TrombocitemiaEssencial 1
TrombocitemiaEssencial 1
TrombocitemiaEssencial 1
sobre
Trombocitemia
essencial
Informações e conselhos
sobre causas, sintomas e
tratamento
2 › Guia sobre TROMBOCITEMIA ESSENCIAL
Guia sobre TROMBOCITEMIA ESSENCIAL › 3
O que é?
As células do sangue – glóbulos
vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas
– são formadas continuamente na
medula óssea. A medula tem células
”mãe” que têm a capacidade de
originar estes componentes. Os glóbulos
vermelhos levam o oxigénio a todo o
corpo, os glóbulos brancos fazem parte
das defesas do corpo contra infeções e
outros agentes estranhos ao organismo, e
as plaquetas participam na coagulação
do sangue.
Quais as
causas?
A Trombocitemia essencial não é
hereditária (não passa de pais para
filhos), embora existam famílias com
maior predisposição para a doença.
Como se
manifesta?
›› Hemorragias ou
trombose;
›› Fadiga;
›› Suores noturnos;
›› Soluços;
›› Febre;
›› Prurido
(comichão);
›› Perda de peso;
›› Hematomas.
Como se
diagnostica?
Cada ano são diagnosticados
0,6-2,5 casos por 100.000
habitantes, pelo que é
considerada uma doença
rara.
Normalmente é diagnosticada
em pessoas adultas com mais
de 60 anos, mas existem 15%
de pessoas diagnosticadas
abaixo dos 40 anos. É
ligeiramente mais frequente
em mulheres.
O hemograma (análise em
que são contados os diversos
componentes celulares do
sangue) é o primeiro exame
em que se constata algo
de errado no organismo. Os
resultados revelam um aumento
do número de plaquetas, sendo o
normal entre 175 mil/µl a 400 mil/µl.
Os exames da medula óssea, como
Após se excluir outras causas do o mielograma (análise do sangue
aumento do número de plaquetas, da medula óssea) e a biopsia óssea
pode ser efetuado o estudo de (análise de um fragmento de osso
citogenética, realizado a partir do extraído por punção/”picada” na
sangue e/ou medula óssea, que crista ilíaca), confirmam o aumento
pesquisa a presença de mutações do número de plaquetas e seus
no gene JAK2. precursores.
Guia sobre TROMBOCITEMIA ESSENCIAL › 7
Quais as opções
de tratamento?
Os tratamentos da Trombocitemia
essencial destinam-se a diminuir o
risco de complicações, como sejam
hemorragias ou tromboses.
Doentes de baixo risco: Significa
que a probabilidade de ter
complicações é pequena. Há
aumento do número de plaquetas
mas não há sintomas nem fatores de
risco, e a maioria das pessoas não
necessita de tratamento, ficando
apenas em vigilância.
Doentes de risco
intermédio: Neste caso há
maior probabilidade de ter
complicações. São geralmente
pessoas entre 40-60 anos, que
referenciam alguns sintomas
mas sem fatores de risco.
Poderá ser iniciado tratamento.
Doentes de alto risco: Neste
grupo, é indicado iniciar logo
tratamento. Aqui estão as
pessoas com mais de 60 anos,
que apresentam antecedentes
de trombose e/ou hemorragias,
hipertensão arterial, diabetes,
obesidade, contagem de
plaquetas elevadas e os
fumadores.
8 › Guia sobre TROMBOCITEMIA ESSENCIAL
Quais as opções
de tratamento?
Existem vários medicamentos
usados para o tratamento de
Trombocitemia essencial:
1. Ácido acetilsalicílico
(em baixa dose)
Prescrito para doentes com
risco reduzido de trombose.
Impede a formação dos trombos
(agregação plaquetária) e pode
associar-se a outros fármacos.
2. Hidroxicarbamida
(ou hidroxiureia)
Tratamento oral citoredutor
considerado como primeira
linha de tratamento para
Trombocitemia essencial em
doentes com mais de 60 anos.
