Monografia - Victoria Soares Ramos

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FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO - FECAP

GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

VICTORIA SOARES RAMOS

ESTEREÓTIPOS DE BELEZA FEMININA NA PUBLICIDADE DIGITAL:


A PERCEPÇÃO DOS PADRÕES DE BELEZA DE CONSUMIDORAS
EM PERFIS DE MARCAS DE COSMÉTICOS NO INSTAGRAM

Projeto de pesquisa apresentado como


exigência parcial do Trabalho de Conclu-
são de Curso à Fundação Escola de Co-
mércio Álvares Penteado - FECAP.

Orientador: Prof. Jonathan Marinho

São Paulo - SP
2022
SUMÁRIO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................. 3
2. TEMA E DELIMITAÇÃO ................................................................................................. 4
3. PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................ 4
4. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 4
5. OBJETIVOS....................................................................................................................... 5
5.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................ 5
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 5
6. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO - REVISÃO DA LITERATURA ....................... 6
7. DELINEAMENTO METODOLOGICO ........................................................................... 7
8. CRONOGRAMA ............................................................................................................... 8
9. CAPÍTULO 01..................................................................................................................10
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 16
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1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A era digital tem se expandido abundantemente e é indiscutível o impacto


a todo momento do que se consome de conteúdo nas redes sociais, na vida pessoal
de cada indivíduo. Especialmente, quando falamos de mulheres, que consomem con-
teúdos de beleza cosmética ou procuram comprá-los pelo Instagram, as modelos des-
tas marcas costumam ser mulheres magras, altas, na maioria das vezes loiras, de
cabelos alinhados, sem manchas pelo corpo, sem celulites, sem estrias, desenvol-
vendo um estereótipo do corpo perfeito, dificilmente alcançável. Além disso, em mui-
tos casos são imagens tratadas, então as vezes as mulheres veem determinada ima-
gem no Instagram e ficam almejando um corpo que pode nem ser exatamente aquilo
que se vê, que pode estar tratado com edições e filtros.

Corpos reais tem imperfeições e cada um é de um jeito, não há como todos


seguirem um único padrão. É necessário entendermos como estas idealizações da
publicidade sobre um padrão de beleza podem impactar na percepção da mulher so-
bre si e como isto influencia em seu desenvolvimento. A mulher desde a juventude
acredita e busca, mesmo que intrinsicamente, essa forma perfeita.

Além de entender os problemas desta rota seguida há muitos anos, e mu-


dar a maneira de fazer propaganda porque isto não cabe mais e faz parte da nossa
evolução, vale pensar, pelo próprio bem do mercado publicitário que, é comum que
as pessoas queiram comprar com marcas que as representam e consequentemente
não priorizem comprar com marcas que não se identificam, por isso é importante até
mesmo para as marcas abrangerem diversos tipos de corpo e suas belezas se quise-
rem não somente agradar um número maior de público, mas também gerar identifica-
ção.

Vê-se que algumas marcas têm começado a se preocupar com a forma que
elas representam a beleza e o que isso pode causar à vida das mulheres. Através
deste movimento recente, que começou no século XXI empresas têm começado a
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posicionar-se com propagandas de maior diversidade e inclusão, iniciando um pro-


cesso de mudança que procura combater os padrões tóxicos de beleza.

É necessário compreender o real impacto da publicidade com estas propa-


gandas de cosméticos e como isto de fato acontece, contribuindo para que este mo-
vimento de evolução e preocupação das marcas com a representatividade aconteça
cada vez mais, mas não só porque as consumidoras só compram com o que se iden-
tificam, mas também por uma ação de importância para a sociedade. Desta forma,
procura-se estudar como psicologicamente a percepção disso acontece através das
mensagens publicitárias passadas por conteúdos nas redes sociais, em especial, no
Instagram.

2. TEMA E DELIMITAÇÃO

• Padrão de Beleza Feminino na Publicidade Digital.

• Percepção dos padrões de beleza de consumidoras em perfis comerciais de cos-


méticos no Instagram

3. PROBLEMA DE PESQUISA

Como o padrão de beleza feminino é percebido pelas consumidoras de


conteúdos em perfis comerciais de cosméticos no Instagram?

