Resumo Aula 1 - Provas Rurais

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RESUMO AULA 1

COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE


DIZ QUE NÃO TEM PROVAS

Eu venho dizendo que hoje em dia é mais viável conseguir a


concessão da aposentadoria rural através da via administrativa
e não da via judicial.

Isso acontece porque em 2019, com a MP 871 posteriormente


convertida na Lei 13.846, além de ser criada a autodeclaração
do segurado especial rural como principal meio de prova da
atividade rural do segurado agricultor, foi instituído no INSS um
verdadeiro manual para o servidor do INSS que determina
como ele deve analisar cada caso de benefício rural.

Esse manual é o ofício-circular 46/2019 e ele é de observância


obrigatória na autarquia. Ou seja, o INSS tem que agir de
acordo com o que foi estabelecido ali, diferente de um Juiz, por
exemplo que pode julgar um caso com base em sua
subjetividade.

Mas verdade seja dita, gente... Para conseguir aposentar o seu


cliente agricultor no INSS, além de conhecer a bíblia do direito
previdenciário rural (o ofício-circular 46/19), você precisa fazer
aquilo que o servidor do INSS quer receber na hora de analisar
o seu pedido. Você precisa pensar como ele.

Ou seja, você precisa dar entrada com um processo


organizado, completamente amarrado de ponta a ponta, com
os documentos certos e as informações objetivas.
COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE
DIZ QUE NÃO TEM PROVAS

Porque se você entrega um processo todo desorganizado,


faltando provas, com pontas soltas e com informações
pendentes ou mesmo não condizentes àquele pedido que você
está fazendo, as chances de indeferimento são muito maiores.

E eu sei da dificuldade que é para o iniciante no Direito


Previdenciário Rural ou para o recém-formado em Direito saber
quais são as provas certas, como encontrá-las, como organizar
os documentos do jeito certo para que o servidor do INSS não
abra a famosa exigência e até para entender de fato quem é a
figura do segurado especial rural e o que ele pode ou não
fazer...

Não é algo tão fácil assim quanto parece.

E então o que você pode fazer para superar esses problemas?

Primeiro é necessário entender de fato sobre quem é a figura


do segurado especial rural.

Mas não aquela que a gente acha que conhece, que não pode
comercializar, que não pode ter um carro, que não pode ter
muito gado, mas sim aquela figura que foi trazida e
especificada pela lei.
COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE
DIZ QUE NÃO TEM PROVAS

A figura do segurado especial, possui definição estabelecida


pelo art. 11, da Lei n.º 8.213/91,
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no
imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo
a ele que, individualmente ou em regime de economia
familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na
condição de:

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor,


assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário
ou arrendatário rurais, que explore atividade:
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos
fiscais;
(...)
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16
(dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do
segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que,
comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar
respectivo.

§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a


atividade em que o trabalho dos membros da família é
indispensável à própria subsistência e ao
desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é
exercido em condições de mútua dependência e
colaboração, sem a utilização de empregados
permanentes.
COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE
DIZ QUE NÃO TEM PROVAS
Mas a principal característica do segurado especial rural é que
ele pode receber os benefícios previdenciários do INSS, como a
Aposentadoria por Idade, por exemplo, mesmo que nunca
tenha efetuado recolhimentos previdenciários a Autarquia,
bastando, para tanto, comprovar o pleno exercício de atividade
rural pelo número de meses correspondente a carência do
benefício pretendido.

Vejamos o que diz a lei sobre a aposentadoria rural:


Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao
segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei,
completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem, e 60 (sessenta), se mulher.

§ 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para


sessenta e cinqüenta e cinco anos no caso de
trabalhadores rurais, respectivamente homens e
mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do
inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.

§ 2o Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o


trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de
atividade rural, ainda que de forma descontínua, no
período imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, por tempo igual ao número de meses de
contribuição correspondente à carência do benefício
pretendido, computado o período a que se referem os
incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei
COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE
DIZ QUE NÃO TEM PROVAS

E para comprovar a atividade rural o art. 38, §2°, da Lei


8.213/91, estabeleceu a autodeclaração do segurado especial
como sua forma de comprovação, sendo que aqueles
documentos rurais que a gente sempre utilizou
complementarão o formulário. Ou seja, hoje eles têm caráter
subsidiário (ao menos na teoria).

Então agora você entendeu o que é de fato um segurado


especial e como comprovar a atividade rural, eu vou te dar uma
super dica para conseguir mais provas rurais.

Não adiante você simplesmente chegar para o cliente e dizer:


Dona Maria, Seu João, me traga mais provas rurais, porque ele
não vai conseguir sozinho. Você tem que ajudá-lo nessa tarefa.
É por isso que você vai usar essa técnica que eu mesmo uso
isso até hoje funciona muito bem! A técnica dos 03 tipos de
provas ruais que você vai usar com o seu cliente.

Eu dividi as provas ruais em 03 tipos, que são elas:

Provas legais:

Documentos legais são provas materiais que foram


previamente elencadas no ordenamento jurídico previdenciário
e, portanto, são a melhor forma de comprovação de exercício
de atividade rural.
COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE
DIZ QUE NÃO TEM PROVAS

Art. 116 da IN 128/2022.

