O Evangelho Da Igreja Primitiva - Apostila
O Evangelho Da Igreja Primitiva - Apostila
O Evangelho Da Igreja Primitiva - Apostila
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O Evangelho da Igreja Primitiva
PREFÁCIO - Pr. Arcelio Ramos - 03
INTRODUÇÃO - 07
CAPÍTULO I
Reino de Deus, o Centro da Mensagem Bíblica - 11
A Mensagem de Jesus e os Apóstolos - 11
A Pregação do Evangelho do Reino Pelos Profetas - 15
CAPÍTULO II
A Enfática Exaltação da Realeza de Jesus - 18
CAPÍTULO III
A Esperança na Vinda do Reino de Deus - 23
O Reino Esperado Para o Futuro - 24
A Esperança de Ressurreição Para Participar do Reino - 26
Incorruptibilidade - Característica do Reino Sacerdotal - 27
O Reino Constituído de Sacerdotes do Senhor -29
Ausência da Expectativa de Ir Morar no Céu -30
Mais Luz Sobre o Assunto - 36
CAPÍTULO IV
A Fé da Igreja no Estabelecimento do Reino na Terra - 38
O Reino é a Herança da Igreja - 39
É a Mesma Herança Prometida a Abraão - 40
A Terra Restaurada Como Herança - 43
Jerusalém Restaurada, Sede do Governo de Deus - 46
Milênio Sabático - As Bênçãos do Descanso da Terra - 48
CAPÍTULO V
Irineu, o Último Defensor da Vinda do Reino - 52
Na vinda do Senhor Jesus, a Igreja é encontrada Santa - 54
Reino do Anticristo é destruído pela Igreja - 55
O Reinado dos Santos Com o Senhor Jesus Sobre o Mundo - 55
A Libertação e Destruição de Satanás Após o Milênio - 58
Juízo Final Universal Precede a Eternidade -59
A Jerusalém Celestial Desce Para Ser a Morada de Deus Com os Homens - 62
Prefácio
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Malaquias 4:5-6 “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha
o grande e terrível Dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos
filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a
terra com maldição”.
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Colossenses 1:28 “o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e
ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos
todo homem perfeito em Cristo;”
Deleite-se, pois, nesta leitura e deixe-se ser renovado em sua mente, para
a sua santificação.
Em Cristo, nossa vida,
Pr.Arcelio Ramos
Introdução
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Deus, o nosso Pai, tem cumprido o seu propósito estabelecido na
eternidade em Cristo Jesus nosso Senhor, nos dando toda a revelação que
nos conduzirá à perfeição a fim de entrarmos na posse do seu Reino. Por
isso mesmo, tendo diante de si a visão de todos os seus filhos eleitos,
glorificados tal qual o seu primogênito, tem dado à Igreja toda a plenitude
da sabedoria divina, e o conhecimento completo do seu propósito, para que
todo homem de Deus seja perfeito e perfeitamente aprovado para toda a
boa obra. O seu propósito eterno é: reinar com os seus filhos sobre a terra.
Passo agora, a definir a razão deste livro sobre a fé dos Pais da Igreja no
Reino de Deus. Permita-me citar as palavras proféticas do Senhor Jesus
e a sua relação conosco, Igreja dos últimos tempos:
Mateus 24:14 “E será pregado este evangelho do reino por todo o
mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”.
É determinante notarmos que o evangelho, ou boas-novas, a ser pregado
em todo o mundo precedendo o fim é o do (sobre) “Reino”. É a mesma boa-
nova que o Senhor veio anunciar e que também deu aos seus discípulos
para pregar.
Mas o que aconteceu? Por que a Igreja moderna não contempla em sua
atividade de pregação as novas do Reino de Deus? Por que se prega o Rei
apenas como salvador de homens individualmente, como se fosse somente
essa a sua missão, e nada se fala do seu Reino que está preste a ser
estabelecido sobre a terra?
Creio que as respostas a estas indagações só podem ser respondidas
através da revelação do “evangelho do Reino de Deus”, que foi anunciado
em primícias pelos crentes da Igreja primitiva, mas que por permissão de
Deus, desapareceu de sobre a terra, ocultado pela nuvem da Apostasia, e
que agora, como o Pai planejou, é trazido restaurado não mais em
primícias, mas em toda a sua plenitude à Igreja desses últimos dias.
O propósito desse livro é mostrar especificamente que um “único
evangelho” foi dado a Igreja primitiva, sendo que este foi depois atacado,
vituperado, corrompido e fragmentado em tantos pedaços que hoje existe
um número incontável de vertentes com interpretações diferentes e
antagônicas da mesma palavra.
Ao voltarmos nossos olhos para as primeiras comunidades cristãs e a fé
que tiveram no evangelho do Reino, através dos escritos dos chamados
“Pais da Igreja”, podemos constatar claramente que as suas expectativas se
voltavam ao iminente estabelecimento do Reino de Deus sobre a terra.
Você pode estar se perguntando: “mas quem são esses Pais da Igreja?” Não
é de se estranhar que a Igreja de hoje desconheça a existência desses
escritos, pois de um modo geral há um profundo desinteresse pela sua
própria origem, como se só importasse o tempo presente em que se vive.
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Quando falamos nos Pais da Igreja, ou Pais apostólicos, referimo-nos
aos líderes e alguns autores cristãos do fim do primeiro século e meados do
segundo.
Esses escritos relatam situações que estavam ocorrendo com as
comunidades cristãs no mundo de então, nos dando uma noção da fé que
os cristãos tinham, suas expectativas, dificuldades, modo de vida, liturgia,
etc. Daí a importância desses escritos, documentos dos mais antigos ainda
existentes, que testemunham o princípio da história da Igreja Cristã sobre
a terra.
Outro fator muito importante, que deve levar-nos a considerar tais escritos,
é que esses homens, em sua maioria, eram bispos, anciãos e mestres em
suas comunidades, como guias, por isso são chamados Pais. Eles formam
a segunda e terceira geração de crentes a partir dos apóstolos. Alguns
deles tiveram o privilégio de aprenderem a fé em primeira mão, de
testemunhas oculares do Senhor Jesus Cristo, como é o caso de Policarpo
bispo de Esmirna, que sucedeu diretamente ao apóstolo João e foi seu
discípulo (por isso Pai apostólico). Outros mantiveram a tradição daqueles
que aprenderam com os apóstolos.
Dificilmente esses escritos são contestados em sua pureza e autenticidade
pelos eruditos e historiadores modernos.
É bom que se diga que esses escritos não são “apócrifos” (espúrios), antes,
são, na maior parte, epístolas manuscritas enviadas às Igrejas, conforme
fazia o apóstolo Paulo. Por algum tempo, antes que se estabelecesse
definitivamente o cânon do Novo testamento, alguns desses escritos foram
tão estimados pelas comunidades cristãs, que eram lidos conjuntamente
com os Evangelhos e epístolas universais, como é caso da Epístola de
Clemente aos Coríntios e Epístola de Barnabé, por exemplo.
O motivo mais importante, no entanto, que nos leva a fazer essa
compilação, é mostrar aos cristãos deste tempo, que a Apostasia, sempre
empurrada para o futuro, já aconteceu e vem acontecendo ao longo da
história da Igreja militante na terra, e que só um olhar reflexivo de volta às
origens da fé cristã testificará que houve um desvio da mensagem original
anunciada pelo Senhor Jesus Cristo, fazendo-nos retomar o amor à verdade
e à pregação autêntica do Evangelho do Reino de Deus.
Considere seriamente em seu coração se a Apostasia está ou não
estabelecida, e se a verdadeira mensagem não se encontra misturada como
um rio turvo e poluído. A probabilidade de se encontrar a verdade é
voltando às origens, à nascente onde a água ainda é cristalina e
incontaminada. E se, ainda assim, você tiver relutância quanto à
idoneidade dos escritos e seu conteúdo, rogue a Deus para que consiga
enxergar por entre a nuvem densa dos pensamentos teológicos do tempo
presente, no qual a verdade é relativa e de somenos importância. Valorize
assim os testemunhos daqueles que amaram tanto a verdade do Reino, que
não se importaram de por ela entregarem a própria vida.
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Passo a apresentar um sumário com a relação dos escritos dos Pais da
Igreja e a data de composição (mais aceita), para que possam ser logo
identificados quando forem citados:
Capítulo 1
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Quando chegamos no Novo Testamento, nos deparamos logo com a mesma
voz profética anunciando o advento do Reino e do messias na voz do
precursor João Batista que clamava:
Mateus 3:2. “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”.
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Lucas 9:2 “Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os
enfermos”
Lucas 9:60. “Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus
próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus”.
O fato é que a mensagem do Reino contemplava dois aspectos: o Reino que
se estabelecerá sobre a terra, e Jesus como único acesso a esse Reino do
qual ele mesmo é o rei.
Atos 8:12. “Quando, porém, deram crédito a Filipe, que os
evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo,
iam sendo batizados, assim homens como mulheres”.
Depois dos evangelhos, a maior porção do Novo Testamento tem por autor
Paulo, homem tremendamente privilegiado, que recebeu revelações
diretamente do Senhor Jesus, já glorificado. A despeito de, aparentemente,
não haver nas cartas Paulinas discursos diretos sobre o Reino de Deus, o
livro de Atos dos Apóstolos, que mostra toda a sua atividade missionária ao
longo dos anos, até a prisão em Roma, esclarece de maneira incontestável
que a pregação de Paulo era o Reino de Deus:
Atos 19:8 “Durante três meses, Paulo freqüentou a sinagoga, onde
falava ousadamente, dissertando e persuadindo com respeito ao
reino de Deus”.
Atos 20:25; “Agora, eu sei que todos vós, em cujo meio passei
pregando o reino, não vereis mais o meu rosto”
Atos 28:23 “Havendo-lhe eles marcado um dia, vieram em grande
número ao encontro de Paulo na sua própria residência. Então,
desde a manhã até à tarde, lhes fez uma exposição em testemunho
do reino de Deus, procurando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto
pela lei de Moisés como pelos profetas”
Atos 28:31. “pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez,
sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor
Jesus Cristo”
Creio que esse preâmbulo, repleto de textos dos mais claros possíveis, pode
convencer qualquer pessoa levando-a a perceber, que a mensagem
principal do Senhor Jesus e da sua Igreja era o Reino de Deus, e ao menos
a princípio, continuou a ser essa a mensagem da Igreja primitiva. As
citações dos Pais da Igreja, que se seguem, exemplificam essa verdade:
“Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram...
Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso
Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com a plena certeza dada
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O Evangelho da Igreja Primitiva
pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar”.
(Clemente aos Coríntios 42:1; 3/65-93 d.C.).
O texto anterior, além de ser o mais antigo testemunho, é também uma das
mais claras afirmações sobre as atividades de pregação dos apóstolos. É
importante notarmos que o anúncio sobre o Reino é em perspectiva futura,
como um alerta e diz objetivamente da convicção do seu estabelecimento
sobre a terra.
Outro postulado que devemos objetar, pois é muito comum no meio da
Igreja moderna, é a idéia de que a Igreja militante na terra já é o Reino de
Deus estabelecido (Amilenismo). Antes, a Igreja funciona como uma agência
promotora do Reino.
A despeito das manifestações de glória e poder que a Igreja primitiva
experimentou (ainda que em primícias), a mesma tinha clara consciência
de que o Reino ainda viria num tempo futuro.
“Meu filho, lembre-se dia e noite daquele que anuncia a palavra de Deus para você
e honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois o Senhor está presente onde é
anunciada a soberania do Senhor”. (A Didaquê 4:1/ 90-100 d.C.).
A exortação geral contida no documento acima testemunha que a pregação,
ou ensino da Igreja primitiva, contemplava o aspecto da soberania do
Senhor no sentido de realeza e domínio.
“Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e
depois recolhido para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde
os confins da terra no teu reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus
Cristo, para sempre”. (A Didaquê 4:1/ 90-100 d.C.).
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O Evangelho da Igreja Primitiva
“Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo mal e aperfeiçoando-a no
teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu reino que lhe
preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre”. (A Didaquê 10:5/ 90-100
d.C.).
A expectativa escatológica da vinda do Reino e o anseio da “reunião” da
Igreja “santificada” nos mostram a esperança da Igreja primitiva e como
tinham em mente a ordem das coisas concernentes à volta do Senhor:
primeiro a Igreja é reunida, depois toma posse do Reino que se estabelecerá
desde Jerusalém.
Mateus 24: 31 “E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de
trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de
uma a outra extremidade dos céus”.
Mateus 25: 34 “então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita:
Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo”.
