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E Book Livro Eva

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E-BOOK

C A M I L A S A R A I VA V I E I R A

Como ser produtiva,


realizada e feliz.
Livre de culpas e
compulsões.
Neste livro, você encontra conceitos e
ensinamentos que vivi e aprendi durante
meu processo de transformação para ser
a pessoa que Deus me criou para ser.

Ele representa o início de uma jornada


de autoconhecimento e crescimento
que trilharemos juntas e de mãos
dadas rumo ao extraordinário.
C A M I L A S A R A I VA V I E I R A

Como ser produtiva,


realizada e feliz.
Livre de culpas e
compulsões.
©Copyright Febracis

Revisão: Carolina Coutinho, Pedro Saraiva,


Taís Barros e Victória Rocha
Diagramação: Caio Braga
Capa: Tiago Maia
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1
AUTORRESPONSABILIDADE:
O CONCEITO BASE PARA TODA MUDANÇA.............. 09
1.1. Entendendo o conceito.................................................... 14
1.2. O comportamento autorresponsável.............................. 16
1.3. Agente da mudança.........................................................22
1.4. O papel da inteligência emocional.................................26

CAPÍTULO 2
CRIANDO CONGRUÊNCIA
COM QUEM VOCÊ NASCEU PARA SER........................35
1.1. Orgulho............................................................................35
1.2. Vitimização...................................................................... 41
1.3. Vícios emocionais............................................................44
1.4. Posicionamento............................................................... 47
1.5. Medo e coragem...............................................................63
1.6. Memórias.......................................................................... 74
CAPÍTULO 3
SAIA DO LUGAR QUE LIMITA A SUA VISÃO...............83
1.1. Desbloqueie a sua visão...................................................83
1.2. Rejeição............................................................................94
1.3. Visão positiva de futuro................................................104

CAPÍTULO 4
FERRAMENTAS PODEROSAS QUE
RESTAURAM RELACIONAMENTOS............................113
1.1. Fatores que abalam relacionamentos............................116
1.2. Experiências adversas na
infância (EAI) e sentimentos tóxicos............................ 120
1.3. Perdão............................................................................. 124
1.4. As 5 linguagens do amor............................................... 133
1.5. Ferramentas restauradoras........................................... 137

CAPÍTULO 5
FELICIDADE É VIVER DE
ACORDO COM OS VALORES....................................... 149
1.1. Valores: quais são as cinco coisas
mais importantes da sua vida?.............................................. 150
1.2. Os benefícios da felicidade: uma visão científica........ 157
1.3. A farmácia interna como forma de
alcançar a felicidade...................................................... 159
1.4. Felicidade se conquista de segunda a sexta!................ 169
A P R E S E N TAÇÃO

Você passou por diversos dias de aprendizado comigo,


­Camila Vieira, mulher, empresária, esposa, mãe e amiga. Du-
rante a Jornada EVA, tive a oportunidade de ensinar cada pas-
so dado por mim no meu caminho para a vida plena e abun-
dante. Também pude te passar todo o aprendizado que obtive
em um longo processo de transformação através dos concei-
tos e ferramentas utilizados no Coaching Integral Sistêmico.
Até pouco tempo atrás, eu não era palestrante e, apesar de
contribuir para a transformação na vida e nos negócios das
pessoas através da Febracis, não me via agindo para essa
transformação em primeiro plano. No entanto, viver (na mi-
nha própria vida) e testemunhar (na vida das pessoas) tan-
tas vezes essa transformação, me trouxe força e vontade para
compartilhar aquilo que venho aprendendo e praticando ao
longo do processo.

7
A P R E S E N TA Ç Ã O

É sobre isso que trato neste livro: a jornada e o processo ca-


pazes de te levar a ser tudo aquilo que você deseja, capazes de
te levar além, assim como fizeram comigo e, também, com
minha recente carreira de palestrante. Mas não se engane, o
sucesso dessa jornada depende apenas de você.
Desta maneira, nas páginas a seguir, você vai ler sobre
autorresponsabilidade, valores, visão positiva de futuro e
­
tantos outros aspectos que têm se provado essenciais para a
obtenção do sucesso, seja ele pessoal ou profissional. Além
disso, também falo sobre aquilo que pode te impedir de al-
cançar os seus sonhos, mas sempre mostrando que é possível
mudar os aspectos que te limitam.
Espero, sinceramente, que a leitura deste livro seja tão pra-
zerosa, construtiva e transformadora quanto foi para mim a
escrita dele e a realização das lives das quais ele surgiu. Se
você quer e está disposta a pagar o preço para mudar de vida,
para ir além, embarca comigo nessa jornada de aprendizado
e ­autoconhecimento.

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CAPÍTULO 1

AUTORRESPONSABILIDADE:
O CONCEITO BASE PARA TODA MUDANÇA
Na vida, colhemos tudo aquilo que plantamos. As mi-
nhas e as suas atitudes nos direcionam aos frutos que iremos
colher. Cada ação, decisão e atitude que realizamos hoje defi-
nem o nosso futuro. Portanto, se você está feliz com os resul-
tados que tem colhido, tudo bem, você está no caminho certo.
Porém, se você não está satisfeita e ainda existe algo que te
traz angústia, então, você precisa mudar.
A princípio, não é fácil compreender, mas é como costumo di-
zer: não precisa ser fácil, basta ser possível. Acredite, mu-
dar é possível a qualquer momento.

9
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Reforço, ainda, que eu e você temos a vida que merecemos.


Ou seja, eu e você temos o casamento que merecemos, temos
a conta bancária que merecemos, temos os filhos que mere-
cemos, temos o emprego que merecemos, temos o carro que
merecemos, temos a felicidade que merecemos. Deve doer um
pouco ler isto, você pode até querer questionar, mas é a verda-
de: você tem a vida que merece.
Você está no centro das suas decisões. Na hora que você
compreende que as suas escolhas definem a sua vida, você
se torna protagonista da sua história e aumenta a capaci-
dade de mudar a sua realidade.
O problema é que muitas pessoas passam a vida inteira vi-
vendo aquém do extraordinário e, consequentemente, acos-
tumam-se a viver dessa forma, inundando suas mentes com
mentiras que as impedem de serem felizes.
Desde o momento em que você acorda, você está fazendo es-
colhas e tomando decisões: o que vai comer no café da manhã,
que roupa irá vestir, como irá cumprimentar seus familiares e
o que fará durante o dia. Você pode escolher mudar e, acredi-
te, irá colher os resultados.
Eu cresci com a crença de que precisava fazer muito para que
aqueles que estavam ao meu redor me elogiassem, me valo-
rizassem e me amassem. Ou seja, cresci dando o melhor de
mim em todas as áreas da minha vida. Eu também tinha a
crença de que só seria amada se fizesse tudo bem feito, e isso
me causou uma série de distorções, vícios emocionais e cren-
ças negativas sobre mim.

10
Na hora que você
com­preende que
as suas escolhas
definem a sua
vida, você se torna
protagonista da sua
história e aumenta
a capacidade
de mudar a sua
realidade.
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Funciona assim: se o meu valor está naquilo que faço e não


em quem eu sou, vou estar sempre querendo provar para
os outros que sou importante. Portanto, o correto é que mi-
nha identidade esteja em quem eu sou, pois, quando isso não
acontece, há uma distorção que provoca uma disfunção de
comportamento e uma inversão de valores. Nós procuramos
um espaço que não é nosso, queremos mandar mais, estar no
controle da situação, e isso é uma mentira, pois ninguém tem
o controle de nada.
E onde entra a autorresponsabilidade nessa história? Quando
me casei, meu marido passou a me mostrar coisas que eu não
via em mim. Inicialmente, todas as vezes que ele falava de
algo que precisava ser tratado em mim, eu contava uma “his-
torinha” ou, como eu gosto de chamar, uma mentira. “Mas se
eu não fizer, ninguém faz”, “é muito fácil reclamar depois que
eu fiz tudo sozinha”, eram típicas “historinhas” contadas por
mim para justificar meu ativismo.
Só quando você aprende a silenciá-las, você passa a entender
quem tem sido a vida inteira. Portanto, você não consegue
mudar enquanto não reconhecer as historinhas que você usa
para justificar seus comportamentos. Enquanto você não ti-
ver real consciência de quem tem sido, você não muda. Eu te
antecipo que não é fácil, mas é totalmente possível obter essa
consciência.

E é isso que as historinhas fazem:


elas nos tiram a consciência.

12
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Infelizmente, para mim, não foi fácil enxergar quem eu vinha


sendo. Eu precisei ver minha vida sendo destruída porque eu
não estava disposta a mudar, eu sempre tinha uma boa his-
torinha para me impedir. O meu ponto de partida foi refletir
sobre a minha vida, em como ficariam os meus filhos, a nossa
empresa e o nosso ministério.
E você pode se perguntar: de onde vem a historinha? Ela
surge para nos defender de uma ferida emocional. No meu
caso, minha ferida era a da crítica, ou seja, qualquer julga-
mento aos meus resultados me deixava abalada.
Diante disso, eu pergunto: o que você tem sofrido na sua
vida? O que tem te colocado em ameaça? Para mim, foi a dor,
o constrangimento e a ameaça de perder minha família. So-
mente diante disso “baixei a guarda”, controlei minha arro-
gância e pude ser transformada.
Muito do que eu vivi, e do que você vive, está ligado ao que
você ouviu, as verdades que você ouviu sobre você durante
toda a sua vida, que você era burra, inteligente, bonita, cora-
josa. Tudo isso foi transformando a forma como você olhava
para si.

Outro ponto importante sobre as feridas


emocionais: pessoas feridas ferem;
pessoas machucadas machucam. E
não tenha dúvida, ferem e machucam
as pessoas que mais amam na vida.

13
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Na hora que você se coloca como alguém que errou, que vi-
veu o processo, que precisou entender como se colocar como
autora da própria vida, você adquiriu autorresponsabilidade.

1.1. ENTENDENDO O CONCEITO


Eu já te falei sobre autorresponsabilidade, da sua importân-
cia e do que podemos conquistar com ela. Agora, eu te trago
o verdadeiro conceito que mudou a minha vida e, com cer-
teza, mudará a sua.
Nós, como seres humanos, temos a tendência em atribuir aos
outros e às circunstâncias a culpa pelos nossos próprios fra-
cassos e decepções. Se chegamos atrasadas ao trabalho, cul-
pamos o trânsito engarrafado. Se ganhamos pouco, é culpa da
empresa que paga mal.
Nesse contexto, como você deve saber, o meu esposo, Paulo
Vieira, criou o conceito da autorresponsabilidade, que está
associado à nossa capacidade de responsabilizarmos a
nós mesmos por tudo aquilo que acontece em nossas vi-
das. Aquilo que é positivo ou negativo, e também o que nos
influencia direta ou ­indiretamente.
Quero deixar claro que sobre nós existe a vontade de Deus, e
que ele é soberano. Mas em sua palavra, vemos o tempo intei-
ro as pessoas colhendo os frutos de suas escolhas, e também
da sua obediência e desobediência.
Os fatores externos às nossas vidas influenciam sim, mas não
devem definir nossos resultados. A mudança deve partir de

14
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

você, para que consiga colher bons frutos no futuro. Se


você não assume a responsabilidade por seus atos, ações e de-
cisões, oportunidades incríveis de alcançar, metas e objetivos
podem ser ­perdidos.

O conceito de autorresponsabilidade surgiu em um mo-


mento de muita adversidade na vida do meu marido. Paulo
tinha 28 anos e se via “no fundo do poço”. Suas relações
não iam bem, seu negócio tinha quebrado, e ele morava de
favor. Foi uma época difícil, mas que abriu os olhos dele
para a vida que e­ stava levando.

Ao ler a metáfora de Sísifo no livro Sem medo de vencer, do


psiquiatra Roberto Shinyashiki, Paulo se identificou com a
história do personagem que enrolava a si e a todos. Ele se es-
forçava muito e, quando estava no meio do caminho, se sabo-
tava, escorregava, e essa tinha sido a vida do Paulo por muito
tempo.

Após a leitura, Paulo entendeu que ele era, na verdade, o seu


grande inimigo. Ele contava historinhas, culpava o governo,
as pessoas, até perceber que ele mesmo era o problema que o
impedia de ir além. Compreendendo a raiz do problema, ele
passou a se responsabilizar por suas atitudes e decisões.

A partir daí, ele tomou a decisão de repetir, todos os dias,


repetir para si mesmo: “Eu sou o único responsável pela
minha vida, então quem tem que mudar sou eu”. Por isso,
a importância de entender que você é responsável pelo seu
próprio fracasso e também pelo seu sucesso. Essa responsa-
bilidade é única e ­exclusivamente sua.

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A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

1.2. O COMPORTAMENTO AUTORRESPONSÁVEL


Quando os acontecimentos não geram os resultados que es-
peramos e a vida não está como gostaríamos, existem duas
­possibilidades de comportamento: assumir a responsabilida-
de pelos nossos resultados e aprender com eles ou achar al-
guém para criticar e responsabilizar.
Pessoas autorresponsáveis são otimistas e motivadas, in-
dependente das circunstâncias que estão vivendo. Mesmo
com problemas, estão sempre preparadas para dar o melhor
de si. E
­ ssas pessoas optam diariamente por não reclamar, não
criticar, não culpar a empresa ou dirigentes por se sentirem
como se sentem. São pessoas que buscam em si a solução e vão
em busca de seus objetivos, sempre com ética e ­compromisso.
Os autorresponsáveis costumam agir de maneira ativa e
são eternos aprendizes. É comum vermos muitos profissio-
nais e empresários reclamando de suas empresas, dos seus
preços não competitivos, dos seus produtos, dos seus chefes.
Enquanto isso, há sempre outros, dentro das mesmas empre-
sas e das mesmas equipes, gerando grandes resultados com
as mesmas condições, circunstâncias e recursos. O que os
diferencia? A atitude e a crença de que são os únicos res-
ponsáveis pela vida que têm levado e os únicos capazes de
mudá-la.

Você sabia que suas crenças e comportamentos não-res-


ponsáveis se manifestam completamente no ambiente de
trabalho? O seu comportamento afeta algumas ­atitudes,

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A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

e são essas atitudes que denotam a sua capacidade de


solucionar problemas, de inovar e realizar o seu traba-
lho cada vez melhor. Dessa forma, se você tem crenças e
comportamentos não-responsáveis, você está contami-
nando o ambiente com:
1. conflitos;
2. menos produtividade;
3. mal-estar entre os colaboradores;
4. tensão no local de trabalho;
5. obstáculos na comunicação interna.

Além de contaminar o ambiente de trabalho, você tam-


bém está contaminando as pessoas que convivem com
você, afinal, o contágio social é forte. Você deve passar
pelo menos seis horas dentro do seu ambiente de traba-
lho. Como as pessoas ao seu redor não vão se contagiar
pelo clima vivenciado ali?
Se você se dedicar e tiver disciplina em se moldar dentro
do escopo da autorresponsabilidade, você ganhará inú-
meros benefícios. Não só para si, mas para o coletivo.
Essas são algumas vantagens de aplicar a autorresponsa-
bilidade no âmbito profissional:

1. mudança nos hábitos, alterando aquilo que não


funciona com novas soluções;
2. mais autoconhecimento;
3. melhoria na capacidade e habilidade social;
4. redução das crenças limitantes no dia a dia;
5. menos frustração e maior capacidade de reação;

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A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

6. redução de conflitos na rotina;


7. novas perspectivas — como a de transformar
­obstáculos em oportunidades;
8. o profissional se torna uma referência para os
­colegas;
9. geram-se mais oportunidades de crescimento
— pessoal e profissional.

É inegável, então, que a autorresponsabilidade é um diferen-


cial e tanto para a mudança na sua vida. Imagine quantas coi-
sas você deixou de conquistar por simplesmente não conseguir
assumir que era quem estava errando em algum momento?
Quando se fala de vida pessoal, é perceptível a diferença entre
os prósperos e os que ainda não enxergaram todas as suas po-
tencialidades. Pessoas com limitações, normalmente, pensam
muito, refletem sobre tudo o que pode não dar certo. Dessa
maneira, tornam-se peritas em justificar suas falhas e expli-
car o porquê das coisas não acontecerem como elas haviam
calculado. Em outras palavras, são pessoas de grandes ideias,
porém de pouca realização.
Essas pessoas costumam ajudar os amigos, dar sugestões,
conselhos, mostram no que eles estão errando e o que preci-
sam fazer para terem êxito. Geralmente, eles estão certos em
suas ideias e suposições, mas são apenas ideias que se apli-
cam aos outros - quando se trata deles próprios, só resta a
justificativa pelo fato de seus planos não darem certo.

18
Autorresponsabilidade
é a crença de que
você é o único
responsável pela
vida que tem levado,
sendo assim, o único
que pode mudá-la.
PAULO VIEIRA
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Pessoas de sucesso geram boas ideias, porém, mais do que ge-


rar boas ideias, essas pessoas são capazes de colocá-las em prá-
tica, de fazê-las acontecer. Se elas não obtiverem os resultados
esperados, não reclamam, muito menos se justificam. Essas
pessoas assumem que estão onde se puseram e, com humil-
dade e sabedoria, buscam aprender com seus erros, para
que da próxima vez possam obter resultados ­melhores.
Para que eu e você pudéssemos compreender e assumir a au-
torresponsabilidade em nossas vidas, Paulo criou as 6 leis da
autorresponsabilidade. Elas servem como um guia para que
consigamos assumir o verdadeiro papel de um autorrespon-
sável, ou seja, aquele que entende onde se colocou e assume
as consequências disso.
Mas, ser autorresponsável está além da sua própria vida, tam-
bém se trata de como você tem agido com as pessoas ao seu
redor. São as opiniões e decisões que você toma com o ou-
tro, seja seu cônjuge, um familiar, um amigo, ou até mesmo
um filho.
"Camila, e como eu posso aplicar as seis leis da autorrespon-
sabilidade em minha vida?" Com um pouco de esforço racio-
nal e disciplina, podemos começar a mudar os hábitos que
nos fazem irresponsáveis por nossas decisões e escolhas. Para
isso, uma das atitudes que você pode tomar é imprimir as seis
leis em papel e colar nos lugares que você mais frequenta, para
que possa ter uma boa visualização. Por exemplo: no espelho
do banheiro, no retrovisor do carro, na tela do computador,
na parede do escritório e em todos os lugares que sejam de
fácil acesso e que te mantenham atenta às seis leis. Acredite,
eu já pude presenciar centenas de pessoas que, apenas com
uma semana praticando as seis leis, conseguiram mudar seus
hábitos, decisões e escolhas.

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AS 6 LEIS DA
AUTORRESPONSABILIDADE

Lei 1: Se for criticar as pessoas, cale-se.

Lei 2: Se for reclamar das circunstâncias, dê sugestão.

Lei 3: Se for buscar culpados, busque a solução.

Lei 4: Se for se fazer de vítima, faça-se de vencedor.

Lei 5: Se for justificar seus erros, aprenda com eles.

Lei 6: Se for julgar alguém, julgue a atitude dessa pessoa.


A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

1.3. AGENTE DA MUDANÇA


Enquanto insistirmos em culpabilizar o outro pelos nossos
próprios problemas – família, amigos, empresa, cônjuge etc.
– não existirá consciência e, consequentemente, nenhuma
mudança. Dessa forma, se o objetivo é sair do estado atual
(problemas, impedimentos) e chegar ao estado desejado (so-
nhos e objetivos a alcançar), o primeiro passo é ser autorres-
ponsável e assumir o controle sobre as próprias atitudes.
Nem sempre percebemos a atitude de transferir a culpa para
o outro, por isso, a seguir, eu trago dois exemplos de transfe-
rência de culpa:

1. “Eu teria feito essa tarefa com uma qualidade supe-


rior se minha equipe não fosse tão ruim”;
2. “Eu não me atrasaria, se não fosse pelo trânsito da
­cidade”.

Você já deve ter ouvido ou até mesmo dito alguma des-


sas frases, não é mesmo? Agora, veja o que acontece se al-
gumas palavras forem modificadas devido à sua atitude de
­autorresponsabilidade:

1. “Eu teria feito essa tarefa com uma qualidade su-


perior se tivesse me organizado e delegado melhor
cada função aos meus colaboradores”;
2. “Eu não me atrasaria se tivesse realizado uma gestão
mais eficiente do meu tempo”.

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A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Você consegue perceber a grande diferença entre cada atitu-


de? A autorresponsabilidade dá a você mais controle sobre
todos os aspectos da sua vida. Sem falar na curva de apren-
dizado, que é sempre maior do que apontar outros culpados
para um sentimento negativo.
Desta forma, eu trago um passo a passo para que você consiga
desenvolver a autorresponsabilidade em sua vida e atinja uma
vida plena e abundante sem precisar culpar os outros por seus
fracassos.

O seu sucesso depende da sua


consciência em responsabilizar‑se
por suas escolhas e decisões.

ANOTAÇÕES

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A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

5 PASSOS PARA DESENVOLVER A AUTORRESPONSABILIDADE


1. APRENDER COM OS ERROS E AGIR COMO UM VENCEDOR
É importante compreender que não há desculpas para o fracas-
so. Quando não conseguimos alcançar um objetivo, não adian-
ta culparmos Deus, o governo ou outra pessoa. A responsabili-
dade pelos seus resultados é única e exclusivamente sua, você
espera por eles. Essas são as condições com as quais se deve
trabalhar. Em vez de tentar justificar seus erros, aprenda
com eles, identificando o que pode ser feito para melhorar.
Se os planos não deram certo, o primeiro passo é analisar todas
as suas ações para entender em que momento o erro aconteceu,
o que o ocasionou e o que deve ser feito para evitá-lo. Assim,
em vez de desistir ou insistir em percorrer o caminho errado e
que não dá resultados, busque outro caminho, livre dos erros
cometidos anteriormente. Por isso, o primeiro passo é parar de
se vitimizar e começar a se comportar como vencedor.

2. TRABALHAR COM RACIONALIDADE E INTELIGÊNCIA


Não se chega a uma vida abundante e plena de um dia para o
outro. O sucesso - seja pessoal, seja profissional - vem com
tempo e esforço. É preciso que você saiba quem você verda-
deiramente é e contribua ativamente para o fortalecimento
da relação consigo e com as pessoas ao seu redor. O resultado
vem com esforço. Um profissional que participa ativamente
das reuniões da empresa, por exemplo, e agrega conhecimen-
to e inovação ao ambiente de trabalho, precisa apenas esperar
com paciência, pois o sucesso é apenas questão de tempo. O
mesmo vale para todas as outras áreas da vida.

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A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Tenha perseverança de que os resultados chegam. Eles não


caem do céu e nem chegam no tempo que você espera. Eles
vêm no momento certo, na hora certa e na velocidade certa
para o seu reconhecimento.

3. PLANEJAR METAS E OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Transforme seus sonhos em metas neurologicamente cor-


retas, pois não há sucesso sólido sem objetivos e metas
específicas, quantificadas e planejadas. Se você deseja tor-
nar-se referência como ser humano, como mãe ou como
profissional na sua área, precisa traçar um plano de ação
completo para aperfeiçoar suas habilidades com sabedoria.
Se o objetivo, por outro lado, é ser diretora da empresa em
que atua, por exemplo, deve-se começar, desde então, a se
dedicar a esse processo. Não conte com a sorte, é preciso
formalizar o planejamento pessoal da sua vida.

4. AGIR SEMPRE COM HUMILDADE

A humildade é uma das maiores virtudes do ser huma-


no, sendo fundamental para a construção de uma vida
de ­sucesso. Por isso, não há por que ter medo de reconhecer
quando estiver errado. Não há vergonha em pedir desculpas
ao seu marido, à sua esposa, aos seus filhos ou a qualquer
outra pessoa. Isso não é sinal de fraqueza, mas de força, de
caráter e capacidade de se adequar. São atitudes como es-
sas que mostram quem você é e como está no controle da
­própria vida.

