Apostila de Filosofia

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COLÉGIO MARIA IMACULADA

QI 05 ch. 72 LAGO SUL BRASÍLIA – DF


E-MAIL: [email protected] FONE: 3248 4768
SITE: www.cmidf.com.br

APOSTILA DE FILOSOFIA
6º/7º
PROFESSOR: CRISTIANO DE OLIVEIRA

2011
SUMÁRIO

1.0- O que é o pensar filosófico? Como surge? 03


1.1- Características do pensamento filosófico 04
1.2- Conceituação do pensar filosófico 05
1.3- A reflexão filosófica questiona: 06
2.0- Filósofos pré-socráticos 07
2.1- Cultura 14
2.2- Mudança Cultural 16
2.3- Referências Bibliografia 18
3.0- Atividades de compreensão 19

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O Pensador, de Rodin, é uma escultura que homenageia a filosofia

1.0- O que é o pensar filosófico? Como surge?


O pensar filosófico não é um campo de pensamento estranho ou misterioso. Não é verdade que
apenas algumas pessoas possam pensar filosoficamente. Toda e qualquer pessoa já pensou e pode pensar
filosoficamente, desde que já tenha procurado justificar ou se esforçado mentalmente para encontrar uma
resposta para um determinado problema filosófico. A grande diferença reside em “como pensar” acerca de
um problema filosófico, sendo neste “como pensar” que se encontra um dos grandes atributos da
Filosofia: a maioria das pessoas não sabem organizar uma linha de raciocínio lógica e coerente para
responder a um problema filosófico.
O pensar filosófico emerge naturalmente das circunstâncias humanas. Podemos afirmar que existe
pensar filosófico desde que existe a humanidade: o Homem pela sua natural predisposição para o saber,
sempre se questionou acerca de si próprio, dos outros e de tudo aquilo que o rodeia. É neste sentido, que o
Homem desde sempre colocou a si próprio questões filosóficas, como por exemplo, “Como é que os seres
da minha espécie surgiram à face da Terra?”, o mesmo é dizer atualmente, “Como surgiu o ser humano?”,
“Como surgiu toda esta extensão de terra na qual me encontro?”, o mesmo é dizer agora, “Como surgiu o
Universo?”, e por aí em diante. O pensar filosófico surge a partir do momento em que eu começo a
questionar as coisas que me rodeiam e cuja solução ou resposta me apercebo que não posso encontrar na
experimentação, que dizer, tocando, cheirando ou simplesmente observando-as, entre outras modalidades
possíveis de experiência empírica.
Quer isso dizer que, a maior parte das pessoas já pensou sobre alguma das questões filosóficas. Ao
pensar num problema filosófico já procurou obter uma resposta para ele e, neste sentido, todos nós
podemos de certa maneira ser considerados “filósofos”. Mas pensar sobre um problema filosófico não é
propor uma resposta e dizer que ela é a única que pode ser verdadeira, devendo-se antes aceitar a crítica e
outra possível justificação ao mesmo problema com vista ao seu melhoramento: De outro modo, não se
está a fazer Filosofia.

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1.1- Características do pensamento filosófico

O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, descobrindo seus significados
mais profundos. Porém, como se faz isso? Em primeiro lugar, é preciso estabelecer o que é reflexão.
Refletir é pensar, considerar cuidadosamente o que já foi pensado. Como um espelho que reflete a nossa
imagem, a reflexão do filósofo também deixa ver, revela, mostra, traduz os valores envolvidos nas coisas,
nos acontecimentos e nas ações humanas.
Para chegar a isso, segundo o filósofo e educador Demerval Saviani, a reflexão filosófica deve
possuir as seguintes características:
Radicalidade - ou seja, chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, aos seus fundamentos; à sua
origem, não só cronológica, mas no sentido de chegar aos valores originais que possibilitaram o fato. A
reflexão filosófica, portanto, é uma reflexão em profundidade.
Rigor - isto é, seguir um método adequado ao objeto em estudo, com todo o rigor, colocando em
questão as respostas mais superficiais, comuns à sabedoria popular e a algumas generalizações científicas
apressadas.
Contextualidade - como já se disse antes, a filosofia não considera os problemas isoladamente,
mas dentro de um conjunto de fatos, fatores e valores que estão relacionados entre si. A reflexão filosófica
contextualiza os problemas tanto verticalmente, dentro do desenvolvimento histórico, quanto
horizontalmente, relacionando-os a outros aspectos da situação da época.

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Assim, embora os sistemas filosóficos possam chegar a conclusões diversas, dependendo das
premissas de partida e da situação histórica dos próprios pensadores, o processo do filosofar será sempre
marcado por essas características, resultando em uma reflexão rigorosa, radical e de conjunto.

1.2- Conceituação

A Filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A filosofia não é um conjunto
de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Ela é, antes de mais nada, uma
prática de vida que procura pensar os acontecimentos além de sua pura aparência. Pode pensar a ciência,
seus valores, seus métodos, seus mitos; pode pensar a religião; pode pensar a arte; pode pensar o próprio
homem em sua vida cotidiana.
A Filosofia tem, de início, um caráter negativo, na medida em que começa colocando em questão
tudo o que sabemos (ou que pensávamos saber). Por outro lado, tem também um caráter positivo que se
revela na possibilidade de transformar os valores e as idéias predominantes que, a partir do momento em
que são questionados, podem ser modificados. O lado positivo da postura crítica da Filosofia consiste na
possibilidade de construir novos valores e idéias. Mas não resta dúvida de que essas novas formas de
pensar, num segundo momento, serão também colocadas em dúvida e questionadas.
Compreendida como pensamento crítico, a Filosofia é uma atividade constante, um caminho a ser
percorrido, constituído, sobretudo por perguntas que são mais essenciais do que as suas possíveis
respostas. Por sua própria natureza, a filosofia transforma cada resposta em uma nova pergunta, na medida
em que o seu papel é questionar e investigar tudo o que é pressuposto ou simplesmente dado. Por isso,
costuma-se dizer que as perguntas, para o filósofo, são mais importantes do que as respostas. Essas
características são:
- perguntar „o que‟ a coisa, ou o valor, ou a idéia, é. A filosofia pergunta qual é a realidade ou a natureza e
qual é a significação de alguma coisa, não importando qual;
- perguntar „como‟ a coisa, a idéia ou o valor, é. A Filosofia indaga qual é a estrutura e quais são as
relações que constituem uma coisa, uma idéia ou um valor;
-Perguntar „por que‟ a coisa, a idéia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia pergunta pela origem ou
pela causa de uma coisa, de uma idéia, de um valor.
As perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento. Ela torna-se, então, o pensamento
interrogando-se a si mesmo. Com essa volta do pensamento sobre si mesmo, a Filosofia realiza-se como
reflexão. Para Marilena Chauí a reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de
retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo,
interrogando a si mesmo para conhecer-se, para indagar como é possível o próprio pensamento.