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O Evangelho da Igreja Primitiva
“Está claro que não atraiçoavam a verdade, mas pregavam com toda isenção aos
judeus e aos gregos: aos judeus pregavam que o Jesus por eles crucificado era o
Filho de Deus, o Juiz dos vivos e dos mortos, que recebera do Pai Reino Eterno em
Israel, como temos mostrado; e aos gregos o anunciavam o único verdadeiro Deus,
Criador de todas as coisas e o seu Filho, Jesus Cristo”. (Irineu de Lião -Contra
heresias 3/12:13/185 d.C.).
O apologista Irineu destaca o teor da pregação apostólica que Jesus Cristo,
Filho de Deus, recebeu o Reino Eterno. Demonstra inclusive como a mesma
mensagem era apresentada às duas classes de ouvintes: àqueles que já
aguardavam a promessa do Rei Ungido, os judeus, e aqueles que
precisavam antes reconhecer ao próprio Pai Criador e também seu Filho.
“Com efeito, por meio dos profetas, o Senhor nos fez conhecer o passado e o
presente, e nos fez saborear antecipadamente o futuro. Vendo que uma e outra
coisa se realizam conforme ele falou, devemos progredir no seu temor, de maneira
mais rica e mais elevada”. (Epístola de Barnabé 1:7/ 90-130 d.C.).
Novamente relaciona a mensagem profética, tanto com o que a Igreja vivia
naquele momento, como com a esperança futura.
“Está claro que o início do evangelho está nas palavras dos santos profetas e que
aqueles que confessaram Senhor e Deus é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, ao
qual prometeu enviar um anjo que o precedesse”. (Irineu de Lião- Contra as
Heresias III/10:6/185 d.C)
Mais uma afirmação claríssima da unidade e interdependência entre os
profetas e o evangelho. Segue abaixo outra alusão de Irineu referendando
as predições dos profetas sobre a majestade do Cristo. Ainda faz importante
afirmação sobre o Senhor compartilhando seu reinado com os santos.
“Alguns contemplando-o em glória, viam a sua vida gloriosa à destra do Pai.
“Outros ainda disseram: “Belo de aspecto, mais do que os filhos dos homens”, e :
“O Deus, o teu Deus, ungiu-te com óleo de alegria de preferência a teus
companheiros”, e: “Cinge a tua espada ao teu flanco; com a tua beleza e o teu
aspecto, avança, prospera e reina com lealdade, mansidão e justiça, e assim a
seguir, tudo o que disseram, para mostrar o esplendor, a beleza e alegria no seu
reino, mais brilhantes e excelentes do que todos os que reinam com ele, para que
todos os que escutarem desejem encontrar-se ali, depois de ter cumprido o que
agrada a Deus”. (Irineu de Lião -Contra heresias IV/33:11/185 d.C.).
Apocalipse 20:6 “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na
primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem
autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele os mil anos”.
Por todos os escritos dos Pais da Igreja podemos encontrar inúmeras
citações dos profetas do Antigo Testamento e como se utilizaram deles
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O Evangelho da Igreja Primitiva
para exortarem, confirmarem e defenderem a fé que tinham no Reino de
Deus. Não há necessidade de transcrevê-los todos, já que são porções
enormes dos textos bíblicos. Só para se ter uma idéia, na obra de Irineu
“Contra as heresias”, usadas nessa compilação, são citados todos os livros
do Antigo Testamento excetuando apenas: Ester, Crônicas, Eclesiastes,
Cântico dos cânticos, Jó e Obadias.
“Visto, porém, que na sua vinda enviou seus próprios apóstolos no espírito da
verdade e não de erro, fez a mesma coisa com os profetas porque desde sempre é o
mesmo Verbo de Deus”. (Irineu de Lião -Contra heresias IV/ 35:2/185 d.C.).
Capítulo II
A Enfática Exaltação da Realeza de Jesus
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O Evangelho da Igreja Primitiva
“Nós o adoramos, porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos
justamente como discípulos e imitadores do Senhor, por causa da incomparável
devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus
companheiros e condiscípulos!” (Martírio de Policarpo 9:3 e 17:3 / 155 d.C.).
“Que isso, porém, não vos será de bom augúrio, o Verbo o demonstra, ele que é o rei
mais alto, o governante mais justo que conhecemos depois de Deus que o gerou”.
(Justino o mártir I Apologia 12:7/150-160 d.C.).
Importante afirmação de Justino, além de destacar a dignidade real do
Senhor Jesus (Verbo de Deus) e do Pai Eterno, ainda demonstra suas
posições hierárquicas.
Apocalipse 3:21 “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu
trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu
trono”.
“Que tudo isso aconteceria, como digo, o predisse nosso mestre, que é ao mesmo
tempo filho e legado de Deus pai e soberano do universo, Jesus Cristo, do qual
também originou-se o nosso nome de cristãos”. (Justino o mártir I Apologia
12:9/150-160 d.C.).
“Com efeito, Cristo, como eu vos demonstro por todas as Escrituras, é chamado rei
e sacerdote, Deus, Senhor, anjo, homem, supremo general, pedra, menino recém-
nascido; dele se anunciou que, primeiro nascido passível, devia depois subir ao céu
e daí há de vir novamente com glória e possuir um reino eterno”. (Justino o mártir
diálogo com Trifão 34:2/ 150-160 d.C.).
“A mesma profecia deixa claro que veremos este mesmo como rei glorioso...”.
“... e também aquele que morreu crucificado e a quem ele concedeu ser rei sobre toda
a terra”. (Justino o mártir diálogo com Trifão 70:4 e 74:3/150-160 d.C.).
“De fato, que o Cristo é anunciado nas Escrituras como sofredor, que virá
novamente com glória para receber o reino eterno de todas as nações e que todo
reino lhe será submetido, está suficiente demonstrado pelas Escrituras que citaste”.
(Justino o mártir diálogo com Trifão 39:7/150-160 d.C.).
Abaixo, destaco uma exposição de Justino, exemplificando o Messiado de
Jesus, onde ele traduz a palavra “Siló” e faz aplicação do contexto da
profecia de Jacó que o autor cita, referendando Moisés, que escreveu a
profecia, como se ele é quem tivesse dito.
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O Evangelho da Igreja Primitiva
“Moisés, que foi o primeiro dos profetas, disse literalmente: “Não faltará príncipe
de Judá, nem chefe saído de seus músculos, até que venha (Siló) aquele a quem está
reservado. Ele será a esperança das nações”...
“tal como foi de antemão dito pelo espírito santo profético, por meio de Moisés,
que não faltaria príncipe dos judeus até aquele para o qual está reservada a
realeza.” “As palavras:“Ele será a esperança das nações”queria dizer que gente de
todas as nações esperará novamente a sua vinda...” (Justino o mártir I Apologia
32:1-4/150-160 d.C.).
Os livros escritos por Irineu de Lião, compõem uma obra extensa, onde
encontramos várias declarações de reconhecimento, tanto do Senhor Jesus
Cristo, como de Deus, o Pai, com o título máximo de Rei. Transcrevemos
alguns que mostram a ênfase da visão Real que a Igreja ainda tinha em
meados do segundo século.
“Eles não crêem que este Deus que está acima de todas as coisas criou pelo Verbo,
no seu domínio, as várias e diversas coisas, como quis, por ser o Criador de tudo, o
supremo arquiteto e o maior dos reis...”. (Irineu de Lião – Contra heresias II /11:1
/185 d.C.).
“E, fora ele, não existe outro Deus, porque não seria reconhecido como Deus, nem
por grande Rei, pelo Senhor, porque tal dignidade não admite comparação nem
superioridade; quem tem acima de si superior e se encontra em poder de outro, não
pode ser chamado grande Rei nem Deus”. (Irineu de Lião – Contra heresias
IV/2:5/185 d.C.).
“Com estas palavras o Senhor manifestou tudo claramente: que único é o Rei e
Senhor, Pai de todas as coisas, de quem antes dissera: “Não jurarás por Jerusalém,
porque é a cidade do grande Rei”.
“Com isso mostra claramente que o mesmo Rei, que convidou os homens de todas
as partes para a festa de casamento de seu Filho e ofereceu o banquete de
incorrupção, ordena lançar nas trevas exteriores aquele que não tem o traje nupcial,
isto é aquele que despreza”. (Irineu de Lião – Contra heresias IV/36:5-6/185 d.C.).
“Este é o mistério que diz ter-lhe sido revelado, isto é, que aquele que padeceu sob
Pôncio Pilatos é o Senhor de todos os homens, seu Deus, Rei e Juiz, por ter recebido
o poder do Deus de todas as coisas, pois, se fizera obediente até a morte de cruz”.
(Irineu de Lião - Contra heresias III/12:9/185 d.C.).
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Os textos que se seguem têm visão escatológica uma vez que, apesar de o
Senhor Jesus já ter sido designado Rei dos reis pelo Deus Pai, a
consumação deste Reino ainda está por vir.
“Quem mais há de reinar sem interrupção e para sempre na casa de Jacó, senão
Jesus Cristo, nosso Senhor, o Filho de Deus Altíssimo, que prometeu, por meio da
Lei e dos profetas, tornar visível a sua salvação a toda carne, de forma tal que este
Filho de Deus se tornaria homem para que, por sua vez, o homem se tornasse filho
de Deus?” (Irineu de Lião - Contra heresias III/10:2/185 d.C.).
“Por isso, quando, em nossos dias, os judeus lêem a Lei é para eles como ler um
conto, porque não têm a noção completa acerca da vinda do Filho de Deus na
natureza humana, mas quando lida pelos cristãos é tesouro escondido no campo,
revelado e explicado pela cruz de Cristo, que revela a sabedoria de Deus e as suas
economias acerca dos homens, prepara o reino de Cristo e anuncia a herança da
santa Jerusalém...”. (Irineu de Lião - Contra heresias IV/26:1/185 d.C.).
“Os que disseram que teria adormecido e caído no sono e que teria acordado porque
o Senhor o sustentou; e mandavam que os príncipes dos céus abrissem as portas
eternas para que entrasse o Rei da glória, proclamavam a sua ressurreição dos
mortos pelo poder do Pai e a sua recepção nos céus”.
“Os que disseram: O Senhor é rei: que os povos se irritem; ele está assentado sobre
os querubins: a terra se abale! Profetizavam, por um lado, a ira de todos os povos
contra os que acreditariam nele depois da ascensão e a agitação de toda a terra
contra a Igreja; e, por outro, o tremor de toda a terra, quando da sua volta do céu
com os mensageiros do seu poder, conforme ele mesmo disse: Haverá grande
comoção na terra, como nunca houve desde o princípio”. (Irineu de Lião - Contra
heresias IV/33:13/185 d.C.).
Irineu, assim como Justino, identificou a profecia do Salmo 19 como
descrição do Senhor Jesus chegando triunfantemente à sua posição
celestial ao lado do Pai, Chamando-o: Rei da Glória. Continua Irineu
expondo o cumprimento profético, apontando ainda a segunda vinda
gloriosa do Senhor Jesus e o tremendo efeito sobre os homens.
“Se, portanto, o grande Deus deu a conhecer o futuro por meio de Daniel e o
confirmou por meio de seu Filho; se o Cristo é a pedra que se desprendeu sem
intervenção de mão alguma, aquele que deve aniquilar os reinos temporais e
introduzir o reino eterno, isto é, a ressurreição dos justos - “o Deus do céu, diz,
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O Evangelho da Igreja Primitiva
suscitará um reino que nunca mais será destruído”. (Irineu de Lião - Contra
heresias V/26:2/185 d.C.).
É importante compreendermos que o Reino milenial de Cristo precede a
eternidade, onde o Pai assumirá o Reino conquistado pelo filho e com ele
reinará eternamente.
I Coríntios 15: 24-28 “E, então, virá o fim, quando ele entregar o
reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem
como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que
haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser
destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos
pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas,
certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou. Quando, porém,
todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho
também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para
que Deus seja tudo em todos”.
Apocalipse 22:3-5 “Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela,
estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão,
contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele. Então,
já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da
luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão
pelos séculos dos séculos”.
Capítulo III
“Se o aguardarmos neste mundo, ele nos dará em troca o tempo futuro, pois ele nos
prometeu ressuscitar-nos dentre os mortos, e, se a nossa conduta for digna dele,
também reinaremos com ele, se tivermos fé”. (Policarpo aos Filipenses 5:2/ 110
d.C.).
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O Evangelho da Igreja Primitiva
2 Timóteo 2:12 “se perseveramos, também com ele reinaremos; se o
negamos, ele, por sua vez, nos negará;”
“É que o justo caminha neste mundo e espera o mundo santo. Vede como Moisés
legislou bem!”. (Epístola de Barnabé 10:11/ 90-130 d.C.).
“quando o espírito profético fala, profetizando sobre o futuro, ele diz assim:
“Porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor de Jerusalém;
ele julgará no meio das nações e argüirá um povo numeroso”. (Justino o mártir I
Apologia 39:1/150-160 d.C.).
