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O BANCO CENTRAL EUROPEU

O EUROSISTEMA
O SISTEMA EUROPEU DE
BANCOS CENTRAIS
ÍNDICE

Prefácio do Presidente do Banco Central Europeu 3

1. O percurso da União Económica e Monetária


1.1 Integração europeia 4
1.2 Integração económica 5
1.3 Critérios de convergência 6
1.4 Principais características da área do euro 7
1.5 Benefícios do euro 8

Marcos históricos 10

2. Estrutura e atribuições
2.1 O Sistema Europeu de Bancos Centrais e o Eurosistema 12
2.2 O Banco Central Europeu 12
2.3 Atribuições do Eurosistema 13
2.4 Independência 14
2.5 Bancos centrais nacionais 16
2.6 Órgãos de decisão do BCE 16
2.7 Comités do SEBC 19

3. Política monetária
3.1 Estabilidade de preços 20
3.2 A estratégia de política monetária do BCE 20
3.3 Instrumentos de política monetária 21
3.4 Comunicação 23
3.5 Estatísticas monetárias e financeiras 24

4. O sistema TARGET2 26

5. As notas e moedas de euro


5.1 Notas 28
5.2 Moedas 29

6. Supervisão bancária 30

Glossário 32

2
PREFÁCIO

Quando se fala de um “banco central”, o que provavelmente nos ocorre de


imediato é que se trata de uma instituição que emite moeda. E a moeda é o
instrumento utilizado como unidade de conta, meio de pagamento e reserva
de valor. De facto, o objectivo principal de qualquer banco central é assegurar
que o valor da moeda seja preservado ao longo do tempo. Contudo, a actividade
de um banco central moderno envolve muitos outros aspectos menos
conhecidos. Um deles é a comunicação. Um banco central deve não só fazer o
que diz que faz, como também explicar o que está a fazer, aumentando assim
a sensibilização e os conhecimentos do público sobre as políticas e serviços que
proporciona.

A presente brochura faz par te das nossas iniciativas de comunicação sobre as


actividades desenvolvidas pelo Banco Central Europeu (BCE), que constitui o
cerne do Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC), juntamente com os
bancos centrais nacionais dos 27 Estados-Membros da União Europeia.Visto nem
todos os Estados-Membros terem adoptado o euro como a sua moeda, o termo
“Eurosistema” é utilizado para descrever a entidade composta pelo BCE e pelos
bancos centrais nacionais dos Estados-Membros que adoptaram o euro, os quais
são actualmente 16. A maioria das atribuições cometidas ao SEBC pelo Tratado
da União Europeia é cumprida pelo Eurosistema.

A presente brochura é também disponibilizada no sítio do BCE


(www.ecb.europa.eu). A versão electrónica será actualizada com mais frequência
do que a impressa.

Esperamos que aprecie a leitura desta brochura, quer na sua versão impressa,
quer online.

Frankfur t am Main, Abril de 2009

Jean-Claude Trichet
Presidente do Banco Central Europeu

3
O PERCURSO DA UNIÃO ECONÓMICA
E MONETÁRIA

1.1 A ideia de estabelecer uma união económica e monetária na Europa


I N T E G R A Ç Ã O E U RO P E I A

remonta a mais de meio século.Tratou-se de uma ideia desenvolvida pelos líderes


políticos que, em 1952, fundaram a Comunidade Europeia do Carvão e do
Aço (CECA) , constituída por seis países – a Alemanha, a Bélgica, a França,
a Itália, o Luxemburgo e os Países Baixos.

Alargamento gradual da Na década de cinquenta do século passado e subsequentemente, foram dados


União Europeia novos passos no sentido da integração europeia. Os mesmos seis países criaram,
em 1958, a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Comunidade
Europeia da Energia Atómica (EURATOM). Esta rede de relações foi-se
fortalecendo e aprofundando ao longo dos anos, transformando-se primeiro nas
Comunidades Europeias (CE) e depois, com a adopção do Tratado de Maastricht
em 1993, na União Europeia. O número de países foi também aumentando.
A Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido aderiram em 1973, seguidos da Grécia
oito anos mais tarde. Por tugal e Espanha tornaram-se membros em 1986
e a Áustria, a Finlândia e a Suécia em 1995. O alargamento prosseguiu em 1 de
Maio de 2004, com a adesão dos seguintes dez países: Chipre, Eslováquia,
Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa.
A Bulgária e a Roménia passaram a ser Estados-Membros da União Europeia
em 1 de Janeiro de 2007.

Critérios de adesão Antes da adesão à União Europeia é necessário cumprir os critérios de


à União Europeia Copenhaga . Estes critérios exigem dos futuros membros (i) instituições
estáveis, que garantam a democracia, o Estado de Direito, os direitos humanos,
o respeito pelas minorias e a sua protecção, e (ii) a existência de uma economia
de mercado viável e capacidade para fazer face à pressão da concorrência, de
modo a poderem assumir as
obrigações decorrentes da sua
qualidade de membros, incluindo
os objectivos de uma união
política, económica e monetária.

ver Glossário

4
1.
1
O percurso da União 1.1 Integração europeia 1.4 Principais características da área
Económica e Monetária 1.2 Integração económica do euro
1.3 Critérios de convergência 1.5 Benefícios do euro
Marcos históricos

2
Estrutura e atribuições

3
Política monetária

4
O sistema TARGET2

5
As notas e moedas
de euro

6
Supervisão bancária

1.2 A primeira tentativa de criação de uma união económica e monetária foi


INTEGRAÇÃO ECONÓMICA

enunciada no Relatório Werner 1 de 1970, que previa a sua consecução em três fases
a concluir até 1980. No entanto, estes primeiros planos para uma união económica
e monetária nunca se realizaram, devido às consideráveis perturbações monetárias
observadas a nível mundial, após o colapso do sistema de Bretton Woods no início
da década de setenta, e à recessão internacional desencadeada pela primeira crise
petrolífera, em 1973.

Para combater esta instabilidade, os então nove Estados-Membros da CEE criaram,


em 1979, o Sistema Monetário Europeu (SME) . A sua principal característica
era o mecanismo de taxas de câmbio (MTC) , que introduziu taxas de câmbio
fixas, mas ajustáveis, entre as moedas dos nove países.

Na segunda metade dos anos 80, a ideia de uma união económica e monetária foi Tratado de Maastricht assinado
reavivada com o Acto Único Europeu de 1986, que estabeleceu um mercado comum. em 1992
Porém, tomou-se consciência de que os benefícios de um mercado comum só
poderiam ser colhidos com a introdução de uma moeda única para todos os países
participantes. Em 1988, o Conselho Europeu deu instruções ao Comité Delors
no sentido de este analisar as possibilidades de ser criada a União Económica
e Monetária (UEM) . O Relatório Delors de 1989 conduziu às negociações para
o Tratado da União Europeia, que deu origem à União Europeia e introduziu
alterações ao Tratado que institui a Comunidade Europeia. Assinado em Maastricht
em Fevereiro de 1992 (daí ser, por vezes, designado “Tratado de Maastricht”),
o Tratado da União Europeia entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993.

A progressão no sentido da UEM desenrolou-se em três fases. A primeira fase As três fases no sentido da UEM:
(1990-1993) caracterizou-se sobretudo pela constituição de um mercado único I. Mercado Único Europeu
europeu, através da abolição de todos os entraves à livre circulação de pessoas, II. Instituto Monetário Europeu
mercadorias, capital e serviços na Europa. III. O BCE e o euro

A segunda fase (1994-1998) teve início com a criação do Instituto Monetário


Europeu e foi dedicada aos preparativos técnicos para a moeda única, à
prevenção de défices excessivos e ao reforço da convergência das políticas
1 Assim designado por ser o nome do seu impulsionador, o então Primeiro-Ministro do Luxemburgo, Pierre Werner.

5
O PERCURSO DA UNIÃO ECONÓMICA
E MONETÁRIA

económicas e monetárias dos Estados-Membros (com vista a assegurar a


estabilidade de preços e finanças públicas sólidas). A terceira fase teve início em
1 de Janeiro de 1999 com a fixação irrevogável das taxas de câmbio, a
transferência da responsabilidade pela política monetária para o BCE e a
introdução do euro como a moeda única. No dia 1 de Janeiro de 2002, as notas
e moedas de euro entraram em circulação nos países que adoptaram a moeda
única, tendo substituído as notas e moedas nacionais que deixaram de ter curso
legal, o mais tardar em 1 de Março do mesmo ano.

1.3
CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA
Políticas económicas orientadas Os países que desejem adoptar o euro como a sua moeda têm de
para a estabilidade e bancos alcançar um elevado grau de “convergência sustentável”. O grau de convergência
centrais independentes é avaliado com base em vários critérios definidos no Tratado de Maastricht, os
quais requerem que o país em questão apresente:
• um elevado grau de estabilidade de preços
• finanças públicas sólidas
• uma taxa de câmbio estável
• taxas de juro de longo prazo baixas e estáveis.

