a nobreza, a magnanimidade e as grandes empresas, protege
contra as armas e as bestas ferozes. A pessoa que nasce sob sua influência ama a verdade;
terá palavra e terá prazer em auxiliar aqueles que tiverem necessidade de seus serviços.
O anjo contrário domina a hipocrisia, a ingratidão e o perjúrio.
165
5°. MAHASIAH. Seu atributo [Deus Salvador] corresponde ao santo nome Teut
ou Theuth [1], de acordo com a língua dos Egípcios. Seu raio começa desde 21° grau até o
25°, inclusive, correspondendo a terceira década e ao anjo chamado Seket, sob a influência
de Vênus, Ele preside os seguintes cinco dias : 24 de março, 04 de junho, 14 de agosto, 26 de
outubro e 06 de janeiro. A invocação se faz desde a 1 hora e 20 minutos até 1 hora e 40
minutos.
Invoca-se esse anjo para viver em paz com todo o mundo; é necessário
pronunciar os nomes divinos e o 4° versículo do salmo 33. [Exquisivi Dominum, et exaudivit
me: et ex omnibus tribulationibus meis eripuit me]. Ele domina as altas ciências, a filosofia
oculta, a teologia e as artes liberais. A pessoa que nasce sob essa influência aprenderá tudo o
que desejar com facilidade, terá fisionomia e o caráter agradáveis, e será apaixonada pelos
prazeres honestos, [2].
O anjo contrário domina a ignorância, a libertinagem e todas as más qualidades
do corpo e do espírito.
7°. ACHAIAH. Seu atributo [Deus bom e paciente]. Seu raio começa desde o
31° grau da esfera até o 35°, inclusive, correspondendo a 4° década e ao anjo chamado
Chous, sob a influência de Mercúrio. Ele preside aos seguintes dias: 26 de março, 06 de
junho, 16 de agosto, 28 de outubro e 08 de janeiro. A invocação é feita desde as 2 horas da
166
manhã até as 2 horas e 20 minutos. Deve-se recitar o 8° versículo do salmo 102 [Miserator et
misericors Dominus: longanimis et multum misericors]. Esse anjo domina a paciência, ele
descobre os segredos da natureza, influi sobre a propagação das luzes e sobre a indústria. A
pessoa que nasce sobre essa influência amará e se instruirá em coisas úteis, terá êxito na
execução dos trabalhos os mais difíceis e descobrirá vários procedimentos úteis nas artes.
[1] - Esse nome se escreve com quatro letras em caracteres egípcios. O h não é uma letra, ele somente marca
uma aspiração; e o theta grego forma uma letra.
[2] - É evidente que a pronúncia e a transcrição dos extratos dos Salmos devem ser feitas em hebreu. Daí a
necessidade de uma edição impressa da Thorah.
O anjo contrário é o inimigo das luzes, domina a negligência, a preguiça e a
inconstância para o estudo.
8°. CAHETHEL. Seu atributo [Deus adorável]. Ele corresponde ao santo nome
Moti, conforme a língua dos Georgianos. Seu raio começa desde o 36° grau até o 40°,
inclusive, correspondendo a 4° década e ao anjo chamado Asicat; ele preside os seguintes
dias: 27 de março, 07 de junho, 17 de agosto, 29 de outubro e 09 de janeiro. Invoca-se o
socorro desse anjo pronunciando o 6° versículo do salmo 94. [Venite adoremus, et
procidamus: et ploremus ante Dominum, qui fecit nos].
Ele serve para obter a bênção de Deus e para expulsar os maus espíritos. Esse
anjo domina sobre todas as produções agrícolas, e principalmente as que são necessárias a
existência dos homens e dos animais. Ele inspira o homem a se elevar para Deus, para o
agradecer por todos os bens que ele envia sobre a terra.
A pessoa que nasce sob essa influência amará o trabalho, a agricultura, a
campanha e a caça e terá muitas atividades nos negócios.
O mau anjo provoca tudo o que é nocivo à produção da terra; ele leva o homem a
blasfemar contra Deus.
10°. ALADIAH. Seu atributo [Deus propício]. Corresponde aos nomes divinos
Siré e Eipi, conforme a língua dos Persas. Seu raio começa desde o 41° grau até o 50°,
inclusive, correspondendo a 5° década e ao anjo chamado Viroasa. Ele preside os seguintes
167
13°. IEZALEL. Seu atributo [Deus glorificado sobre todas as coisas]. Ele
corresponde ao santo nome de Deus Boog, conforme a língua dos Illyriens. Seu raio de ação
começa desde o 61° grau da esfera até o 65° inclusive, correspondendo a sétima década e ao
anjo chamado Theosolk sob a influência de Júpiter. Ele preside aos seguintes dias: 01 de
abril, 12 de junho, 23 de agosto, 03 de novembro e 14 de janeiro. A hora favorável começa
desde as 4 horas até as 4 horas e 20 minutos. É necessário recitar o versículo 6° do salmo 97
[Jubilate, Deo omnis terra: cantatel, et exultate, et psallite].
Ele domina a amizade, a reconciliação e a fidelidade conjugal. A pessoa que
nascer sob essa influência aprenderá tudo que quiser com facilidade; terá uma boa memória e
se distinguirá por sua destreza.
168
15°.HARIEL. Seu atributo [Deus criador]. Ele corresponde ao nome divino Idio
ou Iddio, conforme a língua italiana. Seu raio começa desde o 71° grau até o 75° inclusive,
correspondendo a 8° década e ao anjo chamado Quere, sob a influência de Marte. Ele preside
aos dias seguintes: 03 de abril, 14 de julho, 25 de agosto, 05 de novembro e 16 de janeiro.
Invoca-se esse anjo contra os ímpios da religião; pronuncia-se seus nomes com os nomes
divinos e o 22° versículo do salmo 93 [Et factus est mihi dominus in refugium: et Deus meus
in adjutorium spei meae].
A hora favorável começa desde as 4 horas e 40 minutos até as 5 horas. Esse anjo
domina sobre as ciências e as artes; ele influi sobre as descobertas úteis e os novos métodos.
A pessoa que nasce sob essa influência amará a sociedade das pessoas de bem, terá
sentimentos religiosos, e se distinguirá pela pureza de seus costumes.
O anjo contrário domina os sismas, as guerras de religião; influi sobre os ímpios
e sobre todos aqueles que propagam seitas perigosas, e que procuram os meios de estabelecer
novas seitas.
14°. HAKAMIAH. Seu atributo [Deus que erige o universo]. Ele domina sobre
a França e corresponde ao nome Dieu conforme a língua desta nação. Seu raio começa desde
o 76° grau da esfera até o 80°, inclusive, correspondendo a 8° década e ao anjo chamado
Verasua, sob a influência de Marte. Ele preside aos seguintes dias: 04 de março, 15 de abril,
26 de agosto, 06 de novembro e 17 de janeiro. Invoca-se esse anjo contra os traidores, para
obter vitória sobre o inimigo, e para nos livrarmos dos que querem nos oprimir; é necessário
pronunciar seu nome com o que segue: Ó Deus onipotente dos exércitos, tu que eriges o
universo e que proteges a nação francesa, eu te invoco como tal, pelo nome de Hakamiah,
afim de que livres a França de seus inimigos. A seguir pronunciareis o 1° versículo
misterioso do salmo 87. [Domine salutis meae, in die clamavie, et noctecoram te].
169
Deve-se recitar essa prece todos os dias, com o rosto voltado para o Oriente,
desde as 5 horas da manhã até as 5 horas e 20 minutos. Esse anjo domina sobre todas as
coroas e os grandes líderes, ele dá a vitória e prevê as revoltas; influi sobre o ferro, os
arsenais e tudo o que tem relação com o gênio da guerra. O homem que nasce sob essa
influência tem um caráter franco, leal e bravo, suscetível na honra, fiel a seu juramento e
apaixonado por Vênus.
O anjo contrário domina sobre as traições, provoca as revoltas e a traições.
19° LEUVIAH. Seu atributo [Deus que atende as preces]. Ele corresponde ao
nome Bogy, conforme a língua dos Húngaros. Governa o 1° raio do Meio-dia, que começa
desde 91° grau até o 95° da esfera, inclusive, correspondendo a 10° década e ao anjo
chamado Sotis, sob a influência de Vênus. Ele preside aos seguintes dias: 07 de abril, 08 de
junho, 29 de outubro, 09 de novembro e 20 de janeiro. Invoca-se o socorro desse anjo
voltado para o Meio-dia, desde as 6 horas da manhã até as 6 horas e 20 minutos, recitando o
1° versículo do salmo 39. [Expectans expectavi Dominum et intendit mibi].
170
Ele serve para obter a graça de Deus. Esse anjo domina a memória, a inteligência
do homem. A pessoa nascida sob essa influência será amável e alegre, modesta nas palavras e
simples em sua maneira de ser, ela suportará as adversidades com resignação e muita
paciência.
O anjo contrário influi sobre as tristezas, as perdas e as mortificações, provoca o
deboche e o desespero.
22° IEIAIEL. Seu atributo [a direita de Deus]. Corresponde ao santo nome God,
conforme a língua inglesa. Seu raio começa desde o 106° da esfera até 110° grau inclusive,
correspondendo a 11° década e ao anjo chamado Syth, sob a influência de Mercúrio. Ele
preside aos seguintes dias: 10 de abril, 21 de junho, 01 de setembro, 12 de novembro e 23 de
janeiro. A invocação se faz desde as 7 horas até as 7 horas e 20 minutos; se pronuncia o 5°
versículo do salmo 120. [Dominus custodit te; Dominus protection tua, super manum
dextaram tuam].
Esse anjo domina a fortuna, o renome, a diplomacia e o comércio; influi sobre as
viagens, as descobertas e as expedições marítimas; protege contra as tempestades e
naufrágios. A pessoa que nasce sobre essa influência amará o comércio, será industrioso e se
distinguirá por suas idéias liberais e filantrópicas.