“Se agora vemos que houve e continua havendo um grande poder pela economia de
sua paixão, que poder não terá com a sua vinda gloriosa? De fato, ele deverá vir
como filho do homem, sobre as nuvens, em companhia dos anjos, como disse
Daniel.“Então foi-lhe dado poder e honra régia, assim como todas as nações da
terra, segundo suas descendências, e toda a glória que o serve. Seu poder é poder
eterno e não lhe será tirado; o seu reino não será destruído”. (Justino o mártir
diálogo com Trifão 31:1/150-160 d.C.).
“Foi ainda ele que, pelos apóstolos, anunciou ter chegado a plenitude dos tempos
da adoção filial, que o Reino dos céus estava próximo e que se encontrava dentro
dos homens que criam no Emanuel nascido da Virgem”. (Irineu de Lião -Contra
heresias III/21:4/185 d.C.).
O texto acima é dos mais significativos para se derrubar a teoria
“amilenista” que permeou as interpretações da Igreja nos séculos que se
seguiram e que perdura em alguns ramos, até hoje. Com certeza, como
nos diz o Senhor Jesus em Lucas 17, as primícias do Reino se encontram
no coração dos crentes, como também Irineu o testifica. Porém, é
imprescindível notar que além dessas primícias interiores, dadas aos filhos,
Irineu também fala do anúncio da proximidade do Reino dos céus,
apontando para algo maior, ainda por vir.
Analisando o contexto das palavras do Senhor Jesus, a interpretação
completa, se clarifica.
Lucas 17:20-24 “Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o
reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com
visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino
de Deus está dentro de vós. A seguir, dirigiu-se aos discípulos: Virá
o tempo em que desejareis ver um dos dias do Filho do Homem e não
o vereis. E vos dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Não vades nem os
sigais; porque assim como o relâmpago, fuzilando, brilha de uma à
24
O Evangelho da Igreja Primitiva
outra extremidade do céu, assim será, no seu dia, o Filho do
Homem”.
O Senhor propositalmente dá uma resposta enigmática aos fariseus que o
interrogavam, pois não tinha compromisso em lhes facilitar a compreensão.
Deveriam discernir espiritualmente, se o pudessem fazer. A seguir, volta-se
para os seus discípulos e como não queria deixá-los em semelhante
dificuldade, lhes esclarece que o aparecimento do Reino estava totalmente
correlacionado a sua segunda vinda, que se dará de maneira manifesta à
vista de todos os olhos, inaugurando o “Dia do Senhor”.
“Desde que não nos podemos salvar sem o Espírito de Deus, o Apóstolo exorta nos
a conservar este Espírito de Deus, pela fé e por vida casta, para que não percamos
o reino dos céus, pela falta deste Espírito divino. E afirma solenemente que a carne
só e o sangue não podem obter o reino de Deus”. (Irineu de Lião -Contra heresias
V/9:3/185 d.C.).
Em I Coríntios15: 48-49 temos outra forte interpretação das palavras do
apóstolo Paulo, condicionando a posse do Reino à perseverança no decorrer
da carreira cristã e à manutenção da vida divina, que, como adverte o autor,
é passível de ser perdida, impossibilitando a herança do Reino.
25
O Evangelho da Igreja Primitiva
“Eu te bendigo por me teres julgado digno deste dia e desta hora, de tomar parte
entre os mártires, e do cálice de teu Cristo, para a ressurreição da vida eterna da
alma e do corpo, na incorruptibilidade do Espírito Santo”. (Martírio de São
Policarpo 14:2 / 155 d.C.).
“... nós também, que cremos como um só homem no Deus criador do universo, pelo
nome de seu Filho primogênito, nós nos despojamos de nossas vestes sujas, isto é,
de nossos pecados... mas Deus poderosamente as tirará de nós, quando ressuscitar
a todos, tornando uns incorruptíveis, imortais, isentos de dor e colocando-os em
seu reino eterno e indestrutível, e enviando outros para o suplício do fogo eterno”.
(Justino o mártir diálogo com Trifão 116:3 e 117:3/ 150-160 d.C.).
Mais um texto mostrando a clara compreensão que os cristãos possuíam
de que para tomar posse do reino, primeiro viria a ressurreição, sendo que
isso necessariamente tem de acontecer nessa ordem. O desprezo quase
total pela ressurreição e o dês-compromisso com a visão bíblica da
incorruptibilização dos santos devem-se ao fato de crer-se que se recebe a
suposta herança no céu, onde não há corrupção. Logo, não esperam a
ressurreição em incorruptibilidade para receberem a herança.
“Na sua segunda vinda acordará e porá todos estes homens de pé diante dos outros
que serão julgados e os estabelecerá em seu reino”.
“...o Verbo, invisível por natureza, se tornou palpável e visível entre os homens e
se rebaixou até a morte e morte de cruz; que os que crêem nele se tornarão
incorruptíveis e impassíveis e obterão o reino dos céus”. (Irineu de Lião -Contra
heresias IV/22:2 e 24:2/185 d.C.).
Outro escritor antigo, Aristides de Atenas, em sua Apologia escrita ao
Imperador Adriano, faz alusão à esperança cristã em ressuscitar para
desfrutar da vida futura.
“Eles têm os mandamentos do mesmo Senhor Jesus Cristo gravados em seus
corações, e os guardam, esperando a ressurreição dos mortos e a vida do século
futuro”. (Aristides de Atenas 15:3/cerca de 138 d.C.).
O texto a seguir, do mesmo autor, assinala que essa vida futura é a
vida prometida pelo Senhor Jesus no Reino.
“Este é portanto, o caminho da verdade, que conduz todos os que por ele caminham
ao reino eterno, prometido por Cristo na vida futura.”(Aristides de Atenas
15:9/cerca de 138 d.C.).
26
O Evangelho da Igreja Primitiva
Por fim, Aristides dá testemunho claro da fé na perspectiva da salvação
futura que é a ressurreição dos vencedores que tomarão posse do mundo
porvir.
“Com razão, portanto, o teu filho compreendeu e foi ensinado a servir ao Deus
vivo e salvar-se no mundo futuro.” (Aristides de Atenas 15:9/cerca de 138 d.C.).
Hebreus 2:5 “Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de
vir, sobre o qual estamos falando”;
27
O Evangelho da Igreja Primitiva
forem encontrados vivos e que serão transformados) dará aos santos,
corpos gloriosos não inferiores ao dele.
Qual é este pobre corpo que o Senhor transformará tornando-o semelhante ao seu
corpo glorioso? Evidentemente, o corpo carnal que é aviltado no sepulcro. A
transformação dele consiste nisto: que de mortal e corruptível é tornado imortal e
incorruptível, não pela sua natureza, mas por obra do Senhor que pode revestir de
imortalidade o que é mortal e de incorruptibilidade o que é corruptível”. (Irineu de
Lião -Contra heresias V/13:3/185 d.C.).
1 Coríntios 15:53 e 54 “Porque é necessário que este corpo
corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se
revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir
de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade,
então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte
pela vitória”.
Novamente Justino dá testemunho da fé de que um dia a morte não
dominará mais aqueles que são de Cristo.
“Na segunda vinda de Cristo ela cessará totalmente nos que acreditaram nele e
viveram de modo agradável a ele, e não existirá mais, quando alguns forem
mandados ao fogo para serem sem cessar castigados, e outros gozarem de
impassibilidade e incorruptibilidade, livres da dor e da morte”.
“Sofremos os últimos tormentos e nos alegramos de morrer, pois cremos que Deus
nos ressuscitará por meio de seu Cristo e nos tornará incorruptíveis, impassíveis e
imortais”. (Justino o mártir diálogo com Trifão 45:4 e 46:7/ 150-160 d.C.).
“Esta é a doutrina em que nós cremos: Deus ressuscitará os nossos corpos mortais
que guardaram a justiça e os tornará incorruptíveis e imortais”. (Irineu de Lião -
Contra heresias II/29:2/185 d.C.).
“Mas aos que o seguem e o servem, Deus concede a vida, a incorruptibilidade e a
glória eterna”. (Irineu de Lião - Contra heresias IV/14:1/185 d.C.).
“... depois de ser depostos na terra e se terem decomposto, ressuscitarão, no seu
tempo, quando o Verbo de Deus os fará ressuscitar para a glória de Deus Pai,
porque ele dará a imortalidade ao que é mortal e a incorruptibilidade ao que é
corruptível, pois o poder de Deus se manifesta na fraqueza”. (Irineu de Lião -
Contra heresias V/2:3/185 d.C.).
É significativo notar a seqüência da obra de salvação feita por Deus nos
seus filhos. Primeiro o eleito recebe o espírito Santo do Senhor, que
28
O Evangelho da Igreja Primitiva
preenchendo o coração, possibilita o desenvolvimento pleno da vida divina
na alma humana. De dentro para fora, o espírito de Jesus, edifica a alma
expurgando toda nódoa do pecado, tornando-a perfeita. É assim que a
Igreja do tempo do fim andará na terra, irrepreensível, pura e sem pecado,
pronta para o encontro com o Noivo Jesus Cristo. Só lhe faltará a
incorruptibilização do corpo, última parte do homem a sofrer o processo de
glorificação.
29
O Evangelho da Igreja Primitiva
Temos aqui, o ponto crucial que diferencia a fé da Igreja Primitiva da Igreja
Moderna. Não há em todos os escritos mais antigos, registros dos cristãos
ansiando em ir para o céu e, muito menos, em morar lá. Todo anseio, como
já ficou bem evidenciado neste capítulo, é direcionado para o futuro (literal)
Reino de Cristo, que será estabelecido sobre a terra e a ressurreição em
glória, imortalidade e incorruptibilidade que alcançarão os justos. Não há
qualquer alusão à palavra céu (ouranon), em qualquer referência ao “estado
intermediário” (na morte), onde as almas dos justos estão aguardando a
ressurreição.
Daí podem conjecturar: Será que os primeiros cristãos desconheciam (não
tinham revelação) sobre o paradeiro de suas almas ao morrerem? Ou,
mesmo sobre a forte perseguição e martírios, eles não expressariam o
consolo da convicção de saberem o lugar para onde iriam? Por que eles
não proclamariam a sua “ida para o céu”, claramente como passamos a
verificar em vários registros históricos, depois da metade do segundo
século? Seria isso uma revelação posterior a esse período?
O Fato é discutido no último capítulo (apêndice) desse livro.
Os textos abaixo dão testemunho de como os cristãos criam e nos mostram
a discrepância entre a fé apostólica legada à Igreja primitiva e o anseio
moderno de fuga para um outro plano de existência; onde o que deveria ser
entendido como temporário, é visto como meta final, o que não significa que
esteja atestando que o destino do cristão que morre é o céu, senão, que
admito a permanência temporária em outra dimensão, o Mundo dos mortos
(Hades). As palavras do Senhor Jesus profetizam sobre o dia em que a Igreja
vencerá a morte, rompendo as cadeias do Hades, saindo do seu domínio,
na ressurreição gloriosa.
Mateus 16:18. “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno (Hades) não
prevalecerão contra ela”.
30
O Evangelho da Igreja Primitiva
para o lugar santo, tornando-se o maior modelo de perseverança”. (Clemente aos
Coríntios 5:1-7/ 65-93 d.C.).
O texto acima, escrito por Clemente, Bispo da Igreja de Roma, que seria um
dos colaboradores citados por Paulo (Filipenses 4:3), fala que tanto o
apóstolo como também Pedro, foram para “o lugar separado” que lhes era
reservado. No texto abaixo, igualmente, a referência é a um lugar
especifico, porém não determinado claramente. Ainda, para evidenciar esse
lugar de espera, cita Isaías 26:20.
“... mas aqueles que, pela graça de Deus, se tornaram perfeitos no amor permanecem
no lugar dos piedosos. Esses hão de tornar-se manifestos, quando aparecer o Reino
de Cristo. Com efeito, está escrito: “Entrai um pouco em vossos quartos, até que
passem a minha ira e o meu furor. Então, eu me lembrarei do dia ótimo, e vos
ressuscitarei dos vossos sepulcros”. (Clemente aos Coríntios 50:3-4/ 65-93 d.C.).
“Portanto, eu vos exorto a todos, para que obedeçais à palavra da justiça e sejais
constantes em toda a perseverança, que vistes como os próprios olhos, não só nos
bem-aventurados Inácio, Zózimo e Rufo, mais ainda em outros que são do vosso
meio, no próprio Paulo e nos demais apóstolos. Estejam persuadidos de que
nenhum desses correu em vão, mas na fé e na justiça, e que eles estão no lugar que
lhes é devido junto ao Senhor, com o qual sofreram”. (Policarpo aos Filipenses 9:1/
110 d.C.).
