Malaguetta PC Me Rcla
Malaguetta PC Me Rcla
Malaguetta PC Me Rcla
Orientadora
Profa. Dra. Elíris Cristina Rizziolli
2010
514 Malaguetta, Patrícia Casagrande
M236g Geometria e Topologia das Superfícies através de Recorte e Co-
lagem/ Patrícia Casagrande Malaguetta- Rio Claro: [s.n.], 2010.
56 f.,il.,figs.,fots.
This project deals with the topology of closed surfaces using intuitive topological
ideas. We show that every closed surface orientable is topologically a Sphere or a
Torus, or a connected sum of two or more Tori, and also that every closed surface and
non-orientable is topologically a Projective Plane or a connected sum of two or more
Projective Planes. Therefore, we obtain a topological classification for closed surfaces,
orientable and non-orientable.
A.1 Recorte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
A.2 Colagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1 Introdução 10
Referências 48
A Teorema 3.1 49
10
11
bidimensional.
Para caracterizar a orientabilidade de uma superfície utilizamos a faixa de Möbius.
Superfícies que contém a faixa de Möbius são chamadas superfícies não-orientáveis;
caso contrário, são chamadas superfícies orientáveis.
Sobre somas conexas de superfícies fechadas, observamos que esta aritmética entre
superfícies não admite cancelamentos e seu elemento neutro é a Esfera. Vemos ainda
que a soma conexa de um Toro e um Plano Projetivo é topologicamente homeomorfa
à soma conexa de uma Garrafa de Klein e um Plano Projetivo.
Para o capítulo três Classificação das Superfícies Fechadas adotamos como principal
referência bibliográfica a obra [2] do professor James Munkres. Apresentamos Palavra
Representação (ou Esquema) de uma superfície, Operações Elementares e Teorema da
Classificação de Superfícies Fechadas.
A partir de diagramas, determinamos o esquema próprio de uma determinada su-
perfície, também fazemos o ato inverso, ao ser dado um esquema próprio obtemos o
diagrama plano para descobrir a superfície.
Estudamos detalhadamente as operações elementares sobre esquemas, quais sejam,
recortar, colar, renomear, permutar, inverter, cancelar e descancelar. Ilustramos o uso
destas operações com um exemplo.
Demonstramos resultados preparatórios para a prova do Teorema da Classificação
de Superfícies Fechadas. Estes resultados resumem-se em quatro Proposições estudadas
detalhadamente através das operações elementares aplicadas em esquemas próprios.
Finalmente, na última seção, tratamos do Teorema da Classificação de Superfícies
Fechadas. Dado um esquema próprio w, mostramos que w é equivalente a : aa−1 bb−1 ,
abab, (a1 a1 )(a2 a2 )...(ak ak ) com k ≥ 2, ou (a1 b1 a−1 −1 −1 −1 −1 −1
1 b1 )(a2 b2 a2 b2 )...(an bn an bn ) com
n ≥ 1, sendo que o primeiro esquema é do espaço S 2 , o segundo, do espaço P 2 , o
terceiro do espaço kP 2 e o quarto do espaço nT 2 . Esta demostração tem indução finita
sobre o comprimento de w como fio condutor.
Consequentemente, se X é uma superfície fechada orientável, então X é homeomorfa
à Esfera, ao Toro ou a uma soma conexa de dois ou mais Toros; se X é uma superfície
fechada não-orientável, então X é homeomorfa a um Plano Projetivo, a uma soma
conexa de dois Planos Projetivos (Garrafa de Klein) ou uma soma conexa de três ou
mais Planos Projetivos.
Além das obras já citadas consultamos [3] e [4].
As figuras foram retiradas de sites e dos livros citados, sendo adaptadas de acordo
com a necessidade apresentada neste texto. A data da pesquisa dos sites abaixo foi em
07 de abril de 2010.
12
• Figura p. 13 e p. 17 (Esfera):
• Figura p. 16:
http : //pt.wikipedia.org/wiki/T opologia
http : //gdpais.blogspot.com/2009/08
http : //upload.wikimedia.org/wikipedia/commons
• Figura p. 20 (Esfera) :
http : //www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive
• Figura p. 21 (Esfera):
http : //gdpais.blogspot.com/2009/08
13
Topologia das superfícies 14
Dada uma superfície, listamos a seguir quatro tipos de deformações que preservam
propriedades intrínsecas àquela superfície:
4. Recorte - colagem: Cortar a superfície segundo uma linha suave nela demarcada
e logo após colar novamente, uma na outra, as bordas geradas por esse recorte,
resgatando assim a superfície original com a linha demarcada.
