Refração - Conteúdo e Exercícios
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Refração
A luz se propaga em meios transparentes. Nesses meios, os átomos absorvem e reemitem os fótons de luz
para átomos vizinhos, de modo que a luz que entra por um lado, atravessa todo o material, e sai pelo outro
(veja a Figura 1). Entre a absorção e a emissão dos fótons existe certo intervalo de tempo, mo vo pelo qual a
velocidade da luz é menor em meios transparentes quando comparada com seu valor no vácuo. No vácuo, a
luz apresenta a maior velocidade possível, aproximadamente 3x108 m/s.
Figura 1 - Uma onda de luz visível, incidindo sobre uma vidraça de janela, põe em vibração os átomos,
produzindo uma cadeia de absorções e reemissões, com o que a luz atravessa o material e sai pelo outro
lado. Devido ao atraso entre as absorções e as reemissões, a luz se propaga no vidro mais lentamente do
que no espaço vazio
Quando a luz que se propagava em determinado meio passa a se propagar em outro, dizemos que ela sofreu
refração. Em geral, sua velocidade muda e essa mudança pode ser prevista pelo índice de refração do meio.
O índice de refração (n) de determinado material transparente é definido como a razão entre a velocidade da
luz no vácuo (c) pela velocidade da luz no meio (v). Matema camente
𝑐
𝑛= (1)
𝑣
O quadro a seguir mostra o índice de refração de alguns materiais transparentes. Entre os materiais listados,
a luz possui a menor velocidade no diamante. Mas, mesmo neste meio, seu valor ainda é muito alto: 1,24x108
m/s. Se você realizar alguns cálculos para a velocidade da luz nos diferentes meios listados no Quadro 1, irá
notar que, quanto maior o índice de refração, menor é a velocidade da luz neste meio.
Quadro 1 – Índices de refração de alguns meios para a luz amarela de sódio (λ = 589 nm)
Se a luz passa de um meio menos refringente (de menor índice de refração) para um mais refringente (de
maior índice de refração), como por exemplo, do ar para a água, sua velocidade diminui. No sen do oposto,
sua velocidade aumenta. Se a velocidade se altera, então seu comprimento de onda também, uma vez que a
frequência da luz não se modifica na refração.
Pode ocorrer de a luz se desviar de sua trajetória inicial se ela incidir obliquamente na super cie de separação
entre os dois meios. A Figura 2 nos ajuda a entender o que ocorre com a luz ao passar de um meio para outro.
Nesta figura então representadas três situações dis ntas em que a luz transita entre o ar e a água.
Se a luz incidir perpendicularmente sobre a super cie de separação dos dois meios, como na Figura 2A, sua
velocidade é reduzida, assim como seu comprimento de onda, pois ela sofreu refração, mas não há mudança
em sua direção de propagação. Isso decorre do fato de que as frentes de onda experimentam, em toda sua
extensão, a mesma mudança de velocidade, no mesmo instante de tempo.
Por outro lado, se ela incidir obliquamente, como na Figura 2B, sua velocidade e seu comprimento de onda
são reduzidos e, além disso, ocorre uma mudança na sua direção de propagação. Tal mudança pode ser
explicada considerando que parte da frente de onda que passa a se propagar na água tem sua velocidade
reduzida, ao passo que a parte que ainda está no ar con nua com velocidade maior. Assim, a parte de cima
anda mais rápido que a de baixo, e o resultado é uma mudança na direção de propagação da onda, com uma
aproximação da reta normal (note, na Figura 2B, como a direção de propagação, dentro da água, se aproxima
da reta normal, em relação à direção de propagação no ar). Portanto, para o caso mostrado na Figura 2B, o
ângulo de incidência (θ1) é maior que o ângulo de refração (θ2).
Figura 2 – Representação da refração da luz, com frentes de ondas, em três situações dis ntas.
Considere, agora, a situação da Figura 2C, em que a luz incide obliquamente, se deslocando da água para o
ar. Ao passar para o ar sua velocidade aumenta, assim como seu comprimento de onda, mas, diferentemente
da situação anterior, sua direção de propagação sofrerá um afastamento em relação à reta normal. Logo,
neste caso, temos que o ângulo de incidência (θ1) é menor que o ângulo de refração (θ2).