O anjo contrário domina sobre os piratas, os corsários e os escravos, influindo
sobre as expedições marítimas.
171
23° MELAHEL. Seu atributo [Deus que livra dos males]. Ele corresponde ao
nome Dieh conforme a língua dos Hibernais. Seu raio começa desde o 111° da esfera até o
115° inclusive, correspondendo a 12° década e ao anjo chamado Chumis, sob a influência da
Lua. Ele preside aos seguintes dias: 11 de abril, 22 de junho, 02 de setembro, 13 de
novembro e 24 de janeiro. A invocação se faz desde as 7 horas e 20 minutos até a 7 horas e
[1] - O Calendário Sagrado não é outro que o calendário Thebaico publicado por Jannes Angelus em seu
"Astrolabium planum in Tabelius" [Veneza, 1488] e reproduzido em nosso "Tratado de Astrologia Esotérica",
tomo I.
24° HAHIUIAH. Seu atributo [Deus bom para si mesmo]. Corresponde ao santo
nome Esar, conforme a língua dos Etruscos. Seu raio começa desde o 116° grau da esfera até
o 120° inclusive, correspondendo a 12° década e ao anjo chamado Thuimis. Presidindo aos
seguintes dias: 12 de abril, 23 de junho, 03 de setembro, 14 de novembro e 25 de janeiro. A
invocação se faz desde as 7 horas e 40 minutos até as 8 horas; pronuncia-se os nomes divinos
com o 18° versículo do salmo 32. [Ecce oculi Domini super metuentes eum: et in eis, que
spérant in mesericordia ejus].
Ele serve para obter a graça e a misericórdia de Deus. Esse anjo domina sobre os
exilados, os prisioneiros fugitivos, os condenados contumazes; ele impede a descoberta de
crimes secretos e os que os tiverem cometido escaparão a justiça dos homens desde que não
caiam na mesma falta; protege contra os animais nocivos e preserva dos ladrões e assassinos.
Os que nascem sobre essa influência amam a verdade, as ciências exatas; são sinceros em
suas palavras e ações.
O anjo contrário domina todos os seres nocivos; leva os homens a cometerem
crimes, e influencia sobre todos aqueles que procuram viverem por meios ilícitos.
Ele serve para ter a sabedoria e para descobrir a verdade dos mistérios ocultos.
Esse anjo domina todas as ciências ocultas; ele dá revelações em sonhos e particularmente
àqueles que são nascidos no dia que ele preside; influi sobre os homens sábios que amam a
paz e a solidão e sobre os que buscam a verdade e praticam a magia dos sábios, que é aquela
de Deus.
O anjo contrário domina a magia negra, que é a do mau príncipe, o demônio; ela
consiste em fazer um pacto com ele pelo qual se renuncia a Deus, e se aceita fazer mal aos
homens, aos animais e as produções da terra.
26°HAAIAH. Seu atributo [Deus oculto]. Ele corresponde aos santos nomes
divinos, Agdi e Abdi, conforme a língua dos Sarracenos. Seu raio começa do 126° grau até o
130° inclusive, correspondendo a 13° década e ao anjo chamado Aphruimis. Ele preside os
seguintes dias: 14 de abril, 25 de junho, 05 de setembro, 16 de novembro e 27 de janeiro. A
invocação se faz desde as 8 horas e 20 minutos da manhã até as 8 horas e 40 minutos. É
necessário pronunciar os nomes divinos e o 45° versículo do salmo 118. [Clamavi in toto
corde méo, exaudi me Domine; justificationes tuas requiram].
Ele serve para ganhar um processo e para tornar os juízes favoráveis. Esse anjo
protege todos os que buscam a verdade; leva os homens a contemplação das coisas divinas;
domina a política, os diplomatas, os plenipotenciários, os embaixadores, os tratados de paz e
de comércio e todas as convenções em geral; influi sobre os correios, os despachos, os
agentes e as expedições secretas.
O anjo contrário domina os traidores, os ambiciosos e as conspirações.
27° IERATHEL. Seu atributo [Deus que pune os maus]. Ele corresponde ao
santo nome de Téos, conforme a língua dos Cophtas. Seu raio de ação começa desde o 131°
grau da esfera até o 135° inclusive, correspondendo a 14° década e ao anjo chamado Hépê,
sob a influência de Júpiter. Ele preside aos seguintes dias: 15 de abril, 26 de junho, 06 de
setembro, 17 de novembro e 28 de janeiro. A invocação se faz desde as 8 horas e 40 minutos
da manhã até as 9 horas. Pronuncia-se os nomes divinos e o 1° versículo do salmo 139
[Etripe me Domine ab homine malo, a viro iniquo eripe me].
Ele serve para confundir os maus e os caluniadores, e para ser livrado dos
inimigos. Esse anjo protege contra aqueles que nos provocam e nos atacam injustamente. Ele
domina sobre a propagação das luzes, a civilização e a liberdade. A pessoa que nasce sob
essa influência amará a paz, a justiça, as ciências e as artes, e se distinguirá na literatura.
O anjo contrário domina a ignorância, a escravidão e a intolerância.
28° SEHEIAH. Seu atributo [Deus que cura as doenças]. Ele corresponde ao
santo nome Adad [1] conforme a língua dos Assírios. Seu raio começa desde o 136° grau da
esfera até o 140°, exclusivamente, correspondendo a 14° década e ao anjo chamado Sithacer.
Ele preside aos seguintes dias: 16 de abril, 27 de junho, 07 de setembro, 08 de novembro e
29 de janeiro. A invocação se faz desde as 9 horas da manhã até as 9 horas e 20 minutos.
É necessário pronunciar os nomes divinos com o 13° versículo do salmo 70.
[Deus ne elongeris a me: Deus meus in auxilium meum respice].
Ele serve contra as doenças e o trovão. Esse anjo protege contra os incêndios, as
ruínas de construção, as quedas, as doenças, etc. Ele domina sobre a saúde e a longevidade
173
da vida. A pessoa que nasce sob sua influência será de bom julgamento; ela agirá com
prudência e circunspecção.
O anjo contrário domina sobre as catástrofes, os acidentes e causa a apoplexia;
influi sobre as pessoas que jamais refletem antes de agir.
[1] - O nome Adad significa só; ele vem da palavra sol, que designa o astro rei, ao qual ele corresponde.
30° OMAEL. Seu atributo [Deus paciente]. Ele corresponde ao nome Tura,
conforme a língua dos Indus. Seu raio começa desde o 146° grau da esfera até o 150°
inclusive, correspondendo a 9° década e ao anjo chamado Phuonisié. Ele preside os seguintes
dias: 28 de abril, 29 de junho, 09 de setembro, 20 de novembro e 18 de janeiro. A invocação
se faz desde as 9 horas e 40 minutos da manhã até as 10 horas; pronuncia-se os nomes
divinos e os sexto versículo do salmo 70. [Quoniam tu es patientia mea Domine spes mea a
juventute mea].
Ele serve contra as tristezas, o desespero e para ter paciência. Esse anjo domina
sobre o reino animal; ele vigia a geração dos seres, a fim de multiplicar as espécies e
perpetuar as raças; ele influi sobre os químicos, os médicos e os cirurgiões. A pessoa que
nasce sob essa influência se distinguirá na anatomia e na medicina.
O anjo contrário é o inimigo da propagação dos seres; ele influi sobre os
fenômenos monstruosos.
31° LECABEL. Seu atributo [Deus que inspira]. Ele corresponde ao santo nome
Teli, conforme a língua dos Chineses. Seu raio começa a partir do 151° grau até o 155°,
correspondendo a 16° década e ao anjo chamado Tomi, sob a influência do Sol. Ele preside
aos seguintes dias: 19 de abril, 30 de junho, 10 de setembro, 21 de novembro e 01 de
fevereiro. Invoca-se o socorro de Lecabel para ter luzes e para procedimentos úteis a
profissão que se exerce. A invocação se faz desde as 10 horas da manhã até as 10 horas e 20
minutos. É necessário pronunciar o pedido com os nomes divinos e o 16° versículo
174
misterioso do salmo 70. [Quoniam nom cognovi litteraturam intoibo in potentias Domini:
Domine memorabor justiliae tuae solius].
Ele domina a vegetação e a agricultura. A pessoa que nasce sob sua influência
amará a astronomia, a matemática e a geometria; ela se distinguirá por suas idéias luminosas,
e resolverá os problemas os mais difíceis e deverá sua fortuna a seu talento.
O anjo contrário domina a avareza e a usura; influi sobre todos aqueles que
enriquecem por meios ilícitos.
32° VASARIAH. Seu atributo [Deus justo]. Ele corresponde ao nome Anot,
conforme a língua dos Tártaros. Seu raio começa no 156° grau da esfera até o 160°,
inclusive, corresponde a 16° década e ao anjo chamado Thumis. Ele preside aos seguintes
dias: 20 de abril, 01 de julho, 11 de setembro, 22 de novembro e 02 de fevereiro. Se invoca o
socorro deste anjo contra os que nos atacam na justiça [1] e para obter a graça dos que
recorrem a clemência dos reis; para esse caso é necessário dizer o nome da pessoa que vos
ataca e citar o motivo, a seguir pronunciar os nomes divinos com o 4° versículo do salmo 32.
[Quia rectum est verbum Domine, et omnia opera e jus in fide].
A hora favorável começa desde as 10 horas e 20 minutos da manhã até as 10
horas e 40 minutos. Esse anjo domina a justiça; ele influi sobre a nobreza, os jurisconsultos,
os magistrados e os advogados. A pessoa que nasce sob essa influência terá memória feliz e
falará com facilidade, será amável, espiritual e modesta.
O anjo contrário domina todas as má qualidades do corpo e da alma.