Analisando o esquema acima vemos que neste caso, além das três primeiras defor-
mações, houve a utilização do procedimento de recorte e colagem, obtendo assim o
homeomorfismo entre a superfície (a) e a superfície (b).
Observamos que para demonstrar a não isotopia entre as superfícies (a) e (b) requer
ferramentas da Teoria dos Nós, que não abordamos neste trabalho.
Superfícies e seus diagramas planos 16
As Deformações que não são Legais, são chamadas as Ilegais. Listamos a seguir,
algumas Deformações Ilegais importantes:
1. Cortar a superfície, segundo uma curva nela demarcada, e não tornar a colar um
no outro, os bordos gerados pelo recorte;
2. Realizar colagens de modo arbitrário, fazendo com que dois ou mais pontos antes
separados se tornem um só ponto da superfície;
uma colagem, um habitante fictício dessa superfície emerge para dentro do retângulo
ao cruzar a aresta superior, que foi colada na inferior e o mesmo se dá para as arestas
esquerda e direita.
O Plano Projetivo possui o mesmo diagrama plano que a Superfície Esférica, mas
sua construção é bem diferente, ou seja, as setas simples demarcadas nas arestas circu-
lares da direita e da esquerda também são coladas uma na outra, mas por possuírem
direções opostas é necessário que façamos uma retorção antes da colagem. Logo a su-
perfície encontrada é um Plano Projetivo e neste caso, os dois vértices do diagrama se
tornam um único ponto no final da construção.
Superfícies e seus diagramas planos 18
Superfície fechada é uma superfície que não possui bordo, que pode ser triangula-
rizada através de uma coleção finita de triângulos intrínsecos a essa superfície, a qual
satisfaz às propriedades supracitadas. Isto nos garante que a distância entre quaisquer
dois pontos nunca seja maior que certa distância máxima(geodésica).
Explorando a definição de superfície fechada observamos que a condição três na
triangularização, nos garante que a superfície é conexa por caminhos, pois para cada
dois pontos A e B da superfície, podemos ir de A até B por um caminho traçado em
uma faixa de triângulos.
Por ser reunião de um número finito de triângulos, as superfícies fechadas são
também chamadas de superfícies compactas.
Intuitivamente é fácil perceber que as superfícies nas quais estamos interessados, a
saber, Esfera, Toro bidimensional, Plano Projetivo e Garrafa de Klein são superfícies
fechadas. Porém, o plano Euclidiano não é uma superfície fechada pois embora não
possua bordo, sempre que fixada uma distância, haverá dois pontos do plano Eucli-
diano que estarão separados por uma distância maior que a fixada. Desse modo não
serão satisfeitas as condições necessárias para ser uma superfíce fechada, tampouco o
retângulo é uma superfície fechada, já que possui bordo.
Quanto à orientabilidade de uma superfície fechada, convencionamos dizer que uma
superfície é não-orientável quando esta possui uma faixa de Möbius. Caso contrário,
isto é, quando a superfície não contém uma faixa de Möbius, dizemos que a superfície
é orientável.
Somas conexas de superfícies fechadas 22
Comece por considerar M e N como duas superfícies separadas uma da outra, sem
pontos em comum, próximas uma da outra, depois, corte e remova uma pequena região
circular de cada uma das duas superfícies. Isto criará um pequeno bordo circular em
cada uma delas. Para finalizar, estique um pouquinho as duas superfícies para fora,
puxando-as pelos seus bordos circulares, fazendo com que os dois bordos se aproximem
e, finalmente, cole os bordos circulares um no outro, obtendo a soma conexa de M e
N , superfície denotada por M #N .
Veja a figura abaixo:
A Garrafa de Klein não aparece na listagem infinita da soma conexa pois é obtida
da soma conexa de dois Planos Projetivos. Analisando a sequência de figuras abaixo,
concluimos que P 2 #P 2 é topologicamente uma Garrafa de Klein.
