Termoquímica
Termoquímica
Termoquímica
Complementação de Química
TERMOQUÍMICA
a) Conceito de Entalpia
b) Calores e reações
c) Lei de Hess
Conceitos de Entalpia
Antes de iniciar o assunto Termoquímica é importante definir alguns termos que serão usados com freqüência:
a. Sistema: Denomina-se sistema uma parte do universo físico cujas propriedades estão sob investigação.
b. Fronteira: Limites que definem o espaço do sistema, separando-o do resto do universo.
c. Vizinhança ou meio ambiente : É a porção do universo próxima às fronteiras do sistema, que pode, na maioria
dos casos, interagir com o sistema.
Quando uma reação química ocorre em um determinado sistema, isso acarreta uma troca de calor entre
o sistema em reação e o meio ambiente.
A termoquímica estuda justamente essas trocas de calor, assim como o seu aproveitamento na
realização de trabalho.
Se o calor trocado entre o sistema e o meio ambiente é medido a pressão constante, ele é denominado
Entalpia ou conteúdo calorífico e simbolizado por H. Sendo que Entalpia (H) é o calor trocado a pressão
constante.
Em relação às trocas de calor, as reações químicas se classificam em dois tipos: reações exotérmicas e reações
endotérmicas, conforme liberem ou absorvam o calor respectivamente.
REAÇÕES EXOTÉRMICAS
O prefixo exo significa “para fora”. Reações exotérmicas são aquelas que liberam energia na forma de calor. O
esquema geral de uma reação exotérmica pode ser escrito da maneira a seguir, onde A, B, C e D representam
substâncias genéricas:
A + B ® C + D + calor
Hr Hp
entalpia de reagentes entalpia de produtos
A partir da Lei da Conservação da Energia, podemos afirmar que: “A energia total dos reagentes é igual à
energia total dos produtos”.
Em outras palavras, toda a energia que entrou no primeiro membro da equação química deve sair integralmente
no segundo membro da equação. De onde tiramos a seguinte conclusão: se uma reação é exotérmica, então a entalpia
dos reagentes (Hr ) é maior que a entalpia dos produtos (Hp ), pois uma parte da energia que estava contida nos
reagentes foi liberada para o meio ambiente na forma de calor e apenas uma outra parte dessa energia ficou contida
nos produtos. Então reação exotérmica: Hr > Hp
Não é possível determinar diretamente a entalpia de cada substância participante de uma reação, mas podemos
determinar experimentalmente a variação da entalpia DH, que ocorre quando uma reação química é realizada.
REAÇÕES ENDOTÉRMICAS
O prefixo endo significa “para dentro”. Reações endotérmicas são aquelas que absorvem energia na forma de
calor. O esquema geral de uma reação endotérmica pode ser escrito da maneira a seguir, onde A, B, C e D representam
substâncias genéricas.
A + B + calor ® C + D
Hr Hp
entalpia dos reagentes entalpia dos produtos
Uma vez que a energia total se conserva do primeiro para o segundo membro de qualquer reação química,
podemos afirmar que: se uma reação é endotérmica, a entalpia dos produtos Hp é maior que a entalpia dos reagentes
Hr , pois uma determinada quantidade de energia foi absorvida pelos reagentes na forma de calor, durante a reação,
ficando contida nos produtos. Sendo que reação endotérmica: Hp > Hr.
E sendo DH = Hp — Hr , então na reação endotérmica o valor de DH será sempre positivo. Sendo que reação
endotérmica: DH > 0.
Há um princípio fundamental da Termoquímica, determinado em 1867 pelos cientistas que lhe deram seus
nomes, que afirma: “Dentre um conjunto de reações químicas possíveis, ocorrerá primeiro, espontaneamente,
aquela que for mais exotérmica.” A reação exotérmica é aquela que libera maior quantidade de energia na forma de
calor. Isto significa que os produtos formados nesse tipo de reação são menos energéticos, portanto, mais estáveis.
Espontaneamente, as substâncias só irão reagir em busca de maior estabilidade e, desse modo, em busca de liberar a
maior quantidade possível de energia. Sendo que podemos dizer:
Tal que podemos utilizar o exemplo: Adicionando-se os gases F2, Cl2 e Br2 a um recipiente contendo gás
hidrogênio, pode-se prever qual a reação que ocorrerá primeiro, através do valor de DH de cada uma.
Como a reação a é a que libera maior quantidade de energia, espontaneamente é a reação que ocorre em
primeiro lugar.
O valor da variação de entalpia, DH, de uma reação química está sujeito a variações conforme mudem as
condições em que a reação foi realizada. Sendo que os fatores que influenciam DH são:
1. TEMPERATURA
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2. PRESSÃO
O valor de DH em uma reação envolvendo substâncias sólidas e líquidas praticamente não varia com a
mudança de pressão. No caso de reações que envolvem substâncias gasosas, o valor de DH começa a variar de modo
significativo para pressões de ordem de 1000 atm. Com as reações normalmente são feitas sob pressão atmosférica
normal (1 atm.), não é necessário levar em conta a variação no valor de DH com a pressão.
