Requerimentos de Energia

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Módulo 1

Obtenção de energia pelo organismo


Identificar como o organismo obtém energia.

Módulo 2

Estimativa das necessidades energéticas

Aplicar os diferentes métodos de estimativa das necessidades energéticas.

Requerimentos
de energia
Profª Adriana Schlecht Ribeiro
meeting_room
Descrição

A utilização dos requerimentos energéticos em indivíduos saudáveis com idade, sexo, peso, altura
Introdução
e nível de atividade física de acordo com um bom estado de saúde.
Os seres vivos utilizam energia para manter suas funções orgânicas básicas, para formar e

Propósito depositar novos tecidos e para sua atividade física. O aporte de energia é definido como o teor
calórico do alimento fornecido pelas principais fontes de energia da dieta: carboidratos, proteínas,

O cálculo do gasto energético é uma etapa importante no dia a dia do nutricionista, considerando a lipídeos e álcool.

importância de se obter valores mais precisos para individualizar a estratégia nutricional do seu
A determinação do gasto energético de um ser vivo permite estabelecer o estado de balanço
paciente.
energético, seus requerimentos e as condições metabólicas gerais de uma pessoa. Sabendo disso,
de quanta energia nós precisamos para manter a vida e os nossos depósitos corporais de energia?
Por que algumas pessoas precisam de mais energia e outras de menos? Em outras palavras, quais

Objetivos são as demandas energéticas dos diferentes tipos de indivíduos? Com base na definição de
balanço energético, as demandas ou as necessidades energéticas do corpo para manter o balanço
energético precisam ser iguais ao gasto energético diário total. O gasto energético diário total é a
Os seres vivos, sem exceção, necessitam de energia para sobreviver. É por meio dos alimentos que
soma dos componentes individuais do gasto energético e representa as necessidades totais de
conseguimos essa energia, necessária para a realização das funções vitais do nosso organismo,
energia de um indivíduo requeridas para manter o balanço de energia.
como: promover manutenção, crescimento, reparo, locomoção, reprodução, entre outras. Portanto,
a energia que vem da nossa alimentação é responsável pelo funcionamento do cérebro, pela
atividade muscular, pelos batimentos cardíacos e até mesmo pelo crescimento dos cabelos e das
unhas.

Nos seres humanos, a energia fornecida pelos alimentos consumidos origina-se dos
principais macronutrientes, também chamados de nutrientes energéticos:
carboidratos, proteínas e lipídeos, assim como do álcool. Quando o alimento é
queimado com a participação do oxigênio, libera essa energia química.

No corpo, o alimento consumido é oxidado ou sofre combustão, na presença de


oxigênio, para liberar dióxido de carbono, água e calor. Entretanto, quando o alimento
ingerido é utilizado para obter energia, a liberação e a transferência de energia
ocorrem através de uma série de vias metabólicas rigorosamente controladas, nas
quais a energia potencial do alimento é liberada de maneira lenta e gradual. Esse
processo assegura que o corpo tenha um depósito gradual e constante de energia,
em vez de se basear na liberação súbita proveniente da combustão imediata do
1 - Obtenção de energia pelo organismo alimento ingerido.

Ao final deste módulo, você será capaz de identificar como o organismo obtém
energia.
Para exemplificar, considere a combustão de uma única molécula de glicose pelo corpo:

Determinação do conteúdo energético disponível no


C6H12O6 + 6O2 → C6H2O + 6CO2 + calor

alimento screen_rotation
Rotacione a tela.

O organismo é extremamente econômico no que diz respeito ao uso do substrato energético


disponível. No período pós-absortivo, o organismo utiliza para oxidação apenas a quantidade de
nutrientes necessária para suprir suas necessidades energéticas fisiológicas. Logo,
independentemente do substrato energético ingerido, tudo o que não for prontamente utilizado não
é excretado, mas, sim, armazenado para que possa ser usado no período de jejum. Para fazer a conversão de uma unidade para outra, são usados os seguintes
fatores: 1kcal = 4,184kJ (cerca de 4,2kJ) ou 1kJ = 0,239kcal. Logo, para

A manutenção do peso corpóreo dentro da faixa de eutrofia tem-se converter kcal em kJ, deve-se multiplicar as quilocalorias por 4,2.

constituído por uma busca constante. Assim, é possível entender o peso


A determinação do conteúdo de energia dos alimentos pode ser feita por meio da bomba
corpóreo como o resultado da relação entre ingestão de energia e o gasto
calorimétrica, que envolve a combustão completa de uma amostra de alimento com peso
energético, que caracteriza o balanço energético.
conhecido dentro de uma câmara selada, onde o calor liberado pela combustão dessa pequena
amostra de alimento é registrado com precisão. Essa energia total do alimento é conhecida como
O balanço energético neutro ocorre quando o conteúdo de energia do alimento iguala-se à energia de combustão ou energia bruta.
quantidade total de energia gasta pelo corpo, o que implicará na manutenção do peso corporal.
No entanto, a energia de combustão, determinada pela bomba calorimétrica, não é exatamente a
Quando o aporte energético excede o gasto energético diário, ocorre um estado de balanço mesma quando comparada ao valor energético do alimento obtido pelo organismo humano. Não
energético positivo e um aumento do peso corporal. Logo, o balanço energético é positivo nos somos capazes de aproveitar 100% do conteúdo energético dos alimentos. Por diversos motivos,
casos de alimentação excessiva em relação às necessidades energéticas, e o corpo aumenta seus parte da energia de combustão não está disponível ao metabolismo humano, pois é perdida
depósitos de energia. Crianças ou adultos que se recuperam de doenças e de emagrecimento durante os processos de utilização dos alimentos e dos nutrientes, como digestão, absorção e
necessitam de mais energia para a formação de tecidos novos, enquanto as gestantes e as metabolização.
nutrizes requerem energia adicional para manter o crescimento dos seus filhos.
Exemplo
Quando o aporte energético é menor que o gasto energético, o balanço energético é negativo, com
perda de peso corporal, como, por exemplo, durante os períodos de inanição. Componentes das fibras alimentares não sofrem digestão e absorção pelo trato digestório, e esse
conteúdo energético é excretado pelas fezes.
Atenção!

