Apostila Bariátrica

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 38

CURSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA

CIRURGIA BARIÁTRICA
GLÁUCIA REGINA DOS SANTOS

CRP 06/53.276
Professora, Psicóloga e Psicopedagoga.

Especialista em Avaliação Psicológica

Perita e Assistente técnica Judicial

Facilitadora: professora, psicóloga e psicopedagoga.

Formada pela Universidade do Sagrado Coração.

Especialista em Avaliação Psicológica

Atuou por 16 anos com avaliações psicológicas em vigilantes patrimoniais e transporte de valores. Prestando serviços a várias
empresas conceituadas, entre elas a multinacional Prosegur, onde além de avaliações psicológicas, também atuou como Analista
de Recursos Humanos no Estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná.

Possui experiência em avaliação psicológica para porte de armas, sendo credenciada pela polícia federal de 2013 à
2017.Realizando avaliações psicológicas para CR ( exército) e agentes penitenciários.

Atualmente exerce a função de professora especialista em ensino fundamental na prefeitura municipal de Bauru.

Realiza avaliações psicológicas para concursos e para procedimentos cirúrgicos ( bariátrica e vasectomia).

Na área jurídica como perita judicial e auxiliar técnica; com nomeações do ministério público e/ou particular.

Avaliação psicossocial para NR33 e NR35 .

Orientação profissional e vocacional e também atua como psicóloga clínica com abordagem em TCC.

Copyright© GH Essencial, 2020. Material para uso pessoal.

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou meio eletrônico e mecânico, sem a
autorização explícita da empresa, exceto em citações breves com indicação da fonte. (Lei nº 9.610 de
19.02.1998).

Todos os direitos reservados./Apostila Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica.


CURSO DEAVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA CIRURGIA BARIÁTRICA

SOBRE O CURSO:

A avaliação psicológica para cirurgia bariátrica é uma das demandas mais novas e frequentes que surgiu para o psicólogo.
Com o aumento da obesidade no Brasil, ficou cada vez mais comum a realização dessa cirurgia. Todavia, profissionais da
medicina vem se conscientizando cada vez mais do impacto de questões emocionais na alimentação, onde, em certos
casos, a cirurgia de redução de estomago não conseguiria por si só resolver o problema do seu paciente com a comida,
especialmente em casos de transtornos alimentares ou ansiedade muito intensa. Por essa razão o paciente é encaminhado
para uma avaliação psicológica, que visa avaliar os benefícios dessa intervenção frente a questões emocionais, além do
trabalho de conscientização do paciente da relação das emoções e alimentação e a importância disso ser trabalhado em um
ambiente terapêutico. FINALIDADE: O curso abordará todo o processo de avaliação, da entrevista, aplicação de testes e
elaboração de laudo, permitindo ao profissional oferecer esse serviço aos seus pacientes, demanda cada vez mais comum
nos consultório.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

▪ Compreendendo a obesidade: definições e características.

▪ A cirurgia bariátrica: definições, tipos, indicações, transtornos alimentares e comorbidades.

▪ A avaliação: entrevista inicial, testes e instrumentos de avaliação complementares, características impeditivas, laudo
psicológico.

▪ Testes utilizados no processo.


A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

A Resolução CFP nº 009/2018 estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício
profissional do psicólogo e regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), desenvolvido
pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) com o objetivo de avaliar a qualidade técnico-científica de
instrumentos psicológicos para uso profissional.

No site do SATEPSI são apresentados os instrumentos que podem e aqueles que não podem ser usados pelas(os)
psicólogas(os) na prática profissional, com parecer favorável e desfavorável, além de uma série de outros
informativos relacionados ao assunto.

Em seu art. 1º a referida Resolução define a Avaliação Psicológica como um processo estruturado de investigação
de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações
à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades
específicas.

De acordo com o parágrafo 1 do artigo citado acima “Os testes psicológicos abarcam também os seguintes
instrumentos: escalas, inventários, questionários e métodos projetivos/expressivos...”

Parágrafo 1, art. 2º - Será falta ética, conforme disposto na alínea c do Art. 1º e na alínea f do Art. 2º do Código
de Ética Profissional da psicóloga e do psicólogo, a utilização de testes psicológicos com parecer desfavorável ou
que constem na lista de Testes Psicológicos Não Avaliados no site do SATEPSI, salvo para os casos de pesquisa na
forma de legislação vigente e de ensino com objetivo formativo e histórico na Psicologia.

A avaliação psicológica é uma atividade exclusiva da(o) psicóloga(o) utilizada nos mais diferentes contextos,
sendo entendida como o processo científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito
das dimensões psicológicas dos indivíduos e grupos através de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e
instrumentos – com objetivos bem definidos, que possa atender diversas finalidades, verificar a realidade
psicológica de determinado indivíduo naquele momento, como na seleção de pessoal nas empresas, para a clareza
de diagnósticos, identificar se o indivíduo está apto a conduzir veículos ou portar armas de fogo, na orientação
vocacional, decisões jurídicas, entre tantas outras demandas, como a que trataremos neste Guia, a Avaliação
Psicológica para Cirurgia Bariátrica.

Considerando a alínea b, do art. 1º do Código de Ética Profissional da psicóloga e do psicólogo que preconiza que
os mesmos assumam responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais estejam capacitados,
pessoal, teórica e tecnicamente,

desta forma, fica evidente a importância de se realizar uma adequada avaliação psicológica, sempre pautada na
ética profissional, e consequentemente transmitir e devolver os resultados com uma adequada elaboração de
documentos psicológicos em conformidade com a(s) resolução(ões) vigente(s) do CFP.

“Em seu artigo 14, aborda que os estudos de validade, precisão, normas dos testes psicológicos terão prazo
máximo de 15 anos, a contar da data de aprovação do teste psicológico pela plenária do CFP”.
Objetivos da Avaliação:

✓ Identificar os objetivos da avaliação do modo mais claro possível;

✓ Proceder a seleção apropriada de instrumentos;

✓ Aplicar de forma cuidadosa os instrumentos selecionados;

✓ Fazer a correção dos instrumentos de forma cuidadosa;

✓ Fazer a cuidadosa interpretação dos resultados;

✓ Desenvolver o uso criterioso dos dados coletados;

✓ Produzir o relatório verbal e/ou escrito.

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DE SAÚDE

A psicologia na área da saúde vem ganhando espaço e importância para a compreensão dos vários fenômenos
relacionados à saúde e ao adoecimento, bem como intervindo para a melhoria do bem-estar humano.

A saúde não se resume à ausência de doença e ao bem-estar físico, mas um estado multidimensional que envolve
três domínios: a saúde física, psicológica e social. A saúde física implica ter um corpo não apenas livre de doenças,
mas também envolve hábitos relacionados ao comportamento e ao estilo de vida. Em seu outro domínio, a saúde
social engloba as boas habilidades interpessoais, relacionamentos com amigos e família e atividades socioculturais.
A saúde psicológica engloba, apesar das variações culturais, a capacidade de pensar de forma clara e objetiva,
possuir uma autoestima adequada e consciência de bem-estar.

A detecção precoce de problemas comportamentais e/ou distúrbios psicológicos/psiquiátricos em pacientes


inseridos no contexto da saúde pode significar um grande diferencial com relação ao tipo e qualidade do
atendimento oferecido ao paciente, bem como diminuição do sofrimento.
A avaliação psicológica está baseada no método científico e a aplicação de instrumentos psicológicos é uma parte
apenas, porém importante, de todo um processo, podendo (ou não), incluir testes padronizados como um dos
recursos para atingir seus objetivos. Nela estão envolvidos a coleta das informações, os instrumentos e as diversas
formas de medidas para que se possa chegar a uma conclusão.

A escolha de instrumentos, como, por exemplo, entrevistas, protocolos, questionários, testes psicológicos
psicométricos, projetivos e técnicas de observação, deve ser adequada e bem planejada, sob o risco de prejudicar a
avaliação.

A ATUAL SITUAÇÃO DA CIRURGIA BARIÁTRICA NO BRASIL

Os primeiros casos de cirurgia bariátrica no Brasil foram realizados a partir de 1974, porém, foi na década de 90
que surgiram as primeiras unidades especializadas no tratamento cirúrgico da obesidade mórbida com a estrutura
de equipe multidisciplinar.

O Conselho Federal de Medicina define que a equipe multidisciplinar envolvida no tratamento cirúrgico de
paciente bariátrico deve ser composta minimamente por: cirurgião geral ou do aparelho digestivo,
endocrinologista, cardiologista, pneumologista, enfermeiro, psicólogo, fisioterapeuta e nutricionista. Cada um
contribui para um mesmo fim, ou seja, a recuperação do paciente, com qualidade de vida e saúde.

Os dois tipos de cirurgias, mais utilizadas são o Bypass Gástrico, que envolve uma redução do estômago de cerca
de 85% associada com derivação intestinal, de modo a deixar o intestino de um a dois metros mais curto, e a
Gastrectomia Vertical que resulta em um estômago com um terço de seu tamanho original, sem nenhum
procedimento intestinal. Cada uma delas apresenta padrão de indicação específica sendo a escolha final dependente
da opinião de cirurgião, equipe multidisciplinar e paciente.

Muito mais que um procedimento para emagrecer, trata-se de uma cirurgia com objetivo de melhorar a saúde de
uma forma mais ampla agregando qualidade de vida.
CRITÉRIOS ESTABELECIDOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde estabelece a indicação do procedimento para pacientes com
idade entre 18 e 65 anos, com falha no tratamento clínico realizado por, pelo menos, dois anos e obesidade
mórbida instalada há mais de cinco anos, quando preenchido pelo menos um dos critérios listados abaixo:

a. Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 Kg/m2 e 39,9 Kg/m2, com comorbidades (doenças agravadas pela
obesidade e que melhoram quando a mesma é tratada de forma eficaz) que ameacem a vida (diabetes, ou apneia do
sono, ou hipertensão arterial, ou dislipidemia, ou doença coronariana, ou osteo-artrites, entre outras);

b. IMC igual ou maior do que 40 Kg/m2, com ou sem comorbidades.