A quantidade de calor envolvida em uma reação química é proporcional à quantidade de reagentes e produtos
que participam da reação. Se por exemplo, a quantidade de reagentes e produtos for dobrada, a quantidade de calor irá
dobrar igualmente como no exemplo:
4. FASE DE AGREGAÇÃO
A energia das substâncias aumenta progressivamente à medida que elas passam da fase sólida para a líquida e a
gasosa.
energia da fase sólida < energia da fase líquida < energia da fase gasosa
· Quanto menos energética for a fase de agregação dos produtos formados, maior será a energia
liberada na reação.
· Quanto mais energética for a fase de agregação dos produtos formados, menor será a energia liberada
na reação, pois a energia ficará contida no produto.
Exemplo:
5. VARIEDADE ALOTRÓPICA
Entre a s formas alotrópicas de um mesmo elemento há aquela mais estável e, portanto, menos energética, e
também a menos estável, portanto, mais energética. Seja, por exemplo, uma reação química exotérmica:
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· Partindo-se do reagente na forma alotrópica mais estável (menos energética) obtém-se menor
quantidade de energia liberada na reação.
· Partindo-se do mesmo reagente na forma alotrópica menos estável (mais energética) obtém-se maior
quantidade de energia liberada na reação.
Exemplo:
6. PRESENÇA DE SOLVENTE
Quando dissolvemos uma determinada substância em um solvente qualquer, ocorre liberação ou absorção de
energia na forma de calor. Assim, se fizermos uma reação na ausência de um solvente, o valor de DH será diferente
daquele obtido quando fazemos a mesma reação na presença de um solvente.
Exemplo:
H 2O
1 H2(g) + 1 Cl2(g) —®
2 HCl (aq) DH = -80,2 Kcal
Sendo que a diferença: 80,2 - 44,2 = 36,0 Kcal é igual à energia liberada na dissolução de 2 moléculas de
HCl em água ( cada 1 mol de HCl dissolvido em água libera 18,0 Kcal).
OBSERVAÇÕES GERAIS.:
Como o valor do DH de uma reação varia em função dos fatores vistos no item anterior, é preciso que na
equação termoquímica constem as informações a seguir:
Tabela 1
OBSERVAÇÃO: muitas dessas entalpias de formação são calculadas de forma indireta, pois nem sempre a
transformação direta de formação, ou síntese, entre os elementos formados é possível na prática. A grande utilidade das
entalpias de formação está, como dissemos ha pouco, no calculo da variação de entalpia, DH, de transformações
químicas. Usaremos as entalpias de formação como conteúdo de calor de cada substância. Somando esses conteúdos,
teremos as entalpias dos reagentes e as entalpias dos produtos. Fazendo o cálculo, entalpias finais menos entalpias
iniciais, chegaremos à variação de entalpia de transformação.
Tabela 2
OBSERVAÇÕES:
2. Os combustíveis acima citados estão na ordem decrescente de cal/g, porque é nessa unidade que se comparam
os poderes caloríficos na indústria.
3. Para a gasolina, querosene e óleo diesel, não existem fórmulas, pois esses matérias não são substancias e sim
misturas de substâncias. São misturas de hidrocarbonetos, compostos moleculares formados unicamente por carbono e
hidrogênio. Quando citamos, na gasolina, C6 a C10 , significa que os hidrocarbonetos que a formam possuem de 6 a 10
átomos de carbono por molécula.
Alguns combustíveis, tais como gás de rua (formado por CH4 e H2) e gás de botijão (C3H8 e C4H10),
também são misturas.
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Tabela 3
Para simplificar o estudo, dividimos os calores envolvidos nas reações químicas (DH) em grupos, a saber: DH
de combustão, de neutralização, de dissolução e de formação.
Em todos esses casos, convenciona-se que o valor de DH deve ser tomado em condições padrão, que são as
seguintes:
• pressão de 1 atmosfera;
• temperatura de 25°C ou 298 K;
• substâncias na fase de agregação (sólida, líquida ou gasosa) comum nessas condições de pressão e temperatura;
• substâncias na forma alotrópica mais estável.
ENTALPIA-PADRÃO DE COMBUSTÃO
Exemplo:
ENTALPIA-PADRÃO DE NEUTRALIZAÇÃO
Observe que o DH0 de neutralização entre ácidos e bases fortes é constantes. Isso ocorre porque todos os ácidos
fortes, bases fortes e os sais obtidos pela reação desses compostos se encontram praticamente 100% ionizados ou
dissociados em soluções aquosas diluídas.
1°.) Quebra das ligações interatômicas em compostos iônicos ou capazes de formar íons e intermoleculares em
compostos covalentes. Esta fase é sempre endotérmica.