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A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

5. SER UMA PESSOA CONSTRUTIVA


Todo mundo tem aquele amigo ou parente que adora encon-
trar problema em tudo. A vida nunca está boa o suficiente, o
trabalho é sempre um problema, os vizinhos são sempre um
incômodo. É o tipo de pessoa que nunca está contente com
nada e geralmente carrega consigo uma aura de pessimismo
e negatividade que contamina todos ao redor. Lembre-se do
contágio social. Isso porque, não satisfeita em se autossabo-
tar, esse tipo de pessoa adora criticar os outros e deixá-los
para baixo. É um indivíduo que não tem o mínimo de autor-
responsabilidade. É preciso abrir mão da crítica e investir em
sugestões que tragam ideias reais de mudança. Uma pessoa
construtiva faz toda a diferença.
Você precisa entender que seus resultados serão sempre os
mesmos se você não desconstruir quem acredita que é, e ver-
dadeiramente mudar. Nós só vivemos o que nós toleramos.
Mude você e tudo ao seu redor também mudará. Quando você
sobe de nível, as coisas que te atingiam já não atingem mais.
Mas, para isso, repito: você tem que mudar primeiro. Quan-
do você calar as suas historinhas, a sua vida vai melhorar
extraordinariamente! Trabalhe o seu lado autorresponsável
e aja agora!

1.4. O PAPEL DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL


A transformação é um processo que não tem fim. Como cos-
tumo dizer, a escolha pela mudança é exclusivamente nossa.
Podemos optar por permanecer da mesma forma, mesmo sa-
bendo que há um preço a se pagar por isso também.

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A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Temos como opositores fortes dessa transformação, o orgu-


lho e a vitimização. Achar que já somos bons o suficiente e ou-
vir somente o que alimenta nosso ego destrói nosso processo
de ­mudança. Ainda mais associado a um posicionamento de ví-
tima, fruto de um excesso de proteção que não nos permitiu
aprender e assumir a responsabilidade por nossas atitudes e
escolhas.
A falta de posicionamento correto, os excessos e as omissões,
geram frutos ruins. Posicionar-se corretamente é uma ques-
tão de fazer escolhas certas, ocupar os lugares corretos e as-
sociar-se com pessoas que te conectam com seu propósito.
Tudo isso vem pela compreensão de que sair do lugar que li-
mita a nossa visão é fundamental para perceber quem somos.
Nada mais é do que enxergar a própria identidade emocional.
E, para isso, precisamos entender algo que é básico para todo
ser humano: INTELIGÊNCIA EMOCIONAL. Uma competên-
cia que desenvolvemos ao longo da vida e que nos leva a acer-
tar ou a errar. Se você não possui inteligência emocional, não
se preocupe, existem ferramentas e formas de desenvolvê-la.
Durante muitos anos da minha vida, perceba como até nisso
eu era disfuncional, eu dizia para o Paulo que eu acreditava
que só tinha um lado do cérebro. Eu achava que só tinha o
lado esquerdo, aquele focado em números, razão, controle,
metas e objetivos. Não existia criatividade, leveza ou espaço
para a emoção. Mas, eu preciso te dizer, a minha história fez
isso comigo, as minhas memórias fizeram isso comigo.
"Camila, e para que serve a Inteligência Emocional?" Ela é a
base de toda relação humana, a relação que eu tenho comigo
mesma e a minha relação com todo mundo.

27
O seu sucesso
depende da sua
consciência em
res­ponsabilizar-se
por suas escolhas
e decisões.
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

EMOÇÕES
RACIONAL
CRIATIVIDADE
ANALÍTICO
HUMOR
MATEMÁTICO
SENSIBILIDADE
METÓDICO
PAIXÃO

Nosso cérebro é dividido em dois hemisférios: direito e


esquerdo. No esquerdo, temos nosso lado racional, analíti-
co, matemático, metódico; no direito, temos as emoções, a
criatividade, o humor, a sensibilidade, a paixão. Cada um de
nós tem o predomínio de um hemisfério, não existe certo ou
errado, deve existir o equilíbrio. Nossas memórias acumula-
das ao longo dos anos nos fizeram valorizar mais um lado do
que outro.

A inteligência emocional é a capacidade de


usar suas emoções da maneira certa e na
intensidade correta, para se conectar consigo
e tirar o melhor; e também se conectar com
os outros e tirar o melhor da coletividade.

Todas as emoções são lícitas e pertencem a todos os seres vi-


vos saudáveis, sejam elas, medo, raiva, surpresa, desprezo,
entre outras. A maneira como as vivenciamos é que diz res-
peito à nossa inteligência emocional. A inteligência não está
em não tê-las, mas em como permitir que elas se manifestem.

29
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Emoções desalinhadas provocam reações desajustadas e


expressam uma doença que é séria e que precisa de cura.
Por exemplo, quantas mulheres se encontram paralisadas pelo
medo? As memórias as desorganizaram de tal forma que a es-
trutura emocional se encontra corrompida. Não se permitem
novas experiências e, dessa forma, não avançam para o propó-
sito estabelecido. São vencidas pelo medo. Pedir ajuda, nesses
casos, é fundamental.
Como pode, então, se manifestar a nossa inteligência emocio-
nal? Tentar identificar em nós elementos como autoconfiança,
autocontrole, superação, flexibilidade, honestidade, iniciativa,
otimismo, empatia, entre outros, nos dirá o quanto estamos
próximos de sermos inteligentes emocionalmente. Se reco-
nhecemos boa parte desses elementos em nós, estamos em um
bom caminho.
Estar bem alinhada emocionalmente me liberta de tornar a
fazer as coisas que já sei que são prejudiciais a mim. É inte-
ligente agora fazer uma análise sobre o que, em nossa estru-
tura emocional, tem nos impedido de viver a plenitude, de
ser autorresponsável, de usufruir. Nós não estaremos prontas
imediatamente para reconhecer que tudo é um processo e não
desistir. Essa análise é diária e eterna.
Grande parte das pessoas têm fracassado por falta de inteli-
gência emocional. A falta de liderança, a insegurança, o des-
controle, o medo, a covardia, e a falta de autorresponsabili-
dade não permitem que alcancem seus objetivos. Ainda que
sejam preparadas intelectualmente, estagnam por não domi-
narem suas emoções. Muitas vezes, a culpa é a grande vilã
do processo. Ela sempre nos acusa de não sermos capazes, de
não sermos bons, nos ­impedindo de dar passos importantes.

30
Inteligência
emocional
é o caminho
para uma vida
produtiva,
realizada
e feliz.
A U TO R R E S P O N S A B I L I DA D E

Muitas pessoas acreditam que estão perdidas, que não sabem


o que fazer. Isso não é verdade! O que acontece é que elas es-
tão paradas, e não perdidas, porque sabem o que devem fazer
e não fazem. Elas sabem como e onde querem chegar, mas
não saem do lugar. Estar perdida é diferente de estar parada.
A disfunção da nossa inteligência emocional faz com que ocu-
pemos lugares errados, faz com que nosso comportamento
natural seja deturpado e nos torna irresponsáveis. Isso é o
que chamamos de mente desalinhada. Olhar para nossa his-
tória e fazer diferente, reconhecendo nossas decisões erradas
e agindo sobre elas, transformará nossa estrutura emocional.
Para isso, você precisa dos pressupostos: coragem, verdade e
humildade. Ter consciência das nossas emoções enfraque-
cidas é o primeiro passo sempre. É necessário colocar luz
para ter resultados.
O alinhamento das nossas emoções é exatamente ter cons-
tância, ter decisões corretas, disciplina, reconhecer nossa
identidade, não abrir mão do caminho; é se conectar com o
propósito e ser quem Deus quer que sejamos.
A instabilidade das nossas emoções nos impede disso, preci-
samos corrigir. Emoções flutuantes geram sofrimento a si
mesmo e aos outros.
Humilhar-se a ponto de pedir ajuda, reconhecendo a ne-
cessidade de mudança, de alinhamento de emoções para
cumprir seu propósito não só é louvável, como é essencial.
Lembre-se sempre que: transformação é igual a alinhamen-
to emocional. Mude agora!

32
PELO QUE VOCÊ LEU ATÉ AQUI, QUE
DECISÕES VOCÊ TOMA HOJE?
C A M I L A S A R A I VA V I E I R A

/ C A M I L AS A R A I VAV I E I R A

@ C A M I L AS A R A I VAV I E I R A
CAPÍTULO 2

CRIANDO CONGRUÊNCIA COM QUEM


VOCÊ NASCEU PARA SER

1.1. ORGULHO
Existe uma trilogia que vai acompanhar você durante a
sua leitura. Ela vai construir em você novos hábitos, compor-
tamentos, mentalidade e uma nova forma de olhar para si e
para o mundo. Essa é a trilogia de quem vai além e de quem
consegue construir uma nova jornada: lugares, pessoas e de-
cisões. Lembre-se disso!
Ao longo deste livro, duas pessoas sairão da sua vida, e eu
não medi esforços, recursos e coração para me dedicar a você
e te ajudar a eliminar essas duas pessoas que te impedem de

35
CRIANDO CONGRUÊNCIA

passar por uma grande transformação. Esses grandes sabota-


dores são o Orgulho e a Vitimização, e os chamo de pessoas
porque eles têm o poder de se personificar de tal forma, que
se transformam em pessoas limitadoras, em sombras capazes
de sabotar o seu crescimento.
Você sabe onde nasce o orgulho? Que negócio é esse que nas-
ce no coração do homem e que é o princípio da derrota dele?
E porque o homem, que é um ser tão sábio, tão forte, não con-
segue vigiar esse orgulho e tirá-lo do seu coração? Que ser é
esse chamado orgulho?
O orgulho nasce quando não temos clareza da nossa ver-
dadeira identidade. Todos nós temos uma história e, ao lon-
go de nossas trajetórias, criamos estratégias para viver a vida
sofrendo menos, sendo menos criticado, menos acusado, pas-
sando por menos julgamentos, comparações e críticas. Essas
são estratégias para nos proteger de experiências que vivemos
no passado. O orgulho se torna uma estrutura de proteção
para que eu não entre em situações que vão me fazer reviver
memórias do passado.
Em minha história de vida, convivi com muitas críticas e
comparações. Aquilo que eu vivi talvez não fosse tão grande
se comparado às experiências de outras pessoas, mas aquela
Camila, pequenininha, entendeu que era o suficiente para ela
compreender que não era boa o bastante. Então, eu fui criando
em mim estruturas para não me colocar em lugares que eu fos-
se criticada, julgada, até eu entender que o orgulho existia em
mim. Antes, eu negava, e quanto mais negamos, mais o orgulho
se empodera e vira o rei da situação, dirigindo todas as nossas
decisões e afetando as pessoas que mais amamos. Ele machuca,
e machuca principalmente as pessoas que mais amamos.

36
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Eu era uma orgulhosa, porém sempre sutil e disfarçada de boa


menina. Tratava todos com amor, generosidade e gentileza, ti-
nha o costume de dizer: “Orgulho não é para mim, sou uma
pessoa humilde, trato todos muito bem…”. Até que percebi que
eu nunca tinha aberto a minha boca para uma amiga e fala-
do de algum problema meu. Nunca havia falado de problemas
pessoais para não me expor, para não demonstrar fragilidade.
Passei por inúmeras dificuldades na minha vida financei-
ra e amorosa, mas nunca tinha sido capaz de pedir aju-
da para alguém. Isso é arrogância, orgulho e prepotência.
Eu acreditava que se eu falasse, as pessoas me veriam como
alguém falha, frágil ou alguém que não obtinha bons resul-
tados. Descobri que eu não pedia ajuda para ninguém pois
achava que dava conta de tudo sozinha. Meu principal pensa-
mento era: “Eu não quero te dar trabalho”, eu vivia contando
essa historinha. Isso é orgulho.
Também pude perceber que pequenos erros eram negados
por mim. Por exemplo, se o meu marido não gostasse de toa-
lha molhada em cima da cama, e eu, por acaso, deixasse uma
toalha ali, eu diria que não tinha sido eu. Isso, novamente, é
orgulho, manipulação, mentira e dissimulação. O orgulhoso,
para se manter na posição de controle da sua vida, mente e
nega. Ele é muito perigoso para mim e para você. Ele é disfar-
çado, na figura de uma pessoa boa.

O orgulhoso será logo humilhado; mas


com os humildes está a sabedoria.
(Provérbios 11:2)

37
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Me recordo de uma situação, quando estava no primeiro se-


mestre da faculdade. Nós tínhamos um trabalho importante
para fazer e eu dei um jeito de fazer sozinha. Orgulho. Porque
o orgulhoso acha que se ele não estiver no controle o projeto
vai ficar fraco. O orgulhoso acha que só ele sabe o suficiente.
Trabalhar em time, para mim, foi uma construção que levou
anos, pois eu achava que se não estivesse no controle da si-
tuação, nada ­acontecia.
A Estância Paraíso, Ministério Restaurando Vidas, conduzido
pela pastora Ezenete, foi um local onde a minha vida foi pro-
fundamente impactada e transformada de acordo com a pala-
vra de Deus. Lembro de uma vez em que eu estive lá para ser
atendida pela pastora Ezenete, e enquanto eu esperava pelo
atendimento, fui participar de uma dinâmica de grupo em
que o tema era orgulho. Eu pensei que aquele tema não era
pra mim, mas já que eu estava lá resolvi participar da dinâmi-
ca. Distribuíram uma folha onde as pessoa iriam preencher o
quanto aquelas manifestações de orgulho existiam nas suas
vidas. Fiquei completamente impactada, de 27 itens eu mar-
quei 24 e ainda coloquei 3 itens extras. Como foi revelador ter
aquele entendimento, de que mesmo sem eu ter consciência o
orgulho vinha aprisionando a minha vida, trazendo destrui-
ção para os meus relacionamentos e vinha me impedindo de
mudar e ser a pessoa que eu nasci para ser.
O orgulho reinava em mim e me impedia de passar por uma
transformação de vida, ele era o meu maior sabotador. E
sabe quem é o orgulho na sua vida? O orgulho tem sido o
seu amante. “Como assim, Camila?” Sim, o orgulho é aquele
que diz o tempo inteiro que você está sempre linda, que você
é perfeita e que você não erra. Exatamente como um amante
que quer apenas o prazer imediato. O orgulho tem sido o seu

38
CRIANDO CONGRUÊNCIA

amante, andando do seu lado, falando o que você quer ouvir.


O orgulho te leva para a morte e, como um amante, o orgulho
destrói tudo que tem valor na sua vida! Ele machuca e desonra
as pessoas que você mais ama.
O que tem te impedido de mudar se você é o(a) comandante da
sua vida? O orgulho. Aquele que manipula, que te serve como
um amante e que só diz o que você quer ouvir. Esse amante
anda de braços dados com você, te impede de ver quem você
deve ser verdadeiramente, e ele vai te levar para o buraco.
E essa característica tão impiedosa e traiçoeira se manifesta de
diferentes maneiras. Se você pensa que não tem sido orgulho-
so(a), preste atenção às seguintes manifestações do orgulho:

ARROGÂNCIA INGENUIDADE
PREPOTÊNCIA DESOBEDIÊNCIA
VAIDADE INSATISFAÇÃO
ATALHO INGRATIDÃO
ZONA DE CONFORTO DESONRA
FALTA DE PERDÃO DESRESPEITO
AUTOSSUFICIÊNCIA INVEJA

Você tem vivido alguma dessas características em sua vida?


Que consequências você tem colhido?

39
O orgulho diz
o que você
precisa ouvir
e te leva para
o buraco.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

1.2. VITIMIZAÇÃO
Existem pessoas que gostam de dizer que foram criadas
sob uma redoma de proteção, em uma gaiola de "ouro". Es-
sas pessoas nunca foram responsabilizadas pelos erros que
cometeram na vida. Seus pais sempre arrumavam uma ex-
plicação para os seus erros. Esse comportamento começa
na infância, quando você se negava a emprestar um brin-
quedo, por estar brigando na escola, pela mentirinha que
contava, e te seguiu na adolescência, quando você mentiu
e faltou com responsabilidade. E, ao invés de lhe orientar
para o comportamento certo, seus pais roubaram a sua ca-
pacidade de entender que você tem a responsabilidade por
tudo que você faz de bom ou de ruim!
Esse tipo de pessoa, que foi superprotegida, cresce vítima da
vida. Elas possuem um diálogo interno de que não são res-
ponsáveis pelo que está acontecendo. O casamento está ruim?
A culpa é do marido. A vitimização faz com que você não cui-
de do seu corpo e da sua saúde, ela faz você contar a histori-
nha de que o seu metabolismo é lento, ou mesmo pôr a culpa
nos corticoides que você toma para tratar algo.

Seu cérebro aprende um padrão de


comportamento de se vitimizar durante toda
a vida para escapar de situações em que você
precisa se responsabilizar pelos seus erros.

41
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Deixa eu te contar uma história.


Havia um menino muito que-
rido pelo pai, tão querido
que o pai, por não saber co-
locar limites, acabava prote-
gendo-o de todos os erros que
ele cometia. Em um momento
da vida, esse garoto tirou mui-
tas notas baixas e escondeu o boletim. A mãe encontrou
o boletim e chamou a atenção do filho. Sabe qual foi a
reação desse menino? Ele disse que iria se matar. Cla-
ro que ele não faria isso, mas a vitimização passou a ser
uma estratégia para tirar o foco das suas falhas.
Em um outro momento da vida, esse mesmo garoto foi
reprovado no ano letivo da escola. O pai, superprotetor,
foi até a escola e reuniu todos os professores para tentar
provar que o filho estava sendo injustiçado. Ou seja, o
insucesso dele era culpa dos outros e não dele. Esse me-
nino cresceu não se responsabilizando pelos seus atos.
Ele não conseguiu tomar nenhuma decisão na vida, pois
ele não foi ensinado a assumir nada em que ele tinha que
pagar o preço. O vitimado é covarde, ele chantageia e
não faz.

42
CRIANDO CONGRUÊNCIA

A vitimização é tão perigosa quanto o orgulho. Do mesmo jei-


to que o orgulho te leva para a não transformação, a vitimi-
zação te leva para uma vida destruída e te paralisa da mesma
forma. Será que você vem andando de braços dados com o
amante chamado orgulho?
Sabe quem está do outro lado, no outro braço? O juiz. Existe
um juiz na sua vida. Que sempre tem uma sentença que te
favorece, que sempre tem alguma forma de dizer que você é
inocente. Esse juiz é a vitimização.
Então, você tem um amante (orgulho), e anda sempre com
ele do lado. Do seu outro lado tem o juiz, que só fala o que
você quer ouvir. Com quem você mantém uma aliança? Com
o amante ou com o juiz?
Serei sincera: eu vivia agarrada ao meu orgulho, sentia a ne-
cessidade de ser amada e bem sucedida. E esse amante (orgu-
lho) me fez machucar as pessoas que eu mais amava e me im-
pedia de passar pela grande transformação que eu precisava.
Ele me fez machucar o meu marido, ao ponto de quase perder
meu ­casamento.
Vou te fazer um desafio: jogar esse amante no quarto, tran-
car e jogar a chave fora. Deixe ele aprisionado para que ele
não te sabote, para que ele não diga que você já sabe, para que
ele não diga que você não precisa viver esse processo porque
você já é boa o suficiente. E o juiz, nós vamos demitir. Não
vamos trancá-lo, vamos dar as contas dele e dizer: na minha
vida não tem espaço para quem não me confronta com a ver-
dade para que eu seja melhor todo dia.
Existe muito poder na decisão. Escolha se livrar do orgu-
lho, da prepotência e da vitimização. É bíblico, o princípio

43
CRIANDO CONGRUÊNCIA

da ­derrota é a arrogância, a prepotência e o orgulho. Essas


personalidades te sabotaram até hoje, escolha se livrar delas.
Em síntese:
1. Existem sabotadores da minha e da sua mudança.
2. Ninguém muda ninguém.
3. Se coloque como responsável pela vida que tem l­ evado.
4. Tire da sua vida o juiz (vitimização) e o amante (­orgulho).
Declare em voz alta: Na minha vida só tem espaço para o que me
confronta com a verdade para que eu seja melhor todo dia.

1.3. VÍCIOS EMOCIONAIS


O que são vícios emocionais? É quando desenvolvemos ou
atraímos circunstâncias, ocasiões, que nos fazem sofrer
­repetidamente. Toda pessoa machucada, machuca. Toda pes-
soa ferida, fere. O vício é quando eu crio uma circunstância ou
vivo uma situação que me faz sofrer, ou faz sofrer quem eu amo.

Tudo que te ofende é um vício.

Por exemplo, se uma pessoa sempre reclama que na casa dela


ninguém acredita nela, e isso a ofende, isso é um vício que ela
adquiriu de se sentir desacreditada. “Ah, ninguém me ajuda!”,
sabe por quê? Porque você é viciado em não ser ajudado.
Uma pessoa viciada em ser abandonada vai criar ou atrair
pessoas criando circunstâncias para ser abandonada.

44
CRIANDO CONGRUÊNCIA

"Camila, quais são os tipos mais frequentes de vícios?" Tem


gente viciada em fazer muito, em problemas, em confusão, em
se vitimizar, em serem humilhadas, rejeitadas, abandonadas,
traídas etc.
Eu era viciada em autossabotagem. Enquanto eu não era a pes-
soa que eu sou hoje, eu machucava o meu marido e depois pe-
dia perdão, pensava que tudo ficaria bem, acertava e, na hora
que ele já estava demonstrando amor por mim, como se não es-
tivesse mais magoado, o que eu fazia? Eu o machucava de novo.
O que mais você tem que perder até decidir eliminar esse
­vício?
Mas onde nasceram esses vícios? Tudo que nós vivemos hoje
vem das nossas memórias, vem do significado que nós de-
mos às nossas memórias, essas experiências produziram sen-
timentos e nós nos viciamos neles.
Tudo começa com a rejeição, quando desenvolvemos os sen-
timentos de que não fomos desejadas, que fomos rejeitadas,
memórias de momentos em que vivemos com agressões, in-
justiças, abandono e com todo tipo de violência que nos fa-
zem acreditar que não somos amadas. E para se defender des-
sa rejeição, criamos estruturas de proteção, e a principal é o
orgulho. Você se torna uma pessoa orgulhosa, manifestando
através da vaidade e da arrogância. Essa combinação se repe-
te, criando uma química orgânica, gerando um padrão com-
portamental que você aprende na infância e leva para a vida.
Cada variação emocional e sentimental tem uma combinação
de hormônios e neuro-hormônios. Sendo assim, para cada
sentimento do ser humano, o corpo produz uma química es-
pecífica proporcional, chamada pelos cientistas de ­moléculas
de emoção ou de “sopa química”.

45
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Os sentimentos tóxicos, quando ­combinados nessa “sopa”,


geram uma situação de vício, principalmente quando alimen-
tados durante a infância.
É por isso que, mesmo inconscientemente, algumas pessoas
buscam por situações para se autossabotarem. Prejudicar-se de
alguma forma é a maneira que encontram para sentirem no-
vamente os sentimentos tóxicos nos quais são viciadas, pois o
corpo está acostumado à química gerada por eles. A relação en-
tre os sentimentos tóxicos e a autossabotagem se dá porque eles
são originados exatamente na frustração que o indivíduo sente
ao se autossabotar.
Se você conseguir olhar para o seu cônjuge como presente de
Deus, aquela pessoa que o senhor colocou na sua vida para tra-
zer luz em tudo que você precisa para se transformar, muda a
forma de você se relacionar. Eu não teria mudado se o Paulo
não estivesse na minha vida. O Paulo me conhece melhor que
meus pais, e vice-versa. A única maneira que encontramos de
crescermos como casal foi conhecer todos os nossos defeitos,
conseguimos apontar as falhas um do outro, da maneira certa,
com amor e respeito.
Todos somos viciados em maior ou em menor medida em
algum padrão de comportamento. O maior e mais malé-
fico vício emocional é o da vitimização. Acontece quando
a pessoa não assume a responsabilidade pela própria vida e
costuma culpar outras pessoas ou fatores externos por suas
derrotas e dificuldades. Assim, essa pessoa posiciona-se ao
longo da vida sempre como uma vítima ao invés de tomar as
rédeas e se tornar o verdadeiro herói protagonista.

46
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Para os que mantêm e alimentam esse tipo de sentimento, é


impossível viver uma vida plena, pois os sentimentos tóxicos
fazem a pessoa refém de si mesma. Ela começa, cai, tropeça,
tem problemas, recomeça e, quando finalmente supera o obs-
táculo, cai de novo. Trata-se de um ciclo constante de autos-
sabotagem provocada por vícios emocionais. No ciclo, esses
sentimentos sempre retornam, causando efeitos destrutivos
para quem estiver ao redor.

