Texto 1 - GP
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Texto 1 - GP
É visto que, quando um quadro possui linhas de fuga, é necessário desenvolver todas
as figuras que se sucedem referenciando-as com relação a suas respectivas linhas. A
partir de uma proporcionalidade que está presente e é orientada pelas mesmas, é
possível construir uma escala e com ela, relacionar as proporções das imagens e assim
a criar o que é chamado de cone projectivo na tela, tornando possível representar o
que é visto a olho nu.
Para se analisar tais construções com olhar matemático, é necessário iniciar o estudo
sobre respectivo tema a partir dos trabalhos de Girard Desargues (1591-1661),
matemático, arquiteto, engenheiro francês, o primeiro a elaborar com linguagem
matemática aquilo que pintores traziam em suas telas.
2. A Geometria Projectiva
do Renascimento (Leonardo da Vinci, Leon Battista Alberti, Paolo Uccelo, Piero della
Francesa, Durer, etc.), no século XV, com o objectivo de tornarem as suas obras mais
realistas, desenvolveram a teoria da perspectiva, introduzindo os conceitos de ponto
de fuga e de perspectividade.
Estes artistas, chegaram à conclusão de que o olho “vê” de uma cena são os raios de
luz entre ele e cada ponto de cena. Ou seja, aperceberam-se que conseguiriam uma
representação realista a duas dimensões de um objecto tridimensional se unissem
através de uma recta cada ponto do espaço tridimensional com um cenro de projecção
(olho) e intersectando tal recta com um plano (tela), como se ilustra no exemplo da
figura a seguir. Este tipo de aplicação que veio a ser denominada projecção cónica.
a b c d
t A B C D
E
s
Analisando atentamente os conceitos 3.4 e 3.5 podemos notar, com a ajuda das
respectivas figuras, que da mesma forma que existe perpectividade entre feixe de
rectas e um feixe de pontos, também existe perspectividade entre rectas e os feixes
de pontos.
3.7. Projectividade
Consideremos agora a figura a seguir, com os feixes de rectas P1 e P2.
De acordo como o ponto 3.5 anterior, podemos observar que os feixes de pontos p1 e
p2 são perspectivos em P1; assim como p2 e p3 são perspectivos em P2:
p1(A1, B1, C1, D1) p2(A2, B2, C2, D2) p3(A3, B3, C3, D3)
Reparemos que, efectuando as duas perspectividades sucessivamente, podemos
obter p3(A3, B3, C3, D3) a partir de p1(A1, B1, C1, D1). Ou seja, existe uma correspondência
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biunívoca entre os elemetos dos dois feixes de pontos que resulta na composição das
duas perspectividades.
Só que esta trasnsformação, repare, já não é perspectividade. Porquê?
Simplesmente porque as rectas A1A3, B1B3, C1C3 e D1D3 não são concorrentes num
único ponto. Assim, diz-se que a correspondência que resulta da composição de duas
perpectividades é uma projectividade.
De um modo geral, podemos a partir daqui concluir facilmente que uma projectividade
p1(A1, B1, C1, D1, ) pn(An, Bn, Cn, Dn, ) é resultante da composição de n 1
perspectividades.
Pode-se considerar que uma perspectividade é um caso particular da projectividade,
isto é, uma perspectividade é sempre uma projectividade, mas uma projectividade
nem sempre é uma perspectividade.
O ponto impróprio (ou ponto ideal, ponto infininto) é um ponto do plano projectivo
que define a direcção de um feixe de rectas paralelas no plano euclidiano e
representa-se pelo símbolo (P∞).
Seja r uma recta do plano euclidiano, pertencente a um feixe de rectas paralelas cuja
direcção é definida pelo ponto impróprio P∞. Portanto, qualquer recta incidente com
P∞ é paralela à recta r.
Assim, uma recta do plano euclidiano com o respectivo ponto impróprio, no plano
peojectivo, chama-se recta estendida (ou aumentada).
Considerando que no plano projectivo todas as rectas se intersectam (P2), sempre que
quisermos referir que duas ou mais rectas, no plano projectivo, correspondem a
rectas paralelas no plano euclidiano, diremos então que o respectivo ponto de
intersecção é um ponto impróprio.
O plano euclidiano também pode ser definodo a partir do plano projectivo. Qualquer
recta do plano projectivo pode ser considerada como recta imprópria, sendo, neste
caso, todos os seus pontos também impróprios. Assim, todas as rectas concorrentes
num mesmo ponto impróprio da recta imprópria, no plano projectivo, passam a
constituir um feixe de rectas paralelas no plano euclidiano.
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Não existindo outro ponto em, os pontos E, F e G incidem com a mesma recta.
Assim, um plano projectivo tem, no mínimo, sete pontos e sete rectas.
Um plano projectivo finito (plano com sete pontos e sete rectas) como o da figura
acima, é também conhecido como plano de Fano, em homenagem ao matemático
italiano Gino Fano.
Em qualquer plano finito, as rectas contêm o mesmo número de pontos n 1 com n
N e os pontos incidem no mesmo número de rectas n 1 .
Assim a ordem de um plano projectivo finito é definido pelo número natural n, sendo
a menor ordem de todas n 2 .
Neste caso, o plano de Fano é exemplo de um plano finito de ordem 2.
Usando a análise combinatória e tendo em conta as propriedades do plano projectivo,
pode-se afirmar que um plano projectivo finito de ordem n possui exactamente
n 2 n 1 pontos e n 2 n 1 rectas.
Verificamos que r(A, B, C) r’(A’, B’, C’), onde AB = BC e sem necessidade de recorrer
a cálculos, podemos verificar que A´B´ ≠ B´C´.
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Por outro lado, podemos facilmente verificar que nem sempre uma perspectividade
mantém a posição relativa entre pontos, pois, como ilustra a figura abaixo, o ponto B
está entre os pontos A e C e o ponto homólogo B´ não se encontra entre A´e C´. Como
consequência, acontece o mesmo com a projectividade.
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Porém, existe uma relação que é preservada tanto pela perspectividade como pela
projectividade. Esata relação é conhecida como razão cruzada, sendo uma razão entre
duas razões.
Para tal, podemos considerar uma recta r com a orientação e dois dos seus pontos
distintos A e B. O segmento de recta com origem em A e extremidade em B (AB) possui
um sentido oposto ao segmento BA, ou seja, BA AB .