A Igreja de Esmirna
A Igreja de Esmirna
A Igreja de Esmirna
Apocalipse 2.8-11
Introdução: A igreja de Esmirna foi marcada pela perseguição e os cristãos tiveram seus bens
confiscados e por isso eram muito pobres1. Muitos foram presos e mortos numa intensa
perseguição. Esta igreja nos ensina sobre perseverança em meio ao sofrimento. Sua fidelidade a Deus
era incondicional.
A cidade de Esmirna, onde hoje é a cidade de Izmir na Turquia, era próspera, possuía um grande
mercado público de três andares e lá aconteciam jogos olímpicos em que os vencedores recebiam coroas
de ouro. Mas a cidade sofreu vários terremotos e sempre se reconstruía.
Vamos aprender sobre a carta à Igreja de Esmirna pelo método literal, histórico e moral:
Policarpo, pastor de Esmirna foi queimado vivo em uma estaca por não acender incenso ao imperador
e não negou a Cristo. Disse: "Por oitenta e seis anos eu O servi e Ele nunca me fez mal. Como posso
blasfemar meu Rei, o qual me salvou?" e também declarou ousadamente que o fogo que o queimava se
apagaria, avisando que no inferno nunca cessará. 3
A Igreja de Esmirna foi elogiada por Jesus porque suportou o sofrimento e não recebeu nenhuma
repreensão, apenas foram aconselhados a perseverar firmes até a morte, com a promessa de receber a
coroa da vida e não sofrer a segunda morte. Quando Jesus fala da morte é porque os cristãos de Esmirna
enfrentavam a morte constantemente.
3- Interpretação MORAL
Esmirna representa os cristãos que são perseguidos. A Igreja Perseguida é sofredora por ser fiel a Deus
(I Timóteo 3.12). Muitas vezes a igreja sofre perseguições internas e externas, de duas formas:
institucional ou até física (Marcos 13.11-13).
Enquanto nós temos liberdade para realizar a obra de Deus, em vários países a pregação do evangelho
é proibida. A Igreja Perseguida hoje: cerca de 20 cristãos são mortos por dia, num total de 7.300
mártires por ano5.
9. “Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem
judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás”.
I. “...Eu sei as tuas obras”. O Senhor Jesus, não só conhecia as “obras” desta igreja fiel, mas, de um
modo especial a sua “tribulação”. No grego clássico, tribulação, é “thlipsis”, significa “pressão”,
derivado de “thlibo”, que tem o sentido geral de “pressionar”, “afligir”, etc. Nas páginas do Novo
Testamento, em sentido comum (com exceção da palavra designada para um período de sete anos) tem o
sentido de “perseguição” deflagrada, por aqueles que são aqui na terra inimigos do povo de Deus (cf. At
14.22).
1. E pobreza. O leitor deve observar o contraste que existia entre o “anjo” (pastor) da igreja
de Esmirna, e o da igreja de Laodicéia (3.17). Cumpre-se aqui, portanto, um provérbio oriental que diz:
“Aos olhos de Deus, existem homens ricos que são pobres e homens pobres que são ricos’. O sábio
Salomão declara em Pv 13.7: “Há quem se faça rico (o pastor de Laodicéia), não tendo coisa nenhuma, e
quem se faça pobre (o pastor de Esmirna), tendo grande riqueza”. O Dr. Champrin observa quem
aqueles crentes (de Esmirna) eram pobres, mas não porque não trabalhassem – sendo essa a causa mais
comum da pobreza de modo geral, mas devido às perseguições que sofriam. Suas propriedades e bens
foram confiscados pelo poderio romano, e além de tudo esses servos de Deus, ainda sofriam
encarceramento. Porém, está, declarado no presente texto, que eles eram ricos. Em que? Nas riquezas
espirituais. Eles eram de fato ricos: nas obras, na fé, na oração, no amor não fingido, na leitura da
Palavra de Deus, (à maneira de seus dias). Estas coisas diante de Deus: São as riquezas da alma! (Mt
6.20; 1Tm 6.17-19).
2. A blasfêmia dos que se dizem judeus. O Apóstolo Paulo escrevendo aos romanos diz:
“...nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6b). “...não é judeu o que é exteriormente...”
(Rm 2.28). Esses falso judeus, procuravam firmar sua origem no Patriarca Abraão, a exemplo dos
demais, perseguiam a igreja sofredora da cidade de Esmirna na Ásia Menor (cf. At 14.2, 19, etc).