A regulação do balanço energético é obtida a longo prazo, apesar das grandes flutuações no aporte A porcentagem da energia de combustão absorvida pelo trato digestório é conhecida como

e no gasto de energia em um mesmo dia e em dias diferentes. Se o aporte energético exceder energia digerível. Porém, nem mesmo a energia digerível está totalmente disponível ao organismo.

cronicamente o gasto energético, com o passar do tempo, a pessoa aumentará substancialmente o Os aminoácidos, por exemplo, são oxidados apenas até a ureia ou a amônia. E esses compostos

seu peso corporal. ainda apresentam energia, a qual é eliminada na urina. Logo, entende-se como energia
metabolizável aquela contida nos alimentos e nos nutrientes disponíveis para utilização pelo
organismo humano.
Como o calor é um dos resultantes da energia liberada pelo corpo, a caloria e o joule são unidades
de medidas utilizadas para quantificar a energia produzida. A unidade apropriada para expressar Conforme observado na imagem a seguir, a energia metabolizável para os carboidratos e as
energia é o joule (energia gasta para deslocar 1kg à distância de 1 metro pela força de 1 newton). proteínas é 4kcal/g, para o álcool 7kcal/g, e para os lipídeos 9kcal/g. A maior quantidade de
No entanto, tipicamente, utiliza-se a caloria (quantidade de calor necessária para elevar em 1oC, de energia fornecida por lipídeos deve-se à maior proporção de hidrogênio: oxigênio dos ácidos

14,5 a 15,5oC, a temperatura de 1g de água). A quilocaloria equivale a mil calorias ou à quantidade graxos em relação aos outros nutrientes. Logo, há maior quantidade de hidrogênio para as reações
de oxidação na geração de energia. Portanto, se forem conhecidas as quantidades em grama de
de calor necessária para elevar em 1oC, de 14,5 a 15,5oC, a temperatura de 1kg de água. Na prática,
nutrientes em qualquer tipo de alimento, o teor de energia pode ser facilmente calculado. Por
o termo quilocaloria é utilizado tanto para caloria quanto para quilocaloria.
exemplo, se uma barrinha de cereais rica em proteínas contém 21g de carboidratos, 6g de lipídeos
e 14g de proteínas, então o teor total de energia é de (21 × 4) + (6 × 9) + (14 × 4) = 194kcal.
Componentes do gasto energético diário e os
fatores que os afetam
A energia necessária para manter as atividades diárias de um indivíduo, chamado gasto energético
diário, corresponde àquela gasta em um período de 24 horas. Compreende a taxa metabólica basal,
necessária para a realização das funções vitais do organismo; o gasto energético da atividade
física, que engloba as atividades físicas do cotidiano e o exercício físico; o efeito térmico dos
alimentos, relacionado com a digestão, a absorção e o metabolismo dos alimentos; e,
eventualmente, a termogênese facultativa decorrente de mudanças na temperatura, estresse
emocional e outros fatores.
Energia disponível nos nutrientes após processos de utilização.

video_library Taxa metabólica basal e de repouso

Com base científica, é possível afirmar que existem A taxa metabólica basal (TMB) é a quantidade mínima de energia gasta pelo corpo para manter as
suas funções fisiológicas básicas, como batimento cardíaco, contração e função muscular,

alimentos termogênicos? respiração, circulação, renovação e reparação celular, bombeamento iônico e manutenção da
temperatura corporal. Ela é considerada o principal componente do gasto energético diário e
representa cerca de 60 a 75% do total.
A especialista Aline Monteiro abordará os alimentos que podem contribuir para elevação do gasto
A TMB é um termo específico, usado para descrever o consumo de energia em condições
energético.
cuidadosamente controladas: deve ser medida logo após acordar pela manhã, com o indivíduo
deitado, em jejum de 12 a 14 horas, sem ter realizado qualquer atividade física desgastante no dia
anterior, e em um ambiente com temperatura agradável. Esses cuidados devem ser tomados para
que os efeitos da atividade física, do alimento e da temperatura ambiente tenham mínima
influência sobre o metabolismo. Se quaisquer das condições para a taxa metabólica basal não
forem atingidas, o gasto energético deve ser indicado como a taxa metabólica de repouso (TMR).

Saiba mais

Hoje, por razões práticas, a TMB é raramente medida. Em seu lugar, as medidas de TMR, devido às
suas condições menos restritas, são utilizadas. A principal diferença entre elas é que a medida da
TMR pode ser realizada após o indivíduo se deslocar até o local do exame e não requer um período
de jejum de 12 a 14 horas. O indivíduo deve permanecer em repouso por 30 minutos antes de estar associada à modificação da composição corporal com substituição gradativa de
realizar o teste. Devido a essas diferenças, a TMR tende a ser de 10 a 20% maior que a TMB em tecido corporal magro por gordura.
razão do efeito térmico do alimento e da influência da atividade física.

Fatores que afetam a taxa metabólica basal:


Clima e temperatura corporal expand_more

Composição corporal expand_more A TMB é afetada por temperaturas extremas. Pessoas que vivem em climas tropicais têm
TMB 5 a 20% maior do que aquelas que vivem em regiões temperadas. O teor de gordura
corporal e o tipo de vestimenta determinam a magnitude do aumento do metabolismo
O principal determinante da TMB é a quantidade de tecido magro ou massa livre de gordura
energético em ambientes frios. A febre aumenta a TMB em cerca de 13% por grau de
(predominantemente órgãos e músculos), que é metabolicamente mais ativa que o tecido
elevação na temperatura corporal acima de 37oC.
adiposo. Os músculos são os principais componentes do tecido magro e o seu estado
basal, em repouso, acarreta consumo energético moderadamente alto. Contribui com
aproximadamente 80% na variação da TMB.
Estado Hormonal expand_more

Tamanho corporal expand_more O estado hormonal pode afetar a taxa metabólica, em especial naquelas pessoas com
distúrbios endócrinos, como hiper e hipotireoidismo, os quais aumentam ou diminuem o
gasto energético, respectivamente. A estimulação do sistema nervoso simpático causa
Pessoas maiores têm uma superfície corporal maior e taxas metabólicas mais altas que
liberação de epinefrina, que estimula diretamente a glicogenólise e aumenta a atividade
pessoas pequenas. Já pessoas altas e magras têm taxas metabólicas mais altas que
celular. A taxa metabólica das mulheres flutua durante o clico menstrual.
pessoas baixas e robustas.

