Escola Biblica Dominical - Hebreus
Escola Biblica Dominical - Hebreus
Escola Biblica Dominical - Hebreus
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
O LIVRO DE HEBREUS
Introdução ao Estudo do Livro de Hebreus
Autoria: A carta aos hebreus tem sido atribuída a vários autores. Alguns pensam em
Paulo, outros em Barnabé. Há os que sugeriram que foi Lucas e Clemente de Roma (c. 95
d.C.). Durante a Reforma, Lutero propôs Apolo (At 18.24). Sugestões modernas incluem
Priscila (At 18.2), Epafras (Cl 1.7) e Silas (At 15.22,32,40; 1 Pe 5.12). No entanto, deve-se
estabelecer que não se sabe quem é o autor. Vemos um autor:
• Conhecia o AT profundamente (LXX).
• O que escreve é bem pensado.
• Perito nos estilos literários gregos.
• Sabe exortar seus leitores.
• Humilde: evitou a pseudepigrafia.
Data da escrita: Devido ao conteúdo, tudo indica que a carta aos Hebreus foi escrita por
volta do ano 64 d.C., sob o governo de Nero que incitou grande perseguição aos
cristãos.
Destinatários: A quem a carta foi escrita? Hebreus é uma das cartas “Gerais”, assim
classificada por não se ter certeza plena de seus destinatários (alguma evidência
aponta para uma congregação em Roma: Hb 13.24); e também, por seu conteúdo se
aplicar a todas as igrejas e congregações em todos os lugares daqueles dias (e é assim
até hoje).
Ocasião: Por que esta carta foi escrita? Os judeus (tanto da Palestina quanto helenistas)
que se converteram, começaram a ser perseguidos por causa da fé em Cristo. Eles
usaram o seguinte raciocínio: “se seguir a Cristo produz perseguição e a prática judaica
não, talvez voltar ao Judaísmo cessaria a perseguição”. Sabendo disso, o autor vai
argumentar e provar vigorosamente que isso não compensa, que deve ser algo
impensável; pois seria um retrocesso a uma religião obsoleta, inválida. Vale notar que a
carta não começa como carta. A expressão em Hb 13.22 “palavra de exortação” (lógos
paráklêsis) é a mesma de Atos 13.15. E ali pode-se ver que era um sermão, uma
pregação. A carta aos Hebreus, portanto, é uma pregação escrita, com um final com
estilo de uma carta.
Propósito: Para que esta carta foi escrita? Qual ou quais seus objetivos principais?
Advertir aos leitores a não abandonarem a sua fé em Cristo, mas suportar as aflições e
crescer como cristãos. As razões que justificam tal propósito podem ser vistas:
1. Incredulidade: 3.12
2. A conduta: 5.13-14
3. Negligência nos cultos públicos: 10.25
4. Fraqueza na oração: 12.12
5. Instabilidade doutrinária: 13.9
6. Recusa em ensinar outros: 5.12
7. Negligência nas Escrituras: 2.1
“A fé [...] é a arte de perseverar naquilo que a sua razão já aceitou, apesar de suas
mudanças de ânimo [...] A pessoa deve cultivar o hábito da fé [...] Se você já aceitou o
cristianismo, então algumas de suas doutrinas principais têm de ser firmadas em sua
mente todos os dias” [...]. C. S. Lewis.
Doutrinas Centrais:
• Cristologia
• Soteriologia
• Fé
• Aliança
• Escritura ou Revelação
• Escatologia
• Perseverança
Bibliografia básica:
João Calvino, Hebreus - Comentário.
Fritz Laubach , Carta aos Hebreus (Comentário Esperança).
D. A. Carson, Douglas J. Moo, Leon Morris, Introdução ao NT.
L. Ryken, Philip Ryken, James Wilhoit, Manual Bíblico Ryken.
J. D. Douglas (Ed.), O Novo Dicionário da Bíblia.
1
Conforme Leland Ryken, Philip Ryken e James Wilhoit.
R. N. Champlin, O NT Versículo por Versículo.
Simon Kistemaker, Hebreus – Comentário.
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
HEBREUS 1
A SUPERIORIDADE DE CRISTO AOS ANJOS
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 1
Tema: A superioridade de Cristo aos anjos
Introdução: A carta aos Hebreus foi escrita com o objetivo de não permitir que os cristãos judeus
convertidos ao cristianismo voltassem ao judaísmo. Os cristãos estavam sendo perseguidos por
sua fé, enquanto o judaísmo não. Eles usaram o seguinte raciocínio: “se seguir a Cristo produz
perseguição e a prática judaica não, talvez voltar ao Judaísmo cessaria a perseguição”.
Sabendo disso, o autor vai argumentar e provar vigorosamente que isso não compensa e que
deve ser algo impensável; pois seria um retrocesso a uma religião obsoleta, inválida.
Assim, esta carta é um poderoso incentivo àqueles que têm pensado em desistir da vida
com Cristo ou que têm se sentido atraído pelo mundo atual. O autor vai argumentar que as
razões para seguir a Cristo são infinitamente superiores. O capítulo 1 começa falando de Cristo
como a revelação de Deus, superior aos anjos e do ministério dos anjos. E isso não é sem
importância, pois desde os tempos antigos até hoje, há uma forte tendência humana em prestar
adoração a anjos (Cl 2.18). E adorar qualquer outra criatura é pecado (Êx 20.3-6). Há os que
pensam que, por não terem adulterado, se embriagado, etc., são totalmente limpos; enquanto
entre estes pode haver os que adoram outras criaturas. E assim, um bom exercício espiritual, é
perguntar a nós o que ou quem temos adorado.
Desenvolvimento
1
Quando Pr. Lutero pastoreava no interior do Paraná, um membro da igreja, certa vez foi alvo de um trabalho de macumba. Ao
mexer as coisas ali, um dos elementos eram fezes de porco. Aprendemos a importante lição de que o pecado e o diabo jogam
com coisas sujas.
Assim, se estamos enfrentando algum sofrimento injusto (1 Pe 4.15-16), lembremo-nos que,
porque Jesus governa tudo de forma justa, este sofrimento é justo.
2
Os judeus do primeiro século e os Pais da Igreja também já interpretavam este salmo messianicamente.
3
Mas isso não quer dizer que, necessariamente, possuam asas.
4
Doutrina que estuda os anjos.
proteger enquanto andarmos distraídos”; mas Jesus através de Seus anjos (1 Rs 19.5; Sl 91.11-12;
Dn 9.20-23; 10.13).
Conclusão
Uma parte da música “Jesus, a Alegria dos Homens”, de J. S. Bach, resume nossa postura diante
do que estudamos hoje:
Jesus continua sendo minha alegria,
O conforto e a seiva do meu coração
Jesus refreia a minha tristeza,
Ele é a força da minha vida
É o deleite e o sol dos meus olhos,
O tesouro e a grande felicidade da minha alma,
Por isso, eu não deixarei ir Jesus
Do meu coração e da minha presença.
HEBREUS 2
EXORTAÇÕES À CONVERSÃO
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 2
Tema: Exortações à conversão
Introdução: No estudo anterior vimos que Jesus é a Revelação de Deus e superior aos anjos. E isso
porque Ele é Filho, governa os anjos, é eterno em relação à Criação, e é Senhor enquanto os
anjos são servos. No capítulo 2, o autor continua argumentando sobre a superioridade de Jesus
aos anjos, para incentivar os leitores a não voltarem ao judaísmo. E o que cada cristão e todo o
mundo precisa saber é que Cristo é a resposta para todas as questões da humanidade. Até
mesmo para aquelas questões que parecem não ter resposta. Tudo que precisamos é Jesus.
Exposição
1
Esta história foi contada em sala de aula em 1994 no Instituto Bíblico Eduardo Lane.
2
Lembrando que naquela época não havia cura para a tuberculose.
3
Uma ilustração chocante e recente disso foi a decapitação dos 21 coptas na Líbia. Tem um poder de Deus por trás disso.
E notemos a poderosa e consoladora verdade contida aqui, especialmente, para aqueles
que andam tristes consigo mesmos, pensando que seus pecados fazem com Deus os considere
um peso; que Deus tenha animosidade e vergonha deles. Há muitos que se sentem uma
vergonha para com Deus e, por isso, ao invés de acreditarem que podem ter uma vida linda e
agradável a Deus, acabam se afundando mais no mundo e no pecado. E J. I. Packer explica isso
dizendo: “A constatação de sermos faltosos e culpados, e mais ofensivos a Deus do que jamais
sonhamos, torna difícil levar o pecado a sério”. Ou seja, a pessoa que não acredita que Deus a
perdoa, esquece e dá nova oportunidade, acaba se acomodando miseravelmente numa vida
de pecado que vai só aumentando a vergonha, a dor e a morte dia a dia. Mas não, já que
somos salvos em Jesus, não somos um peso para Jesus; não somos uma vergonha para Ele.
Somos a sua alegria. É isso que a litotes4 “não se envergonha de lhes chamar irmãos” mostra. Ou
seja, somos o orgulho de Jesus. Por nós, Ele foi alegremente para a cruz e ressuscitou cheio de
energia e animação para nos resgatar deste mundo perverso. Isso faz lembrar um fato narrado
por um missionário na cordilheira dos Andes, entre o povo Quéchua. Um menino de uns 9 anos
carregava o irmão menor amarrado às costas e fazia muito esforço para carregá-lo. O
missionário pergunta ao menino: “Não está pesado?” O menino responde: “Não. Ele é meu
irmão”. Que linda figura! É mais que dessa forma que Jesus nos considera.