Reduz o número de plaquetas
em várias semanas. Pode
aumentar a fadiga (porque
Guia sobre TROMBOCITEMIA ESSENCIAL › 9
também reduz
a contagem de
glóbulos vermelhos),
provocar alterações
gastrointestinais,
como diarreia
ou obstipação,
e pode provocar
alterações na
pele, pelo que se
recomenda o uso
de protetor solar e
evitar exposição
prolongada ao sol.
3. Anagrelide
Fármaco oral que
reduz o número
de plaquetas ao
inibir a formação
de megacariócitos e que tem efeito 4. Interferão α
antiagregante. É habitualmente
prescrito quando a hidroxiureia não Medicamento que se administra
é eficaz ou o doente é intolerante à através de injeção subcutânea ou
mesma. Os efeitos secundários mais intramuscular. É outro fármaco que
frequentes são diarreia, cefaleia, reduz a contagem de plaquetas.
retenção de líquidos e palpitações, Normalmente prescrito a doentes
pelo que pode estar contraindicado com gravidez de risco. Está
em doentes com algum problema contraindicado para doentes com
cardíaco. problemas de tiroide e psiquiátricos.
10 › Guia sobre TROMBOCITEMIA ESSENCIAL
Que complicações
podem surgir?
As principais complicações
da Trombocitemia
essencial são os acidentes
tromboembólicos,
nomeadamente, acidente
vascular cerebral, acidente
isquémico transitório e
trombose dos membros.
Todos os doentes,
independentemente
do tratamento
farmacológico
prescrito, devem
adotar hábitos de
vida saudáveis,
que incluam dieta
adequada, prática
de exercício físico
moderado (evitar
o sedentarismo),
desabituação alcoólica e tabágica O seu médico assistente pode
e maior controlo da tensão arterial, solicitar acompanhamento
colesterol e diabetes, para minimizar psicológico e psiquiátrico, se ambos
o risco de desenvolvimento de acharem conveniente. Pode contar
complicações trombóticas. e contactar a sua equipa de
Hematologia.
A cronicidade da Trombocitemia
essencial (apesar do curso
geralmente benigno) tem
necessidade de controlo, avaliação Médico(a) Enfermeiro(a)
clínica e analítica regular, podendo
________________ ________________
causar angústia no doente.
12 › Guia sobre TROMBOCITEMIA ESSENCIAL
Referências bibliográficas
1. Arber, DA et al. The 2016 revision to the World Health
Organization classification of myeloid neoplasms and
acute leukemia. Blood 2016;127(20):2391-405. 2. Mesa R
et al. Myeloproliferative Neoplasms, Version 2.2017, NCCN
Clinical Practice Guidelines in Oncology. J Natl Compr Canc
Netw. 2016 Dec;14(12):1572-1611. 3. Harrison, C.N et al. The
impact of myeloproliferative neoplasms (MPNs) on patient
quality of life and productivity: results from the international
MPN Landmark survey. Ann Hematolo 2017 96.1653-1995.
4. Mesa, R., Miller, C., Thyne, M., Mangan, J., Goldberger,
S., Fazal, S., … Mascarenhas, J. (2016). Myeloproliferative
neoplasms (MPNs) have a significant impact on patients’
overall health and productivity: the MPN Landmark
survey. BMC Cancer, 16(167):1-10. 5. Larrán, A., Raebel,
C. (2017). Mielofibrosis primária. Trombocitemia essencial.
In Moraleda Jiménez, JM., Pregrado de hematologia
(297-310). Madrid: Sociedade Española de Hematologia
y Hemoterapia. 6. Reilly JT. Diagnosis and treatment of
essential thrombocythemia and primary myelofibrosis (2013)
Neoplastic Diseases of the Blood (5ª ed) Springer.12:p:155-168
7. How I trat essential thrombocythemia Philip A. Beer
et al Blood,2011-117:1472-1482 8. Voices of MPN, UK.
Available at: http://www.mpnresearchfoundation.org/
(acesso 23/01/2019). http://www.mpnvoice.org.uk (acesso
23/01/2019). https://mpninfo.org (acesso 23/01/2019).
9. Voices of MPN, USA. Available at: http://mpnadvocacy.
com (acesso 23/01/2019).