Outros Fatores expand_more


Gênero expand_more

O uso de cafeína, nicotina e álcool estimula a taxa metabólica. A ingestão de 200 a 350mg
As mulheres apresentam TMB mais baixa que os homens porque possuem estatura menor.
de cafeína para homens e aproximadamente 240mg para mulheres aumenta a TMB em
Ainda que tenham peso semelhante, elas têm menor volume de tecido corporal magra. A
média de 7 a 11% e 8 a 15%, respectivamente. O uso de nicotina aumenta a TMB em média
TMB é em média 5 a 10% menor nas mulheres do que nos homens.
de 3 a 4% entre os homens e em 6% entre as mulheres. O consumo de álcool entre as
mulheres aumenta a TMB em média 9%. Dietas de restrição calórica diminuem TMB,
provavelmente devido à diminuição na produção de hormônio tireoidiano e à perda de
Idade expand_more massa muscular pela restrição calórica.

Como a TMB é muito afetada por tecidos magros, ela é maior durante os períodos de
crescimento rápido, como nos primeiro e segundo anos de vida. Depois do início da idade
adulta, há uma diminuição da TMB. A diminuição da TMB com o aumento da idade pode
ingestão. Isso gera uma demanda energética ainda maior para que ocorram reações de
desaminação, produção de ureia e metabolização dos esqueletos carbonados caso não sejam
Efeito térmico dos alimentos (ETA) oxidados a CO2 e H2O. Se esses esqueletos carbonados forem convertidos a glicogênio, à glicose
ou à gordura, mais energia será necessária para que ocorra essa transformação. Os carboidratos
Além da TMB, ocorre um aumento no gasto de energia em resposta ao consumo de alimentos. O requerem energia adicional para conversão em glicogênio, enquanto os lipídios são, em sua
efeito térmico dos alimentos e das bebidas, também conhecido como termogênese induzida pela maioria, armazenados de forma eficiente logo após a sua ingestão, exercendo menor influência
dieta, representa o gasto energético obrigatório necessário para absorver, digerir, transportar, sobre o consumo de O2 e produção de CO2.
oxidar, sintetizar e armazenar os nutrientes energéticos fornecidos por uma refeição. Ele
representa cerca de 5 a 15% do gasto energético diário.
Em uma dieta mista, habitual, o ETA corresponde aproximadamente a 10%
do seu conteúdo energético. Embora o grau do ETA dependa da quantidade

Fatores que afetam o efeito térmico dos alimentos e composição de macronutrientes da refeição, ele diminui após a ingestão
ao longo de 30 a 90 minutos.

O ETA é afetado pela quantidade e pela composição de macronutrientes dos alimentos


Refeições com alimentos picantes, como pimenta e mostarda, podem aumentar a taxa metabólica
consumidos, com o gasto energético aumentando diretamente após a ingestão de alimentos.
em 33% a mais do que em refeições não apimentadas. Esse efeito pode ser prolongado por mais
de 3 horas. A cafeína, a capsaicina e os diferentes tipos de chás, como chá-verde, branco e oolong,
também podem aumentar o gasto energético.
A proteína é considerada a que possui maior poder termogênico (20 a 30%).

Atividade física
Seguida pelos carboidratos (5 a 10%).
O gasto energético da atividade física (ou efeito térmico do exercício, ETE) é o termo
frequentemente utilizado para descrever o aumento na taxa metabólica causado pelo uso da
musculatura esquelética para qualquer tipo de movimento físico. O ETE é o segundo maior
componente do gasto energético, comprometendo em torno de 15 a 30% das necessidades diárias
de energia. O ETE pode alcançar 50% nos indivíduos muito ativos fisicamente.
Posteriormente, pelos lipídios (0 a 3%).

O ETE é o componente mais variável do gasto energético diário. As


diferenças entre as atividades físicas são responsáveis pela maior parte da
variação das necessidades energéticas entre os indivíduos. Com exceção do
Esse efeito termogênico das proteínas pode ser devido ao aumento da síntese proteica e ao gasto
dormir e comer, o gasto de energia com a atividade física abrange as
energético na síntese de ligações peptídicas.
atividades cotidianas e do trabalho, o lazer, o exercício físico e a prática de
Além disso, o organismo humano não é capaz de armazenar proteínas e aminoácidos, como ocorre esportes.
com carboidratos e lipídeos, o que determina que sejam metabolizados imediatamente após sua
Lactação expand_more
Fatores que afetam o efeito térmico do exercício
O gasto energético com a lactação apresenta dois componentes: o conteúdo energético do
Devido à natureza voluntária e variável dos tipos de atividade física, o ETE varia consideravelmente leite secretado e a energia necessária para a produção do leite. Parte dessa energia
dependendo da composição corporal e do nível de treinamento de cada indivíduo, além da adicional pode ser mobilizada dos estoques corporais de gordura acumulados durante a
intensidade com que a atividade física é realizada. gravidez.

Termogênese facultativa expand_more

Refere-se ao aumento do gasto energético decorrente de processos adaptativos de origem


metabólica diante de alterações extremas nas condições ambientais, sobretudo a
temperatura e o estresse emocional. Outra forma de termogênese facultativa tem lugar
quando se alteram radicalmente os níveis de ingestão calórica. A termogênese facultativa
representa menos de 10% do gasto energético.

Crescimento expand_more

O gasto energético com o crescimento tem dois componentes: a energia necessária para
sintetizar tecidos em crescimento e a energia depositada nesses tecidos. Corresponde a
35% da necessidade energética diária nos três primeiros meses de idade. Porém, cai
rapidamente para 5% em 12 meses, 3% no segundo ano, permanece em 1 a 2% até meados
da adolescência, chegando a ser insignificante ao final dessa fase.