1.4. POSICIONAMENTO
Anteriormente, eu falei que você não precisa mudar. Você já
sabe que se não mudar como esposa, você continuará obtendo
os mesmos resultados dentro de casa. Já sabe que se não mu-
dar seu comportamento no trabalho, continuará a colher os
mesmos resultados. Se está satisfeita com os resultados que
vem obtendo, está tudo certo.
Mas, se você não está feliz, se está vivendo uma realidade que
rouba a tua alegria e tua vontade de vencer, se tem algo que
vem te machucando todos os dias, eu tenho algo para te con-
tar: todo mundo tem a vida que merece. Portanto, você é a
única pessoa responsável por mudar a vida que tem levado.
Partindo disto, reflita: quem é que você conhece que está car-
regando um fardo maior do que consegue carregar? Quem é
que precisa entender que toda escolha tem uma consequên-
cia, que todo comportamento tem um resultado? É você mes-
mo esta pessoa? Aqui, eu vou te ensinar a eliminar “meia to-
nelada” que você carrega nas suas costas.

47
CRIANDO CONGRUÊNCIA

O primeiro passo é você entender como este fardo surge, essa


“meia tonelada” que você carrega. O fardo surge sempre que
erramos por omissão ou excesso de ação nas áreas que nós
temos que ocupar. “Como assim, Camila?” Sempre que você
não ocupa de forma correta uma posição que é sua em uma
determinada área da vida, você falha por omissão ou por ex-
cesso de ação.
Por exemplo, sempre que falho como esposa, eu colho as con-
sequências no meu casamento. E é importante você ter cons-
ciência que os espaços não ficam vazios. Então, se eu não
ocupo o meu espaço plena e corretamente, alguém vai ocupar.
É assim que acontece. O espaço que você não ocupar será ocu-
pado por outra pessoa e a culpa será toda sua. Eu sei que dói,
mas é a verdade, e ela nos liberta.
Isto vale para todas as áreas. Por exemplo, quando eu, como
mãe, não me posiciono corretamente com meus filhos, alguém
vai ocupar este espaço que eu não preenchi. Seja algum fami-
liar ou não. Na área profissional também ocorre a mesma coi-
sa. Esta regra é universal. Os espaços que temos que ocupar
na nossa vida, representam as nossas áreas de influência.
Em suma, os fardos não passam de consequências de es-
paços que você não ocupou na sua vida. Mas, seja qual for o
seu fardo, tem solução e eu vou te dizer qual é.
Primeiramente, você precisa se posicionar e, para isto, exis-
tem duas formas universais:

1. Corretamente, ocupando os seus espaços. Este é o


melhor dos mundos;
2. ou de forma medíocre, esta é fraca e omissa.

48
Os espaços
não ficam
vazios.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Para ficar mais fácil de entender, vou exemplificar. Imagina


que eu, enquanto profissional, tenho 1 m2 para ocupar, mas,
por omissão e preguiça, eu ocupo apenas 30 cm2. Os 70 cm2
que deixei vazio, alguém vai ocupar e não o ocupará da mes-
ma forma que eu o faria, com o mesmo que eu tinha para ofe-
recer na minha empresa.

30 cm2

1 m2

Imagine que você tem 5 m2 para preencher com seu cônjuge.


Porém, você não faz sexo, está sempre impaciente, reclaman-
do, criticando, não faz surpresas de amor, não conversa, nem
valoriza o acordo do casal, alguém, certamente, vai ocupar
este espaço e, mais uma vez, a responsabilidade será toda sua.
O mesmo se aplica para as demais áreas da sua vida. Então,
com o tempo, você vai cultivar um fardo insuportável e vai car-
regar “meia tonelada” nas costas todos os dias. Quando não
nos posicionamos corretamente, é isso que acontece. Peço que
agora você reflita: você está ocupando os espaços corretamen-
te? Você tem sido coerente com suas responsabilidades?
Agora que falei da omissão, de não ocupar os espaços corretos
e que espaços não ficam vazios, eu vou te explicar o hiper-
posicionamento. E este, particularmente, eu posso falar com
bastante propriedade, pois, durante muito tempo, o pratiquei
na minha vida.

50
Os espaços
que temos
que ocupar
na nossa vida
representam
as nossas
áreas de
influência.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

O hiperposicionamento, como o próprio nome já sugere,


é quando você se posiciona demais. Você ocupa um espaço
que não é seu. Até que você percebe que não dá conta de tudo
sozinha, e por se posicionar demais onde não deveria, acaba
deixando espaços vazios, e você já sabe o que acontece. Isto é
um círculo.
Por exemplo, eu, durante muito tempo, não me sentia mere-
cedora de sair com meu marido porque a minha mãe estava
com depressão. Eu, hiperposicionada, acabava querendo ser
mãe da minha própria mãe. Não achava justo sair e deixá-la
“sozinha” passando por um momento difícil. Então, eu ocu-
pava o espaço errado com minha mãe e deixava vazio o meu
espaço com meu marido.
O mesmo eu fazia com o com meu irmão. Ele já adulto, ia para
festas e eu ficava a noite inteira ligando para ele, ocupando
um espaço de mãe dele. Eu passava a noite inteira ligando
para saber onde ele estava e que horas ele voltaria para casa.
Contar isso parece até que eu estava fora de mim. Este é o pe-
rigo quando você não tem consciência do seu espaço.
Portanto, o que acontece com quem ocupa um espaço que
não é seu, é muito óbvio: essa pessoa não dá conta. Não tem
como uma pessoa ocupar os seus espaços e os dos demais
e permanecer saudável e feliz. Os seus verdadeiros espaços
ficam vazios. O tamanho do fardo que ela tem que carregar
vai fazê-la adoecer e ainda deixar de fazer o que tem que ser
feito nas áreas em que cabem a ela assumir papéis.
No momento em que eu queria cuidar dos meus pais e irmãos,
estava deixando meu casamento de lado, entre outras coisas.
Na hora que você se comporta assim, não atrapalha somente
a si, mas também as pessoas que estão a sua volta.

52
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Eu não dava espaço para o meu marido se posicionar, eu não


dava espaço para ele tirar uma mala do bagageiro do carro,
eu pegava a mala, eu chamava o garçom em restaurante, eu
pedia a comida da mesa inteira, eu pagava a conta. Era uma
disfunção, e a minha vida foi ficando pesada. E o amante (or-
gulho) vai te dizendo que você está certa, que você é muito boa
e faz tudo para todo mundo. O amante te valoriza, trazendo
mais orgulho, mais ego, mais vaidade, mas a realidade é que
você está destruindo a sua vida e deixando que as pessoas não
entendam o seu verdadeiro papel.
Quando eu ocupei os meus espaços corretamente, dei chance
das pessoas melhorarem. Minha mãe teve espaço para vencer
a depressão sozinha. Meu irmão se tornou muito mais res-
ponsável e hoje é um profissional de sucesso. E eu assumi o
meu papel de filha e irmã, respectivamente. Todas as vezes
que nós nos hiperposicionamos, estamos acabando com as
nossas próprias vidas. Esta é outra origem de um fardo de
meia tonelada.
Um dia, a Julia, minha filha, estava com a roupa do treino e
lembrou que tinha uma prova da Cultura Inglesa. Ela, com a
roupa de treino que estava, amarrou um casaquinho na cin-
tura e estava saindo. O Paulo olhou e perguntou: “Filha, para
onde você vai?”, e ela: “Pai, eu tenho prova da Cultura Ingle-
sa.” Então ele falou: “Vestida assim? Suba e troque de roupa.
Você é muito linda e preciosa para estar andando com roupa
de treino no meio da rua, e se acontece alguma coisa?”. E ela,
chateada, obedeceu e colocou uma roupa adequada para fa-
zer uma prova. Naquele dia, no entardecer, já escuro, o nosso
carro quebrou, estávamos sem motorista e a Julia precisaria
pegar um Uber pela primeira vez sozinha.

53
Toda vez que nos
posicionamos
exageradamente
em um área,
estamos colocando
nas nossas costas
toneladas que
não precisamos
carregar.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Eu estaria ministrando um treinamento e o Paulo também,


mas se ele não tivesse se posicionado mais cedo, ela sairia
com uma roupa inadequada em um carro com um total desco-
nhecido. Entenda, nós sempre colheremos as consequências
dos nossos posicionamentos certos ou errados.
Vou contar uma história sobre como um posicionamento cor-
reto pode transformar uma vida. Eu tenho uma amiga que
começou um processo, assim como você está fazendo aqui.
Ela era esposa de um senhor há muitos anos, e pelas debilida-
des dela, nunca havia se posicionado corretamente diante do
casamento. Era uma empresária de sucesso, uma supermãe,
uma mulher que se posicionava na sociedade, porém, com o
marido, nunca havia se posicionado como deveria.
Esta amiga fez o Método CIS inúmeras vezes. Sempre que a
via lá, me batia o questionamento sobre que ferida emocio-
nal ela ainda não tinha sarado. Quando conversávamos, ela
sempre me dizia que era “uma cebola tirando as cascas até
achar o seu miolo”. E, depois de tanto investir no processo,
ela conseguiu.
Ela disse para o marido dela: “Hoje eu entendo o meu valor,
sei o quanto eu sou preciosa, sei que sou uma filha amada de
Deus. Agora eu entendo como é a vida de uma mulher que é
decente e que cuida do seu marido, e sei, também, que um ma-
rido de uma mulher como eu não é este que você vem sendo”.
Após esta declaração, ela deu para ele um prazo de 90 dias
para mudar, se tornar o marido que ela sabia que merecia, caso
contrário, se separaria. Ela me contou que, pela primeira vez,
depois de mais de 20 anos de casados, eles tinham feito uma
viagem de lua de mel.

55
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Agora, eles se conectavam em V0, ele mandava flores, pergun-


tava quais as necessidades dela. Um novo casamento nasceu.
Ele se transformou pelo posicionamento dela. Ela viveu o
processo, entendeu o seu valor e tudo a sua volta mudou. É
isso que acontece. É isso que eu quero para você, uma nova
vida, uma vida p ­ róspera e feliz. Para isso, você precisará se
livrar do seu fardo. Qual é o fardo que está difícil e você pre-
cisa urgentemente tirar das suas costas? Seja qual for, você o
plantou e só você pode t­ irá-lo.
O quanto você aguenta com a insatisfação dos seus filhos re-
clamando? Ou com um casamento infeliz? Com a empresa fa-
lindo ou o emprego em risco? Com intrigas familiares? Quan-
to tempo mais você vai aguentar esse fardo pesado nas costas?
Quanto tempo você consegue se sustentar assim? Você nem
anda! É difícil sair do lugar com um fardo tão pesado.
Enquanto você não se posicionar e decidir, não vai chegar a
lugar algum. Então, tira essa carga que está pesando. Eu te
trouxe consciência, agora você decide. Qual é o seu fardo que
está mais pesado hoje? Qual é esse fardo que tem roubado
os teus sonhos? Só precisa começar com pequenos ajustes de
comportamento. Tenha constância e não desista. Alivia a car-
ga que tanto pesa, escolha agir! É preciso apenas pequenos
ajustes dos dias para que você entre no processo de mudança.
A jornada tem apenas um objetivo: te colocar no caminho
para o processo de mudança da sua vida. No processo que vai
tirar as tuas dores. Qual é a sua dor? O que mais você precisa
perder na sua vida para tomar a decisão? Como eu disse, pe-
quenos movimentos transformam tudo. Você pode começar a
mudar hoje.

56
Carregar o
seu fardo é
escolha. Se
livrar do seu
fardo é uma
escolha. O que
você escolhe?
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Em síntese,

1. Ocupe os seus espaços corretamente;


2. Espaços não ficam vazios;
3. Quando você se posiciona corretamente, tudo ao seu
redor muda.

É muito poderoso quando a gente se coloca em um lugar de


fazer o que tem que ser feito. As mudanças acontecem rápido!
Em algumas áreas, meus pequenos movimentos geraram re-
sultados rápidos. Eu lembro do momento em que tentei salvar
o meu casamento, jurava que não tinha jeito. Por isso é neces-
sário ter persistência. E, hoje, eu colho os frutos.
O que você precisou mudar para se adaptar à realidade tra-
zida pela Covid-19? Está passando mais tempo em casa, com
a família? Teve mais tempo para descansar, para cuidar de
seus bichos de estimação e está podendo praticar certos
hobbies, tais como cozinhar e cuidar das plantas? Foi o mo-
mento para você desacelerar, para você ter tempo de quali-
dade com a sua família.
Esse também foi um momento para você descer do seu pe-
destal, de deixar o orgulho de lado e entender que você não é
melhor que ninguém. Você vai olhar para as pessoas e enten-
der que precisa delas, que você não é autossuficiente. Talvez
você precise pedir dinheiro aos seus pais, talvez você precise
de atendimento médico no hospital, talvez você precise da
ajuda do seu porteiro ou do seu vizinho. Então, acabe com
seu orgulho.

58
Seu
posicionamento
é o que vai te
levar além em
meio ao caos.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Quer outro exemplo de ganho que você pode ter mesmo em


meio à crise? A gratidão. Se você vivia reclamando do seu
chefe, do seu professor, do engarrafamento… e agora? Você
sentiu falta de tudo isso? As pessoas desse mundo só estão
dando valor às coisas quando perdem. Como podemos di-
zer que o momento tem apenas nuances ruins se nós pode-
mos exercitar a gratidão e mudar nosso caráter?

Toda pessoa grata é vitoriosa, toda pessoa


verdadeiramente grata tem um padrão
de vitória e certamente vai conseguir
superar qualquer desafio que surgir em seu
caminho.

Mas o que tudo isso tem a ver com posicionamento? Todos


temos alguma coisa para mudar, seja muito ou pouco. Quem
pensa que não tem nada para mudar é alguém arrogante, pre-
potente, autossuficiente, vaidoso. Mas se você tem o mínimo
de sanidade, você tem algo para mudar. E uma coisa que você
precisa fazer urgentemente é se posicionar!
Não queira agradar todo mundo, não queira ter a aceitação
de todo mundo. Posicionamento é ocupar os espaços em cada
área da vida. É agir, falar, relacionar-se de acordo com quem
de fato você deveria ser em cada uma das áreas da vida. Posi-
cionar-se é ocupar os lugares que lhe são devidos. Você tem se
posicionado enquanto pai, mãe, profissional, filho, esposa?

60
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Quando você se posiciona, se torna líder do lugar em que es-


tiver, e isso o levará a novos patamares.
Se você não ocupar os espaços que lhe são devidos, então
outra pessoa ocupará, e, nesse momento, será instaurado o
caos. Quando um pai se posiciona como amigo, a vida dos
filhos fica destruída, pois, não são colocados limites. Mãe é
mãe, amiga é amiga. As funções e os papéis são completa-
mente diferentes. Quando seu filho te trata como amiga, você
deve deixar bem claro que é muito mais que uma amiga dele,
é mãe, e se posiciona como uma mãe. Mãe age como mãe, mãe
se posiciona como mãe, mãe impõe limites como mãe. Mãe
não tem como ser melhor amiga, mãe é simplesmente mãe.
Seja verdadeira comigo, você consegue entender agora qual a
real necessidade do posicionamento? Você consegue enten-
der que o posicionamento te leva a novos níveis na sua vida
pessoal, financeira, profissional, social, familiar e espiritual?
Então, ocupe suas devidas posições a partir de agora.

ANOTAÇÕES

61
Você jamais
vai encontrar
uma pessoa
de sucesso
duradouro que
não tenha um
posicionamento
forte.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

1.5. MEDO E CORAGEM


Um dos maiores objetivos deste livro é a transformação. Trazer
a mais profunda consciência e a clareza de quem você vinha
sendo, o que guiava as suas decisões e o que você não fazia. É
uma tríade: novas pessoas, novas decisões e novos lugares.
O principal estado de qualquer transformação é a consciên-
cia. Quantas vezes você, sem perceber, acabou fugindo do seu
propósito por medo de falar em público, medo de assumir
compromissos, medo de fracassar, de errar, de não ser aceita?
Quem são as pessoas que você conhece que contam histori-
nhas para escapar de situações que lhes causam medo?
Hoje, você tem medo de quê? Qual é o seu maior medo?
Você tem medo de ser rejeitada? Medo de não ser amada?
Medo de não dar conta? Medo de não ter condições financei-
ras para sobreviver? Medo da solidão? Medo de morrer?
A sua transformação só começa quando você muda a forma
como você se vê. “Como assim, Camila?”. Existem duas cate-
gorias de medo:

1. O medo racional, que entende que o seu cérebro


funciona e se manifesta como um mecanismo de
proteção;
2. O medo emocional, aquele que te paralisa.

O medo racional está ligado a sua inteligência, a sua raciona-


lidade. Ele te diz: “sou saudável e meu cérebro funciona, por
isso eu tenho medo”. Ele é responsável por te fazer entender
que se você entrar embaixo de um caminhão, vai se machucar.

63
Os medos
emocionais
te paralisam
e te fazem
adoecer.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Esse medo está ligado a sua preservação e deve ser mantido,


ele traz consciência. Todos os medos ligados a consciência de-
vem ser mantidos.
Mas, o medo que eu realmente quero te falar, é o medo emo-
cional. Ele não é constituído pelo instinto de preservação, mas,
sim, de memórias e experiências que vivemos no passado. Ele
está ligado a situações que já vivemos e que fugimos desespe-
radamente para não viver novamente. É o medo de fracassar,
porque você viu o seu pai fracassando. É o medo de ser traída,
porque você viu sua mãe sendo traída. É o medo de ter um
filho, pois você teme que essa criança viva os mesmos medos
que você viveu, existe o receio de não saber educar essa crian-
ça direito, com todo amor, cuidado e proteção necessários.
O que você precisa para resolver o seu medo? Coragem? Mui-
tas pessoas buscam coragem para vencer os seus medos. Se es-
tivessem dando coragem em uma fila, você entraria nessa fila?
Sabe qual é o maior medo das pessoas? Falar em público.
Constatei isso em minha palestra durante o Método CIS.
Mas, falar em público te mata? Te fere de alguma forma? É
um medo emocional. O medo de falar em público nasce em
sua necessidade de aprovação. Na sua carência de infância de
ser amado e aceito. Você tem medo de falar em público por
medo de ser criticado.
Os medos emocionais são uma tragédia, nascem a partir da
nossa história e trajetória. É o modo como eu e você nos en-
xergamos. Em cada instância de nossa vida temos inúmeras
formas de nos colocarmos. O medo é a forma como você se
enxerga (crença de identidade) e ele foi constituído em suas
memórias, nas experiências que viveu.

65
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Tudo que eu e você vivemos hoje, fala da nossa identidade,


como nós nos vemos. Eu cuido da minha saúde na mesma
proporção que eu enxergo que eu tenho valor. Você tem uma
identidade que é só sua, e ela também produz medo.
O medo e a sua identidade foram construídas nas nossas me-
mórias, nas experiências que vivemos e cada memória tem
um significado que demos.
Os medos que você já venceu mostram que você conseguiu
vencer feridas emocionais que distorciam a forma como
você olhava para aquela área da sua vida. O medo é o pen-
samento sobre quem você é, a forma como se vê. O medo fala
completamente sobre a sua crença de identidade. O medo fala
sobre o seu valor. O medo é uma fé ao contrário.
O medo é uma energia tão poderosa quanto a fé, porém, foca-
da no lugar errado. A fé move montanhas, mas o medo tam-
bém move. A mesma montanha que a fé move, atraindo coisas
boas e coisas que você deseja, o medo move. Mas é a monta-
nha das desgraças que você teme para sua vida. Os dois pos-
suem a mesma energia, mas a fé é a Visão Positiva de Futuro,
que você crê que vai se realizar na sua vida.
A mentalidade que nós utilizamos para trazer a fé para a nos-
sa vida, é a mesma utilizada pelo medo. Mas o medo só nos
traz desgraças, enquanto a fé atrai somente o bem. Entenda,
as duas forças existem dentro dentro de você, só que você está
apontando para a montanha errada.
Uma leoa tem sete características, ela anda sempre acompa-
nhada de outras leoas, se prepara para proteger suas crias e
todo o bando, sabe exatamente qual é o papel dela.

66
Os seus medos
só existem
porque você
ainda não
entendeu
quem você
nasceu
para ser.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Leoa não precisa de coragem para matar uma zebra, leoa não
precisa de coragem para ser parceira. Por que uma leoa não
precisa se posicionar, se conectar com as outras, para fazer
o papel dela de provedora e aglutinadora? Porque ela sabe
quem nasceu para ser. Quando você sabe quem nasceu para
ser, não é preciso mais nada.
Por que um leão não precisa de coragem para ser o rei da selva
e fazer o que nasceu para fazer? Porque ele sabe quem nas-
ceu para ser. Do mesmo jeito que a leoa sabe o que nasceu
para ser. Os seus medos só existem porque você ainda não
entendeu quem você nasceu para ser. É o instinto, e ele é
natural em mim e em você, ele fala de nossas capacidades,
ele flui. A sua identidade, quem você nasceu para ser, cala
os teus medos. Se você sabe quem você nasceu para ser, você
não teme em a­ penas ser.
Isso fala da forma como você tem olhado para a sua vida. Se
você tem tido medo de não dar conta, isso fala da forma como
tem olhado para a sua capacidade. Você nasceu com uma iden-
tidade, só precisa saber quem é. O seu instinto está aí, mas
sua alma está presa nas memórias do passado e do medo. A
sua memória está colocando seus instintos em uma caixa pre-
ta, e eles estão gritando querendo sair, mas não conseguem.
Pois, os seus olhos estão olhando para o caminho errado. Eu
preciso te dizer que, quem sabe a sua real identidade não
precisa de coragem.
Você não precisa de coragem! O que você precisa é entender
o seu valor. Na hora em que você entender o seu valor, vai
fluir. A coragem é a mesma manifestação do medo.

68
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Eu tinha muito medo da crítica. “Mas por que, Camila?”, porque


a crítica expunha uma fratura emocional muito grande que eu
­tinha. Sempre que eu me via em uma situação de risco, de medo,
dava um jeito de manipular, de mentir, de fugir, e isso adulte-
rava meu caráter. Quanto mais o medo definia o meu caráter,
mais me distanciava da pessoa que Deus queria que eu fosse.
Uma meia verdade é sempre uma mentira. Um exemplo,
uma vez eu saí para deixar uma pessoa no aeroporto e eu pas-
sei em uma rua cheia de buracos, e eu preciso admitir, eu gos-
to de correr. Eu vinha acelerada, no celular, pensando em mil
coisas ao mesmo tempo, e passei por um buraco onde rasguei
dois pneus. O meu marido nunca reclamou de carro, de pneu
furado, mas eu era tão sequelada emocionalmente pelos meus
medos de crítica e rejeição, que ao invés de eu chegar em casa
dizer: “Amor, olha que loucura, estava correndo, no celular,
não prestei atenção, estava acelerada, rasguei dois pneus do
carro”, mas eu inventei uma história tão ridícula, eu contei
uma meia verdade. Todas as vezes que tento disfarçar algo, eu
estou mentindo. Eu tinha muita coragem para algumas coi-
sas, mas essa coragem me dizia que, na verdade, eu não sabia
o meu real valor.
Você precisa entender que é preciosa, e que existe um propó-
sito na sua vida! Lembre-se: corajosa, você é tão desconec-
tada da sua essência quanto a ­medrosa.
Quando você enxergar quem realmente é, você não terá mais
medos emocionais! O que você fala da boca para fora sobre
a sua identidade, é porque você ainda não acabou com o seu
orgulho e a sua vitimização, você ainda não rasgou a sua alma
para quem você realmente é!

69
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Ao longo dessa leitura, trouxe a consciência de que você deve


ser responsável por aquilo que você é na sua vida. Em segui-
da, que você deveria jogar o seu amante (orgulho) num quarto
escuro e jogar a chave fora e que você precisa demitir o juiz
(vitimização). Depois, eu te mostrei que o teu não posiciona-
mento ou o posicionamento exagerado colocaram na tua vida
um fardo exagerado.
Eu tenho a convicção que eu não estaria aqui hoje se eu não
estivesse lado a lado das pessoas que seguraram a minha mão
durante a minha jornada. Eu não conseguiria sozinha, tenho
pessoas que foram suporte emocional para mim na parte de
cura das feridas da alma, precisei de uma sustentação espi-
ritual, precisei todos os dias de mim mesma para viver um
passo de cada vez.
E, agora, estou te dizendo que você tem que conhecer quem você
realmente é. A consciência cura, a consciência liberta, ela
gera uma energia que você nem sabia que tinha. Essa força
vai te trazer pequenos movimentos para um processo sem fim.
Agora, eu te faço um desafio para você possa seguir em frente
nessa jornada: faça uma surpresa de amor para si! Saiba o seu
valor! Você só vai aprender a amar ao próximo como a si mes-
mo quando você entender quem você é de verdade e aprender
a se amar.
Em síntese,

1. Os medos emocionais te paralisam e te fazem ­adoecer.


2. Os seus medos só existem porque você ainda não en-
tendeu quem você nasceu para ser.
3. Quando você enxergar quem realmente é, você não
terá mais medos emocionais.