Os v.14-15 apontam para a identificação de Jesus com nossa humanidade através de Sua
encarnação. No v.14, a expressão “carne e sangue” é uma expressão idiomática para dizer
“humano” (Mt 16.17; 1 Co 15.50; Gl 1.16; Ef 6.12). Jesus teve que sofrer o castigo como homem
para compensar a justiça divina, por causa do nosso pecado. E assim, Ele destruiu o diabo, o
qual tinha o poder da morte; e isso mantinha o ser humano em escravidão por causa do que o
pavor da morte exercia sobre o mesmo. Mas do que consistia o diabo “ter o poder da morte”?
Na verdade, o diabo não é dono da morte. O diabo é o dono da acusação aos que pecam e
pecaram. Isso é visto com clareza em Zc 3.1-2 e Paulo enfatiza em Rm 8.33-34. Tendo o pecado
castigado em si mesmo, Jesus destruiu a acusação de satanás contra Seus irmãos. Em Cristo,
somos livres na consciência e na vida aqui e eternamente (Jo 8.31-36).
Os v.16-18 são uma aplicação. Ao destruir a morte em Sua humanidade, Jesus o faz,
lembra o autor, não aos anjos; mas aos homens. Os anjos não têm a natureza humana para nos
compreender. Eles nos servem, mas não conhecem as lutas humanas que temos. Já o Filho as
conhece porque se tornou humano. E Ele socorre, em especial, a descendência de Abraão; ou
seja, os que receberam Jesus como Salvador e Senhor (Gl 3.7). E Jesus sabe muito bem o conflito
que se instala na alma do convertido. Gl 5.17 deixa claro essa verdade. E aí, Michael Horton tem
razão ao dizer que, a prova de que somos cristãos não é se vivemos “no topo” o tempo todo;
mas se existe o conflito contra o pecado5. Cristãos que não sentem a luta contra o pecado,
talvez sejam uma contradição de termo. O termo não seria “um cristão”; talvez, um “religiosista”6.
No entanto, esse conflito traz cansaços, decepções, tristezas, medos, etc. Mas por causa
de ter se tornado semelhante a nós; inclusive tendo sido tentado em todas as coisas, Jesus nos
entende e nos ajuda. É isso que fica claro no v.18. É por isso que em 1 Co 10.13, Paulo diz: “... Mas
Deus é fiel e [...] juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar”. É por isso que podemos cantar junto com Lionel Richie, quando era do Commodores,
a linda música “Jesus is love”:
Pai, ajude Seus filhos
E não os deixes cair pela estrada.
E ensine-os a amar uns aos outros,
Que o paraíso possa encontrar um lugar em seus corações.
Temos que caminhar, passar pela tentação,
Porque Seu amor, Sua sabedoria,
Será uma mão a nos ajudar.
4
Figura de linguagem que consiste em fazer uma afirmação pela negação do contrário. Por exemplo: “não me envergonho”; o
que quer dizer: “me orgulho”.
5
Romanos 7.7-25 apresenta este fato também.
6
Uso esse neologismo para me referi a pessoas que tem alguma prática religiosa, mas não compreende as implicações da vida
com Deus em sua verdade.
Conclusão
Deve ser lembrado que tudo isso é dito a leitores que pensavam em desistir de Jesus, por causa
da perseguição que estavam enfrentando. Era uma perseguição externa com resultados
internos. Estes resultados internos: medo, decepção, tristezas, etc., tinham ligação direta com o
pecado que tenazmente nos assedia. Mas, mais que os anjos, Jesus está conosco e nos ajuda,
fortalece, vence por nós; não as lutas externas; mas, acima de tudo, o pecado interno que nos
condenava eternamente. Assim, precisamos fazer o que esta música do grupo Rebanhão
propõe:
Se o sol parar de brilhar e o sol ficar escuro
Ter sensação de estar perdido
Levante os olhos pro céu e peça a ele que ilumine
Se as estrelas pararem de brilhar
E a lua não fizer mais as sombras da noite
Levante os olhos pro céu e peça a ele que abençoe
Se algum motivo fizer o seu sorriso apagar
E tristeza dominar seu caminho
Levante os olhos pro céu e peça a ele alegria
Que ele te ouve, não importa aonde você estiver
Não importa a cor, se é homem ou mulher
Ele, ele te ouve
Se há muito tempo você não sente a alegria
Sorri fingindo, enganosa euforia
Se os seus amigos fugiram e você ficou só na estrada perdido
Levante os olhos pro céu e aceite um grande amigo
Levante os olhos pro céu, receba um novo amigo.
HEBREUS 3
A SUPERIORIDADE DE CRISTO A MOISÉS
(O PERIGO DA INCREDULIDADE)
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 3
Tema: A superioridade de Cristo a Moisés (o perigo da incredulidade)
Introdução: Em seu excelente livro Encontrando Deus em Meio à Dúvida1, o arguto autor Os
Guinness afirma:
A palavra descrença (incredulidade) é normalmente usada a partir de uma recusa deliberada em
acreditar ou de uma decisão voluntária de desobedecer. Desse modo, enquanto a dúvida é um
estado de suspensão entre fé e descrença, a descrença é um estado da mente que se fecha em
relação a Deus, uma atitude do coração que desobedece a Deus tanto quanto desacredita da
verdade. A descrença é a consequência de uma escolha.
A descrença, a incredulidade é a recusa deliberada em relação a uma verdade; e o
autor tenta não deixar os hebreus caírem na descrença, mostrando que Jesus é superior a um
dos maiores personagens do Judaísmo – Moisés. Após argumentar sobre isso, o autor entra com
vigorosa aplicação contra a incredulidade. Ele vai reforçando argumento sobre argumento para
convencer seus leitores. Ele não se deixa vencer. E aqui aprendemos a responsabilidade que
temos com os irmãos e que temos que insistir com eles. Isso é bíblico, pois vemos Paulo
“rogando” para que as pessoas se reconciliassem com Deus (2 Co 5.20; 1 Ts 5.14); Pedro disposto
a não deixar os irmãos esquecerem o evangelho (2 Pe 1.12-15: lindo!); e Jesus chorando sobre
Jerusalém (Lc 19.41-44). Conhecemos essa atitude? Temos feito o mesmo com algum irmão
desanimado ou o condenamos mais? Neste capítulo vemos como o autor combate este mal
perigoso chamado incredulidade.
Exposição
1
O título em inglês é God in the Dark (literalmente: “Deus no Escuro”). Livro recomendado com entusiasmo.
níveis de relacionamentos extraordinários com Deus (Dt 3410-12); mas era um dentre o povo;
apesar de Deus ter lhe conferido autoridade inigualável até então. Já Jesus é fiel “em sua casa”;
e é fiel não como servo, mas como Filho. A casa é de Jesus. Por isso é maior que Moisés. E o autor
acrescenta um dado importantíssimo: “a qual casa somos nós” (Ef 2.19-22; 1 Tm 3.15; 1 Pe 2.5).
Nós somos a casa em que Jesus é estabelecido como Salvador e Senhor. E aí vem outro dado
também importantíssimo: somos essa casa “se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a
exultação da esperança” (v.6). Ou seja, somos essa casa se permanecermos firmes na fé, no
caminho com Jesus.
E quais são os sinais dessa firmeza? 1) “a ousadia”; e, 2) “a exultação da esperança”.
Ousadia é a coragem de enfrentar as oposições e lutas advindas de nosso compromisso com
Jesus. A “exultação da esperança” é a alegre expectativa de que Deus cumprirá todas as Suas
promessas para Seu povo eternamente. A vida não se explica somente com expectativas, para
usar a linguagem de J. I. Packer, “deste lado da eternidade”. Há o outro lado. Há o lado eterno
que será inaugurado, ou com a morte ou com a volta de Jesus. Mas essas promessas somente se
cumprem na vida daqueles que permanecem firmes. Na vida dos que se regozijam na vida com
Cristo; que não andam com Jesus gemendo, murmurando ou desanimados. Assim, “não o
começo, somente o fim é que coroa a luta de fé do cristão” (Benjamim Schmolck).
Essa explicação nos convida a examinarmos o estado de nossa fé. Como temos servido,
andado com Jesus? Tem sido um fardo pesado? Uma chatice? Ou algo leve, alegre,
empolgante? D. M. Lloyd-Jones lembra que um crente sempre desanimado é um
contratestemunho ao Evangelho.
Após esta citação bíblica, os versículos 12-15 apresentam-nos uma aplicação. O autor fala para
se tomar cuidado com um “perverso coração de incredulidade”. Isso causa afastamento de
2
Isso ajuda a resolver a questão de que o Israel de Deus no NT é a Igreja. E isso tem implicações em outras áreas da teologia.
Deus. E uma tradução possível da palavra grega para “afaste” é “excitar à revolta”. Incrédulos
são dados à revolta.
E paramos para pensar num tipo diferente de incrédulo. É aquele que não aceita que tem
determinado comportamento pecaminoso. Um simples exemplo basta: o fofoqueiro,
maledicente que não acredita que é. Todos são ruins para ele; até que um dia ele se revolta. É o
que vemos em Corá, Datã e Abirão (Nm 16). Falaram mal de Moisés e Arão e, por fim, se
rebelaram.