OBESIDADE

A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, incluindo os riscos
associados, ou comorbidades1 como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, apneia do sono etc.

A obesidade é multideterminada por fatores fisiológicos, genéticos, ambientais, sociais, culturais e psicológicos, e
aumenta o risco de ocorrência de doenças orgânicas e transtornos mentais e comportamentais, tais como os
transtornos depressivos, de ansiedade, de personalidade e de compulsão alimentar. O fator genético da obesidade
tem recebido destaque nas pesquisas, ampliando a compreensão de que a obesidade depende de uma
vulnerabilidade biológica associada ao desenvolvimento do comportamento alimentar e ao sedentarismo.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016) 65% da população mundial, vive em países
onde o sobrepeso e a obesidade matam mais que a desnutrição, sendo esta apontada como o quinto maior fator de
risco de morte global. Dados da mesma organização indicam que 44% da carga de diabetes, 23% da carga de
doença isquêmica do coração e entre 7% a 41% dos encargos de câncer, estão relacionados à obesidade. Além
disso, verifica-se que este fenômeno, enquanto estigmatizador produz discriminação, preconceito e exclusão social,
comprometendo dessa forma, também a saúde psicológica e o comportamento social da pessoa. No Brasil, a
prevalência da obesidade é de 8,9% em homens e 13,1% em mulheres.

A associação entre alimento, emoções e sentimentos se constrói no desenvolvimento do ser humano, e a tradução
precoce e continuada dos desconfortos emocionais como fome pode contribuir para a ocorrência de dificuldades no
comportamento alimentar.

A obesidade revela a dinâmica do comportamento alimentar do indivíduo e da família, e diferenciam o comer por
prazer do comer para acalmar o mal-estar e a angústia. A obesidade pode funcionar como uma armadura protetora
ante os eventos estressores, ao mesmo tempo em que expressa estagnação psíquica do sujeito diante dos desafios
desenvolvimentais nas diferentes etapas do ciclo vital. Como sintoma, a obesidade teria a função de demarcar
vivências traumáticas, paradoxalmente expondo o corpo e mantendo a sexualidade distanciada.

Ao comer, diminuindo-se a sensação desagradável produzida pelas situações aversivas, em que o cliente possui
déficit de repertório ou repertório pouco desenvolvido para lidar, e explicando a manutenção deste repertório de
fuga-esquiva ligado à comida. Isto é, se o sujeito não possui repertório suficiente frente a certas contingências, o
ato de comer torna-se funcional para ele, que consegue atenuar as sensações aversivas de uma experiência, por
exemplo, através do reforço proveniente da alimentação.

A elevada prevalência da obesidade, em nível mundial, tem alarmado as autoridades e exigido esforços, por parte
dos profissionais envolvidos em seu tratamento, incluindo médicos e demais profissionais da área de saúde, no
sentido de encontrar alternativas para o manejo adequado dessa doença. Nesse contexto, o psicólogo apresenta-se
como parte da equipe multiprofissional, responsável pela avaliação psicológica pré-operatória do candidato a
procedimento bariátrico.

______________________________________

1 Comorbidade: estado patológico causado, agravado ou cujo tratamento/controle é dificultado ela presença de
peso ou que apresente cura/controle com a perda ponderal.

Também conhecido como doenças associadas a obesidade, as comorbidades são causadas por alterações
metabólicas decorrentes do excesso de peso. Quanto maior for o seu IMC, maior a sua chance de ter, ou
desenvolver, uma ou mais dessas doenças. Recentemente a lista de comorbidades foi atualizada pelo CFM –
Conselho Federal de Medicina e agora são 21. Veja a lista:

• Diabetes • Apneia do sono • Hipertensão arterial

• Dislipidemia • Cor pulmonale e síndrome de hipoventilação

• Asma grave não controlada

• Osteoartroses

• Hérnias discais

• Refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica

• Colecistopatia calculosa

• Pancreatites agudas de repetição

• Esteatose hepática

• Incontinência urinária de esforço na mulher

• Infertilidade masculina e feminina

• Disfunção erétil

• Síndrome dos ovários policísticos

• Veias varicosas e doença hemorroidária

• Hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebri)


• Estigmatização social e depressão

• Depressão

• Doenças cardiovasculares (incluindo doença arterial coronariana, infarto de miorcárdio, angina, insuficiência
cardíaca congestiva, AVC - acidente vascular cerebral, hipertensão e fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada)

Também estão classificadas como doenças associadas da obesidade as psicopatologias como: Transtorno da
compulsão alimentar periódica, transtorno alimentar, fobia social transtorno de humor entre outros.

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA CIRURGIA BARIÁTRICA

A avaliação para fins de cirurgia bariátrica é uma atividade recente no campo da Psicologia da Saúde. A própria
modalidade cirúrgica é nova e os conhecimentos relativos à Avaliação Psicológica para esse fim se encontram
incipientes, em construção.

A falta de um protocolo-padrão dificulta a identificação, por parte dos psicólogos, de quais domínios merecem
atenção e quais procedimentos avaliativos devem ser utilizados. Além disso, sem uniformização das práticas, o
valor e o propósito da avaliação psicológica variam de acordo com cada profissional ou equipe bariátrica. Como
consequência, produz-se grande variabilidade nas abordagens utilizadas durante a avaliação psicológica e pouco
consenso sobre como deve ser efetuada a triagem e quais critérios devem ser observados durante a seleção de
pacientes.

Por não haver um protocolo de avaliação estabelecido, configuram-se como complexas as situações de
contraindicação para cirurgia, pois alguns profissionais psicólogos ficam inseguros em prever a condição de
“sucesso psicológico” de uma cirurgia como essa. Também não há pesquisas consistentes sobre os resultados
dessas cirurgias, que possam apontar procedimentos e tomadas de decisão a respeito dos candidatos.

Assim, é uma área ainda muito incipiente, na qual há, em geral, pouquíssimas referências a respeito na formação
da graduação, assim como pesquisas ou referências bibliográficas

Também pode-se perceber nessa área a banalização deste processo de avaliação, com profissionais inconscientes,
que consideram esse tipo de avaliação simples e de menor responsabilidade. Infelizmente, não é rara a informação
de que alguns psicólogos somente fazem entrevistas ou atendem em somente um horário.

Dessa forma, este trabalho não tem como objetivo limitar os protocolos e nem estabelecer regras para o avaliador.
O profissional pode orientar-se especificamente pelo roteiro avaliativo, porém sem deixar de levar em consideração
a relação terapeuta-cliente, produzindo, sensibilidade ao fenômeno, considerando a singularidade da pessoa
avaliada e caminhando para avaliações que não sejam tendenciosas. Além disso, a dificuldade em se alcançar toda
a dimensão do sujeito, considerando a quantidade de variáveis que deveriam ser avaliadas, bem como a dimensão
do fenômeno do comportamento humano, também dificulta a criação de uma diretriz avaliativa, que não deixe
inúmeros aspectos altamente relevantes de lado.

Muitos pacientes candidatos à cirurgia bariátrica e metabólica se perguntam sobre a necessidade da avaliação
psicológica pré-operatória. Isso acontece, entre outras razões, porque é muito difundida a ideia de que quem
procura um psicólogo está passando por algum sofrimento grande. Apesar da resistência de alguns pacientes em
consultar com um psicólogo antes do procedimento, as informações discutidas durante a avaliação não servem
apenas para avaliar o preparo do candidato, mas também para aumentar as chances de sucesso no ajustamento após
a operação. Além disso, a avaliação psicológica “prepara o terreno” para que o paciente procure ajuda futuramente,
caso encontre-se em dificuldade após a cirurgia. Analisa-se que, a avaliação psicológica para o obeso, candidato a
cirurgia bariátrica se faz necessária, uma vez que a cirurgia produz uma nova contingência com a qual o sujeito
entrará em contato, e consequentemente que exigirá dele um conjunto de novos repertórios, isto é, novos hábitos
alimentares, reorganização da sua autoimagem e instalação e/ou desenvolvimento de repertórios mais adaptativos e
que produzam menos prejuízos.

Pode-se dizer que a obesidade é uma doença crônica e a Cirurgia Bariátrica não é uma cura. Desde o início do
tratamento para a cirurgia bariátrica o paciente deve conhecer o diagnóstico da sua doença (obesidade) e julgar
riscos, benefícios e consequências da cirurgia. Expectativas irreais sobre a cirurgia bariátrica e seus riscos podem
prejudicar mudanças necessárias no estilo de vida dos pacientes.

A avaliação psicológica pré-operatória consiste em um processo psicodiagnóstico que visa assegurar que o
paciente, naquele momento, encontra-se em bom estado de saúde mental, favorecendo sua participação ativa no
período pós-operatório e que seja capaz de seguir as orientações da sua equipe.

Nesse momento, deve ser feito um preparo psicoeducativo, cujo objetivo é que o paciente obtenha o máximo de
conhecimento a respeito das orientações que deverão ser seguidas após a cirurgia e otimizar os resultados por toda
a vida. Sabe-se que os pacientes

que obtiveram informações detalhadas e corretas durante o preparo para a cirurgia evoluem melhor no pós-
operatório imediato porque estão mais preparados para passar pelas etapas da restrição alimentar.

É importante que o profissional responsável pela avaliação psicológica pesquise e estude sobre os tipos de
procedimentos cirúrgicos, suas consequências e limitações no pós-cirúrgico do paciente, informações importantes
no aconselhamento/orientação dos pacientes.

Contudo, apesar de atrativa, a cirurgia bariátrica encontra-se também relacionada a dados negativos no pós-
operatório, como suicídio, depressão, dumping, comportamento antissocial entre outros. Dessa forma, tendo em
vista as diferentes variáveis que envolvem a obesidade e a dimensão da cirurgia, discute-se a necessidade de
processos de avaliação que alcancem maior quantidade possível de aspectos de vida da pessoa, bem como a
avaliação de seu repertório atual, à aquisição de comportamentos ao longo de sua vida (mais precisamente seu
comportamento alimentar) e suas condições para desenvolver um novo repertório.