70
Você nasceu
para uma vida
abundante! A
sua jornada de
transformação
está só
começando.
CRIANDO CONGRUÊNCIA

A OUTRA FACE DO MEDO


O medo é uma das coisas que te faz adoecer. O medo machu-
ca e ninguém suporta conviver com medos crônicos. O medo
crônico te leva a ter problemas de saúde, dores crônicas, pro-
blemas financeiros. Então, você precisa identificar se tem al-
gum desses medos crônicos. Medo de ser abandonado, traído,
de morrer, de perder algum familiar, medo de ficar longe de
alguém.
É o medo que dá limite às nossas ações, é o medo que te faz
pensar e planejar. Imagina, se você não tiver medo de uma
avenida larga e com grande fluxo de carros, você vai atra-
vessar essa avenida sem pensar nas consequências e, muito
provavelmente, vai se machucar. Se você não tiver medo de
saltar de paraquedas, talvez você salte de qualquer maneira,
sem planejar e sem checar o equipamento. Então, o medo é
bom porque ele pressupõe a perpetuação da vida. Por isso,
precisamos respeitar o medo.
Por exemplo: se você nunca empreendeu na vida, não pos-
sui experiência ou mesmo conhecimento, e está começando a
empreender sem nenhum tipo de medo, com certeza vai que-
brar. A falta de medo nessa situação vai te impedir de planejar
e se preparar para esse momento.
Quando é que o medo não é bom? Quando ele te trava, te im-
pede de avançar. Para que serve o medo? Para que você e eu
possamos estudar, aprender, para que possamos nos preparar
para os desafios, para que consigamos prever cenários, ava-
liar propostas. Isso é tão verdade que, à medida que você vai
aprendendo algo, seu medo vai diminuindo.

72
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Se você está com medo de mudar algo em sua vida, talvez


seja por um único motivo: você não está preparado o sufi-
ciente para essa mudança.
Portanto, sugiro que você planeje, busque novos conhecimen-
tos e aprofunde-se naquilo que você já sabe. Lembre o que
você sabe te trouxe até aqui, e a partir de agora, o que vai te
levar além é aquilo que você ainda não sabe.
Se você está prestes a casar e está cheia de medo, procure fa-
zer cursos, ler livros, conversar com as pessoas que tiveram
sucesso no casamento e também as que não tiveram, afinal,
elas vão lhe mostrar exatamente o que não fazer. É uma ver-
dadeira preparação para essa nova fase da sua vida.
Quer saber um outro aspecto interessante do medo? Muitas
vezes somos criados para sermos perfeitos e infalíveis,
verdadeiras máquinas abominadoras das falhas e erros.
Mas acredite, você não precisa ter medo de errar. Sério! O
erro é uma etapa fundamental do processo de aprendizado.
As pessoas que realizaram muito erraram muito também. Por
outro lado, pessoas que não realizaram, também não erraram.
Você pode perceber que grandes empresários, grandes políti-
cos, cometeram várias falhas ao longo do caminho, a grande
diferença entre eles e as pessoas que fracassaram é que eles
aprenderam com suas falhas.
Então, quando você começar uma empreitada, planeje, pen-
se e trace objetivos, mas se der errado, não tem problema.
Quem é realizador já errou e errou bastante, então, não
se puna, não se martirize por errar. Errar é: necessário,
aprendizado e c­ onquista.

73
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Ficou claro o quanto o medo, em suas mais diversas formas,


nos impede de seguir em frente, de nos desafiar, de aprender
coisas novas? Escreve aqui atitudes que você irá tomar agora
que trouxe consciência para o medo e suas consequências:

1.6. MEMÓRIAS
Como falar de sucesso se você está morrendo um pouco a
cada dia? Você tem a sensação de que a cada dia acorda um
pouco menos viva? Será que você não tem se colocado como
a pior pessoa do mundo? Se você disse que sim, será que você
não tem sido dura demais com você? Será que você não tem
se cobrado muito?
"Camila, o que significa morrer um pouco a cada dia?". Atra-
vés do medo crônico, aquele que você viu aqui, o medo de-
sesperado de perder alguém, medo de perder dinheiro, medo
de seus filhos entrarem nas drogas, todos os medos possíveis.
Também através do sofrimento crônico, que as pessoas vivem
anos e anos com a mesma dor dentro de casa, com o casamen-
to ruim, com os filhos doentes, você se sente estagnada, não
consegue prover mais dinheiro para resolver os problemas.
Também uma forma de morrer todo dia. A frustração crô-
nica vem das pessoas que pensam que vai dar certo e não dá.
Sãos as frustrações que você tem durante a vida, você imagina

74
CRIANDO CONGRUÊNCIA

os dias bons, mas, no fim, acaba vivendo o mesmo. O estilo


de vida disfuncional também é uma forma de morrer a cada
dia. Você não tem hora para dormir, para acordar, come com-
pletamente errado ou come o que não pode, ou não consegue
comer, vícios. Esses quatro comportamentos matam a pessoa
um pouquinho a cada dia. Se você tem vivido esses compor-
tamentos, quanto tempo você ainda aguenta? Suas emoções
estão desalinhando todo dia um pouquinho mais.
Mas, agora, eu quero te falar sobre a coisa que mais mata, que
é silenciosa, nós não paramos para falar nelas, e elas são a base
de tudo. O que mais te matou nos últimos anos foram as
suas memórias traumáticas. Elas adoecem o corpo e a alma.
As memórias são tudo que você viveu, desde a sua concep-
ção até hoje. Essas são as nossas memórias. A saúde física,
emocional e espiritual de um indivíduo é formada por suas
memórias. Você é a somatória das suas memórias. Tudo que
você comeu até uma hora atrás, são memórias. Tudo que você
estudou, tudo que você viveu, todos os aprendizados, tudo
que você sabe e não sabe, são memórias. Tudo que eu e você
ouvimos, vimos e sentimos ao longo da nossa história, estão
empilhadas na nossa mente em forma de memórias.
Tudo que eu vivi e você viveu é uma experiência, um mo-
mento, e para cada momento o ­nosso cérebro produziu
um significado e um sentimento.
Por exemplo, a Camila, com três anos de idade, foi passear
com os pais em uma praça, e nessa praça tinham várias crian-
ças brincando de roda, e a Camilinha quis brincar com essas
crianças, e na hora que ela quis brincar, os pais da Camilinha
se preocuparam, pois as crianças eram maiores, então eles
disseram que não, pois era perigoso.

75
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Uma memória, uma experiência. Naquele momento, a Cami-


linha entendeu que brincar com crianças maiores, desconhe-
cidas e em um lugar que ela não conhecia era perigoso, e para
essas memórias ela associou o medo e o perigo.
Você precisa entender onde a memórias interferem na sua
história. Eu vou te falar a maior verdade da sua vida, a palavra
de Deus diz sobre mim e sobre você, que antes que nós fosse-
mos conhecidos pela nossa mãe, o senhor já nos conhecia, ele
já tinha planos para nós. A nossa identidade não está nos
nossos documentos, a nossa identidade é aquilo que Deus
nos deu, não foi o meu pai ou seu pai e sua mãe, eles nos
deram a vida, mas o senhor nos deu a nossa identidade.
Deus tem pensamentos de paz para nós, ele nos dá esperança
para o nosso futuro. Onde foi que você se perdeu em suas ex-
periências passadas que você aceitou uma identidade que não
é sua? O maior afastador dos propósitos de Deus em nossas
vidas são as memórias.
Eu tenho memórias e você tem as suas. A mulher forte do pas-
sado, realizadora, com prosperidade financeira, todo mundo
olhava de fora e admirava a grande empresária, com filhos
saudáveis, um marido próspero, uma empresa linda e de pro-
pósitos. Essa mulher cheia de grandes resultados era cheia de
dor, era cheia de desconexão com os verdadeiros valores.
Então, talvez você tenha a mais profunda convicção de dor,
pois você acreditou nos post-it que colocaram nas suas me-
mórias de infância, como preguiçosa, lenta, bagunceira, pou-
co inteligente, foi lá que você se perdeu. Assim nasceram as
nossas memórias.
Na Teoria Geral das Memórias, pesquisa realizada pelo Pau-
lo Vieira, perito em comportamento humano, são 22 anos

76
CRIANDO CONGRUÊNCIA

l­ evando ­ferramentas de reprogramação de crenças, ressigni-


ficando memórias, levando pessoas em um estado depressivo
para o caminho da vida plena e abundante.
Essa teoria diz que eu e você só seremos fortes e saudáveis
emocionalmente, fisicamente e espiritualmente se nós enten-
dermos nossas memórias. E nós precisamos de sete tipos de
memórias. E suas dores são provenientes de todas as dores
presentes em suas memórias, aquelas que ditam a vida que
você tem hoje.
Eu vou te ensinar quatro dessas sete memórias, para te aju-
dar a olhar para a sua história, porque a verdade liberta. Os
planos do senhor para você é prosperar e não de causa dano.
Você precisa desses quatro tipos de memória: pertenci-
mento, importância, conexão em amor e de limite e
­autorresponsabilidade.
Eu vou te contar uma história. O meu pai e minha mãe ti-
nham o hábito de todo dia, quando saiam para trabalhar, tra-
zer um presente para mim. Todo os dias, meu pai trazia uma
revistinha, um gibi, um bombom, era um mimo. Aquela me-
mória me dizia que ele lembrava de mim quando ele estava
trabalhando, que eu era importante para ele. Isso me lembra
­por que eu sempre viajo e trago uma besteirinha para os meu
filhos, ele desenvolveu essa linguagem de amor em mim. Nes-
se momento, eu empilhei memórias no meu cilindro de me-
mórias, eu entendia que eu era importante, que o papai ia
voltar com presente, que eu era amada, que eu tinha valor,
que eu era preciosa e eu guardei essas memórias.
Em outra situação, me lembro que eu não gostava do entarde-
cer, eu adorava o pôr do sol, mas não gostava do entardecer,
eu ficava triste, eu detestava aquele momento do dia.

77
CRIANDO CONGRUÊNCIA

E eu, em uma sessão de coaching, vi em um momento de vi-


sualização eu, pequena, na minha escolinha, vendo todas a
crianças indo embora e eu ficando, eu via a sala ficando vazia,
vi a noite chegar, vi a professora indo embora e eu ficando
sozinha. Naquele momento, veio as memórias de “te esque-
ceram, você vai ficar aqui sozinha, se te esqueceram você não
é amada, você não tem valor”. Lembre-se, criança não pensa
como adulto. Se o seu filho se perdeu no meio do caminho,
foram as memórias que você empilhou nele.

1. MEMÓRIA DE PERTENCIMENTO:
Um bebezinho precisa saber que pertence a papai e mamãe, e
quando cresce mais um pouquinho, a família ainda é o centro
da sua razão. Para uma criancinha de 3 aninhos, o mundo
dela gira em volta de papai, mamãe e irmãozinhos. Tudo que
eles vivem nesse ambiente é lei. Você tem memórias de per-
tencimento da sua infância? De se sentir parte de um grupo,
de se sentir parte da sua família?

2. MEMÓRIA DE IMPORTÂNCIA:
Eu e o Paulo sempre gostamos de fazer o mêsversário dos
nossos filhos e fizemos festas lindas. As pessoas costumavam
dizer: “sério? Vocês vão gastar dinheiro com festa de aniver-
sário de um ano? A criança nem lembra”, o que as pessoas
não sabiam e nem tinham convicção é que essas memórias
são eternas. Quando você separa um bolo, uma vela, um ba-
lãozinho em cima de uma mesa e celebra a vida dela, você está
dizendo para ela que é amada, que ela é importante.

78
CRIANDO CONGRUÊNCIA

3. MEMÓRIA DE CONEXÃO:
Pensem em uma mãe que está ocupada e o seu filho chega
exigindo a sua atenção, então a mãe vira e fala: “Misericórdia,
menino! Estou ocupada! Fala menino!”. Agora, veja de outra
forma, a mesma situação, só que a mãe vira e fala: “Só um mi-
nuto, filho!”, então ela se vira e se ajoelha para dar a atenção
ao filho. Demorou o mesmo tempo que ela levaria para re-
clamar, mas neste momento, ela se conectou em amor, neste
momento ele entendeu que era amado.

4. MEMÓRIA DE LIMITE E AUTORRESPONSABILIDADE:


São aquelas memórias que geraram em nós a percepção dos
lugares a serem ocupados e nossa função em cada um deles,
sabendo o que nos é permitido, lícito e o que recai como de-
ver.
Identificar as lacunas em toda essa carga que carregamos re-
quer coragem, humildade e verdade. Aplicar esses princípios
é a única forma de lidarmos com os traumas gerados ao lon-
go da vida. As nossas memórias são responsáveis por nossas
crenças. A ordem entre o SER, FAZER E TER é ditada jus-
tamente pelo acúmulo das nossas vivências e como orga-
nizamos isso.
O caminho está em ressignificar as nossas memórias. Lidar
com elas de maneira a aplicar esses registros de uma forma a
não nos causar dor e não travar o nosso crescimento, é fun-
damental para nossa estrutura emocional. Não é tarefa fácil,
mas você tem obtido ferramentas para isso.

79
CRIANDO CONGRUÊNCIA

Será necessário você combater a culpa, a autopunição e a au-


tossabotagem para se reconectar com a sua verdadeira iden-
tidade. Aja considerando o perdão como uma ferramenta po-
derosa para romper com laços que te prendem, incluindo o
perdão a você mesma.
Não importa o que te fizeram até aqui, o que importa é o que
você vai fazer daqui pra frente, a nova história que está sendo
escrita a partir de agora, onde você está dizendo “CHEGAAA”
para todo esse acúmulo de informações entulhadas sobre
você. Eu estou com você e não largo a sua mão.

ANOTAÇÕES

80
PELO QUE VOCÊ LEU ATÉ AQUI, QUE
DECISÕES VOCÊ TOMA HOJE?
C A M I L A S A R A I VA V I E I R A

/ C A M I L AS A R A I VAV I E I R A

@ C A M I L AS A R A I VAV I E I R A
CAPÍTULO 3

SAIA DO LUGAR QUE LIMITA A SUA VISÃO

1.1. DESBLOQUEIE A SUA VISÃO


Agora, nós vamos fazer uma viagem juntos, uma viagem
para o espaço. Você vai entender que o seu lugar é nas alturas,
é na lua. Primeiro, para realizar esta viagem, você precisa as-
similar que o pressuposto básico para qualquer transforma-
ção de alguém é a consciência. Portanto, enquanto você não
tiver consciência plena, não será possível saber quem você é
e de onde você está, não será possível conectar a razão com a
emoção, não será possível a sua evolução.
Para você desenvolver a sua consciência plena, não é pre-
ciso coragem, você só precisa de treino. Treinar os teus

83
VISÃO

novos comportamentos te levará além. Isso vai te fazer


desenvolver uma nova linguagem e uma nova comunicação,
eliminando o que limita a tua visão. Aqui, eu vou te mostrar
o que tem limitado a sua visão e te impedido de ir além. Eu
vou te ensinar a superar isso.
Vou te contar a minha história. Durante muitos anos, sem-
pre que eu vivia um momento difícil, fazia a seguinte oração:
“Senhor, me tira do lugar que tem limitado a minha visão”. Eu
não sabia exatamente o poder desta oração, mas sentia que
ela me conectava com um socorro, com uma ajuda que estava
próxima de mim. Era um sentimento de abrir meus olhos, de
entendimento. “Mas, Camila, enxergar o quê?” O que eu pre-
cisava aprender e mudar.
Às vezes, o que tira a sua visão é um lugar físico. Mas, às vezes,
pode ser um estado emocional, com sentimentos péssimos de
raiva, de ódio, de amargura, pessimismo, de pecado etc. Ou,
então, podem ser as suas conexões pessoais. Elas podem ser
pessoas que não deveriam estar com você. Em suma, o lugar
que limita a nossa visão, varia nestas três esferas: nas pessoas
em que estamos conectadas, nas nossas emoções e em nossos
comportamentos.
Vou te revelar o maior segredo do mundo: a chave que resol-
ve todos os nossos problemas é conhecer a nossa verdadeira
identidade. Se você não sabe quem é, nem o que nasceu pra
ser, você vai estar sempre no ambiente errado. Não impor-
ta o que você faça, se não tiver consciência da sua identidade,
você estará ­perdido(a).

84
VISÃO

Vou citar algo que está na bíblia. O povo de Deus é a identida-


de. Sempre que eles estavam em uma situação muito ruim, de
adversidade, era porque eles tinham perdido a visão. Ou seja,
tinham desobedecido às ordens de Deus, tinham blasfema-
do, tinham comunicado ingratidão, pecado, tinham adorado
a outros deuses, enfim, tinham esquecido das identidades de-
les. Diante disto, eles sempre colhiam as consequências.
Ao clamar ajuda, Deus sempre mandava a punição, mas tam-
bém enviava o socorro junto de uma ordenança: “meus filhos,
lembrem de quem vocês são. Tu és o povo de Deus. Façam o
que eu os destinei para fazer.”

O lugar que limita a nossa visão, é o lugar


onde nós nos colocamos em desobediência
com os nossos destinos, em desconexão
com nossa identidade real.

Sempre que alguém sai do caminho que foi destinado vi-


ver, vai ter resultados ruins.
É neste momento que começam aquelas histórias: “estou tão
perdido, não estou vendo sentido na minha vida.” Somente
quando você entender que está em um lugar que sua visão está
bloqueada e decidir aprender, você encontrará a saída. “Por
que você está dizendo isso, Camila?” Eu acredito na palavra de
Deus. Creio que viemos aqui para ter uma vida em abundância.

85
VISÃO

Todas as vezes que estamos cegos, sem enxergar a nossa


real ­identidade, optando por comportamento, lugares e
pessoas que não têm nada a ver com quem fomos criadas
por Deus para ser, estamos com a visão limitada.
Em suma, te expliquei como você fecha a sua visão em deso-
bediência. Fiz um paralelo com a palavra de Deus. O socorro
vem te ensinando que tem algo para mudar, e o que te limita
é o lugar que você tem que aprender, a forma que você crê que
é. As crenças sobre você mesmo limitam a sua visão. Mas,
também, a forma como você se comunica, como pensa e sente.
Sinceramente, o que você tem comunicado o dia inteiro? É
vitória ou derrota? Gratidão ou reclamação? Felicidade ou
raiva? Pelo que você tem agradecido? Como comunica sobre
o que você é? Saiba que isso está te impedindo de viver, a tua
vida abundante. Está impedindo a promessa de Deus na tua
vida. “ACORDA! Tenha uma comunicação correta, positiva!”
A palavra diz que o poder de vida e de morte está no que sai
da nossa boca, que a nossa boca abençoa e amaldiçoa. Vigia o
que sai da sua boca, porque o que mata não é o que entra, é o
que sai. A lamúria está na mesma proporção da oração, só que
a oração te conecta com Deus e a lamúria com o diabo.
Outro fator que limita a sua visão são os seus pensamen-
tos. Como estão os teus pensamentos? Quais são os pen-
samentos que você tem ao seu respeito? Aquela coisa que
ninguém fala, mas você perde o sono só pensando? São pen-
samentos de vitória ou de derrota? De paz e guerra? De que
melhores dias estão por vir ou de desgraças? Os teus pensa-
mentos destroem a tua visão.

86
VISÃO

O terceiro ponto é a forma como você sente o seu sentimen-


to. É um sentimento de alguém vitorioso ou de alguém que é
“coitadinho”? É de alguém que se sente pronto todos os dias
para vencer ou de quem acorda reclamando? Que sentimen-
tos têm no seu coração? Se eles forem bons, a sua visão vai
estar livre para enxergar. Se for ruim, todo o seu corpo estará
ruim.
Por fim, o lugar que limita a nossa visão é o de não fazer
o que tem que ser feito, é o comunicar errado, são as nos-
sas palavras. Tudo isso grita sobre quem você é. Quando co-
munica algo ruim, você pensa ruim, consequentemente, age
ruim e passa acreditar que não é capaz. Lembre-se: comuni-
cação não é só a fala. É o corpo, é a decisão, é a ação, é o seu
agir. Tudo está comunicando.
A visão é a benção que você tem esperado. Está nas tuas mãos,
você escolhe se quer entrar na jornada ou ficar fora dela. “Ca-
mila, você fala e parece que é simples”. Não parece, realmente
é bastante simples. Basta você querer.

Te proponho um exercício: anote em um papel o quanto


você quer ganhar em dinheiro. Escreva o que vier na sua
mente, rápido. Em sequência, escreva o quanto você acre-
dita que consegue ganhar. O que você escreveu que deseja
ganhar, fala da sua crença de merecimento, porém, o que
você acredita que consegue ganhar, fala da sua crença de
capacidade. A sua crença de capacidade limita a sua visão.

87
VISÃO

Portanto, quem está limitando a sua visão? Quem está sendo


a sua pedra de tropeço? É a tua crença de capacidade. E de
onde nasce a sua crença de identidade e tira a sua crença de
capacidade do seu caminho? Nasce na hora que você descobre
quem é e entende o que você nasceu pra ser. Neste momen-
to você terá uma revelação bombástica: quem você nasceu
para ser já existe aí, dentro de ti. Basta deixar sair.

PESSOAS

LUGARES

DECISÕES

Agora, vou te levar ao espaço. Neste momento, você é um


foguete. Todo foguete é formado por três estágios: decisões,
pessoas e lugares. Isso é a nossa vida. E como todo foguete,
para nós rompermos as três esferas da terra para chegar ao
espaço, nós precisamos de combustível. Em cada um dos es-
tágios você tem a energia necessária para ir além. Nós depen-
demos de escolhas, de pequenas decisões.
Primeiro passo, decisões. Decida ir além, aja diariamen-
te. Como eu disse, pequenas decisões provocam mudanças
­extraordinárias. Em seguida, pessoas. Se conecte com pes-
soas que você quer tornar-se. As relações que você cultiva te
influenciam diretamente.

88
VISÃO

Observe se as pessoas que você ama e convive possuem atitu-


des, comportamentos e pensamentos de quem quer ir além,
se eles não tiverem, tente levá-los para a jornada, do contrá-
rio, nãos os deixe te levar de volta para o buraco. Por fim, os
lugares limitam a sua visão. Escolha os novos ambientes
que você vai frequentar, esteja em lugares que te impul-
sionam a ir além. Isso vai te ajudar a ultrapassar as etapas
para alcançar a lua.
Vou te contar uma história, uma vez uma pessoa chegou para
mim e disse: “Ah, Camila, eu não vejo nenhum problema, eu
sou casada, mas não vejo nenhum problema eu ir para uma
festa x”, a tal festa que ela falou era cheia de bebida, prosti-
tuição, muita promiscuidade, e eu fiquei pensando porque eu
não exortei essa mulher. Mas, dias depois eu me reencontrei
com ela e amiga que é amiga, exorta. Eu falei: “Amiga, me
perdoa, porque era para eu ter te dito uma coisa, você está
vivendo no engano, se engana quem acha que está em lugares
que te limitam a visão, que está em lugares que não combi-
nam com quem você quer ser, se engana quem acha que vai
estar nesses lugares e não vai ser contaminado. Quanto tem-
po você consegue estar em um lugar desse sem errar? Sem
pecar?”. Selecione os lugares, seja sábia!
Pense, o Alpinista não começou no topo, foi através de uma
pequena conquista todos os dias. E quando você chegar no
alto, na atmosfera, sabendo quem você é, tendo uma vida que
combina com quem você nasceu para viver, vai ser leve, não
tem peso, não precisa de propulsores para romper algum tipo
de resistência, vai ter desafios, mas você sabe para onde olhar,
e como vencer.
Decisão pressupõe ação. Eu estou aqui por você e não vou lar-
gar da sua mão. Isso é uma jornada.