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A Filosofia é mais do que um refletir. Ela é refletir sobre o refletir. A Filosofia surge quando a
própria capacidade de refletir é posta em questão, quer dizer, refletimos sobre o refletir, quando queremos
saber como adquirimos conhecimentos, ou se sabemos realmente aquilo que supomos saber. Por isso que,
para Sócrates, o ponto de partida do filosofar é o reconhecimento da própria ignorância. A afirmação “só
sei que nada sei” só pode ser feita por alguém que já exerceu uma autocrítica, que já se debruçou sobre as
bases de seus conhecimentos e os avaliou de modo adequado.

1.3- A reflexão filosófica questiona:

-os motivos, as razões e as causas de pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos e fazermos o
que fazemos;
- o conteúdo ou o sentido do que pensamos, do que dizemos ou fazemos;
- a intenção e a finalidade do que pensamos, dizemos ou fazemos.
Marilena Chauí: “A Filosofia não é um “eu acho que” ou um “eu gosto de”. Não é pesquisa de
opinião à maneira dos meios de comunicação de massa. Não é pesquisa de mercado para conhecer
preferências dos consumidores e montar uma propaganda”. A Filosofia trabalha com enunciados preciosos
e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com conceitos ou idéias obtidas por
procedimentos de demonstração e prova, exige fundamentação racional do que é enunciado e pensado.
Ao contrário do saber científico, a Filosofia dirige um olhar crítico a qualquer hipótese ou
princípio (inclusive sobre si mesma). Não aceita nenhuma afirmação „porque sim‟, mas porque revisa e
discute, em cada caso, as razões que pretendem justificá-las. Em filosofia, qualquer afirmação é suscetível
de reflexão e revisão. Em cada caso será preciso explicitar e debater hipóteses, conseqüências,
implicações. É assim que se manifesta seu caráter essencialmente crítico. O filósofo não tem respostas
prontas, elaboradas para os questionamentos. Ao contrário, quem filosofa questiona, duvida, indaga,
suspeita, abre novos caminhos, interroga, levanta suspeita para provocar reflexões, à procura de uma
melhor forma de viver e em busca da vida feliz.
O olhar crítico da Filosofia torna visível o que está oculto nos modos de agir e pensar em meio aos quais
estamos desde sempre inseridos e, por conseguinte, possibilita que eles sejam questionados, avaliados e
transformados. Nossos modos de pensar e agir só podem ser modificados se forem antes questionados, se
tiverem sua legitimidade e seus limites de validade postos em questão, isto é, se forem criticados.
A Filosofia ocupa-se cada vez mais com as condições e os princípios do conhecimento que pretenda ser
racional e verdadeiro; com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e
culturais; com a compreensão das causas e das formas da ilusão e do preconceito no plano individual e
coletivo; com a transformação histórica dos conceitos, das idéias e dos valores; volta-se, também, para o
estudo da consciência em suas modalidades de percepção, imaginação, memória, linguagem, inteligência,

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experiência, comportamento, reflexão, vontade, desejo e paixões, procurando descrever as formas e os
conteúdos dessas modalidades de relação entre o ser humano e o mundo.
O caminho aberto pela Filosofia, portanto, é marcado, sobretudo por debates e controvérsias, e não por
unanimidades e certezas. O método é a discussão das teorias propostas para resolver os problemas, a
formulação de argumentos e a análise dos argumentos apresentados para atacar e defender essas teorias.
Agora podemos ver com clareza por que filósofos diferentes podem oferecer definições tão diferentes da
Filosofia, e também por que as investigações filosóficas são freqüentemente inconclusivas: o problema de
definir a si própria, assim como o fato das suas investigações não chegarem a resultados universalmente
aceitos, indica algo da própria essência da Filosofia – seu caráter crítico.
A verdade do mundo e dos humanos pode ser conhecida por todos, através da razão, que é a mesma em
todos. A Natureza segue leis necessárias que podemos conhecer, mas nem tudo é possível por mais que
queiramos. Tais conhecimentos dependem do uso correto da razão ou do pensamento.
“A mente é o homem, e o conhecimento é a mente; um homem é apenas aquilo que sabe”. (Francis
Bacon). O homem é o senhor da natureza à medida que, conhecendo suas leis, pode adaptá-las às suas
necessidades. Podemos transformar a natureza, porém nunca conseguiremos modificar suas leis, por esta
razão, não é possível comanda-la sem obedecer suas referidas leis.
O conceito de filosofia foi muito bem definido por Gerd A Bornheim no livro “Os Filósofos Pré-
socráticos: Se compreendermos a Filosofia em um sentido amplo – como concepção da vida e do mundo -
podemos dizer que sempre houve filosofia. De fato, ela responde a uma exigência da própria natureza
humana; o homem, imerso no mistério do real, vive a necessidade de encontrar uma razão de ser para o
mundo que o cerca e para os enigmas de sua existência.”
A Filosofia indica um estado de espírito da pessoa que ama e deseja o conhecimento. Podemos
entendê-la como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade, da origem e
causas das ações e pensamentos humanos. O filósofo por amar e respeitar o saber, deseja, procura e
respeita o conhecimento, identifica-se com a verdade. A verdade está diante de nós para ser vista e
contemplada.