Estes critérios foram concebidos para assegurar que apenas os países com
políticas económicas orientadas para a estabilidade e um historial de estabilidade
de preços possam passar à Terceira Fase da UEM. O Tratado impõe também que
o banco central do respectivo país seja independente (consultar o artigo 108.º).

16 Estados-Membros Em Maio de 1998, numa cimeira da União Europeia em Bruxelas, confirmou-se que
adoptaram o euro 11 dos então 15 Estados-Membros – a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, a Espanha, a
Finlândia, a França, a Irlanda, a Itália, o Luxemburgo, os Países Baixos e Portugal –
preenchiam os critérios para a adopção da moeda única. No dia 1 de Janeiro de 1999,
estes países adoptaram o euro como a sua moeda comum. A Grécia aderiu a este
grupo de países em 1 de Janeiro de 2001, quando preencheu os critérios exigidos.
Desde então, outros países passaram a cumprir os critérios de convergência e
integraram a área do euro – a Eslovénia, em 1 de Janeiro de 2007, Chipre e Malta,
em 1 de Janeiro de 2008, bem como a Eslováquia em 1 de Janeiro de 2009. Um
Estado-Membro, a Suécia, não cumpriu ainda todas as condições. Além disso,
ver Glossário

6
a Dinamarca e o Reino Unido são “Estados-Membros com um estatuto especial”.
Nos protocolos anexos aoTratado que institui a Comunidade Europeia, foi concedido
a estes dois países o direito de escolherem se querem ou não participar na Terceira
Fase da UEM, isto é, adoptar o euro.Ambos os países utilizaram esta cláusula, designada
de “opt-out” (não participação), tendo notificado o Conselho da UE de que não
tencionam passar à Terceira Fase da UEM, ou seja, de que não desejam ainda passar
a fazer parte da área do euro.
1.
A Suécia e oito dos 12 países que aderiram desde 2004 são considerados
membros com uma derrogação , visto que ainda não satisfazem todas as
condições para adoptarem o euro. Quando um Estado-Membro beneficia de
uma derrogação, está isento de algumas das disposições – mas não de todas –
normalmente aplicadas a partir do início da Terceira Fase da UEM. Por exemplo,
está isento de todas as disposições relativas à transferência da responsabilidade
pela política monetária para o Conselho do BCE .

Como acontece com a Suécia, os restantes Estados-Membros da União Europeia Dois Estados-Membros utilizaram
que ainda não adoptaram o euro não dispõem de cláusulas de “opt-out” tais a cláusula de “opt-out ”
como as negociadas pela Dinamarca e o Reino Unido.

Este facto implica que, ao aderirem à União Europeia, os novos Estados-Membros Os novos Estados-Membros da
comprometem-se a adoptar o euro quando preencherem os critérios de União Europeia comprometem-se
convergência . O BCE e a Comissão Europeia elaboram relatórios de dois a adoptar o euro
em dois anos – ou a pedido do Estado-Membro com uma derrogação – sobre
os progressos feitos no sentido do cumprimento dos critérios de convergência.
Esses relatórios de convergência têm também em linha de conta outros factores
passíveis de influenciar a integração do país na economia da área do euro, sendo
com base neles que o Conselho da UE decide se um país pode ou não passar
a fazer par te da área do euro.

1.4 Os diferentes países que compõem actualmente a área do euro eram eco-
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DO EURO

nomias relativamente abertas antes de aderirem à área do euro.Todavia, agora fazem


parte de uma economia maior e muito mais autónoma.A dimensão da área do euro
é comparável à de importantes economias, como os Estados Unidos e o Japão.

7
O PERCURSO DA UNIÃO ECONÓMICA
E MONETÁRIA

A área do euro é uma das maiores economias do mundo, com uma população
Uma das maiores que, em 2006, ascendia a 318 milhões de habitantes. Na sua totalidade, a União
economias mundiais Europeia é composta por 27 países e uma população de 493 milhões de
habitantes. Em comparação, os Estados Unidos e o Japão contam com,
respectivamente, 299 e 128 milhões de habitantes.

Em termos de produto interno bruto (PIB) expresso em paridades do poder de


compra , os Estados Unidos foram a maior economia em 2006, com 19,7% do
PIB mundial, seguidos da área do euro com 14,3%. A parcela do Japão foi de 6,3%.
As percentagens dos países da área do euro, em termos individuais, são significati-
vamente inferiores: a mais elevada representou 3,9% do PIB mundial em 2006.

Dependência limitada relativamente Embora possa ser consideravelmente afectada pela evolução da economia mundial,
ao comércio externo o facto de a área do euro ter uma economia menos aberta significa que os movi-
mentos nos preços de produtos estrangeiros têm apenas um impacto limitado nos
seus preços internos. No entanto, é uma economia mais aberta do que os Estados
Unidos ou o Japão. Em percentagem do PIB, as exportações de bens e serviços da
área do euro em 2006 (21,6%)2 foram significativamente mais elevadas do que as
dos Estados Unidos (11%) e do Japão (16,8%).

1.5
B E N E F Í C I O S D O E U RO
Um verdadeiro mercado único Com a criação da União Económica e Monetária (UEM) , a União Europeia
de bens e serviços deu um passo importante no sentido da realização do mercado interno. Agora os
consumidores e as empresas podem facilmente comparar preços e identificar os
fornecedores mais competitivos na área do euro. Além disso, a UEM proporciona
uma conjuntura de estabilidade económica e monetária em toda a Europa, que
propicia um crescimento sustentável e a criação de emprego, e a moeda única
eliminou as perturbações decorrentes dos movimentos bruscos das taxas de câmbio
das anteriores moedas nacionais.

Com a introdução das notas e moedas de euro em 1 de Janeiro de 2002, passou a


ser mais fácil viajar dentro da área do euro. É muito mais simples e rápido comparar
os preços dos bens e dos serviços e os pagamentos podem ser efectuados na mesma
moeda em todos os países.
ver Glossário
2 O valor relativo à área do euro não contempla Chipre e Malta.
8
O advento do euro eliminou os custos das transacções cambiais e os riscos de taxa
de câmbio na área do euro. No passado, estes custos e riscos constituíam um obstá-
culo à concorrência transfronteiras. Uma maior concorrência faz com que haja mais
probabilidades de os recursos disponíveis serem utilizados da forma mais eficiente.
Com uma moeda única, as decisões de investimento são muito mais fáceis, dado que
as flutuações da taxa de câmbio deixam de influenciar o rendimento do investimento
entre diferentes países dentro da área do euro.
Eliminação de custos e riscos
cambiais
1.
Antes da introdução do euro, os mercados financeiros tinham, por regra, um carácter Integração dos mercados
nacional. Os instrumentos financeiros, tais como as obrigações de dívida pública e financeiros
as acções, eram denominados nas moedas nacionais. O lançamento do euro constituiu
um passo fundamental no sentido da integração dos mercados financeiros da área
do euro. A sua influência irá continuar a sentir-se na estrutura da economia da área
do euro. A integração é evidente, se bem que em graus diferentes, em todos os
sectores da estrutura financeira:

• O mercado monetário interbancário da área do euro encontra-se plenamente


integrado.
• O mercado obrigacionista denominado em euros está bem integrado, é pro-
fundo e líquido, e proporciona uma ampla escolha de investimentos e financiamento.
• O mercado de títulos da área do euro é visto cada vez mais como um mercado
único.
• As fusões e aquisições nacionais e transnacionais entre os bancos da área do euro
aumentaram.

A profundidade e a qualidade de um mercado financeiro integrado facilitam o


financiamento do crescimento económico e, portanto, a criação de emprego.
Os cidadãos dispõem de uma maior variedade de escolha nas suas decisões de
poupança e investimento. As empresas podem recorrer a um mercado de capitais
muito grande para financiarem as suas actividades e podem utilizar instrumentos
financeiros novos para se protegerem contra vários riscos financeiros e para
melhorarem a gestão dos seus investimentos.

9
MARCOS HISTÓRICOS
1952 1979
Criação do Sistema Monetário Europeu
(SME).

1981

Criação da Comunidade Europeia


do Carvão e do Aço (CECA) pela
Alemanha, Bélgica, França, Itália,
Luxemburgo e Países Baixos.

1958 Adesão da Grécia às Comunidades


Europeias.

1986
Entrada em vigor dos Tratados de
Roma; estabelecimento da Comunidade
Económica Europeia (CEE) e da
Comunidade Europeia da Energia Adesão de Portugal e Espanha.

1987
Atómica (EURATOM).

1967
O Tratado de Fusão combina as três
comunidades existentes (CECA, CEE,
EURATOM).

1970

Entrada em vigor do Acto Único


Europeu, que abre caminho a um
mercado único.

