RBCastanho TES01 PRT
RBCastanho TES01 PRT
RBCastanho TES01 PRT
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
NÍVEL DOUTORADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – GEOGRAFIA E GESTÃO DO TERRITÓRIO
Uberlândia/MG
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
2006
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
CDU: 911:681.3
7
É durante as fases de maior adversidade
que surgem as grandes oportunidades de
se fazer o bem a si mesmo e aos outros.
Esta pesquisa teve como objetivo central, analisar o espaço agropecuário dos
municípios da Microrregião Geográfica de Carazinho MRG – RS, tendo como marco
temporal o ano de 2002, utilizando-se como suporte técnicas de geoprocessamento.
Ressalta-se que a microrregião em estudo está localizada ao noroeste do estado do
Rio Grande do Sul/Brasil, e destaca-se pela sua produção agropecuária.
Metodologicamente utilizou-se a base de dados agropecuários do IBGE do ano de
2002; a base cartográfica digital do IBGE para o ano de 2000 e os dados referentes
à estrutura fundiária do INCRA para o ano de 1998 nos 18 municípios que compõem
a MRG, bem como o software de geoprocessamento Arcview 3.2a na elaboração
dos mapas. Desta forma, obteve-se 16 mapas temáticos representando as principais
variáveis da produção agropecuária, tais como produção de soja, milho, trigo, entre
outros, e da quantidade de animais como, suínos, bovinos e aves. Utilizou-se para
demonstrar os dados à representação gráfica de diagramas de setores, de barras e
de pontos e através de cores de seu espaço geográfico. Também foi gerado um
mapa de uso da terra para representar o uso da terra da MRG. Consideraram-se
satisfatórios os resultados obtidos, uma vez que a microrregião em estudo apresenta
uma diversidade de dados e que os mesmos foram passíveis de serem
representados através do software selecionado representando de forma coerente à
realidade do espaço geográfico em análise.
The objective of this work was know the agricultural space of the municipal districts of
the Microrregião Geográfica (MRG) of Carazinho, Southern Brazil, northwest of Rio
Grande do Sul State, using geoprocessing techniques. This region is important area
agricultural. For the elaboration of the maps was used base agricultural data of the
IBGE, year 2002, digital cartographic base, year 2000, referring data to the landed
structure of INCRA, year 1998, of 18 municipal districts of the MRG and software
Arcview 3.2a. The thematic maps and graphic representation of sections, bars, points
and colors of geographical space show the agricultural production, with of soy, corn,
wheat, etc., and quantity of animals. One map was generated to represent the land
use of the MRG. Considered satisfactory obtained results, because this region have
a diversity of data and was possible to represent with the selected software,
representing well the reality geographical space analyzed.
de verão (soja e milho ha) de acordo com o número total de imóveis rurais,
1998/2002.......................................................................................................... 180
milho (ton) de acordo com o número de imóveis explorados (ha), 1998/2002.. 185
1998/2002.......................................................................................................... 204
1998/2002.......................................................................................................... 207
12
LISTA DE FIGURAS
– RS..................................................................................................................... 22
softwares e hardwares........................................................................................ 69
geotecnológicas.................................................................................................. 86
(2002)................................................................................................................. 157
(2002).................................................................................................................. 158
(2002).................................................................................................................. 159
14
município de Palmeira das Missões.................................................................... 171
FIGURA 32: Aplicação de calcário nas lavouras da MRG de Carazinho - RS... 187
RS........................................................................................................................ 187
FIGURA 36: Colheita de trigo nas coxilhas das grandes propriedades rurais
15
LISTA DE QUADROS
espectral............................................................................................................. 101
INTRODUÇÃO................................................................................................... 19
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 31
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................... 90
2.2. Métodos....................................................................................................... 99
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 225
ANEXOS............................................................................................................ 238
INTRODUÇÃO
realidade existente para que se possam detectar suas dificuldades e assim, se ter
uma nova reestruturação espacial ao estado gaúcho. Assim, a terra passa a ser
habitantes (IBGE/SIDRA, 2000), ocupando uma área total 4.948,6 km2 (IBGE -
municípios são demonstradas nas mais diversas formas, sejam elas, de ocupação e
1
Cf. IBGE (1989, p. 2), define-se Microrregião Geográfica como “As microrregiões são definidas
como partes das Mesorregiões que apresentam especificidades, quanto à organização do espaço”.
