Trabalho de Quimica

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Nordino Amido

Evolução da História da Teoria Atómica


Curso de Licenciatura em ensino de Biologia

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2024
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Nordino Amido

Trabalho Independente
Curso de Licenciatura em ensino de Biologia
Trabalho, a ser entregue ao Departamento de Ciências
Naturais e Matemática na cadeira MEIC no curso de
Licenciatura em ensino de Biologia.

Docente: Msc Ancha Uazir

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2024
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Índice
1. Introdução.................................................................................................................................3

2. Evolução da História da Teoria Atómica..................................................................................4

2.1. Ludwik Fleck como proposta para uma abordagem HFC no ensino de química..................4

2.2. O desenvolvimento da teoria atômica na perspectiva fleckiana: a gênese e


desenvolvimento do modelo atômico de Dalton a Bohr..................................................................4

3. Conclusão..................................................................................................................................8

4. Referencia bibliográfica............................................................................................................9
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1. Introdução
O presente trabalho tem como tema a Evolução da História da Teoria Atómica. Portanto é
necessário aumentar a rigorosidade em facilitar a linguagem utilizando os modelos atômicos para
que venha facilitar a compreensão dos seus conceitos, mostrando a competição entre os diferentes
grupos que tentavam passar a imagem linear, onde simplesmente um modelo atômico substitui o
outro. Por tanto este trabalho poderá vim por em prática os professores fazer com que ocorra essa
compreensão da construção dos processos dos modelos atômicos para que os alunos tenham mais
facilidade para entender cada evolução e descoberta.
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2. Evolução da História da Teoria Atómica

2.1. Ludwik Fleck como proposta para uma abordagem HFC no ensino de
química
Fleck, na sua construção teórica, “A Gênese e o desenvolvimento de um fato científico” (FLECK,
2010) abordam como as teorias médicas surgiram a partir de fatos não científicos e se
estabeleceram como ciência médica. Na sua exposição, Fleck (2010), destaca algumas categorias
da sua abordagem da ciência, tais como: Protoideias, Fato, Estilos de Pensamento, Harmonia de
Ilusões, Coletivos de Pensamento e Tráfego de Pensamentos.

As Protoideias, na epistemologia fleckinana, são o conjunto de proposições (ideias) que não tem
base científica comprovada. O Fato é a etapa limítrofe entre a transformação de uma Protoideia
em um Estilo de Pensamento. Segundo Fleck, a Protoideia é o que dá base à estruturação de um
Estilo de Pensamento. O Estilo de Pensamento é a teoria em que a comunidade científica se
encontra em consenso, estruturada e aprofundada. Para Fleck (2010), é uma categoria complexa
que pode se transformar através de novos fatos ou pode ser, completamente, substituída por outro
Estilo de Pensamento mais completo. A Harmonia de Ilusões é uma categoria que mostra o poder
de coerção coletiva dos pesquisadores dentro de um Estilo de Pensamento.

2.2. O desenvolvimento da teoria atômica na perspectiva fleckiana: a gênese e


desenvolvimento do modelo atômico de Dalton a Bohr
A história da teoria atômica pode ser compreendida como a trajetória do desenvolvimento de um
Estilo de Pensamento dentro de um Coletivo de Pensamento. Este coletivo, formado por
pesquisadores da física experimental da Universidade de Cambridge (Inglaterra), era fortemente
influenciado pela base teórica de Isaac Newton.

Dalton, pesquisador nas áreas de matemática e meteorologia, desenvolveu uma proposta de


modelo atômico baseada na circulação intercoletiva entre as bases conceituais do Coletivo de
Pensamento inglês e o francês , levando em conta os pressupostos de Bertholet. Vale lembrar que
o fator social, que levou Dalton a estudar química, foi a necessidade de explicar fatores
meteorológicos, bem como seu trabalho como professor no Trinity College.

De acordo com Viana (2000) e Lobato (2007), tais fatores foram vitais para o seu contato com os
escritos de química, influenciando sua visão sobre os eventos de nível atômico. Além de Newton
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e Bertholet, Dalton, também, foi influenciado pelos escritos de Ritcher, Lavoisier e Cavendish.
Para chegar à construção de seu modelo atômico, Dalton retomou alguns escritos de Newton,
utilizando as questões (Principia) e 31 (Óptica), buscando integrar estas ideias mecanicistas ao
Estilo de Pensamento francês da afinidade química, culminando na sua proposta final publicada
em 1810 (LOBATO, 2007; VIANA, 2000).