Gestação expand_more

Durante a gravidez, é necessário energia extra para o crescimento do feto, a placenta e os


vários tecidos maternos, como útero, seios e depósitos de gordura, além de acréscimo de
energia devido as alterações no metabolismo materno e o aumento do esforço em repouso
e durante a atividade física.
E 198kcal.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A) Carboidrato: 18 × 4 = 72kcal

B) Proteína: 7 × 4 = 28kcal

Falta pouco para atingir seus objetivos.


C) Lipídeo: 2 × 9 = 18kcal

D) Soma = 72 + 28 + 18 = 118kcal

Vamos praticar alguns conceitos? Questão 2

(INSTITUTO AOCP – Prefeitura de Angra dos Reis – RJ, 2015) A taxa de metabolismo basal
Questão 1
(TMB), o efeito térmico da atividade física e do alimento e a termogênese facultativa são

(IFPI – 2019) A energia disponibilizada pelos alimentos na forma de nutrientes energéticos considerados os componentes do gasto energético de 24 horas. Referente ao assunto,

(proteína, lipídios e carboidratos) permite a realização de todas as atividades físicas diárias, assinale a alternativa correta.

além de ser indispensável, no ponto de vista metabólico, para a realização de todas as reações
químicas que ocorrem nas células. Partindo desse princípio, a quantidade total de energia de
O efeito térmico dos alimentos contribui com cerca de 50% do gasto
um alimento que possui, em sua composição nutricional, 18g de carboidrato, 7g de proteínas e A
energético diário.
2g de lipídio é:

A 27kcal. A taxa de metabolismo de repouso tende a ser de 10 a 20% menor do que a


B
TMB.

B 108kcal.
C A TMB corresponde a cerca de 60 a 75% do gasto energético diário.

C 118kcal.
O efeito térmico da atividade física é o segundo maior componente do gasto
D energético, comprometendo cerca de 50% das necessidades diárias de

D 143kcal. energia.
A termogênese facultativa refere-se ao gasto de energia decorrente do
E
processo de absorção dos alimentos.
Calorimetria direta
Parabéns! A alternativa C está correta. O gasto energético diário (GER) deve fazer parte das avaliações por ser de extrema importância
para determinar a oferta energética necessária, tanto para perda quanto para manutenção ou
Com uma dieta mista, o efeito térmico dos alimentos corresponde à aproximadamente 10% do ganho de peso corporal. O equilíbrio entre o gasto e o consumo energético promove o equilíbrio
valor energético diário. A TMR tende a ser de 10 a 20% maior que a TMB. O efeito térmico da do peso corporal. O gasto energético pode ser medido/estimado por:
atividade física corresponde de 15 a 30% do gasto energético. A termogênese facultativa
corresponde ao aumento do gasto energético decorrente de processos adaptativos de origem
metabólica. Método direto: Calorimetria direta

Método indireto: Calorimetria indireta e água duplamente marcada

Equações de predição

A calorimetria direta é um método que mede diretamente a perda de calor por um indivíduo dentro
de uma câmara calorimétrica com dimensões pequenas e médias, equipada com complexos
sensores térmicos e permutadores de calor. Porém, a sua aplicabilidade é tecnicamente complexa,
com custo muito elevado para construção e manutenção do equipamento. Além disso, restringe os

2 - Estimativa das necessidades energéticas


indivíduos a um ambiente artificial, alterando suas atividades de vida. Não é utilizada com
frequência e, sim, apenas para estudos clínicos.

Ao final deste módulo, você será capaz de aplicar os diferentes métodos de estimativa
das necessidades energéticas.
Sendo a TMB ou TMR a maior fração do gasto energético diário, sua estimativa precisa é
necessária para a prescrição de um plano alimentar adequado aos requerimentos energéticos
Calorimetria indireta reais. O método calorimetria indireta é considerado preciso para a avaliação da TMB e TMR, mais
fácil e menos dispendioso quando comparado à calorimetria direta. Porém, não é frequentemente
utilizado na prática clínica devido ao seu alto custo operacional, não sendo acessível para a maioria
A calorimetria indireta é um método que mede a produção de calor por meio da mensuração do
dos profissionais. Já em unidades de terapia intensiva, a calorimetria indireta tem sido empregada
consumo de oxigênio (O2) e da produção de dióxido de carbono (CO2) que ocorrem durante a
na avaliação de pacientes com dificuldades de serem retirados da assistência ventilatória
oxidação de carboidratos, lipídeos, proteínas e álcool. A quantidade de energia gasta é estimada mecânica e em pacientes com instabilidade hemodinâmica. Ela é usada nesses casos porque
indiretamente, por meio da conversão do O2 consumido, daí o nome de calorimetria indireta. Os permite uma prescrição energética mais adequada e previne o desenvolvimento de desnutrição
diferentes substratos energéticos consomem diferentes quantidades de O2 e produzem diferentes nesses pacientes que apresentam dispêndio energético normalmente elevado. Também é utilizada

quantidades de CO2 no seu metabolismo. Para se obter maior precisão, é necessário medir em estudos clínicos.

também as perdas urinárias de nitrogênio (UN) para estimar a oxidação proteica. Esses valores são
incluídos na equação de Weir, que fornece o gasto energético do indivíduo.