Essa aproximação ou afastamento da direção de propagação da onda em relação à reta normal pode ser
prevista pela Lei de Snell, cuja forma matemá ca é:
Em vez de representar a luz como uma frente de ondas planas se propagando, como na Figura 2, é comum
u lizarmos apenas uma reta com uma seta para indicar a propagação dos feixes de luz. Desse modo, a Figura
3 representa as mesmas situações da Figura 2. Usaremos esse modo simplificado de representação daqui em
diante.
Note, no entanto, uma diferença importante entre as Figuras 2 e 3. Na Figura 2 estávamos interessados em
representar a mudança no comprimento de onda como resultado do fato de uma parte das frentes de onda
experimentar uma velocidade diferente ao mudar de meio (o que explica a mudança de direção nas Figuras
2B e 2C). Por esse mo vo, não representamos o feixe refle do. Porém, quando o feixe de luz incidente a nge
a super cie de separação dos meios, parte da luz passa a se propagar no outro meio (sofre refração) mas
parte volta a se propagar no mesmo meio (sofre reflexão). Observe, nas diferentes situações da Figura 3, os
feixes incidente, refle do e refratado. Para o feixe refle do valem as leis da reflexão e para o refratado as leis
da refração.
Figura 3 - Representação da refração da luz, com feixes, em três situações dis ntas.
A figura 4 mostra reflexões e refrações que ocorrem com um feixe de laser verde que incide sobre uma placa
de vidro.
1 – Calcule o valor da velocidade da luz na água e no diamante. Você precisará usar os dados do Quadro 1 e
o valor da velocidade da luz c = 3x108 m/s. O que você pode dizer sobre a velocidade da luz nestes meios: ela
é grande, ou pequena, se comparada com as velocidades de outros objetos em nosso mundo?
2 – A velocidade de propagação da luz em certo meio é igual a 2/3 da velocidade de propagação da luz no
vácuo. Qual é o índice de refração desse meio?
3 – A luz reduz sua velocidade em 30% ao penetrar em uma placa de um vidro especial. Determine o índice
de refração deste vidro e a velocidade da luz nele.
4 – Um feixe de luz laser incide na super cie de separação entre o ar e a água em um aquário, com um ângulo
de incidência de 30°. Determine o ângulo de refração nas situações descritas nos itens a e b, a seguir. Dados:
nar = 1 e nágua = 1,33.
6 – Um raio de luz, ao passar de um meio A para um meio B, forma com a normal à super cie de separação
um ângulo de incidência de 30° e um ângulo de refração de 60° (figura ao lado). Sabendo que o meio B é o
ar, cujo nar = 1, determine o índice de refração do meio A e a velocidade da luz nesse meio.
7 – As figuras a e b indicam os raios de luz incidente i e refratado r na interface entre o meio 1 e os meios 2 e
3, respec vamente.
a) Represente graficamente a refração de um raio de luz que passa do meio 2 para o meio 3.
9 – Ao olhar para um aquário, uma pessoa visualiza um peixe na posição indicada pelo número 2, na figura
abaixo. Essa é a posição real do peixe? Jus fique
10 – Os indígenas amazônicos comumente pescam com arco e flecha. Na Ásia e na Austrália, o peixe arqueiro
captura insetos, os quais ele derruba sobre a água, acertando-os com jatos disparados de sua boca. Em ambos
os casos a presa e o caçador encontram-se em meios diferentes. As figuras abaixo mostram qual é a posição
da imagem da presa, conforme vista pelo
caçador, em cada situação.
Um fenômeno interessante, relacionado à refração, é a dispersão da luz branca. Ele consiste na decomposição
da luz branca nas cores do espectro que a compõem. A luz branca, visível, é cons tuída por um infinito de
cores, que vão desde o vermelho, até o violeta (Figura 5).
Figura 5 – Representação do espectro visível da luz, dentro do espectro eletromagné co das radiações. A
luz branca é composta de um infinito de cores, que vão desde o vermelho (700 nm) até o violeta (400 nm).
Quando misturadas todas estas cores, vemos o resultado como a luz branca. Porém, quando a luz branca
passa através das bordas de um prisma, ou das bordas de uma porta ou janela de vidro, podemos ver a
decomposição da luz em seu espectro de cores (uma espécie de arco-íris) projetada em uma parede ou no
chão.