Aqui podemos compreender que Dalton, na elucidação de sua proposta de átomo, buscou com a
tecnologia presente na época, desenvolver uma teoria atômica que juntou dois Estilos de
Pensamento distintos para explicar os fenômenos de mudança de estados físicos na meteorologia.
Essa junção levou à transformação do Estilo de Pensamento sobre o átomo. Anteriormente,
dentro da proposta Newtoniana, o modelo atômico era compreendido somente como um
corpúsculo que interagia com outros para formar todos os compostos presentes na natureza
(leitura mecanicista). Dalton (1810) inova ao trazer para essa discussão alguns elementos da
teoria da afinidade química, como o calor (heat) de atração e repulsão desses corpúsculos.

Assim, o átomo de Dalton (1810) é uma transformação do Estilo de Pensamento Inglês, onde há
um corpúsculo indivisível que é regido por energias de atração e repulsão. Na linha histórica do
Estilo de Pensamento sobre a teoria atômica, um fator externa lista de vital importância, para a
consolidação do Coletivo de Pensamento Inglês, reside, nos investimentos da Universidade de
Cambridge, no estudo da física experimental. Tais investimentos resultaram na construção do
Laboratório Cavendish (FITZPARTRICK e WHETHAM, 1910) que, naquela época, era o
laboratório mais moderno, completo e com os melhores pesquisadores.

A construção deste laboratório, bem como sua reputação no meio científico, foi fator
preponderante para o triunfo do Coletivo de Pensamento inglês sobre outras escolas de
pensamento da época. Em 1870, um pesquisador chamado Joseph John Thomson inicia seus
estudos de engenharia no Owens College.

Para Lopes (2009), as reflexões de Thomson sobre a teoria atômica, partem dos estudos de Lord
Kelvin com girostatos e dos escritos de Dalton. Tais estudos lhe renderam uma indicação para
integrar a cátedra de física experimental do laboratório Cavendish. Debruçando-se sobre os
estudos em torno da eletricidade, o que não era explicado pelo modelo atômico proposto por
Dalton.
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Com os recursos do Laboratório de Cavendish, Thomson avança em suas pesquisas publicando o


artigo “On the cathode rays” em 1897. Neste artigo, dois fatores demonstram a força que o
Coletivo de Pensamento inglês exercia na época. Na introdução, Thomson (1897) fundamenta
seus estudos no embate teórico entre o Coletivo de Pensamento inglês com outros Coletivos de
Pensamento, mostrando com dados experimentais que as teorias mecanicistas explicavam melhor
os fenômenos elétricos. Outra questão que deixa claro o poder econômico de Cavendish foi a
possibilidade de Thomson reproduzir experimentos com raios catódicos de Croocks, Perrine
Hertz .

Em 1904, Thomson publica outro artigo apresentando a sua proposta para o átomo. A proposta
atômica de Thomson (1904) corresponde a uma transformação do Estilo de Pensamento vigente,
tendo em vista a inserção de duas novas características: a divisibilidade e uma elucidação para a
natureza elétrica.

Para Thomson (1904), o átomo seria formado por um corpúsculo que abriga anéis coplanares
com corpúsculos menores carregados eletricamente. Vale ressaltar, que ao final do artigo de
1904, busca-se desenvolver uma explicação para fenômenos da radioatividade. Este momento da
história do desenvolvimento da teoria atômica, com base na epistemologia de Fleck (2010), é
marcado por duas características primordiais.

A primeira reside no fato de que os estudos, em torno da eletricidade, em confluência com os


trabalhos de Thomson (1904), estabeleceram um estado de ciência clássica para o modelo
atômico. O segundo fator reside no fato da resistência do Coletivo de Pensamento inglês em
receber pesquisadores estrangeiros ao círculo esotérico deste grupo.

Um dado que corrobora essa interpretação é a recepção dos pesquisadores de Cambridge ao


trabalho de Hantaro Nagaoka. De acordo com Conn e Turner (1965), Hantaro Nagaoka é um
físico japonês que viaja pela Europa com o apoio do governo japonês para buscar conhecimento
teórico que favoreça o desenvolvimento do Japão, que, algumas décadas antes, havia se aberto
para o mundo. Em contato com trabalhos científicos de física ocidental, Nagaoka propõe um
modelo atômico baseado no artigo de Maxwell sobre os anéis de Saturno. Podemos observar que,
neste momento, Nagaoka faz uma circulação intercoletiva de pensamentos usando uma base
teórica macro para analisar eventos de ordem micro. Este modelo atômico ficou conhecido como
o Modelo Saturniano.
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De acordo com Lopes (2009), seria o primeiro modelo atômico a levar em conta que o átomo
teria um núcleo e seria rodeado por corpúsculos carregados. Porém, esta proposta foi fortemente
combatida pelos físicos de Cambridge, especialmente por George Adolphus Schott, apresentando
as fragilidades de estabilidade através de cálculos das velocidades de órbitas das cargas,
mostrando a inconsistência teórica desta proposta frente ao modelo atômico proposto por
Thomson.