A tendência moderna conduz à conclusão por associação de idéias: se o
Senhor Jesus está no céu à destra de Deus, logo os santos só podem estar
com ele também no céu. Note que Policarpo não diz isso necessariamente.
Ele, como os demais, faz referência a um lugar onde o Senhor tem
comunhão com os seus santos. Os textos que se seguem deixarão mais
claro o que seria esse lugar.
“Digo, então, que as almas dos justos permanecem num lugar melhor e as injustas
e más ficam em outro lugar, esperando o tempo do julgamento”. (Justino o
mártir diálogo com Trifão 5: 3/ 150-160 d.C.).
Essa afirmação de Justino, novamente denomina como “um lugar” a
dimensão para onde vão as almas dos justos e fazendo distinção de um
outro lugar para os injustos, corrobora com a visão do “Hades - mundo dos
mortos”, dividido em dois compartimentos, a saber: “O seio de Abraão” e o
lado dos tormentos”. Também é enfático em demonstrar que essa condição
tem tempo determinado.
Lucas 16: 23 “No inferno(Hades), estando em tormentos, levantou os
olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio”.
31
O Evangelho da Igreja Primitiva
É importante discernir a expressão: “levantou os olhos”, pois alguns
argumentam que o rico estava num patamar inferior, olhando para cima
(para o céu), onde estariam Abraão e Lázaro. Só que esta expressão
significa: “ver mais além, ou mais adiante”. Também porque não é levantar
a cabeça e sim erguer os olhos, como Jesus mandou que seus discípulos
fizessem para verem os campos. Com certeza os campos não se
encontravam no céu.
João 4:35. “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa?
Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já
branquejam para a ceifa”.
Para enriquecer ainda mais, essa interpretação neo-testamentária,
transcrevemos abaixo o comentário do historiador judeu do século I, Flávio
Josefo, que descreve o pensamento judaico sobre o Hades.
“Quanto ao Hades, o lugar onde estão as almas dos justos e injustos, é necessário
que se comente a respeito. O Hades fica em algum lugar não especificado no mundo;
uma região subterrânea onde a luz deste mundo não brilha... há ali uma escuridão
perpétua. É um lugar onde as almas são admitidas em custódia, e onde existem
anjos que as guardam. Os mesmos distribuem às almas punições temporárias, de
acordo com o comportamento de cada uma.
Nessa região há um determinado lugar à parte, como um lago de fogo eterno,
onde supõe-se que ninguém até agora esteve; mas está preparado para um dia
predeterminado por Deus, quando será proclamada a sentença que cada homem
merecer... O injusto receberá seu castigo eterno... enquanto o justo obterá um reino
incorruptível e que nunca findará. Estes últimos estão ainda confinados no hades,
mas não no mesmo lugar onde os injustos estão... Há um declive naquela região,
em cujo portão há um arcanjo postado com um exército ... O justo é guiado para a
direita, e dirigido com hinos cantados pelos anjos... a uma região de luz, na qual
os justos têm vivido desde a fundação do mundo...Tal lugar é chamado seio de
Abraão.
Mas quanto ao injusto, será levado à força para a esquerda, por anjos que
distribuirão punições, como prisioneiros... e não apenas isso, mas de onde estão
podem ver também o lugar dos patriarcas e dos justos; até com estas visões são
punidos, pois um profundo e largo caos os separa; de tal forma que nenhum homem
justo, mesmo que tivesse compaixão deles poderia ser admitido, nem tão pouco o
injusto, mesmo que tivesse coragem suficiente para tentar, conseguiria atravessar”.
Os paralelos com os textos bíblicos são bastante coerentes se levarmos em
conta que Flávio Josefo não era cristão. Compreende-se assim, a diferença
32
O Evangelho da Igreja Primitiva
entre Hades (mundo dos mortos), mal traduzido nas versões em português
como o *Inferno, que é temporário, e o lago de fogo e enxofre, que é a
dimensão final e eterna de punição dos malignos, sejam homens, anjos,
principados, potestades e também o próprio diabo.
Ficam mais claros alguns textos, como a descida de Jesus ao Hades.
Também, o próprio Hades depois de esvaziado das almas que continha,
sendo lançado para dentro do lago de fogo no futuro Juízo final.
Efésios 4:9 “Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia
descido às regiões inferiores da terra”?
I Pedro 3:19 “no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão”,
Apocalipse 20:14 “Então, a morte e o inferno(Hades) foram lançados
para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de
fogo”.
33
O Evangelho da Igreja Primitiva
ao Pai; mas vá aos meus discípulos e dize-lhes: Subo ao meu Pai e vosso Pai”.
(Irineu de Lião -Contra heresias V/31:1-2/185 d.C.).
No texto acima, Irineu combate os líderes heréticos que se julgando
ortodoxos e mais sábios do que os Pais da Igreja mutilavam o Evangelho e
sobrepunham suas próprias idéias acima da tradição apostólica.
Contrariando a verdade, tinham um discurso, infelizmente, parecido com o
que muitos cristãos, e mesmo não crentes hoje professam, ou seja, a idéia
de que quando se morre, a alma vai direto para o céu.
“Se o Senhor se submeteu às leis da morte para ser primogênito entre os mortos e
ficou três dias nas regiões inferiores da terra (Hades) antes de ressuscitar na carne,
para mostrar aos discípulos também os sinais dos pregos, e assim subir ao Pai,
devem-se envergonhar os que afirmam que o Inferno é este nosso mundo e que o
homem interior sobe para um lugar supra celeste, deixando aqui o corpo. Tendo o
Senhor ido entre as sombras da morte, onde estavam as almas dos mortos, e
ressuscitando depois corporalmente, e depois de ressuscitado, sendo levado ao
céu, indicou que o mesmo aconteceria com seus discípulos, pois era para eles que o
Senhor fez tudo isso: as almas deles irão a um lugar invisível estabelecido por
Deus e aí ficarão até a ressurreição, à espera dela; depois reassumirão seus corpos,
da mesma forma que o Senhor ressuscitou, e irão à presença de Deus. “Nenhum
discípulo é superior ao mestre, mas todo discípulo será perfeito como o seu mestre”.
Como o nosso Mestre não voltou logo para o céu, mas esperou o tempo da sua
ressurreição, estabelecido pelo Pai e indicado pela história de Jonas, e
ressuscitando depois de três dias, foi assunto ao céu; assim nós devemos esperar o
momento da nossa ressurreição estabelecido pelo Pai e prenunciado pelos profetas.
Então, ressuscitando, serão levados ao céu os que, entre nós, o Senhor julgará
dignos”. (Irineu de Lião - Contra heresias V/31:1-2/185 d.C.).
Essa extensa narrativa de Irineu detalha com respaldo bíblico, várias
questões:
a) nega que a alma vá imediatamente ao céu depois da morte;
b) o próprio Senhor Jesus não foi para o céu imediatamente, antes desceu
ao Hades como todos os mortos;
c) os santos estão no “lugar invisível” e aguardarão lá até a ressurreição; d)
os que participam da primeira ressurreição se encontram com o Senhor nos
ares; no arrebatamento, e somente aí, estarão para sempre com o Senhor,
(I Ts 4:17).
“De fato, eu não me disponho a seguir humanos ou ensinamentos que dele provêm.
Se vós encontrastes alguns que se dizem cristãos e não confessam isso, mas se
34
O Evangelho da Igreja Primitiva
atrevem a blasfemar contra o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, e dizem que
não há ressurreição dos mortos, mas que no momento de morrer suas almas são
recebidas no céu, não os considereis como cristãos”. (Justino o mártir diálogo com
Trifão 80:3-4/ 150-160 d.C.).
Tremendamente enfático o que está escrito acima. E eu sei que para muitos
há um choque de fé, pois nesse tempo, tudo isso tem sido afirmado como
verdade e posto no coração de muitos crentes sinceros como esperança.
Contudo, quero desafiá-lo a amar sobre tudo a verdade e, se preciso for,
lançar fora toda doutrina de homens, para que somente a verdade tome
conta do seu coração.
Mas então, o que mais os primeiros cristãos criam que não é ensinado hoje?
Posso lhes dizer que onde quer que se localize geograficamente essa
dimensão do seio de Abraão, é para lá que os santos estão afluindo e
formando a construção do Edifício Espiritual. O Pastor de Hermas em
suas visões descreve a construção dessa torre, onde os cristãos constituem
as pedras vivas, perfeitamente ajustadas e o próprio Senhor Jesus é o
alicerce (a rocha) e a porta desse edifício. Diz também que ela está em
acabamento e só findará quando o último filho de Deus tiver entrado, o que
cremos está bem próximo de acontecer.
“Eu perguntei: Antes de tudo, explica-me o que representam a rocha e a porta? Ele
me respondeu: “a rocha e a porta são o Filho de Deus. Eu continuei: como é que a
rocha é antiga e a porta é recente? Ele explicou: Escuta, homem insensato, e
compreende. O Filho de Deus nasceu antes de toda a criação, embora ele tenha
sido conselheiro de seu Pai para a criação. É por isso que a rocha é antiga. Eu lhe
perguntei: E por que a porta é nova, senhor? Ele respondeu: Por que ele se
manifestou nos últimos dias da consumação. A porta foi feita recentemente, para
que os que devem salvar-se entrem por ela no Reino de Deus”.
“Eu perguntei:“ O que é a torre?” Ele disse “A torre é a Igreja” (O pastor de Hermas
89:1-3 e 90:1/entre 100 e 140 d.C.).
Efésios 2:21. “no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para
santuário dedicado ao Senhor,”
1 Pedro 2:5 “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois
edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de
oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio
de Jesus Cristo”.
36
O Evangelho da Igreja Primitiva
Lucas 23:42-43 “E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando
vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que
hoje estarás comigo no paraíso”.
Atos 2:31 “nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a
sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua carne viu a
corrupção”. # (tradução João Ferreira de Almeida- Revista e
Corrigida).
Capítulo IV
A Fé da Igreja no Estabelecimento do
Reino na Terra
Eu posso afirmar que se você já chegou até esse capítulo, perseverando
contra a maré de credos pré-estabelecidos em seu coração e constatou o
enorme abismo que separa a Igreja primitiva da atual, você já pode
conceber a incrível tragédia que se abateu sobre a Igreja do Senhor Jesus
em todos esses séculos, tendo condições, também, de entender o porquê
das coisas como são hoje, a triste realidade da Igreja dividida.
Mesmo que a visão da inversão de valores da fé em todo o mundo possa ser
razão para desânimo, muito pelo contrário, devemos, na realidade, nos
alegrar pelo fato de Deus, na sua misericórdia, devolver os “olhos” à sua
Igreja, para que possamos ver e, coma visão restaurada, levarmos muitos
a enxergarem o propósito eterno de Deus.
O que é universalmente aceito no seio da Igreja hoje como expectativa de
Reino de Deus? A idéia é ir para o céu, e lá gozar eternamente na presença
do Pai, enquanto tudo que ficou para trás - o Mundo (tanto as pessoas não-
salvas como o Planeta) - é totalmente destruído pelo fogo. Uma porção da
Igreja ainda admite a possibilidade de reinar com Jesus Cristo no período
milenar e depois disso igualmente “subiriam para o céu” para a eternidade.
Seria essa a fé deixada por Jesus aos seus discípulos e à Igreja primitiva?
Espero realmente, que o Espírito de Cristo já esteja operando uma
mudança profunda no seu modo de crer, pelo simples fato de você poder
37
O Evangelho da Igreja Primitiva
constatar pela leitura as declarações verídicas dos cristãos que professaram
e morreram crendo nas verdades eternas.
Cabe aqui um comentário exegético, para que você não chegue
erroneamente à conclusão de que não cremos no Reino que o Pai tem nos
céus.
A expressão “Reino dos céus” no original grego: basileia twn ouranwn,
empregada exclusivamente por Mateus trinta e uma vezes no seu
evangelho, tem por sinônimo a expressão “Reino de Deus”- basileia tou yeou
mais comumente usado na bíblia.
A partícula tou é plural nos casos genitivo e ablativo, que indicam posse e
origem, por isso traduzido com a preposição “dos” (de origem dos céus).
Caso Mateus tivesse em mente falar de Reino nos céus, teria que
forçosamente usar a partícula toiv no caso locativo, indicando lugar.
Os judeus entendiam a expressão como sendo a majestade do Reino dos
céus, implantado na terra, que subordinaria todos os reinos humanos.
É fato indiscutível, proclamado nas Escrituras, que Deus Pai é Rei Supremo
do Universo, e que o Senhor Jesus hoje se assenta à sua destra nos céus.
