Posicionamento Braspen
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Licenciado para - ANA KELI FELIPE DOS SANTOS - 07267040756 - Protegido por Eduzz.com
ABSTRACT
Introduction: micronutrients (vitamins and oligoelements) are essential components in human
Unitermos: nutrition. Usually, they are obtained through a varied and balanced diet. However, when patients
Micronutrientes/deficiência. Nutrição Parenteral. are stricken with some diseases, it is often necessary to utilize alternative feeding methods,
Terapia Nutricional. Adulto. Consenso. which can interfere in micronutrient availability and acquisition. The objective of this work is to
promote the rational use of micronutrients in parenteral nutrition to doctors and other staff in the
Keywords: multidisciplinary nutritional therapy team (MNTT). Methods: the text reflects a compilation of the
Micronutrients/deficiency. Parenteral Nutrition. Nu- current guidelines and literature by experienced healthcare workers in adult parenteral nutrition
trition Therapy. Adult. Consensus
therapy (PNT). Results: in cases of severe illness, the micronutrient concentration deficiency must
Endereço para correspondência: be corrected in order to improve clinical results. The correction is necessary due to the negative
Melina Gouveia Castro effects micronutrient deficiency have on antioxidant defense mechanisms, metabolic and general
R. Abílio Soares, 233 - cj 144 - Paraíso - immunologic pathways. Final considerations: the present document has the intention of contri-
São Paulo, SP, Brasil - CEP: 04005-000 buting the rational use of micronutrients as a daily integrant of the safe and responsible supply
E-mail: [email protected] of nutrients in parenteral nutrition.
1. Médica da equipe multidisciplinar de terapia nutricional (EMTN) do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), São Paulo, SP, Brasil.
2. Gerente médico da EMTN do Hospital Sírio Libanês, Especialista em nutrição enteral e parenteral pela BRASPEN, Especialista em Medicina
Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), Mestre em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
3. Rede Mater Dei de Saúde, Instituto Mário Penna, Equipe de Terapia Nutricional Avançada - ETERNA, Belo Horizonte, MG, Brasil.
4. Médico, Especialista em Terapia Intensiva pela AMIB. Título de Área de Atuação em Terapia Nutricional Parenteral e Enteral pela Sociedade
Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e Título de Especialista em Nutrologia pela ABRAN, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
5. Doutor e mestre em ciências médicas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Médico intensivista do Hospital
Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil.
6. Hospital Sírio Libanês - Unidade Brasília, Hospital Brasília, Equipe NUTEP Terapia Nutricional, Brasília, DF, Brasil.
7. Hospital Vila Nova Star, São Paulo, SP, Brasil.
8. Hospital Universitário Antônio Pedro - UFF
9. Equipe Nutrir Terapia Nutricional, Hospital HUGOL, Hospital Órion, Goiânia, GO, Brasil.
10. Hospital Sancta Maggiore, Rede Prevent Senior, São Paulo, SP, Brasil.
11. Especialista em Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica, Especialista em Terapia Intensiva, Especialista em Nutrição Clínica e Hospitalar,
Farmacêutica Intensivista e da EMTN do Hospital Santa Catarina, São Paulo, SP, Brasil.
12. Professor Associado do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Diretor Presi-
dente – Ganep Nutrição Humana, Coordenador EMTN – Instituto Central do Hospital das Clinicas da FMUSP, Instituto do Câncer do Estado
de São Paulo (ICESP), Hospital Santa Catarina, São Paulo, SP, Brasil.
Castro MG et al.
Figura 1 - Perante condições de déficit e/ou ingestão inadequada de micronutrientes, deve-se atuar em termos de reposição, complementação e suplementação.
Adaptado de Blaauw et al.1.
Castro MG et al.
precisa ser repetido e, se ainda estiver deficiente, a reposição flúor (F), iodo (I), ferro (Fe), manganês (Mn), selênio (Se),
é recomendada para restaurar as concentrações. zinco (Zn) e molibdênio (Mo).
O monitoramento durante nutrição parenteral (NP) de Algumas terminologias precisam ficar claras. Comple-
longo prazo é necessário em intervalos, pois os produtos mentação é quando fornecemos micronutrientes para
multivitamínicos e elementos-traços não são adaptados ao cobrir as necessidades basais, quando a ingestão pela dieta
peso ou ao metabolismo e precisamos tratar os resultados não é suficiente, como no caso de dieta enteral em baixo
deficientes dos valores mensurados com condutas individuali- volume ou de nutrição parenteral a curto ou longo prazo.
zadas7,10. No entanto, a cautela em relação às determinações Suplementação é quando desejamos atingir níveis supra-
de resultados laboratoriais é necessária, pois, na maioria das normais de algum micronutriente para um fim específico. É
vezes, os valores refletem apenas fluxos entre os comparti- o que chamamos de fármaco nutrição, ou seja, quando um
mentos e não concentrações intracelulares ou verdadeiros nutriente é usado como medicamento. Por fim, a repleção
pools do corpo. é quando restituímos o valor normal de um micronutriente
cuja deficiência foi diagnosticada1.
