Soft Starters e Inversores de Acionamento de Motores CA
Soft Starters e Inversores de Acionamento de Motores CA
Soft Starters e Inversores de Acionamento de Motores CA
DE POTÊNCIA II
E ACIONAMENTOS
ELÉTRICOS E
ELETRÔNICOS
Introdução
A vasta aplicação dos motores CA deu-se por uma série de vantagens,
como o tamanho reduzido e o maior rendimento, se comparados aos mo-
tores CC, reduzindo o consumo de energia elétrica, além de terem menor
aquecimento das partes construtivas. Outro fator decisivo para o uso de
motores CA é o custo reduzido dos componentes para sua construção,
enquanto os CC demandam um maior número (MARTINEWSKI, 2016). Os
motores CA têm acionamento elétrico para partida, seja a alimentação de
forma indireta ou direta, dependendo da rede de alimentação disponível.
Isso porque, para cada forma, existe uma demanda de tensão corrente,
interferindo diretamente no dimensionamento dos dispositivos elétricos
e nos condutores.
Neste capítulo, você estudará os tipos de acionamento de motores CA,
com destaque ao funcionamento e às aplicações das chaves de partida
soft starters e dos inversores.
2 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA
(corrente de partida)
Corrente
N
Velocidade angular
Corrente
Tempo (s)
Figura 2. Variação de corrente do motor devido à redução
da tensão.
Partida direta
A partida direta é o método no qual o motor é conectado diretamente à rede
de disjuntores que vem da rede de energia elétrica. Esta partida é tradicional
em motores elétricos trifásicos, quando se deseja fazer uso do máximo de
desempenho do motor. Dessa forma, o torque de partida pode ser aprovei-
tado, no entanto, suas características são: alta corrente de partida — cerca de
8 vezes a corrente nominal — e, por consequência, necessidade de dispositivos
de acionamento e condutores mais robustos.
4 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA
L
L1 L2 L3
95
FT1
96
F1.2.3
S0
13
S1 K1
14 FT1
K1 H1
M
~3
N
Partida indireta
Pelo fato de o acionamento com partida direta aplicada em motores trifásicos
apresentar uma alta corrente de partida, mostra-se atraente a utilização da
partida indireta. Esta consiste no método de redução da corrente de partida
que in luencia diretamente no dimensionamento dos dispositivos elétricos
que compõem a partida do motor elétrico. Para a partida indireta, existem
várias formas de reduzir a corrente de partida de um motor elétrico trifásico,
pois, reduzindo a corrente de partida do motor, também se reduz o conjugado/
torque. Em virtude disso, existem opções de partida em função da aplicação
escolhida. Dentre elas, pode-se citar algumas principais: partida estrela-
triângulo, partida compensadora e partidas eletrônicas.
6 Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA
Partida estrela-triângulo
A partida estrela-triângulo consiste na alimentação do motor com uma redução
de tensão nas bobinas durante sua partida. O motor parte em estrela, isto é,
com uma tensão de 58% da tensão nominal, e, após certo instante, a ligação
é convertida em triângulo, assumindo, por fim, a tensão nominal em regime
(FRANCHI, 2014; PETRUZELLA, 2013). A chave de partida estrela triângulo
reduz a corrente em 33% da nominal e, respectivamente, o torque também em
33%. Assim, esse método se mostra aplicável para partida de motores sem
carga (a vazio) ou com cargas que apresentem conjugado resistente baixo
e praticamente constante (SEGUNDO; RODRIGUES, 2015). Na Figura 4,
a seguir, é apresentado o diagrama de ligação de comando e de força da chave
de partida estrela-triângulo.
(a) (b)
Partida compensadora
A partida compensadora alimenta o motor com tensão reduzida em suas
bobinas durante a partida. Essa redução é feita por meio da ligação de um
autotransformador em série com as bobinas do motor. De acordo com Segundo
e Rodrigues (2015), esse autotransformador possui, geralmente, taps (pontos de
ajuste com diferentes níveis de tensão) de 50%, 65% 80% da tensão nominal.
A partida compensadora geralmente é utilizada em motores com potência
superior a 15 CV, sendo o autotransformador ligado em estrela e tendo potência
igual ou superior à do motor (FRANCHI, 2014). Ainda, tem como principal
vantagem a robustez, podendo ser utilizado em qualquer motor trifásico.