De acordo com Moreira (1997, p. 69), as Microrregiões compreendem “pequenas unidades territoriais,
identificadas segundo critérios de homogeneidade física, humana ou econômica. Essas unidades são
denominadas microrregiões geográficas que no estado são em número de 35. Cada uma é
constituída por um conjunto de municípios contíguos e com alguma homogeneidade espacial".
2
Para o IBGE (1989, p.2) entende-se por Mesorregião como "uma área individualizada, em uma
Unidade da Federação, que apresente formas de organização do espaço definidas pelas seguintes
dimensões: o processo social, como determinante, o quadro natural, como condicionante e, a rede de
comunicação e de lugares, como elemento da articulação espacial".
20
FIGURA 1: Localização da Microrregião Geográfica de Carazinho – RS.
Fonte: Malha Digital IBGE, 2000.
Org.: Castanho, 2005.
21
FIGURA 2: Localização dos 18 municípios que compõem a MRG de Carazinho - RS.
Fonte: Malha Digital IBGE, 2000.
Org.: Castanho, 2005.
22
A estrutura fundiária destes municípios apresenta-se diversificada baseada na
desenvolvendo uma agricultura familiar, que utiliza como força de trabalho a mão-
análise torna-se essencial, uma vez que de posse desses dados de produção,
23
caracterizam-se pela utilização maciça de técnicas sendo na maioria, totalmente
agricultura comercial.
afirmam que:
a ter novas perspectivas e/ou alternativas já que essas culturas requerem áreas
24
Estas informações permitirão inferir as viabilidades necessárias para o
Ressalta-se que a opção pela escolha do ano de 2002 para a coleta dos dados
conseqüente início das pesquisas, sendo que até aquele momento os dados mais
25
devidamente espacializados em mapas temáticos dos municípios da MRG de
Geoprocessamento.
principalmente na agropecuária.
dados coletados.
Este trabalho tem como seu alicerce principal, identificar a veracidade do uso
26
espacializada através dos mapas elaborados. Principalmente partindo do
Carazinho.
realizada pode ser efetuado em outras áreas da ciência geográfica, como dados
censitários urbanos, saúde, entre outros. Essas são as principais hipóteses que
longo das últimas décadas, tanto na região que abrange a Microrregião, quanto em
relação ao estado como um todo. Esse resgate histórico fez-se necessário uma vez
27
que a área, em especial, os municípios que compõe a Microrregião em estudo,
transformando o modo de agir e pensar de grande parte dos produtores rurais sejam
aplicações nos diversos ramos da sociedade. Neste momento, uma breve discussão
Buzai (2000, 2003 e 2004), visando uma compreensão existente entre a interface da
divisão entre trabalhos de cunho técnico e trabalhos teóricos, uma vez que a
28
pesquisa com aplicação de software de geoprocessamento, com diferentes fases, e
métodos específicos, na busca dos resultados desejados. Esse capítulo foi divido
com suas diferentes unidades territoriais. Desta forma, foi possível realizar o perfil da
cada área, como aspectos naturais, sociais, econômicos, entre outros, uma vez que
29
o espaço geográfico é cenário da dinâmica, em especial, no caso em análise do
30
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
31
alimentos, cuja modernização com todo seu “pacote tecnológico” propiciaram esse
tenha como ideal, o planalto gaúcho, localizado ao norte do estado do Rio Grande
do Sul, foi o cenário para tal acontecimento, onde seus produtores, dos pequenos
urbano.
nas coxilhas do planalto gaúcho e mais tarde, em todo o Rio Grande do Sul e
conseqüentemente no país.