4. JUSTIFICATIVA

O tema foi escolhido porque não somente o mundo digital tem crescido,
como, segundo o jornal Istoé Dinheiro (2022), a publicidade digital tem crescido muito
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e precisamos estudar e explorar este campo e seus efeitos. Trazendo isto ainda mais
para o tema, estudar a publicidade no padrão de beleza feminino e o que isso impacta
na vida da mulher, possibilita proporcionar melhoria de impacto social não somente
deste nicho de perfis de produtos cosméticos e no Instagram especificamente, como
no mercado publicitário como um todo, buscando fornecer uma publicidade com mais
inclusão, diversidade e com mais compromisso e preocupação com seu impacto na
vida das mulheres primeiramente.

Segundo o portal A Tarde (2021), 84% das mulheres jovens utilizam


aplicativos ou programas que modificam aparência física, o que mostra o quão urgente
é preciso discutir tais questões.

É responsabilidade da área de Comunicação Social elevar este tema, com


um trabalho de profundidade acadêmica como este, a fim de estudar mais a fundo e
compreender os fenômenos e as consequências, visto que no Brasil a autoestima das
mulheres caiu nos últimos anos, em consequência da interação nas redes sociais,
principalmente no Instagram que aumentou, tanto que a plataforma decidiu ocultar o
número de curtidas nas publicações, como uma tentativa de diminuir o clima de
competição e pressão estética entre os usuários de acordo com a revista online ABM
+ Saúde (2021).

5. OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Compreender como o padrão de beleza é percebido pelas consumidoras


de conteúdos em perfis comerciais de cosméticos no Instagram.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


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• Entender como são formados padrões de beleza no contexto histó-


rico geral da cosmética.

• Entender as repercussões do uso das redes sociais na imagem cor-


poral de suas usuárias.

• Investigar e analisar como a percepção do padrão de beleza consti-


tui-se na mente de usuárias e seguidoras de perfis comerciais de
cosméticos no Instagram, para o recorte desta pesquisa.

6. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO - REVISÃO DA LITERATURA

• Para entender o contexto histórico da formação dos padrões de beleza desde


a antiguidade, onde já se realizava a distinção entre os conceitos de beleza
como representação da ordem, simetria e feiura como manifestação de desor-
dem e imperfeição, construindo um padrão de beleza, será utilizado o artigo A
Relação dos Padrões de Beleza Com a Construção da Subjetividade da Mulher
da autora Marcia Andrea da Silva Barros.

• Para falar deste processo de transição que tem se iniciado, de novas práticas
na publicidade, especialmente de cosméticos, que durante muito tempo guiou-
se por um padrão estético cuja beleza distanciava-se bastante da mulher co-
mum, utilizarei o artigo Mulheres de verdade e discursos verossímeis: novas
práticas discursivas na publicidade de cosméticos Bezerra Batista, Nadezhda;
Teixeira Vieira de Melo, Cristina.
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• Para entender sobre como a publicidade ajuda na construção dos padrões de


beleza e ir mais a fundo no nicho das redes sociais em como elas repercutem
na percepção da autoimagem da mulher, utilizarei o artigo Repercussões das
Redes Sociais na Imagem Corporal de Seus Usuários: Revisão Integrativa de
Ana Flávia de Sousa Silva.

7. DELINEAMENTO METODOLOGICO

Com base nos objetivos deste trabalho, serão coletadas informações atra-
vés de estudos e pesquisas bibliográficas, e consultas às fontes na internet para de-
senvolver a parte teórica. Também será utilizada a pesquisa semiestruturada, através
de um questionário que contribuirá com a compreensão dos problemas mais especí-
ficos, permitindo investigar especialmente um determinado grupo de mulheres (jovens
adultas, que consomem produtos cosméticos e utilizam redes sociais, especifica-
mente o Instagram), em suas particularidades.

A pesquisa será de caráter qualitativo, que prevê, muito mais que resulta-
dos em números e estatísticos, resultados subjetivos e do comportamento humano,
de fenômenos sociais, que ocorrem em determinada cultura, tempo ou local. E de
caráter exploratório, que contribuirá ainda mais para a compreensão do estudo, pois
promove mais familiarização com o problema, tornando-o então mais explícito e as-
sim, levantando hipóteses (GIL, 2002).