2. Quando Utilizar Suplementação Endovenosa de Em condições normais, a dieta balanceada oral é
Micronutrientes em Pacientes com VO/TNE? capaz de suprir as necessidades diárias recomendadas de
micronutrientes. No entanto, há situações clínicas em que
Os micronutrientes desempenham papel protagonista no a absorção intestinal está comprometida, principalmente
metabolismo intermediário do organismo. Agem como cofa- quando há perda de parte do delgado, como na síndrome
tores em diferentes enzimas e como coenzimas, participando do intestino curto, exclusão de parte do delgado do trânsito
no nosso sistema antioxidante e na transcrição genética. Sob intestinal, como em algumas técnicas de cirurgia bariátrica,
a denominação de micronutrientes estão as vitaminas e os ou processo mórbido que reduza a absorção, como nas
elementos-traço1. moléstias inflamatórias intestinais1.
As vitaminas são nutrientes essenciais para o crescimento Dentro da terapia intensiva há muitas situações propícias
e para a manutenção da saúde, dado seu envolvimento em para o desenvolvimento de deficiência de micronutrientes.
processos metabólicos importantes11,12. Entre elas podemos citar as relacionadas à perda excessiva,
Uma vez que não são sintetizadas pelo nosso organismo, como nos grandes queimados, nas fístulas digestivas, drenos
precisam ser fornecidas pela dieta12,13. e estomias de alto débito e hemodiálise. Algumas situações
levam ao aumento das necessidades, como nos traumas de
Treze vitaminas são consideradas essenciais e estão divi- grande porte, enquanto outras estão ligadas a alterações
didas em 2 categorias: na capacidade de absorver os micronutrientes, como as
• Vitaminas hidrossolúveis que, como o próprio nome diz, ressecções intestinais, desvios intestinais ou doenças infla-
são solúveis em água e são usadas imediatamente pelo matórias intestinais que reduzam a área de absorção2,3.
organismo, portanto não são estocadas. São elas as Da mesma forma, em pacientes dependentes de nutrição
vitaminas: B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina), B3 (Niacina), parenteral exclusiva ou suplementar, a possibilidade de não
B5 (Ácido Pantotênico), B6 (Piridoxina), B7 (Biotina), fornecermos as quantidades necessárias de micronutrientes
B9 (Ácido Fólico), B12 (Ciano ou Hidroxicobalamina) é grande, caso não estejamos atentos1.
e vitamina C (Ácido Ascórbico). Dentre estas, a única A administração endovenosa de micronutrientes pode
que é estocada no fígado é a vitamina B12. Em caso de estar potencialmente indicada em todas as situações listadas
ingestão ou absorção reduzida, as consequências de sua no Quadro 2.
deficiência demoram a aparecer;
No entanto, reconhecer o quanto e quando devemos
• Vitaminas lipossolúveis que são estocadas no tecido ofertar micronutrientes não é uma tarefa simples. As técnicas
adiposo. São elas as vitaminas A, D, E e K. Como se para avaliar níveis plasmáticos ou teciduais são caras e indis-
acumulam na gordura do organismo, elas podem poníveis na prática clínica diária ou os resultados demoram
chegar a níveis tóxicos quando ofertadas em quantidades muito a chegar. Os níveis plasmáticos podem não refletir
inadequadas. o estado real do micronutriente no corpo. As soluções de
Os elementos-traço são compostos inorgânicos que fazem nutrição parenteral, frequentemente, são contaminadas por
parte da nossa dieta. Como representam menos de 0,005% elementos-traço e as vitaminas em solução podem sofrer
da massa corpórea, as doses diárias requeridas são muito degradação ao longo do tempo de infusão. Portanto, é difícil
pequenas. Embora não tenham nenhum valor energético, saber o que estamos realmente fornecendo ao paciente
participam de muitos processos metabólicos importantes. Isso através dela11,14,15.
significa que a sua deficiência traz anormalidades funcionais, Os micronutrientes ainda representam um território
as quais evitamos quando incorporamos os elementos-traço onde caminhamos na penumbra. Reconhecemos clara-
em nossa terapia nutricional13. mente a sua importância em processos fundamentais para
Nove elementos-traço estão associados a estados de o crescimento e manutenção da saúde, assim como alguns
deficiência em humanos. São eles cromo (Cr), cobre (Cu), estados de deficiências específicas onde o tratamento é
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óbvio. No entanto, em muitas situações, o manejo dos Quadro 3 – Impacto da resposta inflamatória nos níveis séricos de diferentes
micronutrientes é ainda confuso. Isso se deve à falta de micronutrientes1.
técnicas seguras disponíveis para determinar os níveis
Micronutriente Impacto da inflama- Motivo
de micronutrientes no organismo. Quando existem, são ção no nível sérico
complexas e não fazem parte da prática clínica diária.
Quando fazem, os resultados demoram muito a chegar, Cobre Aumenta Provável redistribuição
impedindo uma ação terapêutica ágil. As doses diárias
Ferro Abaixa Provável redistribuição
são recomendadas a partir de uma população sadia,
que nem sempre é autóctone e que, provavelmente, não Selênio Abaixa Provável redistribuição
possa ser comparada às nossas populações sadias nem
Zinco Aumenta no início Lesão tecidual
à de indivíduos doentes. Não sabemos interpretar muitos Abaixa posteriormente Perda excessiva e bai-
dos resultados dos níveis séricos, uma vez que podem não xos níveis de albumina.
representar uma deficiência real, mas sim uma adaptação Redistribuição
ao processo mórbido. Essas dificuldades se refletem nas
recomendações vagas e tímidas que encontramos nas Cromo Aumenta Redistribuição
diretrizes de diferentes sociedades de terapia nutricional. Vitamina A Abaixa Age como proteína de
O tempo e o esforço contínuo para melhorar nosso fase aguda negativa
conhecimento relativo aos micronutrientes nos estados de
doença, certamente, trarão um futuro em que poderemos Vitamina B1 Abaixa Maior requerimento por
aumento do metabolismo
manuseá-los com mais segurança e efetividade.
