Memoriais Itaquara Alimentos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

RELATOR DA 15ª CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

APELAÇÃO CÍVEL n.º 1.0000.23.166866-6/001


NUMERAÇÃO ÚNICA: 5003031-55.2022.8.13.0479
APELANTE: ISMAEL GASPAR SOUZA
APELADA: ITAIQUARA ALIMENTOS S.A. EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL

MEMORIAIS – SESSÃO DE JULGAMENTO

A Apelada ITAIQUARA ALIMENTOS S.A. EM


RECUPERAÇÃO JUDICIAL, por sua bastante procuradora, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar seus
MEMORIAIS, para a sessão de julgamento a se realizar no dia
25/04/2024 às 9h00:

RELATÓRIO PROCESSUAL:

A presente ação se limita ao pedido de cobrança de


um pretenso crédito decorrente da locação de serviços para
recolhimento de bagaço no pátio industrial da Apelada, na quantia
atualizada pelo autor de R$ 192.154,46.

Todavia, o Apelante não desvencilhou do ônus que


lhe incumbia de comprovar a exigibilidade ao pagamento do crédito que
alega ter direito, nos moldes do art. 373, I do Código de Processo Civil,
seja por provas documentais ou orais.
Conseguintemente, adveio o veredicto, que julgou
improcedente o pleito exordial.

Inconformada, o Apelante interpôs o Recurso de


Apelação em tela, pois sustenta que teria desvencilhado do ônus de
comprovar os fatos constitutivos do seu direito, insistindo em uma
delirante e ilógica inversão do ônus da prova e rebatendo a contradita
das suas testemunhas.

Em contrarrazões esta Apelada impugnou o pedido


de justiça gratuita concedida ao Apelante e, no mérito, apresentou
razões pujantes para manutenção da sentença.

É a síntese do necessário.

DOS FATOS E DIREITO:

Primeiramente, os documentos trazidos pelo


Apelante a este Tribunal de nº 65 e nº 67, demonstra um patrimônio
de R$ 450.000,00, bem como, uma renda de aposentadoria aumentada
àquela alcançada através das prestações de serviço como
microempreendedor, que reforça o pedido de revogação do beneficio da
gratuidade de justiça somada às alegações já apontadas nas
contrarrazões.

Quanto à discussão de mérito, temos que o ponto


controvertido da presente demanda cinge em saber se os serviços
contratados foram devidamente prestados pelo Apelante e quantas
horas foram efetivamente trabalhadas, em caso de comprovação, quais
seriam as datas dos vencimentos dos títulos para contagem de
atualizações.
Pelas provas documentais carreadas pelo Apelante
não foi possível comprovar o recebimento das prestações dos serviços
que alega, bem como, a quantidade de horas efetivamente trabalhadas.
Ainda, não houve comprovação pelo Apelante de quando os pagamentos
se tornaram exigíveis, uma vez que apresenta documentos emitidos
unilateralmente, não podendo precisar os vencimentos dos títulos.

Por outro lado, a Apelada apresentou comprovantes


de pagamento em favor do Apelante que somam a importância de R$
41.382,56 (quarenta e um mil, trezentos e oitenta e dois reais e
cinquenta e seis centavos).

Ao exame dos autos, observa-se que as notas fiscais


carreadas, cuja contrapartida financeira se reivindica, não contém
assinatura do recebedor. As simples notas fiscais unilaterais carreadas
não dão a certeza que de fato os serviços foram prestados, pois são
apócrifas, não possuem chancela da Apelada.

Em que pese o esforço do Apelante em inverter o


ônus da prova para que a Apelada comprove a realização de serviços
prestados, a inversão do ônus da prova não se aplica ao caso em
discussão, conforme a legislação em vigor e, o controle pela realização
dos serviços prestados é responsabilidade de ambos contraentes.

Ora, o próprio Apelante em seu depoimento pessoal


confessa que eram colhidas assinaturas de funcionários da
Requerida, que acusavam o recebimento pelas prestações dos
serviços, porém, procura se eximir da responsabilidade de apresentar
os documentos probatórios, transferindo-a para a Apelada.

Na mesma senda, o Apelante manifesta indignação


quanto à contradita das suas testemunhas por litigarem no âmbito
trabalhista contra Apelada. É inquestionável que as testemunhas
mantêm um desagravo contra a Apelada, o que macula qualquer
depoimento prestado em ação que esta figure como parte,
tornando-as suspeitas.

Todavia, ainda ouvidas como meras informantes,


estas em nada puderam comprovar quanto à execução dos serviços
prestados na safra de 2020/2021 e o tempo efetivamente trabalhado,
uma vez que embora informem que a máquina do Apelante realizasse
serviços 24 horas durante a safra, elas laboravam em jornada diurna,
não podendo afirmar sobre fatos que não presenciaram.

Com efeito, as provas produzidas pelo Apelante, por


si só, não possuem idoneidade suficiente para comprovar o implemento
da condição necessária ao pagamento da dívida percorrida.

Noutro giro, na hipótese de condenação da Apelada,


a atualização do débito deve ser aplicada conforme o art. 1º, §2º da lei
6.899/81, ou seja, após o ajuizamento da ação e os juros deve seguir a
regra do artigo 405 do CC e 240 do CPC, uma vez que não existem
provas das entregas e das datas em que se efetivaram as prestações de
serviços.

DA CONCLUSÃO:

Por fim, apresenta-se escorreita a sentença atacada,


pelo que não há que se falar em sua reforma como deseja o Apelante.

É evidente que a dívida supostamente não quitada


pela Apelada não foi devidamente comprovada, não existem nos autos
provas efetivas das horas realizadas na prestação dos serviços, crucial
para calcular o valor a ser recebido pelo Apelante.

Nesse viés, calha assentar que a demonstração de


entrega da prestação de serviços consiste, em regra, em ônus
processual a cargo da parte autora, uma vez que envolve fato
constitutivo do seu direito (art. 373, inciso I, do CPC/2015). Desse
modo, o Apelante não logrou em comprovar os fatos constitutivos do
seu direito.

Por sua vez, reportando-se a ausência comprovação


dos fatos alegados pelo Apelante, se faz por bem, por medida de lei,
direito e justiça, esta Egrégia Câmara NEGAR PROVIMENTO ao
presente Recurso de Apelação interposto, mantendo-se escorreita a r.
sentença monocrática. É o que se requer.

Termos em que,

Espera e requer deferimento.

Passos, 22 de abril de 2024.

INGRID RAIANE DE Digitally signed by INGRID


RAIANE DE
MATTOS:0918749 MATTOS:09187490692
Date: 2024.04.22 13:17:12
0692 -03'00'

INGRID RAIANE DE MATTOS


OAB/MG 140.355

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