Equação de Weir

² ²
GE = (3, 9×V O ) + (1, 1×V CO ) − (2, 17×N U )
Água duplamente marcada (ADM)
Rotacione a tela. screen_rotation Esse método é uma forma de calorimetria indireta. É considerado padrão-ouro para a avaliação do

A análise dos gases respiratórios pode ser facilmente realizada nos indivíduos, através de curtos gasto energético total, uma vez que permite medir o gasto energético de indivíduos fora do

períodos de medida em repouso ou durante a prática de atividade física, utilizando uma máscara confinamento, sem causar nenhuma modificação das suas atividades cotidianas. O método da

facial, bocal (com clipes nasais) ou sistema para coleta de gases (capuz ventilado) conectados a ADM consiste na ingestão de água marcada com os isótopos deutério (2H2) e oxigênio (18O), o que
um calorímetro, onde será feita a medição dos volumes inspirados e expirados. A TMR é medida permite avaliar o GED pela diferença entre o ritmo de desaparecimento do oxigênio marcado e do
em condições de jejum de, no mínimo, 5 horas. Cafeína deve ser evitada por, no mínimo, 4 horas, e deutério na urina. O seu princípio baseia-se na premissa de que a produção de CO2 pode ser
bebidas alcoólicas e cigarros por, no mínimo, 2 horas. O teste deve ser feito, no mínimo, 2 horas
estimada a partir das diferenças de eliminação de deutério (como H2O) e oxigênio (como H2O e
após exercícios moderados.
CO2) do corpo, e esta pode ser convertida em consumo de energia por meio dos métodos
Em casos de exercícios intensos de resistência, aconselha-se fazer o teste após 14 horas. Deve clássicos de calorimetria indireta.
haver um período de repouso de 10 a 20 minutos antes de se realizar a medição.
Atenção!
A calorimetria indireta tem uma vantagem adicional porque a relação entre a produção de CO2 e O alto custo do isótopo de oxigênio e do equipamento de espectrometria de massa usado para
o consumo de O2, chamado quociente respiratório (QR), indica o tipo de combustível energético medir os isótopos dificulta o uso corrente desse método. É utilizado em estudos clínicos. Esse
método é o ideal para estudos epidemiológicos quando se deseja saber o GED.
oxidado no momento em que o exame está sendo realizado. O QR na oxidação de gordura é de
0,70; na oxidação de carboidrato, de 1,0; e na oxidação de proteína, de aproximadamente 0,8.
Valores de QR entre 0,7 a 1,0 indicam oxidação de uma mistura de combustíveis energéticos
(carboidratos, lipídeos e proteínas).
Rotacione a tela. screen_rotation
Gênero, idade e peso corporal são importantes determinantes do gasto energético diário. Por isso,

Equações preditivas para estimativa de gasto os requisitos energéticos são apresentados separadamente para cada gênero e várias faixas
etárias, sendo expressos como unidades de energia por dia.

energético
Devido à impossibilidade de se obter rotineiramente a TMB por meio de métodos mais precisos, Harris e Benedict (1919)
como a calorimetria, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs, em 1985, o emprego de
equações preditivas para a obtenção dessas medidas, devido à importância desse parâmetro para
As equações de Harris e Benedict são as mais antigas e utilizadas para indivíduos saudáveis e
o cálculo das necessidades diárias de energia da população em geral. Ao longo dos anos, diversas
enfermos. Essas equações ajustam o valor obtido da TMB por gênero, peso corpóreo, estatura e
equações preditivas foram desenvolvidas para se medir o gasto energético (basal ou diário,
idade, variáveis utilizadas nas fórmulas. Essas fórmulas podem superestimar em cerca de 7 a 27%
dependendo da fórmula), a fim de que possamos estimá-lo na prática clínica.
a TMB de pessoas eutróficas e obesas. Por essa razão, têm sido utilizadas para determinar
requerimentos energéticos de indivíduos com diversas doenças, os quais apresentam aumento nas
As equações disponíveis para determinação da TMB foram validadas a suas necessidades energéticas. Apesar de serem utilizadas em pessoas enfermas, foram
partir de um método considerado padrão-ouro (calorimetria ou água desenvolvidas para o uso em indivíduos saudáveis, e sua aplicação para qualquer outro tipo de

duplamente marcada) e desenvolvidas para alguma população específica. população é questionável.

Como não existem equações para todas as populações e em diferentes P = Peso em kg; A = Altura em cm; I = Idade em anos.
condições de saúde, elas acabam sendo utilizadas em diferentes situações,
o que pode tornar a estimativa bastante imprecisa.
Homem
A estimativa do gasto energético diário começa com equações para medir a TMB. Os fatores
66,5 + (13,8 × P) + (5,0 × A) - (6,8 × I)
adicionais para o efeito térmico dos alimentos (ETA) e para o efeito térmico do exercício (ETE)
devem ser acrescentados. É importante lembrar que as equações para cálculo da TMB são
estimativas, e algumas podem ser mais precisas do que outras, o que pode superestimar o gasto
energético basal. Assim, adicionar uma porcentagem respectiva ao ETA pode aumentar ainda mais
essa superestimação. Por isso, na prática clínica, esse componente do GED é omitido. Utiliza-se
Mulher
então um fator atividade física que é multiplicado pela TMB calculada.

Dessa forma, é possível estimar a necessidade energética diária de um indivíduo dependendo do 655,1 + (9,5 × P) + (1,8 × A) - (4,7 × I)

seu nível de atividade física.

GED = Gasto energético diário


TMB = Taxa metabólica basal
FA = Fator atividade física Para a determinação do GED utilizando-se as equações de Harris e Benedict, considera-se o fator
atividade (tabela a seguir) que acrescenta à TMB a energia necessária para as atividades diárias de
GED = T M B×F A
um indivíduo, multiplicando-se o tempo gasto em cada atividade pelo seu respectivo índice. O fator Dormir e repouso: 14 × 1 = 14
obtido pela média das 24h é então multiplicado pela TMB. Atividades muito leve: 4 × 1,5 = 6
Atividades leve: 5 × 2,5 = 12,5
Atividades moderada: 1 × 5 = 5
Valor representativo para o fator FA = (14 + 6 + 12,5 + 5) ÷ 24 = 1,56
Atividade atividade, por unidade de tempo
GED = TMB × FA = 1.386 × 1,56 = 2.162kcal/dia
de atividade

Repouso: dormir, descansar. 1,0

Muito leve: sentar e estar parado em pé, motorista,


Schofield (1985)
trabalho em laboratório, cozinheiro, tocador de 1,5
instrumento musical, pintor, datilógrafo e passadeira. Schofield (1985) realizou uma compilação de dados para o desenvolvimento de equações
preditivas para TMB. Durante anos, suas equações foram recomendadas pela Organização Mundial
Leve: caminhar de 4,0 a 4,8km/h em superfície plana, da Saúde (OMS). Entretanto, estudos demonstraram que essas equações também fornecem
manobrista, eletricista, carpinteiro, faxineira, babá, estimativas elevadas de taxa metabólica basal (TMB) quando utilizadas em diferentes grupos
2,5
golfista, navegador, tenista de mesa, trabalhar em populacionais. A TMB deve ser posteriormente multiplicada pelo fator atividade para que tenhamos
restaurante. o gasto energético total.

