Resenha - Capital Cultural, Classe e Gênero em Bourdieu

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO CURSO DE


LICENCIATURA PLENA EM LÍNGUA INGLESA
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
PROFª DRª RACHEL ABREU

RESENHA:

“CAPITAL CULTURAL, CLASSE E GÊNERO EM BOURDIEU”

BELÉM-PA
DEZEMBRO - 2023
Fabrício Casseb

Leony Guedes

Marcelo Henrique

RESENHA:

“CAPITAL CULTURAL, CLASSE E GÊNERO EM BOURDIEU”

Trabalho referente à disciplina de Sociologia da


Educação, ministrada pela Profª. Drª. Rachel Abreu na
turma de Letras - Língua Inglesa 2023 do Centro de
Ciências Sociais e Educação, campus I.

BELÉM-PA
DEZEMBRO-2023
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1 – PIERRE BOURDIEU E OS ASPECTOS GERAIS DE SUA TEORIA

Pierre Bourdieu foi um renomado sociólogo e teórico francês, que desenvolveu diversos
trabalhos nos campos da antropologia e sociologia, contribuindo na discussão das mais variadas
áreas do conhecimento humano como: cultura, educação, arte, literatura, política, etc. Bourdieu
nasceu em agosto de 1930, na França, teve uma educação eclética e estudou filosofia,
antropologia e sociologia. Ele é conhecido principalmente por sua Teoria da Prática Social, e
dedicou sua carreira a analisar como o poder, o conhecimento e a cultura estão interconectados
e afetam a reprodução das desigualdades sociais. Suas obras contribuíram significativamente
para a formação do pensamento sociológico do Século XX e continuam sendo fundamentais,
tanto na Sociologia Contemporânea, quanto em estudos culturais.

Na perspectiva de Bourdieu, sob as lentes da Teoria da Prática Social, o mundo social


deve ser visto à luz de três conceitos fundamentais: o campo, o capital e o habitus. O campo é
um espaço social específico, onde atores sociais – individuais ou coletivos – disputam por
recursos. Um campo pode ser qualquer domínio da atividade social (acadêmico, artístico,
político, etc...) e possuem uma série de regras e hierarquias próprias, governando o
comportamento de seus participantes, que podem possuir diferentes formas de capital
valorizadas diferentemente em cada campo; cada domínio. O capital, por sua vez, é um conceito
dividido em diversas categorias para analisar diferentes formas de recursos que influenciam as
posições sociais. O capital econômico refere-se a bens materiais e recursos financeiros,
enquanto o capital social abrange as redes sociais e conexões feitas. Já o capital cultural inclui
tanto conhecimento quanto expressões culturais. Este último se divide em cultural incorporado,
relacionado à socialização primária, e cultural institucionalizado, representado por credenciais
formais e educação institucional – amplamente valorizado na sociedade e ligado à cultura
dominante. Finalmente, o habitus se trata da disposição durável que influencia o
comportamento, as escolhas e as percepções de um indivíduo – constituindo elementos
internalizados ao longo da vida, através da socialização e experiências.

Todos estes conceitos, embora possam ser vistos como entidades isoladas, estão
interligados e revelam o funcionamento da sociedade e como estes elementos atuam – tanto
isoladamente quanto em conjunto – na perpetuação das desigualdades sociais e moldando como
agimos ou pensamos, até mesmo inconscientemente, mantendo a continuidade dessa estrutura.
Por exemplo: a disputa por diferentes capitais, em si, já determina a posição do indivíduo nos
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diferentes estratos sociais; alguém que já possua altas quantidades de capital econômico,
automaticamente se encontra em vantagem no acesso de bens que afetam a qualidade de vida;
e assim vai.

2.1 – O CAPITAL CULTURAL DE BOURDIEU

Dentro do contexto da sociedade contemporânea, o papel da cultura ganha relevância


notável, especialmente quando analisado a partir das obras de Pierre Bourdieu, cujo ofereceu
uma perspectiva essencial sobre como a cultura não apenas reflete, mas também perpetua e
legitima as desigualdades sociais. Bourdieu propôs a teoria dos campos sociais, nos quais
agentes sociais interagem em busca de recursos e poder. Ele explorou como a cultura está
intrinsecamente ligada a esses campos, sendo uma forma de capital simbólico que pode ser
convertida em vantagens sociais, ou seja, impulsionando dinâmicas sociais, econômicas e,
principalmente, políticas.