2.0- Filósofos pré-socráticos

Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas


colônias. Assim são chamados pois são os que vieram antes de Sócrates,
considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras está
disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que temos uma

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obra sistemática e com livros completos é Platão, depois Aristóteles. São
chamados de filósofos da natureza, pois investigaram questões pertinentes a
esta, como de que é feito o mundo. Romperam com a visão mítica e religiosa da
natureza que prevalecia na época, adotando uma forma científica de pensar.
Alguns se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham
preocupação cosmológica.
A maior parte do que sabemos desses filósofos é encontrada na
doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes Laércio
(século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres. A partir do século VII a.C.,
há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a ela inovações científicas.
Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais racional. Os pré-socráticos
inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos como Nietzsche, que
nos iluminou com a sua obra A filosofia na época trágica dos Gregos e Hegel,
que aplicou seu sistema na história da filosofia.

Tales de Mileto – (+ ou- 640-548 a. C) Tales é considerado o pai da


filosofia grega, o primeiro homem sábio. Foi um homem que viajou muito. Os
pensadores de Mileto iniciaram uma física e uma cosmologia. O universo era
considerado um campo com pares opostos das qualidades sensíveis. É de Tales
a frase de que a água é a origem de todas as coisas. Tudo seria alteração da
água, em diversos graus. O alimento de toda a coisa é úmido. Aristóteles
afirmou que ele foi o primeiro a atribuir uma causa material para a origem do
universo. Também era matemático, geômetra e físico. Aparece nas listas dos
Sete Sábios da Grécia. Outra frase que pode ser dele é a de que tudo está cheio
de deuses, ou seja, a matéria é viva. Dizem que previu um eclipse solar e
calculou a altura de uma pirâmide. Em Aristóteles há um trecho dizendo que

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era sabido ser uma afirmação de Tales que a alma é algo que se move. Teve
como discípulo Anaximandro.

Anaximandro – (+ ou – 610-547 a. C) é um filósofo da escola jônica,


natural de Mileto e discípulo de Tales. Foi geógrafo, matemático, astrônomo e
político. Escreveu um livro, Sobre a natureza, que se perdeu. É considerado
autor de um mapa do mundo habitado e iniciador da astronomia. Afirmou que
a origem de todas as coisas seria o apeíron, o infinito. O mundo se dissolveria
nele também. É apenas um mundo dentre muitos. Ao contrário de Tales não
deu à gênese um caráter material. O apeíron é eterno e indivisível, infinita e
indestrutível. O princípio é o fundamento da geração de todas as coisas, a
ordem do mundo evoluiu do caos em virtude deste princípio. Teve como
discípulo Anaxímenes.

Anaxímenes – (+ ou – 588-524 a.C.) foi um filósofo da escola jônica, que


tem como característica básica explicar a origem do universo ou arché a partir
de uma substância única fundamental. Refutando a teoria da água de Tales, e
do ápeiron de Anaximandro, Anaxímenes ensinava que essa substância era o ar
infinito, pneuma ápeiron. O universo resultaria das transformações do ar, da
sua rarefação, o fogo, ou condensação, o vento, a nuvem, a água e a terra e por
último pedra. Esse era o processo por qual passava uma substância primordial,
e resultava na multiplicidade, os quatro elementos. O ar tinha o eterno
elemento. Escreveu uma obra, como Anaximandro:
Sobre a natureza. Dedicou-se à meteorologia, foi o primeiro a considerar
que a lua recebe a luz do sol. Era companheiro de Anaximandro. Hegel diz que
Anaxímenes ensina que nossa alma é ar, e ele nos mantém unidos, assim um
espírito e o ar mantém unido o mundo inteiro. Espírito e ar são a mesma coisa.
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A substância da origem volta a ser uma coisa determinada como em Tales.
Anaxímenes identificou o ar talvez porque tenha visto seu movimento
incessante, e que a vida e o ar andam juntos, na maioria dos casos. A respiração
é um processo vivificante, dependemos dela durante toda a nossa vida. Ele via
que no céu existem nuvens, e que a matéria possui diferentes graus de solidez.
Outra frase que consta nos fragmentos é "O sol largo como uma folha".

Pitágoras – (século VI a.C.) Conhece-se muito pouco sobre a vida desse filósofo, pois foi uma
figura legendária, e é difícil distinguir o que é verdade e o que é mentira. Nasceu em Samos, em uma
época em que na Grécia estava instituído o culto ao deus Dioniso. Os órficos (de Orfeu) acreditavam na
imortalidade da alma e em reencarnação (metempsicose), e para se livrar desse ciclo, necessitavam da
ajuda de Dioniso, deus libertador. Pitágoras postulou como via de salvação em vez desse deus, a
matemática. Acreditava na divindade do número. O um é o ponto, o dois determina a linha, o três gera a
superfície e o quatro produz o volume. Os pitagóricos concebem todo o universo como um campo em que
se contrapõe o mesmo e o outro. É de Pitágoras o teorema do triângulo retângulo. Fundou uma seita, em
que a salvação dependia de um esforço humano subjetivo, e que tinha iniciação secreta. Os números
constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina, e são a verdade eterna. O número perfeito é
o dez, por causa do triângulo místico. Os astros são harmônicos. Foi Pitágoras que inventou a palavra
filosofia – (amizade ao saber). A escola de Pitágoras gerou os pitagóricos, que procuraram aperfeiçoar o
sistema filosófico original. Eles floresceram em uma colônia grega na Itália. Pregavam o ideal da salvação
do homem, tinham um caráter místico e espiritualista, e davam à matemática um caráter matemático.