E qual é o remédio para um “perverso coração de incredulidade?” A “exortação mútua”
(v.13). Um ajudando, encorajando ao outro. E isso acontece “Hoje”. A advertência não é para
os israelitas no deserto e aos hebreus. É para nós hoje também. A palavra “hoje”, também
mostra que não se dá tempo, oportunidade para a incredulidade. Ela tem que ser combatida já.
Não se pode esperar “as coisas melhorarem” ou “clarearem”. É agora que se combate a
mesma. Não fazer isso é se permitir ao “engano de pecado” (v.13), e isso traz destruição. Há
alguma incredulidade tomando conta do nosso coração hoje?
E é possível vencermos a incredulidade também, lembrando que nos tornamos
“participantes de Cristo”. Ou seja, os que O receberam como Salvador e Senhor. Simon
Kistemaker lembra que “somente os que continuam a professar sua fé em Jesus com firmeza são
salvos”. Calvino pontua a necessidade de progresso. Ele diz: “Muitos meramente provam o
evangelho, como se já tivessem atingido o topo, sem se preocuparem em progredir. Disso
sucede que não só desistem em meio ao curso de sua corrida, ou no próprio início dela, mas
também que desviam seu curso em outra direção”. E aqui cabe inquirir, examinar-se a si mesmo:
temos progredido na fé? Quais são os sinais deste progresso?
A parte conclusiva desta seção está nos v.16-19, em que o autor faz várias perguntas retóricas (já
tem a resposta em si). No v.16 as perguntas se referem aos que, mesmo vendo os milagres de
Deus, foram incrédulos. Não consideraram a bondade de Deus E quantos há ainda hoje que já
viram milagres de Deus em suas vidas e permanecem longe ou frios na fé.
O v.17 pontua os que se rebelaram, que não quiseram mudar de vida. Pelo contrário,
deram vazão, deram livre curso aos seus pecados. E aqui, com alguma insistência, não se pensa
somente em “pecadões” (matar, adulterar etc.); mas em pecados como invejas, amarguras,
maledicências, calúnias, insubmissão às autoridades, orgulhos, etc., dos quais alguns gozam até
de aceitação.
A desobediência não é só falta de obediência; mas é também a recusa deliberada em
obedecer. É isso que enfatiza o v.8. “A desobediência é uma recusa a ouvir a voz de Deus e uma
recusa obstinada a agir em resposta a essa voz” (Kistemaker). Precisamos aprender esta
distinção para o bem eterno de nossa alma. Há desobediências que acontecem por fraquezas
(“vacilos”, na linguagem coloquial); mas há outras que são recusa consciente em obedecer.
E o capítulo encerra de forma simples e enfática: “Não puderam entrar por causa da
incredulidade”. Vale a pena citar as palavras de Kistemaker aqui: “A incredulidade é a raiz do
pecado da provocação a Deus. A incredulidade rouba Deus de sua glória, e rouba o incrédulo
do privilégio das bênçãos de Deus”. Deus tem um descanso, não só na eternidade, mas aqui
também para cada um de nós. E que a incredulidade não nos tire isso. Que a incredulidade não
nos tire os privilégios e as bênçãos que Deus tem para nós!
Conclusão
Mc 6.1-6 narra a visita de Jesus a Nazaré. Ali fala que Jesus não fez muitos milagres por causa da
incredulidade e isso lhe causou admiração. Mas por que não pôde fazer nenhum milagre ali?
Porque para quem não quer crer, nem milagres adiantam e Deus não lança pérolas aos porcos.
A incredulidade não impede Deus. Mas Deus, por assim dizer, não vai “gastar” Seu poder à toa.
Que Deus nos dê forças para crer! Que Ele nos ajude!
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
HEBREUS 4
A SUPERIORIDADE DE JESUS A JOSUÉ
A NECESSIDADE DE ESFORÇO
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 4
Tema: A superioridade Jesus a Josué – A necessidade de esforço
Introdução: Até aqui o autor de Hebreus mostra Jesus como superior aos anjos (cap. 1 e 2) e
superior a Moisés; e agora, seguindo a linha de seu argumento para encorajar os hebreus a
ficarem firmes em Jesus, ele apresenta Jesus como superior a Josué. E o assunto principal deste
capítulo é a necessidade de esforço. A palavra “esforço” também é traduzida por “concentrar
as energias na obtenção de um alvo”. A tradução literal é “apressar-se”, “pressa”, “rapidez”.
Ressalta a preocupação séria com alguma coisa e o levar a sério as pessoas. Assim, a firmeza no
caminho de Jesus Cristo, deve ser agora e não depois e com muita disposição e vontade. Dessa
maneira cabe perguntar: como temos seguido a Jesus? Com pressa e firmeza? Com desejo
intenso ou com preguiça e desânimo?
No clássico O Peregrino, John Bunyan descreve “Cristão” caindo no “pântano do
Desânimo”. E o desânimo é um pântano mesmo. Nele, o filho de Deus vai se atolando e, se não
tomar uma atitude, a morte se torna realidade. E por que “Cristão” cai nesse pântano? Porque
não seguiu as “pegadas”. Para Bunyan, estas pegadas são as promessas de Deus. Assim, o que
nos mantém firmes, e nos esforçando é confiarmos nas promessas de Deus. Como vamos
conseguir nos esforçar, apressar, levar a sério a vida com Jesus? As promessas desse capítulo nos
ajudarão.
Exposição
1
2 Rs 7.3-15 tem uma história que ilustra essa afirmação.
para não nos perder em detalhes, o descanso é uma referência à justificação pela fé2. É uma
afirmação sobre a conversão, onde tomamos posse da salvação eterna. No entanto, essa
salvação precisa ser mantida e desenvolvida.
Ao falar da obra da Criação e do descanso de Deus após terminar a Criação, o autor
está falando que esse descanso de Deus não é inatividade, mas a manutenção de Sua bela
Criação. Da mesma forma os hebreus que se converteram, receberam Jesus como Salvador e
Senhor, agora precisam manter esse relacionamento. Esse é o descanso. Ou seja, o
desenvolvimento da salvação. Vemos isso claramente em Fp 2.12-13; Jo 6.27,29; Mt 6.19; etc. Já
somos salvos em Cristo e em Cristo precisamos desenvolver esta salvação. Isso é chamado de
santificação. E a santificação inclui enfrentar as lutas e oposições internas e externas que surgem
neste processo. E o v.7 pontua que essa luta deve ser encarada agora. A salvação é a garantia
que temos para batalhar pela nossa fé (Jd 3). Somos salvos para a batalha.
Diante dessa argumentação é preciso avaliar e reavaliar nosso envolvimento com o
processo de santificação. Que passos temos dado nessa direção? Quais as atitudes que
tomamos diante de Deus e dos homens? O que sabemos sobre santificação? Investimos tempo
estudando esta verdade bíblica?
2
Justificação é um ato da livre graça de Deus, no qual Ele perdoa todos os nossos pecados, e nos aceita como justos diante de
Si, somente por causa da justiça de Cristo a nós imputada, e recebida só pela fé (Ef 1.7; 2Co 5.21; Rm 4.6; 5.18; Gl 2.16).
3
Morreu aos 29 anos de tuberculose.
patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas”. Ao falar da Bíblia, o autor está
falando do próprio Deus. Assim, uma aplicação básica e profunda é que, conhecer a Bíblia é
conhecer a Deus.
Uma pequena observação: o autor aqui não está defendendo que o ser humano é uma
“tricotomia” (composto de corpo, alma e espírito). O contexto não permite isso. O que temos
aqui é uma ênfase no poder da Bíblia de penetrar nos recônditos mais profundos do íntimo
humano, “e não um tipo de divisão entre as partes constituintes4”.
Assim, podemos insistir: será que nossa dificuldade em ler, estudar, meditar na Bíblia não se
deva ao fato de que temos medo de não termos como nos auto enganar mais? Medo do que a
Bíblia vai expor, trazer à tona? Mas se tivermos coragem de enfrentar a Bíblia e nos enfrentar,
teremos forças para continuar.
Conclusão: No livro O Peregrino, quando se encontra com Intérprete, Cristão é tomado pela
mão e Intérprete o leva “a um lugar onde se via uma fogueira ardendo diante de uma parede.
Ali havia alguém que não saía de perto, jogando sempre muita água na fogueira com a
intenção de apagá-la. Mas as chamas aumentavam e ficavam cada vez mais quentes.
- O que significa isso? – perguntou Cristão.
- Esta fogueira – respondeu Intérprete – é a obra da graça que se opera no coração. Aquele que
joga a água, tentando apagá-la e extingui-la, é o diabo; mas você pode ver que o fogo assim
mesmo, fica sempre maior e mais quente. Você também verá a razão disso.
Então ele o levou para trás da parede, onde se via um homem com um vaso de óleo nas
mãos. Ele, em segredo, derramava continuamente óleo no fogo. Cristão perguntou:
- O que isso significa?
- Este é Cristo, que continuamente, com o óleo da Sua graça, mantém viva a obra já iniciada no
coração, e por meio dessa obra, a despeito de tudo o que pode fazer o diabo, as almas dos
crentes se provam piedosas”.