A não existência de um protocolo que sistematize esse processo, acaba por deixar os profissionais sem um norte,
restando ao pesquisador, apoiado em seus conhecimentos e na sua experiência, questionar a relevância do que deve
ser levado em conta para o aconselhamento da intervenção bariátrica ou a restrição da mesma.

A avaliação deve levar em conta as condições psicológicas e emocionais do paciente candidato à cirurgia bariátrica
devido às mudanças psicossociais que o procedimento acarretará. Sendo assim, considera-se necessário utilizar-se
de técnicas e procedimentos que possam mensurar e conscientizar o paciente, sobre os efeitos da cirurgia na sua
vida, especialmente em termos das mudanças em seu repertório comportamental e as dificuldades que isso
acarretará.
De modo geral, observa-se que o paciente que busca pelo procedimento bariátrico, está na maioria das vezes,
controlado pelo produto de sua obesidade, isto é, o sentimento de exclusão em situações sociais, a baixa
autoestima, o desejo da perda de peso rápida e sem sofrimento, etc. Contudo, sob controle dessas variáveis são
produzidas muitas vezes expectativas irreais em relação à cirurgia. Em determinados casos, os pacientes
expressaram expectativas além do emagrecimento, como a resolução dos conflitos interpessoais e conjugais, assim
como mudanças de traços definidos de sua personalidade. Assim, verifica-se a necessidade de avaliar essa
expectativa do sujeito com relação ao procedimento, seu repertório para lidar com a nova condição, bem como
operacionalizar a função deste comportamento na vida da pessoa, buscando diminuir os possíveis riscos do pós-
cirúrgico.

O foco do acompanhamento psicológico deve ser sempre preventivo e educativo. É necessário considerar o
aparecimento de novos fatores de estresse, como ansiedade, ciúmes do parceiro, desejo de liberdade etc, após a
cirurgia. Além disso, o paciente pode

criar expectativas que não serão atingidas com a perda de peso, simplesmente porque dizem respeito a certas
frustrações ou imaturidade diante da vida.

Quanto mais informado sobre o processo e sobre si mesmo o cliente estiver, mais chance de sucesso terá a cirurgia.
A preparação, neste sentido, é peça fundamental, para que o paciente após o processo de emagrecimento
desenvolva repertório que possibilite lidar com a nova contingência e seu novo corpo.

O psicólogo é solicitado a elaborar um documento psicológico (de acordo com a Resolução CFP nº 06/2109), o
laudo, a descrever: as condições sociais e emocionais do paciente, a fim de propiciar diagnóstico e prognóstico
para inferir aptidão ou não em relação ao procedimento bariátrico, podendo encaminhar o cliente à cirurgia ou
aconselhar o acompanhamento psicoterápico antes de concretizar-se tal intervenção.

Após o processo de Avaliação Psicológica, deve ser realizada uma sessão onde será feita a devolutiva dos aspectos
avaliados, sendo importante que o psicólogo sinalize ao cliente os aspectos fundamentais do tratamento,
explicitando os pontos negativos e positivos, informando e instruindo quanto ao procedimento cirúrgico e
realizando a entrega do laudo ou atestado psicológico, aconselhando ou desaconselhando à cirurgia.

Caso seja considerado apto ao procedimento cirúrgico, logo depois na etapa pósoperatória indica-se
acompanhamento psicoterápico individual e/ou em grupo, e uma reavaliação psicológica.

O psicólogo assume diferentes papéis no momento da avaliação: é um pesquisador, coletando dados; um educador,
provendo informações; e, ainda, um terapeuta, aumentando a motivação e gerenciando as emoções emergentes
durante a avaliação.

Torna-se importante que seja realizada, também, uma entrevista com um familiar, cônjuge ou cuidador para a
verificação de suporte socio familiar, auxiliar a adesão do paciente ao tratamento e desmistificar a cirurgia.
CONTRAINDICAÇÃO PARA A CIRURGIA

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.172, DE 22 de novembro de 2017

A cirurgia deve ser contraindicada pelo psiquiatra em pacientes:

a) abusadores de álcool;

b) dependentes químicos;

c) depressivos graves com ou sem ideação suicida;

d) com psicoses graves;

e) portadores de qualquer doença mental que, a critério da avaliação do psiquiatra, contraindique a cirurgia de
forma definitiva ou até que a doença tenha sido controlada por tratamento.

QUAIS ASPECTOS DEVEM SER AVALIADOS NO CANDIDATO À CIRURGIA BARIÁTRICA?

A metodologia para a avaliação do candidato à cirurgia bariátrica não pode ser baseada em fórmulas prontas, com a
indicação desta(s) ou daquela(s) técnica(s). O psicólogo deverá, sim, estabelecer um processo de avaliação
utilizando os instrumentos que melhor forem atingir os objetivos traçados e responder à pergunta inicial formulada,
que de forma geral, deve ser: O candidato tem condições psicológica para se submeter a cirurgia e a todos os
procedimentos posteriores, assim como adaptar-se a um novo estilo de vida e relacionamento?

Para determinar a aptidão de um candidato à cirurgia bariátrica, diferentes aspectos da vida do paciente são
avaliados pelos psicólogos. Dentre os fatores psicossociais merecedores de atenção podemos elencar: compreensão
do paciente quanto à operação e as mudanças de estilo de vida necessárias; expectativas quando aos resultados;
habilidade de aderir às recomendações operatórias; comportamento alimentar (histórico de peso, dietas, exercício
físico); comorbidades psiquiátricas (atuais e prévias); motivos para realizar o procedimento cirúrgico; suporte
social; uso de substâncias; status socioeconômico; satisfação conjugal; funcionamento cognitivo; autoestima;
histórico de trauma/abuso; qualidade de vida e ideação suicida.

É importante considerar o significado da alimentação e da obesidade para a família e para a pessoa, seus recursos
para manejar limites e sentimentos de desconforto e frustrações.

Considera-se importante então, nesse processo de avaliação, a verificação e correta compreensão dos seguintes
pontos:

➢ O objetivo do sujeito com a cirurgia – que expectativas tem, como encara a obesidade, que benefícios imagina
que a cirurgia irá trazer, o nível de consciência dos riscos envolvidos; ➢ A condição de saúde em geral – física e
psíquica; ➢ O estabelecimento de um prognóstico a partir da cirurgia (se for o caso da indicação). Como o sujeito
poderá se adaptar ao novo estilo de vida, as possibilidades de transferência da compulsão, as tendências à
ansiedade e depressão.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o psicólogo e/ou o psiquiatra que integram a equipe responsável
pela avaliação multidisciplinar pré-operatória, devem estar atentos para a ausência de uso de substâncias, bem
como de quadros psicóticos ou demenciais. Também são esses profissionais os responsáveis em certificar de que o
paciente possui nível intelectual e cognitivo de compreensão acerca dos riscos da

operação e cuidados inerentes a esse procedimento no período do pós-operatório imediato e em longo prazo.

As expectativas dos indivíduos após o procedimento são a perda de peso e o controle e ou cura da obesidade.
Também podem refletir o aumento de sentimentos de esperança e diminuição dos sentimentos de menos valia, ou
seja, melhorar a autoestima. No entanto além desses sentimentos muitas vezes aparecem preocupações e
ansiedades relacionadas à realização da cirurgia, seu sucesso e sua permanência até o final da vida sem retornar a
engordar. Há preocupações constantes como o retorno da obesidade o que pode muitas vezes afeta o indivíduo pós
procedimento, seja na sua saúde física e ou mental. Principalmente nas pessoas que já possuíam alguma forma de
sofrimento psíquico, não é raro encontrar alterações comportamentais nesses sujeitos. A obesidade muitas vezes
vem acompanhada de comorbidades psiquiátricas e entre elas a mais comum são os transtornos de depressivos.

O psicólogo, durante o processo de avaliação deve estar preparado para investigar aspectos emocionais,
psiquiátricos e cognitivos que podem influenciar o resultado da operação. Para tal finalidade, a observação clínica,
a entrevista clínica, a anamnese e a testagem psicológica aparecem como recursos valiosos para a obtenção de
informações sobre o funcionamento psicológico do paciente.

Para tal finalidade, a entrevista clínica semiestruturada ampla e detalhada e a uma bateria de testes psicométricos e
projetivos aparecem como recursos valiosos para a obtenção de informações sobre o funcionamento psicológico do
paciente.

A entrevista semiestruturada é utilizada como forma de obter dados qualitativos acerca da história e do repertório
do paciente devendo avaliar informações como: peso, dieta e histórico nutricional; comportamentos alimentares
atuais; histórico médico; entendimento dos procedimentos cirúrgicos, riscos e regime pós-operatório; motivação e
expectativas quanto ao resultado cirúrgico; relacionamentos e sistema de apoio; funcionamento psiquiátrico; os
recursos cognitivos para enfrentamento do pós-cirúrgico, identificar as funções emocionais do comer, entre outros
aspectos relevantes.

O comportamento, a presença de sintomas psiquiátricos, a compreensão quanto ao procedimento cirúrgico, o


comportamento alimentar, o nível de estresse, a presença de ambiente estável e apoiador, as expectativas e os
motivos que levaram à decisão quanto à operação são aspectos geralmente investigados durante a entrevista
psicológica, conferindo caráter único à avaliação psicológica pré-cirúrgica, diferenciando-a das avaliações
psicológicas tradicionais.

A testagem psicológica visa obter medida objetiva do ajustamento psicológico do paciente e de seu preparo para o
procedimento, sendo considerada ferramenta imprescindível de coleta de informações, para complementar os
dados subjetivos coletados durante a entrevista clínica.

Apesar das informações disponíveis quanto à condução da avaliação psicológica, incluindo os aspectos importantes
a serem avaliados e os recursos mais utilizados, não há delimitações de tempo em relação à duração do processo de
avaliação pré-operatória. Essa falta de clareza quanto à duração da avaliação psicológica gera incerteza em relação
ao número de sessões destinado a tal finalidade. Contudo, por conta da necessidade da aplicação de testes
psicológicos e da realização de entrevista clínica, infere-se que o processo exija mais do que uma sessão.