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Muitos filósofos foram também matemáticos, que atribuem ao universo a lógica dos números e em muitos
pontos de sua doutrina buscam a matemática para fundamentar a sua lógica. É uma visão mecanicista, que
identifica no mundo o raciocínio matemático. Platão exaltava a geometria, por essa ter um caráter abstrato.
Outros filósofos matemáticos importantes foram Descartes, Leibniz e Bertrand Russel. Spinoza escreveu
um livro chamado A ética demonstrada pelo método geométrico, que é o método euclidiano de expor.

Heráclito – (+ ou – 540-470 a. C) nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, descendente do fundador da


cidade. É considerado o mais importante dos pré-socráticos. É dele a frase de que tudo flui. Não entramos
no mesmo rio duas vezes e o sol é novo a cada dia. É o filósofo do devir, a lei do universo, tudo nasce se
transforma e se dissolve, e todo o juízo seria falso, ultrapassado. Desprezava a plebe, não participou da
política e desprezou a religião, os antigos poetas e os filósofos de seu tempo. É o primeiro pré-socrático
com um número razoável de pensamentos, que são um tanto confusos, e por isso tem o nome de Heráclito,
o obscuro. São aforismos. Foi muito crítico. Chama a atenção, além da pluralidade, para os opostos.
Tanto o bem como o mal são necessários ao todo. Deus se manifesta na natureza, abrange o todo e é
crivado de opostos. O logos é o princípio cósmico, elemento primordial, e a razão do real, a inteligência.
A verdade se encontra no devir, não no ser. Com sentidos poderosos, poderíamos vê-lo. O pensamento
humano participa e é parte do pensamento universal. O fogo é eterno, um dia tudo se tornará fogo. O so l
seria da largura de um pé humano. A felicidade não está nos prazeres do corpo. A morte é tudo que vemos
despertos, e tudo o que vemos dormindo é sono. Existe a harmonia visível e a invisível. A alma não tem
limites, pois seu logos é profundo e aumenta gradativamente. O pensar é comum a todos. A terra cria tudo,
e tudo volta para ela. Hegel identifica em Heráclito a dialética: Heráclito concebe o absoluto como
processo, com a dialética, exterior, um raciocinar de cá para lá e não a alma da coisa da coisa dissolvendo-
se a si mesma, a dialética imanente do objeto, situando-se na contemplação do sujeito, objetividade de
Heráclito, compreendendo a dialética como princípio. O ser não é mais que o não ser. O fogo condensa-se,
e apagado vira água. Encontramos em Heráclito algo comum entre os sábios: o desprezo pelo populacho,
(como era comum Nietzsche dizer) e instituições dominantes. Teria sua experiência lhe dado base para
isso? Ele pode ter contemplado com os seus próprios olhos o devir, movimento inteligente do universo e
maravilhoso. Encontrou fogo na alma humana, comparou-a com uma chama que se apaga na morte.
Identificou o infinito na natureza, não apenas o matemático, mas o que constitui a essência das coisas.
Pois todas as coisas têm uma essência, e o fluxo da alma é tão fundo que não tem fim.

Parmênides – (+ ou – 544-450 a. C) filósofo da escola eleática, da região de Eléia, hoje Vília,


Itália. Foi discípulo de Amínisas. Conheceu a filosofia de sua época. Escreveu um poema, cujo preâmbulo
tem duas partes, a primeira trata da verdade, a segunda da opinião. Suas conclusões são contrárias às de
Heráclito, seu contemporâneo. Na primeira parte do poema proclama a razão absoluta, que é o discurso

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de uma deusa. Para se chegar à verdade não podemos confiar nos dados empíricos, temos de recorrer à
razão. Desta forma nada pode mudar, só existe o ser, imutável, eterno e único, em oposição ao não ser.
Teve como discípulo Zenão, também de Eléia. Segundo Nietzsche, foi em um estado de espírito que
Parmênides encontrou a teoria do ser, considerando o vir a ser. Pensou: algo que não é pode vir a ser?
Não. – Temos de ignorar os sentidos e examinar as coisas com a força do pensamento. O que está fora do
ser não é o ser, é nada, o ser é um. Ao colocar como “imperativo categórico” o ser, e com ele a verdade
que se chega na razão, Parmênides inaugura uma manifestação humana de conseqüências funestas. A
refutação dos dados empíricos, em favor do que pode ser comprovado com a razão age sobre o resultado
final dos mesmos. Assim, com o possível de ser explicado em primeiro plano, deixamos de lado um
aspecto da percepção: a mudança, pois mudar é deixar de ser. O devir, nesses parâmetros é uma ilusão, o
fluxo da natureza também e o que é confiável é aquilo que é assimilado e compreendido.

Zenão, de Eléia (século V a. C)- cerca de quarenta anos mais jovem que o seu mestre e
conterrâneo Parmênides. Nasceu na Eléia, e interviu na política, dando leis à sua pátria. Zenão teria
deixado cerca de quarenta argumentos, sendo que nove foram conservados pelo doxógrafos. São
dispostos em problemas de grandeza, do espaço, do movimento e da percepção sensível. Ele parte da
divisibilidade infinita do espaço, pois um corpo percorrendo um espaço infinito em um tempo finito
estaria imóvel. Seus argumentos constituem-se verdadeiras aporias (caminhos sem saída), indo até ao
absurdo. Foi considerado por Aristóteles o inventor da dialética, no sentido de diálogo que parte das
premissas do adversário e o põe em contradição, numa posição insustentável. Defendeu as teorias do ser
de seu mestre, Parmênides, contra os seus adversários, notoriamente os pitagóricos, que pregavam o ser
múltiplo e divisível.
O infinito não pode ser percorrido num tempo finito, só em um tempo infinito. Seus argumentos
ficaram conhecidos como paradoxos de Zenão. Paradoxo de Aquiles: o mais lento na corrida jamais será
alcançado pelo mais rápido, pois o que persegue deve sempre começar a atingir o ponto de onde partiu o
que foge. Outro argumento pretende afirmar que uma flecha está em repouso ao ser projetada. É a
conseqüência da suposição de que o tempo seja composto de instantes. Ele demonstra que quando há o
múltiplo, há o grande e o pequeno. Quando grande, o múltiplo é infinito, segundo a grandeza. Para Hegel,
a dialética de Zenão possui mais objetividade que a atual. Ele ainda se conteve com os limites da
metafísica. Segundo muitas lendas, tornou-se célebre em sua morte, quando salvou um Estado de seu
tirano, sacrificando sua vida, pois foi torturado e não delatou seus companheiros de conjura. Por isso foi
assassinado.