33° IEHUIAH. Seu atributo [Deus que conhece todas as coisas]. Ele
corresponde ao santo nome de Agad, conforme a língua dos Haspérides. Seu raio começa
desde o 161° grau até o 165°, inclusive, correspondendo a 17° década e ao anjo chamado
Questucati, sob a influência de Vênus. Ele preside aos seguintes dias: 21 de abril, 02 de
fevereiro, 12 de setembro, 23 de novembro e 03 de fevereiro. Esse anjo e os que seguem, até
o 40°, pertencem ao 5° ordem dos anjos que os ortodoxos chamam coro das potências. A
invocação se faz desde as 10 horas e 40 minutos até as 11 horas; é necessário pronunciar o
11° versículo do salmo 93. [Dominus scit cogitationes hominium quoniam vanae sunt].
Ele serve para conhecer os traidores, para destruir seus projetos e suas
maquinações. Esse anjo protege todos os príncipes cristãos; ele mantém os que lhe são
sujeitos na obediência. A pessoa que nasce sob essa influência amará o cumprimento de
todos os deveres de seu estado.
O anjo contrário domina todos os seres insubordinados; provoca os sediciosos e a
revolta.
34° LEHAHIAH. Seu atributo [Deus clemente]. Ele corresponde ao nome Aneb,
segundo a língua dos povos do Congo. Seu raio começa desde o 166° grau da esfera até o
170°, inclusive, correspondendo a 17° década e ao anjo chamado Thopitus. Ele preside os
seguintes dias: 22 de abril, 03 de fevereiro, 13 de setembro, 24 de novembro e 04 de
fevereiro. A invocação se faz desde as 11 horas da manhã até as 11 horas e 20 minutos,
recitando o 5° versículo do salmo 130. [Speret Israel in Domino; ex hocnunc, et usque in
saeculum]. Ele serve contra a cólera.
Esse anjo domina sobre as cabeças coroadas, os príncipes e os nobres, mantém a
harmonia, a boa inteligência e a paz entre eles; influi sobre a obediência dos vassalos para
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seus príncipes. A pessoa que nasce sob essa influência se tornará célebre por seus talentos e
ações; terá a confiança e os favores de seu príncipe, que merecerá por seu devotamento,
fidelidade e os grandes serviços que lhe prestar.
O anjo contrário domina a discórdia; provoca a guerra, as traições e a ruína das
nações.
[1] - Se a pessoa atacada reconhece em sua alma e consciência ter errado, ela deve invocar esse anjo para a
reconciliação com o adversário, sem o que não triunfará.
36° MANADEL. Seu atributo [Deus adorável]. Ele corresponde ao santo nome
Allá, conforme a língua dos Mouros. Seu raio de ação começa desde o 176° graus da esfera
até o 180° inclusive, correspondendo a 18° década e ao anjo chamado Aphut. Ele preside os
cinco dias seguintes: 24 de abril, o5 de julho, 15 de setembro, 26 de novembro e 06 de
fevereiro. Invoca-se esse anjo para manter o emprego, e para conservar os meios de
existência que se possui; pronuncia-se o pedido com os nomes divinos e o 8° versículo do
salmo 25. [Domine dilexi decorem domus tuae; et locum habitationes gloriae tuae].
Ele serve contra as calúnias e para libertar os prisioneiros. A hora favorável
começa desde as 11 horas e 40 minutos até ao meio-dia precisamente. Esse anjo dá novas
sobre as pessoas afastadas de quem não se recebe notícias a muito tempo; ele faz voltar os
exilados a sua pátria e descobre os bens perdidos ou extraviados.
O anjo contrário protege todos aqueles que procuram fugir para o estrangeiro
para fugir da justiça.
37° ANIEL. Seu atributo [Deus das virtudes]. Ele corresponde ao santo nome de
Deus Abda conforme os antigos Filósofos. Seu raio começa desde o 181° grau até o 185°,
inclusive, correspondendo a 19° década e ao anjo Souchoe, sob a influência da Lua. Ele
preside os seguintes dias: 25 de abril, o6 de julho, 16 de setembro, 27 de novembro e 07 de
fevereiro. A invocação se faz desde do meio-dia até as 12 horas e 20 minutos; pronuncia-se
176
os nomes divinos e o 8° versículo do salmo 79. [Deus ad virtutem converte nos; et ostende
faciem tuam et salvi erimus].
Ele serve para ter a vitória e para fazer levantar o cerco sobre uma cidade. Esse
anjo domina sobre as ciências e as artes, revela os segredos da natureza e inspira os sábios
filósofos em suas meditações. A pessoa nascida sob essa influência adquirirá a celebridade
por seus talentos e suas luzes e será distingüida entre os sábios.
O anjo contrário domina sobre os espíritos perversos; ele influi sobre os
charlatães e sobre todos aqueles que se exaltam na arte de enganar os homens.
38° HAAMIAH. Seu atributo [Deus, a esperança de todos os filhos da terra]. Ele
corresponde ao grande nome de Deus Agla [Deus Tríplice e Uno]. Conforme os cabalistas,
esse nome é tirado do seguinte versículo misterioso das Escrituras, que em português
significa: "Tu és o Deus forte durante a eternidade [1]". Ele é composto das primeiras letras
dessas quatro dicções, começando da direita para a esquerda [2].
O raio desse anjo começa desde o 186° grau até o 190°, inclusive, corresponde ao
19° década e ao anjo chamado Serucuth. Ele preside aos seguintes dias: 26 de abril, 07 de
julho, 17 de setembro, 28 de novembro e 08 de fevereiro. Invocam-se esses nomes divinos
para adquirir todos os tesouros do céu e da terra; é necessário recitar o 9° versículo do salmo
90. [Quoniam tu es Domine spes mea; altissimum posuisti refugium tumm].
Os cabalista dizem que esse salmo serve contra o raio, as armas, os animais
ferozes e os espíritos infernais. [vede a cabala dos salmos]. Esse anjo domina sobre todos os
cultos religiosos, e, sobretudo o que diz respeito a Deus; ele protege todos aqueles que
buscam a verdade.
O anjo contrário domina o erro e a mentira e influi sobre todos aqueles que não
têm nenhum princípio religioso.
39° REHAEL. Seu atributo [Deus que recebe os pecadores]. Ele corresponde ao santo nome
Goot, conforme a língua dos Escoceses. Sei raio começa desde o 191° grau da esfera até o
195°, inclusive, correspondendo a 20° década e o anjo chamado Ptéchout, sob a influência
de Saturno. Ele preside aos seguintes dias: 27 de abril, 08 de julho, 18 de setembro, 29 de
novembro e 09 de fevereiro. A invocação se faz desde o meio-dia e 40 minutos, até a 1 hora.
É necessário recitar o 13° versículo do salmo 29. [Audi vit Dominus, et misertus est mei;
Dominus factus est meus adjutor].
Ele serve para a cura das doenças e para obter a misericórdia de Deus. Esse anjo
domina a saúde e a longevidade da vida; ele influi sobre o amor paternal e filial, sobre a
obediência e os respeito das crianças para com seus pais.
O anjo contrário é chamado Terra-morte ou Terra-Danada, segundo a expressão
de Etteilla, em sua "Filosofia das Altas Ciências", Pg. 83. Ele é o mais cruel e o mais traidor
que se conhece; ele influi sobre o infanticídio e o parricídio.
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[1] - Vede Agrippa no 3° livro de sua Filosofia Oculta, Pg. 41, ed. Haya, 1727. Igualmente é encontrado em
Kircher, Oedipus Egiptiacus, tomo 2°, Pg. 115.
[2] - Por esse meio tereis a chave dos 72 versículos hebraicos que são escritos ao redor dos talismãs dos 72
gênios, os quais se encontram na esfera cabalística. Cada um desses versículos contém o nome de Deus e o
atributo do anjo ao qual ele corresponde.
O abade de Villars conta coisas maravilhosas, falando do grande nome AGLA, em sua obra "O
Conde de Gabalis" [vede 3° diálogo]. Ele afirma que com esse nome se opera uma infinidade de maravilhas,
mesmo sendo pronunciado por uma boca profana; ele pretende que os que querem se convencer da verdade
devem exaltar sua imaginação e sua fé, a seguir se voltarem para o Oriente observando a esse respeito o que
indica o rito cabalístico. Os sábios filósofos dizem que esse nome foi revelado a Jacob, quando em sonho ele
viu a escada de 72 degraus com os 72 anjos que subiam e desciam para o lugar chamado a porta do céu, e eles
pretendiam que é por ele que José foi resgatado de seus irmãos e que ele interpretou os sonhos, em especial
aquele do Faraó.
40° IEIAZEL. Seu atributo [Deus que reúne]. Ele corresponde ao santo nome
Goed, conforme a língua dos Belgas. Seu raio começa desde o 196° grau da esfera até o
200°, inclusive, correspondendo a 20° década e ao anjo chamado Aterchinis. Ele preside aos
cinco dias seguintes: 28 de abril, 09 de julho, 19 de setembro, 30 de novembro e 10 de
fevereiro. A invocação se faz desde 13 horas até as 13 horas e 20 minutos. Pronuncia-se o
pedido com os nomes divinos e o 15° versículo do salmo 87. [Ut quid Domine Repelis
orationem meam, avertis faciem tuam a me]. Esse salmo tem propriedades maravilhosas; ele
serve para libertar os prisioneiros, para ter consolo e para se ver livres dos inimigos. Esse
anjo domina sobre a imprensa e a livraria; influi sobre os homens de letras e os artistas. A
pessoa que nasce sob essa influência amará a leitura, o desenho e todas as ciências em geral.
O mau anjo domina todas as más qualidades do corpo e da alma; ele influi sobre
os espíritos sombrios e aqueles que fogem da sociedade.