Moderada: caminhar de 5,6 a 6,4km/h devagar,


carregando peso, ciclista, esquiador, dançarino, tenista 5,0 Idade (anos) Gênero feminino kcal/dia Gênero masculino kcal/dia
de quadra.

3 a 10 anos (0,085 × P + 2,033) × 239 (0,095 × P + 2,110) × 239


Intensa: caminhar (subir) carregando peso, lavrador,
7,0
jogador de basquete, jogador de futebol e alpinista. 10 a 18 anos (0,056 × P + 2,898) × 239 (0,074 × P + 2,754) × 239

Tabela: Valores do fator atividade para o cálculo de gasto energético diário (GED). 18 a 30 anos (0,062 × P + 2,036) × 239 (0,063 × P + 2,896) × 239
National Research Council (US) Subcommittee on the Tenth Edition of the Recommended Dietary Allowances, 1989, p. 27.

30 a 60 anos (0,034 × P + 3,538) × 239 (0,048 × P + 3,653) × 239


Por exemplo: indivíduo do sexo feminino, com 35 anos de idade, altura de 165cm e peso de 63kg.
Sabe-se que ele dorme durante 9 horas, fica em repouso durante 5 horas, faz atividade leve durante A partir de 60 anos (0,049 × P + 2,459) × 239 (0,038 × P + 2,755) × 239
5 horas, atividade moderada durante 1 hora e atividades socialmente desejáveis durante 4 horas.

P = Peso em kg.
TMB = 655,1 + (9,5 × P) + (1,8 × A) - (4,7 × I)
Tabela: Equações para TMB de Schofield.
TMB = 655,1 + (9,5 × 63) + (1,8 × 165) - (4,7 × 35) Schofield, 1985, p. 5-41.
TMB = 655,1 + 598,5 + 297 - 164,5 = 1.386kcal

Atividade física:
Sexo Leve Moderada Intensa
FAO/WHO/UNU (2004)
Masculino 1,55 1,78 2,10

O cálculo do GED é feito por meio da equação da TMB definida por FAO/WHO/UNU, de 2004,
Feminino 1,56 1,64 1,82
(tabela a seguir), considerando a atividade física, conforme coeficientes mostrados na tabela.

Tabela: Fator atividade física (FAO, 1985)


FAO, WHO, UNU, 1985, p. 78. dade (anos) Homens TMB (kcal/dia) Mulheres TMB (kcal/dia)

<3 59,512 × P - 30,4 58,317 × P - 31,1

Henry e Rees (1991) 3 – 9,9 22,706 × P + 504,3 20,315 × P + 485,9

10 – 17,9 17,686 × P + 658,2 13,384 × P + 692,6


Henry e Rees (1991) analisaram um banco de dados com 2.822 avaliações de TMB realizadas em
indivíduos que residem em regiões de clima tropical. Eles desenvolveram equações específicas
18 – 29,9 15,057 × P + 692,2 14,818 × P + 486,6
para essas populações na expectativa de minimizar as diferenças na estimativa da TMB. A TMB
deve ser posteriormente multiplicada pelo fator atividade para que tenhamos o gasto energético
30 – 59,9 11,472 × P + 873,1 8,126 × P + 845,6
total. Apesar de essas equações levarem em consideração, gênero, idade e peso, parecem, ainda,
superestimar a TMB.
11,711 × P + 587,7 9,082 × P + 658,5
≥ 60

Gênero masculino TMB Gênero feminino TMB


Idade (anos) P = Peso em kg.
(kcal/dia) (kcal/dia) Tabela: Equações para TMB de FAO/WHO/UNU.
FAO, WHO, UNU, 2004, p. 11-52.

3 – 10 (0,113 × P + 1,689) × 239 (0,063 × P + 2,466) × 239

10 – 18 (0,084 × P + 2,122) × 239 (0,047 × P + 2,951) × 239 Categoria Fator atividade física

18 – 30 (0,056 × P + 2,800) × 239 (0,048 × P + 2,562) × 239 Sedentário ou atividade leve 1,40 – 1,69

30 – 60 (0,046 × P + 3,160) × 239 (0,048 × P + 2,448) × 239 Ativo ou moderadamente ativo 1,70 – 1,99

Muito ativo ou vigoroso 2,0 – 2,40*


P = Peso em kg.
Tabela: Equações para TMB de Henry e Rees.
Henry e Rees, 1991, p. 177-185.
* É difícil de manter o fator atividade física maior que 2,40 por longos períodos.
Tabela: Coeficientes de atividade física ou fator atividade física (FA).
FAO, WHO, UNU, 2004, p. 38.
Idade EER

Por exemplo: indivíduo do sexo feminino, com 29 anos de idade, altura de 1,70m, peso de 60kg e
4–6m (89 × P - 100) + 56 (Energia para deposição)
nível de atividade física moderadamente ativo.

TMB = 14,818 × P + 486,6 = 14,818 × 60 + 486,6 7 – 12 m (89 × P - 100) + 22 (Energia para deposição)

TMB = 889,08 + 486,6 = 1.375,68kcal


13 – 35 m (89 × P - 100) + 20 (Energia para deposição)

FA (ponto médio do nível de atividade física moderadamente ativo) = 1,85


88,5 - (61,9 × I) + CAF × [(26,7 × P) + (903 × A)] + 20 (Energia para
3 – 8 a (meninos)
GED = TMB × FA = 1.375,68 × 1,85 = 2.545kcal/dia deposição)

135,3 - (30,8 × I) + CAF × [(10 × P) + (934 × A)] + 20 (Energia para


3 – 8 a (meninas)

Necessidade estimada de energia (EER)


deposição)