4
A nota na Bíblia de Genebra completa: “Além disso, se a ideia de divisão tivesse sido pretendida, iríamos esperar que o autor
dissesse ‘ossos e medula’ em vez de ‘juntas e medulas”.
É por isso que podemos nos esforçar, continuar, insistir, permanecer na caminhada com
Jesus. Ele mesmo está trabalhando em nós. Todo e qualquer esforço nessa caminhada tem
garantia de sucesso (Fp 1.6). Assim, que nenhum de nós, por qualquer motivo; por qualquer
opinião de quem quer que seja, deixemos de nos esforçar para permanecermos com Jesus. E
entraremos no descanso que nos espera no fim de nossas vidas ou dessa era.
Que Deus nos ajude!
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
HEBREUS 5
A SUPERIORIDADE DE JESUS A ARÃO
A ESCOLA DO SOFRIMENTO
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 5
Tema: A superioridade Jesus a Arão – A escola do sofrimento
Introdução: Jesus é superior aos anjos (cap. 1-2); a Moisés (cap. 3); a Josué (cap. 4). No capítulo
5, o autor vai mostrar que Jesus é superior a Arão, o sumo sacerdote do povo que saiu do Egito. É
bom lembrar que tudo isso é para mostrar aos destinatários que não há como desistir de Jesus
para voltar aos princípios obsoletos do judaísmo. E dentro desta argumentação, o tema que
sobressai é o do sofrimento. O autor reconhece que seus leitores estavam sofrendo. Ele não faz
descaso disso. No entanto, busca colocar o sofrimento numa perspectiva positiva; e usa para
isso, o exemplo do próprio Jesus, o qual “aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (v.8).
O sofrimento é uma questão espinhosa. Para alguns prova a falta de sentido na vida,
permitindo a cada um “inventar” seu próprio sentido. Para outros prova a inexistência de Deus. E
há os que dizem que, ou Deus não é bom ou não é poderoso. Realmente uma questão dificílima
para os cristãos resolverem. A resposta bíblica para isso é lembrar que Deus sofreu em Cristo.
Isaías diz lindamente que Jesus é “homem de dores e que sabe o que é padecer” (Is 53.3). A
encarnação do Filho é uma resposta honesta de Deus ao sofrimento. Dorothy L. Sayers (1893-
1957), romancista inglesa, amiga de C. S. Lewis faz uma grande contribuição ao dizer sobre isso:
Seja qual for o motivo pelo qual Deus resolveu fazer o homem do jeito que ele é – limitado, sujeito
ao sofrimento, à dor e à morte -, Ele teve a honestidade e a coragem de tomar o próprio remédio.
Seja qual for o jogo que esteja jogando com Sua criação, Ele não burlou as regras; jogou
honestamente. Ele não pode cobrar nada do homem que não tenha cobrado de si mesmo. Ele
passou pela experiência humana em toda a sua inteireza, das irritações triviais da vida em família
às restrições limitadoras do trabalho árduo e da falta de dinheiro até os piores horrores da dor, da
humilhação, da derrota, do desespero e da morte1.
Assim, para aqueles que têm lutado com as questões do sofrimento em sua vida ou na
vida de outros, o capítulo 5 de Hebreus nos ajudará a, pelo menos, compreendermos alguns
frutos desse sofrimento. O que o sofrimento pode e deve produzir?
I Compaixão v.1-3
O sumo sacerdote representava o homem diante de Deus. Era como um mediador entre os
homens e Deus. Ele oferecia os tipos diferentes de ofertas que se exigia no AT (ver Lv 1-7). E ele foi
constituído pelo próprio Deus “a favor” e não “contra” os homens (v.1). E isso tem preciosa
aplicação para cada cristão; pois todos somos sacerdotes (1 Pe 2.9; Ap 1.6). Assim, nosso
compromisso com Deus em relação aos homens é lhes mostrar que Deus não é indisposto, mal-
humorado, contrário aos homens; mas a favor. Somos, em alguma medida, “mediadores”
também.
Uma condição para isso é reconhecer que também se “está rodeado de fraquezas” (v.2).
O sumo sacerdote não podia esquecer suas fraquezas e pecados. O esquecimento ou desprezo
dessa verdade cria uma cultura entre o povo de Deus de hipocrisia por um lado, e inquisição do
outro.
A consciência das próprias fraquezas, pecados e fracassos produz compaixão. A palavra
“condoer-se” ressalta que o sumo sacerdote devia “ser comedido em sua indignação e ira pelas
incessantes transgressões do povo de Deus” (Fritz Laubach). Isso não quer dizer que se tem de
fingir de cego. Kistemaker lembra que se deve lidar amavelmente com os pecados e fraquezas
do povo de Deus, sem se colocar acima. As orientações de Mt 18.15-18 e Gl 6.1-3 devem ser
seguidas rigorosamente; e é por isso que esta é uma orientação contundente da Missão Praia da
Costa: “Missão: lutamos radicalmente contra o pecado, mas procuramos ser exageradamente
misericordiosos2”.
Para finalizar, deve ser lembrado que o próprio Jesus foi assim. Ele lutou contra o pecado
em todas as suas facetas; porém, com grande misericórdia. Isso porque “Ele foi tentado em
todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15b). A dor do nosso pecado ou
qualquer outra dor nos faz mais compassivos com os outros? Ou usamos os pecados dos outros
para esconder os nossos? Isso é manifestação de uma personalidade doente. Que Deus nos livre
disso!
1
A peça “O Grande Silêncio” apresenta a questão de forma muito bela, sábia e poderosa. Vale a pena o professor conferir:
http://historiaebiblia.blogspot.com.br/2010/04/o-longo-silencio.html
2
Pr. Simonton C. Araújo.
O que o sofrimento produz?
II Identidade v.4-6
O sumo sacerdócio é um chamado divino. Não é algo que se toma para si mesmo (v.4). Não é
uma decisão pessoal. Deus é que chama. E a confirmação do sacerdócio de Arão se deu
mediante o sofrido episódio com Datã, Corá e Abirão (Nm 16) pelo próprio Deus. Da mesma
forma Jesus. Foi o próprio Pai que o chamou. É isso que é proposto nos versículos 5 e 6. As
citações dos salmos 2.7 e 110.4 são a confirmação deste chamado ao sacerdócio de Cristo.
Um pequeno “parêntese” quanto a estes versículos é notar que toda a Bíblia fala de
Cristo. Precisamos lê-la assim. O assunto principal da Bíblia é Jesus. Com isso, fica claro que
salvação não é uma ideia, um conceito, uma “energia”. A salvação é Jesus Cristo, o Filho de
Deus.
Voltando, então, é notório que o sofrimento é um chamado (Mt 5.10-12; 10.24-33; 16.24-25;
At 9.16). Mas é esse chamado que nos dá uma origem, uma identidade. Não precisamos “pagar
a conta do analista para nunca mais ter que saber que eu sou3”. Somos filhos de Deus, santos e
amados. Não somos frutos do acaso. Não estamos entregues à sorte cega de um mundo
corrompido e desgovernado. Não precisamos nos sentir menores ou maiores. Somos o que Deus
quer que sejamos4: semelhantes a Seu Filho (Rm 8.29). Isso destrói toda autoestima baixa,
negativa e também superior. E uma autoestima bem resolvida é a base para que se busque uma
vida na presença de Deus, que é a vida vitoriosa. Uma autoestima negativa leva a todo tipo de
pensamento e comportamento destrutivo, pecaminoso. Sabendo quem somos não nos
estregaremos aos vícios, à imoralidade e sensualidade, à inveja, à maledicência etc.
3
Trecho da música “Ideologia”, de Cazuza.
4
“Não sou o que penso que sou; não sou o que as pessoas dizem que sou; não sou o que o diabo diz que sou; sou aquilo que
Deus diz que sou” (origem desconhecida).
• Benefícios de salvação (v.9-10): O sofrimento de Jesus na cruz foi uma necessidade; pois
um homem teria que sofrer a penalidade do pecado. E a inclusão do nome de
Melquisedeque aponta para o chamado divino de Jesus para ser o Autor da nossa
salvação. O benefício do sofrimento de Jesus foi a nossa salvação. E todo sofrimento, por
mais sem sentido que pareça, produz benefícios diversos de salvação. Mesmo o
sofrimento de Jó, o qual não teve resposta satisfatória do ponto de vista da lógica
humana, produziu o benefício do conhecimento de Deus (Jó 42.5). E não se pode
desprezar este conhecimento; pois, para Paulo era a razão, a grande busca de sua vida
(Fp 3.7-8), e deve ser a nossa também. Lembremos que a ostra só produz pérola se for
ferida. Assim, que consigamos ver cada sofrimento sob essa luz!
Conclusão
O autor afirma que o ministério sacerdotal de Jesus, segundo a ordem de Melquisedeque é difícil
de explicar, por causa da imaturidade dos leitores (v.11-14). A falta de obediência, de mais
desejo de obedecer à Bíblia que produz esta imaturidade; e isso acaba destruindo a compaixão
tão necessária no relacionamento com os irmãos. É a imaturidade que luta contra valorizarmos
nossa verdadeira identidade e contra o crescimento, o aperfeiçoamento de levar salvação
através do nosso conhecimento de Deus.