Deve-se destacar, porém, que a região Sul do País, caracterizada pela sua
brasileira em regiões semelhantes às de suas origens, o que até então era o tipo de
32
Assim, alicerçado sob o conceito denominado por Revolução Verde ou
áreas, tem-se na cultura do trigo o “carro chefe” na aderência a esses novos hábitos
33
[...] profundas transformações cujo sentido e dinâmica
conformam as linhas mestras do modelo econômico global: um
modelo fundado na primazia do setor urbano-industrial [...]. No
campo esse modelo privilegiou, de modo geral, as ações
incentivadoras da substituição de um sistema de produção
fundado na economia familiar, por um sistema de produção
baseado no uso intensivo de capital com baixo nível de
emprego de mão-de-obra e com predominância do trabalho
assalariado temporário. Assim, proliferam e se fortaleceram as
grandes empresas rurais, concentradoras de terra e voltadas
para as monoculturas de exportação, verdadeiros
prolongamentos das indústrias de insumos químicos, máquinas
e equipamentos; [...].
aos grandes, embora, os denominados como colonos, tenham sido os que mais
sofreram com essas mudanças, embora, comemorada por alguns e lamentada por
outros, a saída foi apenas uma, readequar-se ao sistema, ou ser excluído dele,
desse momento,
34
segundo, as indústrias frigoríficas, de enlatados, moinhos,
processamento de fibras, fabricantes de óleo, leite e derivados,
madeiras, couros e peles, pastas alimentícias, bebidas.
De certa forma, essa nova situação que passa a ser vivenciada no meio rural,
produção alicerçada nas granjas, que por sua vez organizam ao seu entorno os
produtivas, resistem alguns bolsões de produção, seja ele para subsistência ou para
filho, desde suas técnicas de cultivo, até a forma de armazenamento de seus grãos
para um meio, um tanto quanto mais rápido, mas com um custo e um grau de
alocados com a finalidade de incentivar essa produção, não tenham sido um grande
35
estimulante ao aumento da produção agrícola. As estatísticas mostram que foi na
FILHO, 1989).
Neste sentido, com o intuito de elaborar uma base sólida a esse novo tipo de
instrumentos (incentivos) passaram a ser criados, dentre eles citam-se alguns como
exemplo;
sempre que o mercado apresentasse um preço baixo, o produtor vende seu produto
estava inserido;
produtores era comemorado e por outros criticado, mas que de certa forma vinha a
36
Com base nessa série de incentivos, muitos agricultores, passam a dedicar-
início da década de 1970, baseada na triticultura, podendo-se dizer que esta cultura
1988).
Nesse aspecto, Brum (1988, p. 72) esclarece ainda que para a implantação
como: a auto-suficiência deste cereal era necessária, uma vez que se considera de
37
mecanizadas, tanto em relação ao relevo adequado, solos, e pessoas capazes de
Inicialmente cultivado por açorianos, que em quarenta anos (1780 – 1820) obtiveram
uma renda média de oitenta por um (80 sacas/ha), uma média considerável
satisfatória para a época e seus métodos de cultivo. Entretanto, outros fatores como
Por volta de 1928, Getúlio Vargas incentivou uma produção avançada de trigo
50, o crédito disponível bem como a garantia de seu preço estável, facilitou-se uma
foram encontrados, tais como a importação do produto, que além de apresentar boa
3
Cf. Brum (1988, p. 73), pode-se obter maiores dados históricos referentes à cultura do trigo no
Estado.
38
qualidade era mais barato. Esse fato deu início ao processo do conhecido “trigo
moinhos em relação a esse cereal, o que futuramente levou ao fato de que somente
soja, uma vez que este permite um elevado índice de mecanização em suas áreas,
e muitas outras com grande potencial ao cultivo de grãos. No Rio Grande do Sul, a
colonos, mas sim pessoas de origem citadina, uma vez que a lavoura de trigo é, de
certa forma, requintada em seu sistema de cultivo, e com uma visão empresarial.
(BRUM, 1987).