Para fazer esta construção, precisamos inicialmente de dois diagramas planos, dia-
gramas estes que representam o Plano Projetivo, seguindo-se passo a passo as indicações
da figura acima. É importante observar que após o recorte estratégico da soma conexa
encontrada P 2 #P 2 ao longo da linha c, as novas arestas são demarcadas com setas du-
plas e com mesma orientação, depois rotacionamos em 180o uma das regiões poligonais
resultantes deste recorte, e então efetuamos a colagem para obter a Garrafa de Klein.
Um fato bem interessante é que a soma conexa de um Toro e um Plano Projetivo é
uma nova superfície a qual é homeomorfa à soma conexa de uma Garrafa de Klein e um
Plano Projetivo: T 2 #P 2 = K 2 #P 2 . Isto nos permite mencionar que não existe cancela-
mento na soma conexa, sendo assim, como consequência se tem T 2 #P 2 =P 2 #P 2 #P 2 .
Somas conexas de superfícies fechadas 25
Observem que para fazer esta construção precisamos inicialmente de dois diagramas
planos, diagramas estes que representam o Toro bidimensional, seguindo-se passo a
passo as indicações da figura acima. Removemos um disco ou uma região circular de
cada um dos Toros, tomando o cuidado que seu bordo circular comece e termine em
um determinado vértice do diagrama. Logo após, o bordo circular com a etiqueta e
é colado no que está etiquetado com a letra f. Isto nos fornece uma representação
octogonal do Bitoro.
Generalizando, a soma conexa de n Toros planos é nT 2 =T 2 #...#T 2 , o qual é um
Toro de genus n. Esta superfície pode ser representada por uma região poligonal plana
de 4n lados, ou seja, como o diagrama plano de um Toro é um retângulo, um Toro
de genus dois pode ser representado por um octógono. Um Toro de genus três pode
ser representado por um dodecágono, e assim por diante. É importante lembrar que
após todas as colagens estratégicas todos os 4n vértices se tornam um único ponto da
superfície.
Concluímos neste capítulo que existem quatro tipos de deformações que preservam
a topologia de uma superfície dada, que o diagrama plano de uma Esfera e de um Plano
Projetivo é circular, e que o do Toro e da Garrafa de Klein é um retângulo. Vimos
que na construção destas superfícies há necessidade ou não de uma retorção de alguma
Somas conexas de superfícies fechadas 26
27
Palavra de uma superfície 28
A figura a seguir ilustra os diagramas planos das superfícies que estamos estudando,
mostrando suas arestas com setas demarcadas e nomeadas, vejamos:
duas vezes cada uma. As letras utilizadas para identificar este diagrama plano foram
a e b, com os números 1 e 2 subscritos para diferenciação, os quais estão demarcados
de acordo com as setas nelas assinaladas e com o sentido do percurso.
Neste caso identificamos que este diagrama plano é um diagrama plano octogonal
representado pela palavra a2 b2 a−1 −1 −1 −1
2 b 2 a1 b 1 a1 b 1 .
Este diagrama plano octogonal representa o diagrama plano de uma soma conexa
de dois Toros bidimensionais, já visto em nosso trabalho no capítulo anterior e que é
o mesmo diagrama da figura 2.20. Porém existem diferenças entre estas superfícies.
Note que este atual diagrama não está posicionado como o outro e as letras das arestas
também não são as mesmas. Isto nos garante que podemos também obter palavras
representações das superfícies que são obtidas através de somas conexas.
Vejamos através da figura 3.3 a soma conexa de dois Toros, cujo resultado final não
está representado pelo seu diagrama plano e sim pela superfície Bitoro.
Desta forma, as superfícies Plano Projetivo e a Esfera, podem também ser repre-
sentadas pelas palavras abab e aa−1 bb−1 , respectivamente.
Um esquema (ou palavra) é denominado próprio se cada letra que o constitui
aparece exatamente duas vezes. Dizemos que um esquema próprio é de tipo Toro
quando os pares de letras aparecem exclusivamente uma com expoente +1 e outra com
−1, caso contrário é denominado esquema de tipo Projetivo.
Observamos que o esquema de tipo Projetivo contém pelo menos um par de letras,
ambas com expoente +1, podendo ainda conter pares de letras com expoente +1 e −1.
