Bases Epistemológicas Da Gestalt Terapia PDF

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Fundamentos da psicologia

fenomenológica existencial

heideggeriana
Contexto histórico da fenomenologia existencial de Heidegger

Quem foi Martin Heidegger?


(1889 – 1976)
Filósofo alemão

Iniciou sua carreira acadêmica em ontologia

Futuramente ingressou nos estudos da filosofia,


dedicando-se à ontologia (estudo do ser).
Contexto histórico da fenomenologia existencial de Heidegger

Polêmicas em sua bibliografia

• Relacionamento extraconjugal com a filósofa Hanna Arendt


(Aluna de Heidegger)
• Filiação ao partido Nazista
(Após a guerra, foi temporariamente proibido de lecionar)

Vivenciou grandes acontecimentos do século XX


Contexto histórico da fenomenologia existencial de Heidegger

Estudou filosofia e foi discípulo de Edmund Husserl


(Criador da Fenomenologia)

Sua ontologia influenciou muitos filósofos que o


procederam

Temas: existência, temporalidade e morte.


Contexto histórico da fenomenologia existencial de Heidegger

Foi grande precursor do Existencialismo

Buscava entender o sentido do “ser”


Para Heidegger a grande tarefa da filosofia é entender o
fundamento da existência de todas as coisas, de todos os
seres, de todos os entes.

1927 – lança seu trabalho fundamental: Ser e Tempo


Filosofia de Heidegger

Começa sua filosofia partindo da ontologia


Parte do pressuposto de que toda metafísica fracassou em
entender o sentido do ser

Partindo da investigação fenomenológica, tenta mostrar qual o


sentido do ser - Teoria de Heidegger

Quem é esse ser dentre todos os seres que tem a possibilidade de


se colocar está pergunta pelo sentido do ser?
Filosofia de Heidegger

Para Heidegger só existe um ente que é capaz de ter o


entendimento do “ser” em geral: o que pensa, reflete, sente.

Homem X Mundo

O homem é o ser pelo qual podemos alcançar o sentido do ser e


de toda existência dos outros seres

Fenomenologia Existencialismo
“A consciência é sempre consciência de algo”
Husserl
Filosofia de Heidegger

Homem abstrato
X
Homem que se relaciona com o mundo (de forma diferente)

O homem é um ser no mundo


O homem não tem escolha de estar ou não no mundo

Dasein (termo alemão) – Ser aí – Ser no mundo


A constituição essencial da existência do homem é existir
neste mundo.
Filosofia de Heidegger

O que Heidegger vai estudar?


O homem, o Dasein (ser-aí) para entender o sentido do ser a
partir da existência humana.

A fenomenologia de Heidegger vai dar uma grande abertura


para o existencialismo.
Filosofia de Heidegger

A existência humana se dá em duas dimensões:

1. Facticidade – Sempre estamos em uma determinada situação,


já estamos inserido neste mundo, desejando ou não.
(O ser humano no seu cotidiano)
2. Transcendência (não espiritual) – Capacidade de nos
projetarmos e ir além da nossa “facticidade”.

“O homem vai se construindo ao longo do tempo. É um ser que tem


consciência de que é livre e capaz de dar sentido para sua vida, para sua
existência”.
Filosofia de Heidegger

Se temos consciência que somos capazes e livre, abre um leque


de possibilidades.
(Posso ser o que eu quiser...) – Será?

No entanto, existe uma possibilidade que é


inexorável e que acontece independente de
nossa vontade.
Nos coloca diante da impossibilidade de
realizar nossos projetos
Filosofia de Heidegger

Diante da possibilidade da morte as pessoas se comportam de


duas maneiras:

1. Indiferente – Vive como se não fosse morrer

2. Angústia (algo bom) – Consciência da finitude.


A consciência nos faz dar um valor maior a nossa “liberdade e a
capacidade de dar sentido a nossa vida”
Filosofia de Heidegger

Vamos viver uma vida:

1. Autêntica – Ir atrás dos nossos projetos, sonhos, das


realizações. (Nossos desejos)
Consciência de que somos seres sociais. Tendo está consciência,
nossa condição originária básica é cuidar dos objetos, natureza,
do mundo e das pessoas.