41° HAHAHEL. Seu atributo [Deus em três pessoas]. Ele corresponde ao santo
nome Gudi, conforme a língua dos Irlandeses. Seu raio começa desde o 201° grau da esfera
até o 205° inclusive, correspondendo a 21° década e ao anjo chamado Chontaré, sob a
influência de Júpiter. Ele preside os seguintes dias: 29 de abril, 10 de julho, 20 de setembro,
01 de dezembro e 11 de fevereiro. Esse anjo e os que seguem, até o 48°, pertencem a quinta
ordem dos anjos, que os ortodoxos chamam o coro das virtudes. Se invoca esse anjo [1]
desde a 13 horas e 20 minutos até a 13 horas e 40 minutos, pronunciando o segundo
versículo do salmo 119. [Domine libera animam meam a labiis iniquis et a linguâ dolosâ].
Ele serve contra os inimigos da religião, os ímpios e os caluniadores. Esse anjo
domina sobre o cristianismo; protege os missionários e todos os discípulos do Christo, que
anunciam as palavras do Evangelho as nações; influi sobre as almas piedosas, os
eclesiásticos e sobre todos os que de alguma maneira estão ligados aos sacerdócio. A pessoa
que nasce sobre essa influência se distinguirá por sua grandeza de alma e sua energia; ela se
consagrará por inteiro ao serviço de Deus e não temerá sofrer martírio pelo Christo.
O anjo contrário influi sobre os apóstatas, os renegados e todos aqueles que
desonram o sacerdócio por sua conduta escandalosa.
desde as 13 horas e 40 minutos até as 14 horas; pronuncia-se o pedido com os nomes divinos
e o sétimo versículo do salmo 120. [Dominus custodit te ab omni malo; custodiat animam
tuam dominus].
Ele serve para viajar com segurança. Esse anjo influi sobre os monarcas, os
príncipes e os nobres; ele os mantém na obediência, descobre as conspirações e todos aqueles
que procuram destruir as pessoas e os governantes. A pessoa que nasce sob essa influência se
ocupará da política; será curiosa, procurará descobrir os segredos diplomáticos e as
novidades do estrangeiro, se distinguindo nos negócios de Estados por seus conhecimentos
no campo da diplomacia.
[1] - Observai que os que recorrem a esse anjo em suas preces devem prestar atenção a seu atributo e a sua
influência, pois se lhe fizerem um pedido contrário a seus atributos, não serão atendidos.
O anjo contrário domina os traidores; influi sobre a malevolência e sobre todos
os que propagam falsas novas.
43° VEUALIAH. Seu atributo [Rei dominador]. Ele corresponde ao santo nome
Solu, conforme a língua dos Californianos. Seu raio começa desde o 211° grau da esfera até
o 215°, inclusive, a 22° década e ao anjo chamado Stochêné, sob a influência de Marte. Ele
preside os seguintes dias: 01 de maio, 12 de julho, 22 de setembro, 03 de dezembro e 13 de
fevereiro. A invocação se faz desde as 14 horas, até as 14 horas e 20 minutos, pronunciando
o 14° versículo do salmo 87. [Et ego ad te Domine clamavi: et mane oratio mea praeveniet
te].
Ele serve para destruir o inimigo e para se livrar da escravidão. Esse anjo preside
a paz e influi sobre a prosperidade dos impérios; ele afirma os tronos vacilantes e a potência
dos reis. A pessoa que nasce sob essa influência amará o estado militar e a glória, se ocupará
constantemente das ciências que estão em relação com o anjo da guerra; se tornará célebre
por seus feitos militares, e conquistará a confiança de seu príncipe pelos serviços que lhe
prestar.
O anjo contrário põe a discórdia entre os príncipes; influi sobre a destruição dos
impérios, mantém as revoluções e os espíritos em luta.
45° SEALIAH. Seu atributo [Motor de todas as coisas]. Ele corresponde ao santo
nome Hobo, conforme a língua dos povos de Quito. Seu raio começa desde o 221° grau da
esfera até o 225°, inclusive, correspondendo a 23° década e ao anjo chamado Sesmê, sob a
influência do Sol. Ele preside os seguintes dias: 03 de maio, 14 de julho, 24 de setembro, 05
de dezembro, 15 de fevereiro. A invocação se faz desde as 14 horas e 40 minutos até as 15
horas. É necessário pronunciar o versículo 18 do salmo 93. [Si dicebem, motus est pesmeus;
misericordia tua Domine adjuebat me].
Serve para confundir os mentirosos e os orgulhosos; exalta os que estão
humilhados e caídos. Esse anjo domina a vegetação; ele leva a vida e a saúde a tudo o que
respira e influi sobre os principais agentes da natureza.
[1] - Aqui Lenain omite o horário: das 14 horas e 20 minutos as 14 horas e 20 minutos.
A pessoa que nasce sob essa influência amará instruir-se; terá grandes meios e
muita facilidade.
O anjo contrário domina sobre a atmosfera; ele provoca as temperaturas
extremas, as grandes secas e grandes umidades.
46° AIRIEL. Seu atributo [Deus revelador]. Ele corresponde ao santo nome
Pino, conforme a língua dos povos do Paraguai. Sei raio começa desde o 226° grau da esfera
até 230° inclusive, correspondendo a 23° década e ao anjo chamado Tépiseuth. Ele preside
os seguintes dias: 04 de maio, 15 de julho, 25 de setembro, 06 de dezembro, 16 de fevereiro.
Invoca-se esse anjo para ter revelações, se pronuncia o pedido junto com os nomes divinos e
o 9° versículo do salmo 144. [Suavis Dominus universis; et miserationes ejus super omnia
opera ejus]. Ele serve para agradecer a Deus pelos bens que nos enviou. A hora favorável
começa desde as 15 horas até as 15 horas e 20 minutos. Esse anjo descobre os tesouros
ocultos; ele revela os maiores segredos da natureza e mostra em sonho os objetos que se
deseja. A pessoa nascida sob essa influência é dotada de um espírito forte e sutil; terá idéias
novas e pensamentos sublimes; chegará a resolver os problemas os mais difíceis; será
discreta e agirá com muita circunspecção [1].
O anjo contrário causa tribulações do espírito; leva os homens a cometer as
inconseqüências de grande vulto e influi sobre os espíritos fracos.
47° ASALIAH. Seu atributo [Deus justo, que indica a verdade]. Ele corresponde
ao nome Hana, conforme a língua do Chile. Seu raio começa em 231° grau da esfera até
235°, inclusive. Correspondendo a 24° década e ao anjo chamado Sieme, sob a influência de
Vênus. Ele preside os seguintes dias: 05 de maio, 16 de julho, 26 de setembro, 07 de
dezembro, 17 de fevereiro. A invocação se faz desde as 15 horas e 20 minutos até as 15 horas
e 40 minutos, pronunciando o 25° versículo do salmo 104.[Quam magnificata sunt opera tua
Domine! Omnia in sapientia fecisti; impleta est terra possessione tua].
Ele serve para louvar Deus e para se elevar para ele quando nos envia suas luzes. Esse anjo
domina sobre a justiça, e faz conhecer a verdade nos processos; influi sobre os homens
probos, e sobre aqueles que elevam seu espírito a contemplação das coisas divinas. A pessoa
que nasce sob essa influência é dotada de um caráter agradável será apaixonada por adquirir
conhecimentos secretos.
180
[1] - Pensamos que é necessário dizer Ariel: "Arca de Deus", ou "Leão de Deus". [N.D.A.]
48° MIHAEL. Seu atributo [Deus, pai caritativo]. Ele corresponde ao santo nome
Zaca [1], conforme a língua dos Japoneses. Seu raio começa desde o 236° grau da esfera até
o 240°, inclusive, correspondendo a 24° década e ao anjo chamado Senciner. Ele preside aos
seguintes dias: 06 de maio, 17 de julho, 27 de setembro, 08 de dezembro, 18 de fevereiro. A
invocação se faz desde as 15 horas e 40 minutos até as 16 horas, pronunciando o 3° versículo
do salmo 97. [Notum fecit Dominus salutare suum; in conspectu gentium revelatit justitiam
suam].
Ele serve para conservar a paz e a união entre os esposos. Esse anjo protege os
que recorrem a ele. Eles terão pressentimentos e inspirações secretas sobre tudo o que lhes
chegar. Ele domina sobre a geração dos seres e influi sobre a amizade e a fidelidade
conjugal. Quem nasce sob essa influência será apaixonado pelo amor; amará passear e em
geral todos os prazeres.
O anjo contrário domina sobre o luxo, e esterilidade e a inconstância; põe a
discórdia entre o casal e causa o ciúme e a inquietação.
49° VEHUEL. Seu atributo [Deus grande e elevado]. Ele corresponde ao santo
nome de Deus Mara, conforme a língua dos Filipinos. Seu raio começa em 241° grau da
esfera até 245°, inclusive, correspondendo a 35° década e ao anjo chamado Reno, sob a
influência de Mercúrio. Ele preside aos seguintes dias: 07 de maio, 18 de julho, 28 de
setembro, 09 de dezembro, 19 de fevereiro. Esse anjo e os que seguem até os 56°, pertencem
a sétima ordem de anjos, que os ortodoxos chamam o coro dos principados. A invocação se
faz desde as 16 horas até as 16 horas e 20 minutos; pronuncia-se o pedido com os nomes
divinos e o 3° versículo do salmo 144. [Magnus Dominus et laudabilis nimis et magnitudinia
ejus non est finis].
Deve-se recitar o salmo por inteiro quando se é atingido por aflições e se tem o
espírito de contrariado. Ele serve para nos exaltar para Deus, para abençoar e glorificar,
quando se é tocado pela admiração. Esse anjo domina sobre as grandes personagens e sobre
os que se elevam e se distinguem por sues talentos e virtudes. A pessoa que nasce sob essa
influência terá a alma sensível e generosa; será estimada por todos os que forem de bem por
suas virtudes e obras; ela se distinguirá na literatura, jurisprudência e diplomacia.
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[1] - O santo nome Zaca corresponde ao nome Zacael e ao salmo 41, que madmodum, etc. [Vede a esse respeito
a cabala dos salmos]. Ele serve para livrar as almas do Purgatório, para adquirir todos os bens espirituais e
temporais, e para ter revelações em sonhos. É necessário que o pedido seja justo e agradável a Deus. [Lenain
dixit].