4
Assim denominados por possuírem uma visão empresarial capitalista, ter conhecimento das
atividades agrícolas e certo capital próprio. Estes citadinos – comerciantes, profissionais liberais e
pequenos industriais – deram origem ao desenvolvimento definitivo da triticultura no campo, e, com
ela iniciaram o processo de modernização da agricultura na região. Com eles surgia também uma
nova categoria social com interesses específicos – os granjeiros. (BRUM, 1988).
Para Rückert (2003, p. 50), “os granjeiros do trigo podem ser caracterizados como frações da
burguesia rural e urbana que, circunstancialmente, vêem-se integrados numa mesma atividade
produtiva, sem lastro histórico comum, mas deparando-se, a partir dum certo momento, com
problemas comuns que os levam a definir um projeto político e a lutar por ele”.
39
Conforme Rückert (2003, p. 43), essas pessoas de origem urbana, que
se também como
interior gaúcho, mas que onde era possível de se encontrar, esse desenvolvimento
em moedas, mas inclusive por meio de trocas de produtos, tais como a troca dos
40
retirar em farinha o equivalente de 80 a 100 kg, dependendo esse percentual de
cada comerciante.
produção em declínio.
41
Desta forma, estes produtores foram quase que obrigados a readaptarem-se
no novo sistema produtivo, que por sua vez garantia um preço mínimo a sua
modernização da agricultura até o final da década de 1960, mas devido a uma série
de fatores, entre eles o descaso governamental para com essa cultura levou ao seu
exportação, como o trigo nacional não era plantado com essa finalidade e sim a de
final dos anos de 1990 não ser cultivado nem se quer para subsistência em
2000).
soja que, por sua vez, era cultivada no início de seu ciclo de produção em consórcio
com outras culturas nas propriedades rurais, sendo utilizada fundamentalmente com
42
o único objetivo de alimentação na dieta de suínos, em substituição ao milho5,
utilizar esse método de cultivo, uma vez que a mesma era favorecida, pelo fato de
o que favorecia cada vez mais essa substituição. Caracteriza ainda esse avanço na
proteína animal pela vegetal, substituindo então gorduras de origem animal por
óleos vegetais, hábito futuramente imitado por todos os países sejam eles
suínos, vai gradativamente perdendo espaço para o trigo e a soja, culturas essas,
com um mercado voltado para a exportação. Atrelado a esse fato, tanto o trigo
quanto à soja, possuíam um maior valor em seu produto final, incentivando dessa
mecanizadas e com grandes extensões as quais facilitam seu cultivo, mas sim
5
Ver Brum (1988, p. 76-77).
43
voltam para esse novo modelo agrícola, e que na década de 1970, acentua-se
cultivo quase que exclusivo dessa nova cultura, entretanto, os pequenos produtores,
são afetados indiretamente, pois mesmo de posse de pequenas áreas rurais, tem
que se adaptar a essa condição de cultivo da terra, caso contrário, não teriam
acesso a esses recursos disponibilizados pelo poder público, e que sempre são bem
Entretanto, o trigo inicialmente tido como cultura principal, aos poucos vai
alicerçada sob um modelo capitalista global, ao qual conta com o comando dos
44
países mais desenvolvidos, principalmente os EUA e grandes multinacionais que,
que
variedades de grãos de trigo, entre outras pesquisas, bem como levar ao encontro
45
Obviamente que esse modelo atingia certa classe privilegiada de produtores
foi um marco, não somente em expansão da lavoura de soja, mas também de uma
comemorado, por volta de 19786, iniciou-se uma fase de frustrações nas culturas,
tanto da soja, quanto do trigo, este último já pouco cultivado nesse período, algumas
produção agrícola, refletem de forma negativa na economia da região, que por sua
externos, como mercado para a produção, valor da produção como, por exemplo, a
46
conforme a produção desse grão nos EUA, dá-se à variação de preço do produto em
endividamento por parte dos agricultores em geral, sem contar que esse sistema
modernista, de certa forma, acaba com algumas classes no campo conforme cita
47
Essa “modernização” exclui grande parte dos produtores
familiares, que não eram contemplados pelos benefícios
governamentais. As monoculturas de grãos, altamente
motomecanizadas, exigem uma escala de produção mínima
que os menores não conseguiam atingir. Além disso, muitos
produtores não podiam arcar com os altos custos dos insumos
modernos necessários à produção competitiva do mercado e
foram obrigados a vender suas propriedades.