Exemplos:
• a1 b1 a−1 −1 −1 −1
1 b1 ...ak bk ak bk é de tipo Toro e
Teorema 3.1. Suponha que X seja um espaço obtido pela colagem de arestas de m
regiões poligonais com esquemas respectivamente dados por:
y0 y1 , w2 , . . . , wm (∗).
Seja c uma letra que não aparece nos esquemas acima. Se y0 e y1 são ambos de
comprimento no mínimo dois, então X também pode ser obtido por colagem de arestas
de (m + 1) regiões poligonais com esquemas respectivamente dados por:
Demonstração. Apêndice A
Vejamos:
(2)Colar: Se tivermos duas superfícies cujos esquemas são y0 c e c−1 y1 podemos obter
através da operação colagem o esquema de apenas uma superfície, ou seja, w1 =
y0 y1 passa a ser o novo esquema que identifica uma determinada superfície após
aplicado a operação colagem nas arestas c. Note que as setas desta aresta tem o
mesmo sentido, logo não é necessário retorção para fazer a colagem.
Observamos que a permutação deve ser realizada com cautela. Nunca pode ser
realizada dentro de um bloco, por exemplo, se w = [y0 y1 ][y2 y3 y4 ] via a operação
permutar, não é possível gerar o esquema w = [y1 y0 ][y2 y3 y4 ].
(5) Inverter: Se w for o esquema de uma determinada superfície, então w−1 também
será um esquema para esta. Por exemplo:
Seja wi = (ai1 )1 ...(ain )n o esquema de uma superfície qualquer então, (wi )−1 =
(ain )−n ...(ai1 )−1 também é o esquema desta mesma superfície. Esta operação
apenas inverte o caminho a ser percorrido no bordo da região poligonal da su-
perfície, um no sentido horário e o outro no sentido anti-horário. Em particular,
((ai1 )1 ...(ain )n )−1 = (ain )−n ...(ai1 )−1 .
Seguindo a ordem das setas temos que a superfície inicial é representada pelo es-
quema y0 aa−1 y1 , aplicamos a ténica recorte-colagem como segue. Observamos que a
justificativa na implicação está na linha abaixo:
w = y0 aa−1 y1
∼ y0 a[bb−1 ]a−1 y1 operação (7)
∼ y0 ab, b−1 a−1 y1 operação (1) em b
∼ y0 ab, y1−1 ab operação (5) no segundo esquema
∼ y0 c, y1−1 c operação (3) “ab"=c
∼ y0 c, c−1 y1 operação (5) no segundo esquema
∼ y0 y1 operação (2)
Preparação do Teorema da Classificação 35
w ∼ aa[y0 y1−1 y2 ].
w = ay1 ay2
devemos mostrar que w ∼ aay1−1 y2 , para tanto analisaremos por casos:
1o Caso: Consideremos y1 = ∅ e y2 = ∅.
Se y1 = ∅ então, w = aay2 , e segue o resultado.
2o Caso: Consideremos y1 = ∅ e y2 = ∅.
Se y2 = ∅ temos que w = ay1 a.
Agora,
w = ay1 a
−1 −1 −1
∼ a [y1 a ] operação (5)
∼ [y1−1 a−1 ]a−1 operação (4)
∼ y1−1 [aa] operação (3) “a−1 ” = a
∼ aay1−1 operação (4)
Preparação do Teorema da Classificação 36
3o Caso: Consideremos y1 = ∅ e y2 = ∅.
w = ay1 ay2
∼ ay1 cc−1 ay2 operação (7)
∼ ay1 c, c−1 ay2 operação (1)
∼ c−1 y1−1 a−1 , c−1 [ay2 ] operação (5) no primeiro esquema
∼ c−1 y1−1 a−1 , [ay2 ]c−1 operação (4) no segundo esquema
∼ [c−1 y1−1 y2 ]c−1 operação (2)
∼ c−1 c−1 y1−1 y2 operação (4)
∼ aay1−1 y2 operação (3) “c−1 ” = a
1o Caso: Consideremos y1 = ∅ e y2 = ∅.
Neste caso, w = y0 [aa] e pela operação (4), temos que w é equivalente a [aa]y0 ,
como queríamos.
