A Igreja de Esmirna

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Carta à Igreja de Esmirna no Apocalipse

Apocalipse 2.8-11
Introdução: A igreja de Esmirna foi marcada pela perseguição e os cristãos tiveram seus bens
confiscados e por isso eram muito pobres1. Muitos foram presos e mortos numa intensa
perseguição. Esta igreja nos ensina sobre perseverança em meio ao sofrimento. Sua fidelidade a Deus
era incondicional.

A cidade de Esmirna, onde hoje é a cidade de Izmir na Turquia, era próspera, possuía um grande
mercado público de três andares e lá aconteciam jogos olímpicos em que os vencedores recebiam coroas
de ouro. Mas a cidade sofreu vários terremotos e sempre se reconstruía.

Vamos aprender sobre a carta à Igreja de Esmirna pelo método literal, histórico e moral:

1- o que diz a literatura acerca de Esmirna.


Esmirna = Mirra. No Novo Testamento, a mirra costuma estar associada ao ato de embalsamar e ao
sepultamento, devido a suas propriedades de conservação (ver João 19:39–40). O nome Esmirna
significa cheiro suave por causa das plantações de mirra e amargura pelo sabor.
Pastor: Policarpo, conhecido como ‘Policarpo de Esmirna’2.
ELOGIO: Suportou o sofrimento.
INSTRUÇÃO: Fidelidade até a morte. Não foi exortada.
PROMESSA: A coroa da vida e não sofrer a segunda morte.
Palavras-chave do texto
- TRIBULAÇÃO (v.9 e 10): perseguição aos cristãos;
- POBREZA (v.9): seus bens foram confiscados;
- JUDEUS (v.9): seguidores da lei que estavam na igreja;
- SINAGOGA DE SATANÁS (v.9): tribunais judaicos;
- DEZ DIAS (v.10): simboliza anos ou tempos (Daniel 11.13);
- COROA DA VIDA (v.10): prêmio olímpico, vida eterna;
- SEGUNDA MORTE (v.11): morte espiritual (Mateus 10.28).

Policarpo, pastor de Esmirna foi queimado vivo em uma estaca por não acender incenso ao imperador
e não negou a Cristo. Disse: "Por oitenta e seis anos eu O servi e Ele nunca me fez mal. Como posso
blasfemar meu Rei, o qual me salvou?" e também declarou ousadamente que o fogo que o queimava se
apagaria, avisando que no inferno nunca cessará. 3
A Igreja de Esmirna foi elogiada por Jesus porque suportou o sofrimento e não recebeu nenhuma
repreensão, apenas foram aconselhados a perseverar firmes até a morte, com a promessa de receber a
coroa da vida e não sofrer a segunda morte. Quando Jesus fala da morte é porque os cristãos de Esmirna
enfrentavam a morte constantemente.

2- Na história Esmirna foi uma igreja perseguida.


Esmirna representa a Igreja Perseguida: entre 100 a 312 d.C. Este tempo foi conhecido como a ‘Era
dos Mártires’, em que muitos cristãos morreram por sua fé.
Dez imperadores perseguiram a igreja: Nero (54-68 d.C.); Domiciano (81-96 d.C); Trajano (98-117
d.C.); Marco Aurélio (161-180 d.C.); Severo (193-211 d.C.); Maximino (235-238 d.C.); Décio (249-251
d.C.); Valeriano (253-260 d.C.); Aureliano (270-275 d.C.); Diocleciano (284-305 d.C.) 4.
O imperador Domiciano se considerava um deus e perseguiu os cristãos por cerca de dez anos
especialmente aos fiéis de Esmirna que se destacavam por sua entrega.
Tanto os dez períodos de perseguições, como os dez anos de perseguição por Domiciano podem ser
entendidos como o cumprimento dos dez dias referidos no versículo 10.

3- Interpretação MORAL
Esmirna representa os cristãos que são perseguidos. A Igreja Perseguida é sofredora por ser fiel a Deus
(I Timóteo 3.12). Muitas vezes a igreja sofre perseguições internas e externas, de duas formas:
institucional ou até física (Marcos 13.11-13).
Enquanto nós temos liberdade para realizar a obra de Deus, em vários países a pregação do evangelho
é proibida. A Igreja Perseguida hoje: cerca de 20 cristãos são mortos por dia, num total de 7.300
mártires por ano5.