E alguns sinais de imaturidade são dados no texto:
• Demora em ouvir (v.12): Omissão em ler, estudar e meditar na Bíblia.
• Viver atrás de pessoas para “ensinar” o básico (v.12): Na verdade, já sabem; mas como
não obedecem e as coisas dão errado por esta causa, ficam querendo encontrar
soluções mágicas nas coisas básicas.
• Falta de prática (v.13-14): Protelação em fazer o que se sabe que se deve fazer. O
conhecimento, a maturidade vêm através da prática. E praticar, na maioria das vezes,
não tem glamour, não é “romântico5”.
5
Expressão usada pelo Pr. Simonton quanto a ação.
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
HEBREUS 6
UMA DRAMÁTICA EXORTAÇÃO AOS
HERDEIROS DAS PROMESSAS
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 6
Tema: Uma dramática exortação aos herdeiros das promessas
Introdução: O autor já falou da superioridade de Jesus aos anjos, Moisés, Josué e Arão; mas, este
não é seu único objetivo e este capítulo (juntamente com 5.11-14) mostra isso. Havia também
uma ardente preocupação com o estado da Igreja e da alma de cada cristão. Por isso, estamos
diante de uma exortação dramática, incisiva, contundente. O autor insiste para que seus leitores
sejam firmes, cresçam na fé, amem e se agarrem a Jesus custe o que custar. E, para isso, usa
palavras e conceitos fortes, diretos, como veremos a seguir.
Em face disso, podemos e devemos pensar em duas implicações práticas: 1) a que ponto
e de que maneira temos insistido com as pessoas para que se voltem ou se firmem com Jesus?
Ou somos daqueles que somente criticam!? 2) Já nos questionamos sobre a autenticidade de
nossa própria fé? Fazemos algum tipo de autoexame? Lembremo-nos que esta é uma prática
essencialmente bíblica (2 Co 13.5; 2 Pe 1.10-11; Ap 2.5). Infelizmente, em geral, os que fazem
exame da vida de outros não costumam fazer o autoexame. Que Deus nos livre disso!
Os que agem assim são os que “herdam as promessas” (6.12). Essas promessas não só se
referem à salvação futura, seja na morte ou no Juízo Final; mas também à vida que Deus tem
para cada cristão aqui, que contribui para Seu plano de redenção para todo o universo (Rm
8.19-23). E isto enche a vida de sentido e de alegria. É isso que buscamos? Já compreendemos
que temos as promessas de Deus? Quem são os herdeiros das promessas?
Conclusão:
Quem são as pessoas que herdam promessas?
• Buscam maturidade.
• Buscam uma vida arrependimento contínuo.
• Imitam aqueles que herdaram promessas.
Certamente, algo que os impeliu foi a esperança. É isso que está proposto no final do v.18 e
vai até o v.20. A esperança é como uma âncora que segura o navio firme, a despeito da fúria
dos ventos ou das correntes marítimas. E é linda a forma como o autor de Hebreus a descreve
1
É verdade que há vezes em que Deus age muito mais rápido do que as mais poderosas tecnologias.
nos v.19-20: ele penetra no Santo dos santos da glória celestial, onde Cristo habita. Ter esperança
em Jesus é vivermos onde Ele vive (Ef 2.6). Ter esperança é vivermos na presença de Jesus, face
a face com Ele. E porque Ele está lá como nosso sumo sacerdote, podemos ter a esperança de
herdarmos todas as promessas de Deus. Porque Ele vive para interceder por nós diante do Pai
(Hb 7.25; 1 Jo 2.1; Zc 3.1-7).
Assim podemos perguntar: isso não é assombrosamente maravilhoso!?
Que Deus nos ajude!
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HEBREUS 7
A ORDEM DE MELQUISEDEQUE
SALVAÇÃO TOTAL
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 7
Tema: A ordem de Melquisedeque – salvação total
1 A história de Melquisedeque (v.1-3): Aqui vemos quem ele é o que fez: Rei e sacerdote de
justiça e paz; vai ao encontro de Abraão, o abençoa e recebe os dízimos deste. Isso mostra a
superioridade de Melquisedeque a Abraão; o qual era tido em altíssima conta pelos crentes
judeus. E a ausência de dados (v.3) leva o autor a compará-lo a Jesus. E isso traz algumas
implicações para nossa vida com Jesus:
• Em nossa luta pela vida com Deus, Jesus sempre vem ao nosso encontro mostrando Sua
aliança conosco: Gn 14 diz que levou pão e vinho para Abraão (lembra os elementos da
Santa Ceia).
• Este encontro é para trazer a bênção da justiça e da paz: Deus sempre vai nos tratar com
justiça e dar paz; em especial, perdoando nossos pecados (Deus não nos perdoa à parte
da justiça) e promovendo nossa santificação.
• Temos que responder concretamente às bênçãos: Abraão “pagou” o dízimo a ele.
Resposta concreta, não apenas de intenção ou palavras. Gratidão são atitudes.
E podemos perguntar a nós mesmos: Temos ido ao encontro das pessoas? Quando vamos, o que
levamos? Justiça e paz ou acusações e discórdias? Como respondemos à aliança de Deus
conosco? Somos dizimistas de tudo?
1
Exemplo: a carta aos Gálatas propunha Jesus e mais a circuncisão; Colossensses, Jesus e um conhecimento superior...
2
As divisões básicas deste capítulo seguem a exposição de Simon Kistemaker.
3
Por exemplo: Jo 3.14-15 (um evento tipológico); Davi como rei foi um “tipo” de Cristo etc.
traduzida como “ver mentalmente”, “desfrutar da presença de alguém”. Ou seja,
precisamos ler mais imaginativamente a Bíblia e ver Cristo em Sua plenitude em tudo.
• A questão dos dízimos: Podemos notar que para mostrar que Melquisedeque era maior
que Abraão e compará-lo a Cristo, o autor usa a questão de o patriarca ter dado o
dízimo. Ele repete várias vezes essa palavra. Apesar de o NT não apresentar prescrições
específicas sobre o dízimo, não vemos nada também que desabone, condene ou proíba
sua prática. O abuso atual de alguns não justifica sua abolição. Somos dizimistas? Pelo
que estudamos podemos entender que quem não é dizimista não admite a superioridade
de Cristo sobre sua vida?
Conclusão
O clássico da literatura cristã mundial O Peregrino tem um trecho lindíssimo quanto à
completude da salvação em nossas vidas. É quando Intérprete toma Cristão pela mão e o leva
a um lugar onde se via uma fogueira ardendo diante de uma parede. Ali perto havia alguém
que jogava muita água com a intenção de apagá-la, mas as chamas aumentavam. Quando
perguntado por Cristão o que era aquilo, Intérprete responde:
- “Esta fogueira é a obra da graça que se opera no coração. Aquele que joga a água, tentando
apagá-la, é o diabo; mas você pode ver que o fogo, assim mesmo, fica sempre maior e mais
quente”.
Levado por Intérprete par trás da parede, Cristão vê um homem com um vaso de óleo nas mãos.
Ele, em segredo, derramava continuamente óleo no fogo.
- “O que isso significa”? Cristão pergunta.
- “Este é Cristo, que continuamente, com o óleo da Sua graça, mantém viva a obra já iniciada
no coração, e por meio dessa obra, a despeito de tudo o que pode fazer o diabo, as almas dos
crentes se provam piedosas. Mas você observou também que o homem fica atrás da parede
para alimentar o fogo. Isso é para ensinar-lhe que é difícil para aquele que é tentado ver como
essa obra graciosa se conserva na alma”.
Isso é uma prova de que nossa salvação em Cristo é perfeita e completa. E isso implica
em continuarmos perseverando dia a dia neste santo e maravilhoso caminho. Que tipo de
“água” o diabo tem jogado em nossas vidas? Quais as artimanhas, estratégias, tentações e
propostas ele tem usado contra nós? Pela fé, vejamos que Jesus, misteriosamente, continua
derramando o óleo de sua graciosa salvação em nosso coração.
Que o Salvador perfeito e completo nos ajude!
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HEBREUS 8
A NOVA ALIANÇA
UMA ALIANÇA DO CORAÇÃO
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 8
Tema: A nova aliança – uma aliança do coração
Introdução Após comparar Jesus com Melquisedeque (cap.7), o autor e mostrar que Jesus é o
sacerdote divino prometido por Deus com juramento no Salmo 110.4. A afirmação “Ora, o
essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote...” confirma isso. E
agora, no capítulo 8 o autor mostra que era (e é) preciso uma nova aliança, um novo pacto.
É preciso lembrar (ou saber) que a distância entre nós e Deus é imensamente grande em
todos os sentidos, e que só conseguimos nos relacionar com Ele através de um pacto. E este
pacto é proposto pelo próprio Deus. O autor de Hebreus lembra que houve um primeiro pacto
com base na guarda de diversos tipos de leis sintetizadas no Pentateuco (Gl 3.12; Rm 5.12-14;
10.5; Gn 2.17). Mas o homem falha em sua observância (Gn 3). Por isso, Deus em Sua infinita
misericórdia e graça propõe um novo pacto em Jesus. “Neste pacto Deus oferece
gratuitamente, a pecadores, vida e salvação por Jesus Cristo, requerendo-lhes fé n’Ele para que
sejam salvos1...” E é neste pano de fundo que vamos analisar este capítulo. Veremos a nova
aliança, este novo pacto em 3 aspectos: seu alcance, seu mediador e suas características.