50° DANIEL. Seu atributo [O Sinal das misericórdias] e conforme outros,
o Anjo das confissões [1]. Ele corresponde ao santo nome Pola, conforme a língua dos
Samaritanos. Seu raio começa desde o 246° da esfera até o 250° inclusive, correspondendo a
25° década e ao anjo chamado Eregbuo. Ele preside aos seguintes dias: 08 de maio, 19 de
julho, 29 de setembro, 10 de dezembro, 20 de fevereiro. A invocação se faz desde as 16 horas
e 30 minutos até as 16 horas e 40 minutos, recitando o oitavo versículo do salmo 102.
[Miserator et misericors Dominus; longanimis et meeisericors].
Ele serve para obter a misericórdia de Deus, e para ser consolado. Esse anjo
domina sobre a justiça, os advogados, e todos os magistrados em geral. Ela dá inspiração
àqueles que estão com os mais diversos problemas, e não sabem por qual se decidir. A pessoa
que nasce sob essa influência será industriosa e ativa em seus negócios; amará a literatura e
se distinguirá por sua eloqüência.
O anjo contrário influi sobre aqueles que não gostam de trabalhar e procuram
viver por meios ilícitos.
51° HAHASIAH. Seu atributo [Deus oculto]. Ele corresponde ao santo nome de
Deus Bila, conforme a língua dos Barsianos. Seu raio começa desde o 251° grau da esfera até
o 255°, inclusive, correspondendo a 26° década e ao anjo chamado Sesmé, sob a influência
da Lua. Ele preside aos seguintes dias: 09 de maio, 20 de julho, 30 de setembro, 11 de
dezembro, 21 de fevereiro. A invocação se faz desde as 16 horas e 40 minutos até as 17
horas, pronunciando o 32° versículo do salmo 103. [Sit glória domini in saeculum; laetabitur
Dominus in operibus suis]. Ele serve para elevar a alma à contemplação das coisas divinas e
para descobrir os mistérios da sabedoria. Esse anjo domina sobre a química e a física; ele
revela os maiores segredos da natureza, em especial a pedra filosofal e a medicina universal.
A pessoa que nasce sobre essa influência amará as ciências abstratas; em particular procurará
conhecer as propriedades e as virtudes atribuídas aos animais, aos vegetais e aos minerais; se
distinguirá na medicina por suas curas maravilhosas e fará várias descobertas úteis a
sociedade.
O anjo contrário domina sobre os charlatães e sobre todos os que abusam da boa
fé das pessoas, lhes prometendo coisas extraordinárias.
52° IMAMIAH. Seu atributo [Deus elevado acima de todas as coisas]. Ele
corresponde ao nome Abag conforme a língua dos Melindais. Seu raio de ação começa desde
182
o 256° grau da esfera até o 260° inclusive, correspondendo a 26° década e ao anjo chamado
Sagen. Ele preside os seguintes dias: 10 de maio, 21 de julho, 01 de outubro, 12 de
dezembro, 22 de fevereiro. A invocação se faz desde as 17 horas até as 17 horas e 20
minutos, recitando o 18° versículo do salmo 7. [Confitebor domino secundum justitiam ejus;
et psallam nomini domini Altissimi].
Ele é bom para destruir a potência dos inimigos e para os humilhar. Esse anjo
domina sobre todas as viagens em geral; ele protege os prisioneiros que recorrem a ele; e
lhes inspira os meios para obter a liberdade; influi sobre todos aqueles que buscam a verdade
de boa fé abandonando seus erros por um retorno bem sincero a deus. A pessoa que nasce
sob essa influência terá temperamento forte e vigoroso; suportará as adversidades com muita
paciência e coragem; amará o trabalho e executará tudo o que quiser com facilidade.
[1] - Kircher, Oedipus Etiptiacus, tomo 2°, Pgs. 266 e 267.
O anjo contrário domina o orgulho, a blasfêmia e a malícia; influi sobre os
homens grosseiros e briguentos.
53° NANAEL. Seu atributo [Deus que abaixa os orgulhosos]. Ele corresponde ao
santo nome Obra [1] conforme a língua dos Malteses. Seu raio começa desde o 261° grau até
o 265°, inclusive, correspondendo a 27° década e ao anjo chamado Chommé, sob a
influência de Saturno. Ele preside aos seguintes dias: 11 de maio, 22 de julho, 02 de outubro,
13 de dezembro, 23 de fevereiro. A invocação se faz desde as 17 horas e 20 minutos até as 17
horas e 40 minutos, pronunciando os nomes divinos com 75° versículo do salmo 118.
[Cognovi domine quia aequitas judicia tua; et in veritate tua humiliasti me].
Esse salmo é dividido em 22 partes iguais, correspondendo as 22 letras hebraicas
e aos 22 nomes sagrados de Deus, que correspondem a cada uma dessas letras, e que indicam
a escala pela qual os sábios sobem a contemplação de Deus. Os cabalistas pretendem que a
santa Virgem os recitava todos os dias [vede cabala dos salmos]. Esse anjo domina sobre as
altas ciências; influi sobre os eclesiásticos, os professores, os magistrados e os homens de lei.
A pessoa que nasce sob essa influência terá o humor melancólico; ela amará a privacidade o
repouso e a meditação e se distinguirá por seus conhecimentos nas ciências abstratas [2].
O anjo contrário domina a ignorância e todas as más qualidades do corpo e da
alma.
54° NITHAEL. Seu atributo [Rei dos céus]. Ele corresponde ao santo nome
Bora, conforme a língua dos Zaflanianos. Seu raio começa desde o 266° grau da esfera até o
270°, inclusive, correspondendo a 27° década e ao anjo chamado Chenon. Ele preside aos
seguintes dias: 12 de maio, 23 de julho, 03 de outubro, 14 de dezembro, 24 de fevereiro. A
invocação se faz desde as 17 horas e 40 minutos até as 18 horas, pronunciando o 1° versículo
do salmo 102 [dominus in coelo paravit sedem suam: et ipsus omnibus dominabitur].
Ele serve para obter a misericórdia de Deus e para viver por muito tempo. Esse
anjo domina sobre os imperadores, os reis, os príncipes e todas as dignidades civis e
eclesiásticas. Ele vela sobre as dinastias legítimas e sobre a estabilidade dos impérios; ele dá
um reinado longo e pacífico aos príncipes que recorrem a ele e protege todos aqueles que
querem se manter em seus empregos. A pessoa que nasce sob essa influência se tornará
célebre por seus escritos e sua eloquência; terá muita reputação entre os sábios, se distinguirá
por suas virtudes e merecerá a confiança de seu príncipe.
183
O anjo contrário domina sobre a ruína dos impérios; ele causa as revoluções e as
revoltas; ele influi sobre todos aqueles que concorrem a destruição das monarquias para se
apoderar da autoridade e dos mais altos cargos.
55° MEBAHIAH. Seu atributo [Deus eterno]. Ele corresponde ao nome Alay,
conforme a língua dos povos de Ormuz. Seu raio começa desde o 271° grau da esfera até o
275° inclusive, correspondendo a 28° década e ao anjo chamado Smat, sob a influência de
Júpiter. Ele preside os seguintes dias: 13 de maio, 24 de agosto, 04 de outubro, 15 de
dezembro, 25 de fevereiro. A invocação se faz desde as 18 horas até as 18 horas e 20
[1] - O santo nome Obra corresponde ao salmo 132, conforme a Kabala. Esse salmo nos ensina que todos os
homens devem se amar como irmãos.
[2] - Deixamos a Lenain a responsabilidade dos exercícios cabalísticos da Santa Virgem...
minutos; se pronuncia o pedido com os nomes divinos e o 13° versículo do salmo101. {Tu
autem Domine in aeternum permanes; et memoriale tuum in generationem]. Ele é favorável
para ter consolações e para os que desejam ter filhos. Esse anjo domina sobre a moral e a
religião; influi sobre os que a protegem com seu poder e a propagam por todos os meios
possíveis. A pessoa que nasce sob essa influência se destinguirá por suas boas obras, sua
piedade e por seu zelo em cumprir com o dever com Deus e os homens.
O anjo contrário é inimigo da verdade; influi sobre todos aqueles que querem
destruir a religião e os príncipes que a protegem, para impedir a grande obra da regeneração
do gênero humano.
56° POIEL. Seu atributo [Deus que sustenta o universo]. Ele corresponde ao
santo nome Illi, conforme a língua dos povos de Aden. Seu raio de ação começa desde os
276° grau da esfera até o 280°, inclusive, correspondendo a 28° década e ao anjo chamado
Themeso. Ele preside os seguintes dias: 14 de maio, 25 de julho, 05 de outubro, 16 de
dezembro, 26 de fevereiro. A invocação se faz desde as 18 horas e 20 minutos até as 18 horas
e 40 minutos, é necessário pronunciar o 15° versículo do salmo 144. [Allevat dominus omnes
qui corrunt; et origit omnes elisos].
Ele serve para obter o que se pede. Esse anjo domina o renome a fortuna e a
filosofia. A pessoa que nasce sobe sua influência será estimada por todos por sua modéstia,
sua moderação e seu agradável humor; ela deverá sua fortuna somente a seu talento e a sua
conduta.
O mau anjo domina a ambição e o orgulho; influi sobre todos aqueles que se
levantam como mestres e querem se elevar acima dos demais.
57° NEMAMIAH. Seu atributo [Deus louvável]. Ele corresponde ao santo nome
Popa, conforme a língua dos Cirineos. Seu raio começa desde o 281° grau da esfera té o
285°, inclusive, correspondendo 29° década e ao anjo chamado Srô, sob a influência de
Marte. Ele preside aos seguintes dias: 15 de maio, 27 de julho, 06 de outubro, 17 de
dezembro, 27 de fevereiro. Esse anjo e os que seguem até 63° pertencem a oitava ordem, que
os ortodoxos chamam o coro dos arcanjos. A invocação se faz desde as 18 horas e 40
minutos até as 19 horas, recitando o 19° versículo do salmo 113. [Qui timent dominum
speraverunt in domino; adjuter eorum et protector eorum est].
