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Material e Métodos
O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Anatomia Vegetal e Micropropagação da
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), sendo as plantas obtidas a partir da
germinação de sementes de P. cincinnata e P. edulis obtidos em população da região de Montes
Claros, MG e as plantas de P. setacea originados de frutos coletados em fisionomia de transição
cerrado-caatinga, em populações da região de Capitão Enéas, MG. Após a semeadura em
recipientes tipo gerbox o material foi conduzido à câmara de nebulização com irrigação controlada.
As plantas utilizadas (possuíam cotilédones e uma folha permanente) obedecendo ao mesmo padrão
utilizado na microenxertia (Ribeiro et al; 2008).
Para a documentação fotográfica foi utilizada câmera digital Sony DSC-P52, acoplada a
microscópio óptico Nikon modelo eclipse E-200. Os dados foram obtidos segundo análise de
variância (ANOVA) e teste de Tukey, quando observadas diferenças significativas entre as regiões
das espécies.
Resultados e Discussão
Todas as espécies apresentaram epiderme unisseriada (Figura 1A-C). Quanto ao número de
camadas celulares do córtex as espécies apresentaram diferenças significativas (p<0,0001;
cv=8,59). P. setacea apresentou reduzida espessura do córtex o que pode dificultar a execução da
abertura para deposição do ápice sem dano ao sistema vascular. (Tabela 1 e Figura 1D-F)
Tabela 1. Número médio de camadas celulares nas regiões do hipocótilo de três Passifloráceas.
*As letras iguais na mesma coluna indicam ausência de diferenças entre as espécies pelo teste de Tukey com 5% de probabilidade.
No que se refere às fibras floemáticas, as espécies apresentaram diferenças significativas
(p<0,0001; cv=36,01). P. setacea apresentou um maior número de fibras do floema. Em trabalhos
realizados no Laboratório de Anatomia Vegetal e Micropropagação da Unimontes (dados não
publicados), verificou-se ausência de pegamento na microenxertia interespecífica de P. edulis em
porta-enxertos de P. setacea. Esses resultados podem estar relacionados à grande quantidade de
feixes de fibras presentes o que dificulta a junção do ápice enxertado ao porta-enxerto.
Segundo Raven et al (2007) as fibras esclerenquimáticas são células com paredes espessadas
com deposição de lignina que perderam sua capacidade de condução e a esclerificação está
associada a menor atividade fisiológica dos tecidos. Mayer et al (2006) observaram em trabalhos
realizados com enraizamento de Vitis L. que a disposição das fibras no floema secundário e a
permanência das fibras do floema primário podem estar relacionadas com a incapacidade de
enraizamento. (Tabela 1 e Figura 1D-F). Desse modo em P. setacea pode haver restrição do
transporte de substâncias e estabelecimento da conexão vascular entre ápice e porta-enxerto e
inviabilizando o sucesso da microenxertia.
Barbosa et al (1996) em trabalhos de enxertia interespecífica verificaram que a
incompatibilidade, a qual se caracteriza, principalmente, pelo impedimento ou ineficiência de
translocação de líquidos, constitui fenômeno altamente variável, freqüente nas enxertias
intergenérico-específicas.
O número de camadas de células do floema não apresenta diferenças entre as espécies
estudadas (p=0,2001; cv=22,20) (Tabela 1 e Figura 1D-F) da mesma forma que o número de
camadas celulares no xilema primário (p=0,35; cv=26,82). Em relação ao xilema secundário as
espécies apresentaram diferenças significativas quanto ao número de camadas celulares (p<0,0001;
cv=28,16) (Tabela 1 e Figura 1D-F). A espécie P. setacea apresentou maior número de camadas de
xilema secundário, evidenciando maior grau de diferenciação.
As espécies não apresentaram diferenças significativas no que se refere ao número de
células no maior diâmetro da medula (p=0,17; cv=17,17). Como pode ser observado na Tabela 1 e
na Figura 1G-I.
Conclusão
Foi possível concluir que as espécies são diferentes quanto à espessura do córtex, fibras e
xilema secundário.
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