1989
Apresentação do Relatório Werner,
a primeira proposta de um “projecto”
de união monetária.

1973
Adesão da Dinamarca, da Irlanda e
do Reino Unido às Comunidades
Europeias.
Apresentação pelo Comité Delors
do relatório sobre a União Económica
e Monetária (UEM).
10
1.
1990 2001
Início da Primeira Fase da UEM. A Grécia passa a ser o 12.º país

1993
participante na área do euro.

Entrada em vigor do Tratado da União


Europeia (Tratado de Maastricht).
2002
Entrada em circulação das notas

1994
e moedas de euro.

2003
Entrada em vigor do novo Tratado
da União Europeia alterado (Tratado
de Nice).

2004

Início da Segunda Fase da UEM.


Estabelecimento do Instituto Monetário
Europeu (IME) em Frankfurt am Main,
na Alemanha.

1995
Adesão da Áustria, da Finlândia e Em 1 de Maio, adesão à União Europeia
da Suécia à União Europeia. de mais dez países.

1998 2007
Liquidação do IME e estabelecimento Adesão da Bulgária e da Roménia
do Banco Central Europeu em à União Europeia, que passa a contar
Frankfurt am Main. com 27 Estados-Membros. Entrada da

1999
Eslovénia na área do euro. Assinatura
do Tratado de Lisboa em Dezembro.

2008
Entrada de Chipre e Malta na área do
euro, que conta agora com 15 países.

2009
Entrada da Eslováquia na área do euro.

Início da Terceira Fase da UEM com


11 países participantes; introdução
do euro como moeda única.
Entrada em vigor do Tratado da
União Europeia alterado (Tratado
de Amesterdão).

11
ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES

2.1 E
O S I S T E M A E U RO P E U D E B A N C O S C E N T R A I S
O E U RO S I S T E M A
O Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) foi criado em conformidade
com o disposto no Tratado de Maastricht e nos Estatutos do Sistema Europeu
de Bancos Centrais e do Banco Central Europeu (Estatutos do SEBC).
O SEBC é constituído pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelos bancos centrais
nacionais (BCN) de todos os Estados-Membros da União Europeia.

O Eurosistema compreende o BCE e os BCN dos Estados-Membros da


União Europeia que adoptaram o euro (que actualmente são 16).

Os órgãos de decisão do BCE são o Conselho e a Comissão Executiva.


As decisões de política monetária são tomadas pelo Conselho. A Comissão
Executiva implementa as decisões e é responsável pela gestão diária do BCE.
O terceiro órgão de decisão do BCE é o Conselho Geral, que continuará a existir
enquanto houver Estados-Membros da União Europeia que não tenham
adoptado o euro como a sua moeda.

2.2 O BCE iniciou funções em Junho de 1998 em Frankfur t am Main, tendo


O B A N C O C E N T R A L E U RO P E U

O BCE é uma instituição substituído o seu antecessor, o Instituto Monetário Europeu (IME). É uma
supranacional instituição supranacional com personalidade jurídica própria. Presentemente, o
BCE ocupa três edifícios no centro de Frankfur t am Main, mas, em 2011,
mudar-se-á para a sua nova sede, em construção na zona leste da cidade.

O pessoal do BCE é verdadeiramente europeu; os seus membros provêm dos


27 países da União Europeia.

ver Glossário

12
1.2.
1
O percurso da União
Económica e Monetária

2
Estrutura e atribuições 2.1 O Sistema Europeu de Bancos 2.4 Independência
Centrais e o Eurosistema 2.5 Bancos centrais nacionais
2.2 O Banco Central Europeu 2.6 Órgãos de decisão do BCE
2.3 Atribuições do Eurosistema 2.7 Comités do SEBC

3
Política monetária

4
O sistema TARGET2

5
As notas e moedas
de euro

6
Supervisão bancária

2.3 São quatro as principais atribuições do Eurosistema. A primeira é aplicar


AT R I B U I Ç Õ E S D O E U RO S I S T E M A

a política monetária adoptada pelo Conselho do BCE, por exemplo, decisões


sobre as taxas de juro directoras do BCE (a taxa mínima de proposta
aplicável às operações principais de refinanciamento , bem como a taxa de O Conselho do BCE toma as decisões
juro da facilidade de cedência de liquidez e a taxa de juro da facilidade de sobre as taxas de juro directoras
depósito ) e, quando apropriado, decisões relacionadas com objectivos mone-
tários e o aprovisionamento de reservas. A Comissão Executiva é responsável
pela implementação da política monetária e exerce essa responsabilidade trans-
mitindo instruções aos BCN. Por exemplo, a Comissão Executiva decide uma
vez por semana qual o montante de liquidez a colocar ao dispor do sector
bancário através das operações principais de refinanciamento.

A segunda e terceira atribuições do Eurosistema são a condução de operações


cambiais e a detenção e gestão das reservas cambiais oficiais dos países da
área do euro.

Os BCN do Eurosistema transferiram activos de reserva para o BCE, no valor Activos de reserva detidos pelo
de cerca de 40 mil milhões de euros (85% em moeda estrangeira e 15% em BCE e pelos BCN
ouro). Em troca, os BCN receberam activos remunerados sobre o BCE, deno-
minados em euros. Os BCN do Eurosistema par ticipam na gestão das reservas
externas do BCE, actuando como agentes do BCE, em conformidade com as
orientações de gestão de car teiras definidas pelo BCE. Os restantes activos de
reserva do Eurosistema são detidos e geridos pelos BCN. As transacções que
envolvam esses activos de reserva são reguladas pelo Eurosistema.
Par ticularmente transacções superiores a determinados montantes requerem
a aprovação prévia do BCE.

A quar ta atribuição básica do Eurosistema consiste na promoção do bom


funcionamento dos sistemas de pagamentos. Além disso, o Eurosistema contribui
para a condução da supervisão financeira, aconselhando os legisladores em
matérias da sua competência e compilando estatísticas monetárias e financeiras.

O Tratado de Maastricht especifica também que compete exclusivamente ao


BCE autorizar a emissão de notas de euro.

13
ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES

2.4 No exercício das suas funções relacionadas com o Eurosistema, o BCE


INDEPENDÊNCIA

e os BCN não devem solicitar ou receber instruções de instituições ou


organismos comunitários, dos governos dos Estados-Membros ou de qualquer
outra entidade. Da mesma forma, as instituições e organismos comunitários, bem
como os governos dos Estados-Membros não devem procurar influenciar os
membros dos órgãos de decisão do BCE ou dos BCN no exercício das suas
funções.

Independência pessoal Os Estatutos do SEBC prevêem a segurança dos mandatos dos governadores
dos BCN e dos membros da Comissão Executiva do BCE do seguinte modo:

• um mandato mínimo de cinco anos, para os governadores dos BCN;


• um mandato não renovável de oito anos para os membros da Comissão
Executiva do BCE;
• a demissão dos membros da Comissão Executiva do BCE apenas em caso de
incapacidade ou falta grave, sendo da competência do Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias decidir sobre qualquer litígio.

Independência funcional Em termos de funcionamento, o Eurosistema é também independente. O BCE


e os BCN possuem todos os instrumentos e competências necessários para
a condução de uma política monetária eficaz e estão autorizados a decidir
autonomamente como e quando os utilizar.

Não é permitido ao Eurosistema conceder empréstimos a organismos comu-


nitários ou a entidades do sector público nacional, o que reforça ainda mais a
sua independência ao protegê-lo de qualquer influência por par te das auto-
ridades públicas. Além disso, o Conselho do BCE tem o direito de adoptar
regulamentos com força vinculativa para executar as atribuições do SEBC e, em
cer tos casos, de acordo com o estabelecido em actos específicos do Conselho
da UE .

ver Glossário

14
Nationale Bank van Central Bank and
2.
België / Banque Deutsche Financial Services
Nationale de Belgique Bundesbank Authority of Ireland Bank of Greece

Central Bank of
Banco de España Banque de France Banca d’Italia Cyprus

Bank Ċentrali ta’


Banque centrale Malta/Central De Nederlandsche Oesterreichische
du Luxembourg Bank of Malta Bank Nationalbank

Národná banka Suomen Pankki -


Banco de Por tugal Banka Slovenije Slovenska Finlands Bank

15
ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES

2.5 Os bancos centrais nacionais do Eurosistema são dotados de perso-


BANCOS CENTRAIS NACIONAIS

nalidade jurídica (ao abrigo da lei do respectivo país) distinta da do BCE.


Simultaneamente, são par te integrante do Eurosistema, que é responsável pela
estabilidade de preços na área do euro, e, como tal, desempenham as suas
atribuições no âmbito do Eurosistema em consonância com as orientações
e instruções do BCE.