2. Inautêntica (anonimato) – Não procurar o sentido último das


coisas, da sua vida, da sua existência.
(ex: redes sociais)
Gestalt-terapia
Fundamentos epistemológicos e

influências filosóficas
Surgimento – 1951
Surge em meio a Psicologia Humanista
(Trás para a Psicologia uma nova visão de homem)

Diferente da Psicanálise e Behaviorismos – Deterministas

A psicologia humanista enfatiza a autorrealização por


meio do desenvolvimento das potencialidades humanas de
crescimento e criatividade.
“O homem se autodetermina, interage ativamente com seu
ambiente, é livre e pode fazer escolhas, sendo responsável
por elas no universo inter-relacional no qual vive.”

“Não importa o que fizeram a você, mas o que você faz


com o que lhe fizeram”. Sartre

A Gestalt-terapia não se preocupa apenas com “a cura”,


e sim como o desenvolvimento do ser humano e com seu
crescimento, incluídas aí suas potencialidades.
Duas correntes e a disseminação pelo mundo

Nos Estados Unidos a Gestalt-terapia, quase desde seus


primórdios, teve duas fortes correntes: a primeira, muito bem
representada por Perls em seus workshops de demonstração nos
anos 1960 e 1970; a segunda, mais restrita a Nova York – tendo se
espalhado de lá para a Europa –, que se preocupava em aprofundar
as bases teóricas e filosóficas da abordagem. Seus principais
representantes foram Laura, que dirigia o Instituto de Gestalt de
Nova York, Isadore From e Paul Goodman, responsável pelo eixo
teórico do Instituto até sua morte, em 1972.
Duas correntes e a disseminação pelo mundo

Principais autores: Paul Goodman

Fritz Perls
(Fundador da Gestalt-terapia)

Isadore From
Duas correntes e a disseminação pelo mundo

Estados Unidos (década de 1970) – Gestalt-terapia passou a ser


conhecida na Europa e América Latina – em alguns lugares pela
corrente de Perls e em outros pelo grupo ligado a Laura,
Goodman e From.

No começo, o treinamento ocorria por meio de workshops


vivenciais, com pouca ou nenhuma elaboração teórica.
Atualmente, existem Gestalt-terapeutas em quase todos os
lugares do mundo.
Gestalt-terapia no Brasil

Começou a ficar conhecida no começo de 1970


(Anos difíceis e sombrios em virtude da ditadura militar e da repressão)

Devido a sua concepção de homem e de mundo, suscitou interesse


em um grupo de psicólogos.

1997 – Tradução para o português do livro mais importante da


abordagem da Gestalt-terapia.
Hoje existem mais de 60 livros publicados.
Fenomenologia e Gestalt-terapia

Fenomenologia
Surgiu no início do século XX – Edmundo Husserl
(Influência dos pensamentos de Platão, Descartes e Brentano)

A obra de Husserl revolucionou todo o pensamento das ciências


humanas do século XX – e da própria filosofia – até o presente.

“Não se pode pensar em um método único, justamente pelo fato de não haver
uma, mas várias ciências, cada uma com sua especificidade quanto ao seu objeto;
ou seja, variando-se o objeto, variam-se também sua apreensão, seu método e sua
metodologia.”
Fenomenologia e Gestalt-terapia
A ciência humana não pode ser medida pelo rigor das ciências
naturais.

Ciência – objetividade, substancialidade e exterioridade.


Filosofia e Psicologia – Subjetividade e interioridade

O que é fenomenologia?
Estudo dos fenômenos, isto é, daquilo que é dado à consciência.
Consciência (Husserl) – Síntese em fluxo que não tem nenhuma
substancialidade, sendo mais uma dinâmica entre Sujeito e Objeto, onde todo
ser recebe seu sentido e valor.
Fenomenologia e Gestalt-terapia

Como apreender o homem?


E como escapar destas definições “a priori”?

Colocando-as em questão, não aceitando o pré-dado, por mais


óbvio que pareça.
Ao questioná-las, são postos em suspensão o senso comum.