1
Confissão de Fé Batista de Londres de 1689, cap.VII, parág. 2.
2
O livro de Levítico, em especial, nos mostra estes dons e sacrifícios, principalmente, em seus capítulos iniciais.
• A superioridade de Jesus (v.6): Jesus é superior em Seu ministério (não ofereceu animais);
na aliança que serve como mediador (a aliança da graça); e nas promessas que obteve
para seu povo. E estas serão vistas nos versículos seguintes.
Diante disso, devemos perguntar: o que isso tem a ver conosco? Tudo isso, toda essa operação,
todo este trabalho é para mim e para você e para todos os que confiarem em Jesus. A
progressão da redenção, a perfeição graciosa da nova aliança é para que recebamos e
desfrutemos as riquezas e belezas da salvação em Jesus. Não é para se tornar motivo de
debates e discussões acadêmicas, frias e desconectadas do viver diário. Assim, é por isso que
não devemos perder a esperança e confiarmos “cegamente” no amor de Deus. Não há casos,
causas e pessoas tão perdidas para Deus. A força e a perfeição de sua salvação nos atingem
em nossos maiores empreendimentos pecaminosos e desesperados.
Ainda, sua promessa em Jo 14.3 de estarmos onde Ele estiver incluía assentarmo-nos com
Ele em Seu trono (Ap 3.21); e isso confirma que Cristo nos fez reino e sacerdotes para servir Seu
Deus e Pai (Ap 1.6). E isso se desenvolve na vida diária em todas as áreas. Que Deus nos ajude a
experimentarmos isso!
Conclusão: O v.13 pontua que primeira aliança se provou ineficaz. E é uma lembrança que
ninguém salva a si mesmo. A salvação vem de Deus que opera em nosso interior. Ela já passou.
Já desapareceu e ninguém deve dar a sua vida por ela, como os hebreus queria fazer, pois
pensavam em desistir de Jesus. Desistir de Jesus é odiar-se a si mesmo; a viver sem um referencial
norteador de vida; a se sentir vazio, sem um conhecimento que encha a alma de alegria e
esperança; e no desespero de ser engolido pelos próprios pecados.
Que Deus nos ajude a amar e a viver plenamente esta nova e maravilhosa aliança!
Soli Deo gloria!
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HEBREUS 9
UM TABERNÁCULO E UM SACRIFÍCIO SUPERIORES
A PURIFICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 9
Tema: Um tabernáculo e um sacrifício superiores – a purificação da consciência
Introdução: No capítulo 8, o autor apresentou a nova aliança. E uma das razões pelas quais ela
se tornou necessária é que o tabernáculo celestial foi profanado pelo nosso pecado (8.1-2). Daí,
a ênfase do autor no capítulo 9 está na consciência (v.9,14). Ele mostra que, ainda que fosse
possível uma volta ao judaísmo, a consciência estaria mais perturbada ainda por causa dos
pecados. Inclusive, essa “desistência” é descrita por Pedro como uma porca lavada voltar ao
lamaçal e um cachorro ao seu vômito (2 Pe 2.22). Entende-se que é isso que experimentam os
“desviados”.
O cap.9 faz uma comparação minuciosa entre os sacrifícios do AT (no tabernáculo) e o
sacrifício de Cristo. É o sacrifício de Cristo quando aceito e vivido que purifica a consciência. Ele
é o sacrifício definitivo a nosso favor. E para chegar a esta conclusão, o escritor de Hebreus fala
do tabernáculo (9.1-10) e do sacrifício de Jesus (9.11-28). Isto é, a consciência é purificada a
partir da purificação do tabernáculo de Deus pelo sacrifício de Jesus. Não é lago que fazemos
por nós mesmos a nosso favor. É externo a nós. É Deus que faz por e em nós.
Como bom pastor, então, o autor quer seu povo livre em suas consciências para servir
livremente a Deus. Diferente de muitos pastores e líderes no decurso da história que, com
objetivos escusos, escravizavam e escravizam a consciência de seu povo.
A Bíblia fala de consciência em várias passagens (Rm 2.14-15; 1 Tm 1.5; 2 Tm 1.3; 1 Tm 4.2; Tt
1.15; etc.); e, por isso, uma definição de consciência precisa ser estabelecida. Clark H. Pinnock a
define como “a capacidade no homem de avaliar sua vida e passar julgamento favorável ou
desfavorável sobre ela”. Francis Schaeffer descreve a consciência culpada como um tirano, um
algoz, um carrasco, uma amarra, um “canzarrão preto, de patas enormes, saltando sobre mim,
ameaçando cobrir-me de lama e devorar-me1”. Sabendo disso, o autor de Hebreus vai mostrar
como se é livre desta consciência, por causa dos nossos pecados. E assim, como é nossa
consciência? Ela nos acusa ou nos defende? É sã ou doente, cauterizada, endurecida (o que
tão ou mais perigoso)?
1
Francis Schaeffer, Verdadeira Espiritualidade, p. 121, Editora Fiel.
2
O capítulo “O Grande Pecado” do livro Cristianimo Puro e Simples dá um excelente tratamento sobre isso.
no Santo dos Santos uma vez por ano. E do v.8-10 o autor faz aplicações que podem ser
resumidas em duas proposições:
• Atenção à mensagem do Espírito Santo (v.8): O fato de uma só pessoa entrar no Santo
dos Santos uma vez por ano mostra a mensagem do Espírito Santo, revelando através da
lei que o santuário terreno não era suficiente3. Isso mostra que a aproximação de Deus
não se dá mediante nossa criatividade ou qualquer obra que se passe por meritória.
3
Referência às notas da Bíblia de Genebra.
pecados, mas também e acima de tudo de nossa pecaminosidade, é uma herança
dada por Deus; a partir da morte de Cristo. E uma herança deixa pelo menos: 1) provisão;
2) razão para dedicar a vida; 3) alegria; 4) união dos que a recebem. É assim que
convivemos uns com os outros em Cristo? Ou vivemos vidas miseráveis em murmuração,
acusações etc.? Ou, ao invés de nos dedicarmo-nos a Deus, relaxamos em nosso andar?
Nossa vida cristã é alegre? Somos unidos, entendendo que o perdão que alego ter o
outro também tem?
• O perdão é definitivo (v.23-28): Estes versículos mostram que o sacrifício de Jesus é
totalmente suficiente para nos dar pleno perdão. Não precisa de adendos, apêndices de
nossa criatividade; que na verdade, não passam de tentativas orgulhosas de nos
autossalvar. A prova disso é que Jesus não realizou nossa salvação em santuário humano
(v.24); não foram repetidas vezes (v.25) e Deus cobrou totalmente de Jesus em Sua morte
(v.26-28). Mas, e os pecados repetidos? Eles ocupam espaço para nossa santificação.
Um parêntese: o v.27 combate o falso ensino da reencarnação e de que a morte física é o fim
de uma existência pessoal. E assim como a morte de Jesus o trouxe à ressurreição, Ele se dará
com todo ser humano em dia oportuno, conforme a vontade soberana de Deus.
Conclusão
Este estudo pode ser concluído com algumas palavras do pensador cristão e pastor, Francis
Schaeffer (1912-1984):
Quando minha consciência, sob o Espírito Santo, faz-me ciente de um pecado específico,
devo reconhecê-lo como pecado de uma vez e colocá-lo conscientemente sob o
sangue de Cristo. Não estaremos honrando a obra que nosso Redentor realizou
cabalmente se ficarmos lamentando aquele pecado sem parar. Digo isto com vistas à
vida de consciente comunhão com Deus. Deveras, afligir-nos desse modo é menosprezar
o valor infinito da morte do Filho de Deus. Devemos, ao contrário, dar glória a Deus por
haver-nos sido restaurada a comunhão com Ele.
É soberanamente melhor não pecar. Mas não é maravilhoso que, quando pecamos,
podemos correr para o local da restauração? Assim, é da intenção de Deus que, como
um de Seus dons para a presente existência, tenhamos liberdade da falsa tirania da
consciência.
Que Deus, em e por Cristo, ajude-nos a vivermos em equilíbrio esta verdade! Isto é, sem
permitir que ela endureça e eu morra; e nem que ela me golpeie a ponto de me fazer
desanimar de viver a maravilhosa vida que Cristo, no Evangelho, nos oferece.
Soli Deo Gloria!
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
HEBREUS 10
O SACRIFÍCIO DE JESUS E A NECESSIDADE
DE PERSEVERANÇA
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 10
Tema: O sacrifício de Jesus e a necessidade de perseverança
Introdução: Pode-se pensar que o autor já deu provas suficientes da ineficácia do sistema
sacrificial levítico; e, em contrapartida, da absoluta eficácia do sacrifício de Jesus. Para alguns
ele está sendo muito repetitivo (e está mesmo, pois a repetição é a mãe do aprendizado). No
entanto, não é bem assim. Ele continua, como um vulcão em erupção, argumentando
vigorosamente sobre esta verdade essencial. Isso, mais uma vez, mostra um pastor apaixonado e
preocupado com a salvação eterna de seu rebanho (Hb 13.17; At 20.28). Por sua vez, isso traz a
implicação de que: 1) de alguma maneira, devemos também ser assim com aqueles com os
quais convivemos; 2) a orarmos para que Deus levante mais pastores assim em nossos dias; e, 3)
a valorizarmos aqueles pastores que, sem interesses escusos, agem assim, são zelosos por nossas
vidas aqui e na eternidade.