89
Escolha
os novos
ambientes
que você vai
frequentar,
esteja em
lugares que te
impulsionam
a ir além.
VISÃO

Agora, eu vou te dar uma explicação ainda mais profunda


para você entender a importância de estar atento(a) à tríade
pessoas, decisões e lugares.
Você quer ser uma pessoa abundante? Vivendo aquilo que
você nasceu para viver? Sendo a pessoa que você nasceu para
ser? Então siga os passos abaixo:

1.1.1. PASSO UM: DECIDA, DECIDA E DECIDA


Todas as pessoas, inquestionavelmente, passaram por alguma
dor no passado. Pode ter sido uma perda ou problemas con-
jugais, financeiros ou de saúde. E tudo isso marca o sujeito
em diferentes profundidades. No entanto, por mais profunda
que seja, essa dor é necessária para o indivíduo, pois estimula
o crescimento e desenvolve as virtudes dele. Afinal, uma coisa
é certa: ninguém cresce apenas nos momentos felizes e fáceis
de lidar, mas também nas horas de dor, pois são as dificulda-
des que trazem aprendizados essenciais para a vida.
Um dos benefícios da dor é o fato de ela funcionar como
um sintoma de algo que precisa ser tratado, atuando
como um sinal de alerta, tanto no que se refere ao lado
físico quanto ao emocional. Por isso, ela é necessária e uma
importante aliada para os seres humanos no que diz respeito
ao seu crescimento. Esse sentimento ajuda o indivíduo a se
tornar alguém melhor, aperfeiçoando seu caráter, lapidando
o pensamento e selecionando o que foi feito de positivo.
Que as pessoas sintam dor ao lembrar-se de experiências ne-
gativas vividas, no entanto, o que os indivíduos fazem com
tais momentos (torná-los sofrimento ou aprendizado) é uma
questão de escolha. Portanto, a escolha pelo sofrimento ou
não pertence ao sujeito, destacando, ainda, que o sentimen-
to é capaz de denotar busca e, principalmente, mudança.

91
Você é a pessoa que está
no controle, você é o único
ou a única responsável
pela sua vida, pelas suas
decisões. E, se você tem
o poder de escolher, por
que você não escolhe ver
o lado bom das coisas?
Por que você não escolhe
andar com pessoas que
estejam mais alinhadas com
quem você quer se tornar?
Lembre-se: os recursos
estão dentro de você,
basta que decida usá-los.
VISÃO

1.1.2. PASSO DOIS: PRESTE ATENÇÃO


NAS PESSOAS E NOS LUGARES
“Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Esse versículo da
bíblia é extremamente verdadeiro. Uma pesquisa realizada por
Nicholas Christakis (Universidade de Harvard) e James Fowler
(Universidade de Stanford) mostrou que as pessoas são influen-
ciadas pelas cinco pessoas mais próximas a elas – amigos e
familiares. E tem mais: os amigos dessas pessoas mais próximas
também irão exercer influência nela, formando uma escala que
se prolonga até o terceiro nível das relações.
Em outras palavras, os relacionamentos funcionam como verda-
deiras redes em que os indivíduos estão conectados influencian-
do uns aos outros. De forma mais prática: se alguém anda com
pessoas de sucesso, a tendência é de que ele também tenha
sucesso, enquanto se os amigos não forem bem-sucedidos, a
tendência é que sua performance e seus resultados também
sejam baixos. Isso é provado cientificamente. Da mesma forma,
se o amigo do amigo for acima do peso, as chances de a pessoa
também ficar acima do peso aumentam.
Diante disso, é essencial selecionar os ambientes que você
frequenta, o grupo de pessoas com quem você anda, a car-
ga emocional à qual está exposto e assim por diante. O seu
futuro está completamente ligado a esse fator, de modo que,
se não houver um filtro, você poderá se tornar reflexo de pes-
soas negativas. Consequentemente, a sua jornada para uma
vida abundante ficará cada vez mais distante.
Isso não significa, entretanto, que é necessário se afastar dos
seus familiares ou amigos que não correspondem a um bom

93
VISÃO

modelo de sucesso. O desafio está exatamente em gerenciar


essas relações, considerando quem são as pessoas que, emo-
cionalmente, são positivas e negativas na vida profissional e
pessoal. Assim, o foco deve estar principalmente nas boas
relações, ou seja, naquelas consideradas boas influências.

1.2. REJEIÇÃO
Vou falar agora de um assunto desconhecido para várias pes-
soas, mas altamente relevante para entendermos de onde vêm
nossas crenças e comportamentos. Se você tem memórias e
lembranças que te afastam do seu verdadeiro eu, que te ma-
chucam, talvez você esteja sofrendo com os frutos da rejeição.
E eu estou aqui para te deixar um alerta: a rejeição pode estar
sendo um dos fatores que limitam a sua visão.

“Por seus frutos, os conhecereis...”


Mt. 7:16.

A Bíblia é clara ao dizer que todos nós somos conhecidos por


aquilo que produzimos. Tudo que há em nós internamente se
torna conhecido pelos frutos que oferecemos. Uma autoaná-
lise com coragem, humildade e verdade é bem importante
para tentarmos entender quem nos tornamos e descobrir
qual a raiz disso tudo. Tudo aquilo que produzimos de de-
sagradável é reflexo de nossas emoções desalinhadas e isso
possui intensidades variadas.
Visualize uma grande árvore e imagine você colocando um fruto
para cada comportamento de tamanho diretamente proporcio-
nal à intensidade que ele age em sua vida. Você terá certamente

94
VISÃO

frutos pequenos e leves, e também frutos grandes e bem pesa-


dos, que talvez ocupem quase a árvore inteira.
Para facilitar a autoavaliação, vá analisando os perfis de com-
portamento seguintes: você é uma pessoa ciumenta, que reage
excessivamente julgando ter direito exclusivo, seja de cônjuge,
pais, filhos, amigos? É ansioso, vivendo o amanhã com o hoje,
possuindo preocupação extrema com aquilo que ainda não
aconteceu? É impaciente, não permite que as pessoas falem
e já tem respostas prontas para tudo? Sempre é a vítima da
história, sempre reclamando que a pior parte vem sobre você?
Possui vícios em fazer, de maneira que seja notada por aquilo
que produz e desta forma seus defeitos não ficam aparentes?
É crítica, geralmente porque devolve as que recebe sobre os
outros; critica por muito ser criticada? Tem medo de tudo, de
se arriscar, de perder, de não conseguir, de não alcançar?
Se percebe arrogante, prepotente, orgulhosa, se consideran-
do superior, detentora da razão e do conhecimento? Opos-
tamente, sente-se inferior, faz comparações e juízo de si
mesmo em relação aos outros? Consegue se enxergar como
uma desrespeitadora, entendendo que quando não damos a
honra a quem é devida, estamos desrespeitando? Possui ví-
cios, comportamentos compulsivos, repete as mesmas ações
inadequadas sem controle? Muitos seriam os exemplos e é in-
teressante que você continue a percebê-los e honestamente os
classifique dentro dessa árvore que é você. Tudo isso é conse-
quência das suas escolhas até aqui.
Comportamentos disfuncionais secam os ossos. Matam a nossa
alma. Frutos grandes pesam a árvore. Permita-se pensar: quan-
to tempo é possível aguentar toda essa carga sem desfalecer?

95
VISÃO

Quando os frutos caem, apodrecidos, a semente deles é lan-


çada na terra e passam a produzir novas árvores (memórias).
Tenha clareza que o seu comportamento disfuncional irá ser
perpetuado nas suas gerações. Cruel, né? Mas essa é a vida real!
"Mas, Camila, por que isso está na minha vida?" Porque você
foi rejeitada! A raiz e os frutos da sua árvore só estão assim,
porque no seu coração existem frutos da rejeição.

Na rejeição está a raiz dos


problemas da minha vida e da
sua. Porque na hora em que eu
não sei que sou amada, eu não
sei quem eu sou.

É bem comum vermos comportamentos de pais serem re-


produzidos por filhos. Aqui está mais um motivo para se
interromper essa cadeia de identidade deturpada, de visão
bloqueada; além de ser uma pessoa livre, plena e feliz, você
garante a benção também para a sua descendência, preser-
vando-os de terem frutos amargos. Assim como você hoje
leva a vida que você aprendeu. Reproduz aquilo que vivenciou
e que gerou um significado e um sentimento, consciente ou
inconscientemente.
Os frutos são produzidos por aquilo que as raízes deter-
minam. A origem está nas raízes.

96
Existe uma
origem
para toda a
disfuncionalidade
da sua vida. Ela
está nas raízes
e se chama
REJEIÇÃO.
VISÃO

Ainda que você não se lembre ou não considere de imediato,


perceberá que viveu e que fazem parte das suas memórias, a
rejeição. Ainda que sua infância tenha sido saudável, o fato de
ter vivenciado comportamentos disfuncionais gerou em você
marcas que você reproduz hoje.
Todos os problemas da nossa vida vieram da rejeição. Divór-
cio; competição com cônjuge; adultério; problemas financei-
ros, conjugais e de saúde; dependência emocional; obesidade;
problemas com os filhos, entre outros, tiveram essa origem.
A maneira como as relações se deram na sua casa, você mani-
festa da mesma forma hoje. Tudo que você viu, ouviu e sen-
tiu determinou suas crenças a partir dessas memórias e dita
como você se organiza entre o ser, fazer e o ter. Toda rejeição
produz frutos, esses frutos geram comportamentos disfun-
cionais e levam ao fracasso.
"Camila, de onde nasce a rejeição?" Ela pode vir de uma gra-
videz indesejada. Você sabe se sua mãe queria engravidar de
você? Existem pessoas que não sabem, mas que alguns pa-
rentes já contaram. Às vezes, a sua própria mãe contou que
quando soube que você ia nascer, tentou abortar, que não te
desejava, blasfemava todo dia. E sempre que ela tinha alguma
dificuldade, ela olhava para você e dizia: “Eu só estou casada
com esse homem porque eu engravidei de você.”, “eu passo
20h do dia trabalhando porque eu tenho que te sustentar”, “se
eu não tivesse você, a minha vida seria outra”. "Camila, que
coisa cruel". Sim, e você não imagina o que a gente escuta no
Método CIS. Isso é real.
Além disso, a impaciência, brigas no casamento, abando-
no (intencional ou não), palavras de acusação, maus tratos,
abuso s­ exual, comparação, injustiça, bebidas e drogas no lar,

98
VISÃO

surras, privação do básico, castigos exagerados, crítica, sofri-


mento de pai e mãe, falta e amor, também são outras formas
de rejeição.
A maior estratégia da rejeição é negar que ela existe.
­Reconhece! Quem tem consciência dela, muda.
Você entendeu onde nasce a rejeição e quais são os frutos
dela, e esses frutos geram comportamentos disfuncionais. Por
exemplo, se você colocou que o seu fruto é o ciúme, qual é o seu
comportamento? Você está sempre desconfiando, está sempre
reclamando, mexe nas coisas do marido, cheira camisa. E to-
dos esses comportamentos, geram vidas de fracasso e dor.
Quem está cego para isso, todos os dias, está se matando e
morrendo. E não quer mudança. Quem tem consciência, quer
mudança, você pode mudar!

Minha historia
Essa é a minha história, um pai amoroso, simpático,
bonvivam, poeta, escritor de vários livros, trabalhador,
honesto e inteligentíssimo. E uma mãe muito divertida,
alto astral, engraçada, ela com 40 anos dizia que tinha
15, transparente, feliz, forte, essa é minha mãe. E eles
dois tinham um casamento e eu nasci. E, aí, começou a
nossa história.
Quando eu tinha 8 anos, meus pais foram transferidos
para Teresina, no Piauí. Neste momento começou uma

99
VISÃO

saga na minha vida, começou uma história muito inte-


ressante. Minha mãe era independente financeira, ti-
nha farmácias, tinha dinheiro e meu pai era executivo e
precisou ser transferido. Então, a minha mãe começou:
“Eu vou depender de você? Como é que vai ser meu casa-
mento? Eu vou pedir dinheiro para você para fazer uma
unha? Meu Deus, que absurdo! Eu não estudei, não tra-
balhei para ter farmácias e vender tudo para te acompa-
nhar”. Mas ela vendeu tudo para acompanhar. Lembra do
que eu te falei? Que tudo que nós ouvimos, vimos e sen-
timos dentro da nossa, nós aprendemos. Então, a Camila
criança, cresceu dentro de uma casa que o pai superpro-
tegia e que os filhos dele sempre estavam certos. Todos
os dias meu pai me acordava dizendo que eu não pre-
cisava ir para aula porque eu não precisava disso. Meu
pai era órfão, a mãe dele morreu no parto dele, então ele
tinha uma necessidade muito grande de comunicar amor
e uma dificuldade de impor limites baseado nas suas his-
tórias de vida. Somos vítimas de outras vítimas.
Já a minha mãe tinha uma mãe extremamente crítica,
­assim, ela foi crítica comigo, mas foi infinitamente mais
criticada pela minha avó. Eu lembro de cenas da minha
infância, minha mãe e meu pai discutindo e a minha avó
se metendo para brigar com a minha mãe para defender
o meu pai, que não era filho dela.
Começamos o processo, fomos para Teresina, lá eu co-
mecei a entender a dor da minha mãe. Ela olhava para
mim e dizia: “Minha filha, você sabe por que eu estou

100
VISÃO

aqui com ­depressão? Você sabe por que eu estou triste


aqui? Por que eu não tenho mais dinheiro? Porque eu
tive que vender tudo que eu conquistei para acompanhar
o seu pai. Olhe para mim, aprenda com a minha dor,
mulher que depender de homem vai ser infeliz. Homem
não pode mandar em mulher, tenha o seu dinheiro, estu-
de, seja independente, porque no dia que ele gritar com
você, você dá um pé na bunda dele”. Eu ouvia isso todos
os dias.
Eu cresci, eu via a dor da minha mãe, eu via meu pai in-
diferente, eu via discussões, e então, as raízes da rejeição
surgiram. E quando eu fiz mais ou menos 10 anos de ida-
de, eu resolvi chamar a atenção para mim, pois eu tinha
uma mãe deprimida dentro de casa reclamando de tudo,
e um pai vivendo a vida como se nada tivesse acontecen-
do, afinal, o problema era dela e não dele. Ele estava feliz
da vida trabalhando, ganhando dinheiro, sendo papari-
cado em uma cidade pequena, gerente geral de um banco,
cheio de amigos, presentes e happy hour. E ela, dentro de
casa, reclamando, lamuriando, descontando a frustração
dela nos filhos. E como eu resolvi chamar a atenção? Vi-
rando uma estudante péssima, vagabunda, eu não queria
estudar, eu queria chamar desesperadamente a atenção
deles. E o que eu atraí para mim foi mais crítica, injus-
tiça, cobrança, acusação invalidação, mas era a minha
criança que queria, eu não tinha consciência disso.
Quando eu tinha 12 anos, meu pai chegou em casa dizen-
do: “Pronto, os problemas estão resolvidos, vamos voltar

101
VISÃO

para Fortaleza, lá você vai voltar a ganhar o seu dinheiro,


vai ­estar todo mundo feliz”. E voltamos para Fortaleza,
mas eu ouvi bastante coisa dentro daquela casa.
Eu cresci cheia de distorções na minha identidade. Por-
que eu via um pai que não me colocava limites e via uma
mãe que me colocava limites o tempo inteiro. Eu via um
pai que em sua casa, a mulher estava infeliz, e ele estava
como se nada tivesse acontecido. Eu via uma mãe cho-
rando e sofrendo, eu via minha mãe falando mal de ho-
mem, que casamento era ruim, que homem não poderia
mandar em mulher. Coisas totalmente disfuncionais. O
problema que você vive hoje, na sua casa, você aprendeu
na casa dos seus pais. Você está repetindo um padrão
disfuncional do seu pai e da sua mãe, é aí que nasce
a rejeição. Nós p
­ recisamos ter ­consciência e fazer um
caminho de volta para nos ­livrarmos disso.
E sabe o que aconteceu? Eu cresci maltratando o meu
marido, impaciente, com dificuldade de aprender, de
mudar, porque eu me achava muito boa. E eu disse para
a minha mãe, nos meus 12 anos, que nunca mais ela iria
me criticar, nunca mais iriam me dizer que eu não era
estudiosa, que eu não era boa o suficiente, eu provei que
tinha valor. Eu vivi a minha vida subindo a montanha do
sucesso profissional e financeiro. Conquistei dinheiro
cedo, tive reconhecimento cedo, fiz sucesso cedo, cuidei
do corpo, de tudo. Só que dentro de mim, tinha uma fe-
rida enorme na alma, eu não sabia o meu valor, tinha
dificuldade de pedir perdão, de ­pedir ­ajuda. Precisava de

102
VISÃO

algo que encobrisse meus ­defeitos. ­Tornei-me arrogan-


te, prepotente e orgulhosa, e apliquei tudo isso no meu
casamento, fazendo do meu marido a vítima de todos os
meus comportamentos disfuncionais. Até que eu iniciei
o processo de transformação da minha vida, que conti-
nua até agora.
Comecei a me tratar emocional e espiritualmente, para
que não perdesse o meu casamento e a minha família. E
é por isso que existe este conteúdo, para que você tam-
bém interrompa uma vida de fracasso, originada nas re-
jeições e nas suas memórias traumáticas, e também para
que não viva perdas ligadas a isso.
Não espere viver o pior para ter uma atitude. En-
tenda seu perfil, a origem dele e posicione-se para a
mudança. O rejeitado rejeita e o ferido fere. Toda de-
cisão exige uma ação. Todo rejeitado é viciado emocio-
nalmente. Todo viciado cria um ambiente para viver seu
vício. Decida hoje o futuro que você quer, planeje de
forma prática como fazer isso e execute. Decisão sem
ação é engano.
Toda ferida na alma produz um comportamento dis-
funcional e atitudes são necessárias para o alinhamento
emocional. Posicione-se. Eu estou com você! Assim como
foi comigo, será com você também. Construa uma nova
história a partir de novas memórias e tenha sua identi-
dade ­restaurada.

103
VISÃO

Lembre-se o rejeitado, rejeita e o ferido, fere. Não ache que


você é vitima, se você pensa assim, você está magoando as
pessoas ao seu redor. Viva a sua jornada!

1.3. VISÃO POSITIVA DE FUTURO


Para começar, deixa eu te contar uma história, na Segunda
­Guerra Mundial, um pesquisador chamado Viktor Frankl es-
teve por três anos em Auschwitz, um campo de concentração
na Polônia. Lá, ele fez um tratado sobre as emoções e os com-
portamentos no campo de concentração. Como elas viviam,
como se comportavam e quais resultados elas obtinham. Ele
estudou quem vivia, quem sobrevivia e as pessoas que mor-
riam no campo.
“Mas, Camila, quem sobreviveu no campo de concentração?”
No livro Em Busca de Sentido, Viktor explica que não foram os
fortes que sobreviveram, não foram os mais inteligentes, não
foram os mais cultos, os mais espertos ou os que se relaciona-
vam melhor. As pessoas que sobreviveram foram aquelas que ti-
nham uma visão positiva sobre o seu futuro, uma visão extraor-
dinária, algo importante que precisariam fazer após a prisão.
A minha pergunta para você é: qual é a sua visão positiva so-
bre o futuro? A sua felicidade depende disso. O seu sucesso
depende disso. Tudo na sua vida depende disso.
Tendo em mente que é para o futuro que você anda, como você
terá energia para seguir adiante se você não tem perspectiva
para seguir? Por que acordar de manhã se meu futuro não é
bom? Por que cuidar da minha saúde se meu futuro não é bom?
Para mudar a sua vida a partir de hoje, comece a criar, na sua
mente, uma ­visão extraordinária sobre o seu futuro.

104
Pessoas de
sucesso são
aquelas que
têm uma visão
positiva sobre
o futuro.
VISÃO

A bíblia diz: “um povo sem profecia, padece”. E mais: “assim


como tu pensas, tu és”. O pensar nada mais é do que uma visão.
Sonhe, trace metas e rotas, planeje!
Mas como praticar a visão positiva de futuro? A partir da cria-
ção do seu Mural da Vida Extraordinária. Ter uma visão de
futuro clara e objetiva é muito importante para produzir hor-
mônios que nos tornam ávidos a conquistar nossos sonhos.
Quando uma conquista é representada na mente, o corpo pro-
duz dopamina, hormônio que nos torna fisiologicamente mais
perseverantes. Com exercício diário e disciplina, é possível
aplicar esse sentimento tão importante no dia a dia para con-
quistar resultados de sucesso.
Alimentar boas emoções e pensamentos positivos é uma ver-
dadeira injeção de hormônios responsáveis pela sensação de
bem-estar. Eles agem no cérebro relaxando a pessoa, deixan-
do-a mais feliz e, consequentemente, possibilitando que ela
tenha mais clareza e tranquilidade para resolver possíveis si-
tuações difíceis da vida dela.
Shawn Achor, autor do livro O jeito Harvard de ser feliz, estudou
a felicidade durante muitos anos e descobriu que quando so-
mos mais felizes e positivos, colhemos frutos extraordinários.
“Se elevarmos o positivismo de alguém no presente, seu cére-
bro vivencia o que chamamos de vantagem da felicidade, ou
seja, um cérebro positivo tem um desempenho significativa-
mente melhor do que o negativo, neutro ou estressado. Sua in-
teligência, criatividade e seu nível de energia aumentam. Um
cérebro no positivo é 31% mais produtivo que no negativo,
neutro ou e­ stressado”, esclareceu Shawn Achor em uma pa-
lestra TED intitulada O segredo feliz para trabalhar melhor.

106
VISÃO

Você está entendendo o quanto é poderoso alimentarmos bons


sentimentos e pensamentos positivos? Quando fazemos isso,
ficamos mais dispostos, relaxados, criativos, produtivos. Con-
seguimos ir atrás dos nossos sonhos e construir o nosso futuro
agora mesmo, no presente, com muita garra e determinação.
Vamos a uma última informação sobre a importância da vi-
sualização positiva, e então eu vou te mostrar como você pode
criar o seu Mural da Vida Extraordinária. No livro Mentes Mi-
lionárias, os autores trazem pesquisas realizadas com a ajuda
de um eletroencefalograma - equipamento que mede a ati-
vidade elétrica no cérebro - e que demonstraram os seguin-
tes resultados: a atividade elétrica produzida pelo cérebro é
idêntica, seja ao pensar que está fazendo algo, seja quando de
fato o está fazendo.
O livro traz o exemplo de um experimento realizado por Guang
Yue, psicólogo esportivo na Cleveland Clinic Foundation, nos Es-
tados Unidos, em que ele “comparou pessoas que não eram
atletas e que se exercitavam frequentemente em uma academia
com não atletas que dependiam apenas do ensaio mental para
realizar exercícios físicos virtuais. Aqueles que se exercitaram
regularmente na academia aumentaram sua força muscular
em 30%, mas aqueles que não frequentavam a academia tam-
bém aumentaram sua potência muscular, em quase 15%.”
Os autores do livro Mentes Milionárias também explicam que
“Indivíduos com idades entre 30 e 35 anos simplesmente
­imaginavam flexionar um dos bíceps o máximo que conse-
guiam, cinco vezes por semana. Depois de se assegurar que
os participantes não estavam realmente fazendo nenhum
exercício, nem mesmo contrair os músculos, os pesquisado-
res ­descobriram espantosos 13,5% de aumento no tamanho

107
VISÃO

muscular e na força, depois de apenas algumas semanas –


uma vantagem que persistiu três meses após o treinamento
mental ser interrompido.”
Ou seja, o seu cérebro não distingue o real do que é
­imaginado. Apenas com o poder da visualização você tem a
capacidade de mudar o seu próprio corpo. Imagine, o quanto
isso não tem a capacidade de transformar a sua realidade?
E diante disso tudo, fica claro que a criação de um Mural da
Vida Extraordinária só traz benefícios para os resolvem utili-
zá-lo a seu favor.
A realização através do mural acontece em quatro estágios:
­sonho, visão, objetivo e ação. A partir do sonho, cria-se uma
visão positiva de futuro. Esta visão é transformada em ob-
jetivo e o objetivo gera ações. Dessa forma, tendo sua visão
positiva de futuro, o próximo passo é transformar essa visão
em objetivos concretos e metas neurologicamente corretas.
Ao definir seus objetivos e visualizá-los diariamente, eles fi-
cam mais claros para você, criando assim a certeza daquilo
que você quer e a força de vontade para buscá-los. Assim, você
trabalhará todos os dias para que tudo dê certo e para que
tudo ao redor coopere para a realização dos seus objetivos.
Além disso, ter a clareza daquilo que você quer te provocará
sentimentos bons e positivos. A busca otimista pela realiza-
ção dos seus sonhos fará com que você se sinta protagonista
da sua vida, produzindo assim, neurotransmissores respon-
sáveis pelo seu bem-estar e evitando a atuação de hormônios
que pioram seu estado de estresse, fazendo com que você te-
nha saúde e disposição para lidar com as diversas situações
em sua vida.