9 – 18 a 88,5 - (61,9 × I) + CAF × [(26,7 × P) + (903 × A)] + 25 (Energia para


(masculino) deposição)
Média de ingestão energética dietética que mantém o balanço energético em indivíduos saudáveis
com idade, sexo, peso, altura e nível de atividade física de acordo com um bom estado de saúde.
135,3 - (30,8 × I) + CAF × [(10 × P) + (934 × A)] + 25 (Energia para
Para o cálculo da EER, são utilizadas equações de predição a partir de um banco de dados de 9 – 18 a (feminino)
deposição)
gasto energético de 24 horas. Foi proposta pelo comitê de energia da Ingestão Diária de Referência
(Dietary Reference Intakes - DRIs) no ano de 2002. O Instituto de Medicina (IOM) desenvolveu novas
≥ 19 a (masculino) 662 - (9,53 × I) + CAF × [(15,91 × P) + (539,6 × A)]
equações para indivíduos eutróficos, avaliando o método da água duplamente marcada.
Posteriormente, foram divulgadas novas equações para sobrepeso e obesidade, as quais parecem
≥ 19 a (feminino) 354 - (6,91 × I) + CAF × [(9,36 × P) + (726 × A)]
superestimar menos o GED do que as equações propostas pela OMS. Diferentemente das outras
equações, nas da DRI, não se calcula a TMB, pois já estão inclusos os múltiplos para cada grau de
Gestante (14 - 18 a) EER Adolescente + Adicional para deposição gestante
atividade física. Nas equações da DRI, deve ser utilizado o peso corporal atual. Todas as equações
foram feitas para manutenção do peso corporal e promover o crescimento, quando necessário.
Primeiro Trimestre EER Adolescente + 0 (Adicional)

As recomendações de nutrientes se baseiam na média das necessidades somada a 2 desvios-


padrão. Porém, esse conceito não se aplica às recomendações de energia, pois parte da população Segundo Trimestre EER Adolescente + 160 (8kcal/semana × 20 semanas) + 180kcal

iria ingerir mais do que sua real necessidade, contribuindo dessa forma com balanço energético
positivo e, assim, ganho de peso. Por isso, não há Ingestão Dietética Recomendada (RDA) e Nível Terceiro Trimestre EER Adolescente + 272 (8kcal/semana × 34 semanas) + 180kcal

Máximo de Ingestão Tolerável (UL) para as EERs.


Gestante (19 - 50 a) EER Adulto + Adicional para deposição gestante

Idade EER Primeiro Trimestre EER Adolescente + 0 (Adicional)

0–3m (89 × P - 100) + 175 (Energia para deposição) Segundo Trimestre EER Adolescente + 160 (8kcal/semana × 20 semanas) + 180kcal
Idade EER
Nível de atividade física (NAF) Coeficiente de atividade física
Terceiro Trimestre EER Adolescente + 272 (8kcal/semana × 34 semanas) + 180kcal
Masculino Feminino
Lactante (14 - 18 a) EER Adolescente + Energia para produção LM - Perda de peso
Sedentário (NAF ≥ 1 < 1,4) 1,00 1,00
Primeiros 6 meses EER Adolescente + 500 - 170
Pouco ativo (NAF ≥ 1,4 < 1,6) 1,11 1,12
Segundos 6 meses EER Adolescente + 400 - 0
Ativo (NAF ≥ 1,6 < 1,9) 1,25 1,27
Lactante (19 - 50 a) EER Adulto + Energia para produção LM - Perda de peso
Muito ativo (NAF ≥ 1,9 < 2,5) 1,48 1,45
Primeiros 6 meses EER Adulto + 500 - 170
Tabela: Valores de CAF de acordo com gênero para indivíduos de 19 anos ou mais eutróficos.

Segundos 6 meses EER Adulto + 400 - 0 Institute of Medicine/Food and Nutrition Board, 2005, p. 185.

m = Meses; a = Anos; P = Peso em kg; I = Idade; A = Altura em metros; CAF = Coeficiente de atividade física.
Por exemplo: indivíduo do sexo masculino, com 29 anos, altura de 1,80m, peso de 78kg e nível de
Tabela: Equações para o cálculo da necessidade estimada de energia (EER) de indivíduos eutróficos. atividade física moderado.
Institute of Medicine/Food and Nutrition Board, 2005, p. 107-264.

662 - (9,53 × I) + CAF × [(15,91 × P) + (539,6 × A)]

662 - (9,53 × 29) + 1,25 × [(15,91 × 78) + (539,6 × 1,80)]


Nível de atividade física (NAF) Coeficiente de atividade física

662 - 276,37 + 1,25 × [1.240,98 + 971,28]


Masculino Feminino
662 - 276,37 + 1,25 × 2.212,26

Sedentário (NAF ≥ 1 < 1,4) 1,00 1,00


662 - 276,37 + 2.765,3

Pouco ativo (NAF ≥ 1,4 < 1,6) 1,13 1,16 EER = 3.151kcal/dia

Ativo (NAF ≥ 1,6 < 1,9) 1,26 1,31 Considerando o intervalo de confiança de 95% para a equação, há a possibilidade da correção da
oferta calórica para a promoção do ganho ou da perda de peso. Para tanto, deve-se empregar um
Muito ativo (NAF ≥ 1,9 < 2,5) 1,42 1,56 valor correspondente a duas vezes o desvio padrão (199kcal para o gênero masculino e 162kcal
para o gênero feminino). Assim, no exemplo citado, a ingestão de energia será 3.151kcal ±+ (2 x
Tabela: Valores de CAF de acordo com gênero para indivíduos de 3 a 18 anos eutróficos. 199), ou seja, entre 2.753 e 3.549kcal/dia. Se o objetivo for ganho de peso, utiliza-se o maior valor;
Institute of Medicine/Food and Nutrition Board, 2005, p. 175-182.
se for perda de peso, o menor.