tendo que importar esses produtos para suprir as necessidades alimentares para o
abastecimento interno, aumentando cada vez mais sua dívida, não apenas com
país.
desrespeita flora e fauna, para alcançar altos índices produtivos, baseados sob uma
dependência química generalizada e que põe em risco todo o tipo de vida seja na
considerando-a
48
[...] relativamente recente na economia do País. Em 1950 não
havia produção; expandiu-se, principalmente, nas décadas de
60 e 70, no Sul e Sudeste, hoje conquista o Centro-Oeste e
parte rumo ao Norte-Nordeste. A pesquisa criou cultivares que
permitem essa expansão para o norte do País, bem como
protegeu as regiões tradicionais de produção do Sul do País
[...].
com o rumo ao qual toda a produção agropecuária teve nos últimos anos,
disponível somente para o binômio trigo – soja, e que a partir desse instante passa a
pecuária com a difusão de atividades criatórias como suínos, aves, gado de leite e
alimentos:
49
exportação, os produtos destinados ao consumo da população
em geral como feijão, mandioca, etc., passam a ser
desprezados pelo agricultor capitalista [...] Observa-se que a
pequena propriedade é a mais prejudicada pela capitalização
do campo, principalmente devido à monocultura. Como há
necessidade de plantar o máximo para garantir o lucro, a
pequena propriedade acaba por abandonar a lavoura de
subsistência. Assim, é relativamente comum ver-se agricultores
em supermercados e armazéns no interior comprando batata
inglesa, feijão, farinha de milho, etc., produtos que antigamente
eram produzidos por ele.
Esse fato passa a ser notadamente com maior freqüência nas cidades do
do meio rural para o meio urbano, onde os produtores passam a adquirir modos de
capital, mas que, no entanto, passa a deixar para trás todo um histórico, não
a meios de produção primária até os alimentos que lhe serve a mesa, tendo como
das saídas encontradas pelo complexo financeiro - industrial para obter mais lucros,
diminuindo, uma vez que o lucro sempre foi à preocupação central, sendo esse
direcionado pelos órgãos financiadores como bancos, indústrias entre outros, e que,
7
Cf. consta em BRUM (1988, p. 80).
50
comercialização de sua produção, ficando o produtor, de certa forma, dependente
exceções, apoiados pela tecnologia que dia a dia é melhorada, seja no aspecto de
51
Áreas como o Planalto Gaúcho destacam-se cada vez mais, não só em nível
lembrar que o meio ambiente é um recurso a ser preservado. No entanto, cada vez
mais é alvo de uma série de insumos agrícolas, e agrotóxicos que auxiliam para sua
degradação.
baseada nos moldes atuais, ou seja, uma agricultura moderna e dependente, quase
que por total, de um pacote tecnológico ofertado pelas multinacionais. Essas são
52
Esse processo abrange o cultivo das plantas, seu beneficiamento, a
químicos.
Nas últimas décadas o ramo, tanto agrícola quanto pecuário sofreu inúmeras
mudanças, ou seja, seus objetivos foram se transformando cada vez mais de acordo
com as exigências de mercado. Nesse contexto, tem-se uma nova finalidade para a
grande importância nesse processo, o qual Graziano Neto (1982, p. 22-27) expõe:
53
Considerando essa realidade, a transformação na economia gaúcha
demonstrados
54
Todo esse processo de adaptação da modernização da agricultura, voltada
agrícola, que conforme Jean (1993, p. 51), pode ser assim entendida:
verificada, ou seja,
55
principalmente tratando-se de culturas cultivadas na região. Neste sentido, Brumer
mas continua sendo bastante significativa ainda hoje, em todas as regiões do estado
56
Assim, esta modernização no setor primário gaúcho possibilitou o surgimento
(TAMBARA, 1983).