SEGUNDA CARTA: À IGREJA DE ESMIRNA


8. “E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto,
e reviveu”.
I. “...ao anjo da igreja”. Podemos ver neste versículo, uma referência a pessoa de Policarpo; esse pastor
nasceu em (69 d. C.), e morreu em (159 d. C.). O Dr. Russell Norman, diz que a etimologia do nome
“Policarpo” significa “muito forte” ou “frutífero”. Policarpo foi discípulo pessoal do Apóstolo João,
homem muito consagrado, foi o “principal pastor” da igreja de Esmirna durante o exílio do Apóstolo em
Patmos. “A narrativa de seu martírio é narrado por Eusébio, em sua História Eclesiástica iv 15 e em
Mart. Polyc. caps. 12 e 13, págs. 1037 e 1042. Foi levado à arena, lugar dos jogos olímpicos, um dos
maiores teatros abertos da Ásia Menor, parte da qual construção permanece de pé até hoje”. Policarpo,
deve ser realmente, o “anjo” do texto em foco, pois as evidências assim o declara (cf. Ec 7.27).
1. ESMIRNA. O nome “Esmirna” significa “mirra”, a palavra usada três vezes nos
Evangelhos (Mateus 2.11; Marcos 15.23; João 19.39). De acordo com H. Lockyer, “O nome descreve
bem a igreja perseguida até a morte, embalsamada nos perfumes prévios de seu sofrimento, tal como foi
a igreja de Esmirna. Foi a igreja da mirra ou amargura; entretanto, foi agradável e preciosa para o
Senhor”. Esmirna também é famosa por ser a terra natal de Homero (o poeta cego da mitologia grega) e
como lar de Policarpo (bispo de Esmirna).
Situação Geográfica: esta cidade encrava-se no pequeno continente da Ásia Menor. Em 1970, Esmirna
já contava com cerca de 63000 habitantes e é, atualmente, a principal cidade turca, denominada Izmir.
Os muçulmanos chamam-na “Izmir e infiel”. O Rio Meles, famoso na literatura, também era adorado em
Esmirna. Próximo à nascente desse rio ficava a caverna onde, dizem, Homero compunha seus poemas.
Com a conquista do Oriente pelos romanos, Esmirna, passou a fazer parte da província romana da Ásia.
A cidade de Esmirna, cujo nome significa: “mirra”, caracterizou-se pela forte oposição e resistência ao
cristianismo no primeiro século da nossa era. A igreja local originou-se da grande colônia judaica ali
estabelecida. Em Esmirna, no ano (159 d. C.), Policarpo, seu bispo, foi martirizado.
2. Isto diz o primeiro e o último. Já tivemos oportunidade de encontrar este título aplicado a
pessoa de Cristo em Ap 1.16, onde o mesmo é amplamente comentado e ilustrado pelo nosso alfabeto
português. “Cristo é o primeiro” quanto ao tempo e à importância. Ele é a fonte originária de toda e
qualquer vida, seu princípio mesmo. O fato de que Cristo é o “princípio”, equivale à declaração de que
Ele é o “Alfa”. E o fato de ser o “Último” equivale a ser o “Ômega”. Ele é o Princípio e o Fim, O
Primeiro e o Último, o “a” e o “z”; nós nos encontramos no meio. Mas Cristo continua a existir! Na
qualidade de ser Ele o “último”, pode-se dizer o seguinte sobre Cristo (a) Ele é a razão mesmo da
existência; (b) Ele é o princípio da vida após a morte; (c) Ele é o alvo de toda a existência, o Ômega.

9. “Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem
judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás”.
I. “...Eu sei as tuas obras”. O Senhor Jesus, não só conhecia as “obras” desta igreja fiel, mas, de um
modo especial a sua “tribulação”. No grego clássico, tribulação, é “thlipsis”, significa “pressão”,
derivado de “thlibo”, que tem o sentido geral de “pressionar”, “afligir”, etc. Nas páginas do Novo
Testamento, em sentido comum (com exceção da palavra designada para um período de sete anos) tem o
sentido de “perseguição” deflagrada, por aqueles que são aqui na terra inimigos do povo de Deus (cf. At
14.22).
1. E pobreza. O leitor deve observar o contraste que existia entre o “anjo” (pastor) da igreja
de Esmirna, e o da igreja de Laodicéia (3.17). Cumpre-se aqui, portanto, um provérbio oriental que diz:
“Aos olhos de Deus, existem homens ricos que são pobres e homens pobres que são ricos’. O sábio
Salomão declara em Pv 13.7: “Há quem se faça rico (o pastor de Laodicéia), não tendo coisa nenhuma, e
quem se faça pobre (o pastor de Esmirna), tendo grande riqueza”. O Dr. Champrin observa quem
aqueles crentes (de Esmirna) eram pobres, mas não porque não trabalhassem – sendo essa a causa mais
comum da pobreza de modo geral, mas devido às perseguições que sofriam. Suas propriedades e bens
foram confiscados pelo poderio romano, e além de tudo esses servos de Deus, ainda sofriam
encarceramento. Porém, está, declarado no presente texto, que eles eram ricos. Em que? Nas riquezas
espirituais. Eles eram de fato ricos: nas obras, na fé, na oração, no amor não fingido, na leitura da
Palavra de Deus, (à maneira de seus dias). Estas coisas diante de Deus: São as riquezas da alma! (Mt
6.20; 1Tm 6.17-19).
2. A blasfêmia dos que se dizem judeus. O Apóstolo Paulo escrevendo aos romanos diz:
“...nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6b). “...não é judeu o que é exteriormente...”
(Rm 2.28). Esses falso judeus, procuravam firmar sua origem no Patriarca Abraão, a exemplo dos
demais, perseguiam a igreja sofredora da cidade de Esmirna na Ásia Menor (cf. At 14.2, 19, etc).
Atualmente, o nome “Esmirna” no campo profético, representa a igreja subterrânea que sofre por amor a
Cristo nos países da Cortina de Ferro.