108
Apenas com
o poder da
visualização você
tem a capacidade
de mudar o seu
próprio corpo.
Imagine, o quanto
isso não tem a
capacidade de
transformar a
sua realidade?
VISÃO

Portanto, para que sua transformação comece agora mesmo,


vou te mostrar, nos passos a seguir, como você pode construir
o seu mural da vida extraordinária com seus objetivos.

Passo 1. Defina suas metas e objetivos;


Passo 2. Estabeleça o tempo em que serão realizados,
mas sem estipular datas específicas;
Passo 3. Determine como irá realizá-los;
Passo 4. Pesquise na internet fotos que representem seu
futuro extraordinário. É importante que você dedique
tempo para selecionar as imagens e que se identifique
com elas;
Passo 5. Represente todas as áreas da sua vida em ima-
gens e cole-as no seu mural. Pode ser a casa dos seus so-
nhos ou o corpo que você deseja. A escolha das imagens
depende da sua necessidade;
Passo 6. Mantenha o foco no resultado e não no pro-
cesso. Caso seu sonho seja ser mãe/pai, é preferível uma
imagem com uma criança do que uma imagem de uma
mulher ­grávida;
Passo 7. Feito isso, escolha um lugar onde apenas você
poderá visualizar seu mural todos os dias;
Passo 8. De olhos fechados, entre na imagem e viven-
cie a cena, veja e sinta. Tenha vontade e determinação
de realizá-la! Depois é só colocar seu plano de ação em
prática e, assim, completar todo o seu mural da vida ex-
traordinária!

110
VISÃO

Veja um exemplo abaixo.

MURAL DA VIDA EXTRAORDINÁRIA

111
PELO QUE VOCÊ LEU ATÉ AQUI, QUE
DECISÕES VOCÊ TOMA HOJE?
CAPÍTULO 4

FERRAMENTAS PODEROSAS QUE


RESTAURAM RELACIONAMENTOS
Você provavelmente deve conhecer alguém que precisa
restaurar um relacionamento, não é mesmo? Ou, talvez, al-
guém que não tem honrado pai e mãe porque ainda não con-
segue perdoar? Ou uma pessoa que está adoecendo emocio-
nalmente e fisicamente por não conseguir transmitir o amor
para as pessoas que ama? Essa é a maior dor do ser humano.
A maior dor do ser humano está ligada aos relacionamentos.
O que tem adoecido essas pessoas, roubado sua alegria,
minado a vontade delas de levantar da cama, é a incapaci-
dade de se relacionar com as pessoas que amam. Eu conhe-
ço poucas pessoas que não tenham pelo menos um relaciona-
mento que precisa ser tratado.

113
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Nós fomos feitos em amor e para amar. E onde são forma-


das nossas primeiras relações de amor? A primeira vem das
pessoas que nos deram a vida, escolhidas por Deus para nos
cuidar, nos dar senso de pertencimento, de que pertencemos
a família, de que nós somos importantes, que temos valores e
que eles nos amam. Eu estou falando de pai e mãe. Só que às
vezes, as maiores mágoas saíram dessas conexões. Você pode
até levar uma vida normal com eles, mas não olha nos olhos.
Não consegue se conectar de verdade.
E então, você vai para o segundo relacionamento mais impor-
tante da sua vida: os irmãos, o laço de sangue, aquela coisa
que ninguém pode separar. Você cresce, se apaixona e vem
o terceiro relacionamento, o de marido e mulher. O príncipe
encantado, ou a princesa do castelo, e vem a vida a dois, sur-
gem as pequenas machucaduras do dia a dia, os desafios, as
questões financeiras, os filhos, que exigem a atenção da mãe.
O sonho da vida maravilhosa a dois é destruído.
Se você quer cura na sua vida, é necessário que compreen-
da como se comunica amor, como se perdoa, como funcio-
na verdadeiramente a comunicação do amor. Pois, ela é ca-
paz de gerar perdão, cura física e cura emocional e espiritual.
Aquele que nos deu a salvação diz que nós somos feitos para
ir à lugares altos, fomos feitos para abundância, amor, honra,
realização, paz e conexão.
É por isso que vivemos com base em princípios e todo princí-
pio deve ser respeitado. As pessoas que respeitam princípios
vão além, erram muito menos e não possuem quase nenhuma
dificuldade na vida.

114
Quando tomamos
as melhores
decisões, com a
consciência de
que precisamos
estar com as
pessoas certas
e nos lugares
certos, o estilo
de vida muda, e
muda para melhor.
Estamos falando
de vida plena e
abundante!
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Como eu disse anteriormente, nós fomos feitos em amor e


para amar, e todas as vezes em que nossas relações de amor
não vão bem, nossa vida desanda.

1.1. FATORES QUE ABALAM RELACIONAMENTOS


Se eu perguntar quais são os relacionamentos mais impor-
tantes da sua vida, provavelmente você me dirá pelo menos
quatro, que são: seu cônjuge, seus pais, seus filhos e Deus.
Existe uma ordem de importância desses relacionamentos
na sua vida, e essa ordem é definida por suas atitudes. Mas,
como? Você define a partir da sua dedicação em cada um des-
ses relacionamentos. Quanto tempo você tem se dedicado aos
seus pais? Ao seu marido? Aos seus filhos? Você tem tirado
um tempo para se conectar com Deus?
Talvez você esteja tão acostumada com a mediocridade dos
relacionamentos, que o que eu te disse no tópico anterior não
parece ser para você. Você deve ter se acostumado a uma vida
morna de marido e mulher.
Saiba que existe uma necessidade do ser humano de aumentar
a régua. Como assim? A necessidade de sempre exigir mais.
Não se mantenha no orgulho, entenda o que foi dito, pare de
se conformar com o morno, medíocre não é bom! Esse padrão
te segue em todos os pilares da sua vida.
Existe uma solução para isso? Sim. Você consegue mudar isso
entendendo quem você é. Busque uma referência, escolha
um modelo de vida profissional, conjugal, maternal para
seguir. Escolha grandes referências e rompa com os padrões.
Precisamos ter consciência do quanto estamos aceitando
a mediocridade em nossos relacionamentos.

116
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

1.1.1. FRATURAS EMOCIONAIS


Você sabe quem é a pessoa que você está mais propenso a ma-
chucar? Normalmente, a pessoa com quem você mais convi-
ve. Essa pessoa, pode ser o seu marido, a sua esposa ou até
mesmo os seus filhos. São pessoas com quem você divide o
dia, a cama, o dinheiro e o tempo. A profundidade da rela-
ção existente entre vocês torna a relação ainda mais frágil
para possíveis ­mágoas.
As fraturas emocionais são vivências ou experiências do pas-
sado de muita dor, que nos causaram feridas emocionais que
ainda estão presentes e causando prejuízo à nossa saúde físi-
ca, emocional e nos resultados que colhemos na vida.
Todo homem e toda mulher trazem suas feridas emocionais,
desde a infância, para dentro do relacionamento. Se você é
uma pessoa ferida, você deve trazer pelo menos esses dois po-
sicionamentos para dentro do relacionamento: você é ferida e
fere simultaneamente. A sensação de estar sempre injustiça-
do dentro do casamento, por exemplo, é uma ferida emocio-
nal que você carrega desde a infância. E você a tem como um
vício emocional.
Quando essas feridas cicatrizam elas podem se tornar apren-
dizados traumáticos ou benéficos. Mas isso sempre será uma
variável, pois depende da intensidade e duração da ferida e da
inteligência emocional da pessoa machucada. Quanto menor
for a inteligência emocional da pessoa machucada, mais
ela irá sucumbir ao problema.
A pior forma de dor é a que está presente em uma ferida re-
cente ou não cicatrizada. Pois quem está neste estado, não

117
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

possui consciência ou talvez não tenha o controle de suas


ações. Quem está machucado estará sempre atacando seus
supostos agressores ou fugindo deles continuamente. Você
tem consciência de que está machucado(a) ou de que ma-
chucou alguém?
As cicatrizes emocionais nos permitem ter uma vida normal,
porém, por serem muito sensíveis, quando a área da sua vida
que foi afetada por essa cicatriz recebe qualquer tipo de estí-
mulo, ela manifesta um cuidado em forma de pânico preven-
tivo ou com uma maneira desproporcional de proteção.
Por isso, é extremamente importante que você e a pessoa
machucada debatam suas feridas, entendam a raiz do pro-
blema e tentem, juntos, eliminar as feridas emocionais.
Você consegue identificar se o seu relacionamento possui
algum tipo de fratura emocional?
Abaixo, eu trago algumas questões que podem surgir dentro de
um relacionamento, se você se identificar com alguma delas, te-
nha certeza que você está convivendo com fraturas emocionais.

1. Quem é esta pessoa com quem casei?


2. Estive casada por 10 anos e não conheço meu marido.
3. Só um monstro seria capaz de fazer isso com o pró-
prio filho!
4. Esse monstro deixou a esposa e os filhos com uma
mão na frente e a outra atrás!

118
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Quando uma pessoa tem uma ferida aberta, ou uma cicatriz


ainda não bem cicatrizada é instalado nela o gatilho da ofen-
sa. E esses gatilhos podem ser ativados por meio de vários
tipos de feridas emocionais.

Tipos mais comuns de feridas emocionais:

1. Rejeitado
2. Injustiçado
3. Abandonado
4. Humilhado
5. Traído/Enganado
6. Maltratado
7. Roubado
8. Machucado
9. Sofrido
10. Explorado

Como identificar qual a sua fratura ou cicatriz mal curada?


Basta entender o que te ofende. Tudo que te ofende é um vício
seu! Você só o tolera porque isso te alimenta, é uma maneira
(emocional) de te conectar com quem te fez isso no ­passado.
O vício é uma forma de viver a ofensa. E as ofensas foram
criadas pelos traumas e cicatrizes.

119
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Você só inicia o processo de cura de um trauma quando ini-


cia o processo de perdão. Você só dá sequência ao processo de
cura quando você continua decidido a continuar perdoando a
pessoa que lhe feriu até que ela, definitivamente, pare de ferir.
E para finalmente se curar, você precisa encontrar o ambiente
interno favorável (pensamentos e sentimentos) e o ambien-
te externo favorável, no contexto de não haver mais ameaças
nem agressões.

1.2. EXPERIÊNCIAS ADVERSAS NA INFÂNCIA


(EAI) E SENTIMENTOS TÓXICOS
Os vícios emocionais, como você viu anteriormente, são to-
dos os comportamentos, pensamentos e/ou sentimentos des-
trutivos com os quais convivemos e que estamos sempre ten-
tando reproduzir em nossos relacionamentos – mesmo que
de forma inconsciente. Eles se instalam através das nossas
Experiências Adversas na Infância (EAI).
Em síntese, você tem um padrão negativo de reproduzir nos
seus relacionamentos um vício emocional, que foi desenvolvi-
do e aprendido na infância. Para que você consiga quebrá-lo,
é necessário que você olhe para si e enxergue, com verdade,
que algo em você precisa ser mudado.
As vivências disfuncionais da sua infância (EAI) e do seu
­passado, podem ter acontecido sob forte impacto emocional
ou por repetição, dessa forma, elas liberam hormônios e neu-
ro-hormônios no corpo e, dependendo da situação, se torna
um vício emocional. Trazendo inúmeros prejuízos para a sua
vida e te impedindo de ser a melhor versão de si mesmo, para
você e para os outros.

120
Lembre-se, em
um ambiente
onde existem
feridas e
cicatrizes
sempre haverão
gatilhos de
ofensa.
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Os sentimentos tóxicos, nos quais somos emocionalmente


viciados, são sentimentos que se manifestam em determina-
das situações, como raiva, inveja, insegurança, ciúmes etc.
Esses sentimentos são formados ainda na infância, como
disse anteriormente, sob forte impacto emocional ou por re-
petição. Ou seja, padrões de comportamento nos quais nos
tornamos ­viciados.
O sentimento tóxico é tudo aquilo que faz mal para quem
sente e para quem também é alvo dele. É muito fácil identi-
ficar uma pessoa que esteja viciada em drogas e em bebidas,
não é mesmo? Mas você sabia que existem pessoas viciadas
em confusões e ­brigas?
Você consegue identificar se, em algum período da sua infân-
cia, você viveu um momento de dor? Provavelmente, naquele
momento, você sentiu que os seus pais deveriam estar pre-
sentes para te cuidar, te proteger, te dar carinho, mas, se eles
não ­estavam lá, o que aconteceu?
Você se sentiu abandonada, sozinha, desprotegida, descuida-
da, e isso traz uma descarga química no organismo, de hor-
mônios e neuro-hormônios. Essas descargas são liberadas nas
fendas sinápticas, os receptores das células que se inundam,
e novamente dias depois você revive a mesma circunstância,
e mais uma vez o corpo se inunda destes hormônios, como
o cortisol e a adrenalina. Você vive tantas vezes essa mesma
situação que fica viciada nessa química. E agora, já adulta, a
sua versão criança vai ­procurar situações e pessoas para beber
deste veneno. Você sempre dará um jeito de reviver tudo isso
para obter essa droga, no caso, os hormônios que inundavam
seu cérebro.

122
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

A minha proposta para você, é que você se abra para o seu


lado mais sombrio, o seu lado que precisa ser melhorado.
Afinal, qual é o tipo de emoção que você libera durante o
dia? Angústia, raiva, medo, insegurança, rejeição, abando-
no, inveja? Todos esses sentimentos são sentimentos tóxi-
cos. São sentimentos ruins, o oposto do que realmente é
inteligência emocional.
Quais são os gatilhos no seu lar que te levam aos senti-
mentos tóxicos? O que te ofende tanto dentro da sua casa?
O que faz você mudar o seu comportamento para beber
do seu vício? Como eu costumo dizer, o que te ofende são
seus maiores vícios. Para isso, você precisa se olhar com
coragem e verificar quais são os seus vícios emocionais.
Uma vez identificados, esses vícios precisam ser cortados
pela raiz.
Afinal, o que eu penso eu atraio. Se você vive com vícios
emocionais e sentimentos tóxicos, eles se transformam em
círculos viciosos que se instauram em sua família. Reco-
nheça esses círculos e quebre-os.
Para que um vício emocional se sustente, são necessários
dois personagens, conectados por um relacionamento
repleto de comunicações tóxicas: você e seu próximo.
Então, como fazer para tratar os sentimentos tóxicos e
os vícios emocionais? Reconhecendo-os, buscando aju-
da e ­esforçando-se para m
­ udar. Você só muda se quiser.
A mudança deve começar a partir de você, quando você
muda, tudo muda ao seu redor.

123
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Para te trazer consciência de quem você vinha sendo, você


responderá essas perguntas e, a partir de suas respostas, você
entenderá o seu estado atual e será capaz de identificar e eli-
minar esses vícios emocionais.

y Você tem sido uma pessoa tóxica em seu ambiente


­familiar?
y Qual tem sido a qualidade das palavras que você
­pronuncia dentro de casa?
y Quando você está na sua casa, qual o sentimento que
lhe é mais recorrente?
y Quando seu cônjuge chega em casa, quais são as
­primeiras palavras que você fala para ele ou para ela?
y Quando seu filho(a) comete um erro, qual a sua
­primeira reação?
y Você está aberta aos feedbacks dos seus familiares,
­sejam eles verbais ou não verbais?
y Se seus familiares pudessem lhe resumir em uma
­palavra, qual seria?

1.3. PERDÃO
Você sabia que todos os seus problemas vem do estado de não-
-perdão? Os seus problemas financeiros, conjugais, emocio-
nais estão diretamente ligados ao seu estado de não-perdão.
­Racionalmente você pode até dizer que perdoou, você convive
com a pessoa, você ama a pessoa, mas emocionalmente a feri-
da da criança rejeitada, está lá.

124
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Como seria o seu casamento, o seu relacionamento com os


seus filhos, como seria o seu estado emocional se não existis-
se nenhuma falta de perdão na sua vida?
Você deve lembrar de uma história que eu contei, de quantas
vezes eu pedi perdão ao Paulo, eu dizia: “Desculpa a impa-
ciência, desculpa a grosseria, me perdoa!”, eu chorava, doía.
Dias depois, eu cometia o mesmo erro, pois não era uma de-
cisão racional, era uma fratura emocional, e ela precisava ser
tratada emocionalmente.
Como é triste e difícil a vida das pessoas que não sabem
ou não querem perdoar. É uma vida desalinhada! Quanto
maior as mágoas, as dores, quanto maior o seu nível de cons-
ciência, maior os problemas. Tenha certeza, existe uma ferida
grande no seu coração, existe uma rejeição na sua vida que
não foi tratada. Existe algo que te machucou profundamente
e sua memória inconsciente não te permite agir.
Todos os seus sentimentos tóxicos vem de mágoas e ressen-
timentos. O ciúme, a ansiedade, a impaciência, a grosseria, o
ódio, a depressão, a fúria, tudo isso é proveniente da falta do
perdão. Todos os sentimentos tóxicos vem de mágoas e ressen-
timentos das suas dores do passado. Dores que nasceram nas
suas memórias, e para cada memória, a sua criancinha tem um
significado e um sentimento. Gerando uma crença, e essa cren-
ça produziu frutos, frutos da dor, da falta de perdão, mágoas e
ressentimentos que estão destruindo a sua vida e a minha.
O que impede uma pessoa de vivenciar o amor? A mágoa.
Ela impede que você ame os seus filhos e a sua esposa. O ma-
chucado, machuca a outra pessoa, e o ferido, fere. Não exis-
te uma pessoa que machuque de propósito, afinal, ela já está
machucada.

125
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Você já percebeu, em um dia que você está magoada com o


seu marido por algum motivo, e ele não sabe que você está
magoada com ele, pensa que está tudo bem, ele até te pede
perdão e você diz que perdoou, mas na verdade você espera
apenas a primeira oportunidade para magoar também.
Enquanto não existir a cura para esses sentimentos, existe
uma vida disfuncional, existe um comportamento de destrui-
ção. Você até constrói, mas, com suas próprias mãos, você
destrói. Você pede perdão, mas se você não se curou verda-
deiramente a origem daquele sentimento, daqui a pouco você
estará acusando, criticando, colocando o dedo na cara, invali-
dando. Então, cure as suas feridas! Libere o perdão.

Deixa eu te contar uma história, eu tenho um filho de


14 anos, adolescente, adora games, e um dia, a minha
paciência e a do Paulo foi testada. Normalmente, um pai
ou uma mãe iriam brigar, xingar, dizer que ele era pre-
guiçoso, condenando, destruindo a autoimagem, a au-
toestima e as crenças de quem ele era. Mas nós olhamos
para o nosso filho e perguntamos: “Filho, você entende o
privilégio de ter um pai e uma mãe que entendem disso?
Podemos ser duros, colocar limites, mas com amor e res-
peito, sem provocar a sua ira. E você, mesmo não tendo
ouvido o que queria, consegue olhar nos meu olhos e di-
zer ‘mãe, eu te amo, mesmo você tendo tirado meu game
e meu celular, e dizendo coisas que eu não queria ouvir.’”
Sabe, o porquê disso? Porque nós fizemos da forma cer-
ta, mas, para isso, é preciso um caminhar de cura das
minhas feridas, das feridas do Paulo.

126
Cure as suas
feridas!
Libere o
perdão.
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Eu disse palavras muito poderosas, “eu não vou te perder


para nada, muito menos para um game”.
Eu não perderia o futuro do meu filho para nada. Se eu
tivesse que ser dura, se ele tivesse que chorar, poderia cho-
rar, mas não vou negociar o sucesso dele por causa de um
game. Essa, é a hora dele chorar, porque lá no futuro ele vai
ser feliz, vai ser próspero, ele será quem nasceu para ser.

Existem muitos especialistas em perdão, mas poucos es-


pecialistas em perdoar. As pessoas até falam que entendem
de perdão, que já perdoaram, mas não conseguiram se livrar
desse sentimento dentro do coração.
Veja o exemplo de uma pessoa que diz que perdoou o pai,
mas a mágoa, a explosão ainda está ali dentro, aquela sen-
sação contida, ele fala de perdão porque dá dinheiro para o
pai, mas, por dentro, ele tem uma raiva contida. Pode ser
que ele tenha decidido racionalmente perdoar, ele ajuda o pai
financeiramente, já encontrou o tempo suficiente para estar
com o pai sem fazer mal a ele, também nem sabe realmente
que tem uma ferida ali dentro. Só que as outras áreas da vida
dele, o casamento está ruim, o relacionamento com o filho
está ruim, perde e ganha dinheiro, repetindo padrões que
eram do seu pai, porque não perdoou. Ele até consegue se
relacionar, ama, honra, olha nos olhos, visita o pai, cuida do
pai, colhendo frutos de um perdão que ele ainda não deu. Ele
consegue viver tudo isso com o pai, mas não perdoou, porque
se tivesse perdoado, não existiriam raízes dessa ferida no co-
ração dele, não existiriam frutos. O seu perdão ­racional te
permite honrar, mas você não está curado.

128
Existem
muitos
especialistas
em perdão,
mas poucos
especialistas
em perdoar.
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Na minha vida, eu nunca desonrei meu pai e minha mãe, mas


as minhas mágoas, os sentimentos tóxicos que eu carrega-
va desde a infância com meus pais, me fez destruir todas as
áreas da minha vida simultaneamente.
Os frutos das minhas dores emocionais me faziam destruir
outras áreas da minha vida. O perdão fala das outras áreas
também.
Então, o que é perdão? Perdão é você assumir a responsa-
bilidade pelo que você sente. Perdão é recuperar a sua for-
ça e seu instinto. Perdão é a paz que você aprende a sentir
quando libera quem te fez mal. Perdão reflete a sua cura, e
não a cura da pessoa que te machucou. O perdão é para você,
quando você perdoa o benefício é seu, e não daquela pessoa.
Quando você não perdoa, o malefício é seu.
Quando você pensa que não te faz mal, acha que é indiferen-
te, você está se enganando. Você está se enganado, adoecendo,
morrendo para a sua vida. “Deletei essa pessoa da minha vida!”,
esquece isso, porque por dentro, você está adoecendo, fazendo
com que você seja disfuncional em outras áreas da sua vida.
Não tem como falar de perdão sem falar da conexão com
Deus, se você me acompanha, você sabe a importância do pi-
lar espiritual na minha vida e do Paulo. Nós temos um rela-
cionamento e uma conexão com Deus. Nada disso faria senti-
do se não houvesse algo de Deus para minha e para a sua vida.
Tudo isso aqui, se resolve com o resgate da identidade. A pa-
lavra de Deus nos manda perdoar, a palavra de Deus diz que
o senhor nos perdoa, que ele deu o filho para morrer em uma
cruz para perdoar os meus pecados e os seus. Ele também diz
que quando você confessa os seus pecados, você se arrepende.

130
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Você deve ser muito doente, débil, orgulhosa pra Deus con-
seguir te perdoar e você não conseguir perdoar a pessoa ao
lado. É surreal, como è que você não consegue perdoar? Você
errou a vida inteira e pediu perdão, e hoje, você não consegue
perdoar.
Quando você decide não perdoar, você também está di-
zendo que não merece perdão.
Lembre-se: ninguém muda ninguém. Só existe uma forma de
você influenciar e fazer com que o outro desperte para um
processo de mudança, é quando você consegue transformar
a sua vida. Mude você o que você precisa mudar para ter um
relacionamento feliz, uma vida feliz. O perdão interfere em
tudo que você é e poderia ser. É uma decisão sua!
Os pensamentos de uma pessoa que não perdoa são: vitimiza-
ção, vingança. O perdão te ajuda a ter mais controle sobre os
seus pensamentos, melhora a saúde física e mental e se apre-
senta como um herói aprendiz e não uma vítima sofredora.
Perdão não é um sentimento, é um processo. É uma esco-
lha, uma decisão, é restituição. Você pode perdoar!
Quais são os prejuízos, as consequências, o alto preço, que
você tem pago hoje, na sua vida, porque ainda não perdoou?