As Escrituras também dão testemunho dos séqüitos de seres celestiais que
formam, por assim dizer, a corte desse Reino, juntamente com miríades de
Anjos distintos em várias categorias hierárquicas. Porém, quero salientar
que o Reino de Deus perfeitamente estabelecido nos céus, onde nada se faz
fora da vontade absoluta de Deus, um dia será estabelecido aqui na terra,
para que os homens experimentem o Reino que vem dos céus, quando o
Pai finalmente verá cumprida toda a sua vontade também no mundo dos
homens.
Apocalipse 11:15 “O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu
grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso
Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos”.
Observe novamente a oração modelo deixada por Jesus aos discípulos:
Mateus 6:9-10. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás
nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a
tua vontade, assim na terra como no céu”;
O Reino virá e se estabelecerá, fazendo com que a vontade de Deus seja
cumprida plenamente na terra como ela já é feita nos céus. O mais
importante, no entanto, que é ignorado pela maioria dos filhos de Deus, é
o dever dos crentes em ansiarem e clamarem pela vinda do Reino.
A implantação definitiva do governo celestial, regendo a humanidade, tem
de ser um sonho, não utópico, mas uma realidade desejada no coração de
cada filho de Deus.
Não quero conduzir suas conclusões, deixo que o eco das vozes desses
irmãos ressoe através dos séculos e fale hoje ao seu coração.
38
O Evangelho da Igreja Primitiva
“Meus irmãos, não vos enganeis. Aqueles que corrompem uma família não herdarão
o Reino de Deus”. (Inácio aos Efésios 16:1/110-115 d.C.).
“Aprendei como nós a recebemos. Moisés a recebeu como servo, mas o próprio
Senhor, depois de sofrer por nós, no-la entregou como povo da herança. Ele
apareceu, para que aqueles levassem ao máximo a medida dos pecados e nós
recebêssemos a aliança mediante o Senhor Jesus, o herdeiro”. (Epístola de Barnabé
14:4-5/ 90-130 d.C.).
A Igreja que está em Cristo torna-se legítima herdeira com Cristo Jesus do
Reino eterno.
Lucas 22:29. “Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo
confio”,
Romanos 8:17 “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros,
herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos,
também com ele seremos glorificados”
“Ora, ele tinha dito antes: Que eles cresçam, se multipliquem e dominem os peixes.
E quem pode hoje dominar feras, ou peixes, ou os pássaros do céu? Devemos
compreender que dominar implica poder, a fim de que aquele que ordena possa
dominar. Se hoje não é assim, ele nos disse o tempo: Quando formos perfeitos para
sermos herdeiros da aliança do Senhor”. (Epístola de Barnabé 14:4-5/ 90-130
d.C.).
Este texto é um dos mais interessantes porque faz alusão à perda de poder
do homem na pessoa de Adão, que tinha recebido de Deus autoridade
delegada sobre toda criação. A argumentação segue explicando a razão pela
qual os filhos de Deus não têm, ainda, esse mesmo poder de subjugar a
criação, condicionando isso ao estágio de perfeição que a Igreja ainda
gozará, então, poderá dominar sobre tudo. A herança do Reino também
implica em reassumir tudo que foi perdido em Adão.
“A saída do Egito de todo o povo e tudo o que aconteceu pela ação de Deus foi
figura e o tipo do êxodo da Igreja, que se daria do paganismo; desta Igreja que, no
39
O Evangelho da Igreja Primitiva
fim, sairá daqui para entrar na herança que lhe dará, não Moisés, servo de Deus,
mas Jesus, o Filho de Deus”. (Irineu de Lião - Contra heresias IV/30:4/185 d.C.).
Mateus 25:34 “ então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita:
Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo”
“E com Abraão herdaremos a terra santa, tomaremos posse de uma herança eterna
sem fim, porque somos filhos de Abraão, pois temos a sua mesma fé”. (Justino o
mártir diálogo com Trifão 119: 5/ 150-160 d.C.).
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O Evangelho da Igreja Primitiva
“Está claro, portanto, que os que contestam a salvação de Abraão e fabricam para
si um Deus diverso daquele que fez as promessas a Abraão, são excluídos do Reino
de Deus e deserdados da incorruptibilidade como adversários e blasfemadores de
Deus, o qual introduz no Reino dos céus Abraão e sua descendência, isto é a Igreja
que por meio de Jesus Cristo recebe a adoção e a herança prometidas a Abraão”.
(Irineu de Lião –Contra heresias IV/8:1/185 d.C.).
Os apóstatas são advertidos por Irineu por tentarem desassociar as
promessas dadas a Abraão, e à Igreja de Cristo. Irineu categoricamente
afirma que os tais são excluídos do Reino e alijados de todas as promessas .
“Por isso, os que são da fé serão abençoados com Abraão que creu. Por isso o chama
não somente profeta da fé, mas o pai dos que entre os gentios crêem em Cristo Jesus,
porque é uma e única, a sua e a nossa fé: ele creu em coisas futuras como se já
tivessem acontecido, por causa da promessa de Deus, assim também nós, pela fé,
contemplamos como que num espelho a herança que receberemos no reino, por causa
da promessa de Deus”.
“Se, portanto, os que, vindos do oriente e do ocidente, acreditaram nele pela
pregação dos apóstolos devem encontrar lugar com Abraão, Isaque e Jacó no Reino
dos céus, e participar com eles da mesma festa, está demonstrado que um só e
idêntico Deus escolheu os patriarcas, visitou o povo e chamou os pagãos”. (Irineu
de Lião – Contra heresias IV/21:1 e 36:8/185 d.C.). “O Senhor virá do alto do céu,
sobre as nuvens, na glória do Pai, e o lançará no lago de fogo com todos os seus
seguidores; para os justos trará os tempos do Reino, isto é, o repouso do sétimo dia
santificado, e dará a Abraão a herança prometida, aquele Reino, diz o Senhor, ao
qual muitos virão do oriente e do ocidente para se assentar à mesa com Abraão,
Isaque e Jacó”. (Irineu de Lião – Contra heresias V/30:4/185 d.C.).
Vemos como estava claro para Irineu que Abraão só tomaria posse da
promessa depois da volta de Cristo, e o autor usa uma expressão
interessante para esse período: “Os tempos do Reino”.
“A propriedade da terra que Deus lhe tinha prometido e que não recebeu durante
toda a sua estada aqui na terra, é necessário que a receba com a sua posteridade,
isto é, os que temem a Deus e crêem nele, na ressurreição dos justos. A sua
posteridade é a Igreja que, por meio do Senhor, recebe a filiação adotiva de
Abraão...”
“Ora, Deus prometeu a herança da terra a Abraão e sua posteridade, mas, se nem
Abraão nem sua posteridade, que são os justificados pela fé, recebem agora a
herança da terra, eles a receberão na ressurreição dos justos, porque Deus é verídico
41
O Evangelho da Igreja Primitiva
e estável em todas as coisas. É por isso que o Senhor dizia: Bem-aventurados os
mansos porque herdarão a terra”. (Irineu de Lião – Contra heresias V/32:2/185
d.C.).
Outra colocação objetiva mostrando que Abraão tem o direito assegurado
de tomar posse da terra das suas peregrinações, o que não fez em vida, mas
o fará na sua ressurreição e juntamente com ele todos os que têm a fé de
Abraão.
Hebreus 11:9 “Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em
terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com
ele da mesma promessa”;
“Seja manso, porque os mansos receberão a terra como herança”. (A Didaquê 3:7/
90-100 d.C.).
Esta pequena frase exortativa, tirada do sermão do Senhor em Mateus 5:5,
contém uma promessa clara e contundente que relaciona a herança dos
cristãos à posse da terra.
“Do mesmo modo, Jesus, o Cristo, fará voltar a dispersão do povo e distribuirá a
cada um a terra boa, embora não como aquela. De fato, aquele lhes deu uma
herança momentânea, pois não era Cristo, Deus, nem filho de Deus. Jesus, porém,
depois da santa ressurreição, nos dará uma possessão eterna”.
“É nele por primeiro e em seguida por ele que o Pai renovará o céu e a terra. É ele
que brilhará em Jerusalém como luz eterna. Ele é o rei de Salém e sacerdote eterno
do Altíssimo, segundo a ordem de Melquisedeque”. (Justino o mártir diálogo com
Trifão 113:3-4 e 5/ 150-160 d.C.).
Acima, duas porções importantíssimas do diálogo entre Justino e o judeu
Trifão. Fazendo um paralelo entre Josué e Jesus, mostra a primeira posse
da terra santa como um tipo da possessão eterna que os santos obterão
após a ressurreição. Segue afirmando a restauração do céu e da terra,
assim como assinala a permanência da santa cidade Jerusalém. O detalhe
é que Justino dava testemunho a um judeu da futura restauração de
43
O Evangelho da Igreja Primitiva
Jerusalém, pois ambos tinham ciência que a Jerusalém de seus dias já se
encontrava em ruínas desde a sua derrubada por Tito e Vespasiano, em 70
d.C.
“Cristo veio, conforme a virtude que lhe foi dada pelo Pai onipotente, para chamar
à amizade, penitência e convivência todos os santos na mesma terra, cuja posse
lhes promete, conforme foi antes demonstrado. Portanto, os homens de todas as
origens , seja livres, seja escravos, se crerem em Cristo e reconhecerem a verdade de
suas palavras e as dos profetas, têm a segurança de que viverão junto com ele
naquela terra e herdarão os bens eternos e incorruptíveis. (Justino o mártir diálogo
com Trifão 139:4 e 5/ 150-160 d.C.).
“Ele renovará a herança da terra e restaurará o ministério da glória dos filhos de
Deus, como diz Davi: Ele renovará a face da terra. Prometendo beber do fruto da
videira com os seus discípulos, mostrou juntamente a herança da terra na qual se
bebe o novo fruto da videira e a ressurreição carnal dos seus discípulos. A carne
que ressuscita renovada é a mesma que recebe a bebida nova, pois não se poderia
entender que ele beba do fruto da videira num lugar supra celeste, nem que os que
bebem não tenham um corpo de carne. Pertence à carne e não ao espírito a bebida
que se extrai da videira”. (Irineu de Lião – Contra heresias V/33:3/185 d.C.).
A argumentação não poderia ser mais específica sobre a herança, na terra
restaurada, que receberão os filhos de Deus já com corpo glorificado, como
o de Jesus. Para provar, ele cita as palavras proféticas do Senhor, e, com
um toque de ironia, mostra que o fruto da videira só pode ser extraído na
terra e não no céu, além de ser bebido literalmente, experiência física (ainda
que em nova realidade) e não sobrenatural (etérea) e estratosférica.
“Eles podem dizer com malícia: Se o céu é o trono de Deus e a terra o seu
escabelo,também se diz que o céu e a terra passarão, então passará também com
eles aquele Deus que está sentado neles e por isso não será mais o Deus que está
acima de todas as coisas. Primeiro, não sabem em que sentido o céu é o trono e a
terra escabelo, mas um homem, senta-se sobre estas coisas e seja contido por elas e
não que ele as contém. Desconhecem também o que significa o passar do céu e da
terra, mas Paulo, que não o ignorava, dizia: “Passa a figura deste
mundo”.Ademais, a questão já foi resolvida por Davi: quando esta figura passará,
não é somente Deus, ele diz, que há de ficar, mas também os seus servos. No Salmo
102, assim se exprime: “No princípio firmaste a terra, Senhor, e o céu é obra de
tuas mãos; eles perecerão, mas tu permanecerás; como um vestido hão de ficar
gastos e como uma veste os mudarás, e ficarão mudados; tu, porém, és sempre igual
44
O Evangelho da Igreja Primitiva
e os teus anos não terão fim: os filhos dos teus servos terão morada e a posteridade
deles será estável para sempre”, mostrando claramente quais são as coisas que
passam e quem permanece para sempre, Deus e os seus servos. (Irineu de Lião –
Contra heresias IV/3:1/185 d.C.).
Jerusalém Restaurada,
Sede do Governo de Deus
Como já foi falado antes, Justino e Irineu, ambos do segundo século da era
cristã, tinham plena noção da destruição de Jerusalém pelos romanos,
ocorrida no século anterior. Porém, a fé no Reino estabelecido na terra num
futuro, para eles próximo, culminava na completa restauração da cidade
do grande Rei.
“Eu respondi:- Não é isso o que estou dizendo, mas que aqueles que perseguiram e
continuam perseguindo Cristo, e não fazem penitência, não terão parte alguma na
herança do monte santo. Por outro lado, as nações que creram nele e fizeram
penitência de seus pecados entrarão na parte da herança, junto com os patriarcas,
profetas e com os justos que procedem de Jacó, ainda que não observem o sábado,
nem se circuncidem, nem guardem as festas. Esses herdarão certamente a herança
santa de Deus, pois ele diz o seguinte mediante Isaías: Eu, o Senhor Deus, te
chamei na justiça, tomar-te-ei pela mão e te fortalecerei. Eu te coloquei como
aliança de gerações e como luz para as nações, para abrir os olhos dos cegos, tirar
da prisão os encarcerados e da casa da guarda os que estão sentados na treva.