Portanto o tipo de pesquisa qualitativa e exploratória no caso do tema es-


tudado, farão com que venham à tona, o comportamento das mulheres, o contexto em
que estão inseridas, as hipóteses pelas quais pode ocorrer tal fenômeno, entre outras
informações que podem aparecer, resolvendo o problema de pesquisa tanto com os
estudos bibliográficos e semelhantes, que se caracterizam como fontes secundárias,
quanto com a pesquisa semiestruturada que caracteriza-se como fonte primária dos
métodos delineados para a resolução do tema.
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Vou analisar a Best Bronze é uma marca jovem e brasileira de cosméticos,


que comercializa autobronzeadores e maquiagens corporais. Seu perfil no Instagram
é o @bestbronze e obviamente é todo voltado para o corpo, mas a marca utiliza este
veículo expondo corpos somente de mulheres magras, saradas, sem nenhuma imper-
feição, celulite, estria ou dobrinha saindo para fora do biquini, então este perfil foi es-
colhido para uma análise de marca visualmente estereotipada.

Também vou analisar a Vult, marca brasileira muito ativa no Instagram, que
comercializa cosméticos como maquiagens e esmaltes. Seu perfil na plataforma é o
@vult e utiliza a plataforma para interagir com as mulheres jovens e as tendências do
mercado abordando uma diversidade de belezas com diferentes corpos e etnias em
suas comunicações, então este perfil foi escolhido para uma análise de marca que faz
parte deste movimento de mudança para uma publicidade mais inclusiva e diversa.

8. CRONOGRAMA

a) Etapas:

01 – Cumprimento das disciplinas do curso


02 – Revisão bibliográfica
03 – Escolha de fontes
04 – Coleta de dados
05 – Pré-banca do projeto de pesquisa
06 – Revisão e ajustes do projeto de pesquisa
07 – Tabulação e análise dos dados
08 – Revisão de textos da dissertação
09 – Revisão final da monografia
10 – Banca Final
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b) Cronograma das etapas de desenvolvimento do trabalho

2021 2021

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10
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9. CAPÍTULO 01

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DOS PADRÕES DE BELEZA

Explorar a história dos padrões de beleza e entender onde tudo começou


é bem complexo. Se levarmos em consideração que o ser humano, desde sua exis-
tência se preocupa, o mínimo que seja, com aspectos físicos antes mesmo de Cristo,
entende-se que estas questões vêm desde a Pré-História até os dias de hoje.

De acordo com o blog We Are Human (2017), na Pré – História (até 3000
a.C.), o corpo era utilizado como arma de sobrevivência dos indivíduos para caçar e
para fugir dos predadores. Mas quando o homem começou a viver em grupo, pode-
mos notar já a formação de um padrão de beleza, pois aqueles que estavam no topo
utilizavam dentes e garras de animais para se diferenciarem dos demais, formando
uma hierarquia. Para as mulheres, a obesidade era o ideal estético perfeito, pois re-
presentava fertilidade e disponibilidade de recursos.

No Antigo Egito (2.635 ao 2.155 a.C.), a beleza era muito importante, a


necessidade de ser belo é vista através das roupas, maquiagens, penteados e até
mesmo na hora da morte como em ritos de mumificação no intuito de preservar o
corpo. Tanto as mulheres quanto os homens se maquiavam e tinham seus rituais de
beleza, eles utilizavam perucas de cabelos e pelos naturais e os hidratavam com sebo
animal e cera de abelha.

De acordo com uma curiosidade do blog Left Cosméticos (2020), a Cleó-


patra, rainha do Egito e símbolo de poder e sedução, também tinha seus rituais de
beleza que não eram nenhum pouco comuns, ela tratava sua pele com esterco de
crocodilo, seu batom era feito de vísceras de besouro e seu truque mais conhecido
era o banho de leite de burro azedo, que azia a renovação celular, como um peeling
que remove a pele antiga revelando uma pele mais jovem. Isso reforça o quanto a
estética era importante e que os costumes de uma pessoa que era referência podia
ser um padrão de beleza da época.