Vitamina B2, Pouco afetadas Cautela ao interpretar
B6 e B12
3. Uso de Micronutrientes Parenteral em Condi-
ções Específicas Vitamina C Pouco afetada Provável redistribuição.
Abaixa após lesões Cautela ao interpretar
3.1 Paciente Crítico agudas
Devemos Repor Níveis Plasmáticos Baixos de Micro-
Vitamina D Pouco afetada Cautela ao interpretar
nutrientes no Paciente Crítico Agudo?
Em função das inúmeras variáveis presentes na doença Vitamina E Pouco afetada Cautela ao interpretar
crítica, é difícil ver o paciente crítico como um grupo único, Adaptado de Blaauw et al.1.
Castro MG et al.
Quadro 4 – Recomendação nutricional de vitaminas para pacientes em TN Selênio 20 a 100 mcg A suplementação de selênio foi
Parenteral – Adulto1,11,22. estudada na sepse e choque
séptico com achados mistos,
Vitamina Quantida- Considerações no e a suplementação supra fi-
de diária paciente crítico siológica em altas doses não
Vitamina A (UI) 3300 Vitamina A diminui na fase é atualmente recomendada
aguda em pacientes criticamente
enfermos. Balanços de selênio
Vitamina E (UI) 10 Vitamina E declina leve- negativos foram demonstrados
mente sem reflexos impor- em pacientes dialíticos
tantes. A suplementação
destas vitaminas não é Ferro Não adi- Apesar da anemia por defici-
recomendada cionado de ência de ferro ser comumente
rotina como observada durante a doença
Vitamina D (UI) 200 Vitamina D é frequentemen- monoterapia crítica, ela é multifatorial e
te baixa no paciente crítico, pode representar uma mudan-
porém atualmente não se ça adaptativa benéfica durante
justifica administração ro- a doença crítica.
tineira Atualmente, não há recomen-
dações para controlar a defici-
Ácido Ascórbico (mg) 100 -200 A vitamina C pode ser be- ência de ferro com ferro como
néfica para o estresse oxi- monoterapia
dativo, principalmente nos
estágios iniciais Cromo 10 a 15 mcg Não é indicada reposição em
pacientes críticos rotineira-
B9 (Ácido Fólico) (mcg) 400-600 A tiamina tem sido indica- Manganês 60 a 100 mcg mente
da no choque séptico, na
B3 (Niacina) (mg) 40 Adaptado de Blaauw et al.1, Vanek et al.11 e Osland et al.22.
síndrome de realimentação
B2 (Riboflavina) (mg) 3,6 e em pacientes dialíticos.
B1 (Tiamina) (mg) 3,0-6,0 Dose de 300 mg IV diárias 3.2 Grande Queimado
em pacientes de risco, nas Grandes queimados (>20% da superfície de área corporal)
B6 (Piridoxina) (mg) 4,0 primeiras 48h de admissão necessitam de suplementação extra de micronutrientes.
B12 (Cianocobalamina) 5,0 na UTI, podem ser utiliza- Grandes queimados são caracterizados por estresse
(mcg) das e 100 mg para outros oxidativo, estado hipermetabólico prolongado e imunossu-
pacientes.
B5 (Ácido Pantotênico) 15 pressão. Micronutrientes têm sido utilizados para mitigar os
(mg) Vitamina B6 é requerido em
efeitos dessa resposta inflamatória e do estresse oxidativo,
pacientes com insuficiência
B7 (Biotina) (mcg) 60 podendo contribuir para melhora da imunidade e cicatrização
renal aguda, na dose 100
de feridas23. Níveis de micronutrientes estão frequentemente
mg IV, por 3-5 dias
reduzidos por perdas exsudativas pela pele, baixa ingestão,
Vitamina K (mcg) 150 Avaliar individualmente hemodiluição por fluidos de ressuscitação, redistribuição
Adaptado de Blaauw et al.1, Vanek et al.11 e Osland et al.22. sérica para tecidos e redução de proteínas carreadoras. Não
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há diretrizes claras de como acessá-los e se baixos valores Nesta população, a oferta endovenosa de micronu-
indicam necessariamente deficiência23. trientes é importante, mesmo que o paciente não esteja
Vitaminas C, E, A, B1 e ácido fólico tem o potencial de recebendo nutrição parenteral. Em queimados com menos
melhorar cicatrização de feridas. Adicionalmente, B1 pode de 20% de superfície corpórea queimada, as doses habi-
reduzir os níveis de lactato e piruvato. Vitamina C tem sido tuais de reposição endovenosa de micronutrientes são
estudada ainda na redução de permeabilidade vascular na adequadas, mas naqueles com área queimada superior a
ressuscitação de queimados24,25. Deficiência de vitamina D 20, doses adicionais são necessárias. A vitamina C parece
está associada a maior incidência de infecções e maior tempo ser importante em doses supranormais, na fase inicial de
de internação e seu papel na redução da perda de massa ressuscitação volêmica, ou seja, nas primeiras 48 horas.