O art. 116 da IN 128/2022 é o dispositivo mais completo em


termos de prova. Ele lista mais de 30 tipos.

Mas você precisa saber que existem outros artigos que


também exemplificam provas rurais, tanto na IN, quanto na Lei
de benefícios (Lei 8.213/91). Estou falando do art. 106, da lei
8.213/91.

Portanto, já anote aí esses 02 artigos distintos para você usar


posteriormente com seu cliente.

Lembre-se que sempre temos que ajudar o nosso cliente rural


a encontrar novas provas. Então vai uma dica para você...
Sempre, sempre que o cliente agricultor chegar ao seu
escritório, mesmo que ele já leve várias provas rurais distintas
você, ainda assim, não ficará satisfeito.

Não adianta você simplesmente pedir para ele trazer novas


provas, pois o seu João ou a Dona Maria vai para casa, passa
alguns dias e volta ao seu escritório, dizendo: Doutor, não
consegui. Isso era tudo que ei tinha...

Advogado previdenciarista é advogado investigador. Esse papel


de encontrar novas provas rurais é seu! Não terceirize para o
cliente!
COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE
DIZ QUE NÃO TEM PROVAS

Então, toda vida que o cliente disser que não tem mais provas,
não caia nessa. É a maior cilada. É como dizem na internet: o
golpe está aí, cai quem quer.

Então, a partir de agora você vai fazer sempre isso:


Sente o cliente na sua frente e leia para ele os 02 artigos que
eu mencionei há pouco. Pode ser que ele não tenha aquele
específico da lei, mas ele terá outro similar.

Lendo esse artigo para o cliente, certamente você encontrará


pelo menos 4 ou 5 documentos rurais novos.

Provas práticas:

Provas práticos são aqueles que não constam na Lei ou na


Instrução Normativa do INSS. E mesmo assim servem para
comprovar a atividade rural.

Isso acontece porque os documentos legais, que eu expliquei


agora há pouco são meramente exemplificativos. Isso mesmo,
aquele rol de documentos rurais não se exaure. Não acaba ali.

Isso faz total sentido, afinal não tinha como o legislador já


prever de antemão todos os documentos que podem servir
como início de prova material para comprovar a atividade rural
dos segurados especiais.
COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE
DIZ QUE NÃO TEM PROVAS

Portanto, mesmo que não constem no ordenamento jurídico


previdenciário, caso tenham pertinência temática com a
atividade agropecuária. E já te adianto que aqui você precisa
ser criativo!

Quer um exemplo? É super comum que agricultores tenham


um cadastro em loja de eletrodomésticos, roupas ou calçados e
paguem as mensalidades em prestações. Aqui na minha região
a gente chama de crediário, compra fiado, promissória.

Veja se no cadastro da loja consta a profissão daquela pessoa


como agricultor ou agricultora.

Pense também em outros cadastros que aquele trabalhador


rural já possa ter feito, como plano funerário ou algum curso
técnico rural no SENAC, por exemplo.

Outros três documentos que não constam nas normativas são


a ficha do criador de animais, carteira de vacinação de gado e
atas de participação em assembleias ou reuniões do sindicato
rural.

Quando o assunto é comprovação de atividade rural, nós


temos que pecar pelo excesso. Desde que façamos uma
triagem. Ou seja, temos que passar todas aquelas provas por
um funil, afinal pode existir alguma que ao invés de ajudar,
atrapalhe o caso.
COMO LIDAR COM O CLIENTE QUE
DIZ QUE NÃO TEM PROVAS

Contraprovas:

Na prática, existem alguns documentos que devem passar


longe do julgador, pois acabam prejudicando o caso e
demonstrando justamente o contrário daquilo que queremos
comprovar, que é a qualidade de segurado especial e o
exercício de atividade rural.

Por conta disso, você deve identificar eventuais contraprovas e


não juntar elas ao processo.

As piores contraprovas são aquelas que denotam a existência


de uma outra profissão, diversa da atividade rural.

Ainda é muito comum que a gente veja, por exemplo, nas


certidões de casamento profissões como, pedreiro, servente de
obra, serviços gerais, empregada doméstica, mesmo quando
estamos tratando de fato de agricultores.

É como se a profissão de agricultor não fosse reconhecida, é


como se tivesses vergonha de colocar isso no papel.
Cuidado com esse tipo de documento!
DESAFIO DO DIA: CHECKLIST DE PROVAS

Etapa 1: Copiar num arquivo word o art. 116, da IN 128/22 e o


art. 106, da Lei 8.213/91.

Etapa 2: Digitar no mesmo arquivo as provas práticas e


eventuais contraprovas que você aprendeu na aula de hoje ou
que já conhece

Etapa 3: Imprimir/Fotografia esse checklist e ficar usando-o nos


seus atendimentos.

Etapa 4: Postar a foto do seu checklist impresso/fotografia e


me marcar nos stories do seu Instagram.
@previdencianapratica
NA AULA 2 VAMOS
FALAR SOBRE OS
QUANTIDADE DE
PROVAS PARA
APOSENTARIA RURAL.
(+ MÉTODO DA LINHA
DO TEMPO). ATIVE AS
NOTIFICAÇÕES

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