STJ AGRG-ARESP 2173870 8f1a5

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AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2173870 - DF

(2022/0225654-6)

RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ


AGRAVANTE : E S DE B
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E
TERRITÓRIOS

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. LESÃO


CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER.
COMPROVAÇÃO DO CRIME. PALAVRA DA VÍTIMA. SUFICIÊNCIA.
EXISTÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS PROBATÓRIOS. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. Nos delitos de violência doméstica em âmbito familiar, a palavra da vítima
recebe considerável ênfase, sobretudo quando corroborada por outros elementos
probatórios.
2. No caso em exame, as instâncias de origem, após exame do conjunto fático-
probatório amealhado aos autos, concluiu pela existência de elementos concretos e
coesos a ensejar a condenação do agravante pelo delito tipificado no art. 129, § 9º,
do CP.
3. A ausência de perícia e de fotografias que atestem a ocorrência do crime de
lesão corporal praticado em contexto de violência doméstica contra a mulher não é
suficiente, por si só, para ensejar a absolvição do réu, notadamente quando o crime
foi comprovado por depoimento de testemunha que presenciou os fatos e que
corrobora o relato da ofendida.
4. Agravo regimental não provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Sexta Turma, por unanimidade, negar provimento ao
agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Olindo Menezes
(Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Laurita Vaz e Sebastião Reis
Júnior votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 04 de outubro de 2022.

Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ


Relator
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2.173.870 - DF
(2022/0225654-6)

RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ


AGRAVANTE : E S DE B
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E
TERRITÓRIOS

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ:


E. S. DE B. interpõe agravo regimental contra a decisão de fls.
479-485, em que o conheci do agravo para negar provimento ao recurso especial.

A defesa aduz: "conforme reconheceu o e. Tribunal local, as fotos


juntadas aos autos dizem respeito ao segundo crime de lesão corporal a que foi
condenado" (fl. 495). Reafirmou que o réu deve ser absolvido do primeiro crime
de lesão corporal.

Pleiteia, portanto, a reconsideração da decisão anteriormente


proferida ou a submissão do recurso à turma julgadora.

GMRS60 10/10/2022
AREsp 2173870 Petição : 809665/2022 C54252455160540=0:1 :0@ C425128089614032542245@ 17:17:41
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AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2.173.870 - DF
(2022/0225654-6)

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER. COMPROVAÇÃO DO CRIME.
PALAVRA DA VÍTIMA. SUFICIÊNCIA. EXISTÊNCIA DE
OUTROS ELEMENTOS PROBATÓRIOS. AGRAVO REGIMENTAL
NÃO PROVIDO.
1. Nos delitos de violência doméstica em âmbito familiar, a palavra da
vítima recebe considerável ênfase, sobretudo quando corroborada por
outros elementos probatórios.
2. No caso em exame, as instâncias de origem, após exame do conjunto
fático-probatório amealhado aos autos, concluiu pela existência de
elementos concretos e coesos a ensejar a condenação do agravante pelo
delito tipificado no art. 129, § 9º, do CP.
3. A ausência de perícia e de fotografias que atestem a ocorrência do
crime de lesão corporal praticado em contexto de violência doméstica
contra a mulher não é suficiente, por si só, para ensejar a absolvição do
réu, notadamente quando o crime foi comprovado por depoimento de
testemunha que presenciou os fatos e que corrobora o relato da
ofendida.
4. Agravo regimental não provido.

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AREsp 2173870 Petição : 809665/2022 C54252455160540=0:1 :0@ C425128089614032542245@ 17:17:41
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VOTO

O SENHOR MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ (Relator):


Em que pese o esforço do agravante, os argumentos apresentados
são insuficientes para infirmar a decisão agravada, cuja conclusão mantenho.