óssea e função muscular ainda não está completamente defi- Reduz a perda de fluidos, por melhorar a permeabilidade
nido24,25. Cobre, zinco e selênio atuam como antioxidantes vascular através da estabilização da membrana endotelial.
e estão frequentemente reduzidos. Cobre e zinco ainda tem Na fase de resolução das feridas da queimadura, outros
papel importante na cicatrização e competem entre si na micronutrientes assumem posição de relevância, como
absorção intestinal23. A reposição desses elementos-traço cobre, selênio e zinco, por sua ação na cicatrização de
foi geralmente estudada em conjunto, por via endovenosa feridas e imunidade. Esta repleção deve ser feita nas 3
e se apresentou segura1,23. Agregação de resultados de dois primeiras semanas de queimadura. Mais tardiamente, a
estudos randomizados com reposição endovenosa de cobre vitamina D precisa ser reposta em doses supranormais,
(2,5-3,1 mg), selênio (315-380 mcg) e zinco (26,2-31,4 mg) porque sua deficiência é muito frequente pelo dano à pele e
resultou em redução de pneumonia nosocomial26. Revisão baixa exposição à luz solar. É aconselhável a monitorização
sistemática apontou benefícios da reposição de vitaminas A, dos níveis plasmáticos de micronutrientes. O Quadro 6 traz
C, E, cobre, zinco e selênio27. as doses recomendadas de micronutrientes nos queimados
Em queimados acima de 20% da superfície corporal, graves em comparação aos requerimentos habituais.
micronutrientes presentes em fórmulas enterais ou adicio-
nados à nutrição parenteral, usualmente, não atendem às 3.3 Paciente Cirúrgico
necessidades1,28. A European Society for Clinical Nutrition Alterações nas concentrações de micronutrientes são
and Metabolism (ESPEN) recomenda suplementação extra comuns em algumas cirurgias do trato gastrointestinal (TGI),
de acordo com a área de superfície queimada: 20-40% (7-8 visto que cada micronutriente é absorvido em um determi-
dias), 40-60% (14 dias), >60% (30 dias)28. nado segmento (Figura 2). Assim, é importante identificar
Existem recomendações de experts, mas não há consenso tanto a anatomia preservada quanto os segmentos resse-
sobre dose de reposição23,25. cados, para estimar os déficits de absorção (Quadro 7).
Quadro 6 – Doses recomendadas de micronutrientes nos queimados graves em comparação aos requerimentos habituais.
Vitamina A (UI) Vitamina A (UI) Vitamina C (UI) Vitamina D (UI) Cu (mg) Se (mcg) Zn (mg)
Saudáveis 75–90 75–90 600 0,9 40–60 8–11
Queimados 10.000 1000 600 4,0 300–500 25–40
Adaptado de Rodriguez et al. .
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3.4 Nutrição Parenteral Domiciliar A reposição de um micronutriente específico deve ser feita,
Micronutrientes devem ser prescritos individualmente, nos nas doses recomendadas, quando há o diagnóstico claro,
pacientes sob nutrição parenteral domiciliar (NP domiciliar); clínico e ou laboratorial da deficiência do referido nutriente.
equipe treinada em NP Domiciliar deve monitorar a repo- Como as vitaminas e elementos-traço agem dentro de uma
sição, visto que, em muitos casos, essa é a única fonte de rede complexa e interativa, onde as quantidades de um afeta
micronutrientes em longo prazo. a ação do outro, a complementação de micronutrientes, sem
Pacientes em NP domiciliar são considerados de especial uma deficiência específica diagnosticada, deve contemplar
risco para deficiência de micronutrientes, já que, muitas vezes, todas as vitaminas e elementos-traço disponíveis nas doses
tem na NP sua única fonte de oferta e reposição. De forma diárias recomendadas40.
geral, é recomendado que os pacientes recebam ofertas Nas situações de pacientes recebendo dieta oral ou
diárias de micronutrientes na NP domiciliar. enteral, onde a complementação endovenosa de micro-
Em NP domiciliares, em pacientes estáveis, a monitori- nutrientes se faça necessária, essa deve ser feita através de
zação de micronutrientes deve ser feita na linha de base e a uma solução onde vitaminas e elementos-traço são diluídos
cada 6-12 meses, definidas individualmente1. Essa frequência em soro glicosado 5% ou fisiológico 0,9%, em volume de
pode variar de acordo com a prescrição realizada, neces- 150 a 500 ml para ser infundido em 1 hora no máximo, a
sidade de suplementação, perdas maiores e mudanças de fim de se minimizar as perdas de vitaminas pela oxidação
situações clínicas. e efeito da luz.
Pacientes em uso prolongado de NP domiciliar apre- A infusão pode ser feita por veia periférica ou central. A
sentam especial risco de doença óssea, mesmo quando administração periférica pode causar desconforto local na
recebem vitamina D intravenosa e VO. Estudo canadense veia correspondente, exigindo tempo maior de infusão. A
retrospectivo de 186 pacientes em NP domiciliar, com média administração em bolus não é recomendada.
de idade de 53,8 anos, demonstrou que 75,8% não atingiam Em pacientes recebendo NP, algumas considerações
níveis séricos suficientes de vitamina D e 64,5% apresentavam devem ser feitas. É imperativa a complementação diária
densitometria óssea alterada37. Dessa forma, densitometria de todas as vitaminas e elementos-traço disponíveis. As
óssea deve fazer parte do rastreamento anual dos pacientes soluções de NP prontas para uso não contêm vitaminas
em NP domiciliar, para otimizar reconhecimento precoce de ou elementos-traço e a legislação brasileira não permite a
osteoporose e osteopenia. adição das mesmas à solução de NP, a não ser que essa
Outro micronutriente que merece atenção em NP domi- adição seja feita em condições absolutamente ideais, em
ciliar de longo prazo é o ferro. Deficiências de ferro são ambiente controlado, o que geralmente é impossível em
comuns, principalmente, em pacientes com VO ineficiente hospitais que usam esse tipo de NP. Portanto, nessas situa-
ou síndromes disabsortivas. Anemia ferropriva é a compli- ções, os micronutrientes também devem ser administrados
cação mais comum associada ao uso de NP domiciliar, à parte, como mencionado acima.