Recomenda-se no mínimo 3 encontros (consultas), porém depende da escolha de métodos e técnicas adequados à
coleta de dados, análise do material, devolutiva e elaboração do relatório. O número de encontros deve contemplar
as condições emocionais do paciente e do serviço. O profissional deve sempre facilitar o engajamento do paciente
no tratamento multidisciplinar em longo prazo.

ETAPAS DO PROCESSO

Psicodiagnóstico

“Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos, em nível
individual ou não, seja para atender problemas à luz de pressupostos teóricos, seja para classificar o caso e prever
seu curso possível, comunicando os resultados, na base dos quais são propostas soluções, se for o caso” (Cunha,
2000). Segue abaixo a estrutura do Psicodiagnóstico:

• Contato Inicial

• Entrevista Inicial

• Aplicação dos Instrumentos

• Análise e Integração dos dados

• Entrevista Devolutiva

Contato Inicial

A expressão contato, da raiz latina contactum (Carvalho, 1955), quer dizer exercitar o tato, com vistas ao toque
dentro de uma relação de influência e de proximidade (Ferreira, 1986). O papel do psicólogo é o de tatear pelos
meandros da angústia, da desconfiança e do sofrimento da pessoa que vem em busca de ajuda. O contato inicial
visa identificar o motivo da consulta (queixa), bem como ansiedades, defesas, expectativas. Bem como o
levantamento das hipóteses iniciais, o planejamento da avaliação, a seleção dos instrumentos diagnósticos e
aplicação, a análise e integração dos dados levantados e por fim a comunicação de resultados, orientação sobre o
caso e encerramento do processo.

Entrevista Inicial

É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico. Recomenda-se começar com uma técnica diretiva no
primeiro momento da entrevista, seguida pela entrevista livre e/ou semidirigida, e no final da entrevista
frequentemente precisamos adotar uma diretiva novamente para preencher lacunas e encerrar a entrevista. Na
entrevista livre ou semidirigida, o sujeito fica livre para expor seus problemas. Nesse sentido, aplica-se a anamnese
(anexo I).

Aplicação dos instrumentos

É sempre importante salientar que o foco da testagem deve ser o sujeito, e não os testes. Mas, para que o psicólogo
possa concentrar a sua atenção no paciente, deve estar perfeitamente seguro quanto à adequabilidade do
instrumento para o caso em estudo, estar bem familiarizado com as instruções e o sistema de escore, saber manejar
o material pertinente e ter em mente os objetivos a que se propõe para a administração de cada instrumento. Neste
contexto, os testes específicos que devem ser aplicados na avaliação da cirurgia bariátrica são: HTP (Casa, arvore,
Pessoa), Pirâmides Coloridas de Pfister, BSQ-4(Questionário sobre a imagem corporal) e as Escalas de Beck.

Análise e Integração dos dados

Independentemente das informações dos testes, nesse momento, o psicólogo já possui um acervo de observações
que constitui uma amostra do comportamento do paciente durante as várias sessões em que transcorreu o processo
diagnóstico, desde o contato inicial até a última técnica utilizada. Em resumo, é capaz de descrever o paciente.
Uma revisão das observações feitas é indicada para melhor entendimento da maneira como respondeu à situação
do psicodiagnóstico. Dependendo dos objetivos do exame, um sumário de tais observações já constituirá uma parte
introdutória do documento final. (atestado ou parecer).

Entrevista Devolutiva

A comunicação dos resultados não é mais que a formalização oral e/ou escrita de conclusões a que o psicólogo
chegou, estabelecidas em função de um determinado nível de inferência. Todavia, a comunicação não abrange
todos os dados e, quase sempre, não compreende todas as conclusões. Há uma seleção de informações que, por um
lado, é pertinente aos motivos do encaminhamento e se mantém num determinado nível de inferência, previsto pelo
objetivo do exame, e, por outro lado, se estrutura conforme a natureza do serviço ao qual será encaminhado o
documento ou de acordo com o tipo de profissional que o solicitou. Cada profissional utiliza o seu modelo próprio,
para o exame do sujeito, e os dados são interdependentes.

Plano de Avaliação

O plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais, definindo-se não só quais os
instrumentos necessários, mas como e quando utilizá-los. Pressupõe-se, naturalmente, que o psicólogo saiba que
instrumentos são eficazes quanto a requisitos metodológicos. Portanto, a questão, aqui, é o quanto certos
instrumentos podem ser eficientes, se aplicados com um propósito específico, para fornecer respostas a
determinadas perguntas ou testar certas hipóteses. Selecionada e administrada uma bateria de testes, obtêm-se
dados que devem ser inter-relacionados com as informações da história clínica, da história pessoal ou com outras, a
partir do elenco das hipóteses iniciais, para permitir uma seleção e uma integração, norteada pelos objetivos do
psicodiagnóstico, que determinam o nível de inferências que deve ser alcançado. Tais resultados são comunicados
a quem de direito, podendo oferecer subsídios para decisões ou recomendações

A ESCOLHA DOS INSTRUMENTOS E TESTES PSICOLÓGICOS

Em relação aos testes psicológicos, não se propõe uma bateria-padrão, sendo que as escolhas dos instrumentos
dependem de vários aspectos: quem formula o pedido, a idade cronológica, o nível sociocultural e o grupo étnico
do paciente, casos com déficit sensorial ou comunicacional; o momento vital, o contexto espaço-temporal em que
se realiza.

Para a testagem psicológica formal, os instrumentos de avaliação mais utilizados são os inventários de sintomas e
os testes de personalidade.

Segue bateria de testes psicológicos para a avaliação, reforçando que a escolha depende, também, da preferência e
conhecimento do profissional. Os recursos abaixo listados são, apenas, sugestões.

Personalidade e Projetivos:

▪ As Pirâmides Coloridas de Pfister;

▪ Palográfico;

▪ Bateria Fatorial de Personalidade (BFP);

▪ HTP – Técnica Projetiva de Desenho.

Inventários e Escalas:

▪ Escalas Beck: Inventário de Depressão Beck (BDI),

Inventário de Ansiedade Beck (BAI),

Escala de Desesperança Beck (BHS),

Escala de Ideação Suicida Beck (BSI) – Desfavorável desde 11/04/2018 – estudos de normatização vencidos;

▪ ISSL - Inventário de sintomas de stress para adultos de Lipp –

Teste com normas não favoráveis conforme parecer do Satepsi;

▪ Inventário de Depressão de Beck (BDI-II);

▪ IPSF - Inventário de Percepção de Suporte Familiar;

▪ EPR – Escala dos Pilares da Resiliência;


▪ EBADEP-A Escala Baptista de Depressão Versão Adulto;

▪ Inventário Fatorial de Personalidade (IFP-II);

▪ Escala Baptista de Depressão – Versão Adulto (EBADEP-A);

▪ Escala de Avaliação da Impulsividade – Formas A e B (EsAvl-A e EsAvlB);

▪ Escala de Percepção do Suporte Social – Versão Adultos (EPSUS-A);

▪ Inventário de Habilidades Sociais 2 (IHS 2 Del Prette).

Inteligência (caso seja identificado dificuldades nas habilidades intelectuais no paciente):

▪ Tese de Inteligência Geral – Não Verbal (TIG-NV);

▪ R-1 - Teste não Verbal de Inteligência;

▪ G-36 Teste não-verbal de inteligência; ▪ G-38 Teste não-verbal de inteligência.

Outros Instrumentos de Avaliação não restrito ao psicólogo:

o Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ANEXO I)

o Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26) (ANEXO II)

o Teste de investigação bulímica de Edimburgo (*) (ANEXO III)

o Questionário sobre a imagem corporal (BSQ) (ANEXO IV)

o Escala de Figuras de Stunkard - Figure Rating Scale (FRS) (ANEXO V)

o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (ANEXO VI)

o Anamnese Pré-Operatória (ANEXO VII)

Sugestões de atividades lúdicas:

❖ Diário Alimentar x Sentimentos (ANEXO VIII)

❖ Desenho: antes e depois da cirurgia

❖ Colagens: expectativas após cirurgia


❖ A história do meu corpo

❖ Carta para você: “após a cirurgia”.

Psicoeducação

O ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO PÓS-CIRÚRGICO

O acompanhamento psicológico no pós-cirúrgico é necessário para o bom prognóstico, pois os fatores


psicossociais e comportamentais influenciam a boa evolução do paciente. Destacam-se as mudanças no
comportamento alimentar exigidas pela cirurgia e também as mudanças na imagem corporal proporcionadas pelo
emagrecimento.

Em muitos casos o emagrecimento súbito incorre em quadros psiquiátricos, tais como: sintomas depressivos,
ansiedade, uso de substâncias, alterações comportamentais e ideação suicida, dentre outras situações, associadas às
mudanças emocionais que o paciente vivencia com o novo estado físico e psíquico.

É a partir deste momento que começam a se apresentar, verdadeiramente, para esses sujeitos os problemas que
terão que enfrentar. Até o momento da cirurgia, por mais que tenham sido orientados e esclarecidos quanto às
dificuldades, estavam, digamos, fascinados com a certeza de resolverem todos os seus problemas a partir da
cirurgia, como que num passe de mágica.

Ao passar por esse marco, que é a cirurgia, inicia-se uma fase de intensos desafios, talvez até maiores que antes,
pois todo o sistema defensivo que era mantido em torno da alimentação e da obesidade fica impedido. O sujeito
deve, rapidamente, aprender a lidar com suas angústias através de outros meios. Isso nem sempre é possível,
deixando então abertos inúmeros canais patológicos.

Uma primeira reação que se apresenta na quase totalidade dos pacientes é o certo "triunfar" sobre a condição
anterior de obesidade. É como se todo o problema houvesse sido derrotado pela cirurgia. Essa reação é
intensamente reforçada pela perda de peso visível, pelo reforço positivo dado pela equipe, pelos familiares e pelos
demais pacientes. Esse é um primeiro tempo definido pela própria equipe e pelos pacientes como de lua de mel,
dentro do qual a perda de peso é tão evidente e o reforço positivo da equipe e dos pacientes é tão presente, que
acaba compensando qualquer sofrimento. O paciente sentese na "vitrine da moda", e todo aquele sofrimento
advindo da exclusão social, da rejeição por ser gordo, da ferida narcísica que representa um corpo fora dos padrões,
de repente se reverte.

