CANTEIRO DE OBRAS

Tamiris de Souza Cassel¹

Graciele Pinto Machado²

RESUMO
A indústria da construção civil possui um grande desafio, que é a baixa produtividade. Além do
elevado desperdício de recursos como materiais, mão de obra e improvisação dentro dos canteiros
de obras. Para solucionar esses problemas, é preciso dar a devida importância para a
organização e o planejamento do canteiro de obras. Layout, fluxo e logística bem planejados,
diminuem as chances de atrasos e maiores custos, sem contar que reduzem os riscos de acidentes.
Uma pesquisa do tema será apresentada e para finalizar, uma maquete de um canteiro será
confeccionada. Os detalhes serão descritos e as dificuldades encontradas.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo aprofundar os estudos sobre o processo de projetar um
canteiro de obras para execução de um projeto arquitetônico, na etapa em que os serviços de
terraplanagem e estaqueamento estejam finalizados e com instalações elétricas e hidrossanitárias
em andamento.
O objetivo do planejamento do canteiro visa a obtenção das melhores soluções no que diz
respeito à utilização do espaço físico, possibilitando que a mão de obra e os equipamentos
trabalhem de forma segura e eficiente. Além disso, também deve buscar a minimização
das movimentações dos materiais e da mão de obra (SAURIN; FORMOSO, 2006)

O projeto será representado por uma maquete, levando em consideração análises de projeto, itens
da NR18, armazenamento de materiais, área de trabalho para máquinas, definição de áreas para
reciclagem, definição de acesso de materiais, concreto, pedestres e espaço para escritório da obra.
Para projetar o canteiro de obras, a primeira etapa é definir o posicionamento dos elementos que
irão compor a obra, considerando cronograma, orçamento, histograma (representação gráfica em
colunas ou barras de um conjunto de dados), programa de necessidades, restrições do terreno e
definições técnicas. Todas as etapas da construção devem ser atendidas com esse projeto, desde a
limpeza do terreno, até os revestimentos finais. Logística e segurança também deverão ser levados
em conta.
É de extrema importância seguir a norma NR18 para a pesquisa e execução do trabalho, pois essa
norma é a de maior relevância para o setor da construção civil. Ela estabelece diretrizes de ordem
administrativa, planejamento e organização e sistema de segurança nos processos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os canteiros de obras são áreas destinadas à execução e ao apoio dos trabalhos da indústria da
construção civil, são divididos em áreas operacionais e de vivência. Nas áreas operacionais são
desenvolvidos trabalhos ligados à produção e as áreas de vivência são destinadas para suprir
necessidades básicas da mão de obra, como alimentação, higiene pessoal, descanso, lazer,
1 Tamiris de Souza Cassel
2 Graciele Pinto Machado
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Engenharia Civil (FLC14297ECE) – Prática do Módulo V -
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convivência e ambulatoriais. Estas devem ser separadas das áreas operacionais.

“A norma regulamentadora NR 18 (BRASIL, 2018) define o canteiro de obras, como
sendo a área de trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e
execução de uma obra.” (SILVESTRO, 2019, p. 80).

Os canteiros de obras devem ser planejados antes do início da construção de qualquer edificação, a
fim de otimizar espaço de trabalho e possibilitar maior eficiência e segurança para a obra. O
planejamento do canteiro de obras, ou planejamento de layout, pode ser definido como
planejamento de logística da obra, que são as instalações provisórias, armazenamento dos
materiais, movimentação de trabalhadores e máquinas, entre outros.

Quando bem planejados, os canteiros de obras promovem inúmeros benefícios, como: operações
seguras e salubres, minimiza a distância para movimentação de mão de obra e dos materiais,
redução de tempos improdutivos, redução de perdas de materiais, evita obstrução da movimentação
de materiais e equipamentos, além de que a manutenção do canteiro de obras referente à limpeza e
a organização contribui para manter a boa moral dos funcionários, tornando-os mais produtivos e
comprometidos com o trabalho.

TIPOS DE CANTEIROS DE OBRAS

Existem três tipos de canteiros de obras: restritos, amplos e lineares, veja o Quadro 1.

Tabela 1 – Tipos de canteiros.