(Isaías 63) E de novo: Levantai a bandeira para as nações, pois eis o que o Senhor
fez ouvir até os confins da terra:dizei às filhas de Sião: eis que o teu salvador
chegou, trazendo consigo a sua recompensa e a sua obra diante da sua face, e te
chamará povo santo, resgatado pelo Senhor. Tu serás chamada cidade procurada e
não cidade abandonada “(Isaías 42). (Justino o mártir diálogo com Trifão 26:1-2/
150-160 d.C.).
“Diante disso, Trifão me responde: - Amigo, já te disse que tu te esforças em tudo
para agarrares às Escrituras. Dize-me, porém: vós realmente confessais que a
cidade de Jerusalém será reconstruída e esperais que aí vosso povo irá reunir-se e
alegrar-se com Cristo, com os patriarcas, os profetas e os santos de nossa
descendência, e até com os prosélitos que viveram antes da vinda de vosso Cristo?”
45
O Evangelho da Igreja Primitiva
“De minha parte, eu e alguns outros cristãos de mentalidade correta não só
admitimos a futura ressurreição da carne, mas também mil anos em Jerusalém
reconstruída, embelezada e aumentada, como o prometem Ezequiel, Isaías e os
outros profetas”.
“Além disso, houve entre nós um homem chamado João, um dos apóstolos de Cristo,
que numa revelação que lhe foi feita, profetizou que aos que tiverem acreditado em
nosso Cristo passarão mil anos em Jerusalém e que depois disso, viria a ressurreição
universal e, dizendo brevemente, a ressurreição eterna e o julgamento de todos os
justos”. (Justino o mártir diálogo com Trifão 80:1 e 5; 81:4 / 150-160 d.C.).
Justino dá testemunho ao judeu Trifão sobre a fé na futura reconstrução
da cidade de Jerusalém, que, além de restaurada, ainda será ampliada e
embelezada, fruto da sua tomada de posse pelo Rei Jesus e pelos santos
príncipes que ali se estabelecerão. Ele também se refere ao período milenial
na Jerusalém restaurada e ampliada, e vê isso como um período literal,
pois somente depois desse tempo viria a ressurreição dos mortos de todos
os tempos.
É importante notar que Justino se estriba totalmente nas profecias do
Velho Testamento, como prova da sua fé, pois crê piamente que tais
promessas se cumprirão cabalmente.
Apocalipse 20:3-6. “lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre
ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os
mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo.
Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada
autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa
do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus,
tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua
imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e
reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não
reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira
ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na
primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem
autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele os mil anos”.
“Jesus nos mandou amar inclusive os inimigos; a mesma coisa foi anunciada por
Isaías em extensa passagem (Is 66), na qual ele também alude ao mistério da nossa
regeneração e, em geral, de todos aqueles que esperam que Cristo aparecerá em
Jerusalém e se esforçam em agradar-lhe com suas obras”. (Justino o mártir diálogo
com Trifão 85:7/ 150-160 d.C.).
46
O Evangelho da Igreja Primitiva
“Isaías diz ainda a respeito de Jerusalém e de seu rei: Bem-aventurado quem tem
posteridade em Sião e parentes em Jerusalém. Eis que um Rei justo reinará e os
príncipes reinarão com justiça. E acerca dos preparativos para a sua reconstrução,
diz: Eis que te preparo carbúnculo como pedras e safira para as fundações, jaspe
para as torres, cristal para as portas e pedras preciosas para as muralhas. Todos os
teus filhos serão instruídos pelo Senhor e viverão em grande paz; e serás edificada
na justiça”. (Irineu de Lião – Contra heresias V/34:4/185 d.C.).
Clara alusão ao Reino Sacerdotal estabelecido: Jesus, como Rei, repartindo
a realeza com os santos príncipes em Jerusalém, a sede do governo mundial
do Cristo sobre a Terra.
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O Evangelho da Igreja Primitiva
a lua e as estrelas, então ele, de fato, repousará no sétimo dia”. (Epístola de
Barnabé 15:3-5/ 90-130 d.C.).
Essa visão, de se relacionar os dias da criação com número de anos que o
mundo viverá, era compartilhada por alguns dos Pais da Igreja. A contagem
para se chegar aos seis mil anos era a seguinte: de Adão à Abraão-2000
anos; de Abraão à Jesus Cristo-2000 anos; de Jesus até a consumação
presumiam mais 2000 anos,( o que culminaria, basicamente nos dias em
que estamos vivendo), daí com o estabelecimento do Reino de Cristo, outros
1000 anos, que seria correspondente ao sábado(descanso) e por fim o oitavo
dia, ou primeiro, inaugurando a eternidade.
“Quantos foram os dias empregados a criar este mundo, tantos serão os milênios
da sua duração total. Eis por que o livro de Gênesis diz: Assim foram concluídos
os céus e a terra e toda a sua ornamentação. Deus concluiu no sexto dia toda a
obra que fizera e no sétimo dia descansou de todas as obras que fizera. Esta
descrição do passado, tal como aconteceu, e ao mesmo tempo um a profecia para o
futuro: com efeito, se um dia do Senhor é como mil anos, se a criação foi acabada
em seis dias, está claro que a consumação das coisas acontecerá no sexto milênio”.
(Irineu de Lião – Contra heresias V/34:4/185 d.C.).
“Onde estão o cêntuplo nesta vida, os almoços oferecidos aos pobres, e os jantares
restituídos? Isso acontecerá nos tempos do reino, isto é, no sétimo dia que foi
santificado quando Deus descansou de toda obra que tinha feito; o verdadeiro
sábado dos justos, no qual não executarão nenhuma obra terrena, mas estarão
diante de mesa preparada por Deus que os alimentará com todas as iguarias”.
(Irineu de Lião – Contra heresias V/33:2/185 d.C.).
Lucas 12:37 “Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor,
quando vier, os encontre vigilantes; em verdade vos afirmo que ele
há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa e, aproximando-se, os
servirá”.
“Ora, a benção de que se falava, sem dúvida se refere aos tempos do reino, em que
reinarão os justos, depois de ter ressuscitado dos mortos, quando a criação,
libertada e renovada, produzirá abundantemente toda espécie de alimentos, pelo
orvalho do céu e a fertilidade da terra”. (Irineu de Lião – Contra heresias
V/33:3/185 d.C.).
A visão dos animais restaurados à sua primeira natureza era algo
perfeitamente crível para os cristãos primitivos. Teófilo colabora com essa
fé dissertando sobre o motivo dos animais se encontrarem, hoje, em estado
selvagem, atribuindo isso ao pecado do homem.
“Quanto às feras, elas se chamam assim por causa da sua ferocidade, não porque
desde o princípio fossem más ou venenosas, pois nada do que é mau foi criado por
Deus desde o princípio; ao contrário, tudo era bom e até muito bom, mas o pecado
49
O Evangelho da Igreja Primitiva
do homem as tornou más. Quando o homem que é o senhor, pecou, também todos
os animais, seus escravos, pecaram com ele. Portanto, quando o homem voltar a
viver conforme a natureza e não agir mal, também os animais serão estabelecidos
em sua mansidão original. (Teófilo de Antioquia – livro II /17/cerca de 180 .C.).
“Isaías, profetizando sobre estes tempos dizia: “O lobo pastará com o cordeiro,
o leopardo se deitará com o cabrito. O bezerro, o leão e o novilho pastarão
juntos e um menino pequeno os guiará. A vaca e o urso pastarão juntos e
juntas se deitarão suas crias. O leão se alimentará de forragem como o boi.
A criança de peito porá a mão na cova das serpentes, na cova dos seus
filhotes, e não lhe farão mal e não poderão mais fazer morrer ninguém sobra
a minha montanha santa” (Is 11:6-9). E diz o mesmo, noutro lugar: “Os lobos
e os cordeiros pastarão juntos e o leão comerá feno como o boi, para a
serpente, a terra será pão; não se fará mal nem violência no meu monte santo,
diz o Senhor”( Is 65:25). Eu sei que alguns se esforçam por aplicar estes textos
de maneira metafórica àqueles homens selvagens, que, provindo de povos diversos
e dedicados a ocupações de toda espécie, abraçaram a fé e vivem de acordo com os
justos. Mas se isto vale para homens que chegaram a uma mesma fé, provenientes
de vários povos, realizar-se-á também para estes animais, na ressurreição dos
justos, como foi dito: Deus é rico em todas as coisas e é preciso que quando o mundo
for restabelecido no seu estado primeiro, todos os animais selvagens obedeçam o
homem, lhe sejam submissos e voltem ao primeiro alimento que Deus lhes deu, assim
como estavam submetidos a Adão antes da sua desobediência e comiam dos frutos
da terra. Por outro lado, não é este o momento para provar que o leão se alimentará
de feno, porque isso somente significa a riqueza e a fartura dos frutos: porque, se
um animal como o leão se alimentará da palha, o que não alimentará o trigo cuja
simples palha é suficiente para alimentar os leões?” (Irineu de Lião – Contra
heresias V/33:4/185 d.C.).
Desde os tempos de Irineu, e talvez antes disso, nos círculos rabínicos, já
havia a tentativa de distorcer o sentido real das profecias, conformando
Deus à compreensão humana, limitando o seu poder. Por que os incrédulos
não conseguem conceber que Deus possa restaurar todas as coisas ao
estado original e aperfeiçoá-las muito mais ainda em seu Reino? Ora, se o
diabo tem poder para destruir a ponto de se tornar impossível para Deus
restaurar; então, o inimigo é mais forte e vencerá. Porém, não é verdade,
absolutamente, graças a Deus!
50
O Evangelho da Igreja Primitiva
Que o Senhor nos conduza, então, a crer nas grandezas imensuráveis do
seu poder, para que ansiemos por ver e vivenciar esse estado de glória.
Amém.
Capítulo V
Neste último capítulo, damos destaque aos escritos de Irineu de Lião pelos
motivos que iremos discorrer a seguir. O primeiro deles é que Irineu se
esforça por preservar a “regra de fé”, como ele mesmo denominou, ou seja,
toda a verdade revelada , o depósito legado pelos apóstolos do Senhor à
Igreja. Como já foi dito no início desse livro, nesse período, o gnosticismo
cresceu muito no mundo civilizado da época, e muitos cristãos ao invés de
se agarrarem à simplicidade do evangelho, enveredaram pela filosofia
estóica, Platônica, etc; tentando convencer os supostos sábios, usando sua
linguagem. Este erro crasso fez com que muitos termos e teorias fossem
criados para explicar a fé, sacramentando a Apostasia.
Colossenses 2:8 “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua
filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo”;
Por causa dos muitos caminhos que a Igreja passou a trilhar, é que hoje
existem tantas teorias sobre o Apocalipse de João, quantos são os anos da
Igreja na terra. Mas nem sempre foi assim, havia uma só fé, supervisionada
pelos apóstolos, em todas as Igrejas espalhadas no mundo antigo. Este
assunto será melhor explanado no Apêndice deste livro. No entanto, o
próprio apóstolo João, em seu livro das revelações do Senhor (Apocalipse),
exortava a todo cristão que lesse e guardasse as profecias nele contidas:
Apocalipse 1:3 “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que
ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas,
pois o tempo está próximo”.
Não havia várias linhas de interpretações. Antes, um único parâmetro
servia como linha mestra para interpretar as visões. Hoje, o Apocalipse é
visto como um livro por demais enigmático, com signos e símbolos não
decifráveis, ou como um livro inspirativo, como os salmos, mostrando uma
utopia, apenas para trazer conforto. Muitos ainda têm pavor de lê-lo, ou
desistem rapidamente de estudá-lo. Tudo isso tornou o estudo das últimas
coisas, (Escatologia), uma matéria avançada, só para os chamados
“doutores em divindade”, desestimulando o interesse do cristão comum.
Assim, quero mostrar-lhes a realidade da Igreja no passado, quando as
primícias das revelações estavam fluindo. Todos os cristãos, incluindo os
51
O Evangelho da Igreja Primitiva
neófitos (novos–nascidos), eram estimulados a crerem em assuntos da
doutrina de Cristo, hoje tidos como difíceis e que para eles era basilar.
Hebreus 6:1-2 “Por isso, pondo de parte os princípios elementares
da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não
lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da
fé em Deus, o ensino de batismos e da imposição de mãos, da
ressurreição dos mortos e do juízo eterno.”
É fato que se alguém se arvorar a estabelecer uma seqüência cronológica
das visões e predições do Apocalipse, sem critério, acabará se perdendo,
pois há algumas idas e vindas no meio do livro. Porém, passada essa porção
maior, com detalhes, não necessariamente seqüenciados, a partir do
capítulo vinte até o final do livro, a cronologia é contínua e retilínea.