131
E o que não é perdão?
Perdão não é fechar os
olhos para o maltrato.
Não é esquecer algo
doloroso. Não é desculpar
o mau comportamento.
Também não é perdão
negar ou minimizar seu
sofrimento. Perdão não
é, necessariamente, se
reconciliar com o autor
da afronta. Perdão não é
desistir de sentimentos
e perspectivas.
Perdão é cura, é a mais
clara demonstração
de amor!
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

1.4. AS 5 LINGUAGENS DO AMOR


Você sabia que cada pessoa tem uma forma específica de
receber amor? Sim, as pessoas falam diferentes linguagens
do amor. Mas, para expressarmos da maneira correta, é pre-
ciso conhecer uns aos outros e, principalmente a si, para que
não só o amor, como até as amizades sejam correspondidas.
Vamos imaginar uma situação. Suponha que Ana seja uma
filha que gosta de ter um tempo para conversar com a mãe,
mas ela está sempre atarefada demais com as atribuições do
trabalho ou mesmo dos afazeres domésticos. A mãe de Ana,
acaba por não se atentar a esse fato por acreditar que manter
a casa limpa, abastecida de comida e cumprir com os paga-
mentos de casa já seja uma forma de demonstrar amor.
A mãe de Ana sente falta da ajuda dela nos afazeres domésticos,
sentindo-se, muitas vezes, sobrecarregada por tantas ativida-
des. Esse é um exemplo simples, mas que revela o dia a dia e
o cenário de muitas famílias. A grande questão é que as lin-
guagens de amor de cada uma são diferentes e, dificilmente,
isso é ­percebido.
O amor existe no exemplo citado, mas a forma como ele é de-
monstrado não corresponde ao que o outro está esperando.
Enquanto Ana deseja apenas um tempo de qualidade com a
sua mãe, ela retribui o amor em forma de serviços em sua casa.
É nesse momento que devemos pensar nas linguagens do
amor. Existem diversas formas de se demonstrar amor,
porém, cinco delas são recorrentes e acontecem em gran-
des ­proporções. Fui inspirada pela obra As 5 linguagens do
amor, de Gary C
­ hapman, para comunicar o amor da forma
correta.

133
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

E, para comunicar eficazmente o nosso amor para o pró-


ximo, precisamos entender a comunicação daqueles com
quem queremos nos comunicar. Pois, as nossas linguagens
de amor são estabelecidas ainda na infância. Hipotetica-
mente, é como se nós nascêssemos com um tanque emocio-
nal à espera de ser inundado de amor. Caso esse tanque não
seja preenchido ou suprido da maneira correta, nós apre-
sentaremos disfunções durante a vida, por meio de compor-
tamentos, pensamentos e sentimentos.
Os possíveis prejuízos que podemos apresentar durante toda
a vida, são: relacionamentos abusivos, destrutivos, baixa au-
toestima, desenvolvimento precário racional e emocional.
À medida que crescemos, passamos a ter preferência por uma
linguagem específica para receber amor, ou perceber o amor
que nos é transmitido. Por isso, te apresento abaixo as cinco
linguagens do amor.

1ª LINGUAGEM DO AMOR: PALAVRAS DE AFIRMAÇÃO.


O seu filho, o seu marido, o seu amigo precisam de validação!
Exemplo:
― “Gostei da sua atitude positiva no jogo!”
― “Obrigada por estar sempre ao meu lado oferecendo
todo o suporte!”
― “Nós te amamos, filho, do jeito que você é!”
― “Como esse vestido fica lindo em você!”

134
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

2ª LINGUAGEM DO AMOR: TEMPO DE QUALIDADE.


As pessoas com as quais você se relaciona precisam de um
tempo de qualidade com você!
Exemplo:
― Um tempo dedicado a ouvir o outro, olhar nos olhos.
― Fazer atividades juntos e com atenção total em quem
está com você.
―Um momento de compreensão e preocupação
­genuína.

3ª LINGUAGEM DO AMOR: RECEBER PRESENTE.


As pessoas que você ama precisam ser presenteadas.
Exemplos:
― O presente se torna uma expressão de amor, pois
­mostra que você pensou na pessoa.
―Presentes podem ser comprados, achados ou
­elaborados.
― Podem ser caros ou baratos, seja criativo.

4ª LINGUAGEM DO AMOR: ATOS DE SERVIR.


Toda relação exige um grau de dedicação, seja um relaciona-
mento amoroso, profissional ou maternal/paternal. As pes-
soas com quem você se relaciona precisam ser atendidas!
Exemplos:
―Seu filho se sente cuidado com a organização,
­limpeza e suporte nas tarefas triviais.

135
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

― Seu marido se sente cuidado quando chega do traba-


lho e você fez um jantar especial.
― Sua mãe se sente cuidada quando você a convida
para ir ao salão de beleza.

5ª LINGUAGEM DO AMOR: TOQUE FÍSICO.


Não é segredo que todo relacionamento envolve um tipo de
toque. Seu filho precisa ser envolvido! Seu cônjuge preci-
sa ser envolvido! O toque deve ser agradável, em momentos
apropriados e em lugares que fazem bem à pessoa e a deixam
confortável. O toque físico é também um poderoso veículo de
comunicação para transmitir o amor.

Exemplos:
― Um cafuné.
― Um abraço caloroso e verdadeiro quando seu cônju-
ge/filhos chegam em casa.

Após entender que cada um de nós possui uma linguagem


de amor específica, vou te apresentar ferramentas de valida-
ção para que você entenda que quando você valida o outro,
você interfere no desempenho dele. E com essas ferramen-
tas, você vai perceber que o que você estava vivendo não fazia
parte de quem você deveria ser. A partir de agora, você vai
ter consciência de como comunicar amor e restaurar os seus
­relacionamentos.

136
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

1.5. FERRAMENTAS RESTAURADORAS


1.5.1. VALIDAÇÃO (LINHA DE LOSADA)

Eu vou te contar uma história real, de um casal, o Fernando


e a Silvia. Eles tinham uma filha chamada Maria Helena, com
aproximadamente 7 ou 8 anos de idade e estava na escola.
Esses pais procuraram o Paulo desesperadamente, dizen-
do: “Nós temos um grave problema, e esse problema é nossa
filha, ela não respeita limites na escola, ela não aprende, já
levei para o psiquiatra, para neurologistas, ela foi diagnos-
ticada com todos os “T” do mundo, já foi medicada e nada
resolve. Ela não consegue aprender, não faz uma tarefa, agora
ela deu para virar de costas para a professora, ela diz que não
consegue. E, desesperadamente, eu não sei o que fazer”.
O Paulo olhou para aquele casal, e disse: “A sua filha não tem
problema nenhum. O problema são você dois.” Ele começou
a fazer perguntas e começou a descobrir que aquela mãe vai-
dosa, egocêntrica, que adorava receber elogios, que se achava
uma mulher muito bonita, muito próspera, muito inteligen-
te, sempre comparou a filha a ela. Tudo que a filha fazia, ela
dizia: “Ah, mas a mamãe faz melhor! Olhe, faça aqui como
eu faço”. Eram pequenas coisas do dia a dia. A menina acor-
dava com o cabelo assanhado, ela dizia: “Menina, pelo amor
de Deus, se olha no espelho, isso é forma de acordar? Você é
uma mocinha. Olha como eu acordo!”, a mãe não tinha cons-
ciência, e essa criança foi crescendo e a forma que ela encon-
trou de manifestar o quanto ela sofria, desesperadamente, foi
simplesmente decidindo que não iria aprender, ela não queria
aprender, afinal de contas, tudo que ela fazia era errado.

137
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Essa criança entendeu que ela não tinha valor. Talvez, você
esteja perguntando, "Camila, cadê esse pai?" Ele era fraco,
omisso, permissivo, ausente, contando uma historinha boni-
ta, que era o provedor da casa, que passava de 12 a 14 horas do
dia fora e que a mulher era muito bem sucedida, por isso com
certeza daria conta de criar uma criança só. E quando eles pe-
diram ajuda, que as fichas começaram a cair, o Paulo ensinou
para eles uma ferramenta, que eu vou te ensinar também.
Depois de um mês que o casal estava aplicando a ferramenta
em casa, a coordenadora da escola da Maria Helena os cha-
mou e perguntou o que estava acontecendo na casa deles e
mostrou o boletim da filha deles, contou que agora ela che-
gava na aula e sentava na primeira cadeira, que sorria para
a professora, se conectou com três amiguinhas que antes ela
não tinha, a menor nota do boletim dela havia sido um 8.9,
ela queria entender o que tinha acontecido na casa deles, pois
antes ela se recusava aprender. E a mãe, desabou em chorar,
entendendo o quanto ela tinha errado, falhado, e foi agrade-
cer ao Paulo.
"Camila, que ferramenta é essa?" Essa ferramenta é uma teo-
ria criada por Marcial Losada, ele é um psicólogo e consul-
tor, que passou muitos anos da vida estudando e modelando
pessoas de alta performance. Ele não estava focando em rela-
cionamentos, ela focava em pessoas de alta performance. Ele
começou a estudar que tipo de comportamento tinha em um
ambiente onde existiam estudantes de alta performance. Ele
também começou a entender como era o ambiente de uma
mulher de alta ­performance, quais eram as conexões dela, o
foco dele não era nas pessoas que tinham algum tipo de dor,
mas as pessoas que desempenhavam muito bem alguma coisa.

138
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Ele começou a mapear os comportamentos dessas pessoas,


por que essas pessoas da mesma escola performam tão bem
e esse outro não? Por que é que crianças de uma mesma sala
performam bem e outras não tão bem? É estímulo.
Então, Marcial Losada conseguiu modelar um padrão de cone-
xão entre duas pessoas, tentando entender por que um casal
performava e outro não. Ele entendeu o poder da validação.
E o que é validação? Validação é um elogio, uma aprovação,
um olhar de aceitação. Marcial diz, na linha de Losada, que
para cada interação negativa, você precisa de pelo menos três
validações positivas para neutralizar os efeitos da sua crítica
ou da sua retaliação.
Isso quer dizer que, se você disser para o seu filho: “Pelo amor
de Deus, filho, eu já falei mil vezes que não é assim que você
tem que sentar para estudar”, você fez uma advertência. Du-
rante aquele dia, você precisa, de forma intencional e cons-
ciente, fazer três elogios para ele, no mínimo. Para que emo-
cionalmente, aquela exortação seja neutralizada.
Vamos a um exemplo dentro da empresa, se você tem um time
de cinco pessoas trabalhando para você. Todas as vezes que
você olhar para um funcionário seu e chamar a atenção dele
pois ele não fez algo como você esperava, é importante que
naquele dia, eu faça pelo menos seis elogios para ela. Elogio
tem que ser verdadeiro, sincero, ele precisa ver que realmente
faz algo bom. Lembre-se, o ser humano é movido pela capa-
cidade dele de ­acreditar que ele pode, de que é bom, de que é
amado. Eu e você precisamos nos sentir importantes, mere-
cedores, pertencentes, sendo amados, conectados em amor. E
a losada funciona assim.

139
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Vou te falar do meu filho. O Daniel teve uma época em que


ele não queria mais vestir a cueca sozinho, não queria fechar
a mochila sozinho, não queria escovar os dentes sozinho, não
queria fazer nada. Ele cruzava os braços e dizia que estava
cansado, dizendo que estava com a dor do crescimento. E, as
vezes, eu mesma errava, eu dizia: “Ah, Dani, fala sério, vamos
filho! Olha o Mateus já fez, a Júlia na sua idade fazia tudo
sozinha”. Preste atenção na comparação, é um crime. E aí, eu
comecei, de forma proposital, a olhar nos olhos dele e dizer:
“Que legal! Que bacana filho!”, eu passei a reconhecer o que
ele tinha de bom. Eu dizia que ele era a luz do meu dia, o
chamava de gatinho quando estava se arrumando para ir a
escola, quando perguntava como tinha sido a escola, eu dizia
que ele era fera, que era irado, e na hora que ele ia almoçar
e comia pelo menos a metade do prato, eu dizia que ele não
tinha 5 aninhos, já tinha 7, um super herói, percebam as seis
validações. E eu comecei a fazer isso de forma sistemática e
consciente, todos os dias, e ele mudou c­ ompletamente.
Losada fala de honra, fala de colocar luz na virtude do
outro. Ao invés de focar naquilo que não atende às suas ex-
pectativas, foque naquilo que ele já é, naquilo que ele faz
de bom. Losada fala de validar o outro de forma proposital e
consciente. Existe recompensa na honra!
Meu casamento estava praticamente acabado, o Paulo já não
via mais esperanças em mim, pois, enquanto eu vivia o meu
processo, ele já tinha cansado, eu o machuquei muito. E eu
tive prova dentro da minha casa que ele, por ser obediente a
Deus, por ter pessoas que o ajudavam na jornada, ele aplicava
Losada comigo o tempo inteiro.

140
Compreenda
essa regra:
primeiro eu
elogio, depois
eu colho os
benefícios.
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Eu tenho certeza que tinham dias que ele não queria olhar
para mim, mas ele me olhava e dizia: “Está bonita essa rou-
pa!”, “ você foi brilhante na reunião ontem”, “você é uma mãe
sensacional, é impressionante a sua disciplina”, ele me elogia-
va nas outras coisas em que eu era boa, já que ele não conse-
guia me elogiar como esposa. E isso me manteve no processo.
Existe um preço a ser pago. Está na hora de você colocar a Li-
nha de Losada em sua vida! Estou te dando uma ferramenta,
o Paulo, através da linha de Losada, me manteve no processo,
através da linha de Losada o meu filho, Daniel, mudou. Pare
de fazer o básico, faça o que é necessário. Eu estou te ensinan-
do a parar de pagar o preço.
Vou te fazer um desafio: escolha uma pessoa e anote pelo me-
nos cinco virtudes dessa pessoa, e durante uma semana faça
pelo menos seis validações para ela durante o dia, após isso,
reflita sobre os resultados obtidos.

1.5.2. V0
Há alguns anos, eu comecei a utilizar uma técnica de verda-
de e amor com o meu filho, para que ele respirasse comigo
e olhasse no fundo dos meus olhos. Eu adaptei uma música,
já conhecida, totalmente para ele. Eu cantava com ele todas
as noites, desde os seus dois anos. Desde então, existe uma
fortaleza na minha relação com o meu filho, criada através
do V0.
Em V0, ele entende que ele pertence a mim, o quanto eu o
amo e o quanto ele pode contar comigo. O V0 é uma ferra-
menta que está presente dentro do Método CIS.

142
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Mas, afinal, o que é V0? V0 é estar de corpo e alma em cada


situação da vida: vendo, ouvindo e sentindo tudo que
acontece. V0 é me conectar com as pessoas, V0 é olhar
para as pessoas e sentir o que elas sentem, é tocar na pes-
soa e respirar, enxergando todas as dificuldades, mágoas,
ressentimentos, críticas, abandono.
Diariamente estamos expondo para o mundo o que nós so-
mos. Existem pessoas que usam máscaras, como a maquia-
gem, veja bem, não existe problema algum em usar maquia-
gem, mas existem pessoas que a utilizam como forma de
esconder quem realmente são e, por trás dessa maquiagem,
existe uma pessoa gritando, querendo se mostrar verdadei-
ramente. E através do V0, nós conseguimos enxergar essas
coisas. Pois, a única maneira de amar verdadeiramente al-
guém é em V0.
O V0 também acontece quando conseguimos nos livrar de
todo o lixo de nossa mente. Nós temos tantos pensamentos,
dúvidas, carência, sentimento de abandono, de solidão, tanta
expectativa de um amor que nunca foi recebido. Quando nós
entramos em V0, sentimos o que os outros sentem, nos tor-
namos observadores autônomos, não influenciáveis, e assim
nos livramos das prisões do passado e da ansiedade do futuro,
podendo viver a plenitude do presente.
Quando você não consegue sentir as suas emoções, ou as
mantém à distância, usando máscaras ou disfarces, em V0
você irá senti-las em um nível físico, como um sintoma ou
problema no corpo.

143
Qualquer pessoa
pode fazer o V0?
Todo mundo pode
fazer isso, basta
olhar para o outro,
sentir, respirar,
não dizer nada,
se entregar, olhar
nos olhos, o amor
faz isso, o amor
se conecta com
as pessoas.
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Agora, você tem uma ferramenta poderosa, o V0, um momen-


to em que você se conecta com a pessoa que você mais ama!
É necessário apenas 40 segundos para entender o outro e en-
tender o que ele está sentindo.
Qual foi a última vez em que você, de verdade, olhou nos olhos
da sua mãe? Imagino que deva ser difícil para algumas pes-
soas. Mas aqui está a chave da cura das suas feridas emo-
cionais. Ferida emocional se cura com comunicação de amor.
O amor cura, transforma e faz surgir o perdão dentro do
seu coração. Mas, isso vem da sua decisão, você decide por
isso! É posicionamento.

1.5.3. ABRAÇO DE 40 SEGUNDOS


Essa ferramenta é extremamente conhecida, mas poucas ve-
zes praticada da maneira correta. Vou mostrar o poder do
abraço, para isso, eu trago uma ferramenta que utilizamos
constantemente na Febracis, o abraço de 40 segundos.
A ciência diz que o abraço produz ocitocina, o hormônio
do bem-estar. Você se sente bem e feliz, além disso, você
também produz endorfina, o hormônio do prazer, o mesmo
que você obtém ao praticar atividades físicas. O abraço cura,
restaura e, ainda por cima, te traz a sensação de bem-es-
tar. Agora, imagine a combinação dessas ferramentas.
Que arma poderosa!
Esse exercício consiste em dar um abraço respeitoso e de en-
trega total à outra pessoa. A indicação é que esse abraço seja
dado pelo menos uma vez ao dia.

145
F E R R A M E N TAS P O D E R O S AS

Inicialmente, você, como pessoa a abraçar, talvez não esteja


acostumada a comunicar amor dessa maneira tão explícita
ou, talvez, a pessoa que está recebendo não esteja acostumada
a ser amada dessa maneira.
Se for esse o caso, estabeleça um processo. Comece abraçan-
do por 10 segundos, depois amplie para 20 segundos até que
você conquiste os 40 segundos de um abraço sem risos, sem
brincadeiras e sem subterfúgios, de modo que os dois pos-
sam, em silêncio, comunicar e sentir o que estão fazendo.
Em meu processo de mudança eu praticava esses exercícios
com o Paulo, eu fazia isso com o Paulo. Eu o validava, fazia o
V0 e finalizava pedindo um abraço.

ANOTAÇÕES

146
PELO QUE VOCÊ LEU ATÉ AQUI, QUE
DECISÕES VOCÊ TOMA HOJE?
C A M I L A S A R A I VA V I E I R A

/ C A M I L AS A R A I VAV I E I R A

@ C A M I L AS A R A I VAV I E I R A
CAPÍTULO 5

FELICIDADE É VIVER DE
ACORDO COM OS VALORES
Durante a produção deste livro, o meu objetivo era te
ensinar tudo que eu recebi e aprendi durante a minha trans-
formação em direção a uma vida abundante. Para algumas pes-
soas, a jornada de transformação é rápida, mas, para outras,
leva um tempo. É importante entender que onde não existe
resistência, tudo flui, tudo é leve. A base da nossa jornada são
as decisões, as pessoas e os lugares. Ao fazer estas escolhas,
você estará no caminho certo para a sua transformação.
Relembrando o que foi visto até aqui, você entendeu que a
única pessoa que você precisa mudar é a si mesmo. A mudan-
ça é uma escolha única e exclusiva sua.

149
F E L I C I DA D E

Se você não mudar, já sabe que resultados irá colher. Ex-


pliquei também que, ao longo de nossas vidas, tivemos um
amante e um juiz, os grandes sabotadores das nossas vitórias,
mas também aprendemos a melhor forma de ­eliminá-los.
Outro assunto que abordei foi o peso das suas escolhas, dos
seus posicionamentos e os fardos errados que você vem carre-
gando durante toda a sua vida. E como principal pilar da nos-
sa jornada, compreendemos a importância de tomar as me-
lhores decisões e escolher as pessoas que nos rodeiam, pois
devemos andar lado a lado com as que se parecem com quem
queremos nos tornar, e os lugares que frequentamos, já que
eles também interferem na pessoa que queremos ser.
Neste último capítulo, o meu objetivo é entregar para você
o código da felicidade. Vamos construir algo novo em nos-
sas vidas. Eu quero te falar sobre felicidade, mas não uma
felicidade normal, comum, e sim a felicidade que não é sen-
timento, é uma convicção que você está tomando decisões
certas, se conectando com as pessoas certas e frequentando
os lugares certos.

1.1. VALORES: QUAIS SÃO AS CINCO COISAS


MAIS IMPORTANTES DA SUA VIDA?
Eu já te perguntei quais são as coisas mais importantes da
sua vida, agora, eu te digo que as coisas mais importantes da
minha são: família, Deus, saúde, segurança financeira e meus
parentes. As coisas que você considera mais importantes em
sua vida também representam os seus valores. O valor é tudo
aquilo onde está a importância da sua felicidade.

150
O valor é
tudo aquilo
onde está a
importância da
sua felicidade.
F E L I C I DA D E

Você não consegue escolher os lugares certos, as pessoas cer-


tas e tomar as decisões mais acertadas se você não souber
quais são os seus valores.
Se nós não soubermos quais são nossos valores, onde estará
o sentido da nossa vida? Sem identificar os seus valores, tudo
que aprendemos até então não tem sustentação. Os valores
guiam a nossa vida. Enquanto você não andar guiado por
eles, você não conseguirá chegar na sua verdadeira identidade
e nem conseguirá acertar em suas decisões.
Deixa eu te contar uma história, é sobre um livro, e o nome
desse livro é A montanha certa, Jim Hayhurst. Ele é de um
grande alpinista, um homem que tinha um sonho esportista,
mas ele também era casado, tinha filhos e era um homem de
negócios, ganhava dinheiro, tinha pai e mãe. Mas ele tinha
um sonho, queria subir a montanha mais alta do mundo, que-
ria subir o Everest. Como bom esportista, achou que isso era
um valor para ele.
Então, ele começou a treinar, gastar dinheiro, deixou a família
no sábado e domingo para treinar subindo e descendo, trei-
nar carregando peso, e ele começou nessa jornada querendo
pagar o preço porque ele estava decidido a subir a montanha
mais alta do mundo.
Ao todo, passaram-se cinco anos entre preparação e a subida
na montanha mais alta do mundo, porque ele queria chegar ao
topo da forma mais arriscada que existia. E quando ele voltou,
na descida, as fichas começaram a cair. Na descida da monta-
nha, ele perdeu dois dos melhores amigos dele, sofreu aciden-
tes, quase morre congelado, perdeu vários dedos dos pés e das
mãos, perdeu a ponta do nariz. Ele achou que já havia perdido
tudo, tinha sofrido muito, mas tinha valido a pena.

152
Se nós não
soubermos
quais são
nossos
valores,
onde estará
o sentido da
nossa vida?
F E L I C I DA D E

Quando ele voltou para casa, descobriu que, para subir a


montanha mais alta do mundo, tinha destruído o casamento
dele. A esposa não o considerava mais como marido, afinal de
contas, ela tinha ficado cinco anos sozinha. Os filhos já nem
lembravam mais da última memória que tinha com o pai, ele
os tinha abandonado para viver o seu grande sonho.
Então, perguntaram para esse homem: "por que tudo isso?"
E ele disse: “Onde é que eu me perdi? Porque a vida inteira
eu disse que meu principal valor estava na família, mas eu fiz
a escolha errada. Eu subi a montanha errada e agora é tarde
demais, resta para mim ser infeliz”.

QUE FICHAS CAEM PARA VOCÊ COM ESSA HISTÓRIA?

Sua família é o seu principal valor? Então, sinceramente,


quem você tem sido como mãe, irmã, filha, prima, avó?
Você tem sido amorosa, compreensiva, disponível? Suas
atitudes falam que sua família realmente é uma priorida-
de na sua vida? Você tem vivido os seus valores? O preço que
se paga por não viver os seus valores é muito alto para chegar
ao fim da sua jornada e entender que você subiu uma monta-
nha errada.

154
F E L I C I DA D E

Se Deus é seu principal valor, quantas horas do seu dia você


tem dedicado para se conectar com Ele? “Ah, Camila, mas Deus
entende, eu trabalho muito, cuido da casa”. A sua felicidade é
constituída pelas suas decisões, pelas suas conexões com
as pessoas certas e pelos lugares que você habita. Você nun-
ca vai ser feliz se você não viver os seus valores. Em algum mo-
mento, você descobrirá que subiu a montanha errada e que
negligenciou aquilo que você tinha de mais importante.
Sinceramente, qual é a montanha que você está subindo? Você
está subindo a montanha certa? Ninguém muda sem cons-
ciência. A sua felicidade se encontra nos teus valores, pois,
vivendo os seus valores, você estará dando prioridade ao
que considera mais importante. Você nunca será realizada
enquanto não estiver na jornada da montanha certa.
Eu errei na minha jornada, na minha necessidade de ser al-
guém relevante, de fazer. Tinha atitudes orgulhosas que me
sabotavam, que precisavam de validação, precisava me sentir
amada e isso não me permitia evoluir e passar por uma gran-
de transformação. Essa era a minha montanha errada. Gastei
toda a minha energia nela. Enquanto eu não entendi quais
eram os meus verdadeiros valores, eu não consegui mudar e
conquistar uma vida abundante.
“Camila, e qual é a solução para isso?”. A solução é agir na di-
reção dos seus valores! Pare de subir a montanha errada e dê
um passo de cada vez para a jornada certa!
Todos os dias, escolha as pessoas certas, tome as decisões
mais acertadas e esteja nos lugares certos, alinhados com
os seus valores, pois eles são inegociáveis! Não negocie o
inegociável.

155
A sua
felicidade é
constituída
pelas suas
decisões,
pelas suas
conexões com
as pessoas
certas e pelos
lugares que
você habita.
F E L I C I DA D E

1.2. OS BENEFÍCIOS DA FELICIDADE:


UMA VISÃO CIENTÍFICA
Assim como a prática diária de exercícios físicos, o estímu-
lo do cérebro por meio de sentimentos e emoções positivas,
como a felicidade, tem o poder de gerar efeitos extraordiná-
rios na saúde física e emocional das pessoas, além de influen-
ciar diretamente em todas as áreas da sua vida.
Existem diversos estudos na área que garantem que o senti-
mento está diretamente relacionado à prevenção de envelheci-
mento precoce, doenças cardíacas, circulatórias e emocionais
(ansiedade, depressão, estresse, entre outras), psicossomáti-
cas (gastrite nervosa, refluxo, síndrome do intestino irritável,
entre outras); além de melhorar relações pessoais, profissio-
nais e, consequentemente, garantir qualidade de vida.
Um experimento foi realizado por um grupo de pesquisado-
res entre 1997 e 2001, com 334 pessoas entre 18 e 54 anos,
para mostrar como as emoções influenciam diretamente no
sistema imunológico dos indivíduos. Cada pessoa recebeu
uma amostra do vírus comum da gripe via corrente sanguí-
nea. Uma semana depois, aqueles que estavam mais felizes
antes do início do estudo tinham combatido o vírus com mui-
to mais força que os menos felizes. Eles não apenas se sen-
tiam melhor, como apresentavam menos sintomas típicos da
gripe, como espirros, tosses, congestão nasal e inflamações.
O estudo “The heart’s content: the association between po-
sitive psychological well-being and cardiovascular health”,
de pesquisadores da Universidade de Harvard, revelou que
fatores como otimismo, satisfação e felicidade estão ligados
à redução dos riscos de doenças do coração e de circulação,

157
F E L I C I DA D E

i­ ndependentemente de idade, classe social, peso e se é fuman-


te ou não. Publicado em 2012, o trabalho investigou mais de
200 estudos que relacionam o bem-estar psicológico à saúde
cardiovascular e chegou à conclusão que o risco de desenvol-
vimento das doenças é 50% menor entre os bem-humorados.
Também pode ser considerado mérito da felicidade o alívio das
dores crônicas. Essas enfermidades, causadas por disfunções
no sistema nervoso, atingem cerca de 30% da população mun-
dial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Uma pesquisa realizada em 2014 pelo Programa Champali-
maud de Neurociências da Fundação Champalimaud, em Lis-
boa, demonstrou, através de experimentos feitos com ratos
de laboratório, a redução da sensibilidade à dor com o estí-
mulo da serotonina, hormônio atrelado à felicidade, liberado
durante uma sensação de bem-estar.
Para o sociólogo holandês Ruut Veenhoven, considerado au-
toridade pioneira e mundial no estudo científico da felicida-
de, apesar de não curar, a felicidade tem o poder de proteger o
corpo humano, prolongando seu tempo de vida. A proporção
de influência da felicidade no tempo de vida de um indivíduo,
segundo ele, pode ser comparada até ao consumo de nicotina.
Em sua obra “The Happiness Advantage: How a Positive Brain
Fuels Success in Work and Life”, Shawn Achor cita um dos
mais famosos estudos sobre a relação entre felicidade e lon-
gevidade. Se trata da análise dos diários de 180 freiras cató-
licas da School Sister of Notre Dame. Jovens freiras nascidas
antes de 1917 foram instruídas a escrever diários contando
suas próprias histórias de vida. Cinquenta anos depois, um
grupo de pesquisadores decidiu analisar o material em busca

158
F E L I C I DA D E

de conteúdo emocional positivo. O objetivo deles era saber se


o nível de positividade das jovens de vinte e poucos anos no
material poderia prever como seria o resto da vida delas. E, de
fato, foi isso que observaram. As freiras cujos diários tinham
mais conteúdos de alegria viveram quase dez anos mais que
as cujos diários tinham mais conteúdos neutros ou negativos.
Por volta dos 85 anos, 90% do quartil mais feliz das freiras
continuavam vivas. Enquanto no quartil das menos felizes,
apenas 34% continuavam vivas. Como ressalta Shawn, as
freiras felizes não se sentiam dessa forma porque sabiam que
viveriam mais se assim o fizessem. A saúde superior, assim
como a maior longevidade, representa um resultado da felici-
dade delas, não a causa.
Dessa forma, fica mais do que claro que a minha felicidade
e a sua está diretamente ligada à nossa saúde. O conceito de
felicidade se assemelha bastante ao conceito de saúde para a
Organização Mundial de Saúde (1946): “o completo estado de
bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausên-
cia de ­enfermidade”.

1.3. A FARMÁCIA INTERNA COMO FORMA


DE ALCANÇAR A FELICIDADE
Eu não estou brincando quando digo que todos os recursos
estão dentro de você, basta que você decida usá-los. Você tem
literalmente uma farmácia de recursos, hormônios e neuro-
transmissores dentro de você. A partir de agora, vamos explo-
rar certas substâncias químicas produzidas pelo organismo
de cada indivíduo e entender como elas influenciam direta-
mente os resultados positivos e negativos de sua trajetória.

159
F E L I C I DA D E

Essas substâncias são ativadas de acordo com a comunicação


que o indivíduo produz e podem ser denominadas molécu-
las de emoção, ou MDEs. As MDEs são compostas por neuro-
transmissores e hormônios que, ao serem liberados pelo cor-
po, afetam os receptores presentes em cada célula humana e
modificam aspectos fisiológicos. Por exemplo, quando uma
pessoa está feliz, seu corpo está constantemente despejando
“moléculas de felicidade”, alterando positivamente fígado,
coração, pele e até mesmo a estrutura dos fios de cabelo para
se adequar a esse estado emocional.
Ou seja, para cada comunicação, o ser humano produz uma
MDE específica, respondendo a uma fisiologia estabelecida
anteriormente. Dessa forma, é possível produzir uma quí-
mica que leva a pessoa a ter alta performance e grandes
resultados em cada etapa de sua vida, conforme a necessi-
dade do momento.
Dentre as principais MDEs, estão os hormônios, responsáveis
pelo controle do funcionamento do corpo. Cada um possui
um efeito específico e correspondente às mais diversas situa-
ções. O ser humano é capaz de acessá-los de forma intencio-
nal, levando o corpo a produzir os hormônios positivos ne-
cessários para lidar com as situações do cotidiano.
Para ativar esses hormônios “positivos”, é preciso manter
uma série de atividades que representam elementos saudá-
veis à vida, como alimentação balanceada, prática de exer-
cícios, manutenção da mente em sintonia com o corpo, pro-
moção de momentos de felicidade (como sorrir em situações
difíceis) e cultivo do amor próprio e aos demais.

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F E L I C I DA D E

Mas quais são esses hormônios “positivos”? Toda MDE é


positiva e essencial para a vida humana, o que prejudica o
desempenho do indivíduo é a dose aplicada sobre cada uma
delas. Como uma Farmácia Interna, o indivíduo precisa ser
seu próprio farmacêutico, capaz de entender o que pode pro-
duzir e de que f­ orma o fazer.

Principais hormônios que influenciam


o comportamento humano
A ativação dos recursos é diferente para cada hormônio
e depende apenas das atitudes e das ações que o sujeito
decide tomar. Para ter à mão uma lista de como ativar
cada um, pode-se utilizar a lista abaixo e tê-la em local
de fácil acesso para consulta diária. Tudo que é preciso
para alcançar uma vida equilibrada e estável está dentro
de nós mesmos.
y Adrenalina - hormônio da luta, da sobrevivência;
y Serotonina - hormônio da felicidade;
y Dopamina - hormônio da motivação;
y Ocitocina - hormônio do amor e da confiança;
y Endorfina - hormônio do prazer e da
persistência;
y Cortisol - hormônio regulador do estresse;
y Testosterona - hormônio da ação.

161
F E L I C I DA D E

Vamos agora entender como cada um desses hormônios atua


no seu corpo:

Adrenalina
A Adrenalina é um hormônio produzido em momentos de ex-
citação ou de estresse, com objetivo de nos preparar para a
fuga ou para enfrentar algum perigo. A liberação da substân-
cia dilata as pupilas (para facilitar a visão) e acelera o ritmo
dos batimentos cardíacos, bombeando sangue para cérebro e
para órgãos vitais.
Em estado de luta, por exemplo, o indivíduo adota uma fisiolo-
gia de conflito e de agressão que produz adrenalina. Assim, fica
mais forte e mais preparado para a briga. O hormônio é capaz
de impedir que o indivíduo sinta dor no momento do ferimen-
to, devido à ação anestésica e energizadora sobre os músculos.
Os ancestrais do homem moderno aproveitavam esse hormô-
nio na atividade de caça e na fuga de predadores. Apesar da
complexidade social na atualidade, o ser humano mantém o
instinto de fuga e, em muitos casos, o da caça.

A adrenalina também pode ser utilizada de


maneira consciente na execução de tarefas
cotidianas, como na preparação para um dia
intenso de trabalho ou para uma entrevista
de emprego.

162
F E L I C I DA D E

É possível estimular a produção de adrenalina com ações


voluntárias, uma maneira de fazer isso é respirar de forma
rápida e curta, como se estivesse ofegante após uma prática
esportiva intensa. Porém, é preciso cuidado, pois o estímulo
excessivo de adrenalina pode causar efeitos colaterais, como
tonturas, palpitações e ansiedade.
A adrenalina também é responsável por preparar o indivíduo
para realizar grandes feitos e conquistar ações que exigem
concentração. Um exemplo do uso desse hormônio é a pre-
paração do time de rugby neozelandês All Blacks. A equipe se
reúne no centro do campo e apresenta o Haka, uma dança de
guerra do povo aborígene Maori. A prática leva os jogadores
a um estado de transe em que o corpo e a mente entendem
apenas uma coisa: vitória. Essa ação muda sua fisiologia e os
prepara para vencer, e é tão importante quanto a preparação
física e técnica.

Dopamina
Conhecida como o neurotransmissor do prazer, a dopamina é
crucial para a vida humana. O hormônio é responsável por
estimular o sistema nervoso, ativando os circuitos de re-
compensa e desencadeando impulsos de bem-estar. Dessa
forma, pode-se dizer que está diretamente ligado ao au-
mento da energia e à sensação de felicidade.
A dopamina ajuda a combater sintomas de ansiedade e depres-
são, a regular o sono, o apetite e outras funções mentais e moto-
ras. Também está relacionado à capacidade de superação de de-
safios. A falta desse hormônio pode ocasionar doenças motoras
graves, como o Mal de Parkinson. Impulsionar o organismo a

163
F E L I C I DA D E

produzir dopamina é simples e prazeroso. Ela é liberada du-


rante a prática de esportes, por exemplo.
Para ativá-la, é preciso praticar exercícios de forma regular e
frequente. É importante também evitar bebidas com cafeína e
consumir alimentos ricos em tirosina, como abacate, abóbo-
ra, amêndoa, feijão, nozes, carnes, ovos e derivados do leite.

Endorfina
Assim como a dopamina, a endorfina é responsável pela re-
gulação do bem-estar humano, levando informações boas
por todo o corpo e conectando-os aos neuroreceptores.
Ela funciona como um analgésico e como um agente an-
tienvelhecimento que são produzidos naturalmente pelo
organismo.
Dessa forma, melhora o humor, a resistência, a disposição fí-
sica e mental, a memória e até mesmo o sistema imunológico.
A endorfina também está relacionada à elevação da autoesti-
ma, reduzindo sintomas depressivos e de ansiedade, além de
manter o controle do apetite.
Mas o que fazer para estimular a produção de endorfina? O
hormônio pode ser liberado após 30 minutos de exercícios fí-
sicos aeróbicos, como uma leve corrida. Com isso, o indivíduo
relaxa e sente prazer, despertando uma sensação de euforia e
bem-estar. Além disso, alimentos naturais à base de cacau e
pimenta também são ativadores de endorfina.

Cortisol
Um elemento especial da Farmácia Interna é o cortisol, res-
ponsável por regular os níveis de estresse no corpo humano.

164
F E L I C I DA D E

Além disso, contribui para o bom funcionamento do sistema


imunológico e possui um potente efeito anti-inflamatório.
O cortisol é ativado quando o indivíduo passa por situações
de estresse. O objetivo da liberação do hormônio é levar o in-
divíduo ao estado de equilíbrio. No entanto, se os níveis de
cortisol aumentam demais, o corpo entra em exaustão, re-
duzindo drasticamente a quantidade de outros hormônios e
desencadeando sintomas de depressão e fraqueza.
Nesta fase, a pessoa fica irritadiça e pode desenvolver doenças
mais sérias, como câncer. Para manter o cortisol em um ní-
vel estável no organismo, é preciso manter a mente saudável.
Práticas como meditação, mindfulness e esportes em geral
são essenciais. Uma alimentação saudável também é uma boa
opção para manter os índices ideais de cortisol no organismo.

Testosterona
Conhecido como “esteróide anabolizante”, a testosterona é
outro hormônio importante para o ser humano. Assim como
a adrenalina, pode-se dizer que é o hormônio da ação, res-
ponsável pelo aumento da força física, pela diminuição da
gordura corporal e também pelo bom humor.
A testosterona é uma forte aliada no enfrentamento de gran-
des desafios no dia a dia e, ao contrário do que muitos acre-
ditam, não é um hormônio exclusivo do sexo masculino. Mu-
lheres o produzem em doses mais baixas. A estimulação da
testosterona pode ser feita com uma dieta rica em zinco e
com exercícios de ativação de estados de recursos.

165
F E L I C I DA D E

Serotonina
Popularmente conhecida como o hormônio da felicidade,
a serotonina é a grande encarregada de regular os níveis
de ansiedade, depressão, cansaço e qualidade do sono no
organismo humano. Ela também atua no ritmo cardíaco,
na temperatura corporal, na sensibilidade e nas funções
­intelectuais.
A insuficiência de serotonina está associada a patologias
como síndrome do pânico, déficit de atenção, hiperativida-
de, obesidade, enxaqueca, esquizofrenia. O hormônio é en-
contrado em grande quantidade no estômago e no intestino,
ajudando no controle de suas funções e dos movimentos dos
órgãos.
Ações simples podem ajudar o corpo a produzir serotonina e
evitar tais doenças, como tomar sol e sorrir muito. Ao sorrir,
mesmo estando triste, o organismo entende que o corpo está
feliz e libera o hormônio. Assim como os demais hormônios,
é preciso consumir alimentos saudáveis, ricos em triptofano,
e praticar exercícios físicos para ativá-la.

Ocitocina
A ocitocina é conhecida como o hormônio do amor. Ela é
liberada durante demonstrações de afeto, como um beijo
ou um abraço, e costuma ser produzida em maior quan-
tidade quando os indivíduos se encontram em relações
afetivas. No entanto, apesar de ser a grande responsável pela
sensação de segurança e fidelidade entre casais, a ocitocina
tem outras diversas funções no organismo humano.

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F E L I C I DA D E

Para começar, o hormônio é um grande aliado das mulheres


na hora do parto. Liberado em grandes quantidades, intensi-
fica as contrações uterinas e abre o colo do útero, permitindo
uma melhor passagem do bebê. A ocitocina também é res-
ponsável por promover o apego materno, possibilitando que
a mãe ame e cuide de seu filho.
Pesquisas comprovam que mulheres grávidas com níveis
mais elevados de ocitocina criam uma conexão melhor com
seus bebês após o nascimento. A ocitocina também auxilia
na recuperação de pessoas usuárias de drogas, reduzindo os
efeitos causados pela abstinência das substâncias. O hormô-
nio gera a sensação de prazer proporcionada pelos entorpe-
centes, aliviando o desejo de utilizá-los e evitando possíveis
recaídas.
Todos esses benefícios podem ser alcançados com apenas um
abraço. Não qualquer abraço, mas aqueles realmente sentidos
e calorosos, que duram 40 segundos ou mais. Portanto, re-
comenda-se abraçar filhos, pais, parceiros e amigos com
frequência e muito afeto.

1.3.1. LIBERANDO HORMÔNIOS POR MEIO DA


ATIVAÇÃO DE ESTADO DE RECURSO
Estado de recurso é utilizar o comportamento para mudar
a química do organismo, estimulando a produção dos hor-
mônios mais adequados para cada situação. Por exemplo, ao
sorrir, o corpo libera serotonina, responsável por diminuir
os sintomas de ansiedade e depressão. Como consequência,
o corpo reage à mudança e sente uma felicidade verdadeira.

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F E L I C I DA D E

Um exercício simples é o “Sorriso de Duchenne”, nomeado


em homenagem ao cientista francês Guillaume Duchenne,
que fez a primeira pesquisa sobre o sorriso capaz de trans-
mitir felicidade. Esse sorriso, cujo canto da boca é tracionado
em direção às orelhas, faz os lábios formarem uma espécie
de “U”. Os músculos do rosto levantam o lábio superior e as
bochechas, além de contraírem o nariz. Os olhos tendem a
fechar levemente, ficando entreabertos, enquanto as boche-
chas se levantam e as sobrancelhas se abaixam. Essa é a for-
mação de um sorriso verdadeiro. Da mesma forma, estimular
o corpo a uma postura de força e ataque libera testosterona
e potencializa as atividades do dia a dia. A fisiologia corporal
controla os níveis de hormônios liberados pelo cérebro.
Agora, falando sobre a testosterona, na Febracis, nós prati-
camos um exercício diário que possibilita a ativação desse
hormônio. Para praticar o YES, deve-se estender os braços
para cima, como em gesto de comemoração, e puxá-los de
volta, com o peito erguido, enquanto grita “YES”.
A maioria das pessoas que bebem, fumam e se drogam o fazem
para alcançar um estado alterado de consciência, ou seja, para
acessar recursos que, quando estão sóbrias, não conseguem.
Elas sentem necessidade de ter mais autoconfiança, menos ti-
midez, mais tranquilidade mental, menos estresse etc.
Nenhuma dessas drogas é necessária para mudar o estado de
espírito ou acessar algum recurso. Tudo que a pessoa precisa
fazer é adequar sua fisiologia para o estado desejado. Se ela
for sempre congruente, unindo o que quer com o que expres-
sa (comunicação verbal e não verbal agindo juntas), terá o ne-
cessário para alcançar o que tanto almeja.

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Por fim, pode-se dizer que todo indivíduo possui uma Farmá-
cia Interna com todas as químicas necessárias para utiliza-
ção. E o melhor: tudo natural, sem contraindicações.

1.4. FELICIDADE SE CONQUISTA DE SEGUNDA A SEXTA!


Você já sabe que é preciso cuidar das áreas da vida e, para que
isso aconteça, precisa dedicar tempo e ações concretas para
cada uma delas.
A minha proposta é que você seja de fato feliz de segunda a sexta.
E, para isso, você precisa viver e experienciar todas as áreas da sua
vida ao longo da semana.
Muitas pessoas querem ser pais apenas no fim de semana,
abandonando seus filhos de segunda a sexta. Outras pessoas
deixam para cuidar do relacionamento, do casamento apenas
no fim de semana. Existem os atletas de fim de semana, que
passam a semana de maneira sedentária e querendo conquistar
saúde e bem-estar físico jogando bola apenas aos sábados. Um
outro tanto de pessoas são filhos apenas no almoço de domin-
go, quando veem seus pais, e durante toda a semana são indi-
ferentes e ausentes em relação a seus progenitores. Conheço
pessoas que se dizem religiosas, mas se conectam com Deus
apenas no domingo, quando se sentam nos bancos das igrejas.
A maioria das pessoas abdica do direito de ser feliz por tentar
viver todas as áreas da vida apenas no fim de semana. Isso é
impossível.

A felicidade verdadeira se dá pela


experiência, pelo contato real.

169
F E L I C I DA D E

E, para que isso aconteça, precisamos saber distribuir todas


as áreas da nossa vida ao longo de toda a semana, e não ten-
tar concentrá-las em apenas dois dias. Um homem, para vi-
ver plenamente a paternidade, precisa ser pai de segunda a
sexta, brincando, beijando, orientando, colocando seus filhos
para dormir. Achar que conseguirá criar filhos fortes e felizes
usando apenas o fim de semana para isso é pura ilusão.
Da mesma maneira, para ter e construir saúde, é preciso se
exercitar e alimentar-se bem de segunda a sexta, e não se
enganando, tentando se convencer de que terá saúde sendo
atleta apenas no fim de semana. Um marido e uma esposa
precisam ser efetivos no seu papel, beijando, amando, fazen-
do sexo, conversando de segunda a sexta, e não trancando seu
parceiro ou parceira no quarto da solidão e só o abrindo no
fim de semana.
O seu desafio é usar a agenda a seguir e contemplar o maior
número de áreas da sua vida de segunda a sexta. Você deve,
de segunda a sexta, dedicar tempo a seu casamento. Como?
Almoçando uma ou duas vezes na semana com seu cônjuge,
indo ao cinema. Literalmente, reservando e planejando mo-
mentos para investir tempo na relação de vocês. Da mesma
maneira, você deve, de segunda a sexta, dedicar tempo a seu
filho. E assim por diante, de modo que, ao chegar na sexta-
-feira, você tenha sido um pai efetivo, um cônjuge efetivo, um
filho efetivo, um cristão efetivo, um amigo efetivo etc.
“Mas, Camila, e o sábado e o domingo? Não farei nada com
eles?”. Nessa ferramenta, nós dedicamos o sábado e o domin-
go para o plus: já que eu fui feliz e pleno em todas as áreas da
vida de segunda a sexta, o fim de semana é o plus, é o momen-
to de ser ainda mais feliz.

170
F E L I C I DA D E

O fim de semana não é o momento de remediar áreas da mi-


nha vida, mas sim o momento de ser ainda mais feliz, ainda
mais realizado em todas elas.
Agora, é a sua vez de montar a sua agenda. E, mesmo que
você não consiga cumprir sua agenda todos os dias, ela
servirá como balizador e norteador, trazendo foco e aten-
ção a um novo estilo de vida. Mantenha sua agenda sempre
à vista e, cada vez que uma área ficar desprestigiada, repro-
grame-a para o dia seguinte. Lembre-se: quanto mais áreas
da sua vida forem contempladas de segunda a sexta, mais fe-
liz e realizado você será.

Aponte sua câmera

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Agenda da Vida Extraordinária!

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NOVA AGENDA DA VIDA EXTRAORDINÁRIA
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Quinta-Feira Quinta-Feira Sexta-Feira Sexta-Feira Sábado Sábado

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Atual Extraordinária Atual Extraordinária Atual Extraordinária
NOVA AGENDA DA VIDA EXTRAORDINÁRIA
PELO QUE VOCÊ LEU ATÉ AQUI, QUE
DECISÕES VOCÊ TOMA HOJE?
PELO QUE VOCÊ LEU ATÉ AQUI, QUE
DECISÕES VOCÊ TOMA HOJE?
O primeiro passo foi dado. Você chegou ao final
desta leitura, venceu a “falta de tempo”, a preguiça,
o cansaço, o orgulho e está cada vez mais perto do
seu objetivo. Digo isso porque, para muitos, a leitura
pode ter sido, ao longo dos anos, um verdadeiro
desafio. Mas você não desistiu, não desanimou e
venceu também esta etapa.

Espero que este livro, assim como os conceitos, as


histórias e as experiências que trago nele, tenham lhe
dado o fôlego e alguns dos recursos necessários para
continuar nessa jornada, para trilhar o seu caminho
e se tornar, dia após dia, a pessoa que você deseja e
foi criada para ser.

Porque sim, chegamos ao final deste livro, mas você


apenas começou o seu processo de transformação,
a sua jornada rumo à abundancia, à felicidade, ao
extraordinário. Parabéns por cada pequena grande
decisão que vai te levar além.
E VA

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