Neste momento, têm-se o impulso de outro setor que muito contribuiu para
das novas culturas que estavam sendo inseridas na região, e voltadas ao mercado
momento, na safra de trigo. Fabricada pela empresa Schneider Logemann & Cia.
Rio Grande do Sul, a “A-65”, nome da primeira automotriz brasileira, foi um passo
momento da colheita.
fabricadas pela SLC, mas que eram imóveis, o que dispensava uma grande
57
mobilidade referente à mão-de-obra humana, pois os ramos das culturas deviam ser
De acordo com o site da empresa SLC - John Deere (2006), destaca-se suas
58
de Reposição, que garante o abastecimento de peças dos
estados da região Sul do Brasil.
Esse é apenas um dos muitos exemplos que se pode inferir com o novo
brasileira que
59
Neste sentido, primou-se em enfatizar os aspectos condizentes a agricultura
no Sul do País, mas que de certa forma, os efeitos sempre foram sentidos inclusive
nas demais regiões brasileiras, uma vez que pela característica agrícola que se
pode encontrar de Norte a Sul, principalmente hoje, onde a expansão das fronteiras
produção de grãos.
auxiliando na economia da região, uma vez que a mesma abrange uma série de
que no entanto, é unida por uma característica comum, o seu aspecto produtivo do
60
1.2. Sistemas de Informações Geográficas (SIG), Geoprocessamento e
principalmente a partir dos anos 90, pode ser definida como modernidade, e consigo
tecnologia que nem sempre é de acesso a todos, mas que direta ou indiretamente
afeta a vida de qualquer indivíduo onde quer que se esteja localizado, desde as
áreas mais remotas ou nos grandes centros urbanos e bem servidos pelas redes de
tecnologia geradas.
como
61
este contexto de gran amplitud se pondrá el foco de atención
em los efectos recíprocos que se producen en la relación
Informática – Geografía al momento de automatizar el análisis
espacial en un nuevo ambiente y apoyar la aparición de una
nueva visión de la realidad.
um todo, mas principalmente a Geografia, vêm a apoiar uma série de atividades que
atividade humana.
A Geotecnologia incorpora em seu âmbito no final dos anos 90, não apenas o
conceitos geográficos com uma interface enrriquecida pela discussão teórica acerca
como sendo
localizações pontuais, etc, mas sim, um conjunto de fatores que levam a resultados
62
almejados por diferentes profissionais, mas que no caso em questão, ou seja, a
mais diversos fatores que compõe o espaço geográfico em si, podem ser
Geotecnologia.
63
Pode-se observar na Figura 3, quatro momentos principais na relação de
seja, a delimitação da Ciência Geográfica no início do século XIX, bem como sua
através das “Escolas Geográficas”, tendo como ponto final o início do século XXI,
com a presença de uma ‘Geografia Global’ que é iniciada com base na Geografia
Geografia como ferramenta. Esta vem a apoiar as observações que são realizadas
64
PRIMER PROCESSO DE SEGUNDO PROCESSO DE
EXPLOSIÓN DISCIPLINARIA EXPLOSIÓN DISCIPLINARIA
65
La amplia difusión geotecnológica y su uso generalizado en
actividades de amplia valorización contextual han posibilitado la
aparición de muchos profesionales provenientes de diferentes
disciplinas, que a través del uso de los SIG puedan “hacer”
Geografía sin conocer los aspectos conceptuales incorporados
em estos sistemas. En esta línea se revalorizan los aspectos
de percepción geográfica, ya que la posibilidad de uma amplia
difusión de estas herramientas puede tener éxito sabiendo
como la gente representa metalmente el espacio (Bosque
Sendra, 1999). La Geografía que se ha difundido por la
inclusión de conceptos y métodos en el ambiente
computacional para ilegar a impactar en el resto de las ciencias
y prácticas sociales mediante procedimientos de aplicación
estándar propicia el surgimiento de un campo teórico y
metodológico de aplicación generalizada: la Geografía Global.