Beleza sempre foi um ideal almejado pela sociedade. Não é de hoje que
tudo o que é belo é admirado e vira tendência e a preocupação com a estética vem
desde o princípio da humanidade, como mencionado até aqui, e da antiguidade como
será citado a partir de agora.

Segundo Marcia Andrea da Silva Barros (2017), os primeiros valores esté-


ticos foram discutidos pelos gregos e se espalharam por quase todas as culturas, e
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pode ser entendido, como uma das maneiras que este povo possui de enfrentar a
morte.

De acordo com Ullmann (2007, apud BARROS; 2017) na Grécia Antiga três
principais conceitos refletiam o belo: o humano, o mundo e padrões sociais. Em rela-
ção ao humano era almejado a simetria e beleza do corpo perfeito em sua aparência,
no mundo buscava-se a harmonia, e com relação aos padrões sociais, ligado à es-
sência espiritual, procurava-se uma alma culta e justa.

Ullmann (2007, apud BARROS; 2017), também defendia que para os gre-
gos a beleza era digna de honra e respeito, mas que este conceito se aplicava direta-
mente ao homem, em seu exercício de cidadania, politizado e capaz de desenvolver-
se intelectualmente, ao contrário da mulher, pois ela devia levar a vida em seus apo-
sentos e tinha seu lugar restrito a casa.

Já do ponto de vista de Sócrates e Platão, esta filosofia era tratada pelos


aspectos de beleza e seus contrapontos. Enquanto Sócrates achava que somente o
belo devia ser considerado e o feio não devia nem ser pensado, Platão compara be-
leza ao equilíbrio e feiura ao desequilíbrio, mas conclui-se que os dois enxergam a
feiura como uma moral inferior à existência.

Nesta filosofia, a construção histórica e social de feiura e beleza e a relação


com a mulher, causava tensão, pois ser bela exalava bondade e tanta beleza que
podia despertar desejos pecaminosos nos homens, enquanto ser feia, representava
desvio de caráter. Vê se pelas histórias infantis, onde as bruxas são feias, amargura-
das e más, enquanto as princesas são sempre descritas como belíssimas e bondosas.

Segundo o portal Nova Escola (2014), a palavra estética também tem ori-
gem grega e significa compreensão pelos sentidos. Os jovens na Grécia Antiga cultu-
avam a forma de seus corpos e eles deviam ser fortes para serem atletas ou soldados,
e as mulheres, também praticavam exercícios físicos para manter a forma, mas evita-
vam o bronzeado que não era considerado belo.

O modelo de beleza ideal da época tinha de combinar com harmonia e


equilíbrio valorizando as medidas proporcionais. Este modelo traçado da forma física
almejada e bela, demostra que já se formava um padrão de beleza.

Observa-se que no início da Grécia Antiga, a beleza era relacionada com


os padrões de justiça e moral, posteriormente, passou a priorizar-se a simetria das
formas.

Na Idade Média, a beleza feminina foi marcada por um olhar dualista, a


beleza vista como sagrada e a beleza que era condenada como uma representação
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do mal. Segundo Marcia Andrea da Silva Barros (2017), esse conceito de beleza du-
plamente estabelecido, se dava por influência da Igreja, os valores de conduta de
caráter do cristianismo e do judaísmo, influenciam completamente nesta construção
subjetiva da sociedade ocidental.

De acordo com Eco, (2010, apud BARROS; 2017), todos os que abordaram
a beleza na Idade Média, sejam eles, teólogos, filósofos ou místicos, todos represen-
tavam a Igreja, que possuía padrões rígidos de moralidade.

Sob a visão da igreja neste período, pensar sobre a beleza feminina era
visto como impuro, como um convite à imoralidade e representação de pecado. Em
contrapartida, a virgem Maria era a única mulher bela e inocente, diz Vilhena, Medei-
ros e Menezes (2005, apud BARROS; 2017).

Segundo o portal Nova Escola (2014), o belo dentro da igreja estava co-
nectado ao que era divino, às virtudes morais e ao plano espiritual. As mulheres que
queriam ser consideradas belas moralmente e não pelo outro lado da visão dualista
da Idade Média, deveriam seguir esta figura da Virgem Maria como figura de beleza.
As roupas tinham de ser longas e volumosas para esconder o corpo, e imperfeições
físicas, eram consideradas como resultado de pecados.