Contudo, como toda lua de mel, tal período vai pouco a pouco terminando. No lugar dele, vão aparecendo outros
sentimentos, que por vezes "parecem vir do nada": uma angústia, uma sensação de tédio indefinida, um vazio, algo
que fica faltando, sentimento de tristeza, uma vontade de ficar beliscando, o tempo todo, alguma coisa, mas ainda
assim
a perda de peso continua visível, o trauma físico da cirurgia vai cicatrizando, uma coisa equilibra a outra e a
disposição de continuar lutando permanece.

O acompanhamento psicológico bariátrico consiste em encontros mensais para tratar de assuntos relativos à
evolução do paciente, solucionar possíveis dúvidas e rever as orientações para as próximas etapas bariátricas.

Já a psicoterapia exige encontros mais frequêntes, geralmente semanais, e pode ser indicada pelo profissional de
saúde ou partir do desejo do próprio paciente para se aprofundar e tratar de suas questões psicológicas, não
necessariamente relacionadas à cirurgia bariátrica.

Todas essas formas de tratamento psicológico são válidas e importantes para que o paciente evolua da melhor
forma.

Aspectos que se apresentam após a cirurgia que devem ser considerados no tratamento psicológico:

Percurso do Paciente Acompanhamento Psicológico

Período pós-cirúrgico imediato:


paciente debilitado (estresse cirúrgico),
fase de recuperação, dor, desconforto,
adaptação à dieta liquida, perda de
autonomia momentânea, expectativas,
ansiedade e insegurança, tudo contribuiu
O acompanhamento psicológico é
para desestabilização psicológica e não
voltado geralmente para a adaptação aos
há um resultado visível quanto ao
novos hábitos.
emagrecimento.

Após 30 dias de dieta líquida segue-se a


adaptação à dieta sólida e novamente
inseguranças, medo de “intalar”.

Após três meses – fase da “lua-de-mel” Nesse período muitos pacientes


com a cirurgia, o emagrecimento começa desaparecem da psicoterapia por não
a ser notado por todos (elogios), aumento sentirem necessidade.
da disposição e do bem-estar, paciente Nesse momento estão se sentido tão bem
investe mais em si. como nunca antes: autossuficientes,
autoestima elevada e, às vezes, eufóricos.
Após 6 a 8 meses – perda de peso em Quando persistem, a psicoterapia trabalha
torno de 30%. Tudo é novidade (cruzar a nova imagem corporal e as
pernas, caminhar sem ficar ofegante, repercussões dela na personalidade do
comprar roupas em lojas comuns, etc). indivíduo.

O corpo até então “ignorado” passa a


Conflitos básicos emergem e se não
estar em evidência e se torna alvo de
forem
observações e elogios. Dificuldades
tratados o paciente começa a se boicotar
emocionais que estavam encobertas pela
para evitar sofrimento.
gordura tendem a surgir.

Requer nova aprendizagem social.


Fase de grandes mudanças,
A exposição a determinadas situações de
multiplicidade de opções. Passa de uma
que antes era protegido pela obesidade
posição passiva para uma postura mais
gera ansiedade e angústia. Adaptações
participante e ativa na vida. Expõe-se
nos
mais física e emocionalmente
relacionamentos familiares, afetivos,
(sexualidade, competitividade, etc).
sexuais e profissionais.

Nesse momento a depressão pode se


instalar, pois, o objetivo foi alcançado,
Em torno de um ano – o peso se
mas, nem todos os problemas foram
estabiliza. Todos já se acostumaram com
resolvidos magicamente (relações
o significativo emagrecimento, diminuem
interpessoais conflituosas, problemas
os elogios, tudo entra numa rotina.
profissionais).

O boletim da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa (2008), que avalia tecnologias em saúde, também
especula acerca do risco de suicídio na população que se submete à cirurgia bariátrica, aconselhando que se
acompanhe o pós-operatório de tais pacientes. Assim, mecanicamente impedido de comer, ou seja, de utilizar o
alimento como estratégia de fuga-esquiva, sem nenhum repertório alternativo para lidar com tal contingência,
enxerga no ato suicida uma alternativa extrema na classe de respostas de fuga e esquiva.

Estressores produzidos tanto na esfera pessoal quanto produto das questões sociais podem ser os principais
motivadores do ato suicida, contendo diversas facetas, tais como: a pressão social para rápida perda de peso, a falta
de repertório para lidar com situações de exposição social, a dificuldade em lidar com as mudanças físicas
consequentes da cirurgia e etc.

Desse modo, lidar com as mudanças advindas do processo cirúrgico é algo complexo e que exige repertório
alternativo por parte do obeso. Por isso, defende-se que a avaliação deve ser criteriosa e que o acompanhamento
psicoterápico pré e pós-cirúrgico, deva incluir o desenvolvimento de repertórios no cliente, ajudando a diminuir o
risco de ideação suicida.

O boletim da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa (2008), que avalia tecnologias em saúde, também
especula acerca do risco de suicídio na população que se submete à cirurgia bariátrica, aconselhando que se
acompanhe o pós-operatório de tais pacientes. Assim, mecanicamente impedido de comer, ou seja, de utilizar o
alimento como estratégia de fuga-esquiva, sem nenhum repertório alternativo para lidar com tal contingência,
enxerga no ato suicida uma alternativa extrema na classe de respostas de fuga e esquiva.

Estressores produzidos tanto na esfera pessoal quanto produto das questões sociais podem ser os principais
motivadores do ato suicida, contendo diversas facetas, tais como: a pressão social para rápida perda de peso, a falta
de repertório para lidar com situações de exposição social, a dificuldade em lidar com as mudanças físicas
consequentes da cirurgia e etc.

Desse modo, lidar com as mudanças advindas do processo cirúrgico é algo complexo e que exige repertório
alternativo por parte do obeso. Por isso, defende-se que a avaliação deve ser criteriosa e que o acompanhamento
psicoterápico pré e pós-cirúrgico, deva incluir o desenvolvimento de repertórios no cliente, ajudando a diminuir o
risco de ideação suicida.

CONHECENDO O PROCEDIMENTO BARIÁTRICO

CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO PARA CIRURGIA

As cirurgias bariátricas, independentemente da técnica a ser utilizada, estão indicadas nas situações abaixo
relacionadas. • Em relação à massa corpórea:

IMC > 40, independentemente da presença de comorbidades e com falha documentada de tratamentos
conservadores prévios (perda insuficiente ou recuperação de peso) realizados durante pelo menos dois anos;

IMC entre 35 e 40 na presença de comorbidade desencadeadas ou agravadas pela obesidade e com falha
documentada de tratamentos conservadores prévios (perda insuficiente ou recuperação de peso) realizados durante
pelo menos dois anos;

IMC entre 30 e 35 na presença de comorbidade que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um
médico especialista na respectiva área da doença. Também obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da
obesidade” por um(a) endocrinologista. A equipe cirúrgica e a instituição hospitalar envolvidas devem manter
registro de “indicação especial por comorbidade grave” nestes casos, anexando documento emitido por especialista
na área respectiva da doença (cópia no prontuário médico e com o cirurgião).

Índice de Massa Corpórea (IMC): índice utilizado para se relacionar peso e altura. Calculado pela fórmula: I.M.C.
= peso (kg) / altura 2 (m)

Tabela de IMC

Categoria IMC Abaixo do peso Abaixo de 18,5

Peso normal 18,5 – 24,9

Sobrepeso 25,0 – 29,9

Obesidade Grau I 30,0 – 34,9


Obesidade Grau II 35,0 – 39,9

Obesidade Grau III 40,0 e acima

➢ Peso Saudável equivale ao peso Normal.

São usuais as seguintes denominações:

✓ Obesidade grau I: obesidade leve ✓ Obesidade grau II: obesidade moderada ✓ Obesidade grau III: obesidade
grave ou mórbida ✓ Paciente com IMC acima de 50: super obeso

• Em relação ao tempo da doença:

Apresentar IMC e comorbidades em faixa de risco há pelo menos 2 anos e ter realizado tratamentos convencionais
prévios e ter tido insucesso ou recidiva do peso, através de dados na história clínica. Essa exigência não se aplica:
em casos de pacientes com IMC maior que 50 e para pacientes com IMC entre 35 a 50 com doenças de evolução
progressiva ou risco elevado.

• Em relação à idade:

Abaixo de 16 anos: não há estudos suficientes que corroborem esta indicação, com exceção aos casos de Prader-
Wille ou outras síndromes genéticas similares, quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico recomenda
que, nessa faixa etária, os riscos sejam avaliados por 2 cirurgiões bariátricos e pela equipe multidisciplinar. A
operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar por longo prazo o
paciente. Por outro lado, não há dados seguros também que contraindiquem os procedimentos ou comprovem
haver prejuízos aos pacientes submetidos a cirurgias da obesidade nesta faixa etária.

Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o responsável pelo paciente e a
equipe multidisciplinar.

Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade.

Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de
comorbidades, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento. Levar em conta na escolha do procedimento
limitações orgânicas da idade, como dismotilidade esofágica e osteoporose. Não há contraindicação formal em
relação a essa faixa etária isoladamente.

Características adicionais obrigatórias a todos pacientes:


✓ Ausência de causas secundárias da obesidade; ✓ Capacidade intelectual para compreender todos os aspectos do
tratamento; ✓ Compromisso com o seguimento pré e pós-operatório; ✓ Ausência de dependência química a
álcool e/ou drogas ilícitas;

✓ Ausência de distúrbio psicótico grave (consulta com psiquiatra se necessário) ou história de tentativa de suicídio
nos últimos 12 meses.

CONTRAINDICAÇÕES E CONDIÇÕES ADVERSAS

As situações abaixo configuram condições adversas à realização dos atuais procedimentos cirúrgicos para controle
da obesidade:

✓ Risco anestésico classificado como ASA IV. ✓ Hipertensão portal com varizes esofagogástricas. ✓ Limitação
intelectual significativa em pacientes sem suporte familiar adequado. ✓ Quadro de transtorno psiquiátrico atual
não controlado, incluindo-se uso de álcool ou drogas ilícitas. ✓ Insuficiência orgânica grave; ✓ Doença
neoplásica, infecciosa e inflamatória em atividade. ✓ Observação: Quadros psiquiátricos graves, porém sob
controle, não contraindicam os procedimentos.