presente em 31-54% dos adultos e pode aparecer preco- Nas soluções de NP manipuladas, é possível a adição
cemente após somente 2-3 meses de NP domiciliar38. O de micronutrientes à solução, uma vez que isso será feito
rastreio e o tratamento fazem-se fundamentais para esse em ambiente perfeitamente controlado. No entanto,
grupo de pacientes. algumas vitaminas podem sofrer deterioração ou por
A presença de equipe multidisciplinar treinada em TNP oxidação ou por efeito da luz, ao longo do período de
domiciliar é fundamental para controle da NP e da prescrição infusão da NP. Proteger a bolsa com capas que impeçam
dos micronutrientes, principalmente, em situações de falência a ação direta da luz, assim como o uso de bolsas que
intestinal, fístulas, necessidade de cicatrização de feridas, minimizem a entrada de oxigênio, são medidas que mini-
colestase ou insuficiência renal39. Nesses casos, o tratamento mizam essa deterioração.
das deficiências relacionadas aos micronutrientes se torna Em se tratando de soluções de NP manipuladas, é
parte fundamental do tratamento relacionado à NP domiciliar. importante o conhecimento da compatibilidade química
dos micronutrientes de acordo com a dose necessária e em
4. Como Devemos Ofertar os Micronutrientes? relação aos outros compostos da solução.
A contaminação da solução de NP por elementos-traço
A prescrição de micronutrientes nas doses recomendadas é um fato real. Embora as indústrias farmacêuticas devam
é atribuição especificamente médica. A prescrição médica expressar claramente, nos rótulos de seus produtos, as quan-
de uma solução de NP deve, necessariamente, ser acompa- tidades de micronutrientes presentes na solução, o fato acaba
nhada da prescrição de micronutrientes diários. não sendo levado em consideração na prática clínica diária1.
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5. Como Devemos Repor Micronutrientes na Nutri- curto prazo, desde que haja a administração simultânea
ção Parenteral a Longo Prazo? de multivitamínicos e oligoelementos endovenosos, e que
atendam aos requisitos diários de micronutrientes6,16.
Pacientes submetidos a TNP a longo prazo por mais de Já em casos de administração de NP de longo prazo ou
4 meses, o que inclui o grupo de indivíduos que recebem outras condições clínicas, a decisão de avaliar o status de
cronicamente NP domiciliar, exclusiva ou suplementar, podem micronutrientes com medidas bioquímicas (soro, plasma ou
desenvolver distorções dos níveis de micronutrientes que atividade enzimática) pode ser considerada em uma série de
precisam ser detectadas. Devemos ter uma avaliação basal situações clínicas6,16. Estas incluem um alto grau de suspeita
dos níveis plasmáticos de micronutrientes, antes do início clínica existe devido a:
da NP e a cada 6 meses a um ano, para detectar possíveis • fatores de estilo de vida preexistentes (negligenciamento
deficiências ou excessos. da saúde, abuso de álcool e outras substâncias);
O estudo de Btaiche et al.41, em uma amostra de 26 • condições clínicas que podem aumentar perdas ou
pacientes sob regime de NP a longo prazo, recebendo NP necessidades de micronutrientes (desnutrição, anatomia
exclusiva pelo menos em 75% dos dias, avalia os níveis alterada do tubo digestivo, doença crítica, trauma,
plasmáticos de elementos-traço e demonstra que os níveis queimaduras)17;
de manganês estão acima da faixa de normalidade em mais
• uso de medicamentos (terapias anticonvulsivantes, antir-
de 90% dos pacientes.
retrovirais, NP de longa duração);
Importante lembrar que, em situações de insufici-
• condições clínicas que podem predispor à retenção de
ência hepática, a simples complementação com as
micronutrientes ou seus metabólitos (disfunção renal ou
doses diárias recomendadas pode elevar os níveis de
hepática, colestase, etc.)42;
manganês sérico que, por sua vez, pode precipitar no
• fatores predisponentes regionais ou culturais conhecidos
sistema nervoso central, causando alterações neuroló-
(vulnerabilidade endêmica regional, como deficiência de
gicas. A monitorização dos níveis de manganês sérico é
ferro, selênio, iodo e vitamina D).