2o Caso: Consideremos y1 = ∅ e y2 = ∅.
Neste caso, temos que:
w = y0 [ay1 a]
∼ [a y1 ][a−1 y0−1 ]
−1 −1
operação (5)
∼ [a−1 y0−1 ][a−1 y1−1 ] operação (4)
∼ a−1 a−1 y0 y1−1 passo (I)
∼ aay0 y1−1 operação (3) “a−1 ” = a
Preparação do Teorema da Classificação 37
3o Caso: Consideremos y1 = ∅ e y2 = ∅.
Neste caso, temos que:
w = [y0 a][ay2 ]
∼ ay2 y0 a operação (4)
∼ ay2 bb−1 y0 a operação (7)
∼ ay2 b, b−1 y0 a operação (1)
∼ a[y2 b], a−1 y0−1 b operação (5) no segundo esquema
∼ y2 ba, a−1 y0−1 b operação (4) no primeiro esquema
∼ [y2 by0−1 ]b operação (2)
∼ by2 by0−1 operação (4)
∼ [bb][y2−1 y0−1 ] passo (I)
∼ [y2−1 y0−1 ]bb operação (4)
∼ b−1 b−1 y0 y2 operação (5)
∼ aay0 y2 operação (3) “b−1 ” = a
4o Caso: Consideremos y1 = ∅ e y2 = ∅.
Temos que, w = y0 ay1 ay2 , primeiramente devemos mostrar que:
De fato:
w = y0 ay1 ay2
∼ y0 abb−1 y1 ay2 operação (7)
∼ y0 ab, b−1 y1 ay2 operação (1)
∼ y0 [ab], [y2−1 ][a−1 y1−1 b] operação (5) no segundo esquema
∼ [y0 a]b, a−1 y1−1 by2−1 operação (4) no segundo esquema
∼ by0 a, a−1 y1−1 by2−1 operação (4) no primeiro esquema
∼ by0 y1−1 by2−1 operação (2)
∼ [y2 b−1 y1 y0−1 ]b−1 operação (5)
∼ b−1 y2 b−1 y1 y0−1 operação (4)
∼ by2 by1 y0−1 operação (3) “b−1 ” = b
Preparação do Teorema da Classificação 38
w = y0 ay1 ay2
∼ by2 by1 y0−1 por (A)
∼ bby2−1 y1 y0−1 passo (I)
∼ [y0 y1−1 y2 ][b−1 b−1 ] operação (5)
∼ [b−1 b−1 ][y0 y1−1 y2 ] operação (4)
∼ aay0 y1−1 y2 operação (3) “b−1 ” = a
Demonstração. Seja a1 uma letra que aparece no esquema próprio w. Sem perda de
generalidade, podemos supor que:
w = [y0 ]a1 [y1 ]a1 [y2 ].
Pela Proposição anterior temos que w ∼ w , onde w = a1 a1 [z ] com w de mesmo
comprimento de w.
Se z for do tipo Toro segue o resultado. Caso contrário, significa que z é um
esquema próprio que contém pelo menos uma letra a2 com ocorrência de expoente +1,
desta maneira podemos supor que z = [z0 ]a2 [z1 ]a2 [z2 ].
Logo, reescrevendo w temos:
w = a1 a1 [z ] = a1 a1 [z0 ]a2 [z1 ]a2 [z2 ] = [a1 a1 z0 ]a2 [z1 ]a2 [z2 ].
Aplicando novamente a Proposição anterior em w obtemos:
w = a2 a2 [a1 a1 z0 ][z1−1 ][z2 ] ∼ a2 a2 a1 a1 [z0 z1−1 z2 ].
Preparação do Teorema da Classificação 39
Se [z̄] = [z0 z1−1 z2 ] for um esquema de tipo Toro segue o resultado, já que:
w ∼ w ∼ a2 a2 a1 a1 [z̄] ∼ (a1 a1 )(a2 a2 )[z̄].