Além das contraindicações mencionadas anteriormente, outros fatores que podem adiar ou indeferir a operação
envolvem: falta de compreensão quanto aos riscos, benefícios e resultados do procedimento cirúrgico; resistência
em aderir às recomendações pósoperatórias; múltiplas tentativas de suicídio ou tentativa de suicídio recente;
sintomas ativos de transtorno obsessivo-compulsivo e de transtorno bipolar; estressores de vida severos; uso de
nicotina.

Um aspecto polêmico quanto à cirurgia bariátrica é a compulsão alimentar ou binge eating, visto que as opiniões se
encontram divididas quanto a este quesito. Alguns defendem que a compulsão alimentar pode sofrer remissão após
o procedimento e, portanto, não deve ser compreendida como contraindicação, mas como fator a ser avaliado com
atenção. Outros apontam que apenas uma parte dos pacientes com compulsão alimentar anterior à operação retorna
a esse comportamento e que, novamente, a compulsão não deve ser vista como contraindicação, mas como um
tópico a ser abordado antes da operação.

Grande parte das pesquisas ressaltam que pacientes com compulsão alimentar não devem ser tratados
cirurgicamente até que o comportamento alimentar seja normalizado através de terapia. Outros autores apontam
apenas a bulimia nervosa como clara contraindicação cirúrgica, mas não a compulsão alimentar.

Orienta-se que a ingestão de álcool seja restrita e até mesmo proibida, visto que a absorção do álcool torna-se mais
rápida, podendo levar a um quadro de dependência.

PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO

Consultas pré-operatórias: Cirurgião(ã), Clínico(a) ou Cardiologista, Psiquiatra, Psicólogo(a) e


Nutricionista.
Informações na Fase Preparatória: recomenda-se que o paciente e seus familiares tenham amplo acesso às
informações sobre os riscos, benefícios e opções de técnicas cirúrgicas. Estas devem ser fornecidas em
consultas detalhadas com a equipe multidisciplinar ou através de reunião preparatória com a equipe
responsável.

Consentimento Informado: A utilização do Consentimento Informado no préoperatório de cirurgias


bariátricas é obrigatória.

O paciente tabagista deve parar de fumar pelo menos 8 a 12 semanas antes da cirurgia para minimizar o
risco de complicações tromboembólicas e infecciosas. A suspensão de contraceptivos orais e terapia de
reposição hormonal por 1 mês antes da cirurgia reduz o risco de tromboembolismo.

Mulheres em idade reprodutiva devem ser aconselhadas a utilizar um método contraceptivo seguro para
prevenir gestação até estabilizar o peso no pós-operatório, pelo menos nos primeiros 12 meses de pós-
operatório, não havendo consenso em relação à segurança dos contraceptivos orais após cirurgia bariátrica.
Mulheres em idade fértil devem realizar um beta-hCG.

Relações sexuais liberadas após o 20º dia do pósoperatório.

TÉCNICAS CIRÚRGICAS

As cirurgias diferenciam-se pelo mecanismo de funcionamento. Existem três procedimentos básicos em cirurgia
bariátrica e metabólica, que podem ser feitos por abordagem aberta, por videolaparoscopia, robótica e mais
atualmente (ainda em protocolo de estudo) por procedimento endoscópico, teoricamente menos invasiva, mais
confortável ao paciente, mas que ainda não se sabe de fato o alcance de seus resultados em perda de peso e em
perfil de paciente.

Os procedimentos são didaticamente divididos e classificados em:

Restritivos: são procedimentos que diminuem a quantidade de alimentos que o estômago é capaz de receber,
restringem a quantidade e induzem a sensação de saciedade precoce. Existem cirurgias que são procedimentos
puramente restritivos, que não alteram a fome do paciente e os procedimentos que são restritivos e metabólicos,
pois além de induzir à saciedade precoce reduzem também o grau de fome.

Disabsortivas: são cirurgias que teoricamente alteram pouco o tamanho e a capacidade do estomago em receber
alimentos. Alteram drasticamente a absorção dos alimentos a nível de intestino delgado, conhecidas como cirurgias
de by-pass intestinal ou cirurgias de desvio intestinal.

Na verdade, são cirurgias que por causarem um grande desvio intestinal, por reduzirem o tempo do alimento no
trânsito pelo intestino delgado reduzem a capacidade de absorção do mesmo, com isso, por diminuição de absorção
acabam induzindo ao emagrecimento.

As cirurgias disabsortivas podem ser também puramente intestinais, ou seja, não alteram o tamanho do estomago
(hoje em dia em desuso) ou também pode acrescentar uma parte metabólica, ao se realizar também uma parte
gástrica ao procedimento intestinal, deixando de ser puramente disabsortiva. São cirurgias em que o paciente deve
estar ciente da necessidade e da importância do controle dos micronutrientes (vitaminas).
Técnicas mistas: são consideradas as cirurgias de ouro, são cirurgias que apresentam elevados índices de
satisfação, excelente controle das doenças associadas, excelente manutenção do peso perdido a longo prazo. São as
cirurgias mais realizadas no Brasil e no mundo. Essa técnica causa uma restrição na capacidade de receber o
alimento pelo estômago que se encontra pequeno e possui um desvio curto do intestino com discreta má absorção
de alimentos. E conhecida como cirurgia de yy-pass gástrico ou cirurgia de fobi-capella.

Cirurgia Laparoscópica: técnica cirúrgica em que se realiza a mesma cirurgia através de pequenos orifícios, nos
quais se introduz longas pinças cirúrgicas e se realiza o procedimento através de uma televisão ou monitor
cirúrgico. É considerada “minimamente invasiva”, aplicável em todas as técnicas cirúrgicas a videolaparoscopia
representa uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina.

No tratamento da obesidade, as cirurgias do gênero se diferenciam da convencional, aberta (laparotomia), em


função do acesso utilizado. Na cirurgia aberta, o médico precisa fazer um corte de 10 a 20 centímetros no abdômen
do paciente. Na videolaparoscopia são feitas de quatro a sete mini incisões de 0,5 a 1,2 centímetros cada uma, por
onde passam as cânulas e a câmera de vídeo.

Das quase 60 mil cirurgias bariátricas realizadas em 2010 no Brasil, 35% foram feitas via videolaparoscopia. A
taxa de mortalidade média é de apenas 0,23% – abaixo do índice de 1% estabelecido pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) –, contra 0,8% a 1% da cirurgia aberta (laparotomia). Vale lembrar que, em algumas situações, raras,
o cirurgião pode precisar converter a videolaparoscopia em cirurgia aberta. Essa decisão é baseada em critérios de
segurança e só pode ser tomada durante o ato operatório.

As vantagens são inúmeras, com as técnicas de videolaparoscopia, menos dor no pós-operatório, menos
complicação na ferida operatória, menor índice de infecção, tempo de internação hospitalar e recuperação mais
rápida pós-operatória, rápido retorno as atividades laborais, menor incidência de hérnias incisionais, além de
esteticamente superior, com a mesma eficácia da laparotomia.

São aprovadas no Brasil quatro modalidades diferentes de cirurgia bariátrica e metabólica (além do balão
intragástrico, que não é considerado cirúrgico):

Bypass Gástrico (gastroplastia com desvio intestinal “Y de Roux”)

Estudado desde a década de 60, o by-pass gástrico é a técnica bariátrica mais praticada no Brasil, correspondendo a
75% das cirurgias realizadas, devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. O paciente submetido à
cirurgia perde de 70% a 80% do excesso de peso inicial. Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de
parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento
de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento
da saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão
arterial.

Uma curiosidade: a costura do intestino que foi desviado fica com formato parecido com a letra Y, daí a origem do
nome. Roux é o sobrenome do cirurgião que criou a técnica.

Banda Gástrica Ajustável

Criada em 1984 e trazida ao Brasil em 1996, a banda gástrica ajustável representa hoje menos de 1% dos
procedimentos realizados no País e praticamente se encontra abandonada.

Apesar de não promover mudanças na produção de hormônios como o by-pass, essa técnica é bastante segura e
eficaz na redução de peso (50% a 60% do excesso de peso inicial), o que também ajuda no tratamento de todas as
doenças.

Um anel de silicone inflável e ajustável é instalado ao redor do estômago, que aperta mais ou menos o órgão,
tornando possível controlar o esvaziamento do estômago. E uma técnica puramente restritiva e tem contra ela a
presença do anel, que é uma prótese, podendo a qualquer momento apresentar problemas e complicações
decorrentes de sua presença na cavidade abdominal.

Gastrectomia Vertical

Também conhecida como cirurgia de Sleeve ou gastrectomia em manga de camisa. Esse procedimento e
considerado restritivo e metabólico e nele o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100
mililitros (ml).
Essa intervenção também provoca uma boa perda de peso, comparável à do by-pass gástrico e maior que a
proporcionada pela banda gástrica ajustável.

É um procedimento que já é feito há mais de 20 anos, tem boa eficácia sobre o controle da hipertensão e de
doenças dos lipídeos (colesterol e triglicérides).

Atualmente vem crescendo muito o número de cirurgiões que acreditam nos resultados desta técnica, inclusive
para controle do diabetes. Estima-se que em pouco tempo será a cirurgia

mais feita no Brasil e no mundo.

Duodenal Switch

É a associação entre gastrectomia vertical e desvio intestinal. Nessa cirurgia, 60% do estômago são retirados,
porém a anatomia básica do órgão e sua fisiologia de esvaziamento são mantidas.

O desvio intestinal reduz a absorção dos nutrientes, levando ao emagrecimento. Criada em 1978, a técnica
corresponde a 5% dos procedimentos e leva à perda de 75% a 85% do excesso de peso inicial.