aconselhável nessas situações, assim como cautela na
sua complementação. A decisão de monitorar o status de micronutrientes por
testes bioquímicos pode ser considerada em:
• situações clínicas que representam acompanhamento
6. Dose Recomendada para Suplementação dos
após terapias de reposição de micronutrientes16;
Principais Micronutrientes e Formas Existentes no
Mercado • vigilância de rotina de pacientes recebendo NP domiciliar
de longo prazo16,22,37;
O Quadro 8 apresenta a comparação das Diretrizes para • casos de disfunções renais e/ou hepáticas devido ao
a administração das necessidades diárias dos micronutrientes perigo de toxicidade e isso requer monitoramento. A
e o Quadro 9 demonstra a comparação dos produtos para função renal deve ser sempre considerada quando vita-
administração intravenosa das necessidades diárias de minas e oligoelementos são suplementados43;
micronutrientes. • em caso de terapia renal substitutiva prolongada (> 2
semanas)16,22, o monitoramento mensal de vitaminas
7. Como e Quando os Micronutrientes Séricos hidrossolúveis deve ser considerado44.
Devem ser Avaliados e Monitorados? Na NP de longo prazo, o conceito gira em torno do
monitoramento do estado nutricional e da identificação de
A avaliação dos micronutrientes é recomendada para estados de deficiência ou toxicidade em desenvolvimento,
populações de alto risco de deficiência ou toxicidade. Este considerados pelo menos em parte (e, portanto, melho-
grupo de pacientes inclui aqueles com condições associadas rados pela modificação) da composição da formulação da
ao aumento da utilização ou perdas excessivas de micro- NP. Nesses casos, o conhecimento da PCR com relação à
nutrientes. O monitoramento do status de micronutrientes interpretação dos micronutrientes é essencial para evitar a
é recomendado após reposição e quando um paciente está modificação inadvertida do fornecimento de longo prazo
em NP de longa duração. A frequência de monitoramento sem a devida causa, e que pode expor, desnecessariamente,
e os parâmetros a serem usados será baseado no julga- o paciente a danos (ou seja, reduzindo ou aumentando
mento clínico. os níveis artificialmente elevados ou reduzidos por uma
Os níveis séricos de micronutrientes não requerem resposta inflamatória). Portanto, para doenças crônicas, a
monitoramento de rotina em pacientes recebendo NP de correção de uma suspeita de deficiência de micronutrientes
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Quadro 8 – Comparação das Diretrizes para Administração das Necessidades Diárias de Micronutrientes.
Consenso ASPEN Consenso AUSPEN 2016 para Consenso ESPEN Recomendações
201211 Vitaminas16; Consenso ASPEN 2016 para Falência BRASPEN
2014 para elementos-traço22 Intestinal Crônica39
Vitamina A - retinol 3300 IU (990 μg RE) 3500 IU (1050 μg RE) Sem recomendação 3300–3500 IU
(990–1050 μg RE)
Vitamina D - colecalciferol 200 IU (5 μg) 200 IU (5 μg) Sem recomendação 200 IU (5 μg)
Vitamina E - alfa tocopherol 10 mg 10 mg Sem recomendação 10 mg
Vitamina K - fitomenadiona 150 μg Sem recomendação; reco- Sem recomendação Avaliar caso a caso
mendada avaliação individual
Vitamina B1 - tiamina 6 mg 3 mg Sem recomendação 3–6 mg
Vitamina B2 - riboflavina 3,6 mg 4–5 mg Sem recomendação 3,6–5 mg
Vitamina B3 - niacina 40 mg 40–47 mg Sem recomendação 40–47 mg
Vitamina B5 - ácido pantotênico 15 mg 16–17 mg Sem recomendação 15–17 mg
Vitamina B6 - piridoxina 6 mg 3 mg Sem recomendação 3–6 mg
Vitamina B12 - cobalamina 5 μg 5–6 μg Sem recomendação 5–6 μg
Vitamina B9 - ácido fólico 600 μg 400 μg Sem recomendação 400–600 μg
Vitamina C - ácido ascórbico 200 mg 110–150 mg Sem recomendação 110–200 mg
Biotina 60 μg 60 μg Sem recomendação 60 μg
Nicotinamida (PP) __ __ __ __
Zinco (Zn) 39–76 μmol 50–100 μmol 38–61 μmol 39–100 μmol
(2,5–5 mg) (3,2–6,5 mg) (2,5–4 mg) (2,5–6,5 mg)
Cobre (Cu) 4,7–7,8 μmol 5–8 μmol 4,7–9,6 μmol 4,7–9,6 μmol
(300–500 μg) (317–508 μg) (0,3–0,5 mg) (300–610 μg)
Selênio (Se) 0,75–1,25 μmol 0,75–1,25 μmol 0,2–0,8 μmol 0,25–1,25 μmol
(60–100 μg) (60–100 μg) (16–63 μg) (20–100 μg)
Manganês (Mn) 1 μmol (55 μg) 1 μmol (55 μg) 1,1–1,8 μmol 1–1,8 μmol
(60–100 μg) (55–100 μg)
Ferro (Fe) Sem recomendação 20 μmol (1,1 mg) Possivelmente não 17,9 mmol (1 mg) 1–1,2
rotineira nos EUA necessário mg quando há indicação
Cromo (Cr) 0,2–0,3 μmol 0,2–0,3 μmol (10–15 μg) possi- Sem recomendação 0,2–0,3 μmol
(10–15 μg) velmente desnecessário (10–15 μg)
Molibdênio (Mo) Sem recomendação 0,2 μmol (19 μg) provavelmen- Sem recomendação Sem recomendação
rotineira nos EUA te desnecessário
Iodo (I) Sem recomendação 1 μmol (126 μg) 0,5–1,2 μmol 0,5–1,2 μmol (70–150 μg)
rotineira nos EUA (70–150 μg) quando há indicação
Adaptado de Vanek et all.11, Osland et al.16, Osland et al.22 e Pironi et al.39.
na presença de infecção deve ser adiada até que a infla- • condições que favoreçam a perda excessiva de micro-
mação seja resolvida. O status de micronutrientes precisa nutrientes, como em queimados graves, trauma grave,
ser repetido e, se ainda estiver deficiente, a reposição é diarreia importante, fístulas e drenos;
recomendada para restaurar as concentrações.