1. w é de tipo Toro;
w ∼ w0 w2 ,
w2 = aba−1 b−1 w3 ,
Demonstração. O primeiro passo desta demonstração é mostrar que w pode ser escrito
como:
De fato: reescrevemos w na forma w = w0 [y1 ]a[y2 by3 ]a−1 [y4 b−1 y5 ], aplicando a
técnica de recorte-colagem como indicado na figura abaixo. Observe que o recorte é
feito em c, o que é possível já que ambos polígonos tem pelo menos 3 lados. Segue
portanto a primeira equivalência:
Conforme a figura:
w = w0 ay2 by3 a−1 y1 y4 b−1 y5
∼ ay2 by3 a−1 y1 y4 b−1 y5 w0 operação (4)
∼ ay2 by3 a−1 c−1 cy1 y4 b−1 y5 w0 operação (7)
∼ [ay2 b][y3 a−1 c−1 ], [cy1 y4 ][b−1 y5 w0 ] operação (1)
∼ y3 a−1 c−1 ay2 b, b−1 y5 w0 cy1 y4 operação (4) em ambos esquemas
∼ [y3 a−1 c−1 ay2 y5 ][w0 cy1 y4 ] operação (2)
∼ w0 cy1 y4 y3 a−1 c−1 ay2 y5 operação (4)
∼ w0 ay1 y4 y3 ba−1 b−1 y2 y5 operação (3) “c” = a e “a−1 ” = b
Preparação do Teorema da Classificação 42
3o Passo: w = w0 ay1 y4 y3 ba−1 b−1 y2 y5 ∼ w = w0 aba−1 b−1 [y1 y4 y3 y2 y5 ].
Ou seja,
w = w0 ay1 y4 y3 ba−1 b−1 y2 y5
∼ ay1 y4 y3 ba−1 b−1 y2 y5 w0 operação (4)
∼ ay1 y4 y3 bc−1 ca−1 b−1 y2 y5 w0 operação (7)
∼ ay1 y4 y3 bc−1 , ca−1 b−1 y2 y5 w0 operação (1)
∼ c−1 ay1 y4 y3 b, b−1 y2 y5 w0 ca−1 operação (4) em ambos esquemas
∼ [c−1 ay1 y4 y3 y2 y5 ][w0 ca−1 ] operação (2)
∼ w0 ca−1 c−1 ay1 y4 y3 y2 y5 operação (4)
∼ w0 aba−1 b−1 y1 y4 y3 y2 y5 operação (3) “c” = a e “a−1 ” = b
w ∼ w ∼ w ∼ w
w ∼ w0 aba−1 b−1 w3 ,
Proposição 3.4. Seja w um esquema próprio da forma w = w0 [cc][aba−1 b−1 ]w1 . En-
tão,
w ∼ w = w0 [aabbcc]w1 .
w = w0 ccaba−1 b−1 w1
∼ ccaba−1 b−1 w1 w0 operação (4)
∼ ccab[ba]−1 w1 w0 propriedade a−1 b−1 = [ba]−1
∼ abc[ba]cw1 w0 por 3.1 , “y0 ” = [ab], “y1 ” = [ba], “y2 ” = [w1 w0 ]
∼ bbac−1 acw1 w0 por 3.1, “[y0 ]” = a, “a” = b, “[y1 ]” = [c], “[y2 ]” = [acw1 w0 ]
∼ aabbccw1 w0 por 3.1, “[y0 ]” = [bb], “[y1 ]” = [c−1 ], “[y2 ]” = [cw1 w0 ]
∼ w0 aabbccw1 operação (4)
Teorema 3.2. Seja X uma superfície obtida de uma região poligonal plana por meio
de recorte-colagem (com esquema próprio). Então X é homeomorfa a Esfera S 2 , a
soma conexa de n Toros nT 2 ou a soma conexa de k Planos Projetivos kP 2 .
Demonstração. Seja w o esquema próprio que gera o espaço X a partir de uma região
poligonal P .
Adotando a notação |w| para o comprimento de w, como w é um esquema próprio
segue que |w| ≥ 4. Mostraremos que w é equivalente aos esquemas:
(2) abab,
Se s = 4 então: w = aa−1 bb−1 ou w = aba−1 b−1 , ou seja tipo (1) ou (4) respectiva-
mente.
Se s > 4, mostraremos via Indução que w é do tipo (4).
Assumamos como Hipótese de Indução (sobre o comprimento de w), que todo es-
quema próprio tipo Toro com comprimento menor do que s é equivalente ao tipo (4).
