Laboratório de Térmica - 2 Prática - Guilherme Camarço

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Escola de Engenharia

GUILHERME INÁCIO CAMARÇO - 2019028977

RELATÓRIO – 2ª PRÁTICA:
BALANÇO DE MASSA E DE ENERGIA NO EVAPORADOR

Realizado em 18 de Setembro, 2023

Relatório apresentado à disciplina Laboratório de


Térmica, do Curso de Bacharelado em Engenharia
Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais.

Turma: PDI
Orientador: Prof. Gustavo Sana Trindade

Belo Horizonte
2023
1. INTRODUÇÃO

A invenção do ar-condicionado, no início do século XX, marcou o início da


climatização de ambientes, um aspecto crucial do desenvolvimento tecnológico destinado ao
conforto térmico. Desde então, os sistemas foram sofisticados e tornaram-se presentes nos
mais diversos lugares e com finalidades diversas, dentre eles: hospitais, laboratórios,
complexos comerciais, museus, universidades, shoppings, etc.

Nesse sentido, para o desenvolvimento de projetos de climatização, é essencial a


compreensão dos princípios termodinâmicos associados aos processos envolvidos, o que
garante a redução do custo operacional frente ao resultado esperado. Dessa maneira, torna-se
evidente a importância da psicrometria, um ramo específico da termodinâmica que estuda as
propriedades do ar atmosférico (foco deste estudo) com ênfase nas variações de temperatura,
pressão e umidade.

Vale ressaltar que a teoria dos gases ideais é frequentemente aplicada aos estudos
psicrométricos, tendo em vista que o ar atmosférico pode ser modelado como tal em virtude
das situações de baixa densidade, baixas pressões e/ou alta temperaturas.

Assim, o objetivo desta prática é coletar dados experimentais por meio da operação do
psicrômetro de aspiração improvisado na bancada de trabalho destacada na Figura 1.1, e
analisá-los em conformidade com as informações disponíveis na literatura, discutindo os
respectivos resultados.

Figura 1.1 – Bancada de trabalho. Fonte: Autoral.


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2. PROCEDIMENTOS E RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Procedimentos:

Em suma, a bancada de trabalho em foco (vide Figura 1.1) foi posta em operação e
mantida em funcionamento contínuo durante tempo suficiente para atingir o regime
permanente do sistema de refrigeração. Isso foi feito para assegurar o controle das variáveis e
a precisão dos resultados.

Termopares, manômetros, rotâmetro, proveta e régua foram os instrumentos de


medição utilizados para coleta dos dados durante o experimento. Seus respectivos
incrementos e valores de divisão de escala estão destacados na Tabela 2.1 abaixo:

Tabela 2.1 - Incrementos digitais e valores de divisão de escala dos instrumentos de medição.
Fonte: Autoral.

Incremento digital dos termopares [°C] 0,1


Valor de divisão de escala do manômetro na saída do
0,1
evaporador [kgf/cm²]
Valor de divisão de escala do manômetro* na entrada da
0,2
válvula termostática [bar]
Valor de divisão de escala do rotâmetro [Ib/min] 0,1
Valor de divisão de escala da proveta [mL] 2
Valor de divisão de escala da régua [mm] 1

Uma descrição mais completa da bancada de trabalho, incluindo a configuração


experimental, os equipamentos e os procedimentos, bem como os instrumentos de medição
utilizados na prática, podem ser encontrados neste link. As técnicas de medição e os
procedimentos também estão detalhados e disponíveis para consulta.

Dados Experimentais:

As medições realizadas durante a prática estão resumidas na Tabela 2.2, cujos dados
foram convertidos e transcritos para Tabela 2.3.

Tabela 2.2 – Medições experimentais. Fonte: Autoral.

Pressão ambiente [bar] 0,9217


Temperatura ambiente [°C] 27,6
Válvula termostática
Vazão mássica [Ib/min] 1,3
Temperatura de entrada [°C] 35,5
Pressão de entrada [bar] 9,4
Evaporador

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Temperatura de entrada e saída [°C] 1,6 7,5
Pressão de saída [kgf/cm²] 2,22
Temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido do ar na entrada [°C] 29,0 19,0

Temperatura de bulho seco e umidade relativa do ar na saída [°C] 11,3 ϕ = 90% ¹


Volume de água condensada [mL] e tempo [s] ² 158 1800
Altura e comprimento do evaporador [mm] 201,0 305,0
Velocidade do ar [m/s] ³ 0,84

Tabela 2.3 – Medições experimentais. Fonte: Autoral.

