Vigilancia Epidemiologica de Meningite
Vigilancia Epidemiologica de Meningite
Vigilancia Epidemiologica de Meningite
Os casos suspeitos de meningite são definidos pela presença de febre, cefaleia, vômitos,
convulsões, manchas vermelhas pelo corpo, rigidez da nuca e/ou outros sinais de irritação meníngea
(Kernig e Brudzinski), lembrando que em crianças menores de 1 ano de idade, tais sintomas podem
não ser tão evidentes, devendo o profissional se atentar se presença de irritabilidade, choro
persistente e abaulamento de fontanela. Se evolução para septicemia (mais comum na doença
meningocócica, denominada de meningococcemia) pode ocorrer também dor abdominal, diarreia,
dor em membros inferiores, mialgia, hipotensão e rebaixamento do sensório. Já os casos confirmados
de meningite são descritos em cada tópico seguinte:
a) critérios de caso suspeito e exame laboratorial positivo (cultura, PCR, látex, isolamento viral)
Para a identificação de possíveis fontes de infecção, deve ser feita uma investigação nos locais
frequentados pelo indivíduo acometido (domicílio, alojamentos, trabalho, creche, escola) em todo o
período correspondente a no mínimo 15 dias anteriores do adoecimento, e as carteiras de vacinação
dos contactantes devem ser conferidas. Quanto as meningites bacterianas, casos secundários,
embora raros, podem ocorrer geralmente nas primeiras 48 horas a partir do primeiro caso e, como
tentativa de evitá-los, deve ser empregada quimioprofilaxia, independentemente do estado vacinal
do contactante. Sua eficácia é diretamente proporcional ao tempo de contágio (quanto mais
precocemente administrada, melhor). A quimioprofilaxia, cujo antibiótico de escolha é a Rifampicina,
também pode ser feita no paciente no momento da alta (caso este não tenha sido tratado com
Ceftriaxona) e, quanto aos profissionais da saúde, estes devem recebê-la apenas se realizaram
procedimento invasivos (intubação orotraqueal, passagem de cateter nasogástrico) sem equipamento
de proteção adequado.
Causada pela Neisseria meningitidis, um diplococo Gram negativo aeróbio, cujo tempo de
incubação pode variar de 2 a 10 dias. Após o contato com secreções respiratórias de alguém infectado,
o meningococo instala-se na nasofaringe humana, podendo permanecer por longo período de forma
assintomática, que caracteriza o estado de portador, mais comum entre adolescentes e adultos jovens.
O grupo de maior risco para desenvolvimento da doença são crianças menores de 5 anos, sobretudo
as menores de 1 ano, e pacientes com deficiência do complemento (C3, C5, C9) ou asplenia, portanto,
estes têm prioridade para profilaxia com vacinas.
Quanto ao desenvolvimento das formas invasivas, são fatores associados: contato próximo
com portadores, infecções respiratórias virais recentes (como a Infuenza), aglomerações em domicílio,
residência em quartel, acampamento militar ou alojamento estudantil, tabagismo (tanto ativo, quanto
passivo) e condições socioeconômicas menos privilegiadas. Existem 12 sorogrupos identificados, os
quais A, B, C, Y, W e X são os principais pela forma invasiva, cuja principal representante é a meningite
meningocócica e a mais grave, a meningococcemia.
A meningite meningocócica possui ampla variedade de apresentações clínicas, que podem ser
divididas em sinais e sintomas mais específicos, sinais e sintomas não específicos mais comuns e sinais
e sintomas não específicos menos comuns:
SINAIS E SINTOMAS MAIS ESPECÍFICOS: rigidez nucal, fotofobia, Sinal de Kernig, Sinal de
Brudzinski, déficit neurológico focal, paresia, dor nas pernas, convulsões, petéquias ou outros
sinais hemorrágicos, alteração do estado mental, abaulamento de fontanela e choque (tempo
de enchimento capilar > 2 segundos, extremidades frias, hipotensão, taquicardia, baixo débito
urinário)
SINAIS E SINTOMAS NÃO ESPECÍFICOS MAIS COMUNS: febre, náuseas, vômitos, cefaleia,
letargia, irritabilidade, dor muscular e dificuldade respiratória, rash maculopapular (pode ser
confundido com exantema viral)
QUADRO 1.
2. OUTRAS MENINGITES BACTERIANAS
QUADRO 2.
3. IMUNIZAÇÃO
Outros públicos também podem receber tais vacinas, por meio dos Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais (CRIES). Nestes casos, para receber a meningo-C, é necessária idade
superior a 12 meses e alguma das seguintes condições: imunodeficiências adquiridas, neoplasias em
atividade ou até alta médica, fístula liquórica e derivação ventrículo-peritoneal, implante de cóclea,
trissomias, doenças de depósito, hepatopatia crônica ou doença neurológica incapacitante. Quanto a
meningo-ACWY, também é necessária idade superior a 12 meses e as indicações são: asplenia
anatômica e funcional, doença falciforme e talassemias, deficiência de complemento e frações, terapia
com inibidor de complemento, pessoas vivendo com HIV/aids, imunodeficiências congênitas,
transplante de células-tronco hematopoiéticas, transplante de órgãos sólidos ou profissão de
microbiologista.
Para a proteção contra outras formas de meningite bacteriana, estão disponíveis no Calendário
Nacional de Vacinação: pentavalente e HIB (contra o Haemophilus influenzae), e, contra o
Streptococcus pneumoniae, as vacinas pneumo-10, pneumo-13 e pneumo-23.
4. MENINGITES VIRAIS
Possuem uma variedade de agentes etiológicos. A transmissão pode ser pelo contato de
secreções do sistema respiratório ou então, como no caso dos enterovírus, via fecal-oral, podendo se
estender por semanas. O período de incubação varia de 2 a 35 dias, sendo em média de 7 a 14 dias.
As crianças são o principal grupo de risco. As manifestações clínicas incluem febre, mal-estar geral,
náusea e dor abdominal, seguidas de sinais de irritação meníngea, como rigidez de nuca, e podem ser
precedidas por sintomas respiratórios (tosse, faringite), mialgia e manifestações cutâneas. As
complicações costumam ocorrer apenas em portadores de imunodeficiências. O tratamento consiste
em suporte (a exceção da meningite herpética, em que se administra Aciclovir endovenoso) e os
exames laboratoriais auxiliares incluem cultura de LCR, coprocultura, exame quimiocitológico do LCR
e PCR. No quadro abaixo, estão descritas as alterações possíveis de serem encontradas no LCR (Quadro
3).
QUADRO 3.
Outros patógenos também podem causar meningites, como exemplificado abaixo (Quadro 4).
Os sintomas e exames diagnósticos se assemelham às demais meningites e as características do LCR
nas meningites fúngicas é descrito na Quadro 5.
QUADRO 4.
QUADRO 5.
Referências:
1) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de
Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde e Ambiente. Guia de vigilância em saúde: Brasília, 2023,
ed. 6, vol. 1.
3) https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Com-82-casos-em-2024-no-Parana-Saude-reforca-medidas-de-
prevencao-da-
meningite#:~:text=De%202019%20at%C3%A9%202023%20houve,%C3%A9%20considerada%20uma
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