184
Ele serve para prosperar em todas as coisas e para libertar os prisioneiros. Esse
anjo domina sobre os grandes comandantes, os almirantes, os generais e todos os que
combatem por uma causa justa. A pessoa que nasce sobre essa influência amará o estado
militar; e se distinguirá por sua atividade e grandeza de alma, suportando a fadiga com muita
coragem.
O anjo contrário domina sobre as traições, causa desentendimento entre os
chefes; influi sobre os pusilânimes e os que atacam os indefesos.
58° IEIALEL. Seu atributo [Deus que atende as gerações]. Ele corresponde ao
santo nome Para, conforme a língua dos Celamitas. Seu raio começa desde o 286° grau da
esfera até o 290° inclusive, correspondendo a 29° década e ao anjo chamado Epima. Ele
preside aos cinco seguintes dias: 16 de maio, 27 de julho, 07 de outubro, 18 de dezembro, 28
de fevereiro. A invocação se faz desde as 19 horas até as 19 horas e 20 minutos. Se pronuncia
os nomes divinos e o 3° versículo do salmo 6. [Et anima turbata est valve; sed tu Domine
usque quo?].
Ele serve contra as aflições e cura as doenças, principalmente o mal dos olhos
[1]. Esse anjo domina sobre o ferro; influi sobre os armeiros, serralheiros, cuteleiros e todos
aqueles que com tais objetos comerciam; ele confunde os mentirosos e os falsos
testemunhos. A pessoa que nasce sob essa influência se distinguirá por sua bravura e sua
franqueza e será apaixonada por Vênus.
O anjo contrário domina a cólera; ele influi sobre os mentirosos e os homicidas.
59° HARAHEL. Seu atributo [Deus que conhece todas as coisas]. Ele
corresponde ao santo nome de Deus Ella, conforme a língua dos Mesopotâmios. Seu raio
começa em 291° grau da esfera até 295°, inclusive, correspondendo a 30° década e ao anjo
chamado Isrô, sob a influência do Sol. Ele preside aos seguintes dias: 17 de maio, 28 de
julho, 07 de outubro, 19 de dezembro, 01 de março. A hora favorável começa das 19 horas e
20 minutos até as 19 horas e 40 minutos; é necessário pronunciar o nome do anjo com seus
atributos, e o 3° versículo do salmo 112. [A solis ortu usque ad occasum, laudabile nomem
domini].
Ele serve contra a esterilidade das mulheres e para tornar as crianças submissas e
respeitosas para com seus pais. Esse anjo domina sobre os tesouros, os cambistas, os fundos
públicos, os arquivos, as bibliotecas e todos os tratados raros e preciosos; ele influi sobre a
imprensa, a livraria e sobre todos os que comerciam. A pessoa que nasce sob essa influência
amará e se instruirá sobre todas as ciências em geral; terá muitas ocupações, seguirá as
operações da bolsa, especulará com vantagem e se distinguirá por sua probidade, seus
talentos e sua fortuna.
O anjo contrário é o inimigo das luzes; ele causa a ruína e a destruição por
incêndios; influi sobre as dilapidações e as falências fraudulentas.
60° MITZRAEL. Seu atributo [Deus que alivia os oprimidos]. Ele corresponde ao
santo nome Géna, conforme a língua dos povos do Tibé. Seu raio de ação começa desde o
296° da esfera até o 300°, inclusive, correspondendo a 30° década e ao anjo chamado
Homoth. Ele preside os seguintes dias: 18 de maio, 29 de julho, 09 de outubro, 20 de
dezembro, 02 de março. A invocação se faz desde as 19 horas e 40 minutos, até as 20 horas,
185
pronunciando o 18° versículo do salmo 144. [Justus Dominus in omnibus viis suis; et sanctus
in omnibus operibus suis].
Ele serve para curar as doenças do espírito e para ser libertado daqueles que nos
perseguem; ele domina sobre as personagens ilustres que se distinguem por seus talentos e
suas virtudes; ele influi sobre a fidelidade e a obediência dos subalternos para com seus
superiores. A pessoa que nasce sob essa influência reunirá todas as belas qualidades do corpo
e da alma; ela se distinguirá por suas virtudes, seu espírito, seu humor agradável e viverá por
muito tempo.
O anjo contrário domina sobre os seres insubordinados e influi sobre todas as
más qualidades físicas e morais.
61° UMABEL. Seu atributo [Deus acima de todas as coisas]. Ele corresponde ao
nome Sila, conforme a língua dos antigos Betulianos. Seu raio de ação começa em 301° da
[1] - Vede a esse respeito o Enchiridião do papa Leão. Pg. 4.
esfera até 305° inclusive, correspondendo a década 31° e ao anjo chamado Ptiau, sob a
influência de Vênus. Ele preside aos seguintes dias: 19 de maio, 30 de julho, 10 de outubro,
31 de dezembro, 03 de março. Deve-se fazer a invocação desde as 20 horas até as 20 horas e
20 minutos; pronuncia-se os nomes divinos e o 2° versículo do salmo 112. [Sit nomem
Domini benedictum, ex nunc et usque in saeculum].
Ele serva para manter a amizade de uma pessoa. Esse anjo domina a astronomia e
a física; influindo sobre todos aqueles que se distinguem nessas ciências. A pessoa que nasce
sob essa influência amará as viagens e todos os prazeres honestos; terá o coração sensível e o
amor lhe causará aflições.
O anjo contrário influi sobre os libertinos e particularmente sobre aqueles que se
entregam às paixões contrárias a ordem da natureza.
62° IAHHEL. Seu atributo [Ser supremo]. Ele corresponde ao nome Suna,
conforme a língua dos antigos Carmanianos. Seu raio vai desde o 306° grau da esfera até o
311°, inclusive, correspondendo a década 31° e ao anjo chamado Oroasoer. Ele preside os
seguintes dias: 20 de maio, 31 de julho, 11 de outubro, 22 de dezembro, 04 de março. A
invocação se faz desde as 20 horas e 20 minutos, até as 20 horas e 40 minutos; é necessário
pronunciar o versículo 159° do salmo 118. [Vide quoniam mandata tua dilexi Domine, in
misericordia tua vivifica me].
Ele serve para adquirir a sabedoria. Esse anjo domina sobre os filósofos, os
iluminados e todos aqueles que querem se retirar do mundo. A pessoa que nasce sob essa
influência amará a tranqüilidade e a solidão; ela cumprirá exatamente os deveres de seu país
e se distinguirá por sua modéstia e suas virtudes.
O anjo contrário influi sobre tudo que leva ao escândalo; ele domina sobre o
luxo, a inconstância e o divórcio; ele provoca a desunião do casal.
64° MEHIEL. Seu atributo [Deus que vivifica todas as coisas]. Ele corresponde
ao santo nome Alli, conforme a língua dos Mongois. Seu raio começa desde o 316° grau da
esfera até o 320°, inclusive, correspondendo a 32° década e ao anjo chamado Astiro. Ele
preside os seguintes dias: 22 de maio, 02 de agosto, 13 de outubro, 24 de dezembro, 06 de
março. A invocação se faz desde as 21 horas até as 21 horas e 20 minutos, pronunciando os
nomes divinos com o 18° versículo do salmo 32. [Ecce oculi domini super metuentes eum; et
in eis, qui sperant super misericordiam ejus].
Esse salmo é bom contra as adversidades; ele exalta as preces e a voz do que
espera a misericórdia de Deus. Esse anjo e os que seguem até o 72°, pertencem a nona
ordem, que os ortodoxos chamam o coro dos anjos. Esse anjo protege contra a cólera e os
animais ferozes; domina sobre os sábios, os professores, os oradores e os autores; influi
sobre a imprensa e a livraria e sobre todos aqueles que comerciam. A pessoa que nasce sob
essa influência se distingüirá na literatura.
O anjo contrário domina sobre os falsos sábios; influi sobre as controvérsias, as
disputas literárias e a crítica.
66°MANAKEL. Seu atributo [Deus que secunda e mantém todas as coisas]. Ele
corresponde a nome Pora, conforme a língua dos Brahmanes. Seu raio começa desde o 326°
da esfera até o 330°, inclusive correspondendo a 33° década e ao anjo chamado Tepisatras.
Ele preside os cinco dias seguintes: 24 de maio, 04 de agosto, 15 de outubro, 26 de
dezembro, 08 de março. A invocação se faz desde as 21 horas e 40 minutos, até as 22 horas,
187
recitando o 22° versículo do salmo 39. [Ne derelinquas me Domine Deus meus: ne
discesseris a me].
Ele serve para apaziguar a cólera de Deus e para curar o mal caduco. Ele domina
sobre a vegetação e sobre os animais aquáticos; ele influi sobre o sono e sobre os sonhos. A
pessoa que nasce sob essa influência reunirá todas as belas qualidades do corpo e da alma;
ele se unirá à amizade e a benevolência de todas as pessoas de bem por sua amabilidade e a
doçura de seu caráter.
O anjo contrário influi sobre todas as más qualidades físicas e morais.
67° EIAEL. Seu atributo [Deus, delícia dos filhos dos homens]. Ele corresponde
ao nome Bogo, segundo a língua dos Albaneses. Seu raio vai de 331° grau da esfera até o
335° inclusive, correspondendo a 34° década e ao anjo chamado Abiou, sob a influência de
Saturno. Ele preside os seguintes dias: 25 de maio, 05 de agosto, 16 de outubro, 27 de
dezembro, 09 de março. Invoca-se esse anjo desde as 22 horas até as 22 horas e 20 minutos;
faz-se o pedido com os nomes divinos e o 4° versículo do salmo 36. [Delectare in Domine et
dabit tibi petitiones cordis tui].