Este capítulo tem duas divisões básicas: do v.1-18, onde se trata mais uma vez e com mais
argumentos sobre a eficiência total do sacrifício de Jesus para nos perdoar e salvar; e do v.19-39,
onde o autor exorta com vistas à perseverança. E uma pergunta norteará este estudo: quais os
caminhos que levam o povo de Deus a perseverar?
1
Nota da Bíblia de Genebra.
Assim, podemos entender que as demoras não nos são contrárias; mas o tempo em que
Deus nos dá a graça de participarmos da edificação de Seu eterno Reino. Além disso, podemos
descansar, pois a dureza dos sofrimentos somente e certamente apontam para a glória da
ressurreição e da vitória em toda e qualquer situação.
4 Trouxe pleno perdão v.15-18
A santificação que trabalha conjuntamente para a exaltação de Cristo (tanto agora quanto no
Dia do Juízo) é testemunhada pelo Espírito Santo. E aqui, segundo S. Kistemaker, o autor chega à
parte final de ensino da carta. Ele resume os ensinos da nova aliança profetizada por Jeremias,
mostrando que “pecado perdoado é pecado esquecido”. Vale lembrar que Deus não tem
amnésia quanto aos nossos pecados. Na verdade, Ele não nos cobra, não os lança em nosso
rosto mais (v.16-17). E a conclusão de toda a argumentação até aqui está no v.18. Isto é, não
existe possibilidade de voltar atrás, ao judaísmo obsoleto. O que, de fato, os hebreus precisavam
e nós também, é do sacrifício perfeito de Jesus. Quem tem consciência dessa verdade, vai
perseverar em seguir a Jesus.
O segundo aspecto do caminho da perseverança é:
2
J. I. Packer, Oração: Do Dever ao Prazer, p.233.
3
Philip Yancey, Igreja, Por Que Me Importar”, p.21
dissera até ali, para não abandonarem a Jesus; mas se “deliberadamente”, isto é, numa decisão
pensada, desistissem de Jesus, a punição seria severa.
Com certeza, além das dores temporais desta rejeição, está em jogo também a
condenação eterna. Por isso, o autor diz: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (v.31).
Aqui lembramo-nos de Hb 2.3: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande
salvação”?
Assim, cabe a cada um de nós, perguntar: temos perseverado em uma vida abundante
com o Senhor Jesus? Ou já desistimos? Quantos estão vivendo deliberadamente em pecados?
Quantos já deixaram de lutar contra seus pecados? E por quê? A quem se está
responsabilizando ou culpando? Isso é justo? Que Deus sonde nossos corações! Na verdade, a
fugir da apostasia é um caminho que demonstra, não só nossa perseverança, mas a
perseverança de Deus em e por nós.
Conclusão:
A pergunta final é: podemos perseverar? Vamos conseguir? A resposta é dada por um
comentarista quando diz que aqui ensina seus leitores a que “não foram chamados com o
propósito de retrocederem”. Deus não nos chamou para não perseverar. Não perseverar traz a
preocupante ideia de que não se foi chamado.
Mas não é estranho? Se Deus chamou por que temos que perseverar? C. S. Lewis escreveu
certa vez que “parece que Deus não faz por Ele mesmo nada do que pode delegar às suas
criaturas. Ele nos ordena a fazer devagar e desajeitadamente aquilo que poderia fazer
perfeitamente num piscar de olhos”. E isso porque quer nos dar a alegria de sermos participantes
da edificação de Seu Reino eterno. Que Deus nos ajude!
Soli Deo gloria!
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
HEBREUS 11
A NATUREZA E OS EXEMPLOS DA
VERDADEIRA FÉ
O LIVRO DE HEBREUS
2
Texto: Hebreus 11
Tema: A natureza e os exemplos da verdadeira fé
Introdução: O capítulo 10 termina com as belas palavras afirmativas do v.39, onde vemos a
importância da fé. É a fé que não nos permite desistir. E esse era o grande problema dos
hebreus; isto é, desistir da fé em Jesus (problema muito recorrente entre nós ainda hoje). No
capítulo 11, portanto, o autor define a natureza da fé, e passa a apresentar vários exemplos de
pessoas que experimentaram e não retrocederam, por causa de sua fé. Assim, ao examinar este
capítulo tem-se o privilégio de se fazer um diagnóstico da fé de cada crente. Pode-se notar que
fé não é apenas um pensamento, um sentimento. Não é nem apenas ver o invisível. Fé são
atitudes concretas e diárias embasadas na confiança no caráter de Jesus Cristo, Senhor da
glória.
I A natureza da fé v.1-3
Sobre a natureza da fé pode-se afirmar (v.1):
• Fé habita em primeira instância a mente: as palavras “certeza” e “convicção” apontam
para esta realidade. Fé não pode, de maneira nenhuma, nas emoções. A ênfase atual
nas emoções (emocionalismo) está matando a fé. Por isso, John Stott escreveu o livro
“Crer é Também Pensar”. A verdade é que liberta e a verdade entra pela mente. Claro
que a fé afeta as emoções e aciona a vontade; mas a mente deve ser dominada pela
verdade da fé.
• Fé se coloca entre “dois mundos”: A fé tem “certeza das coisas que se esperam”; ou seja,
para o futuro onde as promessas de Deus estão. E a fé também tem “convicção de fatos
que não se veem”; isto é, olha para o passado, sabendo o que já aconteceu (v.3).
E é isso que constrói o presente. Se buscarmos um presente abençoado, a mente deve se fixar
nas promessas futuras de Deus; e nas obras que Deus já fez. Assim, vou fugir de todo mal e buscar
o bem porque Deus me dá razões para isso, tanto no que já fez no passado para nos salvar; e
ainda fará para nossa glorificação. É por isso que aqueles que os antigos obtiveram bom
testemunho, no sentido de terem sido aprovados por Deus. Creram nas obras de Deus. E assim, a
fé, conforme proposta aqui, produz fidelidade e constância.
II Exemplos de fé v.4-40
Dentro do objetivo de encorajar os cristãos hebreus, o autor agora passa a mostrar exemplos que
ilustram a perseverança da fé. E ao analisá-los pode-se ter a exata compreensão do que é a
verdadeira fé. Vejamos:
Os antediluvianos v.4-7
Abel, Enoque e Noé são assim chamados (antediluvianos) porque viveram antes do dilúvio:
• Abel e o “mais excelente sacrifício” (v.4): Além de ter ofertado as primícias, Abel ofereceu
um sacrifício cruento (que envolve sangue). Ou seja, Abel se aproxima de Deus pelo
sacrifício de Jesus. Ele sabia que era aceito pelo sacrifício de outrem. É assim que
devemos nos aproximar de Deus – somente pelos méritos de Jesus em nosso lugar. Caim é
um símbolo das demais religiões que propõem salvação pelas obras; além de ser o
primeiro anticristo que se tem notícia na história.
• Enoque - aquele que agradou a Deus (v.5): Juntamente com Elias, Enoque não viu a
morte, foi trasladado. Sua fé se caracterizou por “agradar” a Deus. A expressão de Gn
5.22 diz “andou” com Deus. Andar com Deus “significa que uma pessoa vive uma vida
espiritual na qual ela conta a Deus tudo” (Kistemaker). Para D. Guthrie, Enoque “esteve
sublimemente acima da corrupção dos seus tempos”. Isso é andar com Deus (Mq 5.8).
• Noé – o temente a Deus (v.7): O temor de Noé consistiu em obedecer imediatamente os
mandamentos específicos de Deus (“aparelhou uma arca”). Apesar de ter tomado o
“pileque” mais conhecido da história (Gn 9.21), Noé é citado pelo próprio Deus como
justo (Gn 9.6; Ez 14.14,20; 2 Pe 2.5).
Assim, fica claro que fé não é só acreditar que do outro lado tem alguém ouvindo. São atitudes
práticas; e é isso que o v.6 elogia: sem fé não se agrada a Deus. Ou, usando a lógica
interpretativa do v.5, Deus não “anda” conosco. Por isso, vale perguntar: como pensamos que
somos aceitos por Deus (como Abel?)? Andamos com Deus como Enoque? Obedecemos
imediatamente como Noé?
• Isaque – aquele que abençoou (v.20): Isaque entra para a história como filho de Abraão e
pai de Jacó. Não teve grandes momentos como seu pai e seu filho. No entanto, foi um
abençoador. Vida de fé é isso. É a decisão de ser um abençoador(a).
• Jacó – aquele que adorou (v.21): O texto aludido aqui é o de Gn 48.13-20 quando Jacó
abençoa os filhos de José e diz que o mais novo se sobressairá ao mais velho. É
interessante notar que, para o autor aos hebreus, este ato de abençoar é adoração.
Precisamos pensar com mais seriedade nisso. Tomar cuidado com a maledicência. Se
abençoar é adorar a Deus, o que será a maledicência?
• José – aquele que não ficou (v.22): José sabia que o Êxodo aconteceria e deu ordens
para que nem seus ossos ficassem no Egito. Ele não quis ficar. Ele quis ir, ainda que morto.