Terapia auxiliar – Balão Intragástrico

Reconhecido como terapia auxiliar para preparo pré-operatório, trata-se de um procedimento não cirúrgico,
realizado por endoscopia para o implante de prótese de silicone, visando diminuir a capacidade interna gástrica e
com isso provocar saciedade precoce.

O balão é preenchido com 500 ml de líquido azul, chamado de azul de metileno e que em caso de vazamento ou
rompimento será expelido pela urina que ficara com a cor verde ou azul clara. O paciente pode ficar com o balão
por um período médio de seis a oito meses. É indicado para pacientes com sobrepeso que não

possuem indicação de cirurgia ou nos super obesos que estejam no pré-operatório (IMC acima de 50 kg/m2).
O paciente com aderência ao acompanhamento pós-operatório poderá ser submetido à cirurgia plástica reparadora
do abdômen, das mamas e de membros, conforme as orientações para indicação de cirurgia plástica reparadora
pós-cirurgia bariátrica. Tipos: mamoplastia, abdominoplastia, torsoplastia, excesso de pele no braço e coxa.

BENEFÍCIOS DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Maior controle do peso corporal promovido pela cirurgia bariátrica promove melhora das comorbidades
relacionadas à obesidade, do estado psicossocial e da qualidade de vida. O paciente submetido à Cirurgia Bariátrica
frequentemente evolui com melhora de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, função cardíaca, perfil
lipídico, função respiratória, doenças do sono, doença articular degenerativa, infecções, refluxo gastroesofágico,
mobilidade, estase venosa, esteatoepatite não alcoólica, asma, síndrome dos ovários policísticos, infertilidade e
complicações gestacionais, embora o risco de neonato com baixo peso ou prematuro seja maior em mulheres
operadas. Há possibilidade de remissão de sintomas de ansiedade e depressão, melhora no funcionamento sexual,
aumento no nível de atividade.

A perda média de 61% do excesso de peso se relaciona à melhora de diabetes, hipertensão, síndrome de apneia
obstrutiva do sono e dislipidemia. A perda de 20 a 30 kg, mantida após dez anos, ocasiona à redução das
comorbidades e da taxa de mortalidade para menos de 1% em pacientes com IMC superior a 40 kg/m2.

COMPLICAÇÕES

As complicações pós-operatórias mais comuns de todas as técnicas descritas são tromboembolismo pulmonar,
deiscência da sutura, fístulas, estenoses, infecções e hemorragia (mais comuns no pós-operatório precoce), hérnia
interna e obstrução intestinal (mais comuns no pós-operatório tardio). Nas técnicas disabsortivas há maior risco de
se desenvolver diarreia com flatulência excessiva e desnutrição proteica, mais anemia ferropriva, deficiência de
vitaminas e doenças osteometabólicas são comuns.

A Síndrome de Dumping é uma complicação comum, ocorre quando há a passagem do conteúdo gástrico para o
intestino de forma muito rápida gerando sintomas desagradáveis.

Síndrome Precoce: 30 a 60 minutos após alimentação. Sintomas: diarreia, náuseas, cefaleia e rubor.

- Síndrome Tardia: 1 a 3 horas após alimentação. Sintomas: hipoglicemia, dificuldades de concentração, redução
da consciência, fome e perspiração (eliminação grande de suor).

- Evitar: açúcar e carboidratos, mastigação adequada, fracionamento de refeições, evitar ingestão de líquido com
refeições e aumento no consumo de fibras.
Outras complicações e manifestações clínicas comuns na cirurgia bariátrica:

✓ Distúrbios ácido-básicos (acidose metabólica, cetoacidose); ✓ Hiperproliferação bacteriana (Distensão


abdominal, pseudo-obstrução, diarreia noturna, artralgia); ✓ Anormalidades eletrolíticas (Hipocalcemia,
hipokalemia, hipomagnesemia, hipofosfatemia); ✓ Deficiência vitamínica (Deficiência de vitaminas A, D, E e K,
Deficiências de ácido fólico e de vitamina B12, anemia); ✓ Deficiência de ferro (anemia que pode necessitar de
ferro endovenoso e transfusão); ✓ Osteoporose (fraturas); ✓ Deficiência de tiamina (Síndrome de Wernicke-
Korsakoff); ✓ Deficiência de vitamina B12 (Neuripatia periférica e anemia).

Os pacientes no pós-operatório devem ser regularmente seguidos por meio de consultas ambulatoriais, orientações
nutricionais e exames laboratoriais para detectar precocemente alterações metabólicas e nutricionais.

ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PÓS-CIRÚRGICO

I. Pós-operatório imediato Após liberação do jejum, inicia-se dieta líquida em uma fase de adaptação. A introdução
dos alimentos é feita gradativamente, iniciando com água, chás, sucos, sopas e leite, sendo que o paciente é
orientado a ingerir pequenas porções por vez. No momento da alta hospitalar o paciente deve estar recebendo dieta
líquida, fracionada em 15 refeições/dia, com aproximadamente 1000 kcal/dia (2 l/dia), e deverá mantê-la durante
aproximadamente 30 dias.

II. Pós-operatório tardio: Após o primeiro mês a alimentação deve progredir para pastosa durante 1 mês, e depois
ara geral, fracionada em 6 a 7 refeições/dia, de acordo com a tolerância e as necessidades individuais. A evolução
de cada paciente é variável e a escolha de cada alimento deve ser acompanhada cuidadosamente para evitar
desconforto digestivo como dor, náuseas e vômitos. Considerando que a alimentação passa a ser mais consistente,
deve-se orientar mastigar exaustivamente os alimentos.

Orientações complementares:

❖ Mastigar bem os alimentos;


❖ Evitar o hábito de “beliscar”;

❖ Consumir carnes magras;

❖ Incluir na rotina habitual frutas, verduras e legumes;

❖ Dar preferência para carboidratos integrais (pão integral, arroz integral);

❖ Evitar frituras e alimentos gordurosos;

❖ Atenção com o consumo de doces, principalmente preparações com alta densidade calórica, tais como,
milkshake, sorvete, brigadeiro, etc;

❖ Evitar o consumo de bebida alcoólica/ não consumir;

❖ Realizar atividade física com frequência;

❖ Fazer acompanhamento regular com equipe multidisciplinar.

Um assunto que provoca muita discussão atualmente é o aumento de peso após certo tempo de realização da
cirurgia. Isso pode acontecer em cerca de 10% a 15% dos pacientes e na grande maioria dos casos ocorre quando o
paciente não assume hábitos saudáveis recomendados, que foram orientados desde antes da operação, como a
adoção de dieta menos calórica e mais nutritiva, além da prática de exercícios físicos.
PROTOCOLO CLÍNICO DE COESAS (COMISSÃO DAS ESPECIALIDADES
ASSOCIADAS) DA SBCBM (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA
E METABÓLICA) SOBRE A ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA NO TRATAMENTO
CIRÚRGICO DA OBESIDADE

Elaborado por 13 psicólogas da COESAS da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e


Metabólica, documento tem o objetivo de promover melhorias nos serviços prestados
pelos profissionais de psicologia, tanto no pré quanto no pós-operatório, além de
fomentar pesquisas na área

Num cenário crescente da obesidade e cirurgias bariátricas, 13 psicólogas da


COESAS – Comissão das Especialidades Associadas, da SBCBM, acabam de elaborar
um protocolo clínico em psicologia, para orientar os profissionais desta área que atuam
no segmento de cirurgia bariátrica. Entre as recomendações destaque para o número
mínimo de três consultas com o psicólogo no pré-operatório; inscrição de pelo menos
dois anos no Conselho Regional de Psicologia e título de especialista em Psicologia
Clínica e/ou Psicologia Hospitalar e embasamento técnico-científico consistente e
atualizado em Psicologia, obesidade, transtornos alimentares e Cirurgia Bariátrica e
Metabólica.

O protocolo foi estruturado em três fases: pré-operatória, transoperatória e


internação e pós-operatória e follow-up. Em cada etapa as profissionais detectaram os
principais objetivos a serem alcançados para que o paciente tenha total adesão ao
tratamento e as metodologias e intervenções que devem ser aplicadas da maneira que
tanto o paciente quanto os familiares respondam positivamente a cada fase, contribuindo
com o êxito da cirurgia.

O material para elaboração do protocolo foi compilado entre março de 2013 e


novembro de 2014, a partir dos relatos das experiências clínicas com pacientes bariátricos
das psicólogas participantes, além de referências bibliográficas. O resultado final foi
apresentado e aprovado durante o III Fórum de Psicologia Bariátrica de COESAS,
ocorrido paralelamente ao XVI Congresso da SBCBM, no Rio de Janeiro em novembro
passado (quadro abaixo).
Estrutura do Protocolo

Protocolo da assistência psicológica no tratamento cirúrgico da obesidade: fases,


principais objetivos e metodologias e intervenções
Fases Principais objetivos Metodologias e
intervenções

₋ Identificar o paciente: histórico da obesidade e ₋ Avaliação psicológica


tratamentos; história de vida e familiar (doenças, individual: observação
hábitos, crenças, regras); histórico psiquiátrico e de clínica, entrevista
variáveis que possam prejudicar o sucesso do semiestruturadai,
tratamento (uso de álcool e outras drogas, aplicação de testes
tabagismo, transtornos psiquiátricos); impacto da e/outros instrumentos e
cirurgia, principalmente em casos de técnicas de
psicopatologias; psicodiagnósticoii,
₋ Levantar fatores psicossociais: hábitos alimentares observância das contra-
saudáveis e não saudáveis (adaptativos, e não indicações iii;
adaptativos); motivação para mudanças; ₋ Psicoeducação:
características de personalidade, expectativas com orientações e
Avaliação pré- o tratamento; função do alimento e da obesidade; informações gerais
condições emocionais e estratégias de sobre a Cirurgia
operatória Bariátrica
enfrentamento para lidar com as mudanças
e preparo provocadas e exigidas pela cirurgia; ₋ Atuação em Equipe
psicoeducacional comportamentos protetores e de risco; Multiprofissional:
₋ Promover autoconhecimento ao paciente Reuniões de
sobre sua relação com a alimentação (função, ideias, Orientaçãoiv, Discussão
fantasias, crenças, hábitos) e facilitar adaptação ao de casos,
tratamento; Encaminhamentos e
₋ Investigar a rede de apoio social do paciente e Pareceres;
propor intervenções para obter apoio compatível ₋ Entrevista com
com as necessidades do paciente e do tratamento; familiares;
₋ Oferecer informações e orientações aos pacientes ₋ Elaboração de relatório
e familiares a fim de promover: participação ativa conforme Resolução
e adesão ao tratamento (pré e pós-operatório), CFP nº 007/2003;
expectativas realistas e reflexões sobre as ₋ Entrevista devolutiva e
transformações que ocorrerão após a cirurgia entrega de relatório.
bariátrica a curto, médio e longo prazo.
Trans-operatória ₋ Favorecer a expressão de emoções e sentimentos; ₋ Acompanhamento
₋ Minimizar a ansiedade e o estresse desencadeados; hospitalar (Centro
(fase facultativa ₋ Auxiliar na compreensão do ato cirúrgico, cirúrgico e Internação);
ou opcional, pois proporcionar um clima de segurança; ₋ Orientação familiar;
depende da ₋ Facilitar a comunicação entre paciente, familiares ₋ Orientação à equipe de
organização do e equipe de saúde. saúde.
serviço)