Irineu de Lião deixou registrado em seus livros uma clara seqüência dos
fatos relacionados às últimas coisas, evidenciando uma cronologia de
eventos progressivos até o estabelecimento da eternidade. Há, portanto, um
paralelo entre o Apocalipse de João e a cronologia de Irineu, que
harmoniza e testifica a revelação.
“Visto que alguns se deixam induzir ao erro por causa de discurso herético e
ignoram as disposições de Deus e o mistério da ressurreição dos justos e do reino
que será o prelúdio da incorruptibilidade - reino pelo qual os que serão julgados
dignos se acostumarão paulatinamente a possuir Deus-, é necessário dizer sobre
isso que os justos, ressuscitando à aparição de Deus, nesta criação renovada,
primeiramente receberão a herança que Deus prometeu aos pais e reinarão nela, e
somente depois se realizará o juízo de todos os homens”. (Irineu de Lião –Contra
heresias V/32:1/185 d.C.).
Nessa porção já temos algumas afirmativas: primeiro ocorre a ressurreição
dos justos na vinda de Cristo (1a. ressurreição). Em segundo, os santos
reinam no milênio na terra santa. A terceira nos informa que somente
depois desse período há a segunda ressurreição ou ressurreição geral.
Concorda com essa ordem a Didaquê.
“Então aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu;
depois, o sinal do toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.
Ressurreição sim, mas não de todos, conforme foi dito: O Senhor virá, e todos os
santos estarão com ele”. (A Didaquê 16:6-7/ 90-100 d.C.).
“Além disso, houve entre nós um homem chamado João, um dos apóstolos de Cristo,
que, numa revelação que lhe foi feita, profetizou que os que tiverem acreditado em
nosso Cristo passarão mil anos em Jerusalém e que depois disso, viria a ressurreição
52
O Evangelho da Igreja Primitiva
universal e, dizendo brevemente, a ressurreição eterna e o julgamento de todos
juntos. (Justino o mártir diálogo com Trifão 81:4 / 150-160 d.C.).
Apocalipse 20:5 e 6 “Os restantes dos mortos não reviveram até que
se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-
aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira
ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo
contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele
os mil anos”.
53
O Evangelho da Igreja Primitiva
mesmo igreja gloriosa , sem mácula , nem ruga , nem coisa
semelhante , porém santa e sem defeito”.
A palavra do Senhor diz que o Iníquo será morto com o sopro da sua boca
e destruído pela manifestação da sua vinda. Duas etapas, onde a primeira
é matar o poder do Anticristo no coração dos homens com o sopro da boca
do Senhor, ou seja, pela pregação da verdade do Evangelho do Reino, pela
Igreja.
2 Tessalonicenses 2:8 “então, será, de fato, revelado o iníquo, a
quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá
pela manifestação de sua vinda”.
E a manifestação do Senhor em glória, juntamente com a sua Igreja
gloriosa, terminará de consumar a vitória sobre os inimigos: o pecado, a
morte, o espírito do engano e o próprio diabo que é acorrentado.
“Isto quer dizer que o pecado que se levantava e se desenvolvia contra o homem
tirando-lhe a vida, seria destruído e com ele o império da morte, e seria pisado pela
descendência da mulher; que o leão, isto é, o Anticristo que assalta o homem, nos
últimos tempos, aquele dragão, a antiga serpente, será acorrentado e submetido ao
poder do homem, o vencido de então, que lhe esmagará todo o poder”. (Irineu de
Lião –Contra heresias V/32:1/185 d.C.).
Cumprir-se-á então, a palavra profética que assegura a vitória da Igreja
sobre o diabo.
Romanos 16:20 “E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos
vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja
convosco”.
“Daniel diz o mesmo: E o reino e o império e as grandezas dos reinos sob todos os
céus serão entregues ao povo dos santos do Altíssimo. Seu império é império eterno,
e todos os impérios o servirão e lhe prestarão obediência. E para que não se pense
que esta promessa se refere ao tempo presente, foi dito ao profeta: Tu, vem, para
receber a tua parte, no fim dos dias”. (Irineu de Lião –Contra heresias V/34:2/185
d.C.).
“Se alguns quiserem interpretar estas profecias em sentido alegórico não chegarão
a acordo entre si sobre todos os pontos e serão refutados pelas próprias palavras
sobre as quais discutem e dizem: Quando as cidades das gentes estarão
despovoadas por falta de habitantes e as casas por falta de homens e a terra ficará
deserta. Eis pois diz Isaías, o dia do Senhor terrível, cheio de furor e de ira. E
depois que isso tiver acontecido, diz: O Senhor afastará os homens e os que ficarem
se multiplicarão sobre a terra. Todas estas profecias se referem, sem contestação,
à ressurreição dos justos, que se realizará depois do advento do Anticristo e da
eliminação de todas as nações submetidas à sua autoridade, quando os justos
reinarão sobre a terra, aumentarão pela aparição do Senhor e se acostumarão, por
ele, a participar da glória do Pai e, com os santos anjos, participarão da vida, da
comunhão e da unidade espirituais, neste reino. (Irineu de Lião – Contra heresias
V/35:1/185 d.C.).
Essa porção do texto de Irineu não poderia ser mais clara, pois mostra que
Irineu via em perspectiva o advento da força do Anticristo, assim como a
destruição das nações inimigas que serão incitadas contra Israel e a cidade
Jerusalém. Afirma o reino dos justos sobre a terra, já numa nova condição,
plenos da glória compartilhada por Deus. Na narrativa abaixo, há uma
importante revelação em destaque:
55
O Evangelho da Igreja Primitiva
“Os que o Senhor encontrar na carne, esperando-o vindo dos céus, depois de ter
suportado a tribulação e escapado das mãos do ímpio, são aqueles dos quais fala o
profeta: Os abandonados sobre a terra se multiplicarão, e também todos os que,
dentre os pagãos, o Senhor tiver preparado, para que, após ser deixados, se
multipliquem sobre a terra, sejam governados pelos santos e sirvam a Jerusalém”.
(Irineu de Lião –Contra heresias V/35:1/185 d.C.).
Esse primeiro grupo, que espera o Senhor vir dos céus, ainda em corpo
mortal, e que passa por tribulação, cremos, se refere ao “remanescente de
Israel” que será salvo (Romanos 11). Já sobre o segundo grupo que é
chamado de pagãos, mas que também se encontram preparados e que
serão deixados para serem governados pelos Santos e se submeterão ao
governo de Jerusalém, são os povos ou a criação, que agora geme.
Romanos 8:19-22 “A ardente expectativa da criação aguarda a
revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade
não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na
esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque
sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta
angústias até agora”.
A teologia escapista, que quer fugir do mundo para ir pro céu, não
contempla as nações do mundo como tendo alguma chance de escaparem
da destruição, a menos que entrem para a Igreja. Só que por não terem a
revelação que o Pai reservou para esse tempo do fim, não conseguem
explicar sobre quem os santos reinarão no céu. Será sobre os anjos? Ou
um sobre os outros? Na verdade, os comentadores não têm resposta para
a existência de povos, que não são os filhos de Deus, tanto no milênio,
quanto na eternidade.
Apocalipse 21:24 e 25 “As nações andarão mediante a sua luz, e os
reis da terra lhe trazem a sua glória. As suas portas nunca jamais
se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. E lhe trarão a
glória e a honra das nações”.
Nesse simplismo teológico, não discernem que, além dos santos que reinam
com Jesus e dos ímpios que sãos os inimigos de Deus, que serão
efetivamente destruídos e enviados para o lago de fogo, ainda restarão
povos (gentios), constituídos de pessoas que não foram eleitas por Deus
desde a eternidade, mas que, no entanto, também não se entregaram à
impiedade. São esses povos que constituirão o que poderíamos chamar de
súditos do Reino. Serão altamente beneficiados pelo reino de justiça
estabelecido na terra, por Jesus e pelos santos. Disso dão testemunho os
profetas que predisseram o Reino milenar:
56
O Evangelho da Igreja Primitiva
Miquéias 4:1-4 “Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da
Casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará
sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos. Irão muitas nações e
dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do Deus de
Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas
veredas; porque de Sião procederá a lei, e a palavra do SENHOR, de
Jerusalém. Ele julgará entre muitos povos e corrigirá nações
poderosas e longínquas; estes converterão as suas espadas em
relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não
levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a
guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e
debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a
boca do SENHOR dos Exércitos o disse”.
Zacarias 14:16-17 “Todos os que restarem de todas as nações que
vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei,
o SENHOR dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos.
Se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para
adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva”.
58
O Evangelho da Igreja Primitiva
“De fato, depois dos tempos do reino, ele diz, eu vi um grande trono branco e aquele
que estava assentado nele, o céu e a terra fugiram de diante dele e não se encontrou
mais lugar para eles. Então descreve a ressurreição e o juízo universais, dizendo:
Eu vi os mortos, os grandes e pequenos. Pois a morte restituiu os mortos que se
encontravam nela; a morte e o inferno (Hades) restituíram os que estavam neles.
E foram abertos os livros. Foi aberto também o livro da vida e os mortos foram
julgados de acordo com o que estava escrito nestes livros e conforme as suas obras.
Depois a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo, que é a segunda morte”.
(Irineu de Lião – Contra as heresias V/ 35:2/185 d.C.).
De acordo com o que foi anteriormente comentado, a seqüência cronológica
dos eventos precisa ser entendida perfeitamente para a plena compreensão
do propósito eterno do Pai. A citação de Irineu confere com o Apocalipse de
João, tal está escrito no capítulo 20, versos 11, 12, 13 e 14.
Ele usa novamente a expressão:” Tempos do Reino”, para designar o Milênio
e expressa claramente que a ressurreição universal de todos os mortos de
todos os tempos, seguindo-se o juízo, só se dará “depois” desse período.
Também concorda com isso o apologista Teófilo, que fala da ressurreição
de toda a humanidade.
“A sabedoria de Deus realiza tudo isso para demonstrar, mesmo por esses exemplos,
que ele é Deus poderoso para realizar a universal ressurreição de todos os homens”.
(Teófilo de Antioquia – livro I /13/cerca de 180 d.C.).
“Além disso, considera a diversidade que há nessas coisas, sua variada beleza e
multidão, e como, através deles, se nos manifesta a ressurreição, sendo prova
daquela que um dia se realizará em todos os homens”. (Teófilo de Antioquia – livro
II /14/cerca de 180 d.C.).
A ressurreição universal é o esvaziamento da dimensão do mundo dos
mortos (Hades) que ficou sob o poder da morte até ao fim do milênio.
Nesse momento, três grupos de pessoas reassumirão os seus corpos,
ligados novamente às suas almas para comparecerem perante o tribunal.
O primeiro grupo: todos os que não foram chamados para serem sacerdotes
de Cristo e, por isso, não têm os seus nomes escritos no livro da vida do
Cordeiro, desde a fundação do mundo. Esse grupo será julgado pelas obras
mediante os livros das obras, tendo chance de prevalecerem por causa da
conduta vivida, para constituírem as nações que serão abençoadas e
curadas.
Apocalipse 22:1-2 “Então, me mostrou o rio da água da vida,
brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No
meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da
59
O Evangelho da Igreja Primitiva
vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as
folhas da árvore são para a cura dos povos.”
O segundo grupo é constituído daqueles que foram ímpios, malignos,
sementes do diabo, que praticaram todas as atrocidades sem temor ao
Criador, blasfemando dele e da sua criação. Esses inimigos de Deus, de
todos os tempos, ressuscitarão, apenas, para receberem o justo veredicto
de condenação final e serem banidos da presença de Deus, lançados no
lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte onde farão companhia ao
diabo e seus anjos.
Apocalipse 21:8 “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos
abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos
idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no
lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte”.
O terceiro grupo, tristemente, é constituído de homens e mulheres que
foram chamados, mas que foram reprovados, por terem pecado para a
morte:
Marcos 3:29 “Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não
tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno”.
1 João 5:16 “Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para
morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte.
Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue”.
Por isso, não participaram da primeira ressurreição dos justos vencedores
e permaneceram no domínio da morte até ao juízo final. A sua apostasia
lhes tirou todo o direito à adoção, pois foram achados bastardos, filhos
indignos e renegados.
Apocalipse 22:19 “e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do
livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da
cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”.
Seu juízo é mediante o livro da Vida, onde é verificado se o nome foi ou não
riscado (apagado), testificando a condenação. Note que o primeiro e o
segundo grupos, que constituem a criação de Deus, não são julgados pelo
livro da vida e sim pelos livros das obras. Porém, haverão filhos de Deus
reprovados, sentenciados pelo livro da vida.