Estas duas maneiras de ver e distinguir a beleza da mulher, mostram o


quanto a visão da Igreja predominava na época. Esta forte influência da Igreja real-
mente trazia duas visões opostas, em que uma supervaloriza a mulher de dentro da
igreja, a beleza moral conquistada pela obediência, pureza e castidade em busca de
ser como a imaculada Virgem Maria e condena a mulher que cuida do corpo, como
algo considerado imoral e indecente, pois ter um corpo belo é ligado a tentações da
carne que despertam desejo e culpa e contradiz as leis divinas.

No Renascimento o corpo feminino volta a ser valorizado com a volta de


padrões de beleza da antiguidade. O modelo de beleza da época previa mulheres
mais cheinhas, de seios grande e quadris largo, e assim seria mantido até o final do
século XVIII, segundo o portal Nova Escola (2014). Os vestidos eram volumosos, po-
rém a cintura era valorizada com o uso de corpetes e elas utilizavam um decote que
permitia deixar os ombros a à mostra.

De acordo com o blog We Are Human (2017), as pinturas renascentistas


se tornaram mais sedutoras com os corpos avantajados das mulheres à mostra e de
cabelos longos, já os homens eram musculosos e sem pelos no corpo. Corpos obesos
representavam ostentação de riqueza, e apenas um grupo seleto da nobreza tinha
acesso a isto. Esta valorização e aparição das curvas do corpo para aperfeiçoar a
aparência e era a tendência de beleza da época.
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A idade Moderna, século XV, reforça o referencial de beleza da mulher


gorda como símbolo de riqueza e corada como símbolo de saúde, pois caracterizava
mulheres nobres e que conseguiam se alimentar direito. Estas eram características
das burguesas que, segundo Marcia Andrea da Silva Barros (2017), este período,
além de ser marcado pela grande ruptura dos dogmas da Igreja, foi marcado também
pelo surgimento da Burguesia.

A mulher, com a condição de ser casada e ter filhos, passa a ter mais es-
paço na sociedade, embora a definição negativa de beleza feminina ainda esteja li-
gada ao pecado, a definição positiva que define beleza diz respeito à maternidade.

Segundo Marcia Andrea da Silva Barros (2017), o ideal de culta, papel em


sociedade e expressão de mulher bela, era conseguido por meio do casamento da
maternidade.

Na mesma medida que as mulheres gordas eram vistas como belas e sau-
dáveis, as magras eram vistas como sem graça, sem saúde, logo então, desprovidas
de beleza.

Após a Idade Média, até o século XX, o ideal de beleza da mulher se inver-
teu completamente, curvas, quadris e seios avantajados já não eram mais apreciados.
Os corpos magros, não considerados belos até então, passaram a ser símbolo de
beleza, enquanto os corpos gordos apreciados na Idade Média, passaram a não ser
mais considerados belos.

De acordo com o blog We Are Human (2017), os corpos mais magros, de-
licados e de cinturas finas, surgiram depois de muito esforço das mulheres com o uso
de espartilhos, que muitas vezes eram até prejudiciais causando desmaios devido a
falta de oxigênio que os espartilhos apertados causavam, até mesmo fraturas na cos-
tela chegavam a acontecer. O esforço para atingir um padrão de beleza também era
visto quando elas chegavam a perder sangue para ficarem pálidas e consequente-
mente ganharem uma pele mais branca, sinal de beleza da época, que não apreciava
peles bronzeadas.

Um pouco antes do século XX os corpos avantajados voltaram a ser valo-


rizados, especialmente entre a classe burguesa, segundo o blog We Are Human
(2017), até mesmo por esta questão de diferenciação de classes e ostentação de ri-
queza por parte deste grupo seleto na sociedade.

Mas no século XX especificamente, nem os corpos gordos, nem as curvas


avantajadas, tão pouco a cintura fina, simbolizavam a beleza feminina na época, de
acordo com o portal Nova Escola (2014), a mulher bela tinha os seios, a cintura e o
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quadril em medidas parecidas, formando um corpo cilíndrico, e se os seios atrapa-


lhassem esta simetria, elas os apertavam com o objetivo de diminuí-los.