Posteriormente, chega a Cavendish o pesquisador Neozelandês Ernest Rutherford, que começa


seus estudos sobre a radioatividade em Cambridge, orientado por Thomson. Em 1898,
Rutherford, decide migrar para a Universidade de McGill, no Canadá, devido ao financiamento
de grandes empresas nos estudos sobre radioatividade. Esta mudança e a parceria com Zimerman
rendeu à equipe dois prêmios Nobel pelos estudos em radioatividade (LOPES, 2009).

Com o apoio de Thomson, Rutherford retorna a Cambridge desenvolvendo estudos sobre a


natureza radioativa das partículas alfa, beta e gama orientando uma equipe formada pelos
pesquisadores: Marsden, Geiger, Darwin, Royds, Crowther e Bohr. Durante os trabalhos
experimentais da equipe, Rutherford, através dos ângulos de deflexão de partículas radioativas
em elementos variados, verificou que o modelo atômico de Thomson não dava conta de explicar
certos eventos relativos ao campo da radioatividade, sugerindo uma transformação no Estilo de
Pensamento, uma vez que o átomo de Thomson seria dotado de um núcleo denso e carregado
(RUTHERFORD, 1911), exatamente como Hantaro Nagaoka havia previsto anos antes. No
entanto, estes dados foram completamente desconsiderados pelo coletivo de Cavendish e a teoria
de Thomson continuou vigente para explicação dos fenômenos de ordem atômica.

Neste episódio, temos um exemplo da ação da coerção coletiva, no pensamento do pesquisador,


causado pelo que Fleck (2010) compreende como Harmonia de Ilusões. Esta harmonia “cegou” o
coletivo para a possibilidade de o átomo ser dotado de um núcleo. De acordo com Lopes (2009),
somente em 1913 o Coletivo de Pensamento inglês aceita a proposição de um núcleo carregado e
denso para o átomo, a partir da trilogia de artigos publicados por Bohr (1913a, 1913b e 1913c)9.
Lembrando que o trabalho de Bohr rompeu com a Hamonia de Ilusões que estava posta ao
coletivo de físicos da época abrindo a possibilidade de uma mudança no Estilo de Pensamento
passando da física clássica para a física quântica.
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3. Conclusão
O estudo da evolução da teoria atômica é uma jornada fascinante pela história da ciência.
Começando com as primeiras especulações dos filósofos gregos sobre a existência de átomos
indivisíveis, o conceito de átomo foi refinado ao longo dos séculos por diversos cientistas e
teóricos. John Dalton propôs a primeira teoria atômica moderna no início do século XIX,
sugerindo que os átomos são esferas indivisíveis e que os elementos são compostos por átomos
de diferentes massas. A descoberta do elétron por J.J. Thomson e a teoria do modelo de plum-
pudding abriram caminho para uma compreensão mais complexa da estrutura atômica.

No início do século XX, Ernest Rutherford realizou o famoso experimento da dispersão alfa,
demonstrando que os átomos possuem um núcleo denso e carregado positivamente, enquanto a
maioria do volume é composta por espaço vazio. O modelo planetário de Bohr, baseado em
quantização de energia, introduziu a ideia de níveis de energia e órbitas eletrônicas, explicando os
espectros de emissão dos átomos.

Posteriormente, a mecânica quântica revolucionou a compreensão da estrutura atômica,


fornecendo uma descrição matemática precisa do comportamento das partículas subatômicas.
Teorias como o modelo orbital e o modelo atual do átomo de Schrödinger forneceram uma visão
mais precisa e complexa da estrutura atômica, explicando fenômenos como o spin dos elétrons e
a probabilidade de sua localização.

Em resumo, a evolução da teoria atômica é um exemplo notável do progresso da ciência ao longo


do tempo, destacando como as ideias e descobertas de cientistas ao longo dos séculos moldaram
nossa compreensão fundamental da matéria e do universo ao nosso redor.
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4. Referencia bibliográfica
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