Apocalipse 3:5 “O vencedor será assim vestido de vestiduras
brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida;
pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante
dos seus anjos”.
Apocalipse 20:15 “E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da
Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo”.
60
O Evangelho da Igreja Primitiva
Este fascinante e esclarecedor assunto também é melhor comentado no
livro que traz as revelações de Deus para esse tempo do fim: “O Evangelho
do Reino de Deus” (Pr. Arcelio Ramos - Rios de Água Viva).
“É o que já dissera Isaías: Haverá céu novo e terra nova; não se lembrarão mais
das primeiras coisas e elas não voltarão à memória, mas encontrarão nela a alegria
e o regozijo. Foi isso também que o Apóstolo disse: Com efeito, passa a figura deste
mundo. E o Senhor: O céu e a terra passarão. Quando terão passado estas coisas,
diz João, o discípulo do Senhor, descerá a Jerusalém do alto sobre uma terra nova,
como esposa adornada para o seu esposo, e ela será o tabernáculo de Deus, em que
Deus habitará com os homens. A Jerusalém que se encontrava na terra de antes é
a imagem da Jerusalém em que os justos se exercitarão para a incorruptibilidade e
se prepararão para a salvação. Foi deste tabernáculo que Moisés recebeu o modelo
no monte”.
Ao final do Milênio e do Juízo Final, com o banimento definitivo do mal da
face da terra, esta mesma sofrerá sua metamorfose final, para comportar o
último estado da terra, ou seja, a eternidade.
O novo céu e nova terra “puros” darão condições para a descida da Nova
Jerusalém, a cidade que comporta Deus, para essa nova terra (não outra,
mas a mesma transformada). É a casa de Deus com os homens, e se
estabelecerá no lugar da outrora Jerusalém terrena, que perdurou até ao
milênio.
“E tudo isto não pode ser interpretado alegoricamente, mas se deve crer tudo
verdadeiro, certo e real, realizado por Deus para a alegria dos homens justos. Como
é realmente Deus que ressuscita o homem e não em sentido alegórico, como
demonstramos de várias maneiras. E como realmente ressuscita, assim realmente
se exercitará na incorruptibilidade e crescerá e amadurecerá nos tempos do reino
para ser capaz da glória de Deus Pai. Em seguida, renovadas todas as coisas,
habitará verdadeiramente na cidade de Deus. Com efeito, diz João: Aquele que
está assentado no trono diz: Escreve tudo isso, porque estas palavras são certas e
verdadeiras. E me disse: Assim foi feito. Nada de mais justo.” (Irineu de Lião –
Contra heresias V/35:2/185 d.C.).
Aleluia! Grandíssimas são as promessas para os vencedores. Não só de
ressuscitar em corpo glorioso, como ser preparado para ser tomado
completamente pela glória de Deus. Irineu descreve em palavras coisas que
61
O Evangelho da Igreja Primitiva
o para os cristãos de hoje são inimagináveis. Para se ter uma melhor idéia
da grandeza das promessas cridas nos primórdios da Igreja, e que hoje
devem ser totalmente retomadas e proclamadas por toda a terra, encerro
esse capítulo transcrevendo mais um parágrafo, deste tão maravilhoso
testemunho.
“Em tudo isto, é indicado um só e idêntico Pai; aquele que modelou o homem;
aquele que prometeu aos pais a herança da terra; aquele que a concederá na
ressurreição dos justos e cumprirá as suas promessas no reino de seu Filho; aquele,
enfim, que, na sua bondade, dará o que o olho não viu nem ouvido ouviu nem
passou pela cabeça de nenhum homem. Com efeito, único é o Filho que cumpriu a
vontade do Pai, único é o gênero humano em que se cumprem os mistérios de Deus,
que os anjos desejam ver, porque não conseguem perscrutar a Sabedoria de Deus
pela qual a sua criatura, conformada e incorporada ao Filho, é levada à perfeição;
de forma que, enquanto o Primogênito, isto é, o Verbo desce na criatura e a assume,
por sua vez a criatura se apossa do Verbo e sobe até Deus, ultrapassando os anjos
e tornando-se à imagem e semelhança de Deus”. (Irineu de Lião –Contra heresias
V/36:3/185 d.C.).
Amém.
Daniel 7:21; 25 e 8:12.“Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra
contra os santos e prevalecia contra eles,”
63
O Evangelho da Igreja Primitiva
“Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do
Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe
serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de
um tempo”
“O exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por causa das
transgressões; e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou”.
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O Evangelho da Igreja Primitiva
Apocalipse 2:5 “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta
à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu
lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”.
Na seqüência abaixo, destacamos os pontos mais relevantes e identificamos
onde o Evangelho do Reino deixou de ser anunciado, dando lugar ao
“evangelho” centrado no homem.
65
O Evangelho da Igreja Primitiva
Até o segundo século, os Pais da Igreja dão testemunho sobre a
●
unidade da fé nas Igrejas.
“Tendo, portanto, recebido esta pregação e esta fé, como dissemos acima, a Igreja,
mesmo espalhada por todo o mundo, as guarda com cuidado, como se morasse numa
só casa, e crê do mesmo modo, como se possuísse uma só alma e um só coração,
unanimemente as prega, ensina e entrega, como se possuísse uma só boca. Assim,
embora pelo mundo sejam diferentes as línguas, o conteúdo da tradição é um só e
idêntico”. (Irineu de Lião –Contra heresias I/10:2/185 d.C.).
• Muitos cristãos são martirizados, mas não negam a fé na verdade.
• Inácio, Bispo de Antioquia, é martirizado (107 d.C.).
Plínio, governador da Bitínia escreve ao Imperador sobre os cristãos
martirizados:
“Depois destas informações julguei muito necessário examinar, mesmo por meio
da tortura, duas mulheres que diziam ser diaconisas, mas nada descobri a não ser
uma superstição má e excessiva”. (Plínio, Epp. X (ad Trajanem) XCVI/ 112 d.C.).
• Surgem as heresias de Menander, Saturnino e Basílides.
• Menander, sucessor de Simão o Mago, afirmava ser um “Messias”,
oferecendo imortalidade a quem se sujeitasse a sua doutrina mágica
(diabólica).
• Saturnino apareceu na Síria, e o seu gnosticismo tinha influência
oriental.
• Basílides atuou em Alexandria (Egito) sua doutrina gnóstica era
mais fundamentada no dualismo filosófico grego.
• O Imperador Marco Aurélio Antonino deflagra outra perseguição
geral aos cristãos,(por volta de 163 d.C.).
• O venerável Policarpo, Bispo de Esmirna, padece o martírio de forma
sublime,(166 d.C.).
“O chefe da polícia insistia: Jura, e eu te liberto. Amaldiçoa o Cristo! Policarpo
respondeu: Eu o sirvo há oitenta e seis anos, e ele não me fez nenhum mal. Como
poderia blasfemar o meu rei que me salvou?”. (Martírio de Policarpo 9:3/ 166
d.C.).
Os escritores cristãos, chamados Apologistas, tentam defender a fé
através da filosofia. Justino envia duas Apologias (defesas do cristianismo)
ao Imperador Antonino Pio, (cerca de 163 d.C.).
“No segundo livro da mesma obra, ele também mostra que até seus dias ainda
restavam, em algumas igrejas, manifestações de poder divino e miraculoso. – Até
agora, diz, estão ressuscitando mortos, como ressuscitava o Senhor, e como os
apóstolos, por meio da oração, pois mesmo entre os irmãos, com freqüência, em
caso de necessidade, com toda a igreja unida em muito jejum e oração, o espírito
tem retornado ao corpo antes morto....” “Alguns, aliás, certa e verdadeiramente
expulsam demônios, de modo que com freqüência essas mesmas pessoas purificadas
de espíritos perversos criam e eram recebidas na Igreja, outros têm conhecimento
das coisas por vir, bem como visões e comunicações proféticas; outros curam os
enfermos pela imposição de mãos e lhe restauram a saúde...” “Assim como ouvimos
muitos dos irmãos na igreja que têm dons proféticos, e que falam em todas as
línguas por intermédio do espírito, e que trazem à luz os segredos dos homens pra
o beneficio deles, e que expõem os mistérios de Deus”. Esses dons de diferentes
tipos permaneciam com aqueles que eram dignos até a época mencionada. (Eusébio
- H. E. V.7/ cerca de 310 d.C.).
• As heresias de Montano e Marcião (180-190 d.C.).
1- Fruto do descontentamento com a Igreja que começava a se
“mundanizar” e a escassear as manifestações do espírito, Montano
proclamou-se “possuído” pelo espírito Santo e juntamente com duas
mulheres que se diziam profetisas, Priscila e Maximila, anunciavam uma
nova dispensação do Espírito Santo e a eminência do fim, com a Nova
Jerusalém se estabelecendo na Frígia.
2- Filho de um Bispo cristão, Marcião asseverou que o Deus do Antigo
Testamento, violento e vingativo, não é o mesmo do Novo Testamento,
amoroso e misericordioso. Afirmou a necessidade de dois Messias, um para
os judeus e Jesus para o mundo todo. Não aceitava a salvação do corpo.
Fundou várias igrejas Marcionitas.
68
O Evangelho da Igreja Primitiva
• Em 251 d.C., um “racha” na Igreja de Roma causa o
surgimento de dois Bispos para o mesmo posto, Cornélio e Novaciano,
cada qual com sua facção de seguidores. Cipriano, Bispo de Cartago, apóia
Cornélio e se opõe a Novaciano.
• A heresia Sabeliana (Unismo: O Pai, Filho Jesus e o espírito são o
mesmo ser.,(254 d.C.).
“Ensinam que o Pai, o Filho e o espírito Santo são uma só e mesma
essência, três nomes dados a uma só e mesma substancia. Tome-se o sol:
o sol é uma só substância, mas com tríplice manifestação: Luz, calor e globo
solar. O calor é o espírito; a luz, o Filho; enquanto o Pai é
representado pela verdadeira substancia”. (Epifânio, Bispo de Salamis –
375 d.C.).
• A Igreja apela ao Imperador Aureliano contra o cismático Paulo de
Samósata - herege. (270 d.C.).
• Nona perseguição geral por Aureliano (272 d.C.). Por fim, a décima e
mais feroz (302 d.C.).
69
O Evangelho da Igreja Primitiva
“Deus na verdade, amou os homens; por causa deles fez o mundo, sujeitou-lhes
todas as coisas, deu-lhes inteligência e razão, só a eles concedeu levantar os olhos
para ele, plasmou-os a sua própria imagem, para eles enviou seu Filho unigênito,
prometeu-lhes o reino no céu e o há de dar aos que o amam”. “Então, embora te
encontres sobre a terra, verás que Deus governa nos céus, então começarás a
proferir os mistérios de Deus, então amarás e admirarás os que são torturados por
não quererem renegar a Deus, então condenarás a ilusão e o desvio do mundo,
quando conheceres a verdadeira vida no céu,...” (carta a Diagoneto 10:2 e 7/ por
volta do 3.º século d.C.).
No quarto século a Apostasia do Anticristo se instala de vez na
●
Igreja.
70
O Evangelho da Igreja Primitiva
6 Os ossos dos mártires e suas relíquias passaram a serem postos sobre
os altares dos templos.
7 A Imperatriz Helena (Mãe de Constantino) trouxe de Jerusalém o que
se supunha ser a verdadeira cruz de Cristo e dividiu pedaços dela pelo
Império.
8 Elegeram os santos mártires como intercessores diante de Deus,
passando a serem feitas orações a esses santos.
9 A substituição da idolatria romana aos deuses mitológicos pela
devoção aos santos. Pedro no lugar de Júpiter, etc...
10 Incremento da Mariolatria - aprovação da designação: “Mãe de Deus”
(Mater Dei).
11 Constantino mandou erigir um templo em homenagem ao Arcanjo
Miguel perto de Constantinopla e outro em Roma. Também para Santa
Irene, em homenagem à Paz.
12 Constantinopla (Nova Roma) é enfeitada com imagens de deuses
pagãos da antiga Roma.
13 A construção de Basílicas (grandes prédios) com tronos para os Bispos
(cátedras).
Da Reforma, Até aos Dias Atuais, Deus Vem Restaurando a Sua Igreja, Através
de Sucessivas Revelações e Culmina no Evangelho do Reino de Deus.
Bibliografia
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Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri – São Paulo, 1996.
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75
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76
O Evangelho da Igreja Primitiva
- 2017 -
Apostila (Livro)
O Evangelho da Igreja Primitiva
●
77
O Evangelho da Igreja Primitiva
As Portas do Hades Não Prevalecerão (Vitória Sobre a Morte)
●
Pr. Damazio M. de Sena Filho
Cursos:
O Evangelho do Reino de Deus:
●
Seminário de Aprofundamento Bíblico 1º e 2º Módulo
78