Se w ∼ w com |w | < s segue pela hipótese de indução que w é equivalente ao tipo
(4), consequentemente, pela transitividade w também o é.
Entretanto, se w não é equivalente a um esquema de comprimento menor do que
seu comprimento, segue que w não contém pares de letras adjacentes. Nestas condições
aplicando a Proposição 3.3 (com w0 = ∅), segue que w ∼ aba−1 b−1 w3 , onde w3 é de
tipo Toro com comprimento (s − 4) (que não é vazio pois por hipótese o comprimento
de w é maior do que 4).
Agora, w3 não contém pares de letras adjacentes em seu esquema pois do contrário w
seria equivalente a um esquema de comprimento menor que s, o que não ocorre. Desta
maneira é possível aplicar novamente a Proposição 3.3, considerando “w0 ” = aba−1 b−1
e “w1 ” = w3 , para obtermos:
• w1 não possui par de letras adjacentes, neste caso pela Proposição 3.3 segue que:
w ∼ w = (a1 a1 )...(al al )w1 ∼ w = (a1 a1 )...(al al )aba−1 b−1 w2 , onde w2 é vazio ou
de tipo Toro.
[3] FIRBY, P. A.; GARDINER, C. Surface Topology. 1. ed. New York: Ellis Horwood
series in mathematics and its applications, 1982.
[4] GREENBERG, M. J. Algebraic topology: a first course. 1. ed. Redwood City: Red-
wood City Addison-Wesley, 1981.
48
A Teorema 3.1
49
50
Trataremos agora da colagem. Suponha que temos dadas duas regiões poligonais
distintas Q1 e Q2 , com vértices q0 , . . . , qk = q0 , e p0 , pk−1 , . . . , pk , pn = p0 , respectiva-
mente. Suponha ainda que formamos um espaço quociente da colagem das arestas de
Q1 de q0 a qk−1 , com as arestas de Q2 , de p0 a pk−1 , pela aplicação positiva h. Vejamos
como representar este espaço por uma região poligonal P .
Os pontos de Q2 pertencem a um círculo e são arranjados no sentido anti-horário.
Escolhendo pontos p1 , . . . , pk−2 sobre este círculo de tal maneira que tenhamos
p0 , p1 , . . . , pk−1 , pk , . . . , pn = p0 no sentido anti-horário e considerando Q1 a região
poligonal formada pelos vértices p0 , p1 , p2 , . . . , pk−1 , pk = p0 , note que existe um homeo-
morfismo entre Q1 e Q1 que aplica cada qi em pi , ∀i ∈ {0, . . . , k} e leva linearmente a
aresta q0 qk−1 de Q1 sobre a aresta p0 pk−1 de Q2 .
Desta maneira o espaço quociente em questão obtido pela colagem das arestas de Q1
de q0 a qk−1 , com as arestas de Q2 de p0 a pk−1 pela aplicação positiva h é homeomorfo
a região P = Q1 ∪ Q2 . Dizemos que a região P foi obtido por meio da colagem de Q1
a Q2 .
y0 y1 , w2 , . . . , wm (∗).
Seja c uma letra que não aparece nos esquemas acima. Se y0 e y1 são ambos de
comprimento no mínimo dois, então X também pode ser obtido por colagem de arestas
de (m + 1) regiões poligonais com esquemas respectivamente dados por:
• O que é superfície?
52
53
A resposta da pergunta Como triangularizar um Toro ? foi a que mais marcou pois
neste momento pude perceber o efeito do material didático em relação ao conteúdo,
o quanto este estava sendo assimilado, e as associações que o material proporcionava
visto que um aluno disse que iria triangularizar o toro no seu diagrama plano.
No final, questionei como havia sido a apresentação, se o material didático realmente
é um instrumento facilitador da aprendizagem e como tinha sido o entendimento.
Os alunos responderam que, com o material de apoio, o que parecia ser compli-
cado tornou-se muito simples e que a possibilidade de aprender um conceito podendo
visualizá-lo é bastante enriquecedor para o aprendizado pois permite a assimilação do
conceito apresentado.
A experiência em sala de aula é de grande importância, pois nos ajuda a identificar
se o trabalho está tendo o resultado esperado, e se há algo que precisa ser melhorado
ou modificado para uma melhor compreensão do conteúdo.