Os espartilhos foram extintos e deram lugar a roupas mais soltas, leves e


retas e os sutiãs passaram a ser usados neste século. Segundo o blog We Are Human
(2017), a época também foi marcada pela conquista de mais emancipação e indepen-
dência da mulher, e este ganho de liberdade também pôde ser visto na vestimenta,
pois elas passaram a vestir saias na altura do joelho.

Human, autor do blog We Are Human (2017), frisa que também foi no sé-
culo XX que se iniciou este estereótipo de beleza principalmente no mundo da moda
e passarelas, que o mundo carregou até hoje, do corpo magro, cabelos lisos, pele
bronzeada, bumbum empinado, seios fartos e corpos musculosos nos homens.

Os últimos 50 anos, principalmente por conta da popularidade dos concur-


sos de beleza, os ideais diversos de beleza eram inspirados por influenciadores e
grandes artistas com inúmeros biotipos, segundo o blog We Are Human (2017). Es-
pecialmente os anos 40 e 50 foram marcados pela influência de beleza de astros de
Hollywood, ia depender de qual referência de beleza o indivíduo escolheria seguir.

Por exemplo a Marlyn Monroe se destacava pela sensualidade com quadris


largos e seios robustos ressaltados pelos enchimentos no sutiã. Elvis Presley na
época influenciava muito os homens e ditava tendência, pois se destacava pelo topete
brilhante e a pele lisa do rosto. Depois Twiggy, modelo, atriz e cantora britânica, se
destacou e inspirou mulheres com seu corpo magro, sem curvas, bem branca, e mar-
cava seu olhar icônico com grandes cílios postiços. Twiggy veio a ser um ícone de
beleza nos anos 60 e chegou a ser eleita a Mulher Britânica do Ano, segundo a enci-
clopédia online Deplhi Pages (2020).

Já no final dos anos 80 e começo dos anos 90, de acordo com o portal
Nova Escola (2014), os padrões de beleza eram ditados pela aparência das supermo-
delos. O ideal de beleza era que as mulheres fossem magras, altas, com um corpo
forte, esbelto e de curvas na medida certa, sempre com um visual saudável. Para
manter também esta aparência poderosa das mulheres, um atributo importante eram
os seios, pois diferente dos anos 20, que muitas vezes elas tentavam disfarçá-los,
elas passaram a procurar até mesmo por silicone.

Segundo o blog We Are Human (2017), nos anos 90, a supermodelo Kate
Moss redefiniu a ideia de sex appeal com a valorização da sua beleza andrógena,
beleza que destaca traços marcantes dos dois gêneros (feminino e masculino) em si.
Foi nesta década que tendências como tatuagens e piercings passaram a ter mais
visibilidade.
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A busca pelo corpo perfeito para se encaixar ao padrão social de beleza


inspirado pelas modelos, provocou um aumento de casos de distúrbios alimentares
como anorexia e bulimia. Esta exaltação do que é belo, como padrão a ser seguido
para encaixar-se em uma classe admirada tornou-se obsessão e vem piorando com
os dias de hoje.

Atualmente estes padrões inspirados pelas passarelas se intensificaram


ainda mais, tornando estas questões de saúde ainda mais preocupantes, tendo em
vista o impacto crescente que tem gerado em adolescentes e jovens. De acordo com
o portal Nova Escola (2014), as modelos, ainda mais magras, influenciam uma gera-
ção e sabemos que isto vêm desde o século XX, porém hoje em dia, somado à tec-
nologia e os artifícios do Photoshop esta busca pelo corpo perfeito, torna-se uma cor-
rida sem fim.

A consolidação do corpo perfeito no Brasil também teve muita influência do


Carnaval e dos bailarinos. Segundo o blog We Are Human (2017), para atingir a per-
feição almejada, dietas e até mesmo cirurgias plásticas começaram a ser procuradas
com o foco em um corpo sarado.
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REFERÊNCIAS

BARROS, Marcia Andrea da Silva. A RELAÇÃO DOS PADRÕES DE BELEZA COM


A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE DA MULHER. Revista Presença, [S.l.], v. 3,
n. 9, p. 36-59, dec. 2017. ISSN 2447-1534. Disponível em: http://revistapresenca.cel-
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