Pressão ambiente [Pa] 92170


Temperatura ambiente [K] 300,75
Válvula termostática
Vazão mássica [kg/s] 0,009827831
Temperatura de entrada [K] 308,65
Pressão de entrada [Pa] 940000
Evaporador
Temperatura de entrada e saída [°C] 274,75 280,65
Pressão de saída [kgf/cm²] 217707,63
Temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido do ar
302,2 292,2
na entrada [°C]
Temperatura de bulho seco e umidade relativa do
284,5 ϕ = 90% ¹
ar na saída [°C]
Volume de água condensada [m³] e tempo [s] ² 0,000158 1800
Altura e comprimento do evaporador [m] 0,2010 0,3050
Velocidade do ar [m/s] ³ 0,84

Conversão de unidades
1 bar = 100000 Pa
1 kgf/cm² = 98066,5 Pa
1lbm/min = 0,00755987 kg/s
1 mL=0,000001 m³

1 mm = 0,001 m

Atentando-se que:

1 – As temperaturas de bulbo seco e úmido na saída do evaporador são próximas, de


modo que a incerteza do termopar não permite obter a umidade relativa do ar com precisão.
Por isso, essa será aproximada para 90%, valor típico da umidade na saída de evaporadores a
ar de forma em geral;

2 – A incerteza para o tempo de coleta da água condensada é de 1,5 segundos;

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3 – A incerteza relativa da velocidade do ar é de 10% (0,084 m/s), decorrente da
variação da velocidade em diferentes pontos do evaporador, não do anemômetro.

De antemão, o fluido refrigerante utilizado foi o R12, e as medições mencionadas


foram realizadas no dia 18 de setembro de 2023 (segunda-feira), no município de Belo
Horizonte/MG. Sendo assim, a pressão ambiente adotada (0,9217 bar = 92170 Pa) foi obtida a
partir do Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (INMET), de acordo com os dados
horários da estação meteorológica A521, localizada na região da Pampulha.

Dessa maneira, no software Engineering Equation Solver (EES), registrou-se os


seguintes dados de entrada (inputs) para os cálculos computacionais:

Figura 2.2 – Dados de entrada (inputs). Fonte: Engineering Equation Solver (EES).

Cálculos e Resultados:

Em relação aos cálculos, é importante destacar que as equações empregadas neste


relatório foram obtidas a partir de balanços de massa e energia para volume de controle, tendo
como base a 1ª lei da termodinâmica:

( ) ( )
2 2
dU v v
=Q̇−Ẇ + ∑ ṁe he + e + g z e −∑ ṁs h s + s + g z s
dt 2 2

Contudo, as equações consideram que os processos ocorrem em regime permanente,


sem variações de energia cinética e potencial, o que se difere da prática, em que há perdas,
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variações de temperatura, irreversibilidades e outros fatores que afetam a eficiência dos
sistemas reais. Sendo assim, os resultados encontrados neste relatório estão destacados na
Figura 2.3 abaixo:

Figura 2.3 – Resultados. Fonte: Engineering Equation Solver (EES).

O memorial do cálculo computacional, por sua vez, está detalhado em cada um dos
tópicos a seguir:

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a) Taxa de transferência de calor do lado do ar;

Figura 2.4 - Memorial de cálculo. Fonte: Engineering Equation Solver (EES).


b) Taxa de transferência de calor do lado do R12;

Figura 2.5 - Memorial de cálculo. Fonte: Engineering Equation Solver (EES).

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c) Compare as taxas de transferência de calor calculadas para os dois lados;

Figura 2.6 - Memorial de cálculo. Fonte: Engineering Equation Solver (EES).


d) Título na entrada do evaporador;

Figura 2.7 - Memorial de cálculo. Fonte: Engineering Equation Solver (EES).


e) Volume de água condensada para o mesmo tempo de coleta experimental;

Figura 2.8 - Memorial de cálculo. Fonte: Engineering Equation Solver (EES).


f) Compare a massa de água condensada com o valor medido.

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Figura 2.9 - Memorial de cálculo. Fonte: Engineering Equation Solver (EES).

Tabela 2.4 - Erro máximo ( Emáx ¿ dos instrumentos de medição. Fonte: Autoral.

SM RB*
Q̇ar [W] -1344
Q̇ R 12[W] -1219
x ent , evap 0,2157
V H 20 , cond ,teo [m³] 0,0002684
m H 2 0 , cond ,teo [kg] 0,2683
m H 2 0 , cond ,exp [kg] 0,1579
*1 RB: Resultado base.
Incertezas e Erros:

Como todas as medições estão sujeitas a erros, sejam eles grosseiros, sistemáticos ou
aleatórios, é crucial que as incertezas expandidas associadas aos resultados sejam
consideradas.