Sair de uma posição prévia de visão (buscar nova compreensão)


Isso é um fazer fenomenológico e gestáltico.
A face existencial da Gestalt-terapia

O século 19 foi marcado pelo avança tecnológico e pelo progresso


da ciência

Metade do século XX – Após duas guerras a humanidade se


mergulhou em sofrimento e desespero e diversos pensadores
começaram a se questionar se o racionalismo defendido até então
seria a única solução para os problemas da sociedade.

Assim surge o Existencialismo – Reflexões sobre o homem e seu


modo próprio de ser no mundo
A face existencial da Gestalt-terapia

Principais pensadores:
A face existencial da Gestalt-terapia

Existência (Latim – ex-sistere) – Significa surgir, exibir-se,


movimento para for, estar em tensão para adiante.

Existencialismo – conjunto de doutrinas filosóficas cujo tema


central é a existência humana em sua concepção individual e
particular, tendo por objetivo compreender o homem como ser
concreto nas suas circunstâncias e no seu viver, conforme se
mostra na sua realidade.

Como compreender a existência humana?


A face existencial da Gestalt-terapia

O homem é um ser livre e responsável por construir sua própria


existência.

“A existência precede a essência” – Sartre


O homem surge no mundo como um ser particular, sem a
possibilidade de definição prévia, e somente depois poderá vir a ser.

Nascemos como seres de possibilidades e escolhemos a todo


instante, algo da nossa existência, aquilo que queremos ser.
“Só existindo o ser humano poderá ser”.
(O homem não é. Está sendo...)
A face existencial da Gestalt-terapia

O homem é um ser para a morte.

“A angústia é, então, o sentimento conectado ao reconhecimento


dessa condição” – (Heidegger, 2008)

“A angústia e o nada correspondem-se e equivalem-se


exata e constantemente. [...] Na angústia, todo o sentido da
existência cede lugar a uma dúvida universal sem
esperança. O indivíduo deixa de ter um arrimo para apoiar-
se. Lança-se na procura de alguma coisa para agarrar-se e
só alcança o vácuo, vindo a sentir-se em poder da mais
absoluta solidão e abandono. [...]. A angústia é a vertigem
da própria liberdade.” – (Giles, 1989)
A face existencial da Gestalt-terapia – Na clínica

Só se pode conhecer o homem com base em seu modo de existir


no aqui e agora, incluindo a sua forma de ser e de experienciar
o mundo e as várias situações de sua vida.

“Ao considerar o cliente um ser particular, consciente e responsável, livre para


construir seu projeto existencial, a proposta do Gestalt-terapeuta é levá-lo a tomar
conhecimento do seu projeto de vida e a assumir a responsabilidade pela direção do
sentido de sua existência. Essa reflexão se dá sempre com base no próprio referencial
da pessoa como ser em relação, em consonância com suas potencialidades e
respeitando seus limites, facilitando a integração dos diversos aspectos de si mesma e
de sua ligação com o mundo.”
A psicologia humanista e a abordagem gestáltica

Década de 1960 – surgiu na psicologia americana o movimento


chamado “terceira força em psicologia
Esse movimento visava humanizar a atividade psicológica sem
se limitar a ser apenas mais uma revisão da teoria de outras
abordagens (psicanálise e behaviorismo), sistemas dominantes
na época.

Behaviorismo – Comportamento observável


Psicanálise – Dimensão do inconsciente
A psicologia humanista e a abordagem gestáltica

A psicologia humanista nasce com o objetivo de ampliar a visão


do homem.

A vertente humanista afirmou ser a dimensão não consciente,


assim como o comportamento observável, apenas uma
perspectiva da realidade do homem, e não sua totalidade.

Foi muito influenciada pela fenomenologia e o existencialismo


A psicologia humanista e a abordagem gestáltica

Principais teóricos:

Maslon – Acreditava que todos os indivíduos tinham uma força inata que os conduzia
à autorrealização, característica usada de forma ativa em todas as suas habilidades na
aplicação plena do potencial.