No decisum atacado, registrei o seguinte (fls. 483-484, destaques


no original):
Pelos excertos transcritos, verifica-se que as instâncias de
origem, após exame do conjunto fático-probatório amealhado
aos autos, concluiu pela existência de elementos concretos e
coesos a ensejar a condenação do agravante pelo delito de
lesão corporal praticada em contexto de violência doméstica.
Tanto o Magistrado de primeira instância quanto a Corte local
demonstraram haver provas suficientes para lastrear o édito
condenatório, notadamente os depoimentos judiciais da
testemunha Karem e da vítima, aliados às fotografias
produzidas na delegacia e aos demais elementos dos autos.
Ressalto, por oportuno, que a jurisprudência deste Tribunal
Superior entende que, nos delitos de violência doméstica em
âmbito familiar, a palavra da vítima recebe considerável
ênfase, sobretudo quando corroborada por outros
elementos probatórios.
Nessa perspectiva:
[...]
1. Não há qualquer ilegalidade no fato de a condenação
referente a delitos praticados em ambiente doméstico ou
familiar estar lastreada no depoimento prestado pela
ofendida, já que tais ilícitos geralmente são praticados à
clandestinidade, sem a presença de testemunhas, e muitas
vezes sem deixar rastros materiais, motivo pelo qual a
palavra da vítima possui especial relevância.
[...]
(AgRg no AREsp n. 1.225.082/MS, Rel. Ministro Jorge
Mussi, 5ª T., DJe 11/5/2018)

[...]
2. É firme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
de que, em crimes praticados no âmbito doméstico, a
palavra da vítima possui especial relevância, uma vez
que, em sua maioria, são praticados de modo clandestino,
não podendo ser desconsiderada, notadamente quando
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corroborada por outros elementos probatórios.
[...]
(AgRg no AREsp 1.003.623/MS, Rel. Ministro Nefi
Cordeiro, 6ª T., DJe 12/3/2018)

Por essas razões, mostra-se inviável a absolvição do réu,


sobretudo se considerado que, no processo penal brasileiro, em
consequência do sistema da persuasão racional, o juiz forma
sua convicção pela livre apreciação da prova, o que o autoriza
a, observadas as limitações processuais e éticas que informam
o sistema de justiça criminal, decidir livremente a causa e todas
as questões a ela relativas, mediante devida e suficiente
fundamentação, exatamente como observado nos autos.
Assim, uma vez consignado pelas instâncias ordinárias que os
depoimentos judiciais da ofendida e de uma testemunha, junto
a fotografias das lesões provocadas pelo
acusado, comprovaram a materialidade e a autoria do delito – o
que, conforme asseverei, está em consonância com a orientação
do STJ –, não há como esta Corte Superior desconstituir esse
entendimento.
Tal como asseverei na decisão monocrática, o primeiro crime de
lesão corporal – cuja absolvição é pretendida pela defesa – foi comprovado,
segundo as instâncias de origem, pelo depoimento da vítima e de uma testemunha
presencial.

Nesse sentido, confiram-se excertos do acórdão de apelação (fl.


348, grifei):
No caso dos autos, aliada à palavra da vítima, consta o
relato da testemunha Karem P. P. (ID n.º 26988306) que
confirmou ter presenciado as agressões do primeiro fato.
Disse que eles estavam bebendo juntos (vítima, réu e uma
prima dele), quando escutou a vítima gritar. Que ao chegar no
local visualizou o réu enforcando-a, que enquanto estava
sendo enforcada a vítima tentava bater no acusado.

Assim, embora não haja laudo pericial nem fotografias das lesões
sofridas pela ofendida, a materialidade e a autoria do delito foram comprovadas,
fundamentadamente, com base nos depoimentos judiciais da vítima e de uma
testemunha. Reitero a jurisprudência desta Corte Superior, segundo a qual, nos
delitos de violência doméstica em âmbito familiar, a palavra da vítima recebe
considerável ênfase, sobretudo quando corroborada por outros elementos
probatórios.
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Desse modo, a ausência de perícia e de fotografias que atestem a


ocorrência do crime de lesão corporal não é suficiente, por si só, para ensejar a
absolvição do réu, notadamente quando o crime foi comprovado por provas
testemunhais, harmônicas com o relato da ofendida.

À vista do exposto, nego provimento ao agravo regimental.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2022/0225654-6 AREsp 2.173.870 /
DF
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 00031487120198070005 31487120198070005


EM MESA JULGADO: 04/10/2022
SEGREDO DE JUSTIÇA
Relator
Exmo. Sr. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. PAULO DE SOUZA QUEIROZ
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : E S DE B
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Lesão Corporal - Decorrente de Violência Doméstica - Contra a
Mulher

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : E S DE B
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Olindo Menezes (Desembargador
Convocado do TRF 1ª Região), Laurita Vaz e Sebastião Reis Júnior votaram com o Sr.
Ministro Relator.

C54252455160540=0:1 :0@ 2022/0225654-6 - AREsp 2173870 Petição : 2022/0080966-5 (AgRg)

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