66
dicer, la Geografía difundida a través de los medios
informáticos.
com a Geografia, saber permear sobre esse novo modelo, buscando suprir suas
tecnológico, como ferramenta, porém sem perder a essência de seu cerne teórico –
que tange nos últimos anos, onde o homem busca de forma constante a superação
precedentes da conservação e bom senso do que já foi constituído, mas que neste
deve estar presente, pois afinal é o pano de fundo para toda a discussão
67
Neste sentido, o resgate de conceitos teóricos básicos que norteiam tal
antropizados via SIG, tornou-se uma prática freqüente aos usuários dessa
“ferramenta”, não somente aos geógrafos, mas entre todos aqueles que necessitam
68
fundamentais para os mais diversos tipos de estudo, e, principalmente, com uma
passo que o uso torna-se mais facilitado aos profissionais envolvidos, ao mesmo
tempo, tanto os hardwares quanto os softwares estão tendo seus custos reduzidos,
69
Os sistemas de informações geográficas, comumente conhecidos como SIG
década de 1990.
70
Neste sentido, Câmara; Medeiros (1998, p. 3) exemplificam os SIGs uma vez
visão interdisciplinar, para Buzai8 (2000, p. 27) [...] un SIG es combinar bases de
Silva (2003, p. 42), engloba os SIG’s como [...] uma tecnologia relativamente
recente e, nos últimos anos 30 anos, houve um crescimento muito rápido tanto
8
Buzai (2000 e 2004) será citado com freqüência, por tratar-se de uma excelente contribuição de
cunho geográfico relacionado com a tecnologia SIG e Geotecnologia.
71
planejamento, organização do espaço, entre outros, de forma mais coerente e
possível.
realização.
não somente com o usuário, mas também via interface mediante diversos softwares,
72
[...] ‘a system for capturing, storing, checking, integrating,
manipulating, analysing and displaying data which are spatially
refencial to the eart’. Geographic information systems must be
regarded as a special form of database management systems
which facilitates operations on spatial data. A wide variety of
GIS are currently being used for a great diversity of uses.
utilização dá-se em grande parte dos setores das atividades cotidianas, onde se têm
destaca,
73
sistemas de informações geográficas, são aspectos em que Pornon (1990, p. 13)
descreve
74
SIG
FIGURA 6: Tipos diversos de dados que se encontram no mundo real e que podem ser
manuseados nos SIG’s.
Fonte: http://www.esri.com/software/arcgis/concepts/intelligent.html
Adaptação: Castanho (2005)
fundamental, para que possam ser caracterizados como tais. A figura 7, elaborada
componentes.
75
Entrada e integração de dados;
Visualização e plotagem;
com os objetivos que se deseja, dada uma determinada situação, tanto o banco de
dados quando o espaço ao qual está se trabalhando, podem ser modificados, devido
76
Considera-se, portanto, que após a escolha de um determinado software de
Vale destacar, que além dos quisitos básicos que os SIG’s apresentam, a
tecnologia. Uma vez elaborado mapa por mapa de determinado tema, o que
Neste sentido, de posse de todas essas informações, vale ressaltar que, com
acesso ao fluxo de informações que podemos obter em tempo real, via redes (caso
conectam máquinas das diversas partes do mundo, desde que se tenha uma central
9
No formato raster a imagem é representada através de uma matriz de pixels onde o valor de cada
pixel representa seu nível de cinza (características de luminosidade e cor). Esse formato é mais
simples, no entanto ocupa mais espaço do que o formato vetorial. O formato raster funciona bem para
imagens com variações complexas em suas formas e cores. Na representação vetorial a imagem é
descrita através dos parâmetros de suas formas geométricas. Neste caso armazena-se apenas as
coordenadas de pontos, linhas e polígonos que compõe a imagem. A grande quantidade de memória
exigida pelo formato raster fez aparecer diversos tipos de formatos de arquivos de imagem que
podem ou não usar compressão. Os mais conhecidos são: BMP, GIF, JPEG, RAS, PCX, TIFF, etc.