Ele serve para ter consolações na adversidade e para adquirir sabedoria. Esse
anjo domina sobre as trocas, sobre a conservação dos monumentos e sobre a longevidade da
vida; ele influi sobre as ciências ocultas; ele faz conhecer a verdade aos que recorrem a ele
em seus trabalhos. A pessoa que nasce sob essa influência se tornará iluminada pelo espírito
de Deus; ela amará a solidão e se distinguirá nas altas ciências, principalmente as
astronomia, a física e a filosofia.
O anjo contrário domina o erro, os prejuízos, e aos que propagam sistemas
errôneos.
69°ROCHEL. Seu atributo [Deus que vê tudo]. Ele corresponde a santo nome
Déos, conforme a língua dos Cretenses. Seu raio começa desde o 341° grau da esfera até o
345° inclusive, correspondendo a 35° década e ao anjo chamado Chontaré, sob a influência
de Júpiter. Ele preside aos seguintes dias: 27 de maio, 07 de agosto, 18 de outubro, 29 de
dezembro, 11 de março. A invocação se faz desde as 22 horas e 40 minutos, até as 23 horas,
pronunciando o 5° versículo do salmo 15. [Dominus pars haeredilatis meae, et calicis mei; tu
es, qui restitues haereditatem meam mihi].
188
Ele serve para encontrar os objetos perdidos ou roubados e para conhecer quem
os roubou. Esse anjo domina o renome, a fortuna e o sucesso; ele influi sobre os
jurisconsultos, os magistrados, os advogados e os notariados. A pessoa que nasce sob essa
influência se distinguirá na advocacia e seus conhecimentos sobre os costumes, usos e o
espírito das leis de todos os povos.
O anjo contrário domina sobre os processos, os testamentos e os legados que se
fazem em detrimento dos herdeiros legítimos; ele influi sobre todos aqueles que causam a
ruína das famílias, provocando fracassos enormes e processos intermináveis.
70° JABAMIAH [1]. Seu atributo [Verbo que produz todas as coisas]. Ele
corresponde ao santo nome Aris, conforme a língua dos Beotiens. Seu raio vai desde o 346°
grau da esfera até o 350°, inclusive, correspondendo a 35° década e ao anjo chamado
Thopibui. Ele preside os seguintes dias: 28 de maio, 08 de agosto, 19 de outubro, 30 de
[1] - O Abade Villars diz que esse nome exprime a eterna fecundidade de Deus [conde de Gabalis].
dezembro, 12 de março. A invocação se todos os dias das 23 horas, as 23 horas e 20 minutos.
É necessário pronunciar o pedido com os nomes divinos e o 1° versículo do Gênese.
[No começo Deus criou o céu e a terra].
Esse anjo domina sobre a geração dos seres e sobre os fenômenos da natureza;
ele protege aqueles que querem se regenerar e restabelecerem em si a harmonia rompida pela
desobediência de Adam, o que é possível se exaltando para Deus através da purificação dos
elementos que compõem a natureza do homem; é então que o sábio volta a entrar no
princípio da criação; que ele reencontra seus direitos, sua primeira dignidade que ele volta a
ser o mestre da natureza e que goza de todas as prerrogativas que Deus lhe deu o criando. A
pessoa que nasce sob essa influência se distinguirá por seu gênio, será considerada pelos
sábios de todas as nações e se tornará uma das grandes luzes da filosofia.
O anjo contrário domina o ateísmo e todos aqueles que propagam os escritos
perigosos; influi sobre os críticos e as disputas literárias.
71° HAIAIEL. Seu atributo [Deus mestre do universo]. Ele corresponde ao nome
Zeut, conforme a língua dos Frígios. Seu raio começa desde o 351° grau da esfera até o 355°
inclusive, correspondendo a 36° década e ao anjo chamado Ptibiou, sob a influência de
Marte. Ele preside aos seguintes dias: 29 de maio, 09 de agosto, 20 de outubro, 31 de
dezembro, 14 de março. A invocação se faz desde as 23 horas e 20 minutos até as 23 horas e
40 minutos, pronunciando o 29° versículo do salmo 108. [Confitebor Domino nimis in
oremeo; et in medio multorum laudabo eum].
Ele serve para confundir os mentirosos e para nos libertarmos dos que querem
nos oprimir. Esse anjo protege a todos os que recorrem a ele; ele dá a vitória e a paz; ele
influi sobre o ferro, os arsenais, as cidades de guerra e a todos os que se ligam ao gênio
militar. A pessoa que nasce sob essa influência terá muita energia; amará o militarismo e se
distinguirá por sua bravura, seus talentos e sua atividade.
O anjo contrário domina a discórdia, ele influi sobre os traidores e sobre todos
aqueles que se tornam célebres por seus crimes.
72° MUMIAH. Seu atributo é figurado pelo ômega, que designa todas as coisas;
ele domina sobre a Trácia ou a Romênia. Seu raio começa desde o 356° grau até o 360° e
189
último grau da esfera, correspondendo à última década e ao anjo chamado Atembui. Ele
preside os seguintes dias: 30 de maio, 10 de agosto, 21 de outubro, 01 de janeiro, 14 de
março. A invocação se faz desde as 23 horas e 40 minutos até as meia-noite precisamente; é
necessário pronunciar os nomes divinos, a saber, o alfa e o ômega, com os nomes e os
atributos do anjo, assim como o pedido e o 7° versículo do salmo 114. [Converter anima mea
in requiem tuam; quia Dominus beneficit tibi].
Deve-se ter um talismã que está no frontispício, com aquele do anjo escrito no
outro lado, que deve ser preparado sob influências favoráveis indicadas no capítulo da
Astrologia cabalística. Esse anjo protege nas operações misteriosas; ele faz triunfar em todas
as coisas, conduz toda experiência a seu fim; ele domina sobre a química, a física e a
medicina; ele influi sobre a saúde e a longevidade da vida. A pessoa se tornará célebre por
suas curas maravilhosas, desvelará vários segredos da natureza que farão a felicidade de
filhos da terra, e ela consagrará sua vigílias e seus cuidados para aliviar os pobres e os
doentes.
O anjo contrário causa o desespero e o suicídio; ele influi sobre todos aqueles
que detestam sua existência e o dia que os nascer.
Nesta edição da obra publicada em 1951, o autor prendeu sua atenção nos
estudos sobre os Selos atribuídos aos 72 Nomes divinos. Estes selos são realidades de seus
contrários, das experiências que foram desenvolvidas de 1955 a 1960 tivemos conclusões
que permitiram estabelecer seu caráter eminentemente maléfico e excessivamente perigoso,
como casos de câncer, obsessão suicidária e encorporação possessiva, enfestação tem sido
observado sem discussão possível.
Dezembro 1989. R . A .
190
O RITO DA ALIANÇA
O ritual abaixo foi estabelecido por nós mesmos, tirado das "Clavículas"
manuscritas e também inspirado nas instruções que dá Lenain em sua obra "A Ciência
Kabalística" [Amiens, 1823]. Esse ritual se conforma perfeitamente com a tradição secreta
particular aos "Elus-cohen", pois que visa estabelecer um contato espiritual primeiro, e
material a seguir, entre um dos grandes Anjos saídos do "Nome De Setenta e Duas Letras" e
o Operador. Esse contato está implicitamente incluído nos ensinamento secreto de Martinez
de Pasqually, e explicitamente pedido na grande "Invocação de Reconciliação", do qual uma
cópia manuscrita, pelo próprio punho de Claude de Saint-Martin, figura na Biblioteca de
Lyon.
∴
O despertar de sua espiritualidade começou então agora que, "Mestre Eleito, sob
a Faixa Negra", ele praticou durante os três primeiros quartos de Lua as Invocações aos XXII
Nomes de Deus saídos das XXII Letras dadas pelo Salmo CXIX. [Instrução à parte, remetida
aos Mestres Eleitos].
O lado ativo desse "impregnação" espiritual foi abordado com as grandes
Operações de equinócio, e a questão dos "passes". Supomos, pois que os "passes" em
questão obtidos, suficientemente explicitados para que tenham permitido, com o auxílio dos
conselhos dos Irmãos do mesmo Areópago, reconhecer a Entidade que escolheu o Operador
como discípulo e que o tempo de sua Evocação tenha chegado. Quadros especiais dão essas
"correspondências" [tempo, hora, ângulo do céu, correspondências analógicas e planetárias,
perfumes, etc...] [1].
Ainda uma vez, o que se segue foi experimentado por nós e o resultado
demonstrou seu valor. Além de que, são sonhos obtidos sempre ao amanhecer, e sucedendo a
Operações noturnas de Invocação do Anjo, que verdadeiramente nos ensinaram, isso por
visões simbólicas, mas extremamente claras, os detalhes desse Ritual. Acrescentemos que
coincidências, fatos absolutamente inesperados, ou contrários ao que supúnhamos, nos
mostra sem contestação possível, que as reações do Subconsciente para nada concorriam
nesse caso. Irmãos foram constantemente informados na medida em que ditas revelações e
processos verbais dos ditos sonhos foram estabelecidos a cada dia seguinte. Por fim, alguns
assistiram a operações reduzidas ou iniciais, isso com o único objetivo de os convencer da
realidade e do valor de ditos Ritos. Seu testemunho é corroborante.
Se procurará primeiro um Incensário ou um queima perfumes de cobre ou de
bronze. Se escolherá um modelo bastante alto, bastante pesado, e não um desses objetos
comuns, de baixo preço. Igualmente se adquirirá uma Lâmpada de Santuário, de vidro rubí,
das que sem cessar queimam nas igrejas. Se queimará aí veladoras em estearina ou em cera,
onde se colocará azeite, a escolher. Se completará esse conjunto com uma Esfera de Cristal
maciça, que repousará sobre uma copa de cobre ou bronze, ou de prata.