• condições que aumentem a necessidade de micronu-
Os níveis séricos de um ou mais micronutrientes devem
trientes, como a doença crítica;
ser checados em algumas situações:
• condições que favoreçam a retenção de micronutrientes,
• fatores pré-existentes para deficiência de micronutrientes,
como alcoolismo crônico, abuso de drogas ilícitas e como insuficiência hepática, renal e colestase;
desnutrição; • antes da cirurgia bariátrica.
BRASPEN J 2021; 36 (1): 3-19
13
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Quadro 9 – Comparação dos produtos para administração intravenosa das necessidades diárias de micronutrientes.
Hyplex B® Frutovitam® Cerne 12® Olig-Trat® Olig-Trat® Addaven®
vitaminas do com- Pediátrico Adulto
plexo B Uso adulto e Uso pediátrico Uso adulto e
Solução Injetável pediátrico acima de 11 anos Uso pediátrico Uso adulto pediátrico aci-
para uso adulto, IV e adulto ma de 15 kg
ou IM (ampolas de
(Ampola de (pó liofilizado para 4 mL; (ampolas de 10
(Ampolas de 2 mL, 10 mL, reconstituição, Citopharma®) (ampolas de mL,
Hypofarma®) Cristália®) até 5 mL, Baxter®) 2 mL; Fresenius®)
Doses por Citopharma®)
ampola
Doses por
ampola
Continuação Quadro 9 – Comparação dos produtos para administração intravenosa das necessidades diárias de micronutrientes.
Vitamina B12 - 6,00 µg (120% RDI)
cobalamina
• Amicored ® solução injetável com 500 mcg/mL ou 2500 mcg/mLpara uso IM adulto
Vitamina B9 - 414 µg de ácido
ácido fólico fólico equivalente a
0,414 mg vitamina
B9 (69 – 103,5%
RDI)
Vitamina C - 500 mg 125 mg (62,5 -
ácido ascór- 125% RDI)
bico
• Vitamina C (Farmace®) solução injetável para uso IV adulto ou pediátrico. Cada 1 mL da solução de vitamina C contém ácido
ascórbico 100 mg/mL
• Cevita® (Teuto®) solução para uso injetável intramuscular adulto e pediátrico 100 mg/mL
• Vitariston C® (Blau Farmacêutica S.A.) Solução Injetável 100 e 200 mg/mL para administração IM ou IV, adulto e pediátrico
Biotina - Vita- 69 µg (115% RDI)
mina H
Nicotinamida 20 mg 46 mg (115% RDI)
(Vitamina PP)
Zinco (Zn) Sulfato de zinco Sulfato de zinco Cloreto de zinco
heptaidratado heptaidratado 1050 micrograma,
8,80 mg (= 2,0 mg 22,00 mg (= 5,0 mg equivalente a 7,7
de zinco / amp) de zinco em 2 mL) micromol (= 500 mi-
crograma de zinco)
por mL
• Passível de formulação magistral
Cobre (Cu) Sulf. cúprico pen- Sulf. cúprico pen- Cloreto cúprico
taidratado 1,60 taidratado 6,30 mg dihidratado 102,3
mg (=0,24 mg de (=1,6 mg de cobre mcg, equivalente a
cobre elementar / elementar em 2 0,60 micromol ou 38
amp) mL) de cobre elementar
por mL
Selênio (Se) Selenito de sódio
17,29 mcg, equiva-
lente a Se 0,10 mi-
cromol (= 7.9 micro-
grama Se4+) / mL
• Selenoz® 60 mg/mL, ampolas de 1 mL. Excipientes (cloreto de sódio, fenol, água para injetáveis) para infusão IV adulto e
pediátrico. Cada ampola contém ácido selenioso 98 mcg (equivalente a 60 mcg de selênio)
• Passível de formulação magistral
Manganês (Mn) (1,60 mg de sul- (2,46 mg de sul- Dicloreto de manga-
fato de manganês fato de manganês nês tetrahidratado
monoidratado, monoidratado, 19,79 micrograma,
equivalente a 0,4 equivalente a 0,8 equivalente a Mn
mg /amp) mg /amp) 0,10 micromol 5,5
micrograma / mL
Ferro (Fe) Cloreto férrico
hexahidratado 540
micrograma, equiva-
lente a 2.0 micromol
(110 mcg) por mL
• Ferinject® - carboximaltose férrica 50 mg/mL, solução injetável intravenosa para uso adulto de 50 mg de ferro III/mL. Cada
ampola de 10 mL contém 1800 mg de carboximaltose férrica (equivalente a 500 mg de ferro III)
• Noripurum EV - sacarato de hidróxido férrico para solução injetável endovenosa 20 mg/ml (100 mg/5 ml) para uso adulto e
pediátrico. Cada ampola (5 ml) contém 100 mg de ferro III na forma de sacarato de hidróxido férrico. Excipientes: água para
injetáveis e hidróxido de sódio
Castro MG et al.
Continuação Quadro 9 – Comparação dos produtos para administração intravenosa das necessidades diárias de micronutrientes.