₋ Ampliar o autoconhecimento do paciente e ₋ Acompanhamento


familiares para facilitar a compreensão e psicológico individual
adaptação ante as mudanças provocadas e exigidas ou em grupo;
Pós-operatória pela cirurgia (hábitos, imagem corporal); ₋ Psicoeducação:
₋ Estimular autocuidado, motivação e adesão ao orientações e
e tratamento e às orientações da equipe; informações gerais
₋ Avaliar a evolução da adaptação ao novo estilo de sobre o pós-operatório;
follow-up vida (prevenção de deficiências nutricionais e ₋ Orientação familiar;
reganho de peso); ₋ Psicoterapia.
₋ Auxiliar o paciente na retomada ou
desenvolvimento de projetos de vida após a
cirurgia;
₋ Facilitar no manejo de estressores cotidianos e na
busca de qualidade de vida.

iSugerida a utilização de um roteiro de entrevista semiestruturada baseado nos objetivos descritos na fase
pré- operatória.

iiA aplicação e a escolha de testes psicológicos e outros instrumentos ficam a critério do psicólogo. No caso
do uso de testes psicológicos, orienta-se a consulta ao Satepsi, do Conselho Federal de Psicologia; para uso de
outros instrumentos, sugere-se aqueles já validados para a população brasileira. No anexo 1 consta uma lista
de testes e instrumentos de uso corrente pelos profissionais de psicologia que atuam nesse contexto e/ou
citados na literatura. iii Conforme as legislações, as contraindicações psicológicas são: limitação intelectual
significativa em pacientes sem suporte familiar adequado; quadro de transtorno psiquiátrico não controlado,
incluindo uso abusivo de álcool ou drogas ilícitas. No entanto, quadros psiquiátricos graves sob o controle não
são contraindicações absolutas à cirurgia. Todavia necessitam de avaliação e acompanhamento psiquiátrico
contínuo.

iv Conforme recomendação das legislações, o paciente e seus familiares devem ter amplo acesso às
informações sobre os riscos, benefícios e opções de técnicas cirúrgicas fornecidas em consultas detalhadas
com a equipe multidisciplinar ou através de reunião preparatória com a equipe responsável.

Na fase pré-operatória, recomenda-se um mínimo de três encontros (consultas).


Todavia, destaca-se que a tarefa de avaliar depende de planejamento prévio com escolha
dos métodos e técnicas adequados para a coleta de dados, análise do material, entrevista
devolutiva e elaboração do relatório. Assim, o número de encontros deve contemplar a
habilidade e a experiência do profissional, a acessibilidade e as condições emocionais
do paciente, bem como as condições do serviço.
Enfatiza-se que a execução de intervenções psicológicas eficazes, em cada fase,
favorece o estabelecimento de condições oportunas para o compromisso pessoal do
indivíduo com a sua escolha e com as repercussões do emagrecimento em sua vida. Para
isso, deve-se privilegiar intervenções que o motivem a aderir ao tratamento
multidisciplinar em longo prazo.

Outras Recomendações:

Profissional de Psicologia

Considerando a especificidade da população assistida e da terapêutica, e o


compromisso ético-profissional da Psicologia, recomenda-se que os (as) psicólogos (as)
que atuam nesse contexto sejam inscritos há pelo menos dois anos no Conselho Regional
de Psicologia de sua jurisdição, possuam título de especialista2 em Psicologia Clínica e/ou
Psicologia Hospitalar, embasamento técnico-científico consistente, atualizado, não só em
Psicologia, mas também em obesidade, transtornos alimentares e cirurgia bariátrica e
metabólica.
A presença de equipe multiprofissional na assistência ao paciente sugere que o
preparo psicológico seja realizado pelos psicólogos dessa mesma equipe. Sendo assim,
recomenda-se aos cirurgiões bariátricos que encaminhem os candidatos à cirurgia
bariátrica para o psicólogo de sua equipe. Nos casos em que o candidato tenha sido
preparado por profissional de psicologia não pertencente à equipe, recomenda-se pelo
menos uma consulta com a (o) psicóloga (o) da equipe a fim de realizar e alinhar o preparo
psicológico dentro das especificidades do respectivo serviço.

Encaminhamento para avaliação e acompanhamento psiquiátrico


Faz-se necessário encaminhamento para avaliação e acompanhamento psiquiátrico
nos quadros psiquiátricos graves (depressivos, psicóticos, alimentares, de
abuso/dependência de drogas), assim como nos casos de limitação intelectual
significativa como o de Prader Willi.
2
Quanto ao Título de Especialista, o mesmo deve ser reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP) pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). Recomenda-se consulta à Resolução CFP nº
013/2007.
REFERÊNCIAS

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.


Diretrizes brasileiras de obesidade 2016 / ABESO - Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. – 4.ed. - São Paulo, SP. Disponível
em: < http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/92/57fccc403e5da.pdf>. Acesso
em 19 de maio de 2019.

CAPITAO, Cláudio Garcia; SCORTEGAGNA, Silvana Alba; BAPTISTA, Makilim


Nunes. A importância da avaliação psicológica na saúde. Aval. psicol., Porto Alegre, v.
4, n. 1, p. 75-82, jun. 2005. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
04712005000100009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 13 maio 2019.

CARMO, Isabel do; FAGUNDES, Maria João; CAMOLAS, José. Cirurgia


bariátrica. Revista Portuguesa de Cirurgia, [S.l.], n. 4, p. 43-50, mar. 2008. ISSN
2183-1165. Disponível em:
<https://revista.spcir.com/index.php/spcir/article/view/264>. Acesso em: 14 maio 2019.

FLORES, Carolina Aita. Avaliação psicológica para cirurgia bariátrica: práticas


atuais. ABCD, arq. bras. cir. escavação. São Paulo, v. 27, supl. 1, p. 59-62,

2014. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-


67202014000600059&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 13 de maio de 2019.

JUSTINO, Yara; BARBOSA, Anna Paula Sampaio; PIMENTEL, Felipe. Avaliação


psicológica para submissão ao procedimento bariátrico sob um enfoque analítico
comportamental. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa, v. 18, n. 2, p. 335-347, ago.
2017. Disponível em
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-
00862017000200005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 13 maio 2019.

LEAL, Cristiano Waihrich; BALDIN, Nelma. O impacto emocional da cirurgia


bariátrica em pacientes com obesidade mórbida. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto
Alegre, v. 29, n. 3, p. 324-327, Dec. 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
81082007000300013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 maio de 2019.

Machado, Adriane Picchetto; MORONA, Valéria Cristina. Manual de Avaliação


Psicológica – Curitiba: Unificado, 2007.

MAGDALENO JR., Ronis; CHAIM, Elinton Adami; TURATO, Egberto


Ribeiro. Palavras psicológicas de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica. Rev.
psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto Alegre, v. 31, n. 1, p. 73-78, 2009. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
81082009000100013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de maio de 2019.

MOLINER, J. de. & RABUSKE, M. M. (2008). Fatores biopsicossociais envolvidos na


decisão de realização da cirurgia bariátrica. Psicologia: Teoria e Prática, 10(2), 44-60
MUNHON, Maiara de Lima; MIGOTT, Ana Maria Bellani. Alterações
Psicológicas em Indivíduos Submetidos à Cirurgia Bariátrica. Revista
Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. V. 11.
N.66. p. 403-411. Nov./Dez. 2017.

PAEGLE, Isabel Cristina Malischesqui. Uso do protocolo no


serviço de psicologia e avaliação psicodinâmica em
candidatos à cirurgia bariátrica. Dissertação (mestrado em
Psicologia da Saúde) – Faculdade de Psicologia e
Fonoaudiologia da Universidade Metodista de São Paulo,
São Bernardo do Campo, 2009. Disponível em: <
http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1427/1/Isab
el%20Cristina%20Mal.pdf>.

Acesso em 19 de maio de 2019.

Protocolo de Funcionamento do Centro de Cirurgia


Bariátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto – USP. Disponível em:
<http://www.sef.usp.br/wp-
content/uploads/sites/273/2017/05/protocolo.pdf>. Acesso
em 13 maio de 2019.

SILVA, Adriana Aparecida de Andrade e. Cirurgia


Bariátrica – Como o Psiquismo Significa esse Corte no
Corpo. Brasília, 2006. Disponível em: <http://newpsi.bvs-
psi.org.br/tcc/540.pdf>. Acesso em 15 de maio de 2019.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.


Consenso Bariátrico. 2008. Disponível em:
<http://www.saudedireta.com.br/docsupload/142566548
1consenso_bariatrico.pdf>. Acesso em 19 de maio de
2019.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Disponível em:

<https://www.sbcbm.org.br/psicologia/>. Acesso em 13 de maio de 2019.

Rua Rodrigo Romeiro, 5-50-9ºAndar-Sala 914- Bauru-SP Cep 17013-034- Fone(14)98146-7663 Página 38

Você também pode gostar