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Empédocles (+ ou – 490- 435 a. C) natural de Agrigento na Sicília. A democracia estava em fase
de implantação e ele a defendeu. Virou figura lendária, um misto de cientista, de místico, de pitagórico e
órfico. Escreveu dois poemas. No primeiro apresenta uma única visão do processo cosmogônico, e o
segundo é religioso. Refutou as teses que atribuem a origem do universo a um único elemento. Identificou
quatro substâncias básicas, que ele chamou de raízes: a água, a terra, o fogo e o ar. Tudo se consiste desses
quatro elementos, e as transformações que advêm a eles seriam visíveis a olho nu. Essas substâncias são
eternas, imutáveis. Jostein Gaardner afirma que talvez Empédocles tenha visto uma madeira queimar,
alguma coisa aí se desintegra. Alguma coisa na madeira estala, ferve, é a água, a fumaça é o ar, o
responsável é o fogo, e as cinzas são a terra. As verdades não seriam mais absolutas, como nos eleatas,
mas proporcionais à medida humana.
As coisas são imóveis, mas o que percebemos com os sentidos não é falso. Duas forças atuariam
nas substâncias, o amor e o ódio. O amor agiria como força de atração e união, o ódio como força de
dissolução. Em quatro fases, existe a alternância do amor e do ódio. Estabelece um ciclo, com a tensão da
convivência dessas forças motrizes. Empédocles dizia que alguns animais vêem melhor de dia do que de
noite, e vice versa. O pensamento se produz com a sensação. Admitiu a multiplicidade de itens de uma
criação, como um pintor que mistura diferentes pigmentos em sua obra. Fala muito da deusa do amor
Afrodite, portadora da vida e da beleza. Em sua filosofia todos os animais têm pensamentos. A
inteligência cresce de acordo com os dados sensoriais do tempo presente. Hegel afirma que para
Empédocles, outros elementos que não os quatro básicos, não são em si e para si. Não poderíamos
visualizar o mundo sem os quatro elementos básicos. Nietzsche traça um perfil de Empédocles: cabelos
longos, sandálias de couro nos pés e uma coroa na cabeça. Com vestido cor de púrpura. É um filósofo
trágico, pessimista, ativo. Queria provar que era um deus, atribuía-se qualidades místicas. Todos os
movimentos, segundo ele nasceram de uma natureza não mecânica, mas levam a um resultado
mecânico. Conta a lenda que se atirou no vulcão Etna para provar que era um deus.

Anaxágoras (+ ou - 499-428 a. C)- filósofo da escola jônica nascido na Ásia menor, foi o primeiro
filósofo a se transferir para Atenas, de onde foi banido por considerar o sol uma pedra incandescente e a
lua uma Terra, negando a divindade desses corpos celestes. Interessava-se muito por astronomia. Houve
um processo que acabou por condená-lo, apesar de ser amigo de Péricles, seu mestre e protegido. Péricles
foi um grande líder político. Sócrates que nasceu cerca de trinta anos depois de Anaxágoras também foi
condenado. Atenas considerava a novidade, a filosofia, uma impiedade e ateísmo. Anaxágoras se recusava
a prestar culto aos grandes deuses gregos. Era filho de Hegesibuldo. Disse que as coisas corpóreas eram
infinitas, e elas pareciam engendrar-se e destruir-se pela combinação e dissolução. No início, todas as
coisas seriam infinitas em quantidade e pequenez, pois o pequeno também era infinito. Toda a matéria

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estava condensada. O ar e o éter são o maior conjunto de coisas. Muitas coisas de todas as espécies são
contidas em todos os compostos e sementes. Em tudo há um pouco de tudo.
Em cada minúscula partícula, ou semente, há uma parte de todas as coisas, pois todas as coisas são
formadas por essas sementes. Essas coisas se resolviam e separavam pela força e rapidez, a força é a
rapidez que produz. E o espírito começou a se mover, e em todo movimento havia uma separação, e as
partículas se desdobravam, o espírito sempre é, sempre afirma. O compacto, o fluído, o frio e o sombrio se
colocaram onde se formou a terra, e o ralo o quente e o seco forma para longe do éter. As visões das
coisas invisíveis são aparentes, a lua reflete os raios de sol, em sua filosofia. E as coisas, que estavam
juntas foram separadas por esse espírito inteligente e puro (nous), que ordenava a matéria e se movia,
separando os opostos e criando os seres diferenciados. Os graus de inteligência dos seres animados
(animais e plantas) dependem da estrutura do corpo em que o nous está ligado sem se misturar.
Para Hegel, Anaxágoras foi um sóbrio entre os ébrios. Fundamenta sua crítica dizendo que ele foi
o primeiro a dizer que o pensamento é universal, em si e para si, o puro pensamento é verdadeiro.
Universal pela noção de causalidade. Essa noção, se não é universal, se não considera a coisa em si,
costuma dizer coisas como: a causa da existência do capim é servir de alimento para os herbívoros, e a
destes é servir de alimento para os carnívoros, os troncos fluem para determinado lugar, pois estão
precisando deles lá e assim por diante. O nous de Anaxágoras é universal, move-se para diante. Cada idéia
é um círculo de si mesma, e o bem universal de sua espécie. O nous é a alma que a tudo move, que liga e
separa, uma atividade que põe uma primeira determinação como subjetiva, mas essa é feita objetiva, e
assim se torna outra, e de novo esta oposição é sobreposta, assim até o infinito. Isso é dialética.