H O
2
CxHy ———>
Cy+(aq) + Ax-(aq) DH2 > 0
2°.) Hidratação das partículas (íons) do soluto. O envolvimento ordenado das moléculas de água ao redor das
partículas (íons) do soluto é sempre um processo exotérmico.
y+ x- y+ x-
C + A + H2 O à C (aq) + A (aq) DH2 < 0
ENTALPIA-PADRÃO DE FORMAÇÃO
Lei de Hess
Germain Henri Hess (1802 - 1850), médico e químico que, apesar de nascido na Suíça, passou toda a sua vida
na Rússia, é considerado um precursor da Termoquímica. Entre inúmeros trabalhos nesta área, Hess determinou em
1840 a seguinte lei:
Em outras palavras, o valor de DH de um processo não depende do número de etapas nem do tipo de cada
etapa do processo. Isso reafirma a expressão :
DH reação = Hp — Hr
Essa constatação é importante porque permite trabalhar com equações químicas como se fossem equações
matemáticas, isto é, permite calcular o DH de uma determinada reação x (incógnita) pela soma de reações de DH
conhecidos, cujo resultado seja a reação de x.
Exemplo: Considerando que a reação de combustão de carbono grafita produzindo monóxido de carbono.
É impossível medir com precisão o DH desta reação, pois, na prática, não se consegue parar a oxidação do
carbono exatamente no estágio CO(g). Sempre acaba se formando um pouco de CO2(g).
Podemos medir no calorímetro, porém, o DH das seguintes reações:
Usando alguns artifícios matemáticos, podemos “manipular” as equações I e II., de modo que ao somá-las o
resultado seja a equação x.
O C(grafita) aparece na equação I, porém na quantidade de 1 mol. Devemos então multiplicar toda equação I
por 2 para igualá-la à equação x neste aspecto.
Lembre-se de que, ao multiplicar ou dividir os coeficientes de uma reação termoquímica por um número
qualquer, deve-se multiplicar ou dividir o valor de DH desta reação pelo mesmo número.
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Na equação x temos como produto 2 mols de CO2(g). Na equação II. aparecem 2 mols de CO2(g) no reagente.
Devemos então inverter a equação II. para torná-la igual à equação x neste aspecto.
Devemos lembrar que, ao inverter uma reação termoquímica, deve-se inverter o sinal do DH, pois, se num
determinado sentido a reação libera calor, para voltar, em sentido contrário, a reação terá que absorver a
mesma quantidade de calor que havia liberado, e vice-versa.
Não consideramos o reagente O2(g) da equação x porque ele aparece tanto na equação I como na equação II.
Freqüentemente, quando isso ocorre, o reagente (ou produto) acaba se ajustando sozinho durante a soma algébrica das
equações.
1. Se uma substância aparece na mesma quantidade no reagente de uma equação e no produto de outra equação a
soma será igual a zero.
2. Se uma substância aparece em maior quantidade no reagente de uma equação e em menor quantidade no produto de
outra equação, devemos subtrair essas quantidades em módulo e colocar o resultado no reagente da equação final.
3. Se uma substância aparece em maior quantidade no produto de uma equação e em menor quantidade no reagente de
outra equação, devemos subtrair essas quantidades em módulos e colocar o resultado no produto da equação final.
4. Se uma substância aparece no reagente de duas ou mais equações diferentes, devemos somar todas as quantidades e
colocar o total no reagente da equação final. O mesmo raciocínio deve ser seguido no caso de uma substância que
aparece no produto de duas ou mais equações diferentes.
5. Se uma substância aparece no reagente ou no produto de apenas uma equação entre as várias que estão sendo
somadas, devemos colocar essa substância respectivamente no reagente ou no produto da equação final na
quantidade em que ela se apresenta.
Somando-se as equações I e II, devidamente “arrumadas”, seguindo as regras anteriores, iremos obter a
equação x.
1 O2(g)
I.) 2 C(grafita) + 2 O2(g) à 2 CO2(g) DH = -188,2 Kcal
II.) 2 CO(g) à 2 CO(g) + 1 O2(g) DH = +135,4 Kcal
Como de fato o resultado da soma das equações I e II “arrumadas” foi a equação x, então o DH da reação x é
igual à soma do DHI e do DHII dessas reações.
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CONCLUSÃO
Como a variação de energia num processo global não depende das etapas e nen do número delas, podemos
somar as equações termoquímicas que representam as etapas sempre que os estados iniciais e finais forem os mesmos,
pois a variação total de energia da transformação global será a mesma.
Assim, a lei de Hess nos garante que podemos somar as equações termoquímicas de todas as etapas e seus
respectivos DH com a finalidade de determinar variações de entalpia difícies de serem medidas em laboratório.
Por isso, a lei de Hess é também conhecida como Lei da Soma dos Calores de Reações.
Bibliografia.:
Química Integral ( Reis, Martha ); editora FTD - Vol. Único - 2º Grau.
O Novo Telecurso 2º Grau - Fundação Roberto Marinho - Química.