Cromo (Cr) 20,5 mcg de 102,50 mcg de cloreto crômico
cloreto crômico cloreto crômico hexahidratado 5,330
hexaidratado = 4 hexaidratado = 20 micrograma equiva-
mcg / amp. mcg / amp. lente a 0,020 micro-
mol ou 1,0 mcg de
cromo
Molibdênio molibdato de sódio
(Mo) dihidratado 4,850
micrograma, equiva-
lente a 0,020 mcmol
ou 1,9 mcg de moli-
bdênio (Mo6+)
Iodo (I) iodeto de potássio
16,60 mcg equiva-
lente a 0,10 mcmol
ou 13 mcg de iodo
Excipientes e excipientes glicina, ácido gli- Água para injetá- Água para injetá- Contém fluoreto de
outras informa- (cloreto de só- cólico, lecitina de veis, 2 mL veis, 2 mL sódio 210 microgra-
ções dio, fenol, água soja, hidróxido de ma equivalente a 5,0
para injetáveis) sódio (q.s. pH 5,9), micromol ou 95 mcg
q.s.p 1 mL ácido clorídrico de flúor
(q.s.p H 5,9)
xilitol, ácido clorídri-
co e água para inje-
táveis. Osmolalidade
aproximada 3100
mOsmol/kg de água
pH: 2,5. Contém só-
dio na dose de 120
micrograma (=5,2
mcmol) e potássio
na dose de 3,9 mcg
(0,1 mcmol)
Adaptado de Fresenius Kabi3.
Os níveis séricos de um ou mais micronutrientes devem zinco e selênio, após a segunda semana de TSR e a cada
ser monitorados em algumas situações: 2 semanas;
• controle após terapia de reposição, em caso de deficiên- • em acompanhamento ambulatorial pós-operatório de
cias específicas; cirurgia bariátrica.
• em situações de uso crônico de NP, hospitalar ou domici- O Quadro 10 apresenta sugestão de monitorização
liar. Recomenda-se monitoração semestral ou anual dos dos micronutrientes em pacientes graves no uso de terapia
níveis de micronutrientes, ou sempre que o bom senso nutricional parenteral e sua periodicidade.
determine, ou seja, quando há suspeita de possível defi-
ciência ou excesso; 8. Existem Riscos Associados à Oferta de Micronu-
• em situações de insuficiências orgânicas, como renal trientes Intravenosos nas Doses de Rotina da NP?
e hepática, onde pode haver acúmulo inadvertido de
micronutrientes, causando toxicidade; Em pacientes com necessidade do uso de NP prolon-
• em situações de terapia de substituição renal (TSR), onde gada, deve-se ter atenção especial a alguns micronutrientes,
há espoliação crônica de micronutrientes. Recomenda-se especialmente ferro, manganês e cobre. A administração
monitoração mensal. A deficiência pode estar já explícita prolongada, mesmo em doses baixas, pode trazer efeitos
a partir de 2 semanas de TSR. Nos casos agudos de TSR, colaterais e deve ser analisada com cautela.
especialmente contínua, recomenda-se monitorar os O manganês é um micronutriente fundamental para
micronutrientes, principalmente vitamina B6, B1, cobre, reações enzimáticas envolvendo reações enzimáticas
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16
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Castro MG et al.
9. Quem é Responsável pela Prescrição de Micro- changes in commercially available parenteral multivitamin and
nutrientes Intravenosos? multi-trace element products. Nutr Clin Pract. 2012;27(4):440-91.
12. Hardy G, Menendez AM, Manzanares W. Trace element supple-
mentation in parenteral nutrition: pharmacy, posology, and
Somente profissionais médicos podem fazer a prescrição monitoring guidance. Nutrition. 2009;25(11-12):1073-84.
de micronutrientes para administração intravenosa de 13. ASPEN Board of Directors and the Clinical Guidelines Task
Force. Guidelines for the use of parenteral and enteral nutrition
micronutrientes52.
in adult and pediatric patients. JPEN J Parenter Enteral Nutr.
No entanto, é importante que, todos os membros da 2002;26(1 Suppl):1SA-138SA.
EMTN tenham conhecimento adequado sobre as funções e 14. Fessler TA. Trace elements in parenteral nutrition: a practical
guide for dosage and monitoring for adult patients. Nutr Clin
as necessidades de micronutrientes em pacientes recebendo Pract. 2013;28(6):722-9.
TNP para evitar situações de deficiência e excesso. 15. Ferguson TI, Emery S, Price-Davies R, Cosslett AG. A review of
stability issues associated with vitamins in parenteral nutrition.
e-Espen J. 2014;9(2):e49-e53.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 16. Osland EJ, Ali A, Nguyen T, Davis M, Gillanders L. Australasian
Society for Parenteral and Enteral Nutrition (AuSPEN) adult
Micronutrientes são componentes de prescrição diária, vitamin guidelines for parenteral nutrition. Asia Pac J Clin Nutr.
altamente relevantes em terapêutica nutricional parenteral. 2016;25(3):636-50.
O estado dos micronutrientes deve ser avaliado de rotina, 17. Berger MM, Reintam-Blaser A, Calder PC, Casaer M, Hiesmayr
MJ, Mayer K, et al. Monitoring nutrition in the ICU. Clin Nutr.
em todos os pacientes com indicação de TNP. 2019;38(2):584-93.
O presente documento tem a intenção de contribuir para 18. Berger MM, Soguel L, Shenkin A, Revelly JP, Pinget C, Baines
o uso racional de micronutrientes, como parte integrante M, et al. Influence of early antioxidant supplements on clinical
evolution and organ function in critically ill cardiac surgery,
diária do fornecimento seguro e responsável, em NP. major trauma, and subarachnoid hemorrhage patients. Crit Care.
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Local de realização do estudo: Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, São Paulo, SP, Brasil.