TIPO DESCRIÇÃO
Restrito Ocupa toda ou grande parte do terreno. Possui acessos
restritos. Ocorre em área centrais, reformas, ampliações.
Amplo Ocupa pouco espaço do terreno. Possui diversos acessos e
espaços para áreas operacionais e de vivência. Obras como
barragens, usinas hidrelétricas, plantas industriais, conjuntos
habitacionais.
Linear São restritos em apenas uma das dimensões, com
acessibilidade em apenas alguns pontos. Obras como rede de
gás e petróleo, edificações em obras urbanas, estradas de
ferro e rodagem.
FONTE: Autor

PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS

O planejamento para o canteiro de obras é composto por quatro etapas, analise preliminar, arranjo
físico e geral, arranjo físico detalhado, cronograma de implantação.
Análise preliminar: esta etapa deve ser realizada previamente ao planejamento do arranjo
físico do canteiro, sendo de fundamental importância para um bom desempenho da
execução das demais etapas. Quando a análise preliminar não for executada de maneira
adequada poderá ocasionar interrupções e atrasos das etapas posteriores. Envolve a coleta
e análise de diversos dados que servirão de base para a definição das etapas subsequentes.
Arranjo físico geral: a etapa de definição do arranjo físico geral, também conhecido como
macro layout, envolve o posicionamento do local de cada área do canteiro, levando em
consideração o posicionamento relativo entre as diversas áreas.
Arranjo físico detalhado: consiste no detalhamento do arranjo físico geral, também
denominado de micro layout, estabelecendo a localização de cada equipamento ou
instalação dentro de cada área do canteiro.
Cronograma de implantação: estabelece o cronograma de implantação das várias fases do
layout no decorrer da obra. Cada mudança de fase é desencadeada por algum evento na
execução da obra, devendo-se incluir estes relacionamentos no cronograma.
(SILVESTRO, 2019, p. 83).

INSTALAÇÓES PROVISORIAS
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As instalações provisórias são estruturas temporárias essenciais para garantir o andamento dos
trabalhos e o conforto dos colaboradores. É comum os canteiros de obras possuírem:
Escritório: É o lugar destinado para a equipe fazer a gestão administrativa, controles de obra e
planejamento. Podendo conter sala de reuniões, estações de trabalho, impressora, acesso a internet,
entre outros.
Alojamentos: Em algumas obras os colaboradores precisam se hospedar nos canteiros de obras, nos
casos de projetos a longo prazo ou distantes de regieões urbanas. Os alojamentos devem suprir as
necessidades básicas dos colaboradores, como espaços para descanso, higiene e alimentação.
Sanitários e vestiários: Os vestiários com chuveiros e armários são essenciais para que os
colaboradores possam se trocar e higienizar-se antes e após a jornada de trabalho.
Refeitório: Os trabalhadores precisam de um lugar adequado para realizar suas refeições de
maneira segura e confortável. Essa estrutura pode variar com o tamanho da equipe.
Área de armazenamento: São necessários em canteiros de obras espaços para armazenar materiais,
equipamentos e ferramentas com segurança. Dependendo da complexidade do projeto, pode se ter
áreas separadas para diferentes tipos de materiais.
Área de descarte de resíduos: Local onde são realizados os descartes corretos dos resíduos gerados
na obra. É de grande importância a separação e a destinação dos resíduos, sempre seguindo a
legislação.
Área de lazer e descanso: É importante para o bem estar físico e mental dos trabalhadores
proporcionar um espaço de lazer. Áreas de convivência com mesas e bancos, podem ser incluídas
salas de jogos, por exemplo.
As normas de segurança, higiene e legislação sempre devem ser seguidas ao se projetar e construir
as instalações provisórias em um canteiro de obras. É muito importante também que todas essas
estruturas sejam mantidas em bom estado, realizando manutenções necessárias e limpeza para o
conforto de todos os trabalhadores.