Muitos fabricantes de software usam formatos de imagem exclusivos. Para maiores detalhes sugere-
se acessar o site: < http://www.ee.furg.br/~silviacb/DIP/Conceitos_Basicos.html >
77
FIGURA 8: Exemplo de sobreposição de temas realizados
através de SIG, tanto vetorial quanto raster.
Fonte: http://www.geogra.uah.es/gisweb/1modulosespanyol/
IntroduccionSIG/GISModule/ GISTheory.htm
78
Considerando a importância dos SIG’s dentre as suas diversas
entraves, onde, um dos principais, é o custo dos softwares disponíveis para esse
fim, embora existam alguns de domínio público, mas que no geral, grande parte são
usuários de SIG, o que torna uma rede muito próxima, embora a distância física
inúmeras, inclusive nos dias atuais, onde a interdisciplinaridade é cada vez mais
necessária a estudos onde o alvo principal seja o espaço geográfico como um todo.
79
FIGURA 10: Exemplo de redes de interface entre usuários de SIG.
Fonte: http://www.esri.com/software/arcgis/concepts/intelligent.html
Neste sentido, Buzai (2000, p. 72) destaca algumas aplicações de SIG que
80
Porém, essa importância deve partir dos órgãos governamentais, uma vez
políticos, tanto a nível municipal quanto a nível nacional. Partindo dessa idéia,
âmbitos.
A dinâmica que o espaço geográfico é alvo ano a ano, nos leva a conhecê-lo
Geográficas (SIG ou SIG’s), tanto nos permitem quanto nos auxiliam na gestão das
geográficos.
81
[...] o conjunto de tecnologias para coleta, processamento,
análise e oferta de informações com referência geográfica. As
geotecnologias são compostas por soluções em hardware,
software e peopleware que juntos constituem poderosas
ferramentas para tomada de decisões. Dentre as
geotecnologias podemos destacar: sistemas de informação
geográfica, cartografia digital, sensoriamento remoto, sistema
de posicionamento global e a topografia.
considerável de precisão.
racional tornam-se, cada vez mais necessário, uma vez que a busca de um maior
interessados.
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Desta forma, o geoprocessamento apresenta-se como uma ferramenta
podem servir a diversos fins, como projetos de vias (rodovias, ferrovias, entre outros)
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A efetiva utilização de dados em geoprocessamento pode ser classificada
somente na ciência, mas em relação ao espaço em geral, uma vez que a cada dia
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que passa novos difames são postos em prática, propiciando o questionamento e/ou
Essas relações com as aplicações podem ser visualizadas na Figura 11, onde
no centro (1) têm-se as fontes dos dados, podendo ser oriundos de banco de dados,
remoto, entre outros, e por último (3) os setores de aplicação na sociedade, sendo
esses os mais variados possível, vindo ao encontro dos objetivos que se deseja ao
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FIGURA 11: Modelo de aplicações diversas das ferramentas geotecnológicas.
Fonte: CGTONLINE – Universtità degli studi de Siena <http://www.geotecnologie.
unisi.it/Geotecnologie/geomatica.php >
Org.: Castanho, 2006.
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estudar e conhecer o espaço geográfico, com o auxilio de diferentes técnicas como
2004).
mesmas.
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identificação de padrões de drenagem, identificação de cobertura vegetal do solo,
1990).
principalmente por Buzai, cabe a cada profissional escolher o a ferramenta que lhe
convir para realizar suas atividades profissionais, desde que se tenha a preocupação
rica, detalhada, de certa forma bela, mas que não se deve distoar em momento
fato, essas novas tecnolgias encantam a qualquer um, entretanto, seu uso deve ser
racional e responsável.
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forma interdisciplinar, como agrônomos, geólogos, engenheiros, entre outros,
prognósticos, planejamentos, entre outras ações, onde o alvo, o espaço, seja melhor
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