Esse fenômeno decorre do fato de que a velocidade da luz em um meio transparente não é a mesma para
todas as frequências, ou, dito de modo equivalente, o índice de refração de um meio não é o mesmo para
todas as frequências da luz (ou comprimentos de onda, como mostrado no gráfico da Figura 6).
Figura 6 – À esquerda, gráfico mostrando como varia o índice de refração de vários materiais em função dos
diferentes comprimentos de onda da luz visível (400 nm a 700 nm); à direita, dispersão de um feixe de luz
branca ao passar por um prisma.
Veja, no gráfico da Figura 6, que o índice de refração é maior para a luz violeta que para a luz vermelha. Como
consequência, quando a luz violeta passa do ar para o interior do vidro do prisma, a luz violeta se aproxima
mais da normal que a luz vermelha (as demais cores têm aproximações intermediárias). Veja a Figura 7m, à
esquerda. Como resultado, cada frequência, ou cor de luz, tem um afastamento diferente, o que possibilita a
decomposição, ou a “abertura do espectro”, da luz branca em suas componentes. Esse fenômeno é ainda
mais evidente em um prisma, pois suas faces produzem duas refrações para a luz (quando a luz entra e
quando sai do prisma). Dessa forma, ao sair do prisma as componentes da luz estão ainda mais afastadas,
facilitando a sua visualização (Figura 7, à direita)
Figura 7 – à esquerda, a dispersão da luz branca ao passar do ar para o vidro; à direita, a dispersão ampliada
devido à segunda refração que a luz sofre ao sair do prisma.
Este é o mesmo fenômeno que ocorre nas gotas de chuva em dias ensolarados, responsáveis pela formação
do arco-íris.
Figura 8 – Arco-íris (à esquerda) e um esquema de sua formação em uma gota de chuva (à direita).
Exercícios
Observe a situação mostrada na Figura 3C. O que ocorreria se aumentássemos, grada vamente, o ângulo θ1?
A Figura 9 representa essa situação.
Aumentando o ângulo de incidência (θ1), o ângulo de refração (θ2) também aumenta, pois a luz está passando
de um meio mais refringente para um menos refringente. Na Figura 9A o ângulo θ1 é igual a 20°. Usando os
dados do Quadro 1 e a lei de Snell, calculamos o ângulo θ2, que é aproximadamente igual a 31,3°.
Aumentando o ângulo θ1 para 30°, representado na Figura 9B, o ângulo θ2 aumenta para aproximadamente
49,5°. Se aumentarmos o ângulo θ1 para 41,14° o ângulo θ2 se torna 90°, ou seja, o feixe refratado emerge
rasante à super cie de separação dos meios. O ângulo θ1 em que isso ocorre é chamado de ângulo crí co,
representado na Figura 9C por θC (esse ângulo também é denominado de ângulo limite). Qualquer valor do
ângulo de incidência, maior que o ângulo crí co θC, fará com que o feixe seja completamente refle do e não
sofra refração. Esse fenômeno é chamado de reflexão interna total (Figura 9D). Dentre outras situações, a
reflexão interna total é o que nos permite explicar aquele brilho prateado que vemos ao introduzir, na água,
um objeto que possua bolsas de ar junto a suas paredes.
Figura 9 – Aumentando grada vamente o ângulo de incidência (θ1), a par r de certo valor, chamado ângulo
crí co (θC), não ocorre mais a refração; a luz é totalmente refle da.
A reflexão interna total ocorre somente quando a luz se propaga em um meio de maior índice de refração em
direção a um meio de menor índice de refração (você pode pensar em uma explicação para isso a par r de
uma análise das Figuras 3B e 9?). Essa situação ocorre em uma fibra óp ca.
Devido à alta velocidade da luz, mesmo em meios mais refringentes como o vidro, é muito interessante
u lizar a luz para transmi r sinais de comunicação rapidamente. Em uma fibra óp ca, a camada de material
externo possui índice de refração menor que a camada mais interna, de modo que a luz, ao incidir na interface
de separação das duas camadas, sofre reflexão interna total. Isso garante que a luz se propague a longas
distâncias com perdas muito pequenas na intensidade.