Diferentemente da partida estrela-triângulo, esta necessita de apenas três
terminais do motor. Além disso, mesmo ocorrendo a comutação dos contatores,
o motor sempre permanece energizado, e a corrente de partida é reduzida,
aproximadamente, 42% e 65% da corrente de partida. No entanto, devido
ao autotransformador, o custo, a manutenção e o espaço de instalação são
maiores. A Figura 5, a seguir, apresenta uma partida de chave compensadora.
(a) (b)
Partidas eletrônicas
Com o desenvolvimento da eletrônica de potência, há o aumento da viabilidade
econômica para usufruir do uso de chaves eletrônicas de partida para motores,
sendo as mais utilizadas: soft-starter e inversores de frequência. Esses dispo-
sitivos têm como principal finalidade reduzir a corrente de partida de motores,
entretanto essas partidas eletrônicas diferenciam-se por sua construção e seu
princípio de funcionamento. A Figura 6, a seguir, mostra esses dois tipos de
partidas eletrônicas apresentados comercialmente.
(a) (b)
Princípio de funcionamento
O princípio de funcionamento das soft-starters está baseado na utilização
de SCR (tiristores), ou melhor, de uma ponte tiristorizada na configuração
antiparalelo, que é comandada por uma placa eletrônica de controle, a fim
de ajustar a tensão de saída, conforme a programação feita pelo usuário
(MARTINEWSKI, 2016). A Figura 7, a seguir, mostra o diagrama de uma
soft-starter.
Observa-se a soft-starter que controla a tensão da rede por meio do cir-
cuito de potência constituído de seis SCR, variando, assim, seu ângulo de
disparo e o valor eficaz de tensão aplicada. Desse modo, pode-se controlar a
corrente de partida do motor, proporcionando uma partida suave de forma a
não provocar quedas de tensão elétrica bruscas na rede de alimentação, como
ocorre em partidas diretas (FRANCHI, 2014). Além disso, geralmente, podem
funcionar com a tecnologia chamada by-pass, na qual, após o motor partir e
receber toda a tensão da rede, se liga um contator que substitui os módulos de
tiristores, evitando sobreaquecimento dos mesmos (MARTINEWSKI, 2016;
SEGUNDO; RODRIGUES, 2015).
Soft starters e inversores de acionamentos de motores CA 11
Aplicações
A vasta aplicação de soft-starters é evidenciada em vários setores, como
comercial, residencial e industrial, podendo ser aplicadas a bombas centrífu-
gas, alternativas (saneamento/irrigação/petróleo), ventiladores, exaustores,
sopradores, compressores de ar, refrigeração (parafuso/pistão), misturadores,
aeradores, britadores, moedores, picadores de madeira, refinadores de papel,
fornos rotativos, serras e plainas (madeira), moinhos e transportadores de carga.
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Princípio de funcionamento
De acordo com Segundo e Rodrigues (2015), o inversor funciona da seguinte
maneira: ele é ligado à rede, podendo ser monofásica ou trifásica, e, em sua
saída, há uma carga (geralmente um motor) que necessita de uma frequência
variável. Para tanto, o inversor tem como primeiro estágio um circuito re-
tificador, responsável por transformar a tensão alternada em contínua, um
segundo estágio, composto de um banco de capacitores eletrolíticos e circuitos
de filtragem de alta frequência e, finalmente, um terceiro estágio (composto
de transistores IGBT), capaz de realizar a operação inversa do retificador, ou
seja, transformar a tensão contínua do barramento de corrente contínua (CC)
para alternada, com a frequência desejada pela carga.
A Figura 8, a seguir, apresenta um diagrama resumido de um inversor,
onde a seção azul é o retificador; a vermelha, o circuito inversor, responsável
por transformar a tensão contínua em alternada; e a verde é o barramento
CC, utilizado para filtrar a tensão contínua proveniente da seção retificadora
(SEGUNDO; RODRIGUES, 2015, FRANCHI, 2014).
R
U
S V Motor
AC
T
W
Aplicações
As aplicações citadas para as soft-starters também podem ser generaliza-
das estas. Entretanto, o fator que determina o uso de inversores é que estes
podem substituir sempre uma soft-starter, mas o contrário não é possível.
Ainda, a maioria dos inversores de frequência dispõe da função regulador PID
(proporcional integral derivativo), uma ação que pode ser usada para fazer
o controle de um processo em malha fechada, ou seja, sem a necessidade de
um controlador externo.
Na Figura 9, a seguir, tem-se a aplicação de um inversor para um motor
de indução, usualmente utilizado em vasto setor industrial.
Entrada
monofásica Inversor de Saída
ou trifásica frequência trifásica Motor
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