Os BCN realizam operações Os BCN participam na condução da política monetária única da área do euro.
de política monetária Realizam operações de política monetária, destinadas, por exemplo, a fornecer moeda
do banco central às instituições de crédito , e asseguram a liquidação de
pagamentos escriturais domésticos e transfronteiras.Além disso, conduzem operações
de gestão de reservas externas por conta própria ou como agentes do BCE.

Os BCN são também, em grande medida, responsáveis pela recolha de dados


estatísticos nacionais e pela emissão e processamento de notas de euro nos
respectivos países. Desempenham igualmente funções fora do âmbito dos
Estatutos do SEBC, salvo se o Conselho do BCE considerar que essas funções
são incompatíveis com os objectivos e atribuições do Eurosistema.

Ao abrigo da legislação nacional, os BCN podem assumir outras funções não


relacionadas com política monetária. Por exemplo, alguns BCN estão envolvidos
na supervisão prudencial e/ou actuam como o principal banqueiro dos
respectivos governos.

2.6
ÓRGÃOS DE DECISÃO DO BCE
O Conselho do BCE reúne-se O Conselho do BCE é composto pelos membros da Comissão Executiva
na 1.ª e na 3.ª quinta-feira de cada mês do BCE e pelos governadores dos BCN dos países da área do euro. De acordo
com os Estatutos do SEBC, este órgão deve reunir-se, no mínimo, dez vezes por
ano. A data das reuniões é decidida pelo próprio Conselho, com base
numa proposta da Comissão Executiva. A menos que no mínimo três
governadores levantem alguma objecção, as reuniões podem ser realizadas por
teleconferência. Actualmente, as reuniões têm lugar duas vezes por mês, na primeira

ver Glossário

16
e na terceira quinta-feira de cada mês. As questões relacionadas com a política
monetária são normalmente discutidas apenas na primeira reunião do mês.

O Presidente do Conselho da UE e um membro da Comissão Europeia


podem par ticipar nas reuniões, embora apenas os membros do Conselho do
BCE tenham direito de voto. Cada membro do Conselho do BCE dispõe de um
voto e, excepto nas decisões relacionadas com questões financeiras do BCE, o
2.
Conselho delibera por maioria simples. Em caso de empate, o Presidente do BCE
tem voto de qualidade. No que diz respeito a questões financeiras – tais como
a subscrição do capital do BCE, a transferência de activos de reserva ou a
distribuição dos proveitos monetários –, os votos são ponderados de acordo
com as par ticipações dos BCN no capital subscrito do BCE.

O Tratado da União Europeia e os Estatutos do SEBC conferem ao Conselho


do BCE o poder de tomar as decisões estrategicamente mais significativas para
o Eurosistema .

As principais responsabilidades do Conselho do BCE são:

• formular a política monetária da área do euro, tomando decisões sobre o nível


das taxas de juro directoras do BCE;
• adoptar as orientações e tomar as decisões necessárias para o desempenho
das atribuições do Eurosistema.

Na tomada de decisões sobre política monetária e sobre outras atribuições do Incidência na área do euro
Eurosistema, o Conselho do BCE tem em consideração os desenvolvimentos no
conjunto da área do euro.

A Comissão Executiva do BCE é composta pelo Presidente e pelo Vice-Presidente A Comissão Executiva reúne-se
do BCE e por mais quatro membros. Os seus membros, seleccionados de entre todas as terças-feiras
personalidades de reconhecida competência e com experiência profissional nos
domínios monetário e bancário, são nomeados de comum acordo pelos governos
dos países da área do euro, a nível de Chefes de Estado ou de Governo, sob
recomendação do Conselho da UE e após consulta ao Parlamento Europeu

17
ESTRUTURA E ATRIBUIÇÕES

e ao Conselho do BCE. A Comissão Executiva reúne normalmente todas as


terças-feiras.

O Presidente do BCE, ou na sua ausência o Vice-Presidente, preside às reuniões


do Conselho, do Conselho Geral e da Comissão Executiva do BCE. O Presidente
do BCE é convidado a participar nas reuniões do Eurogrupo , o grupo informal
composto pelos ministros da Economia e das Finanças da área do euro, e pode
também participar nas reuniões do Conselho da UE em que são debatidas
questões relacionadas com os objectivos e atribuições do Eurosistema.

As principais responsabilidades da Comissão Executiva são:

• preparar as reuniões do Conselho do BCE;


• implementar a política monetária da área do euro de acordo com as
orientações e decisões estabelecidas pelo Conselho do BCE, dando, para tal,
as instruções necessárias aos BCN;
• gerir a actividade diária do BCE;
• exercer determinados poderes, incluindo poderes de natureza regulamentar,
que lhe tenham sido delegados pelo Conselho do BCE.

O Conselho Geral reúne-se O Conselho Geral do BCE é composto pelo Presidente e pelo Vice-Presidente
quatro vezes por ano do BCE e pelos governadores dos BCN de todos os Estados-Membros da União
Europeia. Os outros membros da Comissão Executiva, o Presidente do Conselho
da UE e um membro da Comissão Europeia podem par ticipar nas reuniões
do Conselho Geral, embora não tenham direito de voto. As reuniões do
Conselho Geral podem ser convocadas sempre que o Presidente do BCE
considere necessário ou a pedido de, pelo menos, três dos seus membros. Este
órgão reúne habitualmente em Frankfur t am Main de três em três meses.

O Conselho Geral não tem qualquer responsabilidade nas decisões de política


monetária da área do euro. Assumiu as funções do IME que o BCE tem de desem-
penhar naTerceira Fase da UEM, enquanto houver Estados-Membros da União Europeia
que não tenham adoptado o euro. Este facto implica que o Conselho Geral é
essencialmente responsável pela apresentação de relatórios sobre os progressos
ver Glossário

18
realizados em matéria de convergência por parte dos Estados-Membros da União
Europeia que ainda não adoptaram o euro e pelo aconselhamento sobre os
preparativos necessários para a adopção do euro como a sua moeda. Contribui também
para as funções consultivas do SEBC e ajuda na recolha de informação estatística.

2.7 Os órgãos de decisão do BCE são apoiados por comités do SEBC, os quais
COMITÉS DO SEBC
Os comités de peritos apoiam
2.
são impor tantes também em termos de cooperação intra-SEBC. Os comités do os órgãos de decisão
SEBC são compostos por especialistas do BCE e dos BCN do Eurosistema ,
assim como de outros organismos competentes, tais como as autoridades de
supervisão nacionais, no caso do Comité de Supervisão Bancária. Cada um dos
BCN dos Estados-Membros que não fazem par te da área do euro nomeou
especialistas para par ticiparem nas reuniões dos comités do SEBC, sempre que
forem discutidas matérias específicas da competência do Conselho Geral do BCE.
Os mandatos dos comités são estabelecidos pelo Conselho do BCE , ao qual
os comités prestam informação através da Comissão Executiva .

Actualmente, existem os seguintes comités: Comité de Auditores Internos, Comité


de Comunicação do Eurosistema/SEBC, Comité de Estatísticas, Comité de
Metodologia de Custos, Comité de Notas de Banco, Comité de Operações de
Mercado, Comité de Política Monetária, Comité de Questões Contabilísticas e
Rendimento Monetário, Comité de Questões Jurídicas, Comité de Relações
Internacionais, Comité de Sistemas de Pagamentos e de Liquidação, Comité de
Supervisão Bancária, Comité de Tecnologias de Informação e Comité Director
de TI do Eurosistema.

Em 1998, o Conselho do BCE estabeleceu também um Comité de Orçamento,


composto por membros provenientes do BCE e dos BCN do Eurosistema. Este
comité coadjuva o Conselho do BCE em questões relacionadas com o orçamento
do banco.

Por último, em 2005, foi criada uma Conferência de Recursos Humanos, composta
por membros do SEBC, com o objectivo de reforçar a cooperação e o espírito
de equipa entre os bancos centrais do Eurosistema/SEBC em matéria de gestão
de recursos humanos.

19
POLÍTICA MONETÁRIA

3.1 O objectivo primordial do Eurosistema


E S TA B I L I DA D E D E P R E Ç O S
é a manutenção da estabilidade
de preços . Sem prejuízo desse objectivo, o Eurosistema apoia as políticas
económicas gerais da Comunidade.

A estabilidade de preços é O ar tigo 2.º do Tratado da União Europeia estipula que a União Europeia
a principal prioridade tem por objectivos a “promoção do progresso económico e social e de um
elevado nível de emprego e a realização de um desenvolvimento equilibrado e
sustentável”. O Eurosistema contribui para esses objectivos mantendo a esta-
bilidade de preços. Além disso, na prossecução da estabilidade de preços, tem
esses objectivos em consideração. Caso exista qualquer conflito entre os
objectivos, o BCE tem sempre de dar prioridade à manutenção da estabilidade
de preços.