Figura 10 – À esquerda, cabo de fibras óp cas e, à direita, esquema da composição de um cabo de fibra
óp ca.
Figura 11 – Reflexão interna total de um feixe de laser verde em uma barra de acrílico, semelhante ao que
ocorre em uma fibra óp ca.
Exercícios
1 – Considere a super cie de separação ar-água de um aquário. Determine o ângulo limite para um feixe de
luz que, se propagando a par r da água, a nge a super cie. Considere nar = 1 e nágua = 1,33.
2 – Um raio de luz se propaga em um líquido de índice de refração igual a 1,41 e a nge a super cie que separa
o líquido do ar segundo um ângulo de incidência i. O índice de refração do ar é igual 1. Verifique se há refração
ou reflexão total nos casos:
a) i = 30° b) i = 60°
A alterna va que melhor representa a trajetória desse raio de luz após adentrar a
face do prisma é
4 – Um raio de luz, que se propaga no ar, a nge um bloco de vidro com um ângulo de
incidência de 39° (figura ao lado).
Qual deve ser o índice de refração mínimo do vidro para que ocorra reflexão interna total
do raio na face ver cal? Dados: sen(90° – θ) = cos θ; nar = 1.
Em uma fiscalização ro neira, o teste apresentou o valor de 1,9. Qual foi o comportamento do raio refratado?
Respostas - Refração
1 – vágua = 2,3x108 m/s vdiamante = 1,2x108 m/s Estes valores ainda são muito, muito elevados,
quando comparados às velocidades com as quais lidamos em nosso mundo.
2 – n = 1,5
4 – a) 22,1° b) 41,7°
5 – a) O meio 1 tem maior índice de refração. Quando a luz passou do meio 1 para o meio 2, ela se afastou
da normal, logo está indo de um meio mais refringente (maior n) para um menos refringente (menor n).
7 – a) Pelas figuras do exercício podemos inferir que n1 < n2 e n1 > n3, logo n2 > n3. Portanto, se o raio vai do
meio 2 para o meio 3 ele deve se afastar da normal, como a figura abaixo.
b) O meio 3 é o vácuo, pois é o que apresenta o menor índice de refração entre os três, conforme análise no
item a) da questão.
8 – A resposta é o raio (1). Se o meio B é mais refringente, nB > nA, logo o raio se aproxima da normal.
9 – Não; a posição real do peixe é a 3. Quando a luz sai da água em direção aos olhos, ela se afasta da normal,
pois nágua > nar. Logo, o ângulo que o feixe faz com a normal no ar tem que ser maior que o ângulo que ele faz
com a normal na água.
10 – E
Respostas – Difração da luz branca
Em situações comuns essa diferença não é significa va, embora seja devida a ela a abertura do espectro da
luz branca em um arco-íris, por exemplo. Essa diferença é muito significa va, por exemplo, nos telescópios,
onde a aberração cromá ca é um problema a ser evitado.
4) Pela geometria da figura, o ângulo de incidência da luz no bloco de vidro é de 35° com a normal, e os
índices de refração para as luzes vermelha e violeta, es madas no gráfico são, nvermelha = 1,61 e nvioleta = 1,66.
Usando esses dados e a lei de Snell, encontramos o ângulo de refração para a luz vermelha e para a luz violeta:
θvermelha = 20,87° e θvioleta = 20,21°. O valor da abertura, portanto, é: Δθ = θvermelha – θvioleta = 0,66°.
1 – θC = 48,8°
2 – Calculamos o ângulo limite para esse líquido, encontrando θC = 45,2°. Portanto, se i = 30° ocorrerá refração.
Para qualquer valor de i maior que 45,2° não ocorrerá mais refração; ocorrerá reflexão interna total. Portanto,
se i = 60° não teremos refração e sim reflexão total.
3 – Letra a). Quando o feixe de luz a ngir a hipotenusa do prisma, ele fará um ângulo de 45° com a normal a
ela. Esse ângulo é maior que o ângulo crí co dado no enunciado, 41°. Portanto, ocorrerá reflexão interna
total.
4 – n = 1,18 (lembre-se que no limite, o ângulo de refração quando o raio vai sair do bloco de vidro é igual a
90°).
5 – E.
6 – n = 1,35.