Demócrito (+ ou - 460-370 a. C) – nasceu em Abdera (Trácia). Foi discípulo e sucessor de


Leucipo, desenvolveu sua teoria atomista e participou da escola iniciada por seu mestre em sua terra natal.
De sua vida sabem-se poucas coisas seguras, mas fala-se que viajou muito, recebeu homenagens de seus
concidadãos. É famosa a tradição que lhe atribui um riso constante, presente para qualquer coisa. É um
dos primeiros materialistas. Teria deixado cerca de noventa obras. Para resolver o impasse surgido nas
teorias de Heráclito e Parmênides, desenvolve a teoria de que tudo seria composto por partículas
minúsculas indivisíveis e invisíveis a olho nu, inclusive a alma. Os átomos da alma se desintegrariam no
momento da morte. Portanto, não acredita na imortalidade da alma, embora gostasse de Pitágoras.
Trabalhou muito, dizia que os trabalhos feitos de bom grado fazem mais leves as cargas dos
impostos a contragosto. Na sua filosofia, o trabalho continuado torna-se mais leve por causa do átomo.
Um trabalho bem feito e terminado dá mais satisfação que o descanso, e um trabalho em que não há
retorno causa muito desprazer. O homem sensato dosa a avareza com o gasto, e suporta com brandura a
pobreza. Quanto à forma, a emanação é igual às coisas. Os átomos são indivisíveis, pois se fossem
divisíveis em partículas ainda menores. A natureza acabaria por se diluir. E como nada pode surgir do

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nada, são eternos. O movimento existe, pois o pensamento é movimento, e também os átomos se movem.
Quando os átomos estão em equilíbrio, são tão numerosos que não podem mais se mover, os mais leves
são repelidos para o vazio exterior (portanto, o vazio existe) e os outros permanecem juntos, formando um
conglomerado.
Cada um desses conglomerados que se separam das massas dos corpos é um mundo, e existem
infinitos mundos. Esta é uma visão nietzscheana da teoria de Demócrito. A essência da alma está na sua
natureza animadora, de movimento. A alma é feita de átomos sutis, que se movem, lisos e arredondados.
O fogo faz parte da essência do homem. Se a respiração cessa, o fogo interior escapa, e ocorre a morte. O
homem é infeliz porque não conhece a natureza. Temos de nos contentar com o mundo tal como ele é. Os
átomos constituem a explicação última da natureza. Foi o mais lógico dos pré-socráticos. Nietzsche o
considera um poeta, Aristóteles admira sua universalidade. Sua doutrina seguiu adiante, e temos outros
atomistas, como Epicuro.

2.1- Cultura

Diversos sentidos da palavra variam consoante a aplicação em determinado ramo do conhecimento


humano. Agricultura – acepção original do termo cultura, que se refere ao cultivo da terra para produção
de espécies vegetais úteis ao consumo do homem. Ciências sociais - Do ponto de vista das ciências sociais
(isto é, da sociologia e da antropologia), sobretudo conforme a formulação de Tylor, a cultura é um
conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais artificiais (isto é, não naturais ou
[9]
biológicos) aprendidos de geração em geração por meio da vida em sociedade. Essa definição geral
pode sofrer mudanças de acordo com a perspectiva teórica do sociólogo ou antropólogo em questão.
De acordo com Ralph Linton, “como termo geral, cultura significa a herança social e total da
Humanidade; como termo específico, uma cultura singifica determinada variante da herança social.
Assim, cultura, como um todo, compõe-se de grande número de culturas, cada uma das quais é
[10]
característica de um certo grupo de indivíduos” Enquanto a definição de Tylor é muito genérica,
podendo causar confusão quando se propõe uma reflexão mais aprofundada do que é cultura, outras
definições são mais restritivas. Os autores debatem se o termo se refere mais corretamente a idéias (Boas,
Malinowski, Linton), comportamentos (Kroeber) ou simbolização de comportamento, incluindo a cultura
material (L. White). Vale lembrar que, em algumas concepções de cultura, o comportamento é apenas
biológico, sendo a cultura a forma como esse conjunto de fatores biológicos se apresentam nas sociedades
humanas. Em outras concepções (como onde cultura é entendida como conjunto de idéias), cultura exclui
os registros materiais dos homens como tais da classificação (ex. um sofá ou uma mesa não seriam
“cultura”) – posição fortemente criticada por White.