O Eurosistema actua de acordo com o princípio de uma economia de mercado


aberto e de livre concorrência, favorecendo uma afectação eficiente de recursos.

3.2
A E S T R AT É G I A D E P O L Í T I C A M O N E T Á R I A D O B C E
O BCE precisa de influenciar as condições no mercado monetário e, por
conseguinte, o nível das taxas de juro de cur to prazo, para que seja alcançada
a estabilidade de preços.

O BCE adoptou uma estratégia para garantir uma abordagem coerente e


sistemática nas decisões de política monetária. A coerência contribui para a
estabilização das expectativas de inflação e para o reforço da credibilidade
do BCE.

O principal elemento da estratégia de política monetária do Conselho do BCE


é a sua definição quantitativa de estabilidade de preços:“um aumento homólogo
do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) para a área do
euro inferior a 2%”. A estabilidade de preços deve ser mantida a médio prazo,
o que implica que a política monetária seja prospectiva. Na prossecução da
estabilidade de preços, o BCE visa manter as taxas de inflação em níveis inferiores
ver Glossário

20
3.
1
O percurso da União
Económica e Monetária

2
Estrutura e atribuições

3
Política monetária 3.1 Estabilidade de preços 3.4 Comunicação
3.2 A estratégia de política monetária 3.5 Estatísticas monetárias e financeiras
do BCE
3.3 Instrumentos de política monetária

4
O sistema TARGET2

5
As notas e moedas
de euro

6
Supervisão bancária

mas próximos de 2% no médio prazo. Este objectivo sublinha o seu compromisso


de proporcionar suficiente margem de segurança contra os riscos da
deflação .

É necessário que a política monetária seja prospectiva porque existem


desfasamentos significativos no mecanismo de transmissão (ver a secção Política monetária prospectiva
seguinte). Além disso, a política monetária deve ancorar as expectativas de
inflação e ajudar a reduzir a volatilidade em termos de evolução económica.

Para além da definição de estabilidade de preços, a estratégia de política


monetária consiste numa avaliação abrangente dos riscos para a estabilidade de
preços, assente numa análise económica e numa análise monetária. Todas as
decisões de política monetária são precedidas de uma cuidadosa verificação
cruzada das informações fornecidas por estas duas análises.

3.3 da liquidez e com a orientação das taxas de juro de curto prazo por parte
I N S T R U M E N TO S D E P O L Í T I C A M O N E T Á R I A
O mecanismo de transmissão da política monetária começa com a gestão

do banco central.

O mercado monetário, enquanto par te integrante do mercado financeiro,


desempenha um papel crucial na transmissão das decisões de política monetária, O mercado monetário é o primeiro
dado que é o primeiro a ser afectado por alterações nesta última. Um mercado a ser afectado
monetário profundo e integrado é essencial para uma política monetária eficaz,
visto assegurar uma distribuição equilibrada da liquidez do banco central e um
nível homogéneo das taxas de juro de cur to prazo em toda a área da moeda
única. Esta condição prévia foi satisfeita praticamente desde o início da Terceira
Fase da UEM, com a integração bem sucedida dos mercados monetários
nacionais, que passaram a formar um mercado monetário da área do euro eficaz.

Para orientar as taxas de juro de cur to prazo, o Eurosistema tem ao seu dispor
um conjunto de instrumentos de política monetária, designadamente as
operações de mercado aber to, as facilidades permanentes e as reservas
mínimas obrigatórias.

21
POLÍTICA MONETÁRIA

As operações de mercado aber to podem dividir-se em:

• operações principais de refinanciamento , as quais são operações de


cedência de liquidez com uma frequência e um prazo de uma semana;
• operações de refinanciamento de prazo alargado, que são também operações
de cedência de liquidez, mas com uma frequência mensal e um prazo de três
meses;
• operações ocasionais de regularização, que podem ser realizadas numa base
ad hoc para gerir a situação de liquidez no mercado e controlar as taxas de
juro e cujo objectivo é, em par ticular, neutralizar os efeitos nas taxas de juro
de desequilíbrios inesperados de liquidez; e
• operações estruturais, que o Eurosistema pode realizar através de operações
reversíveis, de transacções definitivas e da emissão de cer tificados de dívida.

Facilidades permanentes O Eurosistema oferece igualmente duas facilidades permanentes, que delimitam
as taxas de juro do mercado overnight fornecendo e absorvendo liquidez:

• a facilidade permanente de cedência de liquidez, que permite às instituições


de crédito obterem dos BCN fundos pelo prazo overnight contra activos
elegíveis; e
• a facilidade permanente de depósito, que pode ser utilizada pelas instituições
de crédito para constituírem depósitos pelo prazo overnight junto dos BCN
do Eurosistema.

Reservas mínimas obrigatórias Por último, o Eurosistema exige que as instituições de crédito mantenham
reservas mínimas em contas aber tas nos BCN. Todas as instituições de crédito
devem manter uma cer ta percentagem dos depósitos dos seus clientes (bem
como de outras responsabilidades) numa conta junto do BCN relevante, ao longo
de um período de manutenção de reservas de cerca de um mês. O Eurosistema
paga uma taxa de juro de curto prazo sobre essas contas. A finalidade do regime
de reservas mínimas é estabilizar as taxas de juro do mercado monetário e criar
(ou aumentar a) escassez de liquidez estrutural no sistema bancário.

ver Glossário

22
3.4 Uma comunicação externa eficaz é uma par te essencial da missão de um
COMUNICAÇÃO

banco central. A comunicação contribui para a eficácia e a credibilidade da política


monetária. Para aumentar o entendimento do público relativamente à política
monetária e a outras actividades do banco central, o BCE deve ser aber to e
transparente. Este é o princípio orientador básico da comunicação externa do
Eurosistema, a qual envolve uma cooperação muito estreita entre o BCE e os
3.
BCN.

Para que a sua comunicação seja eficaz, o BCE e os BCN recorrem a diferentes
meios. Os mais impor tantes são:

• a realização de conferências de imprensa regulares, todos os meses a seguir


à primeira reunião do Conselho do BCE;
• a publicação de um boletim mensal com uma descrição pormenorizada da
evolução económica na área do euro e com ar tigos dedicados a assuntos
relevantes para a actividade do BCE;
• a comparência do Presidente do BCE e de qualquer outro membro da
Comissão Executiva junto do Parlamento Europeu para audiências
públicas;
• a realização de discursos e entrevistas por membros dos órgãos de decisão
do BCE;
• a divulgação de comunicados de imprensa que explicam as decisões e opiniões
do Conselho do BCE;
• a disponibilização, pelo BCE e pelos BCN, de sítios na Internet, que permitem
o acesso a todo o material publicado, incluindo um conjunto muito extenso
de dados estatísticos; e
• a publicação de documentos de trabalho e de documentos ocasionais.

23
POLÍTICA MONETÁRIA

3.5 O BCE compila e publica estatísticas financeiras e monetárias em estreita


E S TAT Í S T I C A S M O N E T Á R I A S E F I N A N C E I R A S

cooperação com os BCN. Esta informação estatística apoia a política monetária


da área do euro e a tomada de decisões do BCE.

O BCE compila os agregados Os BCN (e, em alguns casos, outras autoridades nacionais) recolhem dados das
da área do euro instituições financeiras e de outras fontes nos respectivos países e calculam
agregados ao nível nacional, que posteriormente enviam para o BCE. Este, por
sua vez, compila os agregados para a área do euro.

O quadro jurídico para a elaboração, recolha, compilação e divulgação de


estatísticas pelo BCE é definido nos Estatutos do SEBC. Ao assegurar o cum-
primento dos requisitos estatísticos, o BCE procura minimizar o esforço que
a prestação de informação estatística implica para as instituições financeiras
e para outros agentes inquiridos.

ver Glossário

24
A nível europeu, a responsabilidade pelas estatísticas é par tilhada entre o BCE
e a Comissão Europeia (através do Eurostat, o serviço de estatística das
Comunidades Europeias). O BCE é o principal responsável, ou par tilha a
responsabilidade, pelas estatísticas monetárias, de instituições financeiras e de
mercados financeiros, pelas estatísticas externas (incluindo as de balança de
pagamentos) e pelas contas financeiras da área do euro, bem como pelo
desenvolvimento de contas não financeiras trimestrais para os sectores
3.
institucionais (famílias, empresas e administrações públicas). A responsabilidade
pela infra-estrutura estatística (incluindo o ajustamento sazonal, a concepção
de um quadro de qualidade e as normas de transmissão de dados) a nível
europeu é também par tilhada pelas duas instituições. Sempre que possível,
as estatísticas do SEBC seguem as normas internacionais.