TIPOLOGIA DAS INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS

SAURIN; FORMOSO (2006) tratam que a tipologia das instalações provisórias estão diretamente
ligadas em questões de custos de implantação e manutenção, durabilidade, taxa de
reaproveitamento, facilidade de montagem e desmontagem e isolamento térmico.
As instalações provisóras podem ser feitas:
Sistema tradicional em chapas de compensado: Que são ligadas entre si, utilizando dispositivos que
possibilitam a montagem e desmontagem.
Containers: É mais utilizado em países mais desenvolvidos, não é comum o uso no Brasil. A NR18
regulamenta a utilização desse sistema seguindo os requisitos abaixo:
•Área de ventilação natural, efetiva, de, no mínimo, 15% da área do piso, composta por, no
mínimo, duas aberturas adequadamente dispostas para permitir eficaz ventilação interna.
• Conforto térmico adequado.
• Pé-direito de no mínimo 2,4m.
• Proteção contra riscos de choque elétrico por contatos indiretos, além do aterramento
elétrico.
• Tratando-se de adaptação de contêineres, originalmente utilizados no transporte ou
acondicionamento de cargas, deverá ser mantido no canteiro de obras, à disposição da
fiscalização do trabalho e do sindicato profissional, laudo técnico elaborado por
profissional legalmente habilitado, relativo a ausência de riscos químicos, biológicos e
físicos com a identificação da empresa responsável pela adaptação. (SILVESTRO, 2019,
p. 87).

3. METODOLOGIA

O trabalho inicio-se com pesquisas sobre o tema canteiro de obras, em seguida foi realizado um
estudo do projeto disponibilizado na trilha de aprendizagem da disciplina definindo o lay out do
canteiro de obras, um levantamento dos materiais que seriam utilizados para a elaboração da
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maquete foi realizado e então iniciu-se a confecção.

Materiais utilizados:
1 Caixa grande de papelão;
2 Caixas médias de papelão;
4 Caixas pequenas de papelão;
1 Folha de cartolina preta;
2 Folhas de papel seda laranja;
2 Folhas de papel seda preto;
1 Pacote de palito espeto bambu;
2 Pacotes de palito de picolé;
1 Pistola de cola quente;
5 Bastões de cola quente
1 Cola de madeira;
1 Cola bastão;
1 Tesoura
1 Estilete
1 Caixa de tinta tempera;
1 Caneta prata;
1 Pincel
1 Rolo de fita adesiva 5cm;
1 Rolo de fita adesiva 1cm;
1 Régua 30cm;
Papel alumínio;
Canetas e lápis;

Confecção:
1. Recortada uma caixa de papelão para a superfície e fixação dos objetos, logo após foi
recortada a cartolina preta para simular a estrutura de estaqueamento do edifício.

Imagem 1 - Superfície com estrutura de estaqueamento do edifício.

Fonte: Autor

2. Um papelão foi recortado e revestido com papel seda para simular proteção provisória.
3. Foram calculadas e confeccionadas coberturas para armazenagem dos materiais da obra,
áreas de vivência e aréas operacionais.

Imagem 2 – Coberturas para materiais e áreas de vivência e operacional.

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Fonte: Autor

4. Iniciou-se a confecção que simula os materiais e os palhetes.

Imagem 3 – Recorte dos palitos para simular madeira serrada.

Fonte: Autor

Imagem 4 – Materiais estocados.

Fonte: Autor

5. Confecção dos últimos objetos e acabamentos, como caixa de água, postes de luz,
instalações provisórias de água e luz, bebedouros, pinturas das calçadas e rua, confecção da
central de armações e formas, papa entulho e colagem das placas de aviso e identificação.
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Imagem 6 – Confecção dos acabamentos da obra.

Fonte: Autor

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para que o trabalho chegasse visualmente mais próximo da realidade, todos os componentes da
maquete foram calculados e dimensionados em uma escala de redução 1:3, utilizando para os
cálculos o projeto de implantação e medidas reais dos componentes.
Na NR 18, o item 18.5.3 dispõe que um conjunto (mictório, bacia sanitária, lavatório) para cada 20
trabalhadores e 1 chuveiro para cada 10 trabalhadores, por isso foram confeccionados dois
banheiros na maquete. O item 18.5.6 da mesma NR dispõe 1 bebedouro para cada 25
trabalhadores, como na proposta do trabalho fala em 27 trabalhadores, foram dispostos na maquete
2 bebedouros. Para diferenciar as áreas de vivencia e operacionais, as áreas de vivência foram
todas pintadas na cor branca e as áreas operacionais na cor azul.
Foram projetados na maquete todos os materiais e etapas descritos nas diretrizes da disciplina,
disponível na trilha de aprendizagem, com suas áreas de ocupação devidamente calculadas.
Abaixo podemos visualizar a tabela de checklist disponibilizada em Diretrizes da Disciplina na
trilha de aprendizagem:

Tabela 2 - Checklist
CHECKLIST RESPOSTA
Qual será o sistema executivo? Estrutura de concreto armado
e alvenaria convencional
(tijolo cerâmico + reboco).
Será necessário armazenar quais materiais? Cimento, cal, areia, bloco,
argamassa intermediária,
argamassa industrial em
sacos, madeira serrada, chapas
de compensado,
azulejo/cerâmica.
Quais ferramentas serão utilizadas nesta etapa? Alicate, betoneira, compressor
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de ar, esmerilhadeira,
furadeira, lixadeira,
ferramentas de corte, martelo
e martelete, medidor de nível,
parafusadeira, treina.
Qual será o transporte vertical da edificação? Nesta etapa não.
Existe acesso para materiais, máquinas, caminhão de concreto? Sim.
Há local coberto para depósito de resíduos? Sim.
Haverá caçambas? Quantas? Onde? Sim, uma, em frente a obra,
do lado externo.
Há almoxarifado? Onde? Sim, no final do terreno, ao
lado da central de armação e
formas.
As áreas necessárias, seguindo a NR 18, foram alocadas? Sim.
Para o número de funcionários, é necessário realizar PCMAT? Sim, havendo mais de 20
trabalhadores é necessário.
FONTE: Autor

5. CONCLUSÃO

Em virtude de realizar o trabalho sozinha, o trabalho se tornou muito extenso, mas produtivo.
Passei a observar muito as obras quando passava em frente para ter noção da realidade, pois nunca
havia entrado em um canteiro de obras.
Durante a confecção do trabalho, alguns erros foram identificados e reparados, desde a falta de
componentes até dimensionamento, inclusive do térreo comparado com o da implantação.
Uma dificuldade encontrada foi conseguir dimensionar tantos itens em um espaço pequeno, do
qual é o tamanho do terreno, mas isso tornou mais próximo da realidade do dia a dia, pois essas
dificuldades também são encontradas na vida real, nos canteiros de obra do tipo restrito.
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REFERÊNCIAS

DRUMOND, Bruno. NR18: o que é, para que serve, treinamento e versão atualizada em 2021. EA
Engenharia adequada, 2022. Disponível em: https://adequada.eng.br/nr18/. Acesso em: 23 out.
2023.

PEREIRA, Caio. Canteiro de obras: tipos, elementos e exigências da NR-18. Escola Engenharia,
2018. Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/canteiro-de-obras/. Acesso em: 21 de
setembro de 2023.

Conheça 15 equipamentos que não podem faltar em um canteiro de obras. Casa do Construtor
Aluguel de Equipamentos, 2017. Disponível em:
https://www.casadoconstrutor.com.br/blog/conheca-15-equipamentos-que-nao-podem-faltar-em-
um-canteiro-de-obras/. Acesso em: 20 nov. 2023

Planejamento do canteiro de obras: como organizar diariamente?. Mobuss Construção, 2023.

Disponível em: https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/planejamento-do-canteiro-de-obras/.
Acesso em: 23 out. 2023.

SAURIN, T. A.; FORMOSO, C. F. Planejamento de canteiros de obras e gestão de processos.

Recomendações Técnicas HABITARE, v. 3, Porto Alegre: ANTAC, 2006. Disponível em:
https://docente.ifrn.edu.br/valtencirgomes/disciplinas/ projeto-e-implantacao-de-canteiro-de-
obras/apostila-habitare. Acesso em: 28 jun. 2019.

SILVESTRO, Laura. TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DA PRODUÇÃO NA

CONSTRUÇÃO CIVIL, v 1, Indaial: UNIASSELVI, 2019.