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Na prática clínica vamos calcular o requerimento
de energia para um indivíduo saudável
A especialista Aline Monteiro abordará o cálculo de energia necessária para um adulto saudável.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

(INEP – ENADE 2007) O método usual para a medição do gasto energético em indivíduos é a
calorimetria indireta. Entre as técnicas de calorimetria indireta, a mais aplicada é a da câmara
metabólica. Atualmente, a técnica da água duplamente marcada (ADM) também é utilizada.
Entre as vantagens da ADM inclui-se:

I. A medição com o indivíduo exercendo suas atividades cotidianas.

II. O cálculo preciso da produção de CO2.

III. A obtenção de acurácia superior à da câmara metabólica.

IV. A aplicação em estudos epidemiológicos.

V. O desenvolvimento de estudos de baixo custo.

Estão certos apenas os itens:


A I, II e III. III. Para aferição da calorimetria indireta, não é necessário que o indivíduo esteja em jejum, o
que facilita a realização do exame, diferentemente do exame de bioimpedância.

IV. Nessa avaliação, o termo “indireta” indica que a produção de energia é calculada por
B I, II e IV.
equivalentes calóricos de oxigênio consumido e gás carbônico produzido, considerando que
todo o oxigênio consumido é utilizado para oxidar os substratos energéticos, e todo gás
carbônico é eliminado pela respiração.
C I, III e V.
Assinale a opção correta.

A Apenas I e IV são falsas.


D II, IV e V.

B Somente I e II são falsas.


E III, IV e V.

Parabéns! A alternativa A está correta. C Somente III e IV são falsas.

A ADM é considerada o método ideal para medir o gasto energético total do indivíduo, pois a
produção medida do CO2 produzido permite o uso das técnicas de calorimetria indireta padrão D Apenas I, II e III são falsas.

para o cálculo do gasto de energia. Permite ainda que o indivíduo realize suas atividades
diárias normais. Sendo assim, sua acurácia é maior que a da câmara metabólica, pois esta não
permite a simulação de um ambiente real, uma vez que o indivíduo fica confinado dentro da E Apenas II, III e IV são falsas.
câmara, impossibilitado de exercer suas atividades diárias normais. O método é aplicado
apenas em estudos de pesquisa, pois é muito dispendioso, não sendo viável seu uso para
avaliação do gasto energético de uma determinada população.
Parabéns! A alternativa D está correta.

Na calorimetria indireta, a quantidade de energia gasta é estimada indiretamente por meio da


Questão 2 conversão do O2 consumido na oxidação dos diferentes substratos energéticos. A medida da
TMR é feita em condições de jejum de, no mínimo 5 horas, após pelo menos 2 horas de
A respeito da calorimetria indireta: exercícios moderados. É um método preciso de medida de gasto energético, porém de alto
custo e, por isso, pouco utilizado na prática clínica. A otimização do suporte nutricional dos
I. A calorimetria indireta é um método caro e cada vez menos utilizado na prática clínica diária.
pacientes gravemente enfermos é, no momento, a maior indicação da calorimetria indireta.
Além disso, os resultados obtidos por esse método são duvidosos.
Como o gasto energético desses pacientes é muito variável, as estimativas baseadas em
II. A calorimetria indireta é um método preciso de medida de gasto calórico, realizado somente equações preditivas não são recomendadas, pois podem causar um erro considerável.
em ambulatório, mas inapropriado para aferir pacientes críticos sob ventilação mecânica.
Considerações finais
A manutenção dos processos vitais em seres humanos é condicionada à energia obtida pela

Explore +
oxidação dos nutrientes presentes nos alimentos ingeridos diariamente. A estimativa de
necessidade de energia é de suma importância para o começo do planejamento alimentar do
paciente, tendo como prioridade alcançar os objetivos do planejamento e o equilíbrio ou a
adequação no balanço energético do indivíduo. Para tal, é necessário conhecer os componentes do
Para aprofundar os seus conhecimentos no assunto estudado:
gasto energético e os fatores que podem afetá-los. Os métodos de calorimetria indireta e água
duplamente marcada são considerados os métodos com maior acurácia. Contudo, ainda têm seu Leia:
uso limitado no dia a dia da prática clínica, principalmente devido ao alto custo da técnica.
BENDAVID, I.; LOBO, D.N.; BARAZZONI, R.; CEDERHOLM, T. et al. The centenary of the
Temos ainda as equações preditivas, desenvolvidas por meio de estudos populacionais, que Harris–Benedict equations: how to assess energy requirements best? recommendations
apresentam métodos simples, são de baixo custo e fáceis de serem calculadas. Porém, ao mesmo from the espen expert group. Clinical Nutrition, v. 40, n. 3, p. 690-701, mar. 2021.
tempo, vários estudos vêm demonstrando que algumas dessas equações tendem a superestimar
ou subestimar o gasto energético basal de grupos populacionais específicos, principalmente, Acesse:
indivíduos com sobrepeso, obesos ou atletas, podendo ocasionar uma conduta nutricional
A calculadora interativa disponível no site da Global RPH.
inadequada. Mesmo assim, as equações preditivas ainda são consideradas a melhor maneira de
estimar o gasto energético, principalmente, em indivíduos saudáveis. Logo, o nutricionista deve
escolher a equação que mais se adequa ao seu paciente e, sempre que possível, indicar a
calorimetria indireta, em especial, aos indivíduos enfermos.

Referências

headset COELHO, K. D. Base da Nutrição e Dietética. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.,

Podcast 2016.

CUPPARI, L. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. Barueri: Manole, 2005.

Agora, a especialista Aline Monteiro abordará se as equações preditivas são precisas em relação
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. FAO; WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO; UNITED
ao cálculo da real necessidade energética do paciente.
NATIONS UNIVERSITY. UNU. Energy and protein requirements. Technical Report Series 724.
Geneva: WHO, 1985.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. FAO; WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO; UNITED
NATIONS UNIVERSITY. UNU. Human Energy Requirements. Rome: FAO, 2004.
O que você achou do conteúdo?

HARRIS, J. A, BENEDICT, F. G. Biometric studies of basal metabolism in man. Washington: Carnegie


Institute of Washington, 1919 apud COELHO, K. D. Base da Nutrição e Dietética. Londrina: Editora e
Relatar problema
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HARRIS, J. A; BENEDICT, F. G. Biometric studies of basal metabolism in man. Washington: Carnegie


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Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington: National
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de Janeiro: Elsevier, 2018.

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SCHOFIELD, W. N. Predicting basal metabolic rate, new standards and review of previous work.
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