25
O SISTEMA TARGET2

4.
O S I S T E M A TA R G E T 2
Liquidação por bruto em O TARGET2 (do inglês Trans-European Automated Real-time Gross
tempo real em euros settlement Express Transfer / Sistema de Transferências Automáticas
Transeuropeias de Liquidações pelos Valores Brutos em Tempo Real)
substituiu a primeira geração do sistema TARGET, em funcionamento desde
Janeiro de 1999, a data de lançamento do euro.

Tal como o seu antecessor, o TARGET2 é utilizado para a liquidação de operações


dos bancos centrais, para transferências interbancárias de grandes montantes em
euros, bem como para outros pagamentos em euros. Proporciona um
processamento em tempo real e liquidação em moeda do banco central com
carácter imediato e definitivo. Todavia, ao contrário do seu antecessor, em que
todos os pagamentos eram processados de forma descentralizada pelos bancos
centrais nacionais, o novo sistema utiliza uma plataforma única par tilhada e não
requer a intervenção dos bancos centrais. Esta plataforma possibilita a prestação
de um serviço aperfeiçoado e harmonizado e, mediante economias de escala,
permite a redução dos encargos bancários e uma melhor relação custo-benefício.
Não existe um valor máximo ou mínimo para os pagamentos realizados através
do TARGET2.

ver Glossário

26
4.
1
O percurso da União
Económica e Monetária

2
Estrutura e atribuições

3
Política monetária

4
O sistema TARGET2

5
As notas e moedas
de euro

6
Supervisão bancária

A utilização do TARGET2 para o processamento de todos os pagamentos de


grandes montantes, em par ticular os relacionados com as operações
interbancárias, garante aos par ticipantes no mercado um serviço de elevada
qualidade e representa um contributo substancial para a redução do risco
sistémico no conjunto da União Europeia, ou seja, o risco de “contágio” de outras
áreas em vir tude do elevado número e valor das operações interbancárias.

Outro desenvolvimento neste contexto foi o lançamento da SEPA (do inglês


Single Euro Payments Area / Área Única de Pagamentos em Euros) em 2008, a
qual permite que todos os pagamentos escriturais em euros sejam tratados como
pagamentos domésticos, eliminando, assim, a actual diferenciação entre
transacções nacionais e transfronteiras. O TARGET2 e a SEPA transformarão o
mercado de pagamentos da área do euro, tornando-o mais dinâmico e eficiente
em termos de custos.

27
AS NOTAS E MOEDAS DE EURO

5.1 As notas de euro entraram em circulação em 1 de Janeiro de 2002.


N OTA S

Existem sete denominações: €5, €10, €20, €50, €100, €200 e €500. Quanto maior
a denominação da nota, maior a sua dimensão.

São também sete os estilos arquitectónicos da história cultural da Europa


representados nas notas: o Clássico, o Românico, o Gótico, o Renascentista, o
Barroco e o Rococó, a época da arquitectura em ferro e vidro e a arquitectura
moderna do século XX. São destacados três elementos arquitectónicos principais:
janelas, pór ticos e pontes. Nenhum dos desenhos reproduz edifícios ou
monumentos reais.

As janelas e os pór ticos na frente das notas simbolizam o espírito de aber tura
e cooperação na Europa. A ponte, no verso, funciona como uma metáfora da
comunicação entre os povos da Europa e entre a Europa e o resto do mundo.

Foram incorporados diversos elementos de segurança nos desenhos das notas,


tais como a marca de água, o holograma, o filete de segurança e o número que
muda de cor, para as proteger de contrafacções e para que as pessoas possam
reconhecer facilmente as notas verdadeiras. Foram também introduzidas
características especiais, como a impressão em relevo e os algarismos grandes,
para ajudar as pessoas cegas e amblíopes.

Medidas de controlo da qualidade rigorosas garantem que todas as notas sejam


idênticas em qualidade e aspecto. As notas não exibem motivos nacionais.

Encontra-se em preparação uma nova série de notas de euro. Incorporará novos


elementos de segurança mas, a outros níveis, representa uma continuação da
série actual: as notas de euro terão as mesmas denominações – de €5 a €500
– e seguirão os desenhos actuais, o que as tornará imediatamente reconhecíveis
como notas de euro.

ver Glossário

28
5.
1
O percurso da União
Económica e Monetária

2
Estrutura e atribuições

3
Política monetária

4
O sistema TARGET2

5
As notas e moedas 5.1 Notas
de euro 5.2 Moedas

6
Supervisão bancária

5.2
M O E DA S
Um euro divide-se em 100 cêntimos ou cent. Existem oito moedas de
euro: 1, 2, 5, 10, 20 e 50 cent, €1 e €2, cada uma delas com uma face europeia
e uma face nacional. Como é óbvio, todas as moedas de euro podem ser
utilizadas em qualquer país da área do euro, independentemente da sua face
nacional.

As oito moedas de euro diferenciam-se pela dimensão, peso, composição, cor


e espessura. Foram introduzidas características inovadoras adicionais para permitir
aos utilizadores, em especial às pessoas cegas e amblíopes, reconhecerem os
diversos valores faciais. Por exemplo, as moedas consecutivas na série têm bordos
diferentes. Um rigoroso sistema de controlo da qualidade assegura que todas
as moedas de euro possam ser utilizadas indiscriminadamente em toda a área
do euro e que satisfaçam os critérios necessários para a respectiva utilização
nas máquinas de venda automática.

Houve um cuidado especial na produção das moedas de maior valor (€1 e €2)
para as proteger de contrafacções. Os sofisticados desenhos a duas cores de
ambas as denominações, assim como a inscrição no bordo da moeda de €2,
tornam difícil a sua contrafacção.

29
SUPERVISÃO BANCÁRIA

6.
S U P E RV I S Ã O B A N C Á R I A
A responsabilidade directa pela supervisão bancária e pela estabilidade
financeira continua a ser das autoridades competentes em cada Estado-Membro
da União Europeia. No entanto, o Tratado atribui ao SEBC a função de
“contribuir para a boa condução das políticas desenvolvidas pelas autoridades
competentes no que se refere à supervisão prudencial das instituições de
crédito e à estabilidade do sistema financeiro”.

Esta atribuição é exercida de três maneiras.

Acompanhamento da Primeiro, o SEBC acompanha e avalia a estabilidade financeira ao nível da área


estabilidade financeira do euro e da União Europeia. Esta actividade complementa e apoia as actividades
correspondentes a nível nacional, levadas a cabo pelos BCN e pelas autoridades
de supervisão com vista a manter a estabilidade financeira nos respectivos países.

ver Glossário

30
6.
1
O percurso da União
Económica e Monetária

2
Estrutura e atribuições

3
Política monetária

4
O sistema TARGET2

5
As notas e moedas
de euro

6
Supervisão bancária

Segundo, o SEBC fornece pareceres sobre a definição de requisitos em matéria


de regulamentação e supervisão das instituições financeiras. A maioria destes
pareceres é dada através da par ticipação do BCE nos organismos internacionais
e europeus de regulamentação e supervisão relevantes, tais como o Comité de
Supervisão Bancária de Basileia, o Comité Bancário Europeu e o Comité das
Autoridades Europeias de Supervisão Bancária.

Terceiro, o BCE promove a cooperação entre os BCN e as autoridades de


supervisão em assuntos de interesse comum (por exemplo, a superintendência
dos sistemas de pagamentos ou a gestão de crises financeiras).

Estas actividades são desenvolvidas com a assistência do Comité de Supervisão


Bancária (um dos comités do SEBC referidos na secção 2.7), que é constituído
por especialistas dos BCN e das autoridades de supervisão da União Europeia.