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Filosofia - cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou
comportamento natural. Por seu turno, em biologia uma cultura é normalmente uma criação especial de
organismos (em geral microscópicos) para fins determinados (por exemplo: estudo de modos de vida
bacterianos, estudos microecológicos, etc.). No dia-a-dia das sociedades civilizadas (especialmente a
sociedade ocidental) e no vulgo costuma ser associada à aquisição de conhecimentos e práticas de vida
reconhecidas como melhores, superiores, ou seja, erudição; este sentido normalmente se associa ao que é
também descrito como "alta cultura", e é empregado apenas no singular (não existem culturas, apenas uma
cultura ideal, à qual os homens indistintamente devem se enquadrar). Dentro do contexto da filosofia, a
cultura é um conjunto de respostas para melhor satisfazer as necessidades e os desejos humanos.
Cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e
transmite aos contemporâneos e aos vindouros. A cultura é o resultado dos modos como os diversos
grupos humanos foram resolvendo os seus problemas ao longo da história. Cultura é criação. O homem
não só recebe a cultura dos seus antepassados como também cria elementos que a renovam. A cultura é
um fator de humanização. O homem só se torna homem porque vive no seio de um grupo cultural. A
cultura é um sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido
à vida dos seres humanos.
Antropologia - esta ciência entende a cultura como o totalidade de padrões aprendidos e
desenvolvidos pelo ser humano. Segundo a definição pioneira de Edward Burnett Tylor, sob a etnologia
(ciência relativa especificamente do estudo da cultura) a cultura seria "o complexo que inclui
conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem
como membro da sociedade". Portanto corresponde, neste último sentido, às formas de organização de um
povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e
tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.
O uso de abstração é uma característica do que é cultura: os elementos culturais só existem na
mente das pessoas, em seus símbolos tais como padrões artísticos e mitos. Entretanto fala-se também em
cultura material (por analogia a cultura simbólica) quando do estudo de produtos culturais concretos
(obras de arte, escritos, ferramentas, etc.). Essa forma de cultura (material) é preservada no tempo com
mais facilidade, uma vez que a cultura simbólica é extremamente frágil. A principal característica da
cultura é o chamado mecanismo adaptativo: a capacidade de responder ao meio de acordo com mudança
de hábitos, mais rápida do que uma possível evolução biológica. O homem não precisou, por exemplo,
desenvolver longa pelagem e grossas camadas de gordura sob a pele para viver em ambientes mais frios –
ele simplesmente adaptou-se com o uso de roupas, do fogo e de habitações. A evolução cultural é mais
rápida do que a biológica. No entanto, ao rejeitar a evolução biológica, o homem torna-se dependente da
cultura, pois esta age em substituição a elementos que constituiriam o ser humano; a falta de um destes

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elementos (por exemplo, a supressão de um aspecto da cultura) causaria o mesmo efeito de uma
amputação ou defeito físico, talvez ainda pior.
Além disso a cultura é também um mecanismo cumulativo. As modificações trazidas por uma
geração passam à geração seguinte, de modo que a cultura transforma-se perdendo e incorporando
aspectos mais adequados à sobrevivência, reduzindo o esforço das novas gerações. Um exemplo de
vantagem obtida através da cultura é o desenvolvimento do cultivo do solo, a agricultura. Com ela o
homem pôde ter maior controle sobre o fornecimento de alimentos, minimizando os efeitos de escassez de
caça ou coleta. Também pôde abandonar o nomadismo; daí a fixação em aldeamentos, cidades e estados.
A agricultura também permitiu o crescimento populacional de maneira acentuada, que gerou novo
problema: produzir alimento para uma população maior. Desenvolvimentos técnicos – facilitados pelo
maior número de mentes pensantes – permitem que essa dificuldade seja superada, mas por sua vez
induzem a um novo aumento da população; o aumento populacional é assim causa e conseqüência do
avanço cultural .

2.2- Mudança Cultural


A cultura é dinâmica. Como mecanismo adaptativo e cumulativo, a cultura sofre mudanças. Traços
se perdem, outros se adicionam, em velocidades distintas nas diferentes sociedades. Dois mecanismos
básicos permitem a mudança cultural: a invenção ou introdução de novos conceitos, e a difusão de
conceitos a partir de outras culturas. Há também a descoberta, que é um tipo de mudança cultural
originado pela revelação de algo desconhecido pela própria sociedade e que ela decide adotar.
A mudança acarreta normalmente em resistência. Visto que os aspectos da vida cultural estão
ligados entre si, a alteração mínima de somente um deles pode ocasionar efeitos em todos os outros.
Modificações na maneira de produzir podem, por exemplo, interferir na escolha de membros para o
governo ou na aplicação de leis. A resistência à mudança representa uma vantagem, no sentido de que
somente modificações realmente proveitosas, e que sejam por isso inevitáveis, serão adotadas evitando o
esforço da sociedade em adotar, e depois rejeitar um novo conceito.
O 'ambiente' exerce um papel fundamental sobre as mudanças culturais, embora não único: os
homens mudam sua maneira de encarar o mundo tanto por contingências ambientais quanto por
transformações da consciência social. A cultura é dinâmica. Como mecanismo adaptativo e cumulativo, a
cultura sofre mudanças. Traços se perdem, outros se adicionam, em velocidades distintas nas diferentes
sociedades. Dois mecanismos básicos permitem a mudança cultural: a invenção ou introdução de novos
conceitos, e a difusão de conceitos a partir de outras culturas. Há também a descoberta, que é um tipo de
mudança cultural originado pela revelação de algo desconhecido pela própria sociedade e que ela decide
adotar.

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A mudança acarreta normalmente em resistência. Visto que os aspectos da vida cultural estão
ligados entre si, a alteração mínima de somente um deles pode ocasionar efeitos em todos os outros.
Modificações na maneira de produzir podem, por exemplo, interferir na escolha de membros para o
governo ou na aplicação de leis. A resistência à mudança representa uma vantagem, no sentido de que
somente modificações realmente proveitosas, e que sejam por isso inevitáveis, serão adotadas evitando o
esforço da sociedade em adotar, e depois rejeitar um novo conceito. O 'ambiente' exerce um papel
fundamental sobre as mudanças culturais, embora não único: os homens mudam sua maneira de encarar o
mundo tanto por contingências ambientais quanto por transformações da consciência social.

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2.3- Referências bibliográficas

http://www.filosofiavirtual.pro.br/filosofia.htm, Profª Cristina G. Machado de Oliveira – 09.03.2009.


http://www.cfh.ufsc.br/wfil/filosofia.htm, Marco Antonio Frangiotti - 05.03.2008.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia, São Paulo: Ática, 2007.
SILVA NETO, José Leite da. (matéria ministrada em sala de aula pelo Professor LEITE).