192
Esses objetos serão colocados sobre uma Toalha branca ou púrpura, a Lâmpada
atrás, diante dela, à esquerda o Incensário, à direita a Bola, uma Naveta de Incenso, uma
campainha litúrgica completarão o Altar. Todos esses objetos serão devidamente
consagrados, se utilizando para cada um deles os Nomes Divinos da Sephirah ao qual cada
um corresponde simbolicamente. [Ver quadro].
Se poderá igualmente depositar sobre o Altar a Espada com a guarda crucial, ou a
Baqueta de Amendoeira, se se possui esses dois objetos. Eles são puramente simbólicos e o
primeiro jamais é utilizado neste Ritual.
"Minha força está no NOME do Senhor, que fez o Céu e a Terra! Senhor, escuta
minha Prece, e que meu Grito suba até Vós...!
193
INVOCAÇÃO DE CONSAGRAÇÃO
"Recebei, pois, Senhor meu Deus, a oferta que vos faço dessas faculdades que
me constituem verdadeiramente Vossa Imagem nesse Mundo e que como tais, devem me
tornar terrível a todos os Inimigos de Vossa Santa Lei. Apoderai-vos de tal maneira de
minhas faculdades que elas não tenham vida mais pura para Vós, por Vós e em Vós, que sois
a Vida, o Caminho e a Verdade. Fazei que, pelo poder de Vosso Nome Terrível que só
pronuncio tremendo, ó Verdadeiro Rei, todas as Potências de Trevas se afastem de mim sem
retorno, e que elas me deixem desfrutar das consolações que dais àqueles que, por seu
verdadeiro desejo e sua perseverança em Vossos Caminhos, se tenham tornado dignos de
conhecer o Anjo, fiel e potente, que unistes a Vossa Criatura.
"É por isso que vos conjuro, .....n..... [nomear o Anjo], a vos unir constantemente
a minha pessoa, a me dirigir em todas as minhas ações temporais ou espirituais. É por isso
que vos entrego inteiramente meu livre arbítrio, para em troca, meus desejos e minha
vontade e todos meus atos se tornem absolutamente conformados às Leis Divinas, em virtude
da responsabilidade que vos foi confiada de velar por mim.
"Preveni-me, pois sobre todos os acontecimentos que poderiam prejudicar-me,
temporal ou espiritualmente, preveni-me contra as armadilhas e os ataques do Espírito do
Mal que procura me prender em suas redes. Afasta de mim todas as insinuações maldosas,
preserva-me de toda comunicação com o ser que me persegue, a fim de que não tenha nada
em mim que não haja e não subsista conforme aos desígnios que o Eterno concebeu a meu
respeito.
"É por isso que eu vos conjuro, espírito que invoquei e que invoco ainda, de
receber e aceitar a confiança que vos dou plenamente neste dia e neste lugar, me propondo
firmemente de abjurar a fraca e obscura vontade que foi a minha até este dia, para me
conduzir somente vossos desígnios espirituais sobre mim. Eu o juro aqui mesmo e
solenemente, diante de vossos Símbolos e o prometo por esse Nome Terrível e Formidável
de Deus: [aqui o Tetragrama], Ouve-me, pois nesse mesmo instante, ó ....n.... [nomear o
anjo].
"Fazei-me, pois conhecer vossa assistência por qualquer Caráter Hieroglífico ou
por qualquer Sinal luminoso e claro, ou por qualquer outra manifestação no Mundo tangível,
que permita a minha fraqueza atual sustentar vosso olhar, de desfrutar de vossa presença, e
de compreender vosso ensinamento. Prepara, pois minha Forma de matéria impura a fim de
que ela seja, nesse mesmo instante, própria para receber a comunicação de vossos celestes
pensamentos. Eu vos conjuro ó ....n.... [nomear o Anjo], pelos divinos nomes de .........
[nomear os Elohim reitores da Sephirah de quem depende o Anjo, e aqueles dos Sephiroth
superiores sobre o mesmo "Pilar" da Árvore da Vida], e por aquele de Arcanjo ....x....
[nomear] reitor de vossa Corte... Amém".
195
- De Profundis,
- Miserere Mei,
- Conjuração dos Quatro,
- Conjuração dos Dez,
- Invocação de Salomão,
- Consagração do Lugar,
- Invocação cotidiana dita de Apelo,
- Invocação de Consagração, modificada assim:
"Dispõe, pois de minha Forma de matéria impura afim de que ela seja, nesse
mesmo instante, própria para receber a comunicação de vossos celestes Pensamentos, e
contemplar Vossa Face. Eu Vos conjuro pois, ó ....[nomear], por Ioh, o Deus Vivo, por Ioah, o
Deus Verdadeiro, por Iaoh, o Deus Santo, de Vos manifestar a mim sob uma Forma, sensível
a meus Olhos e a meus outros Sentidos, neste instante e neste lugar, sobre este Ar consagrado
a Vosso Serviço. Aparecei pois ó Divino ... [nomear], aparecei Flamejante dos Palácios
Celestes, Luz dos Átrios do Alto, Eterno Velador do Maior dos Reis! Deixai a Celeste
Morada! Vinde a este Lugar! E que Vossa Glória aqui brilhe, tangível reflexo da Glória de
meu Deus!"
As Evocações Cerimoniais
Só quando o Teurgo tiver realizado a Operação precedente com pleno êxito, que
poderá então se considerar em condições de passar para as seguintes, infinitamente mais
perigosas para ele, moral e psiquicamente.
De fato, o lugar oculto estabelecido de maneira certa com o plano de Jesirah, a
entidade protetora conhecida e contatada, se torna então possível para o Operador penetrar
em certos "planos" ou certas "regiões" espirituais inferiores, sem perigo imediato.
Essas Operações podem se repartir assim:
Alguém pode se espantar de ver em uma obra de Teurgia incluir em seu processo
a evocação de forças demoníacas. De fato, o "Ritual de Abramelin" nos precisa que isso é
necessário para estabelecer o equilíbrio do Operador, que se arrisca ser perturbado, mesmo
destruído, pelas Forças Superiores contatadas, e isso tão seguramente como por aquelas de
Baixo. Lembrem das advertências das Escrituras:
"Deus é um fogo QUE QUEIMA..."
"Tu não podes ver meu rosto SEM MORRER..."
"Não busques muito a Sabedoria; porque queres TE ANIQUILAR?..."
[1] - Igualmente é uma indicação prática e material, é o "W" que os Elus Cohen conhecem
bem... . Não diremos mais nada.
Pois bem, o fato de não possuírem mais que duas dimensões os situam em um
mundo perfeitamente plano, e onde a terceira dimensão é desconhecida.
Flatland, em seu Em romance de muitas dimensões" nos demonstra que um ser
com duas dimensões não é mais que um ser-superfície. Pois bem, se ensaiamos examinar
uma criatura, que não seja mais que superfície, devemos desistir! Pois apesar de, a vermos
evoluir, lhe daremos uma espessura, por pequena que seja...
Concluímos, pois que o mundo de duas dimensões nos escapa, assim como
aquele de uma!
E para esse ser superfície, os sólidos e todos os corpos do Universo de Três
dimensões, não se revelarão a seus sentidos mais sob a forma de linhas, sem que ele possa
explorar sua superfície...[1].
Além disso, da mesma maneira que um plano material constitui para nós um
obstáculo para nossa caminhada adiante, assim também para ele todo o movimento lhe será
interdito desde que ele encontre o limite de um plano, isto é uma linha...
199
ÍNDICE
I. - ELEMENTOS DOUTRINAIS
Prefácio.................................................................................................................... 4
I. - Origens e Definição da Kabala.......................................................................... 8
A) Sua Gênese.................................................................................................... 8
B) Sua Retificação.............................................................................................. 15
II. - Os Elementos Metafísicos................................................................................... 24
A) Os Sephiroth.................................................................................................. 24
B) Ain Soph: a existência negativa de Deus....................................................... 27
C) Os Cineroth ou "Caminhos"......................................................................... 33
D) Os Textos de Ação....................................................................................... 39
III. - As "Existências" Divinas................................................................................... 40
Os Sephiroth nos cinco Mundos......................................................................... 40
1° Aziluth............................................................................................................ 40
2° Briah............................................................................................................... 49
3° Iesirah............................................................................................................. 50
4°Asiah................................................................................................................ 51
5° Quadro Geral de Correspondências dos Sephiroth......................................... 52
6° O Ser e o Não Ser........................................................................................... 58
IV.- A Quiliphah........................................................................................................ 60
A Árvore da Morte.............................................................................................. 60
II. - ELEMENTOS OPERATIVOS
I. - A Teurgia.............................................................................................................. 68
I. - Definição........................................................................................................... 68
II. - Aplicação........................................................................................................... 73
200
A) O Teurgo........................................................................................................ 73
B) Conhecimentos Necessários........................................................................... 74
C) Gênero de Vida............................................................................................... 74
D) Os Objetos Rituais e o Oratório...................................................................... 76
E) O Sacramentário.............................................................................................. 91
III. - As Forças Energéticas....................................................................................... 104
a) As Entidades.................................................................................................... 104
b) As Egrégoras................................................................................................... 109
c) O "Reino das Trevas"...................................................................................... 113
IV.- As Operações..................................................................................................... 118
A) Notas Preliminares......................................................................................... 118
B) O Treinamento Cotidiano sobre os XXII Caminhos...................................... 123
a) O papel do "Schema", ou prece, no despertar de Ruach Elohim................ 123
b) Concentração Mental e Respiração Rítmica............................................... 130
c) Ritual das Operações Diárias dos "22 Nomes Divinos"............................. 133
d) A "Grande Operação"................................................................................. 143
e) A "Alquimia Espiritual".............................................................................. 156
V. - O Shemamphorash............................................................................................ 160
II. - A Demiurgia........................................................................................................ 195
As Evocações Cerimoniais............................................................................... 195