Atualmente, o nome “Esmirna” no campo profético, representa a igreja subterrânea que sofre por amor a
Cristo nos países da Cortina de Ferro.
10. “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão,
para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa
da vida”.
I. “...Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão”. A oposição do grande inimigo de Deus e dos
homens conforme mencionado no registro que João faz das sete igrejas jamais cessou. Satanás é citado
num total de oito vezes no Apocalipse e cinco destas relacionam-se com as igrejas (6 vezes se incluirmos
o termo “diabo” visto no presente texto). A “prisão” do versículo em foco, não se refere a uma “prisão”
espiritual como tem sido interpretado por alguns estudiosos (cf. Lc 13.16), mas sim literal. “As
perseguições promovidas pelos romanos àquela igreja, com a ajuda dos judeus (os que se dizem), foram
obras de Satanás. Sob alegação de que os cristãos de Esmirna estavam “traindo” o imperador, houve um
encarceramento em massa, e a seguir o imperador ordenou o martírio de muitos daqueles”. Em uma só
catacumba de Roma foram encontrados os remanescentes ósseos de cento e setenta e quatro mil cristãos,
calculadamente.
1. Tereis uma tribulação de dez dias. Os “dez dias” do presente texto, tem referência
“histórica”, no primeiro caso, e profética no segundo. A Igreja sofreu “dez perseguições” distintas, desde
o reinado do imperador Nero até ao de Diocleciano. “As dez grandes perseguições podem ser
relacionadas desta forma: (a) Sob Nero: 64-68 d. C. (b) Sob Dominiciano: 68-96 d. C. (c) Sob Trajano:
104-117 d. C. (d) Sob Aurélio: 161-180 d. C. (e) Sob Severo: 200-211 d. C. (f) Sob Máximo: 235-237 d.
C. (g) Sob Décio: 250-253 d.
C. (h) Sob Valeriano: 257-260 d. C. (i) Sob Aureliano: 270-275 d. C. (j) Sob Diocleciano: 303-312 d. C.
Durante esse tempo, a matança de cristãos foi tremenda. No campo profético as perseguições
desencadeadas por Diocleciano perduraram dez anos (cf. Nm 14.34 e Ez 4.6).
11. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da
segunda morte”.
I. “...Quem tem ouvidos, ouça!”. Ora, por nada menos de sete vezes nos evangelhos, e por oito vezes
neste livro do Apocalipse: sete vezes para essas igrejas! reboa aquela chamada vital, aberta e particular,
para quem quiser ter ouvidos abertos: “Quem tem ouvidos, que ouça!!!”.
1. O Mis. Orlando Boyer, diz que Cristo glorificado apresenta-se às sete igrejas em
símbolos, partido e distribuído conforme as suas necessidades: (a) Para a igreja Ortodoxa e
sempre em Éfeso, Cristo é Aquele que tem as sete igrejas na destra, isto é, que lhe sustenta a obra.
1.20 e 2.1; (b) À igreja atribulada em Esmirna, na véspera do tempo de martírio, Jesus apresenta-
se como Aquele que havia experimentado a perseguição, até a morte e havia vencido. 1.17, 18 e
2.8; (c) À igreja descuidada de Pérgamo, Cristo glorificado é Quem maneja a Espada, dividindo a
igreja do mundo. 1.16 e 2.12; (d) Para a igreja que declinava, Tiatira, Cristo é Juiz com olhos
como chamas de fogo. 1.14 e 2.18; (e) Para a igreja morta, Sardes, Jesus tem os sete Espíritos de
Deus e pode ressuscitar os crentes da morte para a vida. 3.1; (f) A igreja missionária, Filadélfia,
Cristo é Quem quer abrir a porta: da evangelização. 3.7; (g) Para a igreja morna, Laodicéia,
Cristo é a fiel e verdadeira testemunha tirando da igreja a máscara da satisfação em si mesma.
3.14
2. O dano da segunda morte. Somente no livro do Apocalipse se encontra a presente
expressão: “A segunda morte”. Ela será destinada aos “vencidos”, mas nenhum poder terá sobre
os “vencedores”. A segunda morte é a morte eterna. A frase aparece aqui (e em Ap 20.6, 14 e
21.18), onde o destino dos perdidos é descrito em termos de um lago de fogo e enxofre. Durante
sua vida terrena, Cristo fez uma promessa, dizendo: “As portas do inferno (as forças do mal)” não
teriam nenhum poder sobre a sua Igreja (Mt 16.18); esta promessa de Cristo é presente e
escatológica: agora, e na eternidade!.