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3.0- Atividades de compreensão

-Julgue os itens a seguir em (C)erto ou (E)rrado:

- Sobre o pensamento filosófico:


1( ) O sábio pensa e o filósofo age, fazendo surgir uma relação entre o pensar e o agir.
2( ) O filósofo tem em comum com o sábio o espanto pelas coisas inexistentes.
3( ) Tanto o filósofo, quanto o sábio, estão em busca do conhecimento das coisas.
4( ) A relação existente entre o filósofo e o sábio, é que ambos freqüentam a faculdade para estudar
filosofia.
5( ) A dúvida é o ponto de partida em busca do conhecimento, tanto para o filósofo, quanto para o sábio.
6( ) Um dos pressupostos da filosofia é questionar. A dúvida é o principal instrumento que o sábio
utiliza para conhecer as coisas.
- Os sentimentos que conduzem os filósofos:
7( ) O ódio e a vontade, faz do sábio um ser genial
8( ) A tristeza e a angústia, mostram como o sábio deve fazer para encontrar a verdade.
9( ) Sem a admiração, dúvida, angústia, alegria e tristeza, não seria possível conhecer as coisas, por isso o
filósofo usa todos estes sentimentos.
10 ( ) Somente a tristeza é o sentimento que conduz o sábio em busca da verdade.
11 ( ) O ser humano quando quer saber de alguma coisa ele não questiona, porque este caminho pode trazer à
dúvida.
12 ( ) Não é possível o nenhum ser humano conhecer todas as coisas do mundo, porque o conhecimento é
uma coisa que sempre se renova.
13 ( ) O ser humano está em constante mudança, buscando o conhecimento das coisas.
14 ( ) O pensar junto com o saber não funciona, porque essa relação é impossível de acontecer.

Marque a alternativa correta das questões a seguir:

15- Qual das alternativas abaixo mostra a relação do pensar por pensar com a filosofia:
a- A filosofia busca resolver os problemas a partir de um pensar reflexivo e o simples pensar é uma atividade
normal do ser humano;
b- O pensar por pensar é um tipo de filosofia dos pensantes;
c- Tanto o simples pensar, quanto o filosofar estão em busca de uma verdade científica;
d- A relação existente é que ambos buscam o conhecimento religioso;
e- Nenhuma das alternativas anteriores.

16- O conhecimento humano depende:


a- Da vontade reflexiva para acontecer;
b- Da intelectualidade da religião para acontecer;
d- Do pensar e do filosofar para resolver os problemas do mundo;
e- Todas as alternativas anteriores estão corretas.

17- “Um dos principias filósofos de todos os tempos dizia que: o saber é poder”. Logo, pode-se afirmar
que o saber é:
a- Um pensar por pensar;
b- Uma reflexão;
c- A apenas um pensamento;
d- Um estudo científico;
e- Um filosofar.

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18- Mostre a diferença entre o pensar e a reflexão. Dê exemplos.
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19- Por que o ser humano necessita do pensar reflexivo para saber de alguma coisa? O ser humano pode
ser considerado uma máquina pensante? Explique.
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20- Você só pensa por pensar, ou reflete sobre as coisas? Para existir um conhecimento é necessário um
processo filosófico? Explique essas duas questões. (valor: 0,5)
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-Julgue os itens a seguir em (C)erto ou (E)rrado:

- Sobre à cultura humana


21 ( ) A pessoa só é livre quando tem preconceito racial.
22 ( ) Uma pessoa cultural é aquela que está presente em um grupo, mas aceita o modo de viver dos
outros grupos.
23 ( ) Com a razão a Filosofia mostra para o ser humano que é preciso discriminar em todo lugar que
passar.
24 ( ) O conhecimento do mundo não depende do convívio social de um indivíduo com o grupo.
25 ( ) Ser um indivíduo cultural é ser dependente e ao mesmo tempo não seguir nenhuma regra
estabelecida socialmente.
26 ( ) O indivíduo está em constante transformação social, buscando o conhecimento de sua própria cultura.
27 ( ) No dia-dia, convivemos com pessoas diferentes, apesar das diferenças físicas, étnicas, religiosa e
econômica somos todos seres humanos.
28 ( ) Quando o indivíduo pensa culturalmente, ele sabe separar a ilusão da realidade.
29 ( ) Perante a lei todos o seres humanos são iguais.
30 ( ) Em nossa sociedade ainda predomina uma coisa ruim chamada preconceito.
31 ( ) Quando o indivíduo está envolvido, com outras pessoas o seu pensar deixa de ser cultural e passa
a ser contra-cultural.

Marque a alternativa correta das questões a seguir:

32- A cultura tem vários significados. No sentido amplo, se refere:


a- é um grupo de serres humanos dotados de fenômenos sobrenaturais que mostram a realidade da vida;

21
b- a natureza cultural, capaz de desenvolver sentimentos por meio da união entre os grupos humanos;
c- é na realidade um ser capaz de modificar a vida das coisas superiores;
d- é por finalidade moral e sensível e vê o mundo sempre de duas maneiras: uma virtual e outra sobrenatural;
e- NDA.

33- Toda sociedade é determinada por certos valores culturais que são caracterizados:
a- como a busca do entendimento do pensamento das outras pessoas como seres sociais;
b- por um conjunto planejado que mostra como deve ser o futuro de si e dos outros;
c- pelas relações interpessoais, que têm o objetivo de mostrar os erros da sociedade;
d- por regras que expressam o convívio das pessoas em sociedade, como objetivo de conduzir os atos dos
indivíduos;
e- NDA.

34- Explique porque a cultura está presente em todas as sociedades e também porque os valores fazem
parte da cultura de um povo.
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35- De que maneira é possível classificar os valores culturais? Explique também se os valores culturais
estão presentes nas diferenças sociais.
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36- Existe alguma possibilidade de existir uma sociedade sem cultura e valores? Explique.
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