10. “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão,
para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa
da vida”.

I. “...Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão”. A oposição do grande inimigo de Deus e dos
homens conforme mencionado no registro que João faz das sete igrejas jamais cessou. Satanás é citado
num total de oito vezes no Apocalipse e cinco destas relacionam-se com as igrejas (6 vezes se incluirmos
o termo “diabo” visto no presente texto). A “prisão” do versículo em foco, não se refere a uma “prisão”
espiritual como tem sido interpretado por alguns estudiosos (cf. Lc 13.16), mas sim literal. “As
perseguições promovidas pelos romanos àquela igreja, com a ajuda dos judeus (os que se dizem), foram
obras de Satanás. Sob alegação de que os cristãos de Esmirna estavam “traindo” o imperador, houve um
encarceramento em massa, e a seguir o imperador ordenou o martírio de muitos daqueles”. Em uma só
catacumba de Roma foram encontrados os remanescentes ósseos de cento e setenta e quatro mil cristãos,
calculadamente.
1. Tereis uma tribulação de dez dias. Os “dez dias” do presente texto, tem referência
“histórica”, no primeiro caso, e profética no segundo. A Igreja sofreu “dez perseguições” distintas, desde
o reinado do imperador Nero até ao de Diocleciano. “As dez grandes perseguições podem ser
relacionadas desta forma: (a) Sob Nero: 64-68 d. C. (b) Sob Dominiciano: 68-96 d. C. (c) Sob Trajano:
104-117 d. C. (d) Sob Aurélio: 161-180 d. C. (e) Sob Severo: 200-211 d. C. (f) Sob Máximo: 235-237 d.
C. (g) Sob Décio: 250-253 d.
C. (h) Sob Valeriano: 257-260 d. C. (i) Sob Aureliano: 270-275 d. C. (j) Sob Diocleciano: 303-312 d. C.
Durante esse tempo, a matança de cristãos foi tremenda. No campo profético as perseguições
desencadeadas por Diocleciano perduraram dez anos (cf. Nm 14.34 e Ez 4.6).

11. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da
segunda morte”.

I. “...Quem tem ouvidos, ouça!”. Ora, por nada menos de sete vezes nos evangelhos, e por oito vezes
neste livro do Apocalipse: sete vezes para essas igrejas! reboa aquela chamada vital, aberta e particular,
para quem quiser ter ouvidos abertos: “Quem tem ouvidos, que ouça!!!”.
1. O Mis. Orlando Boyer, diz que Cristo glorificado apresenta-se às sete igrejas em
símbolos, partido e distribuído conforme as suas necessidades: (a) Para a igreja Ortodoxa e
sempre em Éfeso, Cristo é Aquele que tem as sete igrejas na destra, isto é, que lhe sustenta a obra.
1.20 e 2.1; (b) À igreja atribulada em Esmirna, na véspera do tempo de martírio, Jesus apresenta-
se como Aquele que havia experimentado a perseguição, até a morte e havia vencido. 1.17, 18 e
2.8; (c) À igreja descuidada de Pérgamo, Cristo glorificado é Quem maneja a Espada, dividindo a
igreja do mundo. 1.16 e 2.12; (d) Para a igreja que declinava, Tiatira, Cristo é Juiz com olhos
como chamas de fogo. 1.14 e 2.18; (e) Para a igreja morta, Sardes, Jesus tem os sete Espíritos de
Deus e pode ressuscitar os crentes da morte para a vida. 3.1; (f) A igreja missionária, Filadélfia,
Cristo é Quem quer abrir a porta: da evangelização. 3.7; (g) Para a igreja morna, Laodicéia,
Cristo é a fiel e verdadeira testemunha tirando da igreja a máscara da satisfação em si mesma.
3.14
2. O dano da segunda morte. Somente no livro do Apocalipse se encontra a presente
expressão: “A segunda morte”. Ela será destinada aos “vencidos”, mas nenhum poder terá sobre
os “vencedores”. A segunda morte é a morte eterna. A frase aparece aqui (e em Ap 20.6, 14 e
21.18), onde o destino dos perdidos é descrito em termos de um lago de fogo e enxofre. Durante
sua vida terrena, Cristo fez uma promessa, dizendo: “As portas do inferno (as forças do mal)” não
teriam nenhum poder sobre a sua Igreja (Mt 16.18); esta promessa de Cristo é presente e
escatológica: agora, e na eternidade!.

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