Neste contexto, como foram realizadas medições diretas de grandezas não variáveis, e
os instrumentos utilizados não possuem certificados de calibração, tem-se que os resultados
de medição (RM) devem ser indicados da seguinte maneira:

RM =I ± Emáx

Sendo o erro máximo ( Emáx ¿ entre 1 e 2 vezes (1x) o valor da divisão de escala
(VDE) de sistemas de medição (SM) analógicos, e entre 2 e 5 vezes (3x) o incremento (ID) de
sistemas digitais, ou seja:

Tabela 2.5 - Erro máximo ( Emáx ¿ dos instrumentos de medição. Fonte: Autoral.

SM VDE/ID Emáx
Termopares [°C] Digital 0,1 0,3
Manômetros [kgf/cm²] Analógico 0,1 0,1
Manômetros* [Bar] Analógico 0,2 0,2
Rotâmetro [Ib/min] Analógico 0,1 0,1
Proveta [mL] Analógico 2 2
Régua [mm] Analógico 1 1

Realizando a conversão de unidades:

Conversão de unidades
1 bar = 100000 Pa

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1 kgf/cm² = 98066,5 Pa
1lbm/min = 0,00755987 kg/s
1 mL=0,000001 m³

1 mm = 0,001 m

Tabela 2.6 – Correção do Erro máximo ( Emáx ¿. Fonte: Autoral.

SM Emáx
Termopares [K] 0,3
Manômetros [Pa] 9806,65
Manômetros* [Pa] 20000
0,00075598
Rotâmetro [kg/s]
7
Proveta [m³] 0,000002
Régua [m] 0,001

Lembrando que que:

1 – A incerteza para o tempo de coleta da água condensada é de 1,5 segundos;

2 – A incerteza relativa da velocidade do ar é de 10% (0,084 m/s), decorrente da


variação da velocidade em diferentes pontos do evaporador, não do anemômetro.

Portanto, respeitando as regras metrológicas (Fonte: ALBERTAZZI e DE SOUSA, 2ª


Ed.) e considerando as incertezas associadas aos instrumentos, procedimentos e outras
possíveis fontes de erro, verifica-se os resultados de medição (RM) compilados na Tabela 2.7
e calculados no software EES.

Tabela 2.7 – Resultados de medição. Fonte: Autoral.

SM RM*
Q̇ar [W] -1344 ± 150
Q̇ R 12[W] -1219 ± 94
x ent , evap 0,216 ± 0,003
V H 20 , cond ,teo [m³] 0,00027 ± 0,00005
m H 2 0 , cond ,teo [kg] 0,3 ± 0,5
m H 2 0 , cond ,exp[kg] 0,158 ± 0,002
*1 algarismo significativo (adoção conservadora).

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Figura 2.10 – Ilustração exemplar dos cálculos das incertezas expandidas. Fonte: Engineering
Equation Solver (EES).

3. CONCLUSÕES

A partir dos procedimentos descritos e dos resultados apresentados, torna-se evidente


a importância da compreensão dos princípios termodinâmicos para o desenvolvimento de
projetos de climatização eficientes e econômicos, com destaque para a psicrometria no estudo
das propriedades do ar atmosférico.

Dessa maneira, a prática descrita neste relatório envolveu a coleta de dados


experimentais a partir da operação do psicrômetro de aspiração improvisado para avaliação e
entendimento da relação entre as taxas de transferência de calor para o ar e para o fluido
refrigerante, além de fatores relacionados à condensação do vapor d’água durante o
funcionamento do sistema.

A análise dos resultados, em conformidade com as informações disponíveis na


literatura, contribuiu para a compreensão dos fenômenos inerentes aos projetos de
climatização. Além disso, mesmo que se trata de uma simplificação teórica que desconsidera
alguns fatores presentes em sistemas reais, o psicrômetro é uma ferramenta crucial para
entendimento dos conceitos básicos da psicometria.

Apesar dos resultados satisfatórios, é fundamental lembrar que os processos ocorrem


com variações de energia cinética e potencial, diferente do modelo ideal, o que influencia
diretamente na eficácia dos sistemas. Logo, a coleta e análise dos dados experimentais,
conforme proposto neste estudo, são vitais para avaliações e comparações de desempenhos
reais e aparentes, o que permite uma discussão detalhada para o desenvolvimento de
estratégias para aproximá-los.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ALBERTAZZI, A. A.; DE SOUSA, S. M. G. Fundamentos de Metrologia Científica e


Industrial. 2ª Ed.;

[2] ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7ª Ed.;

[3] Incropera, F. P., & Dewitt, D. P. (Ano de publicação). Fundamentos de Transferência de


Calor e Massa (7a ed.). LTC Editora;

[4] Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil – INMET. (2023). Recuperado de


https://bdmep.inmet.gov.br/.

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