Rogers (Abordagem centrada na pessoa) – Conceito semelhante ao da autorrealização


de Maslow. Porém, as ideias de Rogers não resultaram do estudo de pessoas
emocionalmente saudáveis, e sim da aplicação da terapia centrada nos seus pacientes.
A psicologia humanista e a abordagem gestáltica

As pessoas são capazes de mudar pensamentos e


comportamentos do indesejável para o desejável de forma
consciente e racional, desde que encontrem um campo propício,
principalmente a aceitação incondicional pelo terapeuta.

Rogers acreditava que a personalidade é constituída no presente,


pela maneira como o indivíduo percebe as circunstâncias.
A psicologia humanista e a abordagem gestáltica

Acredita-se que existe na pessoa um potencial que ultrapassa sua


existência presente, que é o impulso para o crescimento, para o
processo de atualização como um todo cada vez mais integrado,
é a contrapartida psicológica do vir a ser existencial.

Humanismo e Gestalt-teparia (semelhanças) – A autonomia


do espírito humano é capaz de encontrar por si mesmo a melhor
alternativa para suas dificuldades.
Psicologia da Gestalt

Surge no início do século XX


Principais teóricos:

Ao afirmar que percebemos totalidades que são diferentes da soma das partes,
esses autores revolucionaram as teorias a respeito da maneira como as coisas são
percebidas.
Psicologia da Gestalt

Até então a psicologia adotava o modelo positivista proposto


pelo filósofo Comte (1798-1857), que defendia a necessidade de
encontrar leis invariáveis de ordenação dos fenômenos, devendo
estes ser passíveis de controle experimental.

Filósofo Franz Brentano (1838-1917) criou a psicologia do ato,


segundo a qual os fenômenos mentais são atos que implicam
objetos externos, devendo a psicologia estudar os processos
mentais e não seus conteúdos.
Psicologia da Gestalt

Edgar Rubin (1886-1951), fenomenólogo dinamarquês e ex-


aluno de Husserl, foi o primeiro a afirmar que a percepção visual
se organiza em “figura e fundo”, ilustrado pela conhecida
imagem das duas faces que podem ser percebidas como um
cálice.
Psicologia da Gestalt

Gestalt (termo alemão) – significa “forma, configuração”


Os objeto por nós percebidos constituem formas que são mais do
que a soma das sensações.

Percebemos totalidades que não resultam de uma síntese de


sensações, mas convergem em uma integração imediata dos
estímulos.
Não podemos separar “interior” (sensações) e “exterior”
(percepções).
Psicologia da Gestalt

A percepção se organiza pelo princípio de figura/fundo:


percebemos totalidades e, dependendo das circunstâncias, algo
se destaca, torna-se mais proeminente, fica em primeiro plano –
a figura –, enquanto o restante permanece em segundo plano – o
fundo.

Gestalt = figura/fundo
Ex: Aula x Telefone
Psicologia da Gestalt – Na clínica

No trabalho clínico, deve-se observar que nem o terapeuta nem o


cliente se dão conta de tudo que integra o fundo – eles podem
perceber parte do fundo e, ainda que não percebam a totalidade
do que está lá, isso é considerado parte do fundo.

Fundo – história de vida da pessoa, suas experiências, seus


conflitos, suas dificuldades, suas potencialidades etc.
Psicologia da Gestalt

Os estudos dos psicólogos da Gestalt não se aplicam apenas aos


fenômenos da percepção, mas também à memória, aos processos
de aprendizagem, de pensamento etc.

Os gestaltistas não diziam que “o todo é mais do que as partes”,


e sim que o todo é diferente da soma das partes: o todo não é
nem mais nem maior que elas.
Psicologia da Gestalt

Princípio de Pregnância – ajustamento criativo da Gestalt-terapia

Capacidade de ajustar-se ao ambiente considerando,


simultaneamente, nossas possibilidades e as possibilidades deste.

Princípio de Fechamento –
figuras completas são mais
facilmente percebidas, razão pela
qual tendemos a fechar ou
completar figuras que na
realidade estão incompletas.
Oração da Gestalt

Eu sou eu. Você é você.

Eu faço as minhas coisas e você faz as


suas.

Eu não vim a este mundo para viver de


acordo com as suas expectativas

e você não veio para viver de acordo com as


minhas.

Se por acaso nos encontrarmos, será lindo.


Se não, nada há a fazer.

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