Na visão de Bourdieu, o capital simbólico é constituído por recursos não materiais,


como conhecimento, prestígio, reconhecimento e habilidades culturais. E por ser altamente
valorizado, esse capital é usado como uma moeda que confere acesso a espaços privilegiados e
influência social. A cultura, por sua vez, é moldada por aqueles que detêm poder e influência,
é empregada como uma ferramenta sutil, mas poderosa, na construção de identidades coletivas,
na definição de normas e valores, e na legitimação das estruturas de poder existentes.
Determinados gostos culturais, práticas artísticas, linguagem específica e formas de expressão
são promovidos e valorizados pelas elites, enquanto outras formas são marginalizadas, criando
assim distinções e hierarquias sociais.

No contexto contemporâneo, a cultura desempenha um papel vital na diferenciação


social e na manutenção das hierarquias. Pierre argumentava que o gosto cultural não era apenas
uma preferência pessoal, mas um marcador de posição social. Certos tipos de cultura são
valorizados e perpetuados pelas elites, enquanto outros são marginalizados, criando divisões e
limitando o acesso a recursos simbólicos e, consequentemente, a oportunidades sociais.

Além disso, Pierre examinou como as instituições culturais, como escolas e meios de
comunicação, operam como agentes de reprodução cultural, transmitindo valores, ideologias e
padrões de comportamento que sustentam as estruturas de poder estabelecidas. Elas contribuem
para a consolidação de padrões culturais dominantes, reforçando as divisões sociais e
garantindo a exclusividade de certos grupos na posse desse capital.
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Sob essa análise, percebemos que a cultura não é apenas uma expressão artística ou
forma de entretenimento, mas um campo complexo que influencia profundamente as relações
sociais, a estratificação e a reprodução das desigualdades na sociedade contemporânea. É um
instrumento-chave na construção e manutenção das hierarquias sociais, destacando a
importância de se analisar criticamente a cultura para compreender as dinâmicas sociais e
buscar formas de reduzir as disparidades existentes.

2.2 – REFLEXÃO SOBRE A QUESTÃO DO GÊNERO

O fator gênero e a influência étnica na sociedade abrange uns dos principais conceitos
de desigualdade de acordo com Bourdieu, diferenciando as formas de progressão e sucesso
social a partir da caracterização biológica e social. O autor destaca as diversas “chances de
vida” que cada um dispõe dentro de um círculo social e como essa situação pode definir sua
posição dentro de um Capital Cultural. Diante dessa abordagem, as mulheres são as mais
afetadas dentro do fator gênero, sendo, em sua maioria, segregada socialmente diante do
machismo presente dentro do meio profissional e empregatício.

A valorização de certas profissões é outra questão a ser discutida, limitando certas


profissões de acordo com a sexualidade de cada corpo, além da “redução simbólica”, onde
socialmente não é notado certo desprezo às profissões ditas feminizadas como exemplo: babá,
empregada, manicures, moda, etc., tendo afinidade completa ao gênero feminino, sendo critério
até nas escolhas vinculadas ao mercado de trabalho.

Outro argumento massivamente colocado é o tratamento social dado à criança no seio


familiar, onde a criança do sexo feminino é exposta a uma série de acontecimentos de formação
psíquico social, com a determinação de um ser fragilizado e de uma mulher “dona de casa”,
para a manutenção de uma ordem patriarcal determinada pelos setores de regência
populacional, além de garantir a estrutura familiar tradicional. Já a criança masculina é inserida
automaticamente dentro da organização de classe, como herança de uma sociedade que
privilegia o sexo masculino, além do repasse cultural de pai para filho.

A direção social tomada com a segregação sexual dentro de nosso ambiente perdura até
nas estratégias tomadas dentro do campo educacional e profissional, com a relutante entrada
das mulheres no ensino universitário e em profissões diferentes das ditas “feminizadas”. Em
contraponto, ainda há outras formas de mascarar essa divisão de gênero presente em nossa
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jornada social como a diferença salarial em mesma função participativa em um vínculo


empregatício, o tratamento diferenciado aos meios onde a mulher se insere, etc., sendo ainda
fundamental uma mudança estrutural em nosso cotidiano.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PIES, Neri Gervasio. CAPITAL CULTURAL E EDUCAÇÃO EM BOURDIEU. Dissertação


de Mestrado em Educação. Passo Fundo, 2011.

Sebastião, J. (2009). Democratização d Ensino, Desigualdades Sociais e Trajectórias Escolares.


Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian

SILVA, Gilda Olinto do Valle. “CAPITAL CULTURAL, CLASSE E GÊNERO EM


BOURDIEU” IN INFORMARE - Caderno Programa de Pós-Graduação Cio Inf., v.l, n.2, p.24-
36, jul./dez. 1995

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