Assim é a fé. Ela se recusa a permanecer em um estágio que não seja o de Deus. Ela
prossegue. Ela quer estar onde Deus e Seu povo estão.
Moisés
O autor, como já foi dito, se demora ao falar de Moisés. E sobre a fé de Moisés é dito:
• Teve forte influência dos pais (v.23): Os pais de Moisés, Joquebede e Anrão, não temeram
o decreto de Faraó que mandava jogar no rio as crianças. Eles não fizeram isso. Algo
aconteceu em seus corações que os moveu a isso. E todos os pais deveriam ver isso em
seus filhos. Ou seja, vê-los como alvos da Graça de Deus para a construção de uma nova
sociedade. Como os pais hoje veem os filhos?
• Escolheu aquilo que, de fato, valia a pena (v.24-26): Do ponto de vista humano, Moisés foi
um “sortudo”. Nasceu em uma época de morte e não morreu; teve carinho de mãe e pai;
foi adotado por uma princesa; teve uma educação invejável (At 7.22); teve riquezas; mas,
recusou tudo isso ou quase tudo, porque a educação de seus pais fez toda diferença. A
verdadeira fé consegue ver prazer na luta (v.25); consegue ver honra na vergonha (v.26);
consegue ver uma vida incomparavelmente melhor além desta (v.26b com Fp 1.21-23).
• Renegou a escravidão (v.27): Neste contexto, o Egito representa a escravidão. E a
escravidão é sempre limitadora das capacitações e habilidades que Deus dá. Moisés
optou pelos desafios da liberdade do que pela comodidade covarde da escravidão.
Assim é a fé verdadeira.
• Decidiu viver em festa (v.28): D.M. Lloyd-Jones afirma que um cristão cronicamente triste é
um mau testemunho ao Evangelho. A fé verdadeira vive em celebração. A Páscoa era a
celebração da libertação da escravidão e da morte. Assim, todos os que estão em Cristo,
precisam ter essa consciência. Ou seja, a consciência de fazer da vida uma celebração;
pois em Cristo, somos livres da escravidão e da morte espiritual e eterna.
• Abriu caminho onde não se podia ter caminho (v.29): A travessia do mar Vermelho é uma
maravilha num tempo não havia tecnologia de grandes pontes. A fé contribuiu para que
Deus abrisse um caminho impensável. E a fé age assim. Diante de “mares” de
impossibilidades, Deus é capaz de abrir caminhos impensáveis. Um simples exemplo pode
se dado: quando sequestrado para não ser morto pela igreja, Lutero ficou escondido no
castelo de Wartburgo; porém ali, traduz a Bíblia para o alemão. E certamente é assim
conosco. Deus abre caminhos onde não se podem abrir caminhos aos olhos humanos.
Os israelitas em Canaã
Multiplicando provas, o autor agora passar a mostrar exemplos de fé dentro da terra da
promessa.
• A queda das muralhas de Jericó (v.30): O fato a ser destacado deste episódio é o caráter
coletivo da fé. Neste evento todo o povo teve que estar junto. E isso precisa ser
reenfatizado na igreja. A fé individual não pode ser confundida com uma fé individualista
e não pode prejudicar a fé coletiva.
• Raabe (v.31): No caso de Raabe, “a fé não conhece barreiras” (S. Kistemaker): era pagã,
mulher e prostituta. E, além disso, sua triunfou em relação ao seu povo. Ela foi poupada.
Assim, a mensagem do autor é: a melhor maneira de triunfar não é desistindo, mas
persistindo.
Uma pequena digressão pode ser útil aqui, quanto a Raabe. Ela mentiu (Js 2), mas é declarada
como exemplo de fé e justa (Tg 2.25). É estranho dizer assim, mas a mentira de Raabe foi fruto de
sua fé no Deus de Israel. Some o fato de que há uma questão ética proposta. Ou seja, “uma
pessoa não pode ser tida como responsável por não cumprir uma lei menor de forma a cumprir
uma obrigação maior” (Geisler e Howe). Nesse sentido, a obrigação maior foi a vida dos espias e
a conquista da terra pelo povo sob a ordem de Deus.
HEBREUS 12
COMEÇAR E TERMINAR: A LUTA DA FÉ
COMO MEIO PEDAGÓGICO DE DEUS
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 12
Tema: Começar e terminar: a luta da fé como meio pedagógico de Deus
Introdução: Nas olimpíadas de Los Angeles (1984), a maratonista suíça Gabrielle Andersen,
impressionou o mundo ao completar a prova em trigésimo sétimo lugar (num total de 44),
contorcendo em dores de cãibras. De certa forma, este episódio ilustra o capítulo 12 de Hebreus.
A afirmação “corramos com perseverança...” (v.1), segundo D. Guthrie “dá a entender a ideia
de persistência, da corrida firme até o fim, a despeito das dificuldades”. E nesta corrida, Deus vai
“educando1-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no
presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tt 2.12). Sendo assim, o que é preciso para
começar e terminar? No capítulo 11, o escritor mostra exemplos de fé que começaram e
terminaram. Agora, ele vai mostrar como isso foi, é e continuará sendo possível, pela graça
maravilhosa de Jesus. Vejamos:
1
O verbo grego aqui é paideúô, de onde vem a palavra “pedagogia, educação, ensino”.
2
Breve Catecismo de Westminster, resposta 1. Textos de confirmação: Rm 11.36; 1Co 10.31; Sl 73.25-26; Is 43.7; Rm 14.7-8; Ef
1.5-6; Is 60.21; 61.3.
3
Os cristãos no século II eram acusados de incesto (pois havia casamento entre “irmãos”), de canibalismo (comiam o corpo e
bebiam o sangue de Jesus – santa ceia), de ateísmo (pois não aos deuses do panteão greco-romano).
providência carrancuda, Ele esconde uma face sorridente”. Assim, sobre o sofrimento como
disciplina, pode ser dito:
4
Frase dita por Márcio Faria de Azevedo numa palestra aqui na Missão Praia da Costa.
(indispensável, essencial) para se encontrar com Deus. A igreja precisa estudar mais sobre esta
verdade. E para isso é preciso vigilância espiritual. Do que consiste essa vigilância espiritual?
5
Em 2004 Pr. Martinho Lutero foi chamado para expulsar demônios de um homem que, após a apuração da situação, chegou
àquele estado por causa de amargura.
Adorar a Deus v.27-29
Deus removeu a antiga aliança; porém a nova vai permanecer (v.27), e é dela que os Hebreus
não podem desistir. A Nova Aliança é Cristo. Esta aliança é para sempre. E, pelo fato de a terem,
de terem Cristo, a atitude deles é de adoração, de gratidão, de “reter a graça”. Isso porque, o
Deus que é consumidor para com os que desanimam, também é consumidor para com aqueles
e com as situações que visam afastar Seu povo de Sua aliança. A adoração nos faz semelhantes
a Deus (Sl 115.8). A adoração me aproxima de Deus de tal forma que desistir é totalmente
impensável. É a adoração que dá forças para permanecer.
Conclusão:
Anos depois da olimpíada de Los Angeles, quando foi inquirida sobre o que a levou a terminar,
Gabrielle Andersen afirmou que, a todo tempo vinha em sua mente: “eu tenho que, pelo menos
terminar”. Ela reconheceu que muitos limites estão na mente. Ela, portanto, resolveu superá-los.
Teve determinação, compromisso com uma causa. E assim, que nenhum de nós, imponhamos
limites em nossa vida com Jesus. Porque temos uma salvação incomparável e Deus vencedor.
Que haja determinação e compromisso! Que seja assim! Em nome de Jesus.
Soli Deo Gloria!
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
HEBREUS 13
A MANEIRA CORRETA DE SE ENFRENTAR
AS LUTAS E PROVAÇÕES
O LIVRO DE HEBREUS
Texto: Hebreus 13
Tema: A maneira correta de se enfrentar as lutas e provações
1 Hospitalidade v.2
As pressões do sofrimento podem nos fechar para receber outros. E naqueles dias, não diferente
dos dias de hoje, as hospedarias eram locais de oportunidades para a imoralidade. Assim,
hospedar era para evitar. Mas também era sinal de amizade. A igreja precisa ser um ambiente
de amizades verdadeiras. Ambientes assim trazem segurança para a vida tão insegura que este
mundo proporciona.
O incentivo do autor era que, ao hospedar, poder-se-ia hospedar anjos; uma referência a
Gênesis 18, quando Abraão hospeda anjos que fazem uma promessa que, certamente, se
cumpriu. Assim, precisamos começar a andar na contramão da cultura local e buscarmos
ocasiões para hospedar, receber pessoas em nossas casas.
Conclusão:
A vida cristã é uma batalha (Jd 3). Tem muitas provações; mas que nenhum de nós busque alívio
em nada que entristeça ao coração do Senhor Jesus. Mas por que tem que ser assim? As estrofes
finais de um hino de John Newton (1725-1807) ajudam a responder:
Senhor, por que isso? clamei a tremer, Perseguir teu verme até à morte?
É desse modo, disse o Senhor; que Eu respondo aos rogos por graça e fé.
Estas provações íntimas Eu uso para livrá-lo do orgulho e egoísmo;
E quebrar teu esquema de alegria terrena, para que possas buscar-te todo em mim.