31
GLOSSÁRIO
Activo remunerado: um activo financeiro que o então director-geral do Banco de Pagamentos Conselho Geral do BCE: um dos órgãos de
confere ao seu titular o direito de receber paga- Internacionais; Niels Thygesen, professor de decisão do BCE. É composto pelo Presidente e
mentos em juros do devedor que o emitiu. Economia, da Dinamarca; e Miguel Boyer, o então pelo Vice-Presidente do BCE e pelos governa-
presidente do Banco Exterior de España. dores dos bancos centrais nacionais de todos os
Banco central: uma instituição que, por lei, tem O Relatório Delors propunha que a UEM fosse Estados-Membros da União Europeia.
a responsabilidade de conduzir a política mone- alcançada em três fases.
tária de uma área específica. Critérios de convergência: os quatro critérios
Comunidade Económica Europeia (CEE): criada que os Estados-Membros da União Europeia
Banco Central Europeu (BCE): criado em 1 de em 1957 pelo Tratado de Roma, constituiu um devem cumprir antes de adoptarem o euro, de-
Junho de 1998 e com sede em Frankfur t am passo no sentido da integração económica, ao signadamente, um nível de preços estável, finanças
Main, o BCE, juntamente com os bancos centrais proporcionar a livre circulação de pessoas, públicas sólidas (um nível limitado de défice e de
nacionais da área do euro, define e implementa mercadorias, capital e serviços entre os Estados- dívida pública face ao PIB), uma taxa de câmbio
a política monetária dos países que adoptaram o -Membros. estável e taxas de juro de longo prazo baixas e
euro. estáveis.
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
Base monetária: por vezes também designada (CECA): uma das Comunidades Europeias. Critérios de Copenhaga (critérios de adesão): as
“stock de moeda primária” ou “moeda primária”, A CECA foi criada em 1951 em Paris e esta- condições que os países que pretendam aderir à
consiste nas notas e moedas fora dos cofres dos beleceu um mercado comum para o carvão e União Europeia devem preencher, nomeadamente,
bancos centrais e nos depósitos das instituições o aço entre os seis Estados-Membros fundadores o cumprimento de critérios políticos (instituições
de crédito junto dos bancos centrais. (a Alemanha, a Bélgica, a França, a Itália, o Luxem- estáveis que garantam a democracia, o Estado de
burgo e os Países Baixos). Direito, os direitos humanos, o respeito pelas
minorias) e de critérios económicos (uma economia
Comissão Europeia: uma das cinco instituições de mercado viável), e a adopção do acervo
europeias. Foi criada em 1967 para servir as três Conselho da União Europeia (Conselho da UE):
uma das instituições da Comunidade Europeia. comunitário (a base comum de direitos e obrigações
Comunidades Europeias. Elabora propostas de que vinculam todos os Estados-Membros a título da
legislação europeia, que apresenta ao Parlamento É composto por representantes dos governos
dos Estados-Membros, geralmente os ministros União Europeia). Estes critérios foram definidos no
Europeu e ao Conselho da UE. A Comissão asse- Conselho Europeu de Copenhaga, em Junho de
gura a devida implementação das decisões comu- responsáveis pelos assuntos em consideração
(sendo por esse motivo, muitas vezes, referido 1993, e confirmados no Conselho Europeu de
nitárias e supervisiona a forma como os fundos Madrid, em Dezembro de 1995.
da União Europeia são dispendidos. Acompanha como “Conselho de Ministros”). O Conselho da
igualmente o cumprimento dos tratados e legis- UE, quando composto pelos ministros das
lação comunitários. Como guardiã dos tratados, Finanças e da Economia, é normalmente Deflação: processo em que o nível geral de
assegura, juntamente com o Tribunal de Justiça designado por “Conselho ECOFIN”. Além disso, preços desce de forma contínua durante um
das Comunidades Europeias, que a legislação para decisões de especial impor tância, o período prolongado.
aplicável a todos os Estados-Membros seja Conselho da UE reúne-se a nível de Chefes
devidamente implementada. Actualmente, a de Estado ou de Governo. Nesta composição, Derrogação: estatuto aplicável a nove Estados-
Comissão é constituída por um presidente e não deve ser confundido com o Conselho -Membros (a Suécia e oito dos novos Estados-
26 comissários. Os seus depar tamentos são Europeu, que também reúne a nível de Chefes -Membros). De acordo com o ar tigo 122.º do
designados “direcções-gerais” e são responsáveis de Estado ou de Governo, mas cuja finalidade Tratado que institui a Comunidade Europeia,
pela implementação de políticas comuns e pela é dar à União Europeia o impulso necessário os Estados-Membros que beneficiam de uma
administração geral de uma área específica. ao seu desenvolvimento e definir as orientações derrogação são aqueles que se comprometeram
Representa os interesses gerais da União Europeia de política gerais. a adoptar o euro, mas ainda não o fizeram. De
e é independente dos Estados-Membros. O seu momento, estes países estão isentos dos direitos
mandato é de cinco anos, mas pode ser dissolvida Conselho do BCE: o órgão de decisão supremo e obrigações decorrentes da introdução do euro
pelo Parlamento Europeu. do BCE. É composto pelos seis membros da como moeda única. O caso da Dinamarca e do
Comissão Executiva do BCE e pelos governadores Reino Unido é diferente: ambos beneficiam de
Comissão Executiva do BCE: um dos órgãos de dos bancos centrais nacionais dos Estados- uma isenção de par ticipação na Terceira Fase da
decisão do BCE. É composta pelo Presidente e -Membros da União Europeia que adoptaram UEM.
pelo Vice-Presidente do BCE e por mais quatro o euro.
membros, nomeados de comum acordo pelos Estabilidade de preços: o objectivo primordial do
Chefes de Estado ou de Governo dos países que Conselho ECOFIN: ver Conselho da União Eurosistema. O Conselho do BCE definiu a esta-
adoptaram o euro. Europeia. bilidade de preços como sendo um aumento
anual, em termos homólogos, dos preços no con-
Comité Delors: comité ao qual, em Junho de Conselho Europeu: proporciona à União Euro- sumidor (medidos pelo IHPC) da área do euro
1998, o Conselho Europeu atribuiu o mandato de peia o incentivo necessário para o seu desenvolvi- inferior a 2%. Na prossecução da estabilidade de
estudar e propor um plano concreto para levar mento e define as respectivas orientações de preços, o Conselho do BCE visa manter as taxas
a efeito a União Económica e Monetária (UEM). política gerais. Reúne os Chefes de Estado ou de de inflação em níveis inferiores mas próximos de
Presidido pelo então Presidente da Comissão Governo dos Estados-Membros e o Presidente da 2% no médio prazo.
Europeia, Jacques Delors, o comité era composto Comissão Europeia (ver também Conselho da
pelos governadores dos bancos centrais nacionais União Europeia). Eurogrupo: grupo informal que reúne os ministros
da Comunidade Europeia; Alexandre Lamfalussy, da Economia e das Finanças dos países da área do

32
euro e no âmbito do qual são discutidas questões cepção de fundos de um montante não inferior representam a maior percentagem do mercado
relacionadas com as responsabilidades partilhadas ao valor monetário emitido; e (c) aceite como obrigacionista.
por todos os países da área do euro no que diz meio de pagamento por empresas que não a
respeito à moeda única. A Comissão Europeia e emitente. Os bancos e as caixas económicas são Operações cambiais: a compra ou venda de divisas.
o BCE são convidados a par ticipar nas reuniões. os tipos mais comuns de instituições de crédito. No contexto do Eurosistema, significa a compra ou
Por norma, o Eurogrupo reúne-se imediatamente a venda de outras moedas face ao euro.
antes da reunião do Conselho ECOFIN. Instituto Monetário Europeu (IME): o organismo
europeu responsável pela preparação da fase final Operações principais de refinanciamento:
Eurosistema: é composto pelo BCE e pelos da União Económica e Monetária. Foi criado em operações de mercado aber to regulares,
bancos centrais nacionais dos países da área do 1 de Janeiro de 1994 e substituído pelo BCE em executadas pelo Eurosistema para proporcionar
euro. Define e implementa a política monetária da 1 de Junho de 1998. ao sistema bancário o montante apropriado
área do euro. de liquidez. São realizadas sob a forma de leilões
Mecanismo de Taxas de Câmbio II (MTC II): semanais nos quais os bancos podem apresentar
Facilidade permanente: facilidade do banco o quadro de cooperação, em termos de política as suas propostas para a aquisição de liquidez.
central à qual as contrapar tes têm acesso por de taxa de câmbio, entre os países da área do
sua própria iniciativa. O Eurosistema disponibiliza euro e os Estados-Membros fora dela. A par ti- Paridades do poder de compra (PPC): taxas de
duas facilidades permanentes, a facilidade cipação no mecanismo é voluntária. No entanto, conversão que equiparam o poder de compra de
permanente de cedência de liquidez e a facilidade espera-se que os Estados-Membros que diferentes moedas eliminando as diferenças nos
permanente de depósito. beneficiam de uma derrogação par ticipem no níveis de preços entre os países. Na sua forma
mecanismo, estabelecendo desse modo uma mais simples, mostram a relação entre os preços
Facilidade permanente de depósito: uma paridade central para a sua moeda face ao euro nas moedas nacionais de um mesmo bem ou
facilidade permanente do Eurosistema que as e uma banda de flutuação em torno dessa serviço em diferentes países.
contrapar tes podem utilizar para efectuar paridade central. A margem de flutuação normal
depósitos à ordem num banco central nacional é ± 15%. No caso dos países não par ticipantes
Parlamento Europeu: instituição europeia com-
pelo prazo overnight, remunerados a uma taxa de na área do euro que tenham atingido um nível
posta por 785 representantes, directamente elei-
juro fixada antecipadamente. muito elevado de convergência com a área do
tos, dos cidadãos dos Estados-Membros da União
euro, pode ser acordada uma banda de flutuação
Europeia. Dispõe principalmente de poderes
mais estreita a pedido do Estado-Membro em
Facilidade permanente de cedência de liquidez: consultivos, mas também par tilha com o Con-
questão.
uma facilidade permanente do Eurosistema que selho da UE poderes orçamentais na aprovação
as contrapar tes podem utilizar para receber do orçamento anual. A sua associação com o
crédito pelo prazo overnight de um banco central Mecanismo de transmissão: processo através do Conselho da UE estende-se igualmente à
nacional a uma taxa de juro fixada qual as variações nas taxas de juro influenciam, elaboração de legislação comunitária e ao con-
antecipadamente contra activos elegíveis. por vários canais, o compor tamento dos agentes trolo da Comissão Europeia.
económicos, a actividade económica e, em última
Índice Harmonizado de Preços no Consumidor instância, o nível geral de preços. Produto interno bruto (PIB): uma das medidas
(IHPC): a medida dos preços utilizada pelo da actividade económica. Representa o valor de
Conselho do BCE para avaliar a estabilidade de Mercado de títulos (mercado bolsista): o mer- todos os bens e serviços produzidos por uma
preços na área do euro. É calculado e publicado cado de acções das empresas cotadas em bolsa. economia ao longo de determinado período.
pelo Eurostat, o serviço de estatística das As acções são normalmente consideradas
Comunidades Europeias. investimentos mais arriscados do que as obri- Reservas mínimas: a obrigação por par te das
gações, visto os seus titulares terem o direito a instituições de crédito de manterem um depósito
Inflação: um aumento persistente do nível geral receberem dividendos das empresas emitentes, ao junto do banco central. As reservas mínimas de
de preços, que conduz a uma descida persistente passo que os titulares de obrigações têm o direito cada instituição de crédito são calculadas como
do poder de compra da moeda. É normalmente a receberem juros independentemente dos lucros uma percentagem da moeda depositada pelos
expressa em termos de uma taxa média de obtidos pelas empresas. seus clientes (não bancários).
variação anual de um índice de preços, como, por Mercado monetário interbancário: o mercado de
exemplo, o IHPC. empréstimos de cur to prazo entre bancos.
SEPA (do inglês Single Euro Payments Area / Área
O termo descreve, normalmente, a comercia-
Única de Pagamentos em Euros): espaço
lização de fundos com um prazo de maturidade
Instituição de crédito: nos termos da Directiva europeu que permite a par ticulares, empresas e
entre um dia (overnight ou menos de um dia)
2000/12/CE, trata-se de (i) uma empresa cuja outras entidades efectuar e receber pagamentos
actividade principal consiste em receber do e um ano. escriturais em euros, tanto a nível nacional como
público depósitos ou outros fundos reembolsáveis transfronteiras, mediante as mesmas condições,
e em conceder crédito por sua própria conta; ou Mercado obrigacionista: mercado no qual são direitos e obrigações básicas, independentemente
(ii) uma empresa ou qualquer outra pessoa transaccionadas as obrigações emitidas pelas da sua localização. A SEPA funciona como um
colectiva, que não as incluídas em (i), que emita empresas e pelas administrações públicas, com mercado único de pagamentos domésticos e
meios de pagamento sob a forma de moeda vista a obterem capital para os seus investimentos. permite aos clientes efectuar pagamentos de um
electrónica. Por “moeda electrónica”, entende-se: As obrigações são títulos que vencem juros a uma modo tão fácil e económico como no seu próprio
um valor monetário, representado por um crédito taxa de juro fixa ou variável e com um prazo de país. Esta iniciativa é gerida pelo EPC (European
sobre o emitente, e que seja: (a) armazenado num maturidade de pelo menos um ano (a par tir da Payments Council / Conselho de Pagamentos
supor te electrónico; (b) emitido contra a re- data de emissão). As obrigações a taxa fixa Europeu), que foi criado em 2002 e é o órgão de

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GLOSSÁRIO
decisão e coordenação do sector bancário assinado a 7 de Fevereiro de 1992 e entrou em fase (a par tir de 1 de Janeiro de 1999) começou
europeu no domínio dos pagamentos. vigor a 1 de Novembro de 1993. O Tratado da com a fixação irrevogável das taxas de câmbio, a
União Europeia introduziu alterações ao Tratado transferência da responsabilidade pela política
Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC): que institui a Comunidade Europeia e deu origem monetária para o BCE e a introdução do euro
é constituído pelo BCE e pelos bancos centrais à União Europeia. como a moeda única.
nacionais de todos os Estados-Membros da União
Europeia. Tratado de Amesterdão: tratado assinado em
Amesterdão a 2 de Outubro de 1997, entrando
Sistema Monetário Europeu (SME): regime que em vigor a 1 de Maio de 1999. Juntamente com
esteve em funcionamento entre 1979 e 1999; o Tratado de Nice, assinado a 26 de Fevereiro de
antes da introdução do euro, várias moedas dos 2001 e em vigor desde 1 de Fevereiro de 2003,
Estados-Membros da União Europeia estavam introduziu alterações quer ao Tratado que institui
ligadas entre si no SME. Eram três as suas a Comunidade Europeia, quer ao Tratado da
componentes básicas: o ECU, que era o cabaz de União Europeia.
moedas dos Estados-Membros; o mecanismo de
taxas de câmbio e de intervenção, que atribuía a Tratado de Lisboa: tratado assinado em 13 de
cada moeda uma taxa de câmbio central ligada ao Dezembro de 2007, só entrará em vigor após ter
ECU (taxa de câmbio bilateral); e os mecanismos sido ratificado por todos os Estados-Membros.
de crédito, que permitiam aos bancos centrais Introduz alterações ao Tratado que institui a
intervir se as taxas de câmbio bilaterais exce- Comunidade Europeia e ao Tratado da União
dessem um determinado limite. Em 1 de Janeiro Europeia, que continuam a ser a base para o
de 1999, o SME foi substituído pelo Mecanismo funcionamento da União Europeia. O Tratado de
de Taxas de Câmbio II. Lisboa simplifica a estrutura da União Europeia,
que consiste actualmente em três “pilares”: a
TARGET2 (do inglês Trans-European Automated Comunidade, a política externa e de segurança
Real-time Gross settlement Express Transfer / comum, e a cooperação no domínio da justiça e
Sistema de Transferências Automáticas assuntos internos. No novo Tratado, os pilares
Transeuropeias de Liquidações pelos Valores deixam de existir e a Comunidade é substituída
Brutos em Tempo Real): sistema utilizado para pela União, que passará a ter personalidade
a liquidação de operações dos bancos jurídica. O Tratado que estabelece a Comunidade
centrais, para transferências interbancárias de Europeia assumirá a designação de “Tratado sobre
grandes montantes em euros, bem como para o Funcionamento da União Europeia”.
outros pagamentos em euros. O TARGET2
proporciona liquidação em moeda do banco Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias
central com carácter imediato e definitivo. (TJCE): instituição que assegura o respeito da
É disponibilizado para todas as transacções em lei na interpretação e aplicação dos tratados e
euros entre e dentro dos países da área da legislação adoptada pelas instituições
do euro e de vários outros Estados-Membros europeias.
da União Europeia. O TARGET2 substituiu a
primeira geração do sistema TARGET, em União Económica e Monetária (UEM): processo
funcionamento desde Janeiro de 1999, a data através do qual os Estados-Membros da União
de lançamento do euro. Europeia procedem à harmonização das suas
políticas económicas e monetárias e à adopção da
Taxa mínima de proposta: a taxa mínima moeda única. O Tratado de Maastricht estabe-
de proposta das operações principais de leceu que a UEM seria alcançada em três fases.
refinanciamento. É especificada pelo Conselho Na primeira fase (1 de Julho de 1990 a 31 de De-
do BCE, normalmente na sua primeira reunião zembro de 1993), os Estados-Membros proce-
do mês. deram à liberalização dos movimentos de capitais
nos seus territórios, tendo passado a haver uma
Tratado: refere-se ao Tratado que institui a Co- coordenação mais estreita das políticas
munidade Europeia. O Tratado inicial foi assina- económicas e uma maior cooperação entre os
do em Roma a 25 de Março de 1957 e entrou bancos centrais. A segunda fase (1 de Janeiro
em vigor a 1 de Janeiro de 1958. Instituiu a 1994 a 31 de Dezembro de 1998), que teve início
Comunidade Económica Europeia (CEE), que com a criação do Instituto Monetário Europeu, foi
é actualmente a Comunidade Europeia (CE), dedicada aos preparativos técnicos para a
sendo geralmente referido como “Tratado de introdução da moeda única, à prevenção de
Roma”. défices excessivos e ao reforço da convergência
das políticas económicas e monetárias dos
Estados-Membros (para assegurar a estabilidade
Tratado da União Europeia: frequentemente de preços e finanças públicas sólidas). A terceira
referido como “Tratado de Maastricht”, foi

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