Prova1 H1 Gabarito

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Instituto de Matemática e Estatı́stica - UFF

Departamento de Matemática Aplicada


Primeira Prova de Cálculo 3 (GMA00156)
2023.1 Prof. Jorge Delgado Turma H1

Questão 1 (1,5 ponto) Seja


Z 1 Z √x Z 2 Z sen( π x)
2
I= f (x, y) dy dx + f (x, y) dy dx.
0 0 1 0
Esboce o domı́nio de integração D ⊂ R2 e expresse I através de uma única integral iterada com a ordem de
integração invertida.

Solução: Escrevendo as integrais iteradas das parcelas de I como integrais duplas, temos
ZZ ZZ ZZ
I= f (x, y) dx dy + f (x, y) dx dy = f (x, y) dx dy,
D1 D2 D
onde D = D1 ∪ D2 .
Das integrais iteradas dadas nas parcelas de I, vemos que D1 e D2 são descritas como regiões de tipo I por:
( 
0≤x≤1 1 ≤ x ≤ 2
D1 : √ e D2 : π 
0≤y≤ x 0 ≤ y ≤ sen x .
2
A continuação esboçamos as regiões D1 , D2 e D = D1 ∪ D2 .
y √ y y
y= x =⇒ x = y 2 y = sin( πx
2
) =⇒ x = π2 arcsen(y)

1 1 1

D1 D2 D

1 x 1 x 1 x

Figura 1: Região D1 Figura 2: Região D2 Figura 3: Região D = D1 ∪ D2

Para inverter a ordem de integração representamos a região D como uma região de tipo II:

0 ≤ y ≤ 1
D:
y 2 ≤ x ≤ 2 arcsen(y).
π
Então,
Z 1Z 2
ZZ
π
arcsen(y)
I= f (x, y) dx dy = f (x, y) dx dy.
D 0 y2

y
y=

x
y=

Questão 2 (2,5 pontos) A curva L da Figura 4 é a chamada Lem-


x

niscata de Bernoulli. Esta curva é dada pela equação implı́cita


(x2 + y 2 )2 = a2 (x2 − y 2 ). −a a x

Calcule a área da região D limitada por L.


Indicação: pela simetria da região D, é suficiente calcular a área da parte D1 de D D
que se encontra no primeiro quadrante. Para isso, é preciso escrever a equação polar
Figura 4: Lemniscata.
da porção da curva no primeiro quadrante a partir da equação implı́cita acima e usar
coordenadas polares para calcular a área. Lembre que cos2 θ − sen2 θ = cos(2θ).

Solução: A equação polar da curva L é obtida fazendo x = r cos θ e y = r sen θ na equação implı́cita que
define L:
Cálculo 3 2

(x2 + y 2 )2 = a2 (x2 − y 2 ) =⇒ (r2 )2 = a2 (r2 cos2 θ − r2 sen2 θ)


=⇒ r4 = a2 r2 (cos2 θ − sen2 θ)
=⇒ r2 = a2 cos(2θ).
π
Para 0 ≤ θ ≤ temos 0 ≤ cos(2θ) ≤ 1. Assim, a equação polar da porção da curva L que se encontra no
4
primeiro quadrante é
π
q
r=a cos(2θ), 0≤θ≤ .
4
Seja D1 a porção da região D que se encontra no primeiro quadrante. Então Área (D) = 4 · Área (D1 ).
Em coordenadas polares, temos:
0 ≤ θ ≤ π

D1rθ : 4q
0 ≤ r ≤ a cos(2θ).

Então,
ZZ ZZ Z π/4 Z a √cos(2θ)
Área (D1 ) = dx dy = r dr dθ = r dr dθ
D1 D1rθ 0 0

Z π/4  2 a cos(2θ)
a2 π/4
Z
r
= dθ = cos(2θ) dθ
0 2 0 2 0
π/4
a2 a2

= sen(2θ) = .
4 0
4

Portanto, Área (D) = 4 · Área (D1 ) = a2 u.a.

z
Questão 3 (2,5 pontos) Seja W o sólido no primeiro octante do espaço, delimi- 2
tado pelas esferas de centro na origem e raios 1 e 2. Calcule a coordenada x do
centro de massa (x , y , z) de W sabendo que a densidade em cada ponto é igual
1 W
à sua distância até o plano xy.
Solução: O centro de massa de W é o ponto (x , y , z), cujas coordenadas são y
2
1
ZZZ
1
ZZZ
1
ZZZ 1
x= x δ(x, y, z) dV, y = y δ(x, y, z) dV, z = z δ(x, y, z) dV,
M W M W M W
ZZZ 1
onde M = δ(x, y, z) dV é a massa de W e δ(x, y, z) = z a densidade.
W 2
x
Começamos calculando a massa M de W . Figura 5: Sólido W, Questão 3.
Usando coordenadas esféricas, temos:

1 ≤ ρ ≤ 2


Wρϕθ : 0 ≤ ϕ ≤ π/2, δ(x, y, z) = z = ρ cos ϕ e dV = ρ2 sen ϕ dρ dϕ dθ.

0 ≤ θ ≤ π/2

Logo,
ZZZ
M = ρ cos ϕ · ρ2 sen ϕ dρ dϕ dθ
Wρϕθ
Z π/2 Z π/2 Z 2
= ρ3 cos ϕ sen ϕ dρ dϕ dθ
0 0 1
π/2
4 2
sen2 ϕ
  
π ρ
=
2 4 1 2 0
π 16 − 1 1 − 0 15π
= = u.m.
2 4 2 16

2023.1 Turma H1
Cálculo 3 3

A coordenada x se calcula como


ZZZ
16
x = ρ cos θ sen ϕ · ρ cos ϕ · ρ2 sen ϕ dρ dϕ dθ
15π Wρϕθ
ZZZ
16
= ρ4 cos θ sen2 ϕ cos ϕ dρ dϕ dθ
15π Wρϕθ
Z 2 Z π/2 Z π/2
16 4
= ρ dρ cos θ dθ sen2 ϕ cos ϕ dϕ
15π 1 0 0
 5 2  π/2  3
π/2
16 ρ sen ϕ
= sen θ
15π 5 1 0
3 0
16 31 1 496
= · ·1· = .
15π 5 3 225π

Questão 4 (2,0 pontos) Considere a integral iterada


Z 2π Z 1 Z 2−r cos θ
I= 4 r2 sen θ dz dr dθ.
0 0 r2 −1

Esboce e represente o domı́nio de integração W ⊂ R3 em coordenadas cartesianas x y z. Use essa representação


do sólido W para calcular o valor de I.

z
Solução:
A integral iterada I é dada em coordenadas cilı́ndricas de eixo z. Nessa integral, o
integrando é 4r sen θ = 4y e o Jacobiano é r dr dθ dz = dx dy dz. 2
Sendo que 0 ≤ θ ≤ 2π e 0 ≤ r ≤ 1, temos (x, y) ∈ D : x2 + y2 ≤ 1 e sendo
r2 − 1 ≤ z ≤ 2 − r cos θ, temos x2 + y2 − 1 ≤ z ≤ 2 − x.
Assim, W é o sólido no espaço R3 , limitado pelo cilindro x2 + y 2 = 1 entre o
W
parabolóide z = x2 + y 2 − 1 e o plano z = 2 − x (Figura 6). Representamos W
nas coordenadas cartesianas x y z por:
 1 1
−1p≤ x ≤ 1 x y

 p
W : − 1− x2 ≤y≤ 1− x2 Figura 6: Sólido W, Questão 4.

x2 + y 2 − 1 ≤ z ≤ 2 − x.

A partir dessa representação de W , temos que


ZZZ
I= 4y dx dy dz = 0,
W
pois o integrando é uma função impar com respeito à variável y e o sólido W é simétrico em relação ao plano
xz.

Outra forma de calcular I:


ZZZ Z 1 Z √1−x2 Z 2−x
I = 4y dx dy dz = 4 √ y dz dy dx
W −1 − 1−x2 x2 +y 2 −1
Z 1 Z √1−x2
=4 √ y(2 − x − x2 − y 2 + 1) dy dx
−1 − 1−x2

Z 1 Z 1−x2 h i
=4 √ (3 − x − x2 )y − y 3 dy dx = 0,
−1 − 1−x2
pois o integrando na última integral iterada dupla é uma função impar na variável y e o domı́nio de integração
é simétrico em relação ao eixo x.

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Cálculo 3 4

Questão 5 (1,5 ponto) Um arame é dobrado no espaço com o formato da porção C da hélice circular de eixo
y, dada pelas equações paramétricas
√ √ √
C : x = 2 2 cos t , y = 2 2 t , z = 2 2 sen t , 0 ≤ t ≤ π.
Determine a massa do arame sabendo que a densidade δ(x, y, z) em cada um dos seus pontos é igual à distância
do ponto até o plano xz.
Solução: Temos que δ(x, y, z) = y. A parametrização de C dada é ⃗r : [0, π] −→ R3 , sendo
√ √ √
⃗r(t) = (2 2 cos t , 2 2 t , 2 2 sen t).
Então
√ √ √ p
⃗r ′ (t) = (−2 2 sen t , 2 2 , 2 2 cos t) e ∥⃗r ′ (t)∥ = 8 sen2 t + 8 + 8 cos2 t = 4.
A massa do arame é
Z Z π
M = δ(x, y, z) ds = δ(⃗r(t)) ∥⃗r ′ (t)∥ dt
C 0
Z π √ √  t2 π √
= 2 2 t 4 dt = 8 2 = 4π 2 2.
0 2 0
2

Isto é